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Acórdão da 1ª Câmara do 2º Conselho - Conselhos de Contribuintes

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Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295Art. <strong>2º</strong> O disposto no art. 1 o aplica-se, exclusivamente, às operações <strong>de</strong> importação queaten<strong>da</strong>m, cumulativamente, aos seguintes requisitos:I - contrato prévio entre a pessoa jurídica importa<strong>do</strong>ra e o adquirente por encomen<strong>da</strong>,caracterizan<strong>do</strong> a operação por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros;II - os registros fiscais e contábeis <strong>da</strong> pessoa jurídica importa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>verão evi<strong>de</strong>nciarque se trata <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> terceiros;III - a nota fiscal <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> estabelecimento importa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá seremiti<strong>da</strong> pelo mesmo valor constante <strong>da</strong> nota fiscal <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>, acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tributosinci<strong>de</strong>ntes na importação.§ 1º Para efeito <strong>do</strong> disposto neste artigo, o <strong>do</strong>cumento referi<strong>do</strong> no inciso III <strong>do</strong> caput nãocaracteriza operação <strong>de</strong> compra e ven<strong>da</strong>.§ <strong>2º</strong> A importação e a saí<strong>da</strong>, <strong>do</strong> estabelecimento importa<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias em<strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com o disposto neste artigo caracteriza compra e ven<strong>da</strong>, sujeita à incidência<strong>da</strong> Contribuição para o PIS/Pasep e <strong>da</strong> Cofins com base no valor <strong>da</strong> operação.Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> sua publicação.”Estas exigências foram complementa<strong>da</strong>s pela Instrução Normativa nº 98, <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, que, em seu art. 5º, assim dispôs sobre a operação <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias<strong>do</strong> importa<strong>do</strong>r:“Art. 5 o Relativamente às importações por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros, a pessoa jurídicaimporta<strong>do</strong>ra somente po<strong>de</strong>rá emitir nota fiscal <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias ten<strong>do</strong> como<strong>de</strong>stinatário o adquirente.Parágrafo único. Caso o adquirente <strong>de</strong>termine que as merca<strong>do</strong>rias sejam entregues emoutro estabelecimento, serão observa<strong>do</strong>s os seguintes procedimentos:I - a pessoa jurídica emitirá nota fiscal <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias para o adquirente;II - o adquirente emitirá nota fiscal <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> para o novo <strong>de</strong>stinatário, com <strong>de</strong>staque <strong>do</strong>IPI, com a informação, no corpo <strong>da</strong> nota fiscal, <strong>de</strong> que a merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>verá sair <strong>do</strong>estabelecimento <strong>da</strong> importa<strong>do</strong>ra, bem assim com a indicação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> inscrição noCNPJ e <strong>do</strong> en<strong>de</strong>reço <strong>da</strong> pessoa jurídica importa<strong>do</strong>ra.”A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> regramento rígi<strong>do</strong> <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s operações <strong>de</strong> importaçãorealiza<strong>da</strong>s por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros é só mais um indício <strong>de</strong> que a forma <strong>de</strong> apuração <strong>da</strong>Cofins disposta na MP nº 2.158-35/2001 não existia antes <strong>da</strong> sua publicação, como se esforçapara <strong>de</strong>monstrar a recorrente.O fato <strong>de</strong> o cumprimento <strong>da</strong>s exigências estipula<strong>da</strong>s pelas IN SRF nºs 75 e 98, <strong>de</strong>2001, só se aplicar para o futuro, a partir <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001, não impe<strong>de</strong> que se utilize<strong>da</strong>s mesmas, por analogia, para examinar o presente pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> restituição, já que se tratam <strong>de</strong>procedimentos acautelatórios para que a Fazen<strong>da</strong> Nacional não sofra prejuízos na arreca<strong>da</strong>çãotributária, utiliza<strong>do</strong>s sempre que o pagamento <strong>de</strong> tributos recaia sobre pessoa distinta <strong>da</strong>quela<strong>de</strong>signa<strong>da</strong> pela legislação correlata, principalmente pelo art. 121 <strong>do</strong> Código Tributário Nacional -CTN (Lei nº 5.172/66).Se a empresa não se comportou <strong>de</strong> forma assemelha<strong>da</strong> com o novo regramento,não po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r a sua submissão à forma <strong>de</strong> pagamento <strong>da</strong> Cofins <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> por esseor<strong>de</strong>namento jurídico, sob pena <strong>de</strong> ferir profun<strong>da</strong>mente o procedimento legal vigente à época <strong>do</strong>sfatos gera<strong>do</strong>res que teriam <strong>da</strong><strong>do</strong> origem aos supostos indébitos.5


