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CULTURA JOVEM EM MOVIMENTOS ALTERNATIVOS DE ... - USP

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Volume 58 Issue 4Page 2Forthcoming Meetings, Programs and Events21 Jul Thurs Breakfast Marlene Robbins What’s age got to do with it?22 Jul Friday 6 p.m. Hillary’s Yacht Club Xmas in July27 Jul Wed Annual Past Presidents’ Dinner28 Jul Thurs Breakfast Judy Saunders GlaucomaAugBowls at Warwick Bowling Club4 Aug Thurs Breakfast Hugh Frost All about Hugh Frost11 Aug Thurs Breakfast Club Forum & Committee Meetings18Aug Thurs Breakfast DG Liz Westoby DG’s Visit25 Aug Thurs Breakfast Jeanette Shorto Western Australian Institute for Medical Research1 Sep Thurs Breakfast Cyril Ayris Reminiscences of a Journalist (Partners night)8 Sep Thurs Breakfast Club Forum & Committee meetings15 Sep Thurs Breakfast Michael Reeves Shelter BoxOctConti’s Winery Barbecue and wine tastingOctBalya Car RallyDON’T MISS THISTonight on Channel 10’s 7.00 PM program.Channel 10 has done a documentary on distribution of wheelchairs in Vanuatu. It features our own Olly Pickett and DrJanet Richmond of ECU. It will touch your heartMeeting Duty RosterDATE Thurs 21 July 2011 Thurs 28 Jul 2011CHAIR BOB PENMAN BOB PHELPSVOTE OF THANKS BOB PHELPS JERRY PILCHERRESERVE JERRY PILCHER PETER SIMPSONATTENDANCE Brian Richards / Bernie Leach Brian Richards / Bernie LeachBULLETIN SCRIBE DARRELL CARMODY BARRY COOKDUTY CORPORAL BILL NUTTALL Bill NuttallEDITOR PAUL LEVI PAUL LEVIPRINT & MAIL ROB COLLINS / JERRY PILCHER ROB COLLINS / JERRY PILCHERPAUL N. LEVIDip.Pharm., Dip.Optom.,(S.Africa)B.S., O.D.(U.S.A.)FAMILY VISION CARECONTACT LENSPRACTITIONER182 Scarborough Beach Rd, Doubleview6018(Near Cnr. Grand Prom.)Phone: 9446 7700Facsimile: 9446 7711REGISTEREDNo. 5713<strong>DE</strong>SIGNERS AND BUIL<strong>DE</strong>RS OF QUALITYHOMESRobert (Rob) Thompson — ManagerMobile: 0408 912 778Telephone: 9445 1533 A/H: 9385 147421 Pearson Way, Osborne ParkWestern Australia 6017


Um bom exemplo é a visibilidade da juventude como um período de vida marcado porproblemas de diferentes ordens. Pais (1990, p.149) considera que na verdade a juventudeaparece socialmente dividida em função dos seus interesses, das suas origens sociais, das suasperspetivas e aspirações. Generalizações arbitrárias são impostas sem considerar os diversosmodos de agir, suas perceções, seus desejos e expectativas. Com efeito, Bomfim (2006)sintetiza:“Pensando também do lado dos jovens, moças e rapazes têm perguntas sobre simesmos (o que eu quero e posso fazer? Por que eu não posso fazer o que eugosto?) Com quem posso fazer algo junto? O que queremos para nós mesmos epara onde vamos?); sobre os adultos (o que eles querem de nós? Por que nossospais e muitos outros adultos, nossos professores, por exemplo, não noscompreendem? Por que interferem tanto nas nossas vidas?) e sobre o mundo(que mundo é esse? quais são as possibilidades que a sociedade atual está dandopara nós jovens, a fim de melhorar a vida em nossas famílias, as nossas vidas?Por que minha mãe e meu pai discutem tanto e até brigam? Quais asoportunidades de trabalho, de emprego, de lazer a sociedade hoje vem criandopara nós? Por que os adultos quando falam sobre nós, só pensam em termos defuturo (“vocês jovens são a esperança do amanhã!) e não do hoje? Nós queremosviver o agora, o presente, o hoje! Uma verdade pode ser dita: elas e eles (jovens)estão buscando algo que lhes satisfaça. Com quem? Sozinhos?” (Ibid.:47)Nesse sentido, Dayrell (2003) ressalva:“Construir uma noção de juventude na perspetiva da diversidade implica, emprimeiro lugar, considerá-la não mais presa