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Biologia reprodutiva <strong>de</strong> Elaenia cristata Pelzeln, 1868 (Passeriformes: Tyrannidae) em duas áreas <strong>de</strong> campos rupestres <strong>de</strong> Minas Gerais, BrasilDiego Hoffmann, Henrique Belfort Gomes e Ta<strong>de</strong>u Guerra105rupestre. Pelo baixo número <strong>de</strong> ninhos não foi possívelinferir se a espécie utilizou-se preferencialmente <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>terminada planta, como observado para E. spectabilisna Argentina (<strong>de</strong> la Pena 2005).O tamanho da postura variou entre um e dois ovosse assemelhando as outras espécies do gênero (<strong>de</strong> la Peña2005, Me<strong>de</strong>iros e Marini 2007, Hoffmann e Krügel2007). Diferente <strong>de</strong> E. chiriquensis que apresentou umintervalo entre postura <strong>de</strong> 1 e 2 dias (Me<strong>de</strong>iros e Marini2007), para E. cristata, em duas ocasiões foi observadoum intervalo entre postura <strong>de</strong> 3 e 5 dias. Esta diferençapo<strong>de</strong> estar relacionada à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento(Mezquida 2002). O período <strong>de</strong> incubação (18,5 dias)foi maior quando comparado ao <strong>de</strong> E. chiriquensis (Me<strong>de</strong>irose Marini 2007) e <strong>de</strong> E. spectabilis (<strong>de</strong> la Pena 2005,Hoffmann e Krügel 2007) que foram <strong>de</strong> 13,4 e 15 diasrespectivamente.O formato ovói<strong>de</strong> e a coloração clara dos ovos coma presença <strong>de</strong> pontuações e pequenas manchas é característicacompartilhada com diversas outras espécies <strong>de</strong> Elaeniinae,a exemplo <strong>de</strong> Suiriri islerorum (Lopes e Marini2005a), Camptostoma obsoletum (D.H. obs. pess.), E. chiriquensis(Me<strong>de</strong>iros e Marini 2007), E. spectabilis (Hoffmanne Krügel 2007), E. obscura (Ihering 1900, D.H.obs. pess.) e E. albiceps (Ihering 1900). O tamanho dosovos por sua vez, variou conforme o tamanho <strong>de</strong> cadaespécie.O tempo médio <strong>de</strong> permanência dos filhotes no ninho(18 dias), também foi maior ao observado para outrasespécies do gênero como E. spectabilis (16 dias) (Giacomo2000, Hoffmann e Krügel 2007) e E. chiriquensis(15 dias) (Skutch 1945, Me<strong>de</strong>iros e Marini 2007).Elaenia cristata apresentou características típicas <strong>de</strong>representantes da família Tyrannidae, como a postura <strong>de</strong>dois ou três ovos, ninhos mantidos constantemente limpos,o casal envolvido no cuidado dos ninhegos e na <strong>de</strong>fesado ninho (Haverschmidt 1955, Pichorim et al. 1996,Lopes e Marini 2005a, Hoffmann 2006, Me<strong>de</strong>iros e Marini2007).A revisão <strong>de</strong> vários estudos com sucesso reprodutivoda família Tyrannidae (Lopes e Marini 2005b) revela umsucesso reprodutivo médio por porcentagem simples <strong>de</strong>43,6%. Um pouco mais elevado do que o apresentadopor E. cristata (33,3%). Apresentou ainda um sucessoreprodutivo inferior quando comparado com Polystictussuperciliaris (43%) (D.H. obs. pess.), que ocorre na mesmaárea <strong>de</strong> estudos, e semelhante ao observado para outras espéciesNeotropicais como E. chiriquensis (30%) (Me<strong>de</strong>irose Marini 2007) e Suiriri affinis (32%) (Lopes e Marini2005b), que costuma ser inferior ao sucesso <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>zonas temperadas, provavelmente em virtu<strong>de</strong> das altas taxas<strong>de</strong> predação). A predação foi o principal fator na perda<strong>de</strong> nihos E. cristata (75% dos ninhos). Assim como o sucessoreprodutivo (33,3%), a taxa <strong>de</strong> predação foi inferiorà das espécies <strong>de</strong> regiões