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295A recorrente alega que a SRF e a PGFN, ao analisar o caso <strong>da</strong> incidência tributáriasobre as importações realiza<strong>da</strong>s por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros, teriam reconheci<strong>do</strong> o direito aopagamento <strong>da</strong> Cofins na forma por ela pretendi<strong>da</strong>, conforme item 7.2 <strong>da</strong> Nota Cosit nº 163/2001,cita<strong>do</strong> no Parecer PGFN/CAT nº 1.316/2001. Aduz que estes atos são anteriores à edição <strong>da</strong> MPnº 2.158-35/2001, assim como a Nota Cosit/Cotex/Dicof nº 579/2000, que teria concluí<strong>do</strong> pelainocorrência <strong>do</strong>s fatos gera<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Cofins em operações semelhantes às realiza<strong>da</strong>s pelarecorrente.Não tem razão a recorrente. As suas operações <strong>de</strong> importação não se encaixam nassituações <strong>de</strong>scritas nos cita<strong>do</strong>s atos. A Nota Cosit nº 163/2001, parcialmente transcrita noParecer PGFN/CAT nº 1.316/2001 e na manifestação <strong>de</strong> inconformi<strong>da</strong><strong>de</strong> (fl. 250), analisou asujeição passiva aos tributos na importação nos seguintes termos:“5.4 Neste termos, temos que a trading company, ao promover a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>riaestrangeira no território aduaneiro, figuran<strong>do</strong> como consignatária <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>carga, po<strong>de</strong>rá encontrar-se em duas situações, a saber:a) como importa<strong>do</strong>r e proprietário <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria: neste caso a trading é o adquirentee o importa<strong>do</strong>r, pois promoveu a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria. Tanto o conhecimento <strong>de</strong>carga estará a ela consigna<strong>do</strong>, como a Fatura Comercial será emiti<strong>da</strong> em seu nome (a empresa <strong>de</strong>tém a posse e a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria);b) somente como importa<strong>do</strong>r: nesta hipótese a trading figura como presta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços,sen<strong>do</strong> contrata<strong>da</strong> para realizar a operação <strong>de</strong> importação por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terceiros. O adquirente <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria estrangeira é pessoa diversa <strong>do</strong> importa<strong>do</strong>r.A trading company continuará, <strong>de</strong>starte, sen<strong>do</strong> o importa<strong>do</strong>r, pois é ela quem promovea entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria estrangeira em território aduaneiro e em nome <strong>de</strong>quem é consigna<strong>da</strong> a merca<strong>do</strong>ria no conhecimento <strong>de</strong> carga. Contu<strong>do</strong> a Fatura Comercialé emiti<strong>da</strong> em nome <strong>do</strong> adquirente, à or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> quem a trading companypromoveu a importação (a empresa <strong>de</strong>tém somente a posse <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria).” (<strong>de</strong>staquei)A principal razão <strong>de</strong> pedir <strong>da</strong> recorrente resi<strong>de</strong> na alegação <strong>de</strong> que as importaçõesteriam si<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s por conta e or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> Toyota <strong>do</strong> Brasil, nos termos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na Nota Cositnº 163/2001 e no Parecer PGFN/CAT nº 1.316/2001. Para o exame <strong>de</strong>sta argumentação énecessária a leitura atenta <strong>do</strong> Contrato <strong>de</strong> Importações <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias e Outras Avenças, junta<strong>do</strong>pela recorrente às fls. 323/339. Neste instrumento firma<strong>do</strong> entre a TOYOTA DO BRASIL S.A.INDÚSTRIA E COMÉRCIO e a CIA. IMPORTADORA E EXPORTADORA COIMEX<strong>de</strong>staca-se