a critérios rígidos, mas sim comoparte de um processo de crescimento mais totalizante, que ganha contornosespecíficos no conjunto das experiências vivenciadas pelos indivíduos no seucontexto social. Significa não entender a juventude como uma etapa com um fimpredeterminado, muito menos como um momento de preparação que serásuperado com o chegar da vida adulta”. (Ibid.:42).Dessa forma, implica entender como o jovem está inserido no meio social, comoconstroem determinados modos de ser jovem, de que forma exprimem suas especificidades, oque não significa, porém, que haja um único modo de ser jovem nas camadas populares.Ademais, levando em consideração que a expressão dos modos de ser jovem podem superar avisão negativa que ainda existe para com eles fazendo que eles sejam vistos como uma forçamotriz de mudança social. Nesse contexto, essas transformações podem ser estabelecidas,considerando as condições Juvenis, vendo o jovem como modelo cultural (Peralva, 1997)considerando suas culturas juvenis (Pais, 2003) e, como propõe o sociólogo francês Dubet(1994): considerar os processos de socialização juvenil através do que ele define como


experiência social 3 (ibid :15) Essa experiência que, segundo o autor “designa as condutasindividuais e coletivas dominadas pela heterogeneidade dos seus princípios constitutivos, epela atividade dos indivíduos que devem construir o sentido das suas práticas no próprio seiodesta heterogeneidade”. (ibidem). “A experiência constrói os fenómenos a partir dascategorias do entendimento e da razão”. Evidentemente, para o sociólogo, (1994) estascategorias são, em primeiro lugar, sociais, são «formas» de construção da realidade. Desteponto de vista, a experiência social não é uma «esponja», uma maneira de incorporar o mundopor meio das emoções e das sensações, mas uma maneira de construir o mundo. É umaactividade que estrutura o carácter fluido de «vida»” (Ibid.: 95).2.Juventudes e Práticas CulturaisAs práticas culturais vêm se transformando em elemento estratégico para enfrentar ecombater as violências, a fim de possibilitar maior oportunidade de expressão, afirmação deidentidades, enfim, expressar as suas subjetividades, objetivando afastar os jovens desituações desafiadoras, tais como o uso de drogas.Ao participarem de movimentos alternativos os jovens têm a oportunidade de lazer,visto que nos bairros populares existem poucos lugares adequados para a diversão saudável, epor não terem acesso aos bens culturais que desejam e tampouco condições financeiras decustear o próprio lazer os jovens buscam formas de sociabilidades se unindo a grupos em queeles mesmos são os protagonistas de sua própria vida.As potencialidades dos jovens quando exploradas e apoiadas produzem frutospositivos não somente para o jovem como sujeito, mas para toda a sociedade, porém o que osjovens constroem de positivo é pouco valorizado e divulgado pelas mídias, portanto a culturade valorização das práticas culturais juvenis precisam fazer parte de nosso cotidiano comoalternativa para termos jovens, mais comprometidos consigo mesmos e com o mundo que osrodeiam.Esses movimentos funcionam como a possibilidade mais adequada para a construçãode suas experiências como jovens. Nesses espaços sentem-se bem tanto afetivo quantomoralmente por não serem tratados como objetos. Portanto, as práticas culturais juvenis sãoimportantes para seus sujeitos à medida que constroem elementos positivos e agradáveis,3 Para Dubet (1994) “a experiência social é a actividade pela qual cada um de nós constrói uma acção cujosentido e coerência não são mais dados por um sistema homogéneo e por valores únicos” (ibid :58).


