<strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Acção <strong>para</strong> a Inclusão <strong>2006</strong>-<strong>2008</strong>Parte IIDe entre os grupos atingidos hoje por formas mais explícitas e severas<strong>de</strong> exclusões sociais, as pessoas com <strong>de</strong>ficiência e os imigrantes têm umlugar significativo, seja pelo carácter mais ancestral do <strong>de</strong>sfavorecimentomúltiplo (no primeiro caso), seja pela ocorrência <strong>de</strong> riscos mais recentesneste mesmo campo da exclusão e afastamento dos padrões aceitáveis<strong>de</strong> vida (como é o caso dos imigrantes e das minorias étnicas). Importa,pois, responsabilizar e mobilizar toda a socieda<strong>de</strong> <strong>para</strong> o combate àexclusão <strong>de</strong>stes cidadãos, mas também activar um conjunto <strong>de</strong> políticasintegradas, que possam contribuir <strong>para</strong> a sua inclusão social, <strong>para</strong> que auniversalida<strong>de</strong> dos direitos e cidadania seja cada vez mais uma realida<strong>de</strong>extensível a todos os cidadãos.Implícita nestas priorida<strong>de</strong>s encontra-se uma múltipla orientação <strong>para</strong> ocombate à pobreza e a todas as formas <strong>de</strong> exclusão, enquanto promoçãodo <strong>de</strong>senvolvimento socio-económico, dando particular atenção aocombate às formas <strong>de</strong> pobreza tradicional ainda existentes em Portugal,actuação <strong>de</strong> prevenção dos riscos que enfrentam os grupos e categoriassociais mais vulneráveis à pobreza e à exclusão social e actuação comvista à inclusão dos grupos e categorias sociais em situação <strong>de</strong> exclusão.No âmbito das priorida<strong>de</strong>s estabelecidas, a atenção às questões relativasà igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s encontra-se, portanto, inscrita <strong>de</strong> umaforma transversal e multidimensional. Quer as iniciativas no âmbitodos rendimentos directos e esquemas <strong>de</strong> bonificação das alocaçõesfamiliares, quer <strong>de</strong> forma indirecta, mas também influente, pela via dosinvestimentos em equipamentos sociais e apoios dirigidos aos idosos e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, promoverão o combate à pobreza monetária e as condiçõesque viabilizem oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhor conciliação entre a vida familiare a vida profissional, com particulares e positivas repercussões sobre adimensão <strong>de</strong> género da exclusão social.a. Garantir o acesso <strong>de</strong> todos aos recursos, direitos e serviços sociaisbásicos, necessários à participação na socieda<strong>de</strong>, ao mesmo tempo quese encontram respostas <strong>para</strong> formas extremas <strong>de</strong> exclusão e se combatemtodas as discriminações conducentes à exclusão.b. Garantir a inclusão social activa <strong>de</strong> todos, através da promoção daparticipação no mercado <strong>de</strong> trabalho e do combate à pobreza e à exclusãodas pessoas e dos grupos mais marginalizados.c. Garantir que as políticas <strong>de</strong> inclusão social são bem coor<strong>de</strong>nadase contam com o envolvimento <strong>de</strong> todos os níveis do governo e agentespertinentes (incluindo as pessoas que vivem na pobreza), que são eficientese integradas em todas as políticas públicas relevantes, <strong>de</strong>signadamenteas políticas económicas e orçamentais, <strong>de</strong> educação e formação e osprogramas dos fundos estruturais (nomeadamente o FSE), e que têm emconta a perspectiva da igualda<strong>de</strong> entre homens e mulheres.Com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste <strong>Plano</strong> espera-se po<strong>de</strong>r alcançar não sóum padrão <strong>de</strong> intervenções pautado pelo efectivo impacte na qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida das pessoas, seus contextos <strong>de</strong> vida e da socieda<strong>de</strong> em geral, mascom base na experiência a <strong>de</strong>senvolver (e nalguns casos já em curso), serátambém possível fazer repercutir e generalizar o que <strong>de</strong> mais a<strong>de</strong>quado ebem sucedido se vier a configurar.O <strong>de</strong>senvolvimento do PNAI permitirá, assim, articular as políticaspertinentes e os actores responsáveis na concretização <strong>de</strong>stas trêspriorida<strong>de</strong>s estratégicas, tendo bem presentes os Objectivos Comuns <strong>de</strong>Inclusão Social <strong>de</strong>finidos ao nível da União Europeia, que visam produzirum impacto <strong>de</strong>cisivo na erradicação da pobreza e da exclusão social:4849
<strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> Acção <strong>para</strong> a Inclusão <strong>2006</strong>-<strong>2008</strong>Parte IIPriorida<strong>de</strong>s PolíticasPriorida<strong>de</strong> 1Combater a pobreza das crianças e dos idosos, através<strong>de</strong> medidas que assegurem os seus direitos básicos <strong>de</strong>cidadaniaGarantir a realização dos direitos das crianças e dos idosos, no que serefere ao acesso a bens e serviços com qualida<strong>de</strong>, constitui um dos pilaresfundamentais na construção da cidadania social em Portugal. O conjunto<strong>de</strong> metas e medidas propostas procura articular uma dupla estratégia <strong>de</strong>resposta ao objectivo <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong> protecção social dascrianças e dos idosos. Partindo do princípio que as problemáticas queestes grupos enfrentam não po<strong>de</strong>m ser isoladas do contexto em que seinserem, as medidas centram-se nos níveis preventivo e reactivo.Existem medidas transversais que se referem sobretudo: à consolidação ereforço do objectivo <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> um rendimento básico <strong>de</strong> inserção em<strong>para</strong>lelo com o reforço das medidas <strong>de</strong> inserção profissional; à intervençãono mercado da habitação com vista à reabilitação, requalificação,realojamento habitacional, melhorando o acesso à habitação a preçoscompatíveis com os rendimentos das famílias; à intervenção territorial<strong>para</strong> promover a inclusão <strong>de</strong> áreas marginalizadas e <strong>de</strong>gradadas,combatendo a <strong>de</strong>sertificação e o isolamento e favorecendo a integraçãosocial <strong>de</strong> populações específicas; à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informar e aconselharos cidadãos em diversas situações financeiras problemática <strong>de</strong> que éexemplo a realida<strong>de</strong> crescente do sobreendividamento das famílias.O combate à pobreza infantil, enquanto priorida<strong>de</strong> fundamental <strong>para</strong>lutar contra a reprodução intergeracional <strong>de</strong> pobreza e o compromisso<strong>de</strong> redução do risco <strong>de</strong> pobreza dos idosos, implicam <strong>para</strong> Portugal umesforço significativo na promoção da inclusão social.Nas crianças, as medidas traduzem-se no reforço da protecção social,por um lado, através da componente monetária, nomeadamente por viadas prestações familiares, em que ocorre a discriminação positiva dasfamílias com menos recursos e, em particular, das famílias monoparentais.Por outro lado, reforça-se o investimento e qualificação das respostasexistentes ao nível <strong>de</strong> equipamentos e serviços através <strong>de</strong> um particularreforço das vagas em creche permitindo, por um lado um maior apoioàs famílias mais carenciadas e, por outro, uma resposta direccionada àsnecessida<strong>de</strong>s das famílias <strong>de</strong>signadamente as mais jovens, promovendoa conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional das mulherese dos homens. Estas incluem ainda, as respostas institucionais que têmcomo objectivo promover o interesse superior da criança, com especialenfoque na criação <strong>de</strong> alternativas que garantam a prevalência na famíliae no apoio aos jovens no seu processo <strong>de</strong> autonomia. As políticas activas<strong>de</strong> emprego reforçam o apoio às famílias e consequentemente às criançasinseridas nestes agregados.No combate à pobreza nas crianças assumem ainda especial <strong>de</strong>staque asmedidas promovidas no âmbito do sistema educativo, <strong>de</strong>signadamenteao nível do pré-escolar e das condições <strong>de</strong> cumprimento da escolarida<strong>de</strong>obrigatória. Por outro lado, as intervenções <strong>de</strong>senvolvidas no sentido <strong>de</strong>promover a inserção profissional <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>sfavorecidos, no quadrodas políticas activas <strong>de</strong> emprego e formação profissional, contribuemtambém <strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> enquadramentofamiliar das crianças em situação <strong>de</strong> pobreza.Tendo sido i<strong>de</strong>ntificado como principal factor <strong>de</strong> pobreza dos idososos baixos recursos financeiros e, sendo, em muitos casos, os agregadosfamiliares constituídos apenas por idosos, limitando o impacte dasmedidas transversais <strong>de</strong> apoio à inserção profissional dos cidadãos<strong>de</strong>sfavorecidos, as medidas apresentadas procuram dar resposta a estasituação através <strong>de</strong> uma prestação extraordinária monetária com vista aaumentar os rendimentos <strong>de</strong>stes indivíduos <strong>para</strong> um patamar mínimo <strong>de</strong>4200 euros anuais (a preços <strong>de</strong> <strong>2006</strong>). Além disso, procura-se reforçar econsolidar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos e serviços no sentido <strong>de</strong> dar respostaàs necessida<strong>de</strong>s actuais, privilegiando-se, sempre que possível, as soluçõesque permitam às pessoas idosas permanecer no seu meio natural <strong>de</strong> vidamas também dando atenção e resposta particular às crescentes situações<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. É <strong>de</strong>dicada particular atenção à situação habitacional5051