os seguintes trechos:“CONSIDERANDO,a) que a TOYOTA comercializará, no merca<strong>do</strong> em que atua, veículos (aqui <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>scomo PRODUTO ou PRODUTOS) a serem adquiri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>res internacionais,sen<strong>do</strong> a exclusiva responsável para estabelecer as normas <strong>de</strong> comercialização, uso <strong>de</strong>marcas, realização <strong>de</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>s, prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> assistência e oferecimento<strong>de</strong> garantias para os PRODUTOS;c) que a COIMEX está apta a assegurar, aos PRODUTOS interna<strong>do</strong>s no territóriobrasileiro, condições <strong>de</strong> armazenagem em regime alfan<strong>de</strong>ga<strong>do</strong> e armazéns gerais;d) que a TOYOTA tem interesse em indicar a COIMEX para realizar as operações <strong>de</strong>importação <strong>do</strong>s PRODUTOS, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong>scrita nos parágrafos anteriores; e[...]6


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.2951. OBJETO1.1. - É objeto <strong>do</strong> presente contrato o cre<strong>de</strong>nciamento <strong>da</strong> COIMEX, perante osfabricantes ou exporta<strong>do</strong>res no Exterior, <strong>do</strong>ravante <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s FORNECEDORESNO EXTERIOR, como compra<strong>do</strong>ra, não exclusiva, <strong>do</strong>s PRODUTOS, bem como aprestação <strong>de</strong> serviços pela COIMEX, nos termos <strong>da</strong>s disposições previstas nesteinstrumento.[...]1.2. - Os PRODUTOS importa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser vendi<strong>do</strong>s à TOYOTA, observa<strong>da</strong>s ascondições relativas a preço, faturamento, pagamento, adiantamento e quaisquer outrasdisposições estabeleci<strong>da</strong>s pelas partes nos termos <strong>de</strong>ste contrato.1.3. - É ve<strong>da</strong><strong>da</strong> a comercialização <strong>do</strong>s PRODUTOS pela COIMEX diretamente aconsumi<strong>do</strong>res, reven<strong>de</strong><strong>do</strong>res <strong>de</strong> veículos, bem como a quaisquer outras pessoas físicasou jurídicas, sem que tenha si<strong>do</strong> prévia e expressamente aprova<strong>do</strong> pela TOYOTA.[...]2 - DOS PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO2.1. - Recebi<strong>da</strong> <strong>da</strong> TOYOTA, a solicitação <strong>de</strong> importação, com as <strong>de</strong>scrições equanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s PRODUTOS, a indicação <strong>do</strong>s FORNECEDORES NO EXTERIOR e ascondições comerciais <strong>da</strong> operação, a COIMEX colocará o PEDIDO DE COMPRA <strong>do</strong>sPRODUTOS, junto ao FORNECEDOR NO EXTERIOR, indican<strong>do</strong> a sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>compra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s PRODUTOS e, ain<strong>da</strong>, relacionan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>cumentação que <strong>de</strong>verá seremiti<strong>da</strong>, como a seguir relaciona<strong>da</strong>:[...]c) ‘Fatura Comercial’, emiti<strong>da</strong> pelo fornece<strong>do</strong>r no Exterior, em nome <strong>da</strong> COIMEX,apresentan<strong>do</strong> os valores e as condições <strong>de</strong> pagamento pactua<strong>da</strong>s.” (<strong>de</strong>staquei)Não é necessário gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> raciocínio para perceber que a TOYOTAcre<strong>de</strong>nciou a COIMEX junto aos fornece<strong>do</strong>res <strong>do</strong> exterior como importa<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> marca,conforme consta no objeto <strong>do</strong> contrato firma<strong>do</strong> entre ambas (Cláusula 1.1). Também não épreciso aplicar nenhum méto<strong>do</strong> interpretativo, por mais simples que seja, para concluir que asFaturas Comerciais foram emiti<strong>da</strong>s em nome <strong>da</strong> COIMEX, pois isto está dito textualmente naCláusula 2.1, alínea “c”, supratranscritas.Assim, resta bem cristalino que o presente caso não se enquadra na hipóteseestu<strong>da</strong><strong>da</strong> pela Nota Cosit nº 163/2001 (item 5.4, alínea “b”) e, conseqüentemente, no ParecerPGFN/CAT/nº 1.316/2001, que examinou o caso em que as empresas fun<strong>da</strong>pianas agem comoconsignatárias, como se po<strong>de</strong> constatar no item 9 <strong>da</strong> cita<strong>da</strong> nota, redigi<strong>do</strong> nos seguintes termos:“9. Em face <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o exposto, propomos encaminhar a presente Nota à Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Nacional, solicitan<strong>do</strong> posicionamento sobre o correto entendimento,no caso <strong>de</strong> importações efetua<strong>da</strong>s por empresas comerciais importa<strong>do</strong>ras e exporta<strong>do</strong>ras(trading companies).