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Memorial de Qualificação como nasce um modelo: o ... - Nomads.usp

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Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloEscola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São CarlosPrograma <strong>de</strong> Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo<strong>Memorial</strong> <strong>de</strong> <strong>Qualificação</strong>pesquisa <strong>de</strong> mestrado:<strong>como</strong> <strong>nasce</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo: o projeto <strong>de</strong> apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulobolsista FAPESP– Felipe Anitelliorientador – Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano


S<strong>um</strong>ário1 – Apresentação2 - Res<strong>um</strong>o do projeto <strong>de</strong> pesquisa:2.1 - Res<strong>um</strong>o;2.2 - Objetivos – geral e específicos;3 - Ativida<strong>de</strong>s e produtos:3.1 - Disciplinas:3.1.1 - Disciplina SAP 5842-3 - "A cida<strong>de</strong> no século <strong>de</strong>zenove – representações e projetos", ministrada pela Profa.Dra. Telma Correa;3.1.2 - Disciplina SAP 5824-5 - "O espaço da cida<strong>de</strong> I – gênese e formação do urbanismo mo<strong>de</strong>rno", ministradapelo Prof. Dr. Carlos Andra<strong>de</strong>;3.1.3 - Disciplina SAP 5825-4 - "Arquitetura e cida<strong>de</strong> na poética das vanguardas", ministrada pelo Prof. Dr. CarlosMartins;3.1.4 - Disciplina SAP 5879-1 – tópicos especiais: "Avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo <strong>de</strong>projeto", ministrada pelos Profs. Drs. Sheila Ornstein, Marcelo Tramontano e Márcio Fabrício;3.1.5 - Disciplina SAP 5892-6 - "Metodologia e pesquisa bibliográfica", ministrada pela Profa. Dra. Lauralice <strong>de</strong>Campos Franceschini Canale;3.2 - Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa:3.2.1 - Discussões no nomads.<strong>usp</strong>:3.2.1.1 - Grupo <strong>de</strong> estudos Espaços <strong>de</strong> Morar;3.2.1.2 - Seminário Flash;3.2.2 – Artigos em eventos:20093.2.2.1 - SBQP - 1° Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Projeto no Ambiente Construído - São Carlos –3.2.3 - Construção <strong>de</strong> site;3.3 - Outras ativida<strong>de</strong>s:3.3.1 - Ativida<strong>de</strong>s no nomads.<strong>usp</strong>:3.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais <strong>de</strong> outros grupos:3.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia Somekh3.3.1.2 - doc.nomads;3.3.2 - Bancas assistidas no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em AU da EESC-USP:3.3.2.1 - Bancas <strong>de</strong> mestrado:3


3.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira <strong>de</strong> Barros Pereira3.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz3.3.2.1.3 - Fábio Abreu <strong>de</strong> Queiroz3.3.2.1.4 – Rodrigo Kamimura3.3.2.1.5 – Marília Solfa4 - Ativida<strong>de</strong>s realizadas, não previstas inicialmente no plano:4.1 - Visitas técnicas a edifícios resi<strong>de</strong>nciais em São Paulo:4.1.1 - Visita técnica 1: edifícios mo<strong>de</strong>rnistas;4.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942;4.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos Elíseos;4.1.4 - Visita técnica 4: Higienópolis;4.2 - PAE – Programa <strong>de</strong> Aperfeiçoamento do Ensino: monitoria na disciplina SAP 617 – "Projeto III", do curso <strong>de</strong> Arquiteturae Urbanismo da EESC, ministrada pelos Profs. Drs. Renato Anelli e Marcelo Tramontano.5 - Participação em eventos5.1 - Palestras:5.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil Bonduki5.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel Rolnik5.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu Perrin5.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira5.2 - Café com Pesquisa:5.2.1 - Café com Pesquisa – Maristela Janjulio5.3 - Seminários:5.3.1 - Seminário TIC ARQ URB6 – Dissertação:meta<strong>de</strong> do século:6.1 – capítulo 1 (apresentado ao exame <strong>de</strong> <strong>Qualificação</strong>): Negócios imobiliários – a produção <strong>de</strong> apartamentos na primeira6.1.1 – Introdução6.1.2 - O <strong>de</strong>senvolvimento do café e a mo<strong>de</strong>rnização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo6.1.3 – Os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercado4


6.1.4 - Diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cida<strong>de</strong>6.1.5 - Referências6.2 – capítulo 2 (res<strong>um</strong>o): Os arquitetos e suas reivindicações - da incipiente organização profissional ao conturbadoambiente dos anos 1960 e 19706.3 – capítulo 3 (res<strong>um</strong>o): A consolidação <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo produtivo - o BNH e suas condições7 – Anexos7.1 – Ficha do aluno7.2 – Visitas a edifícios <strong>de</strong> apartamentos em São Paulo7.2.1 – Mapa7.2.2 – Ficha5


1 - ApresentaçãoEste é o <strong>Memorial</strong> <strong>de</strong> <strong>Qualificação</strong> <strong>de</strong> Felipe Anitelli, aluno regular do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduaçãodo Departamento <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos (EESC) daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), financiado pela Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> SãoPaulo (FAPESP). A pesquisa “Como <strong>nasce</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo: o projeto <strong>de</strong> apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo”é <strong>de</strong>senvolvida no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Habitares Interativos – sob a orientação do Prof.Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. Além da <strong>de</strong>scrição das ativida<strong>de</strong>s acadêmicas e <strong>de</strong> pesquisa realizadaspelo mestrando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008, quando se <strong>de</strong>u o ingresso no programa <strong>de</strong> pós-graduação, orelatório <strong>de</strong>screve aqui outros estudos sobre habitação realizados no PPG da EESC-USP <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong>2007.O mestrando começou seus estudos sobre projeto <strong>de</strong> habitação antes do seu ingresso no Programa<strong>de</strong> Pós Graduação. No Trabalho Final <strong>de</strong> Graduação foram analisados projetos <strong>de</strong> habitações <strong>de</strong> interessesocial e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> e adaptação do ambiente doméstico às novas <strong>de</strong>mandas sociaissurgidas com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arranjos familiares. Este trabalho foi orientado pela arquiteta Dra. SimoneBarbosa Villa na Universida<strong>de</strong> Barão <strong>de</strong> Mauá em Ribeirão Preto. A professora Simone realizou se<strong>um</strong>estrado sobre apartamentos no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo sob orientaçãodo prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, e foi através <strong>de</strong>la que o mestrando teve contato com esse grupo.No ano <strong>de</strong> 2007, o mestrando participou <strong>de</strong> duas disciplinas <strong>como</strong> aluno especial no Programa: SAP5846 - "Habitação, metrópole e modos <strong>de</strong> vida", do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano; e SAP 5831 -"Habitação social – contextualização histórica e perspectivas <strong>de</strong> intervenção", do Prof. Assoc. Dr. MiguelBuzzar. A primeira mostra as transformações ocorridas no espaço doméstico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim da Ida<strong>de</strong> Média,sua evolução nos séculos XVII e XVIII, com o surgimento <strong>de</strong> conceitos <strong>como</strong> o <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong>, privacida<strong>de</strong>,conforto; e a consolidação <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo habitacional no século XIX, no bojo das transformações ocorridasna cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris realizadas pelo Barão Haussmann. Mostra também a importação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para ascida<strong>de</strong>s brasileiras, a evolução do projeto <strong>de</strong> habitação até os dias <strong>de</strong> hoje, e as transformações sofridas noseu <strong>de</strong>senho. Já a segunda disciplina cursada mostra a evolução da habitação social no século XX, empaíses europeus e também no Brasil. Também enfoca políticas públicas tomadas pelo governo brasileirodurante o século, <strong>como</strong> a produção dos IAPs ou os financiamentos do BNH. As duas disciplinas foramimportantes porque contextualizaram historicamente o produto e a produção <strong>de</strong> habitações.6


Entre os grupos <strong>de</strong> trabalho havia o <strong>de</strong> apartamentos, também supervisionado pelo doutorandoFábio Queiroz. O objetivo do grupo foi analisar as soluções espaciais dos apartamentos. Para tanto, foramcoletados dados <strong>de</strong> apartamentos em diversas cida<strong>de</strong>s, comparando os projetos <strong>de</strong> cada <strong>um</strong>a. Olevantamento foi dividido em alguns módulos: exemplares na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo; em outras cida<strong>de</strong>sbrasileiras; em cida<strong>de</strong>s da América Latina; e em cida<strong>de</strong>s européias. O mestrando participou da coleta eanálise dos apartamentos, e também ajudou na monitoria <strong>de</strong>ste grupo. Foi mais <strong>um</strong>a oportunida<strong>de</strong> paracontato com produção <strong>de</strong> pesquisas científicas, mas também com os métodos <strong>de</strong> trabalho do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>.A análise das plantas <strong>de</strong>stes apartamentos mostrou que elas obe<strong>de</strong>cem aos mesmos princípios <strong>de</strong>agenciamento dos espaços, baseados na planta da habitação burguesa do século XIX. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementeda cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ela se localiza ou <strong>de</strong> quem o produziu ou mesmo em quais circunstâncias, na amostraestudada as plantas apresentam, em geral, essas características. Como no exemplo a seguir, <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifícioresi<strong>de</strong>ncial em Curitiba, no Paraná. A planta apresenta os mesmos dispositivos espaciais que foramverificadas também nas <strong>de</strong>mais: a hierarquia dos espaços, o uso dos ambientes sempre associados àexistência <strong>de</strong> cômodos mono-funcionais, a tripartição da moradia em três zonas estanques – social, íntima e<strong>de</strong> serviços, etc. No treinamento, foram feitas discussões diárias para análise dos resultados obtidos emtodos os grupos <strong>de</strong> trabalho – Design Paramétrico, E-Pesquisa <strong>Nomads</strong>, Modos <strong>de</strong> Vida, Projeto Pix eProjeto Pacto Digital. As opiniões dos diversos graduandos e pesquisadores permitiram conclusões maisamplas e plurais para o estudo.8


