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2. aplicabilidade da rugoscopia palatina na identificação humana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDECURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIARAFAELA FERNANDES DE MIRANDAAPLICABILIDADE DA RUGOSCOPIA PALATINA NAIDENTIFICAÇÃO HUMANAJoão Pessoa2009


RAFAELA FERNANDES DE MIRANDARUGOSCOPIA PALATINA COMO MÉTODO DEIDENTIFICAÇÃO HUMANA ODONTOLEGALTrabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de Graduação emOdontologia, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong>Paraíba, em cumprimento àsexigências para conclusão.Orientadora: Patrícia Moreira Rabello - Doutora em Odontologia em Saúde ColetivaCo-orientadora: Adria<strong>na</strong> Paula de Andrade Costa e Silva - Doutora em DiagnósticoBucalJoão Pessoa2009


RAFAELA FERNANDES DE MIRANDARUGOSCOPIA PALATINA COMO MÉTODO DEIDENTIFICAÇÃO HUMANA ODONTOLEGALTrabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de Graduação emOdontologia, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong>Paraíba, em cumprimento àsexigências para conclusão.Aprovado em _____/______/_____BANCA EXAMINADORA_____________________________________________Profª. Drª. Patrícia Moreira Rabello - Orientadora - DCOS/UFPB______________________________________________Profª. Drª. Adria<strong>na</strong> Paula de Andrade Costa e Silva – Co-orientadora - UFPE_____________________________________________Profª. Drª. Solange Soares <strong>da</strong> Silva Félix – Membro - UNIPÊ______________________________________________Profª. Ms. Bianca Oliveira Tôrres – Membro Suplente - UNIPÊ


Dedico este trabalho a minha avó mater<strong>na</strong>,Ni<strong>na</strong> (in memoriam), que brilha no céufestejando essa vitória comigo.Fonte de amor, inspiração e esperança.Em mim só há sau<strong>da</strong>de e vontade detê-la comigo nesse momento de grande alegriae conquista tão almeja<strong>da</strong>.


AGRADECIMENTOSAgradeço a Deus, em primeiro lugar, pela grandiosi<strong>da</strong>de do dom <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, porto<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong>des que ela já me proporcionou, e por tantas que ain<strong>da</strong> virão.Pela imensa força em todos os momentos de dificul<strong>da</strong>des, e por sempre e memostrar que Seu amor tudo suporta.Aos meus pais, a quem nunca conseguirei retribuir tanto amor, o valor <strong>da</strong> minhaeducação e as melhores oportuni<strong>da</strong>des de crescer. Por sempre acreditaremnesse sonho junto comigo desde o início, me incentivando a nunca desistir e me<strong>da</strong>ndo apoio <strong>na</strong>s horas mais difíceis dessa caminha<strong>da</strong>. A vocês, meus maiorestesouros, meu amor e eter<strong>na</strong> gratidão.Às minhas irmãs, Aline e Carol, pelo apoio e compreensão, suportando meusmomentos de stress, medos e incertezas. Pelas palavras de incentivo e porsempre acreditarem no meu esforço. Por nossa grande amizade, meu muitoobriga<strong>da</strong>.Aos meus sobrinhos, Maria Eduar<strong>da</strong> e Leo<strong>na</strong>rdo, por serem o motivo dos meussorrisos mais sinceros, e por me proporcio<strong>na</strong>rem tantos momentos de felici<strong>da</strong>deem meio às dificul<strong>da</strong>des. Tia “Aé” ama vocês.À minha família, que é a base <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> e minha fonte de amor. Aos queme apoiaram desde o início do curso, se orgulhando <strong>da</strong> minha garra e vontadede ser melhor no que faço. Meu muito obriga<strong>da</strong>.Em especial a minha “Dode”, uma mãe no sentido pleno <strong>da</strong> palavra, que sempreme dá força e todo o amor do mundo, me incentivando a jamais desistir. Meumaior amor e gratidão.


Às minhas amigas, A<strong>na</strong> Clara, Fer<strong>na</strong>n<strong>da</strong>, Yara, Bia, Re<strong>na</strong>ta, Cynthia, Anne,Bru<strong>na</strong>, Julia<strong>na</strong> e Lucia<strong>na</strong>, que sempre se orgulharam de mim e dividiram osmelhores momentos <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>. Agradeço a compreensão de to<strong>da</strong>s pelaminha ausência em suas vi<strong>da</strong>s. Tem um pe<strong>da</strong>çinho de ca<strong>da</strong> uma de vocês nessaconquista. Obriga<strong>da</strong>, amigas!Aos colegas de curso e de turma, por compartilharem momentos inesquecíveis,proporcio<strong>na</strong>ndo lembranças que perdurarão por to<strong>da</strong> a <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>.A todos os meus colegas e amigos que direta ou indiretamente colaboraram emmais uma etapa de minha vi<strong>da</strong>. Muito obriga<strong>da</strong>.Aos membros <strong>da</strong> banca exami<strong>na</strong>dora, pela disposição em estar aqui e pelaspreciosas sugestões para engrandecer esse trabalho. Obriga<strong>da</strong>.


“Quando você tem uma meta,o que era um obstáculopassa a ser uma <strong>da</strong>s etapas do seu plano.”(Gerhard Erich Boehme)


LISTA DE QUADROSQuadro 1: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s de Martins dos Santos............. 31Quadro 2: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des e seu número correspondente, por LuísSilva .................................................................................................................................. 39


LISTA DE TABELASTabela 1 – Coincidências e diferenças entre os exames por avaliador para númerode rugas: retas, curvas, ângulos, circulares, sinuosas e pontos, coletados em alunos deOdontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa – PB, 2009........................................................................................................................................... 43Tabela 2 – Coincidências e diferenças entre os avaliadores por exame para númerode rugas: retas, curvas, ângulos, circulares, sinuosas e pontos, coletados em alunos deOdontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa – PB, 2009........................................................................................................................................... 44Tabela 3 – Coincidências entre os exames por avaliador para número de rugassimples e compostas, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong>Paraíba, João Pessoa – PB, 2009........................................................................................................................................... 45Tabela 4 – Coincidências entre os avaliadores por exame para número de rugassimples e compostas, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong>Paraíba, João Pessoa – PB, 2009........................................................................................................................................... 46


SUMÁRIO


SUMÁRIORESUMOABSTRATCT1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 182 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 21<strong>2.</strong>1 Odontologia Legal: Histórico....................................................................... 21<strong>2.</strong>2 Identi<strong>da</strong>de e Identificação ............................................................................ 23<strong>2.</strong>3 Rugosi<strong>da</strong>des Palati<strong>na</strong>s ................................................................................ 25<strong>2.</strong>4 Rugoscopia Palati<strong>na</strong> .................................................................................... 273 PROPOSIÇÃO................................................................................................... 333.1 Objetivo geral................................................................................................. 333.2 Objetivos específicos ................................................................................... 334 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 354.1 Natureza do Estudo ....................................................................................... 354.2 Considerações éticas ................................................................................... 354.3 Local de realização do estudo .................................................................... 354.4 Universo e amostra ...................................................................................... 364.5 Critérios de inclusão e exclusão ................................................................. 364.6 Estudo piloto ................................................................................................. 374.7Coleta de <strong>da</strong>dos ............................................................................................ 374.8 Análise dos <strong>da</strong>dos ........................................................................................ 405 RESULTADOS .................................................................................................. 426 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 477 CONCLUSÃO .................................................................................................... 52REFERÊNCIAS .................................................................................................... 54ANEXOS ............................................................................................................... 59Anexo A - Certidão de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro deCiências <strong>da</strong> Saúde <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba .................................... 60Anexo B – Seqüência de Mol<strong>da</strong>gem Superior e Inferior ...................................... 61Anexo C – Ficha Rugoscópica ............................................................................. 62Anexo D - Comparação de dois exames rugoscópicos ........................................ 63APÊNDICES ......................................................................................................... 64Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................ 65


Apêndice B – Carta de autorização <strong>da</strong> Discipli<strong>na</strong> de Oclusão ............................. 66Apêndice C - Carta de autorização <strong>da</strong> Discipli<strong>na</strong> de Odontologia Legal .............. 67