[...]c) quanto às contribuições sociais (PIS/Pasep e Cofins) está correto o entendimentoapresenta<strong>do</strong> no subitem 7.2, isto é, quan<strong>do</strong> a empresa fun<strong>da</strong>piana, na condição <strong>de</strong><strong>de</strong>stinatária <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> carga internacional (com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>‘consignatária’), nacionaliza as merca<strong>do</strong>rias e as entrega ao encomen<strong>da</strong>nte, agin<strong>do</strong> porconta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ste, não se configura a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e, conseqüentemente, nãohá a incidência <strong>da</strong>s contribuições por falta <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> faturamento nestaoperação.”7


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295Neste contexto, a conclusão a que chegou a Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Nacional no Parecer PGFN/CAT/nº 1.316/2001 não tem nenhuma implicação sobre as operaçõesrealiza<strong>da</strong>s pela recorrente, pois esta não agiu como consignatária mas como importa<strong>do</strong>ra ecompra<strong>do</strong>ra, constan<strong>do</strong> nesta situação o seu nome nas Faturas Comerciais, ao invés <strong>do</strong> nome <strong>da</strong>Toyota <strong>do</strong> Brasil, como era <strong>de</strong> se esperar se as importações fossem realiza<strong>da</strong>s por sua conta eor<strong>de</strong>m. Da mesma forma, como sobejamente <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>, é inaplicável ao caso o entendimento<strong>da</strong> Nota Cosit nº 163/2001.O fato <strong>de</strong> as importações terem si<strong>do</strong> feitas a pedi<strong>do</strong> <strong>da</strong> Toyota não retira <strong>da</strong>Coimex a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> real importa<strong>do</strong>ra. Tanto é assim que o contrato estipula as condições <strong>de</strong>ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>s produtos à Toyota ou a quem esta indicar, bem como a forma <strong>de</strong> se calcular o valor <strong>do</strong>faturamento e a forma <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s respectivas notas fiscais <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>. A cláusula contratual nº4.1 tratou <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar isto muito claro, ao assim dispor:“4.1. - O PREÇO DE VENDA <strong>do</strong>s PRODUTOS, a ser pratica<strong>do</strong> pela COIMEX quan<strong>do</strong><strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s para a TOYOTA, será o montante apura<strong>do</strong> a ca<strong>da</strong> operação e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comas disposições <strong>de</strong>ste instrumento, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> as especificações conti<strong>da</strong>s no ANEXOÚNICO e os critérios para a elaboração <strong>da</strong> PLANILHA <strong>de</strong> custos para <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>PREÇO DE VENDA <strong>do</strong>s PRODUTOS.”No Contrato ficou ain<strong>da</strong> estipula<strong>do</strong> que o PIS e a Cofins seriam pagos pelaCoimex, que embutiria esta <strong>de</strong>spesa no valor <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> para Toyota ou para quem ela <strong>de</strong>signasse.Da mesma forma, a Coimex obrigou-se a <strong>de</strong>stacar o ICMS <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> sobre a transação, bem comoaquele <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> sob a forma <strong>de</strong> substituição tributária. Este proce<strong>de</strong>r, sem sombra <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>, nãose coaduna com a forma <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> uma importa<strong>do</strong>ra que age por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros,na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consignatária.Os <strong>do</strong>cumentos junta<strong>do</strong>s às fls. 340/346 <strong>de</strong>ixam muito claro que a importação foiefetua<strong>da</strong> sob inteira responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Coimex, figuran<strong>do</strong> a Toyota apenas como garanti<strong>do</strong>ra<strong>da</strong>s operações, na medi<strong>da</strong> em que se apresenta como única e exclusiva compra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s produtosimporta<strong>do</strong>s. Entre estes <strong>do</strong>cumentos encontra-se uma Nota Fiscal <strong>de</strong> Entra<strong>da</strong>, fl. 