figura 2 - edifício Spazio Chateaubriant, incorporado pela empresa MRV em 2008 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba – levantamento realizado noTreinamento.nomads 2008 e que hoje faz parte do banco <strong>de</strong> dados sobre apartamentos.Nestas duas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo sobre o tema apartamentos – o estágio no segundo semestre<strong>de</strong> 2007 e o treinamento em janeiro <strong>de</strong> 2008 – o mestrando também teve o primeiro contato com o banco <strong>de</strong>dados <strong>de</strong> apartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Foi possível fazer <strong>um</strong>a leitura da evolução <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong>habitacional a partir das peças gráficas do banco, enten<strong>de</strong>ndo as características das plantas, as suasinfluências e mudanças ao longo do tempo. Auxiliado por <strong>um</strong>a bibliografia indicada pelo professor MarceloTramontano, observou-se alguns motivos <strong>de</strong>stas transformações. As pesquisas sobre apartamentos járealizadas pelo Núcleo <strong>de</strong>ram suporte teórico para as leituras.O estudo dos espaços dos apartamentos continuou durante os anos <strong>de</strong> 2008, 2009 e 2010 noambiente das discussões do grupo Espaços <strong>de</strong> Morar (item 3.2.1.1), que propôs ativida<strong>de</strong>s acadêmicas<strong>como</strong> as Visitas técnicas a edifícios resi<strong>de</strong>nciais em São Paulo (item 4.1). Foi também através doEspaços <strong>de</strong> Morar que o mestrando teve contato com pesquisadores e temas co-relacionados, ajudando naconstrução <strong>de</strong> visões mais plurais e críticas sobre a pesquisa, <strong>como</strong> por exemplo a palestra <strong>de</strong> MathieuPerrin (item 5.1.3) e seus estudos sobre condomínios.Ainda nas ativida<strong>de</strong>s do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, o mestrando participou <strong>de</strong> dois Seminários Flash! (item3.2.1.2), <strong>um</strong> <strong>como</strong> ouvinte, e outro apresentando a sua pesquisa. O Flash é <strong>um</strong> evento em formato <strong>de</strong>congresso em que os pesquisadores do grupo expõem seus estudos para discussão em blocos temáticos.Outro seminário organizado pelo <strong>Nomads</strong> com participação do mestrando foi o TIC ARQ URB (item 5.3.1),em que grupos que tem pesquisas relacionadas com a inserção <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação ecomunicação na arquitetura expõem seus estudos. Os eventos e pesquisas sobre estas tecnologiasmostram proposições realizadas atualmente em ambiente acadêmico para a habitação contemporânea.Outra ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do grupo foi a organização do acervo doc<strong>um</strong>ental do <strong>Nomads</strong> (item 3.3.1.2), coma catalogação eletrônica e sua disponibilização para consulta.Também foram coletados dados através <strong>de</strong> fontes primárias, n<strong>um</strong>a reunião sobre verticalização(item 3.3.1.1.1) com a Profa. da FAU-Mackenzie Dra. Nadia Somekh, ou em palestras sobre políticaspúblicas para habitação, <strong>como</strong> as do Prof. Dr. Nabil Bonduki (item 5.1.1).Este relatório mostra também <strong>um</strong> res<strong>um</strong>o do projeto <strong>de</strong> pesquisa (item 2), com a <strong>de</strong>scrição daproposta e seus objetivos; as disciplinas (item 3.1) cursadas e as aproximações dos seminários e9


monografias com a pesquisa; e <strong>um</strong> estágio em monitoria do PAE (item 4.2) na disciplina <strong>de</strong> Projeto III, docurso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP.10


2 - Res<strong>um</strong>o do projeto <strong>de</strong> pesquisa2.1 - Res<strong>um</strong>oEspecialmente nas décadas <strong>de</strong> 1950, 1960 e 1970, pesquisas do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo <strong>de</strong> Estudos<strong>de</strong> Habitares Interativos, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, têm notado no mercado imobiliário paulistano <strong>de</strong>apartamentos <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> padronização das soluções espaciais, com a introdução e consolidação <strong>de</strong>projetos com plantas-tipo e mesmo edifícios-tipo. A pesquisa tem <strong>como</strong> objetivo investigar os fatores queinfluenciaram a padronização acontecida neste período, estudando o contexto em que ocorreu o processo<strong>de</strong> verticalização e a produção dos edifícios, bem <strong>como</strong> os elementos constitutivos <strong>de</strong> sua espacialida<strong>de</strong>,buscando construir <strong>um</strong> olhar sobre os princípios adotados na concepção dos edifícios. Preten<strong>de</strong>-secontribuir para o entendimento da história e evolução <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> habitacional, dando continuida<strong>de</strong> eampliando <strong>um</strong> trabalho que já vem sendo <strong>de</strong>senvolvido há onze anos sobre o assunto, por váriospesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, sempre contando com financiamento <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento à pesquisa.2.2 - ObjetivosObjetivo geralInvestigar os fatores envolvidos no processo <strong>de</strong> padronização <strong>de</strong> soluções espaciais na produção<strong>de</strong> apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo entre as décadas <strong>de</strong> 1950 e 1970.Objetivos específicos●Estudar o contexto em que se <strong>de</strong>senvolveu o processo <strong>de</strong> verticalização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo naprimeira meta<strong>de</strong> do século XX, assim <strong>como</strong> da modalida<strong>de</strong> habitacional apartamento;●Estudar as conjunturas política, econômica, construtiva, legislativa, entre outras, que possam tercontribuído para a uniformização dos projetos <strong>de</strong> apartamentos efetivada pelos agentes imobiliários;11


●Analisar a produção <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> apartamentos nas décadas <strong>de</strong> 1950, 1960, 1970 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>São Paulo, assim <strong>como</strong> os elementos constitutivos <strong>de</strong> sua espacialida<strong>de</strong>;●Estabelecer <strong>um</strong> breve histórico dos princípios adotados na concepção <strong>de</strong>sses edifícios <strong>de</strong>apartamentos;12


3 - Ativida<strong>de</strong>s e produtos3.1 - DisciplinasPara complementar a pesquisa, procurou-se, sempre que possível, escolher disciplinas e realizarmonografias que remetessem ao objeto <strong>de</strong> estudo. Assim, os trabalhos e ativida<strong>de</strong>s, com base nasquestões e nas bibliografias específicas <strong>de</strong> cada <strong>um</strong>a <strong>de</strong>las, permitiram abordar o tema da pesquisa sobdiferentes enfoques. As disciplinas auxiliaram na revisão bibliográfica: tanto a produção <strong>de</strong> monografiasquanto a preparação dos seminários, foram essenciais na construção do quadro teórico <strong>de</strong>sta pesquisa.Apresenta-se a seguir, a <strong>de</strong>scrição das disciplinas cursadas pelo mestrando, com as respectivasbibliografias, tema e res<strong>um</strong>o das monografias e seminários apresentados, totais <strong>de</strong> créditos e conceitosalcançados:3.1.1 - Disciplina: SAP 5842-3 - "A cida<strong>de</strong> no século XIX – representações e projetos"Docente responsável: Profa. Dra. Telma CorreiaNúmero <strong>de</strong> créditos: 12Conteúdo da disciplina:As cida<strong>de</strong>s européias do século XIX sofreram transformações por causa dos <strong>de</strong>sdobramentos doadvento da indústria. Foram mudanças significativas, <strong>como</strong> as provocadas pelo êxodo rural e o crescimentopopulacional urbano, e o conseqüente alojamento <strong>de</strong>stas pessoas em condições precárias. É nestecontexto que a disciplina se <strong>de</strong>senvolve: sobre a evolução das cida<strong>de</strong>s e as interferências no seu espaçofísico e no modo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus habitantes. Também mostra as propostas <strong>de</strong> melhoramentos eintervenções, n<strong>um</strong>a época em que o urbanismo ainda se formava enquanto disciplina. Avança, estudandoos i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnistas das primeiras décadas do século XX.Nestes i<strong>de</strong>ais reformadores, a disciplina priorizou <strong>um</strong>a análise seguindo principalmente: a cida<strong>de</strong><strong>como</strong> questão sanitária, econômica e social. Uma das primeiras questões abordadas foi a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública,13


feita pelos médicos sanitaristas. O habitat precário dos operários das fábricas foi alvo <strong>de</strong> rigorosas normasque, por vezes, chegavam a <strong>de</strong>sapropriação e a <strong>de</strong>rrubada da casa. A questão sanitária também ajudavana ação <strong>de</strong> alguns empresários do setor fundiário para a viabilização <strong>de</strong> seus empreendimentos na cida<strong>de</strong>.Outro problema é que a conformação espacial da cida<strong>de</strong> medieval não era mais válida para os interessescapitalistas. Alg<strong>um</strong>as reformas foram feitas com o objetivo <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar o fluxo <strong>de</strong> pessoas, veículos emercadorias. Por fim, o espaço da cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> segregação social, n<strong>um</strong>a luta <strong>de</strong> classes que seacentuava cada vez mais.Foram realizadas aulas expositivas e seminários, apresentados pelos alunos. Os temas abordadosforam: as representações da cida<strong>de</strong> - a cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> questão sanitária e moral; a cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> questãosocial e econômica; a construção do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> habitat mo<strong>de</strong>rno - novos requisitos <strong>de</strong> higiene, conforto eprivacida<strong>de</strong>; economia e velocida<strong>de</strong>. As reformas urbanas e os mo<strong>de</strong>los alternativos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> - as utopiasurbanas do século XIX (os mo<strong>de</strong>los teóricos e as experiências); os núcleos fabris e cida<strong>de</strong>s mineiras; ascida<strong>de</strong>s-jardim; os projetos <strong>de</strong> expansão urbana e reforma <strong>de</strong> áreas centrais; Movimento Mo<strong>de</strong>rno e Cida<strong>de</strong>- as vanguardas mo<strong>de</strong>rnistas na arquitetura e urbanismo: rupturas e continuida<strong>de</strong>s com o século XIX; acida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna e aceleração.Bibliografia:AYMONINO, C. La vivienda racional. Ponencias <strong>de</strong> los congressos CIAM 1929-1930. Barcelona, Gustavo Gili, 1973.BEGUIN, F. As Máquinas Inglesas do Conforto. Espaço & Debates, São Paulo, N.34: 39-54, 1991.BENEVOLO, L. As Origens da Urbanística Mo<strong>de</strong>rna. 2 ed. Lisboa, Editorial Presença, 1987.BENJAMIN, W. Paris, capital do século XIX. In: Sociologia. Ática, São Paulo, 1985.BRESCIANI, M. S. Metrópolis: as faces do monstro urbano (as cida<strong>de</strong>s do século XIX). Revista Brasileira <strong>de</strong> História, São Paulo,N. 8 e 9:35-68, 1985.BURKE, E. Uma investigação filosófica sobre a origem <strong>de</strong> nossas idéias do sublime e do belo. Campinas, Papirus, Ed. daUNICAMP, 1993. CIUCCI, Giorgio et alli. La Ciudad Americana. De la guerra civil al New Deal. Barcelona, Gustavo Gili, 1975.CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realida<strong>de</strong>s - <strong>um</strong>a Antologia. São Paulo, Perspectiva, 1979.CONSIDÉRANT, V. L’architectonique du phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.CORBIN, A. O Território do Vazio: a praia e o imaginário oci<strong>de</strong>ntal. São Paulo, Cia. das Letras, 1989.ENGELS, F. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Coleção Bases, N. 47. 2 ed. São Paulo, Global, 1985.FOURIER, C. Le Phalanstère. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.14


GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo, Perspectiva, 1977. HALL, Peter. Cida<strong>de</strong>s do Amanhã. São Paulo, Perspectiva,1995.LE CORBUSIER. A Carta <strong>de</strong> Atenas. São Paulo, Ed<strong>usp</strong>-Hucitec, 1993.OWEN, R. Plan d’un village industriel. in: RONCAYOLO, Marcel. Villes & Civilisation Urbaine. Paris, Larousse, 1992.SCHORSKE, C. Viena Fin-<strong>de</strong>-Siècle. São Paulo, Companhia das Letras, 1988.SITTE, C. A construção das cida<strong>de</strong>s segundo seus princípios artísticos. São Paulo, Ática, 1992.URGERS, L. Comunas em el Nuevo Mundo: 1740-1971. Barcelona, Gustavo Gili, 1978.Trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos:● seminário - análise do texto “Maneiras <strong>de</strong> Morar“, <strong>de</strong> Michele Perrot● monografia - “O processo <strong>de</strong> verticalização em São Paulo - origens“Conceito: BForam realizados dois trabalhos para a disciplina, <strong>um</strong>a apresentação <strong>de</strong> seminário e <strong>um</strong>amonografia. O seminário fez <strong>um</strong>a análise do artigo "Maneiras <strong>de</strong> morar" <strong>de</strong> Michele Perrot, integrante dacoleção História da Vida Privada. Através da compreensão do modo <strong>de</strong> vida burguês, o texto ajudou apesquisa <strong>de</strong> mestrado a contextualizar historicamente as origens <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agenciamento dahabitação, que se consolidou posteriormente nos projetos <strong>de</strong> apartamentos brasileiros.“A or<strong>de</strong>m dos ritos e lugares apropriados compartimenta o espaço e o tempo“, diz a autora. Através<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scrição, nota-se <strong>como</strong> a classe dominante vivia em suas casas. O <strong>de</strong>senho da planta previa <strong>um</strong>aativida<strong>de</strong> específica para cada cômodo, originando <strong>um</strong>a hierarquia entre eles. Os ambientes eramagrupados conforme os usos, <strong>de</strong>marcando zonas estanques. Os empregados foram cuidadosamenteretirados das vistas dos moradores e visitantes, que tem agora, acessos e circulações particulares.Encontram-se similarida<strong>de</strong>s entre esta configuração e as plantas da maioria dos apartamentos paulistanosestudados nesta pesquisa. A apresentação <strong>de</strong>ste seminário mostrou as origens <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo que omercado imobiliário sempre teve <strong>como</strong> base nos seus empreendimentos, n<strong>um</strong> processo que levou a <strong>um</strong>apadronização espacial.Outros autores mostram <strong>como</strong> esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planta tripartida foi importada e adaptada emprojetos realizados no Brasil. Nos apartamentos da década <strong>de</strong> 1910 – projetos que compõem o banco <strong>de</strong>15


dados <strong>de</strong> apartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – é possível notar que no início era feito <strong>um</strong> <strong>de</strong>senho comcaracterísticas da planta colonial brasileira, e que somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> tempo é que foi introduzido asolução francesa. Carlos Lemos (1976) afirma que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo existia <strong>um</strong> esforço para aproximar oespaço dos apartamentos com os palacetes da classe abastada. Ele <strong>de</strong>screve alguns elementos notadosnos apartamentos brasileiros, que percebe-se também através do texto <strong>de</strong> Michele Perrot sobre a burguesiafrancesa. A distinção das circulações, a existência <strong>de</strong> cômodos com usos <strong>de</strong>terminados, e a predominância<strong>de</strong> certo "gosto francês":"Os edifícios <strong>de</strong>veriam ter `entradas nobres´ e entradas <strong>de</strong> serviço (...) Deveriam terpelo menos duas salas, inclusive a <strong>de</strong> visitas (...) Os estilos arquitetônicos, variados,com a predominância do `gosto francês´ (...) Precisava-se alar<strong>de</strong>ar que oapartamento era coisa <strong>de</strong> família; casa <strong>de</strong> respeito. Moradia completa, com copa ecozinha, salas <strong>de</strong> jantar e <strong>de</strong> visitas, e com a<strong>como</strong>dações para criadagem,principalmente." (Lemos, 1976)Sobre os palacetes construídos em São Paulo, Maria Cecília Naclério Homem (1996) afirma quereproduziam-se aqui as mesmas soluções encontradas na casa francesa, <strong>como</strong> a circulação feita a partir dovestíbulo: "Aparecia quase sempre a mesma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências e <strong>de</strong> funções <strong>de</strong>signadas pela mesmanomenclatura." Apesar disso, a autora diz que nestas moradias <strong>de</strong> elite também havia reminiscências dacasa colonial, <strong>como</strong> o gabinete e <strong>um</strong> quarto <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s na parte fronteira do térreo. Ela ainda dá <strong>um</strong>aidéia <strong>de</strong> <strong>como</strong> era a relação da elite cafeeira paulista com a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, que acabou virando referênciacultural para os brasileiros: ”Ia-se para lá a negócios, estudos, lazer, tratamentos médicos, e mesmo paramorar. Era em Paris, a gran<strong>de</strong> meca, que o fazen<strong>de</strong>iro passava longas temporadas. Acompanhado dafamília e <strong>de</strong> criados, alugava apartamentos e andares inteiros <strong>de</strong> hotéis.” (Homem, 1996) As viagens para aEuropa se acentuaram a partir das primeiras décadas do século XX por causa dos progressos no transportemarítimo (Durand, 1989).16


figura 3 - edifício <strong>de</strong> apartamentos projetado por Samuel das Neves em 1914, na rua Florêncio <strong>de</strong> Abreu esquina rua Senador Queiroz– duas unida<strong>de</strong>s por andar, duas propostas <strong>de</strong> plantas diferentes. Transição da planta colonial para a planta burguesa: na opção dadireita, os quartos estão no centro, com <strong>um</strong> gabinete e <strong>um</strong>a sala na frente, e jantar (varanda) e cozinha nos fundos; na opção daesquerda, já existe <strong>um</strong>a indicação <strong>de</strong> outra forma <strong>de</strong> agrupamento, <strong>como</strong> sala <strong>de</strong> jantar-copa-cozinha (fonte da imagem: banco <strong>de</strong>dados <strong>de</strong> apartamentos <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)Queiroz (2008) mostra que as plantas dos apartamentos construídos nos boulevares parisienses apartir <strong>de</strong> 1853 – sob o comando do Barão Georges Haussman, no Império <strong>de</strong> Napoleão III – se constituíramn<strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo difundido e adotado ”em diversos lugares no mundo, inclusive no Brasil.”As análises feitas com o seminário apresentado na disciplina, somado a revisão bibliográfica sobrea história da habitação brasileira (Durand, 1989; Homem, 1996; Lemos, 1976 e 1985; Reidy, 1987; ReisFilho, 1970; Souza, 1978), mais a reflexão teórica realizada pelo <strong>Nomads</strong> sobre esse tema em mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>zanos <strong>de</strong> pesquisa, ajudaram a enten<strong>de</strong>r a origem <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> apartamento, que é tão difundido até osdias <strong>de</strong> hoje. Todas estas informações <strong>de</strong>ram suporte teórico para a leitura do banco <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>apartamentos.No seminário tentou-se <strong>um</strong>a aproximação do texto <strong>de</strong> Perrot com os exemplares burgueses <strong>de</strong>apartamentos, analisando os usos na unida<strong>de</strong> habitacional. Por outro lado, na monografia, procurou-secompreen<strong>de</strong>r as origens da verticalização no Brasil. Como foram produzidos os primeiros edifícios, em quecontexto político e com que Capital. Como se organizaram os primeiros empresários da fase caracterizada<strong>como</strong> rentista: o trabalho investiga a evolução do capital dos cafeicultores paulistas, e sua utilização namo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo no início do século XX. Principalmente, no que contribuiu para aorigem do processo <strong>de</strong> verticalização urbana.17


Referências do seminário:Berquó, E. A família no século XXI – <strong>um</strong> enfoque <strong>de</strong>mográfico. In: Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> População. v. 6. n. 2. SãoPaulo, julho/<strong>de</strong>zembro 1989Durand, J. C. Arte, privilégio e distinção. Parte II – Importação do "Mo<strong>de</strong>rnismo" (1890-1945). Capítulo 4,5 e 6. São Paulo:Perspectiva / EDUSP, 1989Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas <strong>de</strong> morar da elite cafeeira – 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes,1996Lemos, C. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 1985Lemos, C. Cozinhas, etc. – <strong>um</strong> estudo sobre as zonas <strong>de</strong> serviço da casa paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976Perrot, M. Maneiras <strong>de</strong> morar. In: História da Vida Privada vol<strong>um</strong>e 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial. São Paulo:Companhia das Letras, 1991Queiroz, F. A. <strong>de</strong>. Apartamento mo<strong>de</strong>lo – arquitetura, modos <strong>de</strong> morar e produção imobiliária na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.Dissertação <strong>de</strong> mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2008Reidy, A. E.. Inquérito nacional <strong>de</strong> arquitetura. In: Xavier, Alberto (org). Arquitetura mo<strong>de</strong>rna brasileira – <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>ageração. São Paulo: ABEA / FVA / PINI, 1987Reis Filho, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1970Souza, A. <strong>de</strong>. Arquitetura no Brasil – <strong>de</strong>poimentos. São Paulo: EDUSP/Diadorim, 1978Referências da monografia:Bruna, P. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976Cano, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977Dean, W. A industrialização <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.Ficher, S. Edifícios altos no Brasil. In: Revista Espaços e Debates n. 37. São Paulo, 1994Ficher, S. Os arquitetos da Poli – ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005Foot, F.; Leonardi, V. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1982Lemos, C. Cozinhas, etc. – <strong>um</strong> estudo sobre as zonas <strong>de</strong> serviço da Casa Paulista. São Paulo: Perspectiva, 1976Pereira, J. C. Estrutura e Expansão da Indústria em São Paulo. São Paulo: Nacional, 1967Segawa, H. Arquiteturas no Brasil – 1900-1990. São Paulo: EDUSP, 1997Segawa, H. Prelúdio da metrópole – arquitetura e urbanismo na passagem do século XIX ao XX. São Paulo: Ateliê, 2000Serapião, F. Quatro pecados louváveis. In: Arcoweb, artigos. 2006. Disponível em www.arcoweb.com.br/<strong>de</strong>bate/<strong>de</strong>bate87. Acessoem 1 maio 200818


