12.07.2015 Views

In Focus 3 - Unimar

In Focus 3 - Unimar

In Focus 3 - Unimar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Heron Fernando de Souza Gonzaga et al.Já não se morre em casa, rodeado pela família, mas no hospital,sozinho. Aí não há lugar mais para a cerimônia ritualísticaque era dirigida pelo moribundo em meio à assembléia de seusparentes e amigos. O moribundo é, doravante, um paciente entreinúmeros outros pacientes, não mais o pai agonizante ou ovizinho a falecer. Os parentes, deixados a sós com os seus medose dúvidas, terão que representar o papel de visitantes, toleradossomente em certos horários (MARANHÃO, 1985).A equipe médica, por sua vez, não consegue suprir as inúmerascarências dos seus pacientes porque a estrutura da instituiçãohospitalar não possibilita a criação de vínculos pessoais. Aorganização do pessoal hospitalar em plantões escalonados podefazer com que, num intervalo de 24 horas, mais de 20 pessoasdiferentes trabalhem no corpo de um homem doente. Podeacontecer que o paciente passe todo o período de internação semsequer conhecer o nome das pessoas que o tratam. Acresce o fatoque os médicos e auxiliares não se sentem suficientemente preparadospara lidar emocionalmente com pacientes com poucaschances de recuperação. Por receio de envolvimento afetivo ouda instauração de um conflito de desempenho de papel, ocasionadapela possível morte de um paciente entregue aos seus cuidadosprofissionais, o ‘’staff médico’’, numa atitude de autodefesa,restringe sua atuação apenas às tarefas técnicas exigidas pelas suasespecialidades. Assim perdem, cada vez mais, a capacidade decontato e lida com os moribundos. Não há de se estranhar, porconseguinte, que o paciente deixe de ser visto como pessoa, paraser “um caso a mais”, tornando-se menos importante que seuseletrólitos (MARANHÃO, 1985).180 |<strong>In</strong> <strong>Focus</strong> 3 - <strong>Unimar</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!