INTRODUÇÃO


1 INTRODUÇÃONo campo de atuação <strong>da</strong>s investigações periciais, a identificação decadáveres humanos tem recebido inúmeras contribuições provenientes <strong>da</strong>Odontologia Legal, que, por sua vez, relacio<strong>na</strong> o Direito com a Odontologia,destacando-se principalmente <strong>na</strong>s identificações huma<strong>na</strong>s e complementando aMedici<strong>na</strong> Legal. Seu âmbito engloba perícias em humanos vivos, cadáveres,ossa<strong>da</strong>s, fragmentos, peças dentárias e vestígios encontrados quando relacio<strong>na</strong>dosà área que compete ao cirurgião dentista, ou seja, às regiões de cabeça e pescoço(SILVA et al., 2006; VANRELL, 2002).Desde a segun<strong>da</strong> metade do século XX até os dias atuais, um vasto númerode desastres em massa vem aterrorizando a humani<strong>da</strong>de, sejam eles por força <strong>da</strong><strong>na</strong>tureza (ven<strong>da</strong>vais, terremotos, inun<strong>da</strong>ções, erupções vulcânicas) ou produzidosde forma intencio<strong>na</strong>l ou acidental pelo homem (<strong>na</strong>ufrágios, acidentes aéreos e detrânsito, incêndios, atentados terroristas, conflitos armados, dentre outros). Aocorrência de um número considerável de vítimas resultante dessas tragédiasdificulta o processo de identificação tanto pela quanti<strong>da</strong>de de vítimas, como tambémpelo estado em que os corpos se encontram (ALMEIDA, 2000).Além <strong>da</strong> ocorrência de desastres e acidentes tem-se observado um aumento<strong>da</strong> violência urba<strong>na</strong> no Brasil, aumentando o número de crimes e homicídiosocorridos no país. A brutali<strong>da</strong>de, frieza, cruel<strong>da</strong>de e ausência de limites com quemuitos dos criminosos praticam tais atos assustam a todos. Muitas vítimas sãoassassi<strong>na</strong><strong>da</strong>s, carboniza<strong>da</strong>s, esquarteja<strong>da</strong>s e abando<strong>na</strong><strong>da</strong>s em lugares distantespara que não sejam encontrados os corpos ou ain<strong>da</strong> tentando dificultar aidentificação <strong>da</strong>s vítimas (COSTA, 1999).Destarte, a Odontologia Legal vem em socorro à Medici<strong>na</strong> Legal, passando adesempenhar um papel significativo, principalmente nos casos de identificação deindivíduos. Ca<strong>da</strong> vez mais há a solicitação de exames bucais nos Institutos dePolícia Científica, com consequente avaliação dos odontolegistas. O cirurgiãodentista pode ser solicitado por autori<strong>da</strong>des policiais ou judiciais para a realização deperícias, <strong>na</strong>s quais prestará os esclarecimentos técnicos pertinentes ao que lhe foirequerido (MELLO, 2006; VANRELL, 2002).Dentre os vários meios existentes para se fazer a identificação de umindivíduo, têm-se as impressões digitais, a arca<strong>da</strong> dentária, a íris do olho, os seios


<strong>da</strong> face, as rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s, o DNA e outros, todos estes sendo característicasúnicas para ca<strong>da</strong> indivíduo.Ao propor a utilização <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>, pretende-se testar a<strong>aplicabili<strong>da</strong>de</strong> deste método de identificação para auxiliar nos exames periciais, umavez que se trata de um método menos dispendioso que a <strong>da</strong>ctiloscopia, bem como oexame de DNA. Assim, se este método realmente se mostrar aplicável, pode-sesugerir que se crie um banco de <strong>da</strong>dos, assim como o <strong>da</strong>s impressões digitais, comas informações rugoscópicas de ca<strong>da</strong> indivíduo, ou que os cirurgiões dentistasguardem os modelos de gesso ou uma fotografia do palato de seus pacientes.Uma vez que, sendo uma característica única de ca<strong>da</strong> indivíduo, em caso <strong>da</strong>necessi<strong>da</strong>de de identificação, é indispensável se fazer uma comparação ante e postmortem <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s.Portanto, diante do exposto, este trabalho se propõe a testar a <strong>aplicabili<strong>da</strong>de</strong><strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>, tendo em vista a utilização do referido método <strong>na</strong>s períciasrealiza<strong>da</strong>s nos processos de identificação huma<strong>na</strong>.


REVISÃO DE LITERATURA


2 REVISÃO DE LITERATURA<strong>2.</strong>1 Odontologia Legal: HistóricoA Odontologia Legal consiste <strong>na</strong> aplicação dos conhecimentos <strong>da</strong> ciênciaodontológica a serviço <strong>da</strong> Justiça. Para alguns, ela representa importantecontribuição à socie<strong>da</strong>de; para outros, algo totalmente novo e fasci<strong>na</strong>nte(STELLUTO JR., 1995). Silva et al. (2008) corroboraram afirmando que aOdontologia Legal ou Forense é uma especiali<strong>da</strong>de que liga a Odontologia com oDireito, permitindo a identificação e esclarecimentos ou resoluções de questõesjudiciais utilizando conhecimentos odontológicos. Casos que podem estarrelacio<strong>na</strong>dos com as diversas áreas do Direito, mas que geralmente envolvem açõesde indenização por erro odontológico, lides trabalhistas, processos éticos ecrimi<strong>na</strong>is.Define-se ain<strong>da</strong> que “a Odontologia Legal constitui um dos ramos <strong>da</strong> Medici<strong>na</strong>Legal, colaborando com a mesma, fazendo ou complementando examesespecializados relativos ao arco dentário e estruturas anexas; aos tratamentosexecutados; às peças dentárias e/ou protéticas; aos vestígios <strong>da</strong> ação lesivaprovoca<strong>da</strong>s por dentes (mordeduras), etc” (REIS JR; CUNHA; GALVÃO, 2008;VANRELL, 2002).A Odontologia Legal surgiu ocasio<strong>na</strong>lmente e foi se destacando no cenáriocientífico após a ocorrência de acidentes com um grande número de vítimas (LEITE,1962; VANRELL, 2002). Ela viu-se envolvi<strong>da</strong> entre a última déca<strong>da</strong> do século XIX eas primeiras do século XX, em acontecimentos que colaboraram para que a mesmase instituísse e pudesse mostrar o seu valor como auxiliar inconteste <strong>da</strong> justiça(PEREIRA, 2005).O primeiro fato marcante do envolvimento <strong>da</strong> Odontologia Legal relatado pelaliteratura ocorreu em 04 de maio de 1897 em Paris, mais precisamente no Bazar <strong>da</strong>Cari<strong>da</strong>de, onde a burguesia se reunia em torno de leilões ilustres. Dos quase 200mortos, 40 restaram sem identificação, dentre eles o <strong>da</strong> Duquesa de D. Aleman e <strong>da</strong>Condessa Villeneuve. Sugerido pelo cônsul do Paraguai, Dr. Albert Hans, oscirurgiões dentistas <strong>da</strong>quelas perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des foram chamados para identificar,


através dos restos carbonizados, seus supostos pacientes, o que possibilitou aidentificação <strong>da</strong>s cita<strong>da</strong>s pessoas dentre outras que também morreram <strong>na</strong> tragédia.Para coorde<strong>na</strong>r os trabalhos de identificação, foi convocado o cirurgião dentista eprofessor Oscar Amoedo, <strong>na</strong>scido em Cuba e radicado em Paris. Ele examinou acavi<strong>da</strong>de oral dos corpos minuciosamente. Esse procedimento possibilitou que 90%dos corpos fossem identificados e contribuiu para a confiabili<strong>da</strong>de e credibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>Odontologia <strong>na</strong> identificação. Graças a esse sucesso, o professor Amoedo elaboroua primeira publicação oficial registra<strong>da</strong> em Odontologia Legal, intitula<strong>da</strong> L’ArtDentaire en Médicine Légale (MARTINS FILHO, 2006; PEREIRA, 2005; RADICCHI,2005; REIS JR; CUNHA; GALVÃO, 2008; VANRELL, 2002).Em 1909 o Consulado <strong>da</strong> Legação Alemã do Chile foi consumido por umdestruidor incêndio de aspecto criminoso, destruindo boa parte do prédio. Quandoos bombeiros procediam seu trabalho <strong>na</strong>s ruí<strong>na</strong>s, foram encontrados restos de umcorpo que, após as primeiras tentativas de identificação, parecia pertencer a WillyGuillermo Becker, o secretário do Consulado, que estava desaparecido. Foisolicitado o auxílio do cirurgião-dentista Germán Basterrica, o qual, após profundoexame provou cientificamente que os restos mortais não eram do secretário doConsulado, e sim do porteiro <strong>da</strong> Representação Diplomática, Ezequiel Tapia. A partirdesse momento, começou a busca do secretário desaparecido, o qual foi capturadotentando atravessar a fronteira entre Chile e Argenti<strong>na</strong>, disfarçando-se de padre. Osresultados obtidos <strong>na</strong> identificação abalaram tão positivamente às autori<strong>da</strong>des quefoi concedido ao Dr. Germán Basterrica, como recompensa, a aprovação do projetode criação de uma Escola de Odontologia no Chile (RADICCHI, 2003; VANRELL,2002).Outro acontecimento de repercussão mundial, em 1912, foi o <strong>na</strong>ufrágio dotransatlântico “Titanic” após se chocar com um iceberg. Dos <strong>2.</strong>200 passageiros queestavam a bordo, 1.513 morreram; durante a identificação dos cadáveres, muitosforam reconhecidos através do exame <strong>da</strong>s arca<strong>da</strong>s dentárias. Ain<strong>da</strong> durante aSegun<strong>da</strong> Guerra Mundial, a Odontologia Legal foi de grande utili<strong>da</strong>de <strong>na</strong>identificação de sol<strong>da</strong>dos (PEREIRA, 2005; VANRELL, 2002).Diante de tantos acontecimentos, aos poucos a Odontologia Legal foi sefirmando, mas o termo “Odontologia Legal” só foi citado em 1924, pelo professorpaulista Luís Lustosa Silva, ao publicar uma obra com o título “Odontologia Legal”,enquanto que Amoedo, <strong>na</strong> época, usou o termo “Arte Dentária”. No entanto,