constitutivos de suas identidades substantivando suas relações na família, na escola, notrabalho ou nas ruas e construindo uma Cultura de paz.Ao participarem de grupos, os jovens são incentivados a ter uma independênciarelativa, proporcionando-os a desenvolverem a participação e responsabilidade, pois elesmesmos são autores de criação, têm voz ativa dentro dos movimentos, e isso se tornaimportante, uma vez que os jovens necessitam de espaços para manifestarem suas opiniões eidéias.Outro elemento que as práticas culturais proporcionam aos jovens é a elevação daauto-estima. Segundo Castro (2001, p.486):Assim como o protagonismo juvenil, a auto-estima é enfatizada como um processobásico para desarmar violências, contribuindo para dar sentidos positivos e projetosde vida aos jovens, o que se cultiva através de atividades artísticas, esportivas e deeducação para a cidadania. Também comporta distintas referências, sendo quemuitas por construções analógicas ao de protagonismo juvenil, como a interaçãoentre a auto-apreciação e a gratificação pelo reconhecimento social.Percebe-se no decorrer de nossa pesquisa que os jovens sentem-se valorizados dentrodos grupos, conseguem ser criativos e exercitar suas potencialidades e cidadania, como porexemplo, um dos jovens entrevistados nos relatou que através da prática do Skate, foiestimulado a continuar os estudos e abandonar a gangue 4 pela qual participava.No âmbito dessa investigação, foram pesquisados 2 (dois) Movimentos Alternativos 5que são o Grupo de Jovens Skatistas e Movimento de Hip-Hop. Em Teresina existeminúmeros movimentos e inúmeras experiências significativas como o MP3 ( Movimento pelaPaz na Periferia) Pastoral da Juventude, Tear da Juventude, dentre outros. Optamos pela4 Gangues/galeras são grupos de jovens, mais ou menos estruturados, que se agregam para criarem sociabilidadespróprias, através de lúdicas até atos de delinqüência. Seus membros mantêm relações de solidariedade tendocomo base uma identidade mesmo que incipiente, mas compartilhada. “Pertencer a uma gangue/galera, fazer ojogo de rivalidades são vetores de identidade grupal que podem levar tanto a novas formas de criatividade – aexemplo dos rappers – como práticas de delinqüência”. Abramovay et al, 2002, p. 955 “Movimentos Alternativos” são organizações, no caso, de jovens de classe média, das periferias urbanas ou domeio rural que realizam práticas (ações coletivas) de sociabilidades próprias, a fim de construírem alternativaspara suas vidas em várias dimensões: lazer, política, qualificação profissional, música, esporte, dança, dentreoutras. Não obstante, outros grupos oriundos de periferias urbanas, por viverem em extrema situação de pobreza,por falta de acesso aos bens materiais e imateriais produzidos pela sociedade e de ausência de acolhida humana(afeto, solidariedade, apoio moral), impulsionados pela exacerbação de idéias consumistas difundidas sobretudopelos meios de comunicação de massa, praticam ações coletivas que deterioram a dignidade humana (furtos,roubos, assaltos e homicídios), justificadas pela lógica de, de um lado, por necessidade de sobrevivência, e deoutro, de denúncia das desigualdades sociais. Há também os grupos de origem ideológica de ultra direita que porpreconceito violentam aquelas pessoas que, para eles, estão fora das normas de suas perspectivas ideológicas.


