In Focus 3 - Unimar
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Heron Fernando de Souza Gonzaga et al.tros de terapia intensiva, quando não objetiva exclusivamenteminimizar sofrimentos, pode refletir sentimento de onipotênciada medicina sobre a vida, sobre a vida física, como se ela fosseconsiderada o bem supremo e absoluto, acima da liberdade e dadignidade. O amor pela vida, quando a toma como um fim emsi mesma, se transforma em um culto pela vida. A medicina quese preocupa insensivelmente com as “condições vitais”, deixandode lado as “qualidades vitais”, promove implicitamente esseculto idólatra à vida. Nessas circunstâncias, a medicina interferena fase terminal como se travasse uma luta a todo custo contraa morte e não, como seria preferível, numa luta em defesa dopaciente. A maneira de morrer, portanto, não pode ser excluída,absolutamente, do projeto de vida da pessoa. A maneira demorrer também é uma forma de humanizar a vida no seu ocaso,devolvendo-lhe a dignidade perdida (BALLONE, 2005).Compreender o medo da morte nos possibilita ter consciênciade nossas perdas diárias, facilitando, assim, sentir e elaboraressas perdas e dar suporte ao próprio processo, entender que amorte se revela a nós a todo instante e em todas as circunstâncias,pois o seu registro está em nossas células, em nossas emoções, emnosso racional. “Nós podemos até retardá-la, mas não podemosescapar dela” (KUBLER-ROSS, 1975).DiscussãoQuando retrocedemos no tempo e estudamos culturas epovos antigos, temos a impressão de que o homem sempre abominoua morte e, provavelmente, sempre a repelirá. Do pontode vista psiquiátrico, isto é bastante compreensível e talvez se196 |In Focus 3 - Unimar
Reflexões sobre a morte e seus vários significadosexplique melhor pela noção básica de que, em nosso inconsciente,a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos. Éinconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para anossa vida na terra e, se a vida tiver um fim, esse será sempreatribuído a uma intervenção maligna fora de nosso alcance (KU-BER-ROSS, 2008, p.6).De acordo com Queiroz (2006, p.41), a doença tambémé um tipo de morte, “é um sofrimento que refina o homem”, eassim, também coloca o homem em contato com sua fragilidadee finitude. Na doença, o homem experimenta dores e separações,pois convive com dois pólos: vida e morte. (QUEIROZ, 2006,p.41).Dessa forma, as pessoas ligadas à pessoa adoecida provamas experiências que o doente passa. Todos vivem um processochamado por Kovács (2002, p.153) de “morte simbólica”, ou“morte em vida”, à medida que se perde alguns aspectos da vida.Perde-se também “o controle de si mesmo e da realidade; vínculosse rompem.” (KOVACS, 2002, p.153).Sigmund Freud (1964, p.12) afirma:o doloroso enigma da morte, contra o qual ainda não se encontrouremédio algum, nem provavelmente se encontrará.Com essas forças, a natureza se ergue contra nós, majestosa,cruel e inexorável; ela nos traz à mente, uma vez mais, anossa fraqueza e a nossa impotência”. Para Freud o homem,em confronto com a realidade da morte, não podia admitirsua finitude e, por conseguinte, construía situações imagináriasem que a realidade delas podia ser admitida e suafinitude negada. (FREUD, 1964).In Focus 3 - Unimar | 197
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Reflexões sobre a morte e seus vários significadosexplique melhor pela noção básica de que, em nosso inconsciente,a morte nunca é possível quando se trata de nós mesmos. Éinconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para anossa vida na terra e, se a vida tiver um fim, esse será sempreatribuído a uma intervenção maligna fora de nosso alcance (KU-BER-ROSS, 2008, p.6).De acordo com Queiroz (2006, p.41), a doença tambémé um tipo de morte, “é um sofrimento que refina o homem”, eassim, também coloca o homem em contato com sua fragilidadee finitude. Na doença, o homem experimenta dores e separações,pois convive com dois pólos: vida e morte. (QUEIROZ, 2006,p.41).Dessa forma, as pessoas ligadas à pessoa adoecida provamas experiências que o doente passa. Todos vivem um processochamado por Kovács (2002, p.153) de “morte simbólica”, ou“morte em vida”, à medida que se perde alguns aspectos da vida.Perde-se também “o controle de si mesmo e da realidade; vínculosse rompem.” (KOVACS, 2002, p.153).Sigmund Freud (1964, p.12) afirma:o doloroso enigma da morte, contra o qual ainda não se encontrouremédio algum, nem provavelmente se encontrará.Com essas forças, a natureza se ergue contra nós, majestosa,cruel e inexorável; ela nos traz à mente, uma vez mais, anossa fraqueza e a nossa impotência”. Para Freud o homem,em confronto com a realidade da morte, não podia admitirsua finitude e, por conseguinte, construía situações imagináriasem que a realidade delas podia ser admitida e suafinitude negada. (FREUD, 1964).<strong>In</strong> <strong>Focus</strong> 3 - <strong>Unimar</strong> | 197