26capitais foram criados os liceus provinciais. A falta <strong>de</strong> recursos, noentanto que um sist<strong>em</strong>a falho <strong>de</strong> tributação e arrecadação da rendaacarretava, impossibilitou as províncias <strong>de</strong> criar<strong>em</strong> uma re<strong>de</strong> organizada<strong>de</strong> escolas. O Resultado foi que o ensino, sobretudo o secundário, foirelegado ao abandono, ficando <strong>em</strong> mãos da iniciativa privada e o ensinoprimário foi relegado ao abandono, com pouquíssimas escolas,sobrevivendo à custa do sacrifício <strong>de</strong> alguns mestres-escolas, que<strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> habilitação para o exercício <strong>de</strong> qualquer profissãorendosa, se viam na contingência <strong>de</strong> ensinar. (ROMANELLI, 1986, p.40).O Relatório realizado por Antonio Gonçalves Dias, que por or<strong>de</strong>m dogoverno imperial <strong>em</strong> 1843, percorreu as províncias do Pará, Maranhão, Ceará,Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Paraíba Pernambuco e Bahia. Foi o primeiro levantamentoregional do ensino brasileiro, e nas palavras do autor:Neste excelente trabalho, apreciável sob todos os aspectos, o ilustrepoeta faz observar quanto é <strong>de</strong>plorável a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legislação, <strong>de</strong>província a província com respeito à instrução pública. Umas matériasensinadas são insuficientes; noutras a multiplicida<strong>de</strong> e má escolha doslivros escolares prejudicam os estudos; <strong>em</strong> outra parte, os programasestão mal organizados, e, <strong>em</strong> geral, há insuficiência <strong>de</strong> inspeção que àsvezes, falta inteiramente, <strong>em</strong> quase todos os lugares as escolas sãofreqüentadas <strong>de</strong> modo irregular. (ALMEIDA, 2000, p. 86).Conforme o relato do próprio poeta:De todas essas províncias a que fui, <strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>ssa comissão,os homens que sab<strong>em</strong> <strong>de</strong> que importância é a instrução pública,folgaram <strong>de</strong> ver que o governo <strong>de</strong> S. M. I. lançava por fim os olhos sobreo assunto <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, e farão dos seus esforços o princípio <strong>de</strong> umanova e salutar organização, que todos esperam; mas que talvez não serápossível s<strong>em</strong> a intervenção direta e continuada do governo central. Soupouco amigo da centralização e menos ainda quando é levada aexcesso. Sei que pouco importam as minhas opiniões, e se as expendoaqui é só para fazer ver que ainda estando eu prevenido, como estava,só os fatos, neste particular, me <strong>de</strong>cidiram <strong>em</strong> sentido contrário.(Relatório Gonçalves Dias, apud ALMEIDA, 2000, p. 86).Para Almeida (2000), o relatório <strong>de</strong> Gonçalves Dias apontava anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformulação urgente na instrução pública brasileira, <strong>de</strong> forma agarantir unida<strong>de</strong> nas ações e uniformização das regras <strong>em</strong> todo o Império 2 .2 A constituição <strong>de</strong> um Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> Educação, proposta por Gonçalves Dias <strong>em</strong> noséculo 18, ainda não se concretizou <strong>em</strong> nosso país, como <strong>de</strong>monstra o t<strong>em</strong>a central daConferência Nacional <strong>de</strong> Educação Básica realizada no mês <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008, <strong>em</strong> Brasília/DF,para que os entes fe<strong>de</strong>rados redimension<strong>em</strong> suas ações e especialmente a regulamentação doregime <strong>de</strong> colaboração.
27Contudo, foi durante o Império (ALMEIDA, 2000), que se pô<strong>de</strong> observaruma preocupação mais efetiva com a instrução pública no Brasil, cont<strong>em</strong>plada <strong>em</strong>diversas leis e <strong>de</strong>cretos que iriam disciplinar o método <strong>de</strong> ensino, o funcionamentodos estabelecimentos e as condições para o exercício da ativida<strong>de</strong> do magistério.Entretanto, muitas <strong>de</strong>stas legislações não foram aplicadas efetivamente. Valerecorrer aqui ao relato <strong>de</strong> José Ricardo Pires <strong>de</strong> Almeida <strong>de</strong> 1889 3 , “não é planonosso fazer aqui o histórico das vinte diferentes legislaturas, on<strong>de</strong> o ridículo e oabsurdo estão ao lado, <strong>em</strong> todo o momento, das melhores intenções do mundo”.Embora a intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa obra seja, num primeiro momento, fazer umaapologia à instrução pública brasileira durante o Império, a <strong>em</strong>piria acabou<strong>de</strong>monstrando que também neste período a instrução pública não mereceu<strong>de</strong>staque:O que é certo, porque se <strong>de</strong>duz <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> relatórios dospresi<strong>de</strong>ntes das províncias, é que o resultado <strong>de</strong> todas estas leis <strong>em</strong>edidas teria sido oportuno se houvesse condições <strong>de</strong> executá-las. (...)Criaram-se muitas escolas – no papel – por leis e <strong>de</strong>cretos, mas obenefício que po<strong>de</strong>ria resultar <strong>de</strong>stas iniciativas e o progresso que<strong>de</strong>veria ser a sua conseqüência foram arruinados, obstados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aorig<strong>em</strong> pela ausência <strong>de</strong> instrutores, sobretudo <strong>de</strong> instrutores hábeis.Dever-se-ia começar pela instrução <strong>de</strong> professores, mas n<strong>em</strong> se cogitoudisto. Esta situação permaneceu até hoje, porque é muito recente, só hápoucos anos que se cogitou <strong>de</strong> estabelecer timidamente as escolasnormais para nelas formar os instrutores e as instrutoras. (ALMEIDA,2000 p. 65).Em relação ao financiamento, já nos escritos <strong>de</strong> 1889, o autor sugere quena oferta <strong>de</strong> instrução primária, se utiliz<strong>em</strong> recursos dos contribuintes, mesmo acontragosto <strong>de</strong> alguns, para r<strong>em</strong>unerar os professores:A esta causa primordial <strong>de</strong> insucesso, <strong>de</strong>ve-se ajuntar o afastamentonatural das pessoas inteligentes, <strong>de</strong> uma função mal r<strong>em</strong>unerada e quenão encontra na opinião pública a consi<strong>de</strong>ração a que t<strong>em</strong> direito muitomais que as outras, porque o professor, o institutor e a institutorasubstitu<strong>em</strong> <strong>em</strong> certa medida, o pai e a mãe <strong>de</strong> famílias, inaptos a cumprircompletamente seu <strong>de</strong>ver social. Com efeito, os pais que viv<strong>em</strong> numasocieda<strong>de</strong> civilizada, que <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> todas as vantagens que estasocieda<strong>de</strong> põe à sua disposição, lhe <strong>de</strong>v<strong>em</strong> necessariamente, cidadãossociais completos e mães <strong>de</strong> família capazes <strong>de</strong> elevar, e instruir seus3 A obra Instrução Pública no Brasil (1500-1889), História e legislação, que foi publicadaoriginalmente <strong>em</strong> francês, é caracterizada com sendo a primeira publicação sobre a história daeducação brasileira, e no ano <strong>de</strong> 2000, ocorreu a publicação da 2.ª edição pela EDUC, editorada PUC-SP.
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