somente em 1932 a Odontologia Legal ou Forense foi inclusa como obrigatória nocurrículo mínimo do curso de Odontologia (PEREIRA, 2005; REIS JR; CUNHA;GALVÃO, 2008; VANRELL, 2002).Foram fatos como estes, pela sua repercussão mundial, que fortaleceram aimportância <strong>da</strong> Odontologia Legal no universo científico moderno (VANRELL, 2002).Muitos acreditam que a Odontologia Legal só se processa em cadáveres ouesqueletos importantes, mas há também trabalho em vivos. Os peritosodontolegistas têm forte atuação em várias áreas: <strong>na</strong> civil, em caso de reclamaçõesde tratamentos odontológicos que não foram corretamente executados; <strong>na</strong> crimi<strong>na</strong>l,em casos de lesões corporais; e ain<strong>da</strong> <strong>na</strong> área trabalhista, quando há <strong>da</strong>noscausados por acidentes de trabalho. A ativi<strong>da</strong>de de um perito-odontólogo estáprevista <strong>na</strong> Lei Federal nº. 5.081, de 24 de agosto de 1966, a qual regulamenta oexercício <strong>da</strong> Odontologia no país (STELLUTO JR., 1995).Tal lei mencio<strong>na</strong> em seu Art. 6º que, compete ao cirurgião-dentista:IV - Proceder à perícia odonto-legal em foro cível, crimi<strong>na</strong>l, trabalhista e emsede administrativa.IX - Utilizar, no exercício <strong>da</strong> função de perito-odontólogo, em casos denecropsia, as vias de acesso do pescoço e <strong>da</strong> cabeça (BRASIL, 1966).O Conselho Federal de Odontologia, <strong>na</strong> Seção VIII, <strong>da</strong> Resolução n.º 63 de13 de maio de 2005, define no Art. 63:Odontologia Legal é a especiali<strong>da</strong>de que tem como objetivo apesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos quepodem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossa<strong>da</strong>, emesmo fragmentos ou vestígios resultando em lesões parciais, totaisreversíveis ou irreversíveis (BRASIL, 2005).<strong>2.</strong>2 Identi<strong>da</strong>de e IdentificaçãoA Antropologia é uma ciência que estu<strong>da</strong> a evolução do homem sob osaspectos físico, social e cultural. Dividindo-se, assim, em Antropologia cultural eAntropologia física, esta se preocupando com o estudo <strong>da</strong>s variações qualitativas equantitativas dos caracteres humanos. O estudo de tais características temimportância fun<strong>da</strong>mental nos problemas relativos à identi<strong>da</strong>de e identificação(SILVA, 1997).


Para Vanrell (2002) a identi<strong>da</strong>de é conceitua<strong>da</strong> como o conjunto decaracteres físicos, funcio<strong>na</strong>is e psíquicos. Esses caracteres podem ser <strong>na</strong>tos ouadquiridos, porém são permanentes e individualizam o ser humano.Identificação é o processo que compara os caracteres dos indivíduos,procurando as coincidências entre os <strong>da</strong>dos previamente registrados e os obtidos nopresente. Assim sendo, identificação é um conjunto de procedimentos diversos paraindividualizar uma pessoa ou objeto. Identificar uma pessoa é determi<strong>na</strong>r umaindividuali<strong>da</strong>de e estabelecer caracteres ou conjunto de quali<strong>da</strong>des que a fazemdiferente de to<strong>da</strong>s as outras e igual ape<strong>na</strong>s a si mesma (FRANÇA, 2008; VANRELL,2002).Sendo passível de simulação e de dissimulação, a identi<strong>da</strong>de se enche deimportância tanto no foro civil como no crimi<strong>na</strong>l, já que a responsabili<strong>da</strong>de somentepode ser concedi<strong>da</strong> após identificação prévia. Destarte, conclui-se que há um devere um direito de identi<strong>da</strong>de, protegendo, a identificação, os interesses individuais ecoletivos (CROCE; CROCE JR., 2009).Sob os aspectos físicos, os processos de identificação huma<strong>na</strong> podem serdivididos em dois tipos. O primeiro, de caráter reconstrutivo, quando não se têm<strong>da</strong>dos anteriores à morte do indivíduo e se procura elementos para umaidentificação geral. No segundo, comparativo, baseando-se em registros anterioresao óbito, onde nesse caso podem ser usados os prontuários odontológicos doindivíduo, possibilitando uma identificação individual (OLIVEIRA et al., 1999).O estudo <strong>da</strong> identificação huma<strong>na</strong> deve obedecer a parâmetros biológicos <strong>da</strong>unici<strong>da</strong>de, pereni<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> imutabili<strong>da</strong>de, e a parâmetros técnicos <strong>da</strong>classificabili<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> praticabili<strong>da</strong>de (FREIRE, 2000; GALVÃO, 2008; JOBIM;COSTA; SILVA, 2006; MARTINS FILHO, 2006).A unici<strong>da</strong>de, individuali<strong>da</strong>de ou variabili<strong>da</strong>de é a condição de não se repetirem outro indivíduo o conjunto de caracteres pessoais, isto é, ape<strong>na</strong>s um únicoindivíduo pode tê-los; a pereni<strong>da</strong>de é a capaci<strong>da</strong>de de certos elementos resistirem àação do tempo; a imutabili<strong>da</strong>de: condição de i<strong>na</strong>lterabili<strong>da</strong>de dos caracteres por to<strong>da</strong>a existência, ou seja, são caracteres que não mu<strong>da</strong>m com o passar do tempo; apraticabili<strong>da</strong>de: é a condição que tor<strong>na</strong> o processo prático de ser aplicável <strong>na</strong> roti<strong>na</strong>pericial, é a quali<strong>da</strong>de que permite que certos requisitos sejam utilizados, como porexemplo: custo, facili<strong>da</strong>de de obtenção e de registro etc. A classificabili<strong>da</strong>de é acondição que tor<strong>na</strong> possível guar<strong>da</strong>r e achar, quando for preciso, o conjunto de


caracteres que são próprios e identificadores de pessoas, ou seja, a possibili<strong>da</strong>de declassificação para facilitar o arquivamento e a rapidez de localização em arquivos(FREIRE, 2000; GALVÃO, 2008; JOBIM; COSTA; SILVA, 2006; MARTINS FILHO,2006; VANRELL, 2002).A identificação de cadáveres, segundo Martins Filho (2006), pode serrealiza<strong>da</strong> através do reconhecimento visual feito pelos familiares, e ain<strong>da</strong>tecnicamente pela <strong>da</strong>ctiloscopia (conheci<strong>da</strong> como impressão digital ou<strong>da</strong>ctiloscopia), identificação pelos dentes, pelo DNA, pelos seios frontais e tambémpela <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>. Contudo, mais de um método podem ser necessários paraa identificação huma<strong>na</strong>.A identificação representa um dos principais objetivos quando se exami<strong>na</strong>mvítimas de desastres em massa. Essa identificação após a morte tem particulardificul<strong>da</strong>de, tanto pela limitação dos métodos e técnicas habituais ou ain<strong>da</strong> pela<strong>na</strong>tureza e extensão <strong>da</strong> ação traumática, e por razões dos fenômenos que o cadáverpassa desde a morte até o momento de ser resgatado. Tal fato resulta numa tarefaárdua tanto para os médicos como para os odontolegistas (JOBIM; COSTA; SILVA,2006).Pueyo et al. (1994) também ressaltaram a fun<strong>da</strong>mental importância doodontolegista para identificar os cadáveres nesses desastres. Devem serempregados todos os métodos possíveis de identificação antes de sua intervenção,como a <strong>da</strong>ctiloscopia, exames sorológicos e exames médicos legais, quando osmesmo são possíveis de se realizarem. Se apesar <strong>da</strong> prática destes métodos osresultados para a identificação ain<strong>da</strong> não forem positivos, o odontolegista entra emação e inicia o seu trabalho para identificar as vítimas, através do exameodontológico e <strong>da</strong>s características que apresentam os arcos dentários <strong>da</strong> vítima. Os<strong>da</strong>dos existentes ante mortem são indispensáveis para a utilização do métodocomparativo, com os elementos apresentados ao exame após o desastre.<strong>2.</strong>3 Rugosi<strong>da</strong>des Palati<strong>na</strong>sA mucosa oral, em busca de um melhor desempenho de suas própriasfunções, apresenta-se essencialmente lisa. Excepcio<strong>na</strong>lmente, a mucosa do terço