temperadas (Martin, 1993). Estataxa <strong>de</strong> predação, mesmo no Neotrópico, po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>acordo com o habitat, período do ano e possívelmente aaltitu<strong>de</strong> (Stutchbury e Morton, 2001). Porém estes resultadossão oriundos <strong>de</strong> um pequeno “n” amostral (n = 6)e <strong>de</strong> uma única estação reprodutiva, po<strong>de</strong>ndo a espécieapresentar uma variação no sucesso reprodutivo ao longodos anos <strong>de</strong> acordo com as variações ambientais.Embora adultos possuam uma dieta compostaprincipalmente <strong>de</strong> frutos (Guerra 2005), nossos dadosindicam que filhotes <strong>de</strong> E. cristata são alimentados comartrópo<strong>de</strong>s e frutos, com uma tendência ao aumento daproporção <strong>de</strong> frutos nos últimos dias no ninho. Da mesmaforma como observado para E. spectabilis (Hoffmanne Krügel 2007), os ninhegos <strong>de</strong> E. cristata receberamfrutos como alimento por volta do décimo dia. Muitostiraní<strong>de</strong>os incluem frutos na sua dieta, apesar <strong>de</strong> seremprimariamente insetívoros (Fitzpatrick 1980, Traylor eFitzpatrick 1982). A classificação <strong>de</strong> E. cristata com relaçãoà dieta varia entre autores. Por exemplo, Rodrigueset al. (2005) a consi<strong>de</strong>ram insetívoro-frugivoro, enquantoOlmos e Pacheco (2005) a consi<strong>de</strong>ram generalista. Nossosdados indicam que uma proporção gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> insetosé fornecida aos ninhegos nos primeiros dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoe esse fato po<strong>de</strong> se correlacionar à necessida<strong>de</strong>protéica que é relativamente baixa em frutos (Jordano2000). Em algumas ocasiões observamos adultos e filhotesingerindo frutos e regurgitarem sementes da erva-<strong>de</strong>passarinho(S. flexicaulis) <strong>de</strong>positando-as sobre galhos <strong>de</strong>hospe<strong>de</strong>iras. O potencial <strong>de</strong> E. cristata como dispersora<strong>de</strong> sementes em áreas <strong>de</strong> campo rupestre é aparentementegran<strong>de</strong>. Sugerimos que em trabalhos futuros também sejaavaliada a influência do cuidado parental <strong>de</strong> E. cristata noprocesso <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong>ssa planta.AgrADecIMeNTosOs autores agra<strong>de</strong>cem ao Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas <strong>de</strong>Minas Gerais pela autorização <strong>de</strong> acesso ao Parque Estadual daSerra do Rola Moça e à direção e funcionários do parque pelo apoioe disponibilização da infra-estrutura. Também agra<strong>de</strong>cemos aoCNPq pela bolsa <strong>de</strong> mestrado concedida a D.H., H.B.G e T.J.G.e ao Neotropical Bird Club e I<strong>de</strong>a Wild que forneceram auxílios<strong>de</strong> pesquisa. A Marcelo Ferreira <strong>de</strong> Vasconcelos e Geraldo WilsonFernan<strong>de</strong>s pelas críticas e comentários ao manuscrito.ReferêncIAsAltman, J. (1974). Observational study of behavior: samplingmethods. Behaviour, 49:227‐267.Belton, W. (1994). Aves do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Distribuição e Biologia.São Leopoldo: Editora Unisinos.<strong>de</strong> la Peña, M.R. (1987). Nidos y Huevos <strong>de</strong> las Aves Argentinas. SantaFé (República Argentina): Edited by the author.<strong>de</strong> la Peña, M.R. (1995). Ciclo reproductivo <strong>de</strong> las Aves Argentinas.Santa Fé: Centro <strong>de</strong> Publicaciones <strong>de</strong> la Universidad Nacional <strong>de</strong>lLitoral.Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, 17(2), 2009

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