Silva, L. O. da. A constituição das bases para a verticalização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. In: Vitruvius, arquitextos. 2007. Disponívelem www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp399. Acesso em 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2008Silva, S. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: Alfa-omega, 1976Somekh, N. A cida<strong>de</strong> vertical e o urbanismo mo<strong>de</strong>rnizador – São Paulo 1920-1939. São Paulo: EDUSP, Nobel, 1997Souza, M. A. A. <strong>de</strong>. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da metrópole – a verticalização em São Paulo. São Paulo: HUCITEC / EDUSP, 1994Tramontano, M. Paris, São Paulo, Tókio – novos modos <strong>de</strong> vida, novos espaços <strong>de</strong> morar. Tese <strong>de</strong> doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1998Wilheim, J. São Paulo metrópole 65. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 19653.1.2 - Disciplina:SAP 5824-5 - "O espaço da cida<strong>de</strong> I – gênese e formação do urbanismo mo<strong>de</strong>rno"Docente responsável: Prof. Dr. Carlos Andra<strong>de</strong>Número <strong>de</strong> créditos: 12Conteúdo da disciplina:A disciplina estuda as teorias e proposições urbanísticas aparecidas na Europa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oRenascimento, passando pelo Barroco e pelo Il<strong>um</strong>inismo, até as utopias formuladas no século XIX. Oobjetivo foi o entendimento das propostas da vanguarda arquitetônica dos anos 1920 a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>referencial que se construiu ao longo <strong>de</strong>stes séculos. Teve o seguinte conteúdo programático: ●formulações pioneiras do urbanismo mo<strong>de</strong>rno: planos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais e principescas do Renascimento eBarroco; as reformas do Papa Sixto V em Roma (1585-90); os planos <strong>de</strong> Wren e Evelyn para Londres(1666); o plano <strong>de</strong> Léblond para São Petersburgo (1717); o plano <strong>de</strong> Patte para Paris (1748); o plano <strong>de</strong>reconstrução <strong>de</strong> Lisboa por Pombal (1755); antecipações da idéia <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> jardim nas propostassetecentistas <strong>de</strong> John Sinclair e John Claudius Loudon; o plano <strong>de</strong> Ledoux para as Salinas <strong>de</strong> Chaux(1780); o plano <strong>de</strong> L‟Enfant para Washington (1791) ● As reformas haussmannianas em Paris ● a “TeoriaGeneral <strong>de</strong> la Urbanización” <strong>de</strong> Il<strong>de</strong>fonso Cerdá e seu plano <strong>de</strong> expansão para Barcelona. ● os planos <strong>de</strong>Weinbrenner para a expansão <strong>de</strong> Karlsruhe (1859) e <strong>de</strong> Hobrecht para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Berlim (1862).A tratadística germânica: Ba<strong>um</strong>eister e Stübben ● expansão e reforma da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viena: o projeto daRingstrasse e as concepções <strong>de</strong> Camillo Sitte ● o urbanismo norte-americano: planos <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rick Law19


Olmsted e do Movimento “City Beautiful”. ● o urbanismo sanitarista e a atuação dos engenheiros naconstrução e reforma das cida<strong>de</strong>s: os planos <strong>de</strong> Aarão Reis para Belo Horizonte (1894), <strong>de</strong> Pereira Passospara o Rio <strong>de</strong> Janeiro (1902) e <strong>de</strong> Saturnino <strong>de</strong> Brito para Santos (1904).BibliografiaAshworth. The Genesis of Mo<strong>de</strong>rn British Town Planning, Londres, Routledge and Kegan Paul, 1972Aymonino. Orígenes y Desarrollo <strong>de</strong> la Ciudad Mo<strong>de</strong>rna, Barcelona, G.Gili, 1970Bassols, M. et alli (eds.). Atlas Histórico <strong>de</strong> Ciuda<strong>de</strong>s Europeas, Barcelona,Salvat, 1996Bergeron (ed.). Paris. Génèse d‟une Paysage. Paris, Picard, 1989Calabi e Folin. Eugène Hénard. Alle origini <strong>de</strong>ll'urbanistica. La costruzione <strong>de</strong>lla metropoli, Padova, Marsilia, 1972Cerda. Las Cinco Bases <strong>de</strong> la Teoria General <strong>de</strong> la Urbanización, Barcelona, Electa, 1996Choay. The Mo<strong>de</strong>rn City: planning in the 19th century, New York, 1970Duby (ed.). Histoire <strong>de</strong> la France Urbaine 4. La ville <strong>de</strong> l’âge industriel : le cycle haussmannien, Paris, Du Seuil, 1983Giedion. Space, Time and Architecture. The growth of a new tradition, Cambridge, Harvard University Press, 1954Dupuy. Urbanisme et Technique, ParisCentre <strong>de</strong> Recherche d'Urbanisme, 1979Hegemann e Peets. The American Vitruvius: an architect's handbook of civic art. Nova Iorque, Princeton Architectural Press, 1989Mancuso. Las Experiencias <strong>de</strong>l Zoning, Barcelona, Gustavo Gili, 198OManieri Elia et alli. La Ciudad Americana. De la Guerra Civil al New Deal, Barcelona, Gustavo Gili, 1975Munford. The Culture of Cities, New York. ________ (1961). The City in History, New York, 1938Olsen. The City as a Work of Art: London, Paris, Viena, Yale Univ. Press, 1966Quilici. Ciudad Rusa y Ciudad Sovietica, Barcelona, Gustavo Gili, 1978Piccinato, La Costruzione <strong>de</strong>ll'Urbanistica. Germania 1871?1914, Roma, Officina, 1977Pinon. Les Traversées <strong>de</strong> Paris : <strong>de</strong>ux siècles <strong>de</strong> révolutions dans la ville, Paris, Moniteur, 1989Pinkney. Napoleon III and the Rebuilding of Paris, Princeton, New Jersey, Univ. Press, 1972Reps. Urban Planning, 1794-1918: an International Anthology of Articles, Conference Papers and Reports,http://www.library.cornell.edu/Reps/, 2001Roncayolo e Paquot. Villes et Civilisation Urbaine XVIIIe – XXe siècle, Paris, Larousse, 1992Salgueiro. Engenheiro Aarão Reis : o progresso <strong>como</strong> missão, Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1997Sica. Historia <strong>de</strong>l Urbanismo. El Siglo XIX, 2 vols, Madri, IEAL. ________ (1982). Historia <strong>de</strong>l Urbanismo. El Siglo XVIII, Madri, IEAL,198120


Sitte. A Construção das Cida<strong>de</strong>s segundo seus Princípios Artísticos, São Paulo, Ática, 1992Sutcliffe (ed.). The Rise of Mo<strong>de</strong>rn Urban Planning, 1800-1914. Londres, Mansell, 1980Sutton. Civilizing American Cities. A selection of Fre<strong>de</strong>rick Law Olmsted's writings on city landscapes. Cambridge,Massachusetts, The MIT Press, 1971Vercelloni. Atlante Storico <strong>de</strong>ll’I<strong>de</strong>a Europea <strong>de</strong>lla Città I<strong>de</strong>ale. Milão, Jaca Book, 1994Wieczoreck. Camillo Sitte et les Débuts <strong>de</strong> l'Urbanisme, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1981Wilson. The City Beautiful Movement. Baltimore e Londres, The John Hopkins University Press, 1994Zuconni. Camillo Sitte e i suoi Interpreti, Milão, Franco Angeli, 1992Trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos:● seminário - análise do plano <strong>de</strong> Atilio Correa Lima e Armando Godoy para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia● monografia sobre Camillo SitteConceito: BOs seminários foram realizados em grupos <strong>de</strong> 3 alunos e tinham a proposta <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>sprojetadas entre meados do século XIX e os anos 30 do século XX. O docente indicou a cida<strong>de</strong> que o grupodo mestrando <strong>de</strong>veria analisar: Goiânia, e os planos iniciais <strong>de</strong> Atilio Correa Lima e Armando Godoy. Noseminário priorizou-se o contexto <strong>de</strong> mudança da capital do Estado; o projeto e suas influências; e a suaimplantação. O estudo da mudança <strong>de</strong> capital no Estado <strong>de</strong> Goiás evi<strong>de</strong>nciou alg<strong>um</strong>as transformaçõespolíticas e sociais da época. Enten<strong>de</strong>u-se as opções que o governo Vargas tomou para o <strong>de</strong>senvolvimentodo país. Este trabalho também mostrou as relações do governo com a produção imobiliária privada, equestões <strong>como</strong> a especulação fundiária e as restrições para a construção na nova cida<strong>de</strong>. Foi importanteperceber a projeto da cida<strong>de</strong> inserido n<strong>um</strong> contexto político, legislativo, econômico e social.21


figura 4 - plano <strong>de</strong> Atílio Correa Lima para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia, que previa inicialmente <strong>um</strong>a população <strong>de</strong> 50.000 habitantesO tema da monografia da disciplina também foi indicado pelo docente: estudo das idéias <strong>de</strong> CamilloSitte através <strong>de</strong> sua principal obra, "A construção das cida<strong>de</strong>s segundo seus princípios artísticos". O estudoprocurou mostrar as principais características da teoria formulada por Sitte, inserindo-a n<strong>um</strong> contexto <strong>de</strong>mudanças nas cida<strong>de</strong>s européias, adaptando-as ao <strong>de</strong>senvolvimento industrial. A monografia <strong>de</strong>stadisciplina foi a primeira <strong>de</strong>senvolvida pelo bolsista, e contribuiu também do ponto <strong>de</strong> vista metodológico. Aprocura <strong>de</strong> <strong>um</strong>a bibliografia a<strong>de</strong>quada para o tema, a sistematização, a leitura e análise dos dados, areflexão teórica, as discussões em classe e a produção da monografia ajudaram na compreensão <strong>de</strong>procedimentos metodológicos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a pesquisa científica.Referências da monografia:Ananian, P.; Silva, B. F. C.. Das passagens cobertas aos calçadão comercial – <strong>um</strong>a busca pela h<strong>um</strong>anização do espaço público.In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> história Urbana. Agudos, 2004Andra<strong>de</strong>, C. R. M. <strong>de</strong>. Ressonâncias sitteanas no urbanismo brasileiro. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana.Agudos, 200422