342, emiti<strong>da</strong>pela Coimex, indican<strong>do</strong> que a veículo ali <strong>de</strong>scrito foi importa<strong>do</strong> <strong>da</strong> Toyota Argentina pelaCOIMEX. A natureza <strong>da</strong> operação indica “compras para comercialização”, código CFOP 3.12.A Nota Fiscal-Fatura, constante à fl. 346, também emiti<strong>da</strong> pela Coimex, informacomo compra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> veículo a empresa GREEN MINAS VEÍCULOS LTDA. e aoperação foi <strong>de</strong>scrita como “Ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias sujeitas ao regime <strong>de</strong> substituição tributária -VE”, código CFOP 6.97.O contrato firma<strong>do</strong> entre as partes, como já se observou, não caracteriza aoperação como sen<strong>do</strong> por conta e or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> Toyata <strong>do</strong> Brasil, não constan<strong>do</strong> esta informaçãonem mesmo nas notas fiscais <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> ou <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>. Além disto, as notas fiscais <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> nãoforam emiti<strong>da</strong>s pelo valor constante <strong>da</strong>s notas fiscais <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>, acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tributosinci<strong>de</strong>ntes na importação, como teriam si<strong>do</strong> se as operações tivessem si<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s por conta eor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros. Ao contrário, as notas fiscais <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> foram emiti<strong>da</strong>s pela Coimex <strong>da</strong>mesma forma que o seriam se as ven<strong>da</strong>s fossem realiza<strong>da</strong>s pela Toyota, inclusive com <strong>de</strong>stinaçãodireta para as concessionárias <strong>de</strong>sta marca espalha<strong>da</strong>s pelo território nacional.A SRF e a PGFN em momento algum preten<strong>de</strong>ram liberar o importa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>pagamento <strong>da</strong>s contribuições, mas, ao contrário, responsabilizar o adquirente pelo seu8


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295pagamento, no caso <strong>de</strong> importações realiza<strong>da</strong>s por sua conta e risco. Tanto é assim que o ParecerPGFN/CAT/nº 1.316/2001, no seu item 14, ao i<strong>de</strong>ntificar, no Decreto-Lei nº 37/66, a ausência <strong>de</strong>responsabilização solidária <strong>do</strong> adquirente <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> procedência estrangeira, emoperações <strong>de</strong> importação realiza<strong>da</strong>s por sua conta e or<strong>de</strong>m, sugeriu que se provi<strong>de</strong>nciasse anecessária alteração legislativa.Esta alteração acabou se concretizan<strong>do</strong> logo em segui<strong>da</strong>, com a publicação <strong>da</strong>Medi<strong>da</strong> Provisória nº 2.158-35/2001, que nos arts. 77 e 78 alterou a re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s arts. 32 e 95 <strong>do</strong>Decreto-Lei nº 37/66 para imputar ao adquirente a condição <strong>de</strong> responsável solidário, nasimportações realiza<strong>da</strong>s por sua conta e or<strong>de</strong>m, por intermédio <strong>de</strong> pessoa jurídica importa<strong>do</strong>ra,como sugeri<strong>do</strong> pela PGFN.Este fato indica que a preocupação <strong>da</strong> SRF e <strong>da</strong> PGFN, ao expedirem a nota e oparecer aqui referencia<strong>do</strong>s, era garantir a realização <strong>do</strong>s créditos tributários envolvi<strong>do</strong>s nasoperações <strong>de</strong> importação realiza<strong>da</strong>s por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros e não a <strong>de</strong> liberar <strong>do</strong>pagamento <strong>de</strong>sses tributos o importa<strong>do</strong>r, muito menos retroativamente. Este entendimento é oque mais se coaduna com o regramento estatuí<strong>do</strong> pelo art. 81 <strong>da</strong> MP nº 2.158-35/2001, verbis:“Art. 81. Aplicam-se à pessoa jurídica adquirente <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> procedênciaestrangeira, no caso <strong>da</strong> importação realiza<strong>da</strong> por sua conta e or<strong>de</strong>m, por intermédio <strong>de</strong>pessoa jurídica importa<strong>do</strong>ra, as normas <strong>de</strong> incidência <strong>da</strong>s contribuições para oPIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta <strong>do</strong> importa<strong>do</strong>r.”Mesmo que se pu<strong>de</strong>sse enquadrar a situação <strong>da</strong> recorrente àquela <strong>de</strong>scrita no novodispositivo legal, não haveria