anterior do palato se apresenta corruga<strong>da</strong> por um sistema de pregas, aderi<strong>da</strong>sfortemente ao plano ósseo subjacente. Essas pregas são oriun<strong>da</strong>s do tecidoconjuntivo denso <strong>da</strong> submucosa, fortemente fibroso, que reveste o osso e confundesecom o periósteo, essas pregas conjuntivas são ape<strong>na</strong>s recobertas por epitélioestratificado (CAMPOS, 2002). O objetivo delas é facilitar o transporte de comi<strong>da</strong>pela cavi<strong>da</strong>de oral, prevenir per<strong>da</strong> de comi<strong>da</strong> <strong>da</strong> boca e participar do processomastigatório. Devido à presença de receptores gustativo e tátil, eles contribuem paraa percepção do sabor, <strong>da</strong> textura, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comi<strong>da</strong> e a posição <strong>da</strong> língua(CALDAS; MAGALHÃES; AFONSO, 2007).Lima (1964) fez um estudo de corte histológico de uma ruga <strong>palati<strong>na</strong></strong> eobservou uma cama<strong>da</strong> de cerati<strong>na</strong> estreita; tecido pavimentoso estratificadoapresentando-se com papilas bastante acentua<strong>da</strong>s; e ain<strong>da</strong> tecido conjuntivofibroso, com as irregulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s papilas, provenientes <strong>da</strong> proliferação do epitélio.As rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s têm sua formação inicia<strong>da</strong> por volta do 3º mês devi<strong>da</strong> intra-uteri<strong>na</strong>. Elas permanecem por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> e ain<strong>da</strong> vários dias após a morte(JOBIM; COSTA; SILVA, 2006; FRANÇA, 2008; SILVA, 1997). Lopez (1953 apudLima, 1964) coloca ain<strong>da</strong> que as rugosi<strong>da</strong>des: “resistem muito tempo, por sua<strong>na</strong>tureza fibrosa, à putrefação”.Cal<strong>da</strong>s, Magalhães e Afonso (2007) relataram que uma vez forma<strong>da</strong>s, asrugas não sofrem qualquer mu<strong>da</strong>nça em comprimento, elas permanecem <strong>na</strong> mesmaposição por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Nem mesmo com doenças, agressão química ou traumaparecem mu<strong>da</strong>r. Além disso, a habili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s rugas <strong>palati<strong>na</strong></strong>s de resistirem amu<strong>da</strong>nças de decomposição por até sete dias depois de morte. No entanto, asucção de dedo <strong>na</strong> infância e a pressão persistente decorrente de tratamentoortodôntico podem causar alguma modificação <strong>na</strong>s rugas.No palato há um sulco central, ântero-posterior, estreito, acompanhado aca<strong>da</strong> lado por uma crista suave: é a rafe media<strong>na</strong> ou <strong>palati<strong>na</strong></strong> (Figura 1 – 3).Origi<strong>na</strong>ndo-se <strong>na</strong>s laterais <strong>da</strong> rafe, observa-se uma série de cristas transversais(Figura 1 - 2), em número de 3 a 7 de ca<strong>da</strong> lado, mais ou menos perpendiculares ouoblíquas em relação à rafe, que se direcio<strong>na</strong> lateralmente, dissipando-se oudesaparecendo à medi<strong>da</strong> que a concavi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> abóba<strong>da</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong> alcança a regiãoalveolar ipsilateral. Anteriormente a essas cristas, encontra-se um pequenotubérculo, situado <strong>na</strong> linha média, que é a papila incisiva ou <strong>palati<strong>na</strong></strong> (Figura 1 -1)(CAMPOS, 2007; LIMA, 1964; PUEYO et al., 1994).


Estas características fazem com que as rugas <strong>palati<strong>na</strong></strong>s sejam úteis noprocesso de identificação com outros elementos individuais, em cadáveres commorte recente, assim como carbonizados ou amputados, já que elas são únicas paraca<strong>da</strong> indivíduo (CASTELLANOS et al., 2007).123Figura 1: Papila incisiva (1), Rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s (2) e Rafe <strong>palati<strong>na</strong></strong>(3).Fonte: http://www.hpchile.cl/forense/images/stories/pals.jpgNa espécie huma<strong>na</strong> o conjunto formado pelas rugas é assimétrico, aocontrário do que acontece em outros animais. Inclusive em gêmeos monozigotos hácomprovação de que elas são individuais, imutáveis, perenes e passíveis declassificação, preenchendo, portanto, os requisitos técnicos e biológicos necessáriospara a identificação huma<strong>na</strong> (JOBIM; COSTA; SILVA, 2006).<strong>2.</strong>4 Rugoscopia Palati<strong>na</strong>Rugoscopia é o exame <strong>da</strong>s rugas <strong>palati<strong>na</strong></strong>s, por sua forma, tamanho eposição para estabelecer a identi<strong>da</strong>de de uma pessoa (CALDAS; MAGALHÃES;AFONSO, 2007; CASTELLANOS et al., 2007).Santos (1946 apud Martins Filho, 2006) cita que há uma u<strong>na</strong>nimi<strong>da</strong>de dospesquisadores referindo ser Lopes de Léon, em 1924, o primeiro a sistematizar oestudo <strong>da</strong>s rugas e sua classificação, posteriormente sendo classifica<strong>da</strong> de formasdiferentes por outros autores.A <strong>rugoscopia</strong> é considera<strong>da</strong> por Silva (1997) como um meio auxiliar deidentificação. Baseia-se <strong>na</strong> análise <strong>da</strong>s cristas encontra<strong>da</strong>s <strong>na</strong> abóba<strong>da</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>,


sendo de grande valia nos casos em que o estudo <strong>da</strong>ctiloscópico, por qualquerrazão, não possa ser utilizado, como, por exemplo, nos acidentes em que éimpossível a análise por ausência <strong>da</strong>s falanges, nos indivíduos carbonizados ou emsituações de desarticulações e amputações, quando a cabeça encontra-se separa<strong>da</strong>do tronco.O exame <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s pode ser realizado de diferentes formas,dentre elas: pela inspeção intraoral; pela toma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s impressões através do molde;pela fotografia intraoral; pela <strong>rugoscopia</strong>, realiza<strong>da</strong> sobre modelos em gesso; pelaestereoscopia, o exame <strong>da</strong>s imagens em relevo <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>na</strong>s fotografias; eain<strong>da</strong> pela estereofotogrametria, que permite precisar com grande rigor asdimensões e a posição espacial <strong>da</strong>s rugas. Sendo este procedimento realizado emvários países com pessoas <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, <strong>da</strong> Aviação Militar e Civil, ou ain<strong>da</strong>pessoas que realizam trabalhos de alto risco (PUYEO et al., 1994).As fichas palatoscópicas ou palatogramas são de uso obrigatório nos oficiaisaviadores <strong>da</strong> Força Aérea Brasileira, a fim de auxiliar <strong>na</strong> identificação em caso depossíveis desastres em massa que venham a ocorrer. São feitas com materialplastiforme, que, aderido a to<strong>da</strong> superfície <strong>palati<strong>na</strong></strong>, fixa as impressões <strong>da</strong>srugosi<strong>da</strong>des <strong>na</strong>s respectivas fichas (CAMPOS, 2002; CROCE; CROCE JR, 1998).Segundo Brito (2005), o arquivamento dos documentos odontológicos, como omodelo em gesso do paciente, é de suma importância tanto para auxiliar <strong>na</strong>identificação como servindo de prova em processos.As possibili<strong>da</strong>des que a cavi<strong>da</strong>de bucal oferece para a identificação são tãonumerosas que o professor José M. Revert Coma (2006) denominou a boca como "acaixa preta do organismo". As características do complexo facial e entre elas aresistência dele para a destruição, o faz merecer esta qualificação. Também, não sóos dentes e os ossos do maxilar são úteis para os trabalhos de identificação, mastambém o estudo dos tecidos moles destas estruturas, que oferecem <strong>da</strong>dosinteressantes para alcançar este objetivo (CASTELLANOS et al., 2007).Martins Filho (2006) destacou alguns dos sistemas usados <strong>na</strong> classificação<strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s. São eles: Lópes de Léon em 1924, foi o primeiro a criar uma classificação, separouas rugas em dois grupos: simples e compostas, que resultam de duas ou maissimples combi<strong>na</strong><strong>da</strong>s. As simples são assi<strong>na</strong>la<strong>da</strong>s por algarismos de 1 a 5 (1- reta, 2-curva, 3- ângulo, 4- círculo, 5- sinuosa), já as compostas são assi<strong>na</strong>la<strong>da</strong>s por


algarismos que representam a combi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s simples (Figura 2);Figura 2: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s de Lópes de Léon.Fonte: LIMA, 1964. Luís Silva (1936), baseado no sistema anterior, acrescentou o ponto(algarismo 6) às rugas simples. As compostas são anota<strong>da</strong>s no palatograma por umnúmero formado correspondente às linhas simples de sua formação; Carrea, em 1937, apresenta quatro tipos de disposição <strong>da</strong>s rugas nopalato: tipo I para rugas dirigi<strong>da</strong>s no sentido medial, tipo II para rugas no sentidolateral, tipo III para rugas no sentido distal e tipo IV para rugas em sentido variado.Figura 3: Classificação de Carrea para as rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s.Fonte: http://www.pericias-forenses.com.br/Image34.jpg Martins dos Santos, em 1952, criou um sistema que representa asrugosi<strong>da</strong>des por 9 (nove) símbolos, ca<strong>da</strong> um representando uma letra, depreferência sua inicial correspondente e por um algarismo (rugas simples: P, O -ponto; R, 1 – reta; C, 2 – curva; A, 3 – ângulo; Cf, 4 – curva fecha<strong>da</strong>; S, 5 – sinuosa;rugas compostas: B, 6 – bifurca<strong>da</strong>; T, 7 – trifurca<strong>da</strong>; Q, 8 – quebra<strong>da</strong>; An, 9 –anômala).Para Martins dos Santos (2006), citado por Jobim; Costa; Silva (2006) e


Vanrell (2002), as rugas são classifica<strong>da</strong>s em:- inicial: correspondente à ruga mais anterior à direita, sendo representa<strong>da</strong>por uma letra maiúscula;- complementar: correspondente às demais rugas <strong>da</strong> direita, representa<strong>da</strong> portantos números quantas forem as rugas contáveis;- subinicial: correspondente à ruga mais anterior à esquer<strong>da</strong>, representa<strong>da</strong>por letra maiúscula;- subcomplementar: correspondente às demais rugas <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>,representa<strong>da</strong>, assim como a complementar, por uma série de números relativos àsrugas contáveis (Figura 3).InicialSubinicialComplementarSubcomplementarFigura 4: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s de Martins dos Santos.Fonte: VANRELL, 200<strong>2.</strong> A<strong>da</strong>ptado para o estudo por Adria<strong>na</strong> Costa eSilva.As configurações <strong>da</strong>s rugas que aparecem no palato, para fins declassificação, dividem-se em 10 formas fun<strong>da</strong>mentais que se desig<strong>na</strong>m pelas letrasiniciais <strong>da</strong>s figuras, quando se encontram <strong>na</strong> primeira posição, e por números, de 0 a9, quando se encontram em qualquer outra posição (Quadro 1).


Quadro 1: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s de Martins dosSantos.Fonte: VANRELL, 200<strong>2.</strong>Assim, como elementos identificatórios, as cristas <strong>palati<strong>na</strong></strong>s preenchem osrequisitos biológicos e técnicos que permitem utilizá-las para tanto: unici<strong>da</strong>de,imutabili<strong>da</strong>de, pereni<strong>da</strong>de, classificabili<strong>da</strong>de e praticabili<strong>da</strong>de (VANRELL, 2002).


OBJETIVOS


3 OBJETIVOS3.1 Objetivo Geral• Verificar a <strong>aplicabili<strong>da</strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong> em modelos em gessode alunos do curso de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba.3.2 Objetivos Específicos• Observar as coincidências de rugosi<strong>da</strong>des retas, curvas, angulares,circulares, sinuosas e pontos por avaliador;• Verificar as coincidências de rugosi<strong>da</strong>des retas, curvas, angulares,circulares, sinuosas e pontos entre os avaliadores;• Indicar o número <strong>da</strong>s rugas simples e compostas nos resultados <strong>da</strong>análise por avaliador;• Mostrar o número de coincidências <strong>da</strong>s rugas simples e compostasentre os avaliadores.


MATERIAIS E MÉTODOS


4 MATERIAIS E MÉTODOS4. 1 Natureza do EstudoTrata-se de estudo quantitativo, com análise intra e inter exami<strong>na</strong>dores, dotipo cego. O estudo apresenta ain<strong>da</strong> uma abor<strong>da</strong>gem indutiva com procedimentoestatístico e comparativo, conforme Lakatos e Marconi (2006).4.2 Considerações ÉticasO estudo seguiu as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> Resolução 196/96 do ConselhoNacio<strong>na</strong>l de Saúde do Ministério <strong>da</strong> Saúde que regulamenta a pesquisa envolvendoseres humanos e foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa emseres humanos do Centro de Ciências <strong>da</strong> Saúde (CEP-CCS) <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deFederal <strong>da</strong> Paraíba, sendo aprovado por u<strong>na</strong>nimi<strong>da</strong>de, segundo protocolo nº0093/09 (ANEXO A).A obtenção <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong> foi previamente autoriza<strong>da</strong> pela assi<strong>na</strong>turado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). Aos voluntários <strong>da</strong>pesquisa foram explicados os objetivos e benefícios, além dos critérios éticosinerentes à pesquisa envolvendo seres humanos. Os alunos que não concor<strong>da</strong>ramem participar tiveram sua autonomia respeita<strong>da</strong>, sem quaisquer constrangimentospara os mesmos <strong>na</strong> Instituição.4.3 Local de Realização do EstudoA pesquisa foi desenvolvi<strong>da</strong> em dois locais: <strong>na</strong> Clínica de Oclusão, doDepartamento de Odontologia Restauradora e <strong>na</strong>s aulas práticas <strong>da</strong> discipli<strong>na</strong>Odontologia Legal, vincula<strong>da</strong> ao Departamento de Clínica e Odontologia Social,ambos pertencentes ao Curso de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba.


A utilização dos locais foi previamente autoriza<strong>da</strong> pelos professores coorde<strong>na</strong>dores<strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s discipli<strong>na</strong>s (APÊNDICES B e C).4.4 Universo e AmostraO exame <strong>da</strong>s rugas <strong>palati<strong>na</strong></strong>s foi realizado por meio indireto através <strong>da</strong>reprodução em modelo de gesso do palato dos participantes do estudo, durante asaulas práticas <strong>da</strong>s discipli<strong>na</strong>s de Oclusão e Odontologia Legal.Desta forma, o universo foi composto pelos alunos do Curso de Odontologia<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba – UFPB. Já a amostra, constou de 100 alunosque estavam matriculados no 6º e 9º períodos e cursando respectivamente asdiscipli<strong>na</strong>s de Oclusão e Odontologia Legal do referido curso e ain<strong>da</strong> aqueles quepossuíam os modelos de gesso obtidos <strong>na</strong>s mesmas.Foram excluídos 20 estu<strong>da</strong>ntes por portarem aparelho ortodôntico fixo,relatarem sentir náuseas com a mol<strong>da</strong>gem ou os modelos que não reproduzirambem as rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s. Todos os modelos foram obtidos após aconcordância do aluno <strong>na</strong> participação <strong>da</strong> pesquisa e assi<strong>na</strong>tura do Termo deConsentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).4.5 Critérios de Inclusão e ExclusãoDentro dos critérios de inclusão, fizeram parte <strong>da</strong> pesquisa os alunos do cursode Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba que aceitaram ceder seusmodelos de gesso confeccio<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> Clínica de Oclusão e <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong> deOdontologia Legal <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de.Já a exclusão seguiu a seguinte ponderação: alunos que utilizam aparelhosortodônticos fixos; os que sentiram náusea no ato <strong>da</strong> mol<strong>da</strong>gem com algi<strong>na</strong>to; osalunos cujos modelos de gesso apresentaram reprodução <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>scom falhas decorrentes do vazamento do gesso, e que por quaisquer motivos, nãopuderam ser repetidos. E ain<strong>da</strong> aqueles que, após abor<strong>da</strong>gem teórica sobre o temaem questão, expressaram o desejo de não participar <strong>da</strong> pesquisa.


4.6 Estudo PilotoFoi realizado um estudo piloto com o objetivo de calibrar os exami<strong>na</strong>dores,que foram em número de três (3), sendo um aluno e dois professores, tendo taisexami<strong>na</strong>dores realizado o exame dos modelos a olho nu e com luz <strong>na</strong>tural. Para tal,foram utilizados 10 (dez) modelos em gesso <strong>da</strong> arca<strong>da</strong> superior, onde asrugosi<strong>da</strong>des foram a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s, classifica<strong>da</strong>s e anota<strong>da</strong>s <strong>na</strong> ficha rugoscópica(ANEXO C). Após 8 (oito) dias esses modelos foram reavaliados pelosexami<strong>na</strong>dores a fim de verificar se os resultados coincidiam.Na análise dos <strong>da</strong>dos do estudo piloto foram obti<strong>da</strong>s as freqüências absolutase percentuais do número de coincidências de rugas retas, curvas, angulares,circulares, sinuosas e pontos, entre os exames para ca<strong>da</strong> avaliador e entre osavaliadores nos dois exames.Os <strong>da</strong>dos foram digitados <strong>na</strong> planilha do Excel e o “software” estatísticoutilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Packagefor the Social Sciences) <strong>na</strong> versão 13.0 para Windows.Considerando as rugas retas, curvas, angulares, circulares, sinuosas e pontospara os 3 exami<strong>na</strong>dores foram observa<strong>da</strong>s 212 (58,9%) de coincidências entre osexames, num total de 360 possíveis. Os resultados entre os exami<strong>na</strong>dores foram385 (53,5%) de coincidências para os dois exames, num total de 720 possíveis.Após o estudo piloto foi realiza<strong>da</strong> uma reunião entre os exami<strong>na</strong>dores, a fimde tentar padronizar as fichas, sendo decidido o uso de canetas esferográficas, <strong>da</strong>mesma marca, de cor azul para o desenho <strong>da</strong> ruga; e de cor vermelha para anumeração de ca<strong>da</strong> uma e para divisão <strong>da</strong> ruga, quando a mesma era composta.Por isso, cui<strong>da</strong>dos foram tomados, para que fossem reproduzidos no primeiro e nosegundo registro, ambientes e horários semelhantes, para que estes não pudessemocasio<strong>na</strong>r maiores interferências nos resultados.4.7 Coleta de DadosOs modelos em gesso dos alunos foram confeccio<strong>na</strong>dos durante as aulaspráticas <strong>na</strong> Clínica de Oclusão, bem como <strong>na</strong>s de Odontologia Legal. Estes foram


obtidos por meio de mol<strong>da</strong>gem com algi<strong>na</strong>to e posterior vazamento com gessoodontológico tipo IV.Os alunos que estavam cursando os componentes curriculares Oclusão eOdontologia Legal no momento <strong>da</strong> coleta de <strong>da</strong>dos formaram duplas e mol<strong>da</strong>ram umao outro, sob supervisão do professor responsável.O material utilizado para a mol<strong>da</strong>gem foi um hidrocolóide irreversível (Algi<strong>na</strong>topara impressão dentária Tipo II - Alga Gel®). Foram mol<strong>da</strong>dos os arcos superior einferior de ca<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>nte parte <strong>da</strong> amostra. Após isto, o molde obtido foi vazadocom Gesso Pedra Tipo IV (Densell Mix®).Com o propósito de padronização dos modelos, foram seguidos os protocolospara a manipulação do algi<strong>na</strong>to estipulados por Anusavice (2005), seguido <strong>na</strong>s aulaspráticas <strong>da</strong>s duas discipli<strong>na</strong>s, assim como dos atos clínicos <strong>da</strong> mol<strong>da</strong>gem evazamento do molde com gesso, em acordo com o descrito no Anexo B.O contato com os estu<strong>da</strong>ntes, bem como a obtenção dos modelos, foirealizado pela orientadora, a qual distribuiu a ca<strong>da</strong> modelo em gesso um código comquatro dígitos para que a pesquisadora não identificasse a quem pertencia ca<strong>da</strong>modelo.Figura 5: Modelo em gesso com seu respectivo código.Fonte: Dados <strong>da</strong> pesquisa, 2009.Ca<strong>da</strong> um dos três exami<strong>na</strong>dores realizou o exame de todos os modelos degesso, a olho nu, por duas vezes, com intervalo de oito (08) dias.Foram anota<strong>da</strong>s as seguintes informações:a) classificação de Lopes de Léon, em rugas simples e rugas compostas(Figura 2);


) classificação de Luís Silva, que compreende a ruga reta, curva,angular, curva fecha<strong>da</strong> ou circunferência, sinuosa e o ponto (Quadro 2; Figura 6).Tipo de rugosi<strong>da</strong>de <strong>palati<strong>na</strong></strong> NumeraçãoReta 1Curva 2Ângulo 3Circular 4Sinuosa 5Ponto 6Quadro 2: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des e seu número correspondente, por LuísSilva.Fonte: VANRELL, 200<strong>2.</strong>Reta – 1 Curva - 2 Ângulo – 3 Círculo – 4 Sinuosa – 5 Ponto - 6Figura 6: Classificação <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s por Luís Silva.Fonte: LIMA, 1964. A<strong>da</strong>ptado para o estudo por Rafaela Fer<strong>na</strong>ndes.A ficha rugoscópica de Luís Silva deve ser preenchi<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte maneira:no lado esquerdo deve-se colocar a inicial <strong>da</strong> classificação <strong>da</strong><strong>da</strong> à papila incisiva,abaixo se faz o desenho de to<strong>da</strong>s as rugas que existirem, conforme são vistas nomodelo em gesso, dos lados direito e esquerdo <strong>da</strong> rafe, com o númerocorrespondente ao desenho ao lado de ca<strong>da</strong> ruga. Em segui<strong>da</strong>, no quadro ao ladodireito <strong>da</strong> ficha, deve-se transpor os números <strong>da</strong>s rugas classifica<strong>da</strong>s. Anota-se <strong>na</strong>colu<strong>na</strong> correspondente <strong>da</strong> tabela a quanti<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> ruga vista do lado direito,fazendo-se o mesmo para o lado esquerdo. Após isso, somam-se ca<strong>da</strong> colu<strong>na</strong>individualmente (lado esquerdo mais o lado direito de ca<strong>da</strong> classificação),encontrando-se a fórmula rugoscópica (vide ANEXO C).


Como as rugosi<strong>da</strong>des em humanos são sempre assimétricas, a classificaçãode Carrea não foi realiza<strong>da</strong> no exame, visto que todos os seres humanos possuem otipo IV, que são rugas em sentidos variados.4.8 Análise dos Dados- Os <strong>da</strong>dos quantitativos obtidos no estudo foram organizados e processados pormeio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 13.0Windows, com o qual se procedeu a análise descritiva e inferencial através demétodos estatísticos específicos. A partir dos resultados, foi elabora<strong>da</strong> a distribuiçãode frequências de to<strong>da</strong>s as variáveis abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s no estudo, apresenta<strong>da</strong>s em tabelaspara caracterização <strong>da</strong> amostra e descrição dos <strong>da</strong>dos.


RESULTADOS


5 RESULTADOSOs resultados obtidos encontram-se apresentados em forma de tabelas.Considerando a totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des em forma de reta, curva, angular,circular, sinuosa e ponto para os 3 avaliadores foram observa<strong>da</strong>s 635 (58,8%)coincidências entre exames no total de 1180 possíveis. Observa-se <strong>na</strong> tabela 1 queo conjunto de rugas retas é o tipo que apresenta, de forma geral, o menor percentualde coincidências para os avaliadores (11,7%, 45,0% e 31,7%) e o maior percentualcom diferenças iguais ou superiores a <strong>2.</strong> Verifica-se ain<strong>da</strong> que as rugas circularessão as que mostram maiores coincidências (95,0%, 95,0% e 96,7%), e ospercentuais com diferenças iguais ou superiores a 2 (±2) foram todos nulos.Tabela 1 – Coincidências e diferenças entre os exames por avaliador para número de rugas: retas,curvas, ângulos, circulares, sinuosas e pontos, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deFederal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa-PB, 2009.Número de diferençasVariável Avaliador Coincidências ± 1 ≥ (±2) Máximo*N % n % n %• N° retas Avaliador 1 7 11,7 27 45,0 26 43,3 4Avaliador 2 27 45,0 23 38,3 10 16,7 4Avaliador 3 19 31,7 19 31,7 22 36,7 4• N° curvas Avaliador 1 34 56,7 19 31,7 7 11,7 3Avaliador 2 36 60,0 16 26,7 8 13,3 3Avaliador 3 37 61,7 19 31,7 4 6,7 5• N° de ângulos Avaliador 1 37 61,7 22 36,7 1 1,7 2Avaliador 2 37 61,7 17 28,3 6 10,0 3Avaliador 3 40 66,7 17 28,3 3 5,0 2• N° de circulares Avaliador 1 57 95,0 3 5,0 - - 1Avaliador 2 57 95,0 3 5,0 - - 1Avaliador 3 58 96,7 2 3,3 - - 1• N° de sinuosas Avaliador 1 25 41,7 24 40,0 11 18,3 3Avaliador 2 35 58,3 25 41,7 - - 1Avaliador 3 29 48,3 26 43,3 5 8,3 4• N° de pontos Avaliador 1 16 26,7 23 38,3 21 35,0 5Avaliador 2 39 65,0 18 30,0 3 5,0 2Avaliador 3 45 75,0 9 15,0 6 10,0 3* Diferença máxima independente do si<strong>na</strong>l.Fonte: Dados <strong>da</strong> Pesquisa, 2009.Considerando as rugas retas, curvas, angulares, circulares, sinuosas e pontospara os 3 avaliadores foram observa<strong>da</strong>s 1060 (49,1%) coincidências entre


avaliadores nos dois exames numa combi<strong>na</strong>ção de dois em dois avaliadores numtotal de 2160 possíveis. A tabela 2 apresenta os exames entre os avaliadores.Tabela 2 – Coincidências e diferenças entre os avaliadores por exames para número de rugas:retas, curvas, ângulos, circulares, sinuosas e pontos, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa-PB, 2009.Número de diferençasVariável Exame Avaliadores Coincidências ± 1 ≥ (±2) Máximo*N % n % n % Valor• N° retas • Exame 1 A1 x A2 11 18,3 26 43,3 23 38,3 6A1 x A3 10 16,7 27 45,0 23 38,3 6A2 X A3 18 30,0 19 31,7 23 38,3 5• Exame 2 A1 x A2 15 25,0 18 30,0 27 45,0 5A1 x A3 9 15,0 12 20,0 39 65,0 5A2 X A3 18 30,0 24 40,0 18 30,0 4• N° curvas • Exame 1 A1 x A2 32 53,3 21 35,0 7 11,7 2A1 x A3 35 58,3 16 26,7 9 15,0 3A2 X A3 31 51,7 25 41,7 4 6,7 3• Exame 2 A1 x A2 25 41,7 24 40,0 11 18,3 3A1 x A3 33 55,0 18 30,0 9 15,0 4A2 X A3 26 43,3 24 40,0 10 16,7 3• N° de ângulos • Exame 1 A1 x A2 29 48,3 29 48,3 2 3,3A1 x A3 33 55,0 25 41,7 2 3,3 3A2 X A3 33 55,0 22 36,7 5 8,3 3• Exame 2 A1 x A2 29 48,3 24 40,0 7 11,7 3A1 x A3 34 56,7 21 35,0 5 8,3 2A2 X A3 34 56,7 22 36,7 4 6,7 2• N° de circulares • Exame 1 A1 x A2 56 93,3 4 6,7 0 0,0 1A1 x A3 56 93,3 3 5,0 1 1,7 2A2 X A3 58 96,7 1 1,7 1 1,7 2• Exame 2 A1 x A2 56 93,3 4 6,7 0 0,0 1A1 x A3 56 93,3 4 6,7 0 0,0 1A2 X A3 58 96,7 2 3,3 0 0,0 1• N° de sinuosas • Exame 1 A1 x A2 27 45,0 23 38,3 10 16,7 4A1 x A3 23 38,3 27 45,0 10 16,7 3A2 X A3 21 35,0 32 53,3 7 11,7 3• Exame 2 A1 x A2 13 21,7 27 45,0 20 33,3 4A1 x A3 20 33,3 24 40,0 16 26,7 4A2 X A3 16 26,7 32 53,3 12 20,0 4• N° de pontos • Exame 1 A1 x A2 23 38,3 21 35,0 16 26,7 5A1 x A3 31 51,7 12 20,0 17 28,3 5A2 X A3 38 63,3 15 25,0 7 11,7 5* Diferença máxima independente do si<strong>na</strong>l.Fonte: Dados <strong>da</strong> Pesquisa, 2009.• Exame 2 A1 x A2 12 20,0 20 33,3 28 46,7 7A1 x A3 11 18,3 24 40,0 25 41,7 6A2 X A3 30 50,0 24 40,0 6 10,0 5


Nota-se que o número coincidente de rugas circulares entre avaliadores ébem alto (entre 93,3% e 96,7%) e os percentuais com diferenças iguais ousuperiores a 2 (±2) foram todos nulos, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s rugas em forma de ângulos(entre 48,3% e 56,7%). As rugas em forma de curvas possuem coincidências entreavaliadores entre 41,7% e 58,3%. Observa-se que o menor número de coincidênciaentre avaliadores foi <strong>da</strong> ruga em forma de reta (15,0% a 30,0%) (Tabela 2).A tabela 3 indica que o avaliador 3 apresentou o menor número decoincidências para as rugas simples (16,7%) e os avaliadores 2 e 3 os maioresnúmeros de coincidências para as curvas compostas (56,7% ca<strong>da</strong>). A tabela 4apresenta números bem baixos em relação aos números de coincidências para asrugas simples entre os avaliadores 1 e 2 para o segundo exame (6,7%) e entre oavaliador 1 e 3 para o segundo exame (5,0%). O maior número de coincidênciasocorreu entre os avaliadores 1 e 2 para as rugas compostas no primeiro exame eentre o avaliador 1 e 3 para o segundo exame (55,0% ca<strong>da</strong>).Tabela 3 – Coincidências e diferenças entre os exames por avaliador para número de rugas simples ecompostas, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa -PB, 2009.Número de diferençasVariável Avaliador Coincidências ± 1 ≥ (±2) Máximo*n % n % n % valor• N° curvas simples Avaliador 1 11 18,3 18 30,0 31 51,7 8Avaliador 2 17 28,3 29 48,3 14 23,3 3Avaliador 3 10 16,7 26 43,3 24 40,0 5• N° curvas compostas Avaliador 1 32 53,3 21 35,0 7 11,7 2Avaliador 2 34 56,7 23 38,3 3 5,0 2Avaliador 3 34 56,7 20 33,3 6 10,0 2* Diferença máxima independente do si<strong>na</strong>l.Fonte: Dados <strong>da</strong> Pesquisa, 2009.


Tabela 4 – Coincidências e diferenças entre os avaliadores por exame para número de rugas simplese compostas, coletados em alunos de Odontologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Paraíba, João Pessoa-PB,2009.Número de diferençasVariável Exame Avaliadores Coincidências ± 1 ≥ (±2) Máximo*n % n % n % Valor• N° curvas simples • Exame 1 A1 x A2 11 18,3 15 25,0 34 56,7 7A1 x A3 10 16,7 13 21,7 37 61,7 11A2 X A3 14 23,3 19 31,7 27 45,0 5• Exame 2 A1 x A2 4 6,7 9 15,0 47 78,3 9A1 x A3 3 5,0 8 13,3 49 81,7 8A2 X A3 14 23,3 23 38,3 23 38,3 4• N° curvas compostas • Exame 1 A1 x A2 33 55,0 22 36,7 5 8,3 2A1 x A3 26 43,3 29 48,3 5 8,3 2A2 X A3 28 46,7 29 48,3 3 5,0 2• Exame 2 A1 x A2 26 43,3 27 45,0 7 11,7 3A1 x A3 33 55,0 22 36,7 5 8,3 2A2 X A3 31 51,7 22 36,7 7 11,7 2* Diferença máxima independente do si<strong>na</strong>l.Fonte: Dados <strong>da</strong> Pesquisa, 2009.


DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOSA <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>, por ser um método de identificação proposto por Lopesde Léon, em 1924, segundo Campos (2002), deveria ser mais abor<strong>da</strong><strong>da</strong> e discuti<strong>da</strong><strong>na</strong> literatura. No entanto, a escassez desse assunto <strong>na</strong>s pesquisas científicas e noslivros de Odontologia Legal é grande, o que dificultou um pouco a revisãobibliográfica.De acordo com Vanrell (2002), a literatura ressalta que o método deidentificação através <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>, para se enquadrar como tal, tempraticabili<strong>da</strong>de e classificabili<strong>da</strong>de. No entanto, para os exami<strong>na</strong>dores, talcaracterística não se enquadrou bem, visto que há uma gama de classificaçõesexistentes, dentre elas: Lopes de Léon (1924), Luís Silva (1936), Carrea (1937),Martins dos Santos (1952), Bassauri (1961). Quando, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, deveria haveruma padronização, estabelecendo uma classificação que fosse universal.Cal<strong>da</strong>s; Magalhães e Afonso (2007) relataram que estudiosos acharam atarefa de classificação um difícil aspecto de estudos <strong>da</strong>s rugas. A <strong>na</strong>tureza subjetivade observação e interpretação intra e entre observadores gera um problema.Lopes de Léon classifica as rugas em: reta, curva, angular, circular e sinuosa.No entanto, Luís Silva acrescentou a esta, o ponto. Tal desenho quando visto nomodelo de gesso, por sua semelhança <strong>na</strong> forma, pode ser confundido com umabolha decorrente de falha <strong>na</strong> mol<strong>da</strong>gem ou no vazamento do gesso. Assim, essafalta de discernimento entre a bolha ou o ponto atrapalharia tanto no desenhorugoscópico <strong>na</strong> ficha, como <strong>na</strong> fórmula rugoscópica, desviando <strong>da</strong> real <strong>rugoscopia</strong>do indivíduo e prejudicando a identificação do mesmo.A utilização de modelos em gesso foi opta<strong>da</strong> pelo fato <strong>da</strong>s pesquisadoraspoderem realizar o mesmo exame duas vezes com intuito de confirmá-los, bemcomo para que houvesse um intervalo de tempo entre os exames, a fim de que ocansaço visual não interferisse no resultado, o que não ocorreria se os examesfossem feitos diretamente <strong>na</strong>s rugosi<strong>da</strong>des <strong>palati<strong>na</strong></strong>s dos participantes. A escolhapelos modelos em gesso se atribui ain<strong>da</strong> ao fato dos mesmos fazerem parte dosprontuários odontológicos de algumas especiali<strong>da</strong>des, e ain<strong>da</strong> a obrigatorie<strong>da</strong>de queexiste <strong>na</strong> Aeronáutica para que os oficiais possuam-os, para identificação em casode algum desastre em massa ou qualquer outro acidente. Portanto, de acordo com


Anusavice (2005), se forem obedeci<strong>da</strong>s as regras de manipulação e técnicas demol<strong>da</strong>gem o modelo em gesso representará a reprodução fiel dos tecidos bucais. Noentanto, sabe-se que durante o exame dos modelos em gesso, há a influência <strong>da</strong>luz, <strong>da</strong> sombra, do ângulo de visão, e ain<strong>da</strong> de como o avaliador classifica a ruga,tratando-se de um exame bastante subjetivo, já que muitas vezes as rugas nãoapresentam sua forma níti<strong>da</strong>, e ca<strong>da</strong> exami<strong>na</strong>dor pode classificá-la como uma formadiferente. Assim, optou-se por utilizar <strong>na</strong> pesquisa o método de classificação de LuísSilva, por ser utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong>s Universi<strong>da</strong>des.Para se utilizar a <strong>rugoscopia</strong>, é indispensável contar com um registro prévio(ante mortem), já que esta identificação somente é possível fazendo a comparaçãodeste registro com um post mortem (CASTELLANOS et al., 2007).De posse <strong>da</strong>s fichas rugoscópicas e comparando-as, pode-se observar queos desenhos <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des dos modelos apresentam grande semelhança entre osexami<strong>na</strong>dores e intra exami<strong>na</strong>dor, mas a classificação <strong>da</strong>s mesmas difere,mostrando que os exami<strong>na</strong>dores vêem a mesma ruga, mas a classificam comoformas diferentes e, consequentemente, a fórmula encontra-se diferente. Comoexemplo, temos o modelo de número 23, no 1º exame <strong>da</strong> avaliadora 2, coincidindocom o 2º exame <strong>da</strong> avaliadora 3, onde os exami<strong>na</strong>dores viram praticamente asmesmas rugas, diferindo <strong>na</strong> classificação de algumas (ANEXO D). Destarte, a<strong>rugoscopia</strong> se mostra como um método altamente confiável para a identificaçãohuma<strong>na</strong>, mas é difícil de identificar um indivíduo por sua fórmula isola<strong>da</strong> do modeloem gesso ou <strong>da</strong> fotografia.Foi verificado pelos avaliadores, em quase todos os modelos, a presença derugas pouco níti<strong>da</strong>s e de menor espessura <strong>na</strong> porção mais lateral <strong>da</strong> mucosa querecobre o terço posterior do palato duro, o que pode ter levado os exami<strong>na</strong>dores aexcluí-las do exame, ou ain<strong>da</strong> pode ter passado despercebido pelos mesmos noprimeiro e/ou segundo exame.Brito (2005) ressalta a importância do correto arquivamento dos documentosodontológicos, assim como o modelo em gesso, tanto para atender às exigênciaséticas e legais, proporcio<strong>na</strong>ndo ao cirurgião-dentista a possibili<strong>da</strong>de de colaborarnos casos de identificação huma<strong>na</strong> e ain<strong>da</strong> como elemento de prova essencial nosprocessos éticos, administrativos, civis e pe<strong>na</strong>is.Os modelos em gesso têm as vantagens de terem um baixo custo paraobtenção e de poder manuseá-los no exame, modificando o ângulo de visão. No


entanto, Oliveira et al. (2007) salientaram que estes modelos feitos de gesso, apesarde imprescindíveis, apresentam certas limitações. A necessi<strong>da</strong>de de locaisapropriados para sua estocagem, aumentando a exigência por maior espaço físico eo risco de quebra, o que causaria a destruição permanente do registro do paciente,podem ser considera<strong>da</strong>s desvantagens do emprego de modelos de gesso. Paratanto, há a opção de serem arquivados através de fotocópias, escaneamento ouain<strong>da</strong> guar<strong>da</strong>ndo ape<strong>na</strong>s os desenhos <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des, elimi<strong>na</strong>ndo as limitaçõesverifica<strong>da</strong>s pelos modelos de gesso.Conforme os resultados demonstrados <strong>na</strong> tabela 1, pode-se observar que nosexames intra avaliadores, houve um baixo percentual de coincidências <strong>na</strong>s rugasretas, variando de 11,7% a 45,0%. O que também aconteceu com as rugassinuosas: entre 41,7% e 58,8%, sugerindo que, por muitas vezes o formato <strong>da</strong> ruganão é tão nítido. Isso pode ter levado o avaliador a confundir-se, e em um exame terclassificado uma ruga como reta, e no segundo exame tê-la visto com forma desinuosa.Já para as rugas curvas e angulares, o percentual de coincidências foi umpouco maior, em torno de 60% para todos os avaliadores nos dois exames, levandoa crer que elas apareceram com sua forma mais níti<strong>da</strong> nos modelos, e também porterem seu formato mais característico.Em relação às rugas circulares, seu alto percentual de coincidências (entre95,0% e 96,7%) se explica pelo fato desta ruga ser raramente encontra<strong>da</strong>, o quesignifica que haverá pouca ou quase nenhuma ruga circular nos desenhosrealizados pelos avaliadores. E ain<strong>da</strong>, quando ela se apresenta, foi bem classifica<strong>da</strong>com tal pelos avaliadores.Quanto às rugas em forma de pontos, o avaliador 1 (26,7%) divergiu quantoaos demais avaliadores (65,0% e 75,0%, respectivamente), sugerindo que oavaliador 1 pode ter visto as bolhas dos modelos em um exame e considerado-ascomo pontos, ou vice-versa.Os <strong>da</strong>dos relativos aos exames entre os avaliadores (tabela 2), algunsresultados se confirmam com os <strong>da</strong> análise intra avaliadores, como um baixopercentual de coincidências para as rugas do tipo reta e sinuosa, uma coincidênciapouco maior para as curvas e angulares e um alto percentual para as rugascirculares pelo motivo já supracitado. No entanto, o percentual para as rugas em


forma de pontos caiu no segundo exame, onde a variação foi de18,3% a 50,0% decoincidência.Quanto à classificação <strong>da</strong>s rugas simples e compostas <strong>na</strong> tabela 3, osresultados mostram que, nos exames intra avaliadores, houve um baixo percentualde coincidências quanto às rugas simples, inferindo que os avaliadoresconsideraram uma ruga extensa como única, sem dividi-las em duas ou mais. Jápara as rugas compostas, o percentual foi maior, o que pode sugerir que as rugascompostas, de reta e ângulo ou reta e círculo foram bem visualiza<strong>da</strong>s e classifica<strong>da</strong>spelos avaliadores.Com relação aos exames inter avaliadores, o percentual de coincidências <strong>da</strong>srugas simples continuou baixo, tanto no primeiro exame como no segundo; e o <strong>da</strong>srugas compostas também permaneceu maior (tabela 4).A <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong> representa um elemento essencial <strong>na</strong> busca <strong>da</strong>identificação de um indivíduo e classificar as rugosi<strong>da</strong>des não se constitui uma tarefafácil. Em oposição às adversi<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s nos processos de identificaçãohuma<strong>na</strong>, encontra-se o método <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong>, que, para ser realizado,necessita ape<strong>na</strong>s de um registro anterior, para que possa haver a comparação comas rugosi<strong>da</strong>des do cadáver. O referido método constitui-se um método prático, fácil,de baixo custo e que não requer a utilização de tabelas para que seus resultadossejam comparados.A comprovação <strong>da</strong> confiabili<strong>da</strong>de de um método que possa aju<strong>da</strong>r <strong>na</strong>identificação gera um grande contentamento, uma vez que, ao se encontrar qualquervestígio de material humano, muitas vezes geram-se esperanças em famílias queprocuram entes desaparecidos, envolvendo sentimentos de angústia, tristeza eesperança.Com isso, quanto maior o número de informações que puderem ser extraí<strong>da</strong>sdo exami<strong>na</strong>do, maiores as chances de se chegar à ver<strong>da</strong>deira identi<strong>da</strong>de doindivíduo. Nesse sentido, a confirmação de um resultado é decisiva para seusfamiliares tanto do ponto de vista emocio<strong>na</strong>l, bem como para a resolução dequestões legais e judiciais resultantes do óbito.Deve-se engrandecer ain<strong>da</strong> a geniali<strong>da</strong>de dos diversos autores responsáveispelas classificações <strong>da</strong>s rugosi<strong>da</strong>des, as quais são de grande valia por seremcapazes de auxiliar nos exames periciais em identificação huma<strong>na</strong>.


CONCLUSÃO


7 CONCLUSÃODe acordo com a metodologia proposta neste estudo e através <strong>da</strong> análise dosresultados obtidos e sua discussão, pode-se concluir que:• As rugosi<strong>da</strong>des retas, entre os exames por avaliador, são as de menorpercentual de coincidências; e as circulares são as de maior, em razão de seremraras, e assim há um grande número de zero <strong>na</strong>s fichas rugoscópicas;• Nos exames inter avaliadores, esse nível de percentual também serepete, tanto para as retas como para as circulares. E ain<strong>da</strong>, houve baixo percentualde coincidências quanto às rugas sinuosas;• O número de rugas simples por avaliador obteve um baixo percentualde coincidências, e o de rugas compostas, um percentual razoável, levando a crerque os avaliadores não obtiveram concordância entre os exames;• As coincidências entre os avaliadores por exame, ain<strong>da</strong> quanto àsrugas simples e compostas, o percentual foi ain<strong>da</strong> menor em relação às rugassimples; quanto às rugas compostas permaneceu razoável.Logo, o método <strong>da</strong> <strong>rugoscopia</strong> <strong>palati<strong>na</strong></strong> através do desenho rugoscópico dosmodelos em gesso <strong>na</strong>s fichas não se apresentou aplicável no estudo, visto que asrugas nem sempre têm sua forma níti<strong>da</strong>, podendo levar o avaliador a classificá-la deforma errônea.


REFERÊNCIAS


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ANEXOS


Anexo ACERTIDÃO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DOCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


Anexo BSEQUÊNCIA DE MOLDAGEM SUPERIOR E INFERIOR• Manipulação do Algi<strong>na</strong>to:1. Dosar pó e água – o pó é vertido sobre a água. Na mol<strong>da</strong>gem superior: 3medi<strong>da</strong>s de pó. Na mol<strong>da</strong>gem inferior: 2 medi<strong>da</strong>s de pó;<strong>2.</strong> Espatulação vigorosa – movimento simula um 8. A mistura deve serespremi<strong>da</strong> e amassa<strong>da</strong> de encontro às paredes <strong>da</strong> cubeta executandorotação intermitente <strong>da</strong> espátula.• Instruções do fabricante:- 1 medi<strong>da</strong> de pó para um nível de água;- Espatular o pó e a água até obter uma coloração rósea homogênea;- Inserir o material <strong>na</strong> moldeira, levar à boca e manter a moldeira imóvel durante1 minuto após a presa do material;- Quando o material tiver retor<strong>na</strong>do à coloração branca, remover e enxaguar comágua corrente;- Vazar o molde logo em segui<strong>da</strong>.• Atos Clínicos:- Introdução: com a aresta direita <strong>da</strong> moldeira afasta a comissura labial esquer<strong>da</strong>,com o indicador <strong>da</strong> mão esquer<strong>da</strong> afasta a comissura labial direita e através domovimento de rotação, conclui-se a introdução;- Centralização: o cabo <strong>da</strong> moldeira acompanha o plano sagital mediano dopaciente;- Compressão: com os dedos indicadores e médios <strong>da</strong>s duas mãos, <strong>na</strong> altura dospré-molares, faz-se a compressão lenta, profun<strong>da</strong>, uniforme e bilateral;- Retira<strong>da</strong> do molde;- Vazamento do molde: a proporção pó e água recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> são de 19ml deágua para 100g de pó. O pó deve ser colocado sobre a água com uma suaveespatulação inicial. Em segui<strong>da</strong> misturar vigorosamente a massa e pressio<strong>na</strong>rcontra as paredes <strong>da</strong> cubeta. Espatular até obter uma massa cremosa. Aguar<strong>da</strong>rde 40 a 50 minutos para retirar o modelo (ANUSAVICE, 2005).


Anexo CFICHA RUGOSCÓPICAFICHA RUGOSCÓPICA – SISTEMA LUIS SILVAFICHA N o ________REGISTRO GERAL: _____________DReta1Curv.2Ang.3Circ.4Sin.5Ponto6ENOME: _______________________________________________________________________________IDADE:_____________ SEXO:___________ RAÇA:______________N o __________________________________Obs______________________________________________________________________DATA:________________________________________Odonto-Legista


Anexo DCOMPARAÇÃO DE DOIS EXAMES RUGOSCÓPICOS


APÊNDICES


Apêndice ATERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Apêndice BCARTA DE AUTORIZAÇÃO DA DISCIPLINA DE OCLUSÃO


Apêndice C

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