In Focus 3 - Unimar

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Heron Fernando de Souza Gonzaga et al.Segundo Peralva (2008), diante do confronto com a finitude,a aposta da psicanálise é possibilitar, a partir da escuta, aabertura do sujeito do desejo, relançando questões sobre a vida.Sabe-se que a própria morte, irrepresentável no inconsciente,pode ser experimentada pela dimensão da perda, da morte simbólicaque ocorre quando o sujeito se encontra em situação decastração dos seus desejos. Nesse sentido, a morte e o limite sãoabordados pela psicanálise como via de acesso à vida e ao desejo.Enquanto a morte não vem, é algo que está colocado para qualquersujeito, não apenas para o paciente internado. No entanto,no hospital ela se presentifica de forma avassaladora, deixandoo sujeito frente à frente com a sua própria finitude. Enquantoa morte não vem é a questão da vida: vamos todos vivendo enquantoela não chega, já que existe aí um ponto de indeterminação.Portanto, quando falamos da morte, é da vida que estamostratando (PERALVA, 2008, p.65-72).De acordo com Kubler-Ross (2008, p.147), “...quando formoscapazes de decifrar o que diz nas entrelinhas, constataremosque a maioria deles realmente quer dividir suas preocupaçõescom outro ser humano, reagindo, nestes diálogos, com alívio euma esperança maior”.A esperança se revela, segundo Boff (1999, p.153), no âmbitoda transcendência, pois é através dela que a morte não é ofim, mas, sim, um salto sobre o tempo em direção a uma continuidade.Nesta perspectiva, encontramos afirmações de que, namorte, se dá o verdadeiro nascimento do ser humano; ou seja,não vivemos para morrer, mas, sim, para ressuscitar.198 |In Focus 3 - Unimar

Reflexões sobre a morte e seus vários significadosReferênciasABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 2. ed. Tradução. por AlfredoBosi et al. São Paulo: Mestre Jou, 1982. 1232 p.ARENDT, Hannah. A dignidade da política: ensaios e conferências. Riode Janeiro: Relume Dumará, 1993. 195 p.ARENDT, Hannah. A vida do Espírito: o Pensar, o Querer, o Julgar. Riode Janeiro: Relume Dumará, 1995. 546 p.ARIÈS, Philippe. História da morte no ocidente. Rio de Janeiro. Ediouro.1ª ed., 2003. p. 20, 40.ARIÈS, Philippe. O homem perante a morte, Volume I e II. Portugal. PublicaçõesEuropa-América, LDA. 2ª ed. 2000. p.322.ARIÈS, P. História da morte no ocidente: da Idade Média aos nossos dias.Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.BALLONE, GJ-Lidando com a Morte- in.PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet,2002 - disponível em .Acesso em 24 de mar de 2011.BALLONE, GJ - Medicina Paliativa e Qualidade de Vida - in. PsiqWeb,Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005. Acessadoem 24 de mar de 2011.BECKER, E. A negação da morte: uma abordagem psicológica sobre afinidade humana. Rio de Janeiro: Record, 2007. p.116-118.BOFF, L. Saber cuidar: Ética do humano: compaixão pela terra. 8 ed.SãoPaulo: Vozes, 2002.DESPELDER, LA & STRICKLAND, AL. The last dance- EncounteringDeath and Dying. USA. McGraw-Hill Higher Education. 6a ed. 2002.p.42.FREUD, S. Luto e melancolia In: Obras psicológicas completas de Freud:A história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia eoutros trabalhos. Tradução Themira de Oliveira Brito, Paulo HenriquesBrito e Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Imago, 1996b. v.14,p. 245-265.FREUD, S. O futuro de uma ilusão. Londres: Hogarth, 1964.GALVÃO, M.F. NOS LIMITES DO FIM DA VIDA: Um itinerário decuidados. Disponível em :. Acesso em :23de março de 2011.HEIDEGGER, Martin. Que significa pensar? Buenos Aires: Nova, 1964.233 p.In Focus 3 - Unimar | 199

Heron Fernando de Souza Gonzaga et al.Segundo Peralva (2008), diante do confronto com a finitude,a aposta da psicanálise é possibilitar, a partir da escuta, aabertura do sujeito do desejo, relançando questões sobre a vida.Sabe-se que a própria morte, irrepresentável no inconsciente,pode ser experimentada pela dimensão da perda, da morte simbólicaque ocorre quando o sujeito se encontra em situação decastração dos seus desejos. Nesse sentido, a morte e o limite sãoabordados pela psicanálise como via de acesso à vida e ao desejo.Enquanto a morte não vem, é algo que está colocado para qualquersujeito, não apenas para o paciente internado. No entanto,no hospital ela se presentifica de forma avassaladora, deixandoo sujeito frente à frente com a sua própria finitude. Enquantoa morte não vem é a questão da vida: vamos todos vivendo enquantoela não chega, já que existe aí um ponto de indeterminação.Portanto, quando falamos da morte, é da vida que estamostratando (PERALVA, 2008, p.65-72).De acordo com Kubler-Ross (2008, p.147), “...quando formoscapazes de decifrar o que diz nas entrelinhas, constataremosque a maioria deles realmente quer dividir suas preocupaçõescom outro ser humano, reagindo, nestes diálogos, com alívio euma esperança maior”.A esperança se revela, segundo Boff (1999, p.153), no âmbitoda transcendência, pois é através dela que a morte não é ofim, mas, sim, um salto sobre o tempo em direção a uma continuidade.Nesta perspectiva, encontramos afirmações de que, namorte, se dá o verdadeiro nascimento do ser humano; ou seja,não vivemos para morrer, mas, sim, para ressuscitar.198 |<strong>In</strong> <strong>Focus</strong> 3 - <strong>Unimar</strong>

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