Construindo um Natal mais solidário E vencendo os desafios ... - CTT

um verdadeiro exércitode estátuas coloridasem terracota, a lembraros célebres guerreirosde xian na china, emergede uma trincheirano terreno, guardandoo jardim perantea ameaça de hipotéticosinimigos, mas à mercêdo desgaste causadopelos visitanteslei, encontrando-se habitualmente co-locados à porta de instituições de• Em cima, o pórtico de entrada no jardime a alameda dos budas. Em baixo, a deusaKun Iam com uma flor de lótus na mãoa espreitar entre a vegetação deste jardim,surpreendendo pela bizarria dasformas e dimensões, impressionandocom a inusitada localização.Este é um lugar de respeito e recolhimento,sendo ao mesmo tempo deexcesso e permissão. As impressõespodem ser ambivalentes, mas nãoa ideia surgiu em resposta à destruiçãodos milenares budas gigantes de bamiyanpelo governo talibã do afeganistão em 2001,um dos maiores actos de barbárie culturalcontra os colossais monumentos classificadospela unesco como património da humanidadeserão certamente indiferentes. O quedizer das seis mil toneladas de mármoree granito que ali foram colocadaspara edificar esta obra monumental?Uma alegre extravagância, talvez. Masos monges artistas de Bamiyan também,a seu tempo, o terão sido.Um portão para o irrealÉ um grande pórtico oriental que à chegadaabre passagem pela alameda debudas, por onde avançamos pelo cenárioluxuoso de socalcos relvados, espiadopor deuses e deusas talhados na pedra,enquanto a moldura de vinhas ao redoré preenchida com pinceladas de verde,amarelo e castanho naturais. Do ladoesquerdo surge um grande lago artificial,que espelha a cor do céu nas águastranquilas, orlado por fileiras de divindadese lanternas que velam pela harmoniado local. Caem pingos esparsosde chuva nestes dias de inverno, poucagente deambula pelos caminhos pedonais,cessaram já as ruidosas excursõesestivais. Tudo está pacificado.Ao centro existe um coreto em formade pagode, que se acede por um passadiçoelevado sobre a água, de ondeobservamos o ambiente lacustre: é patrulhadoà superfície por bandos dePatos-Reais com as suas vibrantes toucasverde-esmeralda, mas vigiado nasprofundezas por cardumes de carpasKoi e outros peixes ornamentais. Umagarça interrompe a calma suspensa dolago, pescando com o bico um gordoexemplar vermelho que não mereceutal destino. Estes são peixes especiais,portadores de fortuna e boa sorte nasuperstição oriental. Foram levados daChina para o Japão nos velhos temposimperiais e os samurais admiravama sua bravura e resistência, afinal são• Em cima, o colorido exército dos guerreiros de Xian em terracota. Em baixo, quatro cãesFoo guardam a passagem dos forasteiros e trazem ao jardim auspícios de bom Feng Shuiconhecidos por uma longevidade quechega a atingir os duzentos anos devida. Não neste caso, contudo.No fim da alameda dos budas depedra, a passagem é escoltada porum casal de tradicionais leões chineses,que habitualmente protegem ostemplos e afugentam os maus espíritos,segundo as regras do Feng Shui.A fêmea brinca com uma cria deitadade costas, o macho segura sob a patauma bola que representa o mundo. Emfrente encontra-se a escadaria centralonde descansam enormes budas douradosde diferentes dimensões. É aíque se estende, pachorrenta, a estátuade 15 metros com a imagem deitada dobuda Sidharta Gautama, o mestre religiosoque fundou a doutrina não-teístado budismo no século VI a.C., apósatingir a iluminação enquanto meditavasob uma árvore, numa região quehoje pertence ao Nepal.Outras representações foram surgindopela Ásia fora, sendo mais comum noocidente a do buda gordo e sorridente,que se refere a Hotei, um bodisatva(ou ser elevado que segue a práticaespiritual para alcançar a sabedoria)associado à magnanimidade e generosidadehumanas. É, na verdade, a figurade um monge chinês, que tem recursospara ajudar todos os que queiramatingir a serenidade búdica. A baseda escadaria é ainda guardada porestátuas de cães Foo, que significa emchinês “prosperidade”. São guardiõesdos templos sagrados e defensores danegócios, edifícios estatais e até residênciasparticulares.Por trás da escadaria central estáa imensa estátua de Kun Iam ouGuanyin (em chinês cantonense oumandarim), conhecida como a deusada misericórdia, que aparece com umaflor de lótus ou com a mão posta emsinal de compaixão e amparo. O cultode Kun Iam chegou à China atravésda Rota da Seda vindo da Índia, ondeera conhecida na sua forma masculinacomo Avalokiteshvara, uma figura quesurge também representada por umaimagem de mil braços, frequentementeencontrada em várias outras estátuasque ornamentam o jardim.O descanso dos guerreirosO lado direito da herdade correspondea uma extensão em declive, de ondeemerge um verdadeiro exército de estátuaspolicromas em terracota, a lembraros célebres Guerreiros de Xian, descobertosna China em 1974. A colecçãooriginal conta mais de seis mil figurasde soldados e cavalos em argila, quehaviam sido enterrados junto ao mausoléudo primeiro imperador da DinastiaQin, por volta do ano 250 a.C.. Sãovários os graus de coloração das peças36 | dar um giro . buddha eden garden 92 | 37