Benevolo, L. As origens da urbanística mo<strong>de</strong>rna. Lisboa: Presença, 1987Bittencourt, L. C. Regularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sejadas. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Bresciani, M. S. M.. Camillo Sitte entre a estética romântica e a eficiência mo<strong>de</strong>rna. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong>História Urbana. Agudos, 2004Calabi, D. Camillo Sitte. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Choay, F. A regra e o mo<strong>de</strong>lo – sobre a teoria da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1985Choay, F. Urbanismo – utopias e realida<strong>de</strong>s. São Paulo: Perspectiva, 1979Costa, L. A. M. De Immanuel Kant a camillo Sitte – as noções <strong>de</strong> história, estética e projeto em "A construção das cida<strong>de</strong>ssegundo seus princípios artísticos". In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Enokibara, M. Joseph Antoine Bouvard e o <strong>de</strong>bate das propostas elaboradas para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo no início do séculoXX. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Homem, M. C. N. O palacete paulistano – e outras formas urbanas <strong>de</strong> morar da elite cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 1996Le Corbusier. A Carta <strong>de</strong> Atenas. São Palo: EDUSP, 1993Le Corbusier. Precisões <strong>de</strong> <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004Leme, M. C. da S. Princípios da composição dos conjuntos arquitetônicos nas cida<strong>de</strong>s brasileiras. In: Anais do I CongressoInternacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Paoli, P. <strong>de</strong>. Camillo Sitte e Fre<strong>de</strong>rick Law Olmsted – duas utopias do espaço público. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong>História Urbana. Agudos, 2004Perrot, M. (org). História da vida privada – da revolução francesa a primeira guerra. V. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1990Retto Junior, A. da S. Victor da Silva Freire e Camillo Sitte: o <strong>de</strong>bate urbano da ENCP a São Paulo. In: Anais do I CongressoInternacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Rodrigues, A. A. V.. Campinas Fin-<strong>de</strong>-siècle. In: Anais do I Congresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Rossi, A. A arquitetra da cida<strong>de</strong>. São Paulo: Martins Fontes, 1998Rybczynski, W. Casa – pequena história <strong>de</strong> <strong>um</strong>a idéia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 2002Salgado, I. Uma leitura sobre a concepção estética <strong>de</strong> Camillo Sitte – a construção do espaço perspectivo. In: Anais do ICongresso Internacional <strong>de</strong> História Urbana. Agudos, 2004Sitte, C. A construção das cida<strong>de</strong>s segundo seus princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992Schorske, K. Viena-fin-<strong>de</strong>-siècle – política e cultura. São Paulo: Schwarcz, 199023


Referências do seminário:ACKEL, L. G. M. Attílio Corrêa Lima: <strong>um</strong> urbanista brasileiro (1930-1943). Dissertação (Mestrado). Universida<strong>de</strong> PresbiterianaMackenzie, São Paulo, 1996.BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.CHAVEIRO, E. F. Goiânia: <strong>um</strong>a metrópole em travessia. Tese (Doutorado). Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Letras e Ciências H<strong>um</strong>anas,Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo, 2001.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Goiânia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto, 1942.LEME, M. C. S. (org). Urbanismo no Brasil, 1895-1965. São Paulo: FUPAM, Studio Nobel, 1999.MANSO, C. F. A. Goiânia: <strong>um</strong>a concepção urbana, mo<strong>de</strong>rna e contemporânea – Um certo olhar. Goiânia: edição do autor, 2001.MORAES, L. M. A segregação planejada: Goiânia, Brasília e Palmas. 7- Goiânia: Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás, 2003.MOTA, J. C. Planos diretores <strong>de</strong> Goiânia, década <strong>de</strong> 60: A inserção dos arquitetos Luís Saia e Jorge Wilheim no campo doplanejamento urbano. Dissertação (Mestrado). Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. São Carlos, 2004.PIAZZALUNGA, R. Tempo e cida<strong>de</strong>s: o tempo <strong>como</strong> condição fundamental ao <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s contemporâneas.Dissertação (Mestrado). Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. São Carlos, 1998.RIBEIRO, M. E. J. Goiânia: os planos, a cida<strong>de</strong> e o sistema <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s. Goiânia: Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás, 2004.SABINO JUNIOR, O. (org). Goiânia Doc<strong>um</strong>entada. São Paulo: Edigraf, 1960.UNES, W.. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Art Déco em Goiânia. São Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, 2003.3.1.3 - Disciplina: SAP 5825-4 - "Arquitetura e cida<strong>de</strong> na poética das vanguardas"Docente responsável: Prof. Dr. Carlos MartinsNúmero <strong>de</strong> créditos: 12Conteúdo da disciplina:A proposta da disciplina foi mostrar as idéias das diferentes correntes <strong>de</strong> pensamento dasvanguardas européias das primeiras décadas do século XX, <strong>como</strong> o Futurismo, o neo-Plasticismo e oPurismo, percebendo seus pontos <strong>de</strong> contato e sua heterogeneida<strong>de</strong>. Para tanto, a análise foi feita a partir<strong>de</strong> artigos e livros escritos pelos protagonistas do Movimento Mo<strong>de</strong>rnista. O programa da disciplina previu oestudo: ● metrópole <strong>como</strong> espaço da abstração; ● o Futurismo e a cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> lócus da velocida<strong>de</strong>; ● Neoplasticismoe a dissolução da arquitetura na cida<strong>de</strong>; ● o urbanismo Expressionista e a Kronenstadt; ●24


urbanismo Alemão <strong>de</strong> entre-guerras e as Siedlungen; ● Hilberseimmer, a Nova Objetivida<strong>de</strong> e a Grosstadt;● Le Corbusier: cida<strong>de</strong>, paisagem e território; ● Construtivismo e Cida<strong>de</strong>: Urbanismo e <strong>de</strong>surbanismo naUnião Soviética; ● leituras e Críticas da Carta <strong>de</strong> Atenas.Bibliografia:Azevedo, R. M.. Metrópole: Abstração. São Paulo, Perspectiva, 2005Banhan, R. Teoria e Projeto na Primeira Era da Máquina. São Paulo, Perspectiva, 1975Colquhoun, A. La Arquitectura Mo<strong>de</strong>rna. Una historia <strong>de</strong>sapasionada. Barcelona, Gili, 2005.Debene<strong>de</strong>ttiI, M. e Pracacchi, A. Antologia <strong>de</strong>ll'architettura mo<strong>de</strong>rna. Testi, manifesti e utopie, Bologna, Zanichelli, 1988.Droste, M. Bauhaus 1919-1993, Berlim, Taschen, 1991Fabris, A. Futurismo: <strong>um</strong>a poética da Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, S. Paulo, Perspectiva /EDUSP, 1987Fishmann, R. L'Utopie Urbaine au XX e Siécle: Ebenezer Howard, F.L. Howard, Le Corbusier, Bruxelas, Pierre Mardaga, 1979Fiz, S. M. (org) La arquitectura <strong>de</strong>l Siglo XX. Madrid, Alberto Corazón. (Comunicación V. 21), 1974Hulten, P.; Celant, G.; Faucherau, Serge; G. (orgs) Futurismo & Futurismi. Milan: Bompiani, 1986Hall, P. Cities of Tomorrow: an intellectual history of urban planning and <strong>de</strong>sign in the XXth century, Oxford: Blackwel, 1988Hilberseimer, L. La Arquitectura <strong>de</strong> la Gran Ciudad. Barcelona, Gili, 1979. Ed. orig.: Suttgart: Julius Hoffmann, 1929.Hitchcock, H. R. Arquitectura <strong>de</strong> los Siglos XIX y XX. Barcelona: Cátedra, 1998.H<strong>um</strong>blet, C. Le Bauhaus, Lausanne, Ed, L'Age d'Homme, 1980Le Corbusier. Por <strong>um</strong>a Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 19??Le Corbusier. Urbanismo. São Paulo: Martins Fontes, 200?Le Corbusier. Precisões sobre <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.Le Corbusier e Ozenfant, A. Depois do Cubismo. São Paulo: Cosac NaifyMartins, C. A. F. Razón, Ciudad y Naturaleza: La génesis <strong>de</strong> los conceptos en el urbanismo <strong>de</strong> Le Corbusier, (Tese <strong>de</strong>Doutorado), Madrid, 1992ETSAM Universidad Politécnica <strong>de</strong> Madrid. Memoria <strong>de</strong>l Futuro: Arte italiano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> las primeras vanguardias e la posguerra,(CELANT, Germano; Gianelli, Ida, Orgs.), Milano/Madrid, Bompiani, 1990.M<strong>um</strong>ford, E. The CIAM Discourse on Urbanism, 1928-1960. Cambridge, Mass: MIT Press, 2000Ockman, J. Architecture Culture 1943-1968. A doc<strong>um</strong>entary anthology. New York, Col<strong>um</strong>bia / Rizzoli, 1993Pehnt, W. Arquitectura Expresionista, Barcelona, Gili, 1975Sica, P. Historia <strong>de</strong>l Urbanismo. El Siglo XX, Madrid Instituto <strong>de</strong> Estudios <strong>de</strong> Administración Municipal, 198425


