62Na avaliação <strong>de</strong> professores, que irão receber este pagamento por mérito,terão <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rados os aspectos objetivos e os subjetivos. E ambosapresentam complexida<strong>de</strong> para aferir qu<strong>em</strong> merece avançar e qu<strong>em</strong> não merece.Na avaliação objetiva, po<strong>de</strong>r-se-ia levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os resultadosobtidos pelos alunos. Isso po<strong>de</strong>ria gerar situações diversas, como o professor daratenção apenas a algumas disciplinas que seriam avaliadas <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado aformação humana genérica do educando, além <strong>de</strong> estimular a progressão doaluno s<strong>em</strong> aprendizag<strong>em</strong> efetiva. Mas, principalmente,Levar tais provas <strong>em</strong> conta, por outro lado, implicaria <strong>em</strong> atribuir àqualida<strong>de</strong> da educação méritos e probl<strong>em</strong>as que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre são dosprofessores. Paralelamente, estes estariam sendo incentivados a <strong>de</strong>dicarmaior t<strong>em</strong>po aos alunos <strong>de</strong> melhor potencial. Por último, não se po<strong>de</strong>imputar somente a um professor a contribuição para os resultados(sejam eles bons ou ruins) e menos ainda, a consecução dos diferentesobjetivos da educação. (MORDUCHOWICZ, 2003. p. 22).A avaliação subjetiva do professor também apresenta dificulda<strong>de</strong>, já que opagamento por mérito não dá conta <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a questões como: Por que umprofessor receberá por <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e outro não? O que <strong>de</strong>verá fazer umprofessor para receber pelo seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho? O que acontece com uma pessoaque recebe uma avaliação menor do que acredita merecer? Nos diversos casosapresentados, o ambiente pedagógico – que pressupõe o trabalho coletivo einterdisciplinar – estaria prejudicado, já que o julgamento <strong>de</strong> mérito incentiva acompetitivida<strong>de</strong> e o individualismo. Sobre este aspecto, Morduchowicz,acrescenta:Neste sentido, há <strong>de</strong>sincentivo ao trabalho grupal (não há jogocooperativo) – e o risco <strong>de</strong> que os docentes evit<strong>em</strong> a interdisciplirarida<strong>de</strong>que seu trabalho supõe e requer. Segundo Hanushek et al (1994), opagamento por mérito faz que os indivíduos termin<strong>em</strong> fazendo o quelhes é mais conveniente, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a organização a quepertenc<strong>em</strong>. (2003. p. 24).Há também o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> que esse sist<strong>em</strong>a reparte uma soma <strong>de</strong>dinheiro que não se <strong>de</strong>stina a todos. Só alguns, hipoteticamente mais notáveis,receberiam as quantias <strong>de</strong>stinadas às pr<strong>em</strong>iações. Quando o justo, lógico, seriaque todos que atingiss<strong>em</strong> os padrões estabelecidos recebess<strong>em</strong> o prêmio, sobpena <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r-se a nobre noção <strong>de</strong> trabalho docente para atingir-se a fútil noção
63<strong>de</strong> jogo, quando não <strong>de</strong> jogatina, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da serieda<strong>de</strong> das pessoashabilitadas a julgar o mérito.Mais que um estímulo, o pagamento por mérito ten<strong>de</strong> a funcionar comorepresália, como se verifica na iniciativa privada, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo quer serimportado a fórceps. Neste meio, a cultura do medo é medida pelos resultadoscontidos <strong>em</strong> relatórios da contabilida<strong>de</strong>, pouco se lhes dá o estar<strong>em</strong> usandopessoas. Acontece que com a educação pública o fim mesmo do negócio são ascrianças, não há como medir pela régua rasa do capital. Um professor sobpressão po<strong>de</strong>rá aten<strong>de</strong>r ao quesito que lhe dará os pontos necessários para obtero prêmio, mas o custo disso roerá o arcabouço humanístico e conteudístico queos alunos estariam recebendo se seu professor estivesse sendo tratado eavaliado <strong>de</strong> uma maneira mais justa e equitativa.Este tipo <strong>de</strong> avaliação mercadológica, totalmente manipulável, ten<strong>de</strong> aservir, antes <strong>de</strong> tudo, para um constrangimento da classe e justificativa pararedução na alocação <strong>de</strong> recursos para a educação.Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso político <strong>de</strong>stetipo <strong>de</strong> avaliação, que, <strong>em</strong> última análise, viabiliza a compra <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>s <strong>em</strong>troca <strong>de</strong> avaliações positivas.Outro procedimento a que o professor <strong>em</strong> análise, sentindo-sepressionado, po<strong>de</strong> lançar mão é o aumento <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> trabalho, o que serianegativo, pois o pagamento por mérito po<strong>de</strong>ria confundir-se com trabalho paraalém da jornada r<strong>em</strong>unerada, hora extra.E ainda, como o trabalho docente t<strong>em</strong> características coletivas,interdisciplinares, a qualida<strong>de</strong> não se <strong>de</strong>ve apenas, ou tão somente, ao trabalhofocado na individualida<strong>de</strong>. Num sist<strong>em</strong>a que faz os professores concorrer<strong>em</strong> entresi, o trabalho <strong>em</strong> grupo e a interdisciplinarida<strong>de</strong> estarão completamentecomprometidos.Por fim, neste sist<strong>em</strong>a, poucos professores seriam recompensados e onível geral do trabalho ofertado aos alunos não será elevado, pois segundoMorduchowicz, não há evidências <strong>de</strong> que a implantação <strong>de</strong> pagamento por méritomelhore o rendimento <strong>de</strong> alunos ou professores. Por outro lado, a recompensaindividual não leva <strong>em</strong> conta o rendimento que <strong>de</strong>terminado professor tenhaobtido com os alunos, única maneira <strong>de</strong> medir a efetivida<strong>de</strong> do direito à educação.
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