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Plano Nacional de Acção para a Inclusão 2006-2008 - Instituto ...

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<strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Acção <strong>para</strong> a Inclusão <strong>2006</strong>-<strong>2008</strong>Parte IO carácter persistente da situação <strong>de</strong> pobreza que o País apresenta parecenão resultar <strong>de</strong> condicionalismos conjunturais, mas sim da existência<strong>de</strong> uma correlação significativa entre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ea <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. De facto, o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na distribuição dosrendimentos continua a apresentar-se como o mais elevado da UE.Em 2004, a proporção do rendimento recebida pelos 20% <strong>de</strong> maioresrendimentos da população era 7.2 vezes superior à recebida pelos 20%<strong>de</strong> menores rendimentos (face a 4.8 na UE) 10 . Existiam em 2003 cerca<strong>de</strong> 11.4% trabalhadores por conta <strong>de</strong> outrem que estavam abaixo dalinha <strong>de</strong> baixo salário, ou seja, 2/3 do ganho ilíquido mensal mediano.Cerca <strong>de</strong> 16% eram mulheres e apenas 7.5% <strong>de</strong> homens estavam nessasituação 11 .No entanto, é <strong>de</strong> salientar que os rendimentos das famílias portuguesastêm vindo a registar uma evolução positiva, sobretudo ao longo dasegunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90. Esta melhoria é particularmentevisível ao nível da componente monetária das condições <strong>de</strong> vida dapopulação, contribuindo <strong>de</strong> forma relevante <strong>para</strong> um <strong>de</strong>sagravamentoda <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. O índice <strong>de</strong> Gini traduz essa melhoria, emboracom oscilações no período em análise. Importa salientar ainda, que adistribuição do rendimento continua a apresentar níveis muito dísparesentre indivíduos.Para avaliar as condições <strong>de</strong> vida da sua população, Portugal, ao contrário<strong>de</strong> outros países da Europa, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também da componente nãomonetária do rendimento. Em 2000, 13.5% do rendimento total dasfamílias era proveniente <strong>de</strong> rendimentos não monetários. Tal repercuteseno risco <strong>de</strong> pobreza, ou seja, 17.9% viviam em situação <strong>de</strong> pobreza em2000 face a 19.2% caso se consi<strong>de</strong>re apenas o rendimento monetário 12 .A pobreza, enquanto fenómeno <strong>de</strong> natureza multidimensional, requeruma observação além do rendimento das famílias. Para esse efeito,uma abordagem multidimensional da pobreza (privação) é crucial10 Eurostat, SILC.11 Cálculos efectuados pela DGEEP/MTSS com base nos Quadros <strong>de</strong> Pessoal do MTSS.12 Cálculos efectuados pela DGEEP/MTSS com base no IOF do INE.<strong>para</strong> conhecer os múltiplos aspectos do bem-estar dos indivíduos e dasfamílias. Enten<strong>de</strong>ndo a privação como a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a um nívelmínimo <strong>de</strong> bem-estar 13 , cerca <strong>de</strong> 18.7% das famílias portuguesas estavaem situação <strong>de</strong> privação em 2001. As condições internas do alojamento,a posse <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> conforto, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfação das necessida<strong>de</strong>sbásicas e as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> são os aspectos que maior peso têmna explicação do grau <strong>de</strong> privação <strong>para</strong> as famílias em risco <strong>de</strong> privação.São as famílias com crianças, as famílias numerosas e as famílias <strong>de</strong> umaúnica pessoa idosa, que revelam o maior risco <strong>de</strong> privação. 14Numa perspectiva complementar, é possível observar a situação emque se verifica simultaneamente pobreza monetária e privação (pobrezaconsistente). Com efeito, existiam 9% <strong>de</strong> agregados em risco <strong>de</strong> pobrezaconsistente (cerca <strong>de</strong> 305 mil agregados) em 2001, verificando-se umaredução <strong>de</strong> 1.1 p.p. face a 1995 15 .A incidência da pobreza monetária revela que as crianças e as pessoasidosas são dois dos grupos mais vulneráveis a situações <strong>de</strong> pobreza,respectivamente 23% e 29% eram pobres, em 2004 16 . A incidência dapobreza nas crianças conheceu um ligeiro agravamento ao longo doperíodo 1995-2001 17 , enquanto as pessoas idosas viram a sua situaçãomelhorar significativamente. Também a persistência das situações <strong>de</strong>pobreza afecta sobretudo as extremida<strong>de</strong>s do ciclo <strong>de</strong> vida, isto é, ascrianças (22%) e as pessoas idosas (24%).Noutra perspectiva, a incidência por tipologia familiar revelava a situação<strong>de</strong> maior vulnerabilida<strong>de</strong> das crianças: 25% das famílias constituídaspor dois adultos e duas crianças, 30% das famílias monoparentais com13 Esse nível mínimo <strong>de</strong> bem-estar diz respeito a um conjunto <strong>de</strong> aspectos que se relacionam com ascondições <strong>de</strong> alojamento, bens <strong>de</strong> conforto, necessida<strong>de</strong>s básicas, capacida<strong>de</strong> financeira, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>,mercado <strong>de</strong> trabalho, educação e formação.14 Cálculos efectuados pela DGEEP/MTSS com base no PEADP do INE.15 Cálculos efectuados pela DGEEP/MTSS com base no PEADP do INE.16 Eurostat, SILC.17 Apesar dos novos dados disponibilizados pelo SILC evi<strong>de</strong>nciarem em 2004 um valor <strong>de</strong> 5 p.p. abaixodo observado em 2001, isto po<strong>de</strong> não reflectir uma diminuição nos valores reais da pobreza infantil, namedida em que houve uma quebra <strong>de</strong> série.1415

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