a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retroação <strong>do</strong>s efeitos <strong>da</strong> MP nº 2.158-35/2001,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a alcançar fatos gera<strong>do</strong>res anteriores à sua vigência, nisto concor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a recorrente.Por outro la<strong>do</strong>, já foi amplamente <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que o or<strong>de</strong>namento jurídicoanterior não permitia ao interessa<strong>do</strong> fruir <strong>da</strong> pretensão <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>, conclusão que a contribuintetambém compartilhava, ao menos à época <strong>de</strong> ocorrência <strong>do</strong>s respectivos fatos gera<strong>do</strong>res, postoque incluiu to<strong>da</strong>s as receitas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> na base <strong>de</strong> cálculo <strong>da</strong> Cofins.Caso semelhante ao <strong>do</strong>s presentes autos foi aprecia<strong>do</strong> pelo Tribunal Regional <strong>da</strong>2ª Região quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> julgamento <strong>do</strong> Agravo <strong>de</strong> Instrumento nº 2001.02.01.30013-2, sen<strong>do</strong>proferi<strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão cujo <strong>de</strong>sfecho é em tu<strong>do</strong> coinci<strong>de</strong>nte com o posicionamento por mim a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>no presente voto, conforme se po<strong>de</strong> verificar na ementa abaixo transcrita:“EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.LIMINAR DEFERIDA EM AÇÃO ORDINÁRIA. IMPORTAÇÃO PELO SISTEMAFUNDAP DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. FAZENDA NACIONAL. EXIGÊNCIADO PAGAMENTO DE COFINS E PIS. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS. EMPRESAIMPORTADORA NÃO SEDIADA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.IMPOSSIBILIDADE DESSA EMPRESA GOZAR DOS BENEFÍCIOS DO FUNDAP.LEGISLAÇÃO ESTADUAL VOLTADA UNICAMENTE PARA EMPRESAS SEDIADASNO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. ARTIGO 155, § <strong>2º</strong>, IX, ‘A’, DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL DE 1988. NÃO CABIMENTO DA SUBSTITUIÇÃO DO IMPORTADORPELA PESSOA DO CONSIGNATÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.1. Somente as empresas que integram o Sistema FUNDAP <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,atuan<strong>do</strong> na condição <strong>de</strong> importa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias estrangeiras, sedia<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Espírito, com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial <strong>de</strong> importar e exportar merca<strong>do</strong>rias em nome9


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295próprio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que assim admiti<strong>da</strong>s junto ao BANDES, po<strong>de</strong>m receber o aproveitamento<strong>do</strong>s incentivos financeiros concedi<strong>do</strong>s pelo referi<strong>do</strong> Sistema FUNDAP.2. Não cabimento <strong>da</strong> atuação <strong>da</strong> empresa fun<strong>da</strong>peana como consignatária, na operação<strong>de</strong> importação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias estrangeiras, para fins <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong> imposto estadual<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> ICMS. Não há circulação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias sem a transferência <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>ssas merca<strong>do</strong>rias. Não há, pois, fato gera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> ICMS no contrato <strong>de</strong> consignação.Consignação significa o ato <strong>de</strong> entregar uma coisa a terceiro, sem transferência <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.3. Não se aperfeiçoou o contrato <strong>de</strong> consignação entre o exporta<strong>do</strong>r e a empresa fun<strong>da</strong>peanaque recebe a merca<strong>do</strong>ria, dizen<strong>do</strong>-se consignatária ou importa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> direito,porquanto o exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sconhece essa circunstância. A<strong>de</strong>mais, este remete a merca<strong>do</strong>riae recebe o preço em contraprestação, conforme ajuste nesse senti<strong>do</strong>, o que configurao contrato <strong>de</strong> compra e ven<strong>da</strong> (inconfundível com eventual hipótese <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> consignação,<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong> <strong>do</strong> exporta<strong>do</strong>r proprietário <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria).4. Impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> consignação