escolha de 2 (dois) movimentos afim de não tornar o trabalho por demais extenso, visto queimplicaria um “olhar” mais detalhado dos movimentos.3. SkatistasÉ um grupo que surgiu recentemente em Teresina- PI, mas especificadamente no anode 2001 e têm por objetivo principal criar oportunidades de diversão e construção deamizades entre as/os jovens que praticam esse esporte agregando jovens de diferentes faixasetárias e classes sociais. O esporte consiste em superar obstáculos a partir de saltos econcentração em cima de um skate (prancha com duas rodas).Importa referir que é a partir dos anos 60, na California que pode-se falar em umagênese do Skate. Essa prática consiste em deslizar sobre o solo e obstáculos equilibrando-senuma prancha, chamada shape dotada de quatro pequenas rodas e dois eixos chamados detrucks. Com o skate executa-se manobras, com baixos a altos graus de dificuldade sendoconsiderado um esporte radical, dados seu aspecto criativo, cuja proficiência é verificada pelograu de dificuldade dos movimentos executados. Nos anos 70 6 , houve um granderacionamento de água nos Estados Unidos, e muitas pessoas tiveram que esvaziar suaspiscinas, propiciando a jovens skatistas a idéia de utilizarem como pistas.No que concerne a realidade brasileira, nomeadamente, aos jovens residentes nacidade de Teresina-Piauí, fez-se necessário indagar: Quem são os jovens skatistaspesquisados? São adolescentes (meninas e meninos) que gostam de praticar skate diariamente.Interessam-se por música “rap”, encontram-se em outras ocasiões para analisá-las. São jovensprovenientes de escolas públicas e privadas, alguns trabalham, mas em sua maioria nãotrabalham e nem estudam. Pertencem, na grande maioria, a classes sociais menos favorecidas.Como procedimentos metodológicos, fizemos contatos com integrantes do grupo,além de visitas no local em que se reúnem para praticar o skate, em seguida, realizamosentrevistas semi-estruturadas, que nos possibilitaram um certo conhecimento que nos permitiuadentrar no cotidiano de suas vidas.Os skatistas não se constituem em um grupo fechado, pois se relacionam com outrosgrupos/ movimentos tais como grupos de rock, música eletrônica e movimento hip hop,participam também de manifestações públicas lideradas por outros grupos de movimentossociais. Por criarem esse espaço de sociabilidade elas e eles têm conseguido ressignificar suas6 História do Skate. Disponível no site: http://www.skoitoskateboards.com.br/skate/historia-do-skate acesso em10/10/2010


vidas, seus espaços e seus valores preenchendo lacunas em suas vivências, ocupando o tempo,como forma de não se envolverem com tráfico de drogas e praticando delinqüênciasOs jovens skatistas deixam transparecer suas angústias tanto no que se refere às suasvivências quanto as condições que praticam o skate, mas também mostram o quanto essaprática têm contribuído para a elevação da auto-estima de cada praticante deste esporte; alémdisso, constroem valores como amizade, ajuda mútua, solidariedade nos momentos de alegriae tristeza. Enfim, criam modos próprios de ser jovem, fabricando suas próprias histórias, suasidentidades. Se auto-afirmam também à medida que externam seus comportamentos,linguagens, modo de se vestir e se arrumar, estilo e espaço cultural próprios. Contudo,enfrentam dificuldades significativas, sendo a maior delas (no momento da pesquisa), a faltade um espaço apropriado para praticarem o skate, pois o Piauí era único Estado do Brasil quenão possuía um lugar específico para praticar esse esporte. Assim, se submetiam a rampasimprovisadas feitas por ele próprios em praças públicas.Os depoimentos que extraímos dos jovens entrevistados denunciam a situação nasquais eles viviam (no momento da pesquisa):“ Olhe, pra eu chegar aqui eu pego dois ônibus. Aí eu combino com a galera pra gentevir, pra praticar, mas chegando aqui, como você pode ver, num tem nada meu, num temestrutura, num tem rampa, num tem apoio, num tem nada, só o nosso grupo, o nossoempenho. Eu venho porque eu gosto, de estar com os amigos, é a minha rotina, podiamelhorar (…) porque eu acredito, porque me faz bem, porque é uma coisa legal, sabe”(Jovem 01, 16 anos, Masculino).“ Você pode ver que não há uma estrutura bacana aqui pra gente, não tem apoionenhum de governo, de prefeito. (…) Eu podia muito bem estar nas drogas, fazendobesteira, mas eu tô querendo só praticar esse esporte, eu poderia desistir, pois não háincentivo nenhum, mas eu tenho esperança né”. (Jovem 03, 21 anos, Masculino).Juntava-se a isto a falta de patrocínio para difundirem a prática do Skate em outrosmovimentos e nos municípios de Teresina, Picos, Parnaíba e Piripiri, onde havia muitademanda dessa prática esportiva. Outra dificuldade referia-se às possibilidades escassas paraparticiparem de competições locais e em outros estados brasileiros com exigência deacessórios adequados. A maioria dos Skatistas não possui condições financeiras para acompra do Skate e de acessórios ligados a essa prática.