Sert, J. L. Can our cities survive? An abc of urban problems, their analysis; their solutions, based on the proposal formulated.Cambridge: Harvard Univ. Press, 1944Tafuri, M. e Dalco, F. Mo<strong>de</strong>rn Architecture, Londres, Aca<strong>de</strong>my Editions. (2 vols), 1980TafuriI, M. e outros. De la Vanguardia a la Metrópoli, Barcelona, Gili, 1973Tournikiotis, P. The Historiography of Mo<strong>de</strong>rn Architecture. Cambridge, Londres, MIT Press, 1999VV.AA., Constructivismo, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 19), 1973.VV.AA., Socialismo, Ciudad, Arquitectura URSS 1917-1937, Madrid, Alberto Corazón Ed. (Comunicación 23) 1973.Worringer, W. Naturaleza y Abstracción. México: Fondo <strong>de</strong> Cultura. 1996.Trabalho <strong>de</strong>senvolvido:● monografia - “Alg<strong>um</strong>as referências mo<strong>de</strong>rnistas em São Paulo“Conceito: BO objetivo da monografia foi i<strong>de</strong>ntificar alg<strong>um</strong>as influências <strong>de</strong> arquitetos mo<strong>de</strong>rnistas queprojetaram edifícios resi<strong>de</strong>nciais na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo nas décadas <strong>de</strong> 1930, 1940 e 1950. Ai<strong>de</strong>ntificação das referências acadêmicas, mais suas experiências profissionais iniciais auxiliaram naconstrução <strong>de</strong> <strong>um</strong>a matriz comparativa através da qual se pô<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r melhor sua produção.Dentre os arquitetos mo<strong>de</strong>rnos com produção expressiva <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> apartamentos, quis-secomparar alguns domiciliados profissionalmente em São Paulo com outros que tiveram anteriormenteatuação marcante na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> a modalida<strong>de</strong> apartamentos era mais difundida e maisantiga. Comparou-se, ainda, a produção <strong>de</strong> profissionais formados em instituições <strong>de</strong> ensino nacionais eestrangeiras. Dessa forma, o trabalho abordou a produção <strong>de</strong> Rino Levi e Gregori Warchavchik; e tambémÁlvaro Vital Brazil, os irmãos Roberto e Oscar Niemeyer.O estudo evi<strong>de</strong>ncia que os caminhos trilhados por esses profissionais às vezes se encontraram,mas nota também que, apesar <strong>de</strong> coincidências na formação, a obra <strong>de</strong> cada <strong>um</strong> apresentavaparticularida<strong>de</strong>s. Os arquitetos formados no Rio, por exemplo, foram autores <strong>de</strong> obras mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício <strong>de</strong> suas carreiras, apesar da formação acadêmica clássica que receberam na ENBA. Eles tiveramcontato com personalida<strong>de</strong>s importantes, <strong>como</strong> Le Corbusier e Lucio Costa, mas também tiveram26


experiências <strong>de</strong> viagens, n<strong>um</strong>a época em que a profissão <strong>de</strong> arquiteto e a sua atribuição legal ainda seprenunciava.Uma análise da evolução dos espaços dos apartamentos mostra que o projeto foi per<strong>de</strong>ndoqualida<strong>de</strong> na mesma época em que estes arquitetos mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> atuar profissionalmente. Foijustamente a partir dos anos 1960 que a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifício resi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> problema <strong>de</strong>arquitetura. O estudo do processo <strong>de</strong> projeto, as relações que estes profissionais tinham com o mercadoimobiliário, suas referências acadêmicas e seus primeiros trabalhos, ajudaram a enten<strong>de</strong>r a qualida<strong>de</strong> dosapartamentos projetados por eles.Referência do trabalhoAnelli, R. L. S. Arquitetura e cida<strong>de</strong> na obra <strong>de</strong> Rino Levi. Tese <strong>de</strong> doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995Atique, F.. Memória Mo<strong>de</strong>rna – a trajetória do Edifício Esther. São Carlos: Rima / FAPESP, 2004Batista, A. J. <strong>de</strong> S. Os irmãos Roberto – por <strong>um</strong>a arquitetura constituída <strong>de</strong> padronização e singularida<strong>de</strong>. Dissertação <strong>de</strong>mestrado. Rio <strong>de</strong> Janeiro: PUC, 2006Bruand, Y. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981Conduru, R. Vital Brazil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000Dahier, L. C. O Edifício Esther e a estética do mo<strong>de</strong>rnismo. In: Revista Projeto. n. 31, julho 1981Drebes, F J. O Edifício resi<strong>de</strong>ncial e a arquitetura brasileira (1945-1955). Disponível em: www.do<strong>como</strong>mo.org.br/seminario 5Acesso em: 6 nov 2008Farias, A. A. C. Arquitetura eclipsada – notas sobre história e arquitetura a propósito da obra <strong>de</strong> Gregori Warchavchik,introdutor da arquitetura mo<strong>de</strong>rna no Brasil. v. 2. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. Campinas: IFCH-UNICAMP, 1990Izaga, F. G. <strong>de</strong>. Os Irmãos Roberto – poética urbana da forma e virtuosismo do elemento. Dispónivel em: Acesso em: 12 nov 2008Leal, D. V. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário <strong>de</strong> São Paulo na década <strong>de</strong> 1950 – o escritório satélite sob a direção doarquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Disponível em Acesso em: 13 nov 2008Le Corbusier. Precisões <strong>de</strong> <strong>um</strong> estado presente da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2004Lira, J. T. C. <strong>de</strong>. Ruptura e construção – Gregori Warchavchik, 1917-1927. Disponível em: Acesso em: 28 out 2008Pereira, M. A. Arquitetura, texto e contexto – o discurso <strong>de</strong> Oscar Niemeyer. Brasília: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 1997PROJETO DESIGN. Pioneiros do mo<strong>de</strong>rno. In: Revista Projeto. n. 298, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 200427


Santos, P. Marcelo Roberto. In: Revista Arquitetura. n. 36. Rio <strong>de</strong> Janeiro: IAB, junho 1965Villa, S. Apartamento metropolitano. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. São Carlos: EESC-USP, 2002Un<strong>de</strong>rwood, D. Oscar Niemeyer e o mo<strong>de</strong>rnismo <strong>de</strong> formas livres no Brasil. São Paulo: Cosas Naify, 2002Warchavchik, G. Arquitetura do século XX e outros escritos – Gregori Warchavchik. São Paulo: Cosac Naify, 20063.1.4 - Disciplina:SAP 5879-1 - "tópicos especiais – avaliação pós ocupação no contexto da gestão do processo <strong>de</strong> projeto"Docente responsável: Profs. Drs. Marcelo Tramontano, Márcio Fabrício, Sheila OrnsteinNúmero <strong>de</strong> créditos: 12Conteúdo da disciplina:A disciplina analisou o conceito da APO <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas origens, sua metodologia e suas aplicações.Tem <strong>como</strong> pressuposto que as edificações <strong>de</strong>vem ser sistematicamente avaliadas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> construídas,do ponto <strong>de</strong> vista estrutural, espacial, <strong>de</strong> usos, etc. Conferir eventuais falhas e aferir virtu<strong>de</strong>s projetuais, <strong>como</strong> objetivo <strong>de</strong> melhorar o processo <strong>de</strong> projeto. Além dos Profs. Drs. Marcelo Tramontano e Márcio Fabríciodo Departamento <strong>de</strong> Arquitetura da EESC-USP, as aulas tiveram a participação da Profa. Dra. SheilaOrnstein, que tem pesquisas em APO realizadas no Departamento <strong>de</strong> Tecnologia do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arquitetura da FAU-USP <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984. A professora trouxe, além <strong>de</strong> seus estudosacadêmicos, alguns projetos <strong>de</strong> APO com sua participação em escritórios e edifícios <strong>de</strong> habitações <strong>de</strong>interesse social. O conteúdo da disciplina previa: gestão do processo <strong>de</strong> projeto e a qualida<strong>de</strong> do ambienteconstruído; Avaliação Pós-Ocupação na gestão do processo <strong>de</strong> projeto - conceitos; procedimentosmetodológicos; estudos <strong>de</strong> caso: habitação e escola.BibliografiaADAPTIVE Environments Center. .. FEDERAL FACILITIES COUNCIL. Learning from Our Buildings - a state of the practices<strong>um</strong>mary of post-occupancy evaluation. Washington, DC: National Aca<strong>de</strong>my Press, 2001 (Fe<strong>de</strong>ral Facilities Council TechnicalReport n.º 145).Fabricio, M. Projeto Simultâneo <strong>de</strong> Edifícios. Tese (doutorado) EP-USP, São Paulo, 2002.Grandjean, E. Manual <strong>de</strong> Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1998.28


Grosbois, L. P. Handicap et construction. Conception et réalisation: espaces urbains, bâtiments publics, habitationséquipements et matériels adaptés. Paris : Le Moniteur, 1996.Jong, T.M. <strong>de</strong>; Voordt, D.J.M V. D. (editores). Ways to Study and Research. Urban, Architectural and Technical Design. Delft,Holanda: Delft University Press, 2002.Kernohan, D. et al. User Participation in Building Design and Management. Oxford, England: Butterworth-Heinemann Ltd., 1996.Mace, R. Definitions: Accessible, Adaptable, and Universal Design. Carolina do Sul : The Center for Universal Design, 1990.Disponível em NAOUM, Shamil G. Dissertation Research and Writing for Construction Stu<strong>de</strong>nts. Oxford, MA, USA: ButterworthHeinemann, 2003.Ono, R. The Social and cultural influences on h<strong>um</strong>an behavior in fires and in fire prevention in Japan. Kyoto, Japan: The JapanFoundation Fellowship Program; Disaster Prevention Research Institute, 1999.Ono, R.; Tatebe, K. A study on school children's attitu<strong>de</strong> towards fire safety and evacuation behavior in Brazil and thecomparison with data from Japanese children. In: Proceedings of the 3rd H<strong>um</strong>an Behavior in Fire Symposi<strong>um</strong>, Belfast, 2004.Preiser, W. F.E. Health Center Post-Occupancy Evaluation. Toward Community-wi<strong>de</strong> Quality Standards. In: NUTAU´98 -Arquitetura e Urbanismo: Tecnologias para o Século XXI. São Paulo: NUTAU- Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura eUrbanismo da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (Anais em CD-ROM), 1998.Preiser, W. F. E..; OSTROFF, Eliane (editors). Universal Design Handbook. New York: Mc. Graw Hill, 2001.Trabalho <strong>de</strong>senvolvido:● monografia e seminário – "APO no Conjunto Habitacional da CDHU Waldomiro Lobbe Sobrinho"Conceito: BFoi realizado <strong>um</strong> trabalho no Conjunto Habitacional da CDHU "Waldomiro Lobbe Sobrinho" em SãoCarlos, com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a a<strong>de</strong>quação ao uso nas unida<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> APO. Osresultados se tornaram importante instr<strong>um</strong>ento para o entendimento das <strong>de</strong>ficiências do projeto doapartamento. O levantamento <strong>de</strong> dados foi realizado através <strong>de</strong> visitas feitas no Conjunto pelos trêsintegrantes da equipe. Foram abordadas questões referentes ao uso dos ambientes através da percepçãodo entrevistado. A doc<strong>um</strong>entação se <strong>de</strong>u através <strong>de</strong> registro fotográfico, entrevista com os moradores emedição do layout do mobiliário.29


figura 5 - Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho – São Carlos/SP – foto agosto 2008A análise das informações colhidas em campo mostrou as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso e improvisaçõesfeitas pelas famílias. Existe <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos – computadores, vi<strong>de</strong>o games,televisores, DVDs players, impressoras – que supõem usos diversos, mas que apesar disso situam-se emcômodos mono-funcionais. A própria mobília tem dimensões <strong>de</strong>sproporcionais ao tamanho do ambiente. Naentrevista, <strong>um</strong>a das questões levantadas foi On<strong>de</strong> cost<strong>um</strong>a comprar seus móveis? A gran<strong>de</strong> maioria dosentrevistados disse que compra seus móveis em gran<strong>de</strong>s lojas populares que tem linhas <strong>de</strong> crédito parafinanciamento, <strong>como</strong> Casas Bahia e Magazine Luiza. Pelo levantamento do layout do mobiliário, po<strong>de</strong>-senotar que a maioria das salas, por exemplo, tem os mesmos móveis e que eles se localizam nos mesmoslugares: sofá 2 lugares + sofá 3 lugares + estante com TV.figura 6 - sala <strong>de</strong> apartamento do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobe Sobrinho, São Carlos – sobreposição <strong>de</strong> funções e improvisonos usos: mesa para refeições, computador e sofá.30