entre empresa sedia<strong>da</strong> emoutro Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, não integrante <strong>do</strong> Sistema FUNDAP, dita como importa<strong>do</strong>ra<strong>de</strong> fato, uma vez que esta somente passará a ser proprietária <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria após a respectivareven<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta, por parte <strong>da</strong> empresa fun<strong>da</strong>peana que importou o bem.5. Violação <strong>do</strong> artigo 155, II, § <strong>2º</strong>, IX, ‘a’, <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral, no fato <strong>da</strong> empresaimporta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> fato, não sedia<strong>da</strong> no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, para receber o benefíciofinanceiro <strong>do</strong> Sistema FUNDAP (sequer sen<strong>do</strong> empresa fun<strong>da</strong>peana), porque o ICMS <strong>de</strong>veráser recolhi<strong>do</strong> em favor <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> on<strong>de</strong> estiver situa<strong>do</strong> o estabelecimento <strong>de</strong>stinatário<strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria.6. O artigo 155, inciso II e § <strong>2º</strong>, inciso IX, ‘a’, <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral prescreve que‘compete aos Esta<strong>do</strong>s (...) instituir impostos sobre: (...) operações relativas á circulação <strong>de</strong>merca<strong>do</strong>rias (...) § <strong>2º</strong>. O imposto previsto no inciso II aten<strong>de</strong>rá o seguinte: (...) IX – incidirátambém: a) sobre a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria importa<strong>da</strong> <strong>do</strong> exterior, ain<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> setratar <strong>de</strong> bem <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a consumo ou ativo fixo <strong>do</strong> estabelecimento, (...) caben<strong>do</strong> o impostoao Esta<strong>do</strong> on<strong>de</strong> estiver situa<strong>do</strong> o estabelecimento <strong>de</strong>stinatário <strong>da</strong> merca<strong>do</strong>ria (...)’.7. Se a empresa efetuar a importação por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiro, essa negociação(importação) estará sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong> pelo terceiro que, não sen<strong>do</strong> sedia<strong>do</strong> no EspíritoSanto nem empresa integrante <strong>do</strong> sistema, não po<strong>de</strong>rá gozar <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> FUNDAP.8. Não se po<strong>de</strong>, aliás, por absur<strong>do</strong>, imaginar a hipótese, ocorrente no caso, <strong>de</strong> a empresafun<strong>da</strong>peana emitir uma nota fiscal <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, apenas representativa <strong>de</strong>ssa ven<strong>da</strong> para ofim <strong>do</strong> pagamento <strong>do</strong> ICMS; mas, não representativa <strong>da</strong> própria ven<strong>da</strong> para fins <strong>do</strong> pagamento<strong>de</strong> PIS e <strong>de</strong> COFINS. O princípio <strong>da</strong> não contradição, por si só, invali<strong>da</strong> essaconclusão.9. Haven<strong>do</strong> ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong> em nota fiscal, há faturamento, impon<strong>do</strong>-se a incidência<strong>de</strong> COFINS e PIS, nos exatos termos <strong>do</strong>s artigos <strong>2º</strong> e 3º <strong>da</strong> Lei nº 9.718/98.10. Agravo provi<strong>do</strong>.”O Ministro Marco Aurélio, no RE nº 268.586-1/SP, <strong>de</strong> 24/05/2005, assim sepronunciou, ao apreciar questão envolven<strong>do</strong> o Fun<strong>da</strong>p, em situação semelhante à <strong>do</strong>s presentesautos, verbis:“Poucas vezes <strong>de</strong>frontei-me com processo a revelar drible maior ao Fisco. O acor<strong>do</strong>comercial FUNDAP, formaliza<strong>do</strong> entre a importa<strong>do</strong>ra e a ora recorrente, é pródigo naconstrução <strong>de</strong> ficções jurídicas para chegar-se à mitigação <strong>do</strong> ônus tributário, isso em10