4.Movimento Hip-HopSignificativo é o poder do sistemaMoleque te enrola e te roubaQue não vê o problemaA verdade nua e cruaJesus sempre foi assimSe você tem fé de mudar a sua posturaSinto um novo cara, coração valenteSerá que eu falo grego:Será que não me entende:Meu orgulho tenhoMeu coração bate forteDe ver cair a juventude pobre(Rap Guerra ao Sistema, Mc Bill)Outro movimento alternativo pesquisado foi o Movimento Hip-Hop de jovensteresinenes. A maioria dos jovens pesquisados encontravam-se em situações devulnerabilidade e exclusão social. Percebe-se que essa não é uma relação bem-vinda para elespois os mesmos sofrem pressões da família, da escola, do grupo que estão inseridos, enfim detodos os segmentos da sociedade a se tornarem ativos no meio social, no espaço onde vivem,seja através do aprimoramento de princípios e valores (regras de moral) seja através doconsumismo (roupas e calçados da moda, moto e carro do ano, celular, máquinas fotográficas,Mp4, etc.).Contudo, o que lhes é imposto ou o que desejam nem sempre é concretizado,principalmente entre jovens de camadas populares que vivem envolvidos por um conjunto defaltas materiais e imateriais. O que os jovens fazem diante desse quadro? Muitos se rebelamde forma negativa; ficam angustiados e entram no mundo das drogas, saindo de casa paramorar nas ruas, praticando delinqüências (roubos, estupros, homicídios, seqüestros) etc.Outros, porém se rebelam de forma positiva buscando espaços de socialização onde eles seauto - afirmam por serem autores de criações; sentem nesses espaços a liberdade de inventar eproduzir á seu gosto; reinventando formas de viver sua condição juvenil. É nesses espaços desocialização que se identificam com outros e junto com seus pares desenvolvem laçosafetivos, e cultivam valores comuns ao grupo como a confiança e a lealdade enquantomelhoram a comunicação consigo mesmos e com os seus pares.


É nesse sentido que surge as práticas culturais no âmbito do Movimento Hip-Hop.Este movimento e toda a cultura do hip hop teve sua origem, subsidiados pelo estudo deVianna (1997), no Brasil em 1970, na cidade de São Paulo e a posteriori, no Rio de Janeiro.Em teresina os jovens pesquisados escutam e propagam o estilo musical rap. Esse estilomusical é entendido como uma manifestação jovem, pois sua sua batida cadenciada e,sobretudo, as letras que constituem as músicas, combinando em uma feliz junção ritmo epoesia, atraem a população jovem e o próprio mercado de consumo cultural de massas(Sposito, 1994). Os jovens teresinenenses pesquisados se auto intitulam rappers. Suasmúsicas denunciam a situação em que vivem, principalmente como relatado nessa pesquisa,de serem atrelados ao fenômeno da violência, bem como suas expectativas face ao futuro.Percebemos que os jovens integrantes do movimento hip hop se constroem comosujeitos sociais estabelecendo relações com o meio social e por participarem em práticasculturais aprendem significados sociais que se apropriam construindo suas identidades. Eatravés das experiências vivenciadas pelo movimento, estes jovens buscam novas práticas evalores que preencham suas necessidades e aspirações, dando um novo sentido as suas vidas.Tavares (2010) salienta o olhar sobre o viés da luta pelo reconhecimento,principalmente no que concerne à gênero, raça/etnia:“O hip-hop expresso pelos jovens rappers costuma veicular, através da música, aconstrução de uma consciência política. Eles falam em nome de uma geração semvoz, periférica, estigmatizada. Nesse caso, a prática cultural do rap propicia aemergência de uma consciência social dos indivíduos em termos de diversasperspectivas, relacionadas a gênero, raça/etnia. Essa postura combativa define umsentimento de pertencimento coletivo em termos de uma espacialidade injustamaterializada na periferia urbana. Isso significa que, mesmo estando em diferentespaíses ou cidades, a juventude hip-hop poderá redefinir suas questões geracionaisestabelecendo semelhanças e contrastes em relação ao seu envolvimento com osgrupos de rap, bem como ao enfrentamento de situações discriminatórias”Se faz necessário, ainda, ressalvar o trabalho que é realizado no âmbito dasatividades desse Movimento.Conforme Dayrell (2005, p.193) “o trabalho aparece como umacondição para maior liberdade e autonomia em relação à família, pela possibilidade doconsumo de bens pessoalmente valorizados”. Assim, o jovem têm o sentimento de realizaçãoe de liberdade acompanhado de auto valorização, que é parte do processo de construção deidentidade. Ao passo que os jovens pesquisados difundem suas atividades junto a outrospares; suscitam confiança e credibilidade na sociedade no que se refere ás potencialidadesjuvenis. Assim, na medida em que criam oportunidade de lazer e trabalho para seusintegrantes, proporcionam aos jovens a difícil construção de cidadania, principalmente


aqueles que não tem acesso nem mesmo a serviços básicos como moradia decente,alimentação adequada, vestuário, emprego, saúde, acesso á escola e a bens de cultura e lazer,em fim uma qualidade de vida digna.3.Considerações FinaisEmbora os jovens, na maioria das vezes, sejam vistos na sua negatividade pela mídiacomo irresponsáveis, rebeldes, sem expectativas, eles expressam de modo significativoatravés das práticas culturais que realizam, que querem ser ativos na sociedade de modopositivo, para isso a sociedade precisa ouvi-los mais como jovens, valorizando suas ações,despertando neles o sentimento de pertencimento, buscando conhecer saber quais são suasexpectativas, seus anseios, seus desejos para o presente, enquanto jovens, e para o futuro,como adultos.Corroboramos com Melucci (1997, p.12-13) quando este autor nos fala que osmovimentos juvenis “tomam a forma de rede de diferentes grupos, dispersos, fragmentados,imersos na vida diária. Eles são um laboratório no qual novos modelos culturais, formas derelacionamento, pontos de vista alternativos são testados e colocados em prática”. Ademais aoOuvir os jovens, compreendemos o que significa ser jovem na sociedade atual, o que significadifundir a sua cultura no seio dos movimentos alternativos que integra, como sujeitoshistóricos em sua plenitude, as crises e os conflitos que enfrentam, e o que pensam sobre oestigma imposto de modo geral na sociedade, ao tratar-los como rebeldes sem causa,irresponsáveis e violentos.Ressalvamos ainda que os jovens dos Movimento Hip Hop objetivam difundir suaspráticas (de dança, de composição de música), bem como motivar e “tirar” jovens de ganguespara participarem de suas práticas de lazer (break, cineperiferia, programa de rádio comparticipação “ao vivo” de pessoas da periferia); grupos de conversas de rua e de suas própriascasas através de diálogo; de qualificação profissional com uso de estação digital e de cursosde mecânica; de busca de emprego em articulação com empresários e ONGs locais, visandoelevar a auto-estima desses jovens da periferia, conscientizando-os de que são capazes deconstruir outras formas de viver com a ressignificação de suas próprias dignidades.


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