Nota-se que a falta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no projeto e a padronização das plantas também são comuns emoutros apartamentos para classes <strong>de</strong> baixa renda produzidos pela CDHU – o website da companhia mostraque existem alg<strong>um</strong>as variações <strong>de</strong> <strong>um</strong> mesmo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planta. O estudo <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s reforça oproblema inicial da pesquisa <strong>de</strong> mestrado: <strong>de</strong> que o projeto é padrão e que existe <strong>um</strong>a incompatibilida<strong>de</strong>das <strong>de</strong>mandas dos moradores com o produto que lhes é oferecido.Referência do trabalhoBarros, R. P. <strong>de</strong> et. al. O nível do salário mínimo no Brasil frente à evidência internacionalhttp://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_006h.pdf ‐ acessado em 01/12/2008BondukiI, N. Origens da Habitação Social no Brasil Arquitetura Mo<strong>de</strong>rna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria, 3ª Ed.,São Paulo, Estação Liberda<strong>de</strong>, Fapesp, 1998.Bonduki, N. (Organizador)‐ Habitat As práticas bem Sucedidas em Habitação, Meio Ambiente e Gestão Urbana nas Cida<strong>de</strong>sBrasileiras, Ed. Studio Nobel, 2ª Ed., São Paulo, 1997CDHU. Manual técnico <strong>de</strong> projetos. Disponível em: www.habitacao.sp.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008Departamento Intersindical <strong>de</strong> Estatística e Estudos Socioeconômicos. CESTA BÁSICA NACIONAL METODOLOGIA – DIEESE/ 1993– http://www.dieese.org.br/rel/rac/metodologia.pdf ‐ acessado em 30/11/2008Dias, M. (Des) Interesse social – procedimentos metodológicos para análise <strong>de</strong> peças gráficas <strong>de</strong> apartamentos. Dissertação <strong>de</strong>Mestrado. São Carlos: EESC‐USP, 2007Estatuto da Cida<strong>de</strong>. ‐ Fe<strong>de</strong>ração Lei 10.257 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> JULHO <strong>de</strong> 2001. FUNDAÇÃO JOÃO RIBEIRO. CENTRO DE ESTATÍSTICA EINFORMAÇÕES. Déficit Habitacional no Brasil 2000/ Fundação João Pinheiro, Centro <strong>de</strong> Estatística e Informações Belo Horizonte,2001.Gitahy, M. L. C. & Pereira, P. C. X. O Complexo Industrial da Construção e a Habitação Econômica Mo<strong>de</strong>rna 1931‐ 1964; /Organizado por Maria Lucia Caira Gitahy e Paulo César Xavier Pereira São Carlos: Rima, 2002.IBGE. Famílias e domicílios – tipos <strong>de</strong> família e perfil dos responsáveis pelas famílias ou domicílios. Disponível em:www.ibge.gov.br. Acesso em: 26 nov 2008Maricato, E. Indústria da construção e política habitacional. Tese <strong>de</strong> doutorado. São Paulo: FAU‐USP, 1984Maricato, E. Habitação Social em Áreas Centrais. Revista <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo. Ocul<strong>um</strong> Ensaios, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquiteturae Urbanismo Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas, Campinas, 2000.Maricato, E. Brasil, cida<strong>de</strong>s ‐ alternativas para a crise urbana, Vozes, Petrópolis, 2001.<strong>Nomads</strong>. Comunida<strong>de</strong>s_On Line domesticida<strong>de</strong> e sociabilida<strong>de</strong> em políticas públicas para inclusão digital – Projeto <strong>de</strong>Pesquisa em políticas públicas – Relatório Parcial 02, maio_2006. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa. São Carlos: EESC‐USP, 2006.31


<strong>Nomads</strong>.. E‐ pesquisa – comportamentos e espaços <strong>de</strong> morar. 2ª edição.Disponível em:www.nomads.<strong>usp</strong>.br/site/epesquisa/Resultados_press_mai04. Acesso em: 27 nov 2008.OrciuoliI, A. Novas formas <strong>de</strong> habitar. A experiência do tempo na arquitetura contemporânea. In: Revista Arquitetura e Urbanismo,n. 101, São Paulo:PINI, 2002, p. 62‐67.Ornstein, S. Avaliação pós‐ ocupação (APO) do ambiente construído/Sheila Ornstein, Marcelo Roméro (colaborador). – São Paulo:Studio Nobel: Editora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1992Ornstein, S. W.; Bruna, G. C.; Romero, M. Avaliação Pós‐ Ocupação do Ambiente Construído. 1a.. ed. São Paulo: StudioNobel/Editora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1992.Romero, Marcelo <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>; ORNSTEIN, Sheila Walbe. (coor<strong>de</strong>nadortes/editores). Avaliação Pós‐ Ocupação. Métodos eTécnicas aplicados à Habitação Social. São Paulo: FAUUSP; ANTAC; FINEP.http://www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/68.zipSite cdhu www.habitacao.sp.gov.brSite IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/site <strong>Nomads</strong>: http://www.nomads.<strong>usp</strong>.br/site/epesquisa/in<strong>de</strong>x.htmSommer, R. A conscientização do <strong>de</strong>sign. São Paulo: Brasiliense, 1979Traamontano, M. et al. 97_07 Dez anos <strong>de</strong> morar no Brasil, disponível em: http://www.eesc.<strong>usp</strong>.br/nomads/SAP5846/97_07final.pdfacessado em 25/11/08Tramontano, M. Novos Modos <strong>de</strong> Vida, Novos Espaços <strong>de</strong> Morar: Paris, São Paulo, Tokyo. Tese <strong>de</strong> Doutorado. SãoPaulo:FAU‐USP, 1998.Tramontano, M. SQCB – apartamentos e vida privada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Tese <strong>de</strong> Livre Docência. São Carlos: EESC-USP,2004Villa, S. Apartamento Metropolitano: Habitações e Modos <strong>de</strong> Vida na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. São Carlos:EESC‐USP, 2002.43.1.5 - Disciplina: SAP 5892-6 - "metodologia e pesquisa bibliográfica"Docente responsável: Profa. Dra. Lauralice <strong>de</strong> Campos Franceschini CanaleNúmero <strong>de</strong> créditos: 632


Conteúdo da disciplina:Mostrou princípios básicos para a elaboração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a pesquisa científica. Des<strong>de</strong> o plano e os seusobjetivos, justificativas e métodos; o levantamento <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entos na biblioteca <strong>de</strong> Engenharia da EESCatravés <strong>de</strong> interfaces gráficas computacionais; coleta e sistematização <strong>de</strong> dados; e análise e apresentaçãodos resultados. Também foram vistas regras para res<strong>um</strong>os <strong>de</strong> trabalhos. Conteúdo da disciplina: ●discussão do método científico, sua natureza, conceitos e tipos. Como transmitir o conhecimento. ● acesso,analise e avaliação do conhecimento em engenharia: situação brasileira e internacional; tipos <strong>de</strong>instituições, ativida<strong>de</strong>s e programas <strong>de</strong> atendimento: bibliotecas, serviços <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entação e informação,bases e bancos <strong>de</strong> dados no Brasil e no exterior. ● estruturas e tipos <strong>de</strong> informação doc<strong>um</strong>entais,n<strong>um</strong>éricas e cadastrais em sistemas <strong>de</strong> informações (bases e bancos <strong>de</strong> dados); análise e avaliação doconhecimento formal – doc<strong>um</strong>entado, organização <strong>de</strong> sua estrutura e síntese (res<strong>um</strong>os, tabelas, quadros,folhas cadastrais); métodos <strong>de</strong> acesso e busca; categorias e tipos <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entos especializados. ●<strong>de</strong>limitação temática da pesquisa, mediante <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> terminologia; <strong>de</strong>scritores, palavras-chaves,sub-áreas e área <strong>de</strong> assunto: planejamento e organização <strong>de</strong> sistemas específicos <strong>de</strong> informaçõesespecializadas; glossários, “thesaurus” e in<strong>de</strong>xação coor<strong>de</strong>nada. ● normalização da doc<strong>um</strong>entação;instituições normalizadoras; apresentação <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> periódicos, trabalhos <strong>de</strong> congresso, referenciaçãobibliográfica e doc<strong>um</strong>ental; redação <strong>de</strong> sinopses, res<strong>um</strong>os e resenhadas. ● revisão da literatura e relatórios<strong>de</strong> estado-da-arte; avaliação e análise <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entos <strong>de</strong>stes tipos, orientador para organização e redação;organização <strong>de</strong> citações e notas. ● estrutura e redação da dissertação e tese: apresentação, partes docorpo e complemento <strong>de</strong>sses doc<strong>um</strong>entos; análise e avaliação <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong>stes tipos e doc<strong>um</strong>entoselaborados no Brasil e no exterior.BibliografiaAssociação Brasileira <strong>de</strong> Normas e Técnicas. Normas sobre doc<strong>um</strong>entação: coletânea <strong>de</strong> normas. Rio <strong>de</strong> Janeiro, ABNT, 1989.Barras, R. Os cientistas precisam escrever: guia <strong>de</strong> redação para cientistas, engenheiros e estudantes, 2a ed. São Paulo, T. A.Queiroz, 1986.Barros, A. J. P. & Lehfel, N. A. <strong>de</strong> S. Fundamentos <strong>de</strong> Metodologia: <strong>um</strong> guia para a iniciação científica. São Paulo, McGraw-Hill,1986.Brunetti, I. S. Proposta <strong>de</strong> <strong>um</strong>a metodologia para integrar os programas <strong>de</strong> educação do usuário. Campinas, 1983.Cervo, A. L. Metodologia Científica, 4a edição, Makron Book, 1996.33


Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura “Luiz <strong>de</strong> Queiroz”, USP. Normas para a elaboração <strong>de</strong> dissertações e teses. Piracicaba, ESALQ,1987.Hamar, A. A. A bibliografia universitária brasileira e sua missão <strong>de</strong> memória agilizada. São Paulo, 1983.Lakatos, E. M. & Marconi, M. <strong>de</strong> A. Fundamentos da Metodologia Científica, Editora Atlas, 1991.Lakatos, E. M. & Marconi, M. <strong>de</strong> A. Metodologia do trabalho cientifico. 4a ed., São Paulo, Editora Atlas, 1992.Mesquita, L. S. Pesquisas bibliográficas em tecnologia. São José dos Campos, ITA, 1970.Mildren, K. V. Use of engineering literature. London, Butter-worths, 1982.Moretti Filho, J. Redação <strong>de</strong> dissertações e teses. Piracicaba, FEALQ, 1982.Rey, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo. E. Blucer, 1978.Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Escola Politécnica. Serviço <strong>de</strong> Bibliotecas. Diretrizes para apresentação <strong>de</strong> dissertações e teses. S.Paulo, Escola Politécnica, USP, 1991.Vieire, S. Como escrever <strong>um</strong>a tese. São Paulo, Livraria Pioneira, 1991. Vários textos do tipo “state-of-the-art”.Trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos:● análise e res<strong>um</strong>o <strong>de</strong> artigos;● apresentação da pesquisa em seminário.Conceito: APara todas as aulas foi feita <strong>um</strong>a análise prévia <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> artigo referente ao seu conteúdo. Asanálises eram doc<strong>um</strong>entadas em res<strong>um</strong>os, feitos seguindo as normas técnicas. Isso ajudou nacompreensão da importância da organização e sistematização <strong>de</strong> dados analisados. A disciplina tambémpreviu a apresentação da pesquisa <strong>um</strong> em seminário. Para isso, o mestrando apren<strong>de</strong>u técnicas <strong>de</strong>apresentação: <strong>de</strong> organização das informações para a apresentação, <strong>de</strong> postura e linguagem a<strong>de</strong>quada,etc.34


3.2 - Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa3.2.1 - Discussões no nomads.<strong>usp</strong>3.2.1.1 - Grupo <strong>de</strong> estudos Espaços <strong>de</strong> MorarO <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Habitares Interativos – contém vários grupos <strong>de</strong> pesquisa,entre eles o Espaços <strong>de</strong> Morar, que faz estudos sobre projetos <strong>de</strong> habitações. Supervisionado pelo Prof.Assoc. Dr. Marcelo Tramontano, conta com a participação <strong>de</strong> pesquisadores em iniciação científica,mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos.Em 2008, foi <strong>de</strong>senvolvido <strong>um</strong> estudo sobre condomínios resi<strong>de</strong>nciais e loteamentos fechados nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Carlos. O objetivo do trabalho foi enten<strong>de</strong>r <strong>como</strong> as famílias vivem nestes espaços e saberos motivos que as levaram a esse tipo <strong>de</strong> moradia. Foi feito <strong>um</strong> levantamento dos condomínios construídosem São Carlos até o ano <strong>de</strong> 2008. O responsável pelas visitas em alguns dos resi<strong>de</strong>nciais foi o urbanistadoutorando Mathieu Perrin, do Instituto <strong>de</strong> Urbanismo <strong>de</strong> Grenoble, da Universida<strong>de</strong> Pierre Men<strong>de</strong>s-France,na França, que esteve em intercâmbio acadêmico no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Foram realizadas entrevistas com osmoradores, através <strong>de</strong> <strong>um</strong> questionário. O trabalho gerou <strong>um</strong> banco <strong>de</strong> dados sobre condomínios, maisrelatórios em pesquisas individuais em iniciação científica e <strong>de</strong> doutorado. A participação do mestrandoneste estudo se <strong>de</strong>u na concepção da pesquisa e também no <strong>de</strong>senvolvimento da sua metodologia: nasdiscussões sobre a forma <strong>de</strong> abordagem dos moradores, nos tipos <strong>de</strong> perguntas levantadas, e no conteúdodas entrevistas. E posteriormente na análise dos dados.35


figura 7 - planta do condomínio resi<strong>de</strong>ncial Mont Serratfigura 8 - planta e foto <strong>de</strong> residência no loteamento fechado Bosque <strong>de</strong> São CarlosDes<strong>de</strong> o começo <strong>de</strong> 2008, existem pesquisadores em iniciação científica no grupo levantando dadossobre apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. A orientação <strong>de</strong>stes estudos é do coor<strong>de</strong>nador do<strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, prof. Marcelo Tramontano, e o mestrando tem participação na orientação. Os dados sãoinseridos n<strong>um</strong> banco <strong>de</strong> dados sobre apartamentos que é continuamente atualizado. Este Banco traz peçasgráficas, <strong>como</strong> fotos, perspectivas, plantas e cortes, e também informações relativas ao incorporador, aoproprietário, ao número <strong>de</strong> pavimentos, etc. Em <strong>um</strong> <strong>de</strong>stes levantamentos foram colhidas informações sobreedifícios produzidos atualmente e que trazem alg<strong>um</strong>a inovação espacial em suas plantas. Foramconsi<strong>de</strong>rados espaços inovadores os projetos que traziam alterações em pelo menos <strong>um</strong> <strong>de</strong>stes aspectos,encontrados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os apartamentos burgueses da Belle Epoque francesa na segunda meta<strong>de</strong> do séculoXIX - e que foram sistematizados pelo doutorando Fábio Queiroz em sua pesquisa <strong>de</strong> mestrado:■ a divisão da planta em cômodos, <strong>como</strong> estratégia <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> usos;36


■ a estanqueida<strong>de</strong> funcional <strong>de</strong> espaços, com a vinculação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a cômodos <strong>de</strong>terminados;■ a existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong> hierarquia entre os espaços;■ a tripartição com o agrupamento <strong>de</strong> cômodos em zonas Social, Íntima, e <strong>de</strong> Serviços;■ a articulação dos cômodos por meio <strong>de</strong> corredores e dispositivos <strong>de</strong> circulação;■ a existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong> hierarquia também entre circulações, separadas para o uso <strong>de</strong> patrões eempregados, inclusive no âmbito coletivo do edifício.figura 9 - opção <strong>de</strong> planta do edifício Aimbere – notar que os quartos estão posicionados nas extremida<strong>de</strong>s do apartamento, tirando ahierarquia dos ambientes. Não existe <strong>um</strong> corredor íntimo que leva a <strong>um</strong>a zona íntima (fonte: banco <strong>de</strong> dados sobre apartamentos<strong>Nomads</strong>.sp)figura 10 - opção <strong>de</strong> planta do edifício Combinatto – notar a existência <strong>de</strong> <strong>um</strong> ambiente <strong>de</strong> trabalho com entrada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (fonte:banco <strong>de</strong> dados sobre apartamentos <strong>Nomads</strong>.sp)Atualmente, está em processo <strong>de</strong> aprovação em agência <strong>de</strong> fomento à pesquisa <strong>um</strong>a outrapesquisa em iniciação científica, <strong>de</strong>sta vez focando no levantamento <strong>de</strong> edifícios resi<strong>de</strong>nciais produzidosnos anos 1940 e 50, e que foram publicados na revista Acrópole. Tanto no estudo sobre apartamentosquanto no <strong>de</strong> condomínios foram periodicamente realizadas reuniões em que os pesquisadores diretamenteenvolvidos apresentavam os seus resultados e os relatórios produzidos.37


Todos os doc<strong>um</strong>entos produzidos por pesquisadores do Espaços <strong>de</strong> Morar, <strong>como</strong> apresentações,relatórios, planos, artigos, dissertações ou teses são discutidas e revisadas por todos. O procedimento <strong>de</strong>análises conjunta constitui <strong>um</strong>a prática consolidada no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, reunindo pesquisadores <strong>de</strong> iniciaçãocientífica, mestrandos e doutorandos e pós-doutorandos. Tal postura proporciona a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong> olhar ampliado sobre o objeto <strong>de</strong> estudo, tendo <strong>como</strong> resultado, leituras mais críticas eplurais. O mestrando também submeteu sua pesquisa em alg<strong>um</strong>as oportunida<strong>de</strong>s às reuniões do grupo,quando produziu estudos para as disciplinas.No mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009 o Grupo participou <strong>de</strong> <strong>um</strong>a reunião em São Paulo, na Universida<strong>de</strong>Mackenzie, com o grupo <strong>de</strong> pesquisa da profa. Dra. Nadia Somekh (item 3.3.1.1.1). Organizou-se tambémalg<strong>um</strong>as visitas a edifícios resi<strong>de</strong>nciais em São Paulo. Os <strong>de</strong>talhes, bem <strong>como</strong> a metodologia usada, e osedifícios escolhidos estão <strong>de</strong>scritos neste relatório no item 4.1.3.2.1.2 - Flash! seminário <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> <strong>de</strong> pesquisas em cursoO Flash! é <strong>um</strong> seminário realizado <strong>um</strong>a vez no ano pelo <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> sobre as pesquisas em cursono núcleo, com o objetivo <strong>de</strong> criar <strong>um</strong> espaço para discussão coletiva.No dia 1 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009 o mestrando participou do Flash! 03 apresentando <strong>um</strong> trabalho. Como apesquisa está voltada para a produção dos apartamentos, foi mostrado <strong>como</strong> ela se <strong>de</strong>u ao longo dos anos:<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a introdução da modalida<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo na década <strong>de</strong> 1910 até o fim da década <strong>de</strong>1970, quando termina o recorte cronológico da pesquisa. Foram i<strong>de</strong>ntificadas três gran<strong>de</strong>s fases: até 1942,caracterizado pelo período rentista, com edifícios produzidos com o objetivo <strong>de</strong> renda; <strong>de</strong> 1942 até 1964,com o surgimento da figura do incorporador e o início <strong>de</strong> <strong>um</strong>a produção para a venda; e a partir <strong>de</strong> 1964,sob a influência do BNH:- 1° período: <strong>como</strong> o capital cafeeiro se diversificou e foi investido na cida<strong>de</strong>, nos setores bancário,industrial, comercial, e diretamente na construção civil;- 2° período: o surgimento da incorporação imobiliária, e o processo <strong>de</strong> metropolização da cida<strong>de