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295vista <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> a importa<strong>do</strong>ra encontrar-se ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong> no sistema FUNDAP, ten<strong>do</strong> jus,por isso, a vantagens fiscais. No acor<strong>do</strong>, previu-se que a importa<strong>do</strong>ra figuraria nasoperações <strong>de</strong> importação <strong>de</strong>le objeto como consignatária, o que implica dizer que nãoatuaria como senhora, em si, <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias para posterior ven<strong>da</strong>, mascomo simples intermediária, vin<strong>do</strong> a ser reembolsa<strong>da</strong> em tu<strong>do</strong> o que <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>sse,inclusive tributos, frete, armazenagem, <strong>de</strong>sembaraço aduaneiro e <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>spesaspertinentes à operação, fican<strong>do</strong> a cargo <strong>da</strong> ora recorrente a <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s merca<strong>do</strong>rias,alfim, entabular o negócio jurídico no exterior, com fixação <strong>de</strong> preço. On<strong>de</strong> a leal<strong>da</strong><strong>de</strong>aos princípios básicos à vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>mocrática, aos princípios assenta<strong>do</strong>s na Lei Maior? Ato<strong>da</strong> evidência, tem-se quadro escancara<strong>do</strong> <strong>de</strong> simulação.”Finalizan<strong>do</strong> este voto, e só para argumentar, admitin<strong>do</strong>-se a hipótese <strong>de</strong> existência<strong>do</strong> importa<strong>do</strong>r por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiro antes <strong>do</strong> surgimento <strong>da</strong> MP nº 2.158-35/2001, em<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s e convenções particulares, cabe aqui consi<strong>de</strong>rar que, a teor <strong>do</strong> dispostono art. 123 <strong>do</strong> CTN, nunca esta situação po<strong>de</strong>ria modificar a <strong>de</strong>finição legal <strong>do</strong> sujeito passivo <strong>da</strong>obrigação tributária, sem que houvesse disposição expressa em lei. Neste senti<strong>do</strong> é gran<strong>de</strong> ajurisprudência, como <strong>de</strong>monstram os excertos abaixo transcritos:“... II. As convenções particulares, relativas às responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s pelo pagamento <strong>de</strong>tributos, não po<strong>de</strong>m ser opostas à Fazen<strong>da</strong> Pública, para modificar a <strong>de</strong>finição legal <strong>do</strong>sujeito passivo <strong>da</strong>s obrigações tributárias respectivas. ...” (TRF - <strong>1ª</strong> Região. AC nº95.01.24692-2/MG.)“... As convenções particulares relativas à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo pagamento <strong>de</strong> tributossão inoponíveis à Fazen<strong>da</strong> Pública, no que se refere à transferência <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>pelo pagamento <strong>de</strong> tributos. ...” (TRF - 2ª Região. AC nº 2002.02.01.007610-8/RJ).“... Nenhuma convenção entre particulares po<strong>de</strong> ser oposta ao Fisco para modificar aresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito passivo <strong>da</strong> obrigação tributária. ...” (TRF - 4ª Região. AC nº90.04.14167-7/SC).“... II. As convenções particulares não po<strong>de</strong>rão ser levanta<strong>da</strong>s pelo contribuinteinadimplente para se furtar à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto a pagamentos <strong>de</strong> tributos contra aFazen<strong>da</strong> Pública. ...” (TRF - 5ª Região. AC nº 2001.05.00.016707-7/CE).Após estas consi<strong>de</strong>rações, a conclusão mais acerta<strong>da</strong> é aquela a que chegaram aautori<strong>da</strong><strong>de</strong> fiscal e o Colegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> Primeira Instância, ou seja, a <strong>de</strong> que as operações <strong>de</strong>importação realiza<strong>da</strong>s pela COIMEX não se enquadram entre aquelas que po<strong>de</strong>riam ensejar aaplicação <strong>do</strong> tratamento especial previsto no art. 81 <strong>da</strong> MP nº 2.158-35/2001 para as importaçõesrealiza<strong>da</strong>s por conta e or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> terceiros.Assim, os pagamentos efetua<strong>do</strong>s a título <strong>de</strong> Cofins não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong>s àrecorrente, porque efetua<strong>do</strong>s nos termos <strong>da</strong> legislação básica <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> contribuição, vigente àépoca <strong>de</strong> ocorrência <strong>do</strong>s respectivos fatos gera<strong>do</strong>res, ou seja, com fun<strong>da</strong>mento no art. <strong>2º</strong> <strong>da</strong> LeiComplementar nº 70, <strong>de</strong> 30/12/1991.Ante o exposto, nego provimento ao recurso.Sala <strong>da</strong>s Sessões, em 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006.11


Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Segun<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Contribuintes</strong>2 o CC-MFFl.________Processo nº : 11543.004533/2002-10Recurso nº : 132.688<strong>Acórdão</strong> n o : 202-17.295ANTONIO ZOMER12

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