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Publicação - Culturgest

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8os seus elementos constituintes e questionara sua história e os seus modelos perceptivos.Figura, fundo, signo, marca, gesto,cor, tom, contraste, tela, grade – todos esteselementos se tornaram alvo de uma aturadadissecação que pretendia desconstruir apintura, apenas para voltar a recompô-la nacrua manifestação da sua essência estrutural.To Be a Painter (2008), How To Be aPainter (2008) ou Black and White Mood(2008) são exemplos claros da aproximaçãode Sónia Almeida a esta postura. Articulan -do um teste aos limites da convivência tonalcom uma exploração da mancha enquantogesto e enquanto marca; contrapondo a ilusãode espaço sugerida pelas velaturas àpresença de figuras planas e densamenteopacas; ou conjugando a sucessiva anulaçãode dinâmicas internas com uma dispersãocompositiva, estas obras fomentam aimplosão dos códigos da pintura abstractasobre si mesma, revelando uma das suasmais radicais e exigentes formulações.Ainda que circunscrita ao campo da pinturaabstracta, a diversidade de estratégias formaisque o trabalho de Sónia Almeidaexplora é o factor que sustenta a leitura decariz pós-moderno que até aqui ensaiámos.Certamente poderíamos ter ido mais longenesta procura do que, da história da abstracção,contamina a sua pintura. Contudo,se é um facto que esta abordagem é fundamentalpara que se estabeleça um contextopara a prática da artista e se perceba oalcance desta evidente relação dialéctica, oresultado mais importante deste exercícioserá, muito provavelmente, a possibilidadede dele retirarmos ilações sobre as temáticase as questões centrais da sua obra – asua especificidade.Para tal, e como complemento ao queacima explanámos, parece-nos importanteabordar dois eixos de trabalho que, emboragozem de menor visibilidade pública, assisteme complementam a pintura de SóniaAlmeida. Falamos dos seus livros de artistae daquilo que poderíamos classificar comocadernos de pintura ou diários gráficos.Enquanto exercícios em torno de temáticascircunscritas, estes livros de artistarevelam de forma muito evidente o lugar quea memória e a experiência qualitativa da corocupam no seu trabalho. Em Frozen Objects(2003), a artista reuniu um conjunto de maisde 200 desenhos realizados a partir dememórias dos objectos que habitavam acasa dos seus avós: um inventário de todaa espécie de utilitários transpostos para oespaço da pintura, recorrendo a uma gestualidadeque reforça o carácter imprecisoda imagem recordada, e cuja contençãocromática nos lembra que a memória é olugar por excelência da nivelação de todasas coisas. A ideia de nivelação ou de indiferenciaçãocromática está também na basedo livro produzido especificamente paraesta exposição. Dando continuidade a umatemática já abordada em Green (2006) –pequeno livro no qual a artista procuravareproduzir um tom de verde muito precisoatravés de tintas de natureza diferente –Sample/Amostra (2009) reformula a mesmaideia de teste de resistência cromática,desta feita partindo do chão de linóleo deuma das salas do Chiado 8. Foi pedido aquatro impressores de uma gráfica deLisboa que, separadamente e a partir deuma amostra do referido linóleo, identificassemo seu tom dominante e o reproduzissemem offset. Cada um dos livros apresentanão só os resultados de quatrodiferentes interpretações do tom do linóleo,mas também algumas provas do processode chegada a esse tom. Na sua aparenteconstância, o livro assemelha-se a um intrigantecatálogo de cores. Contudo, estainsistência na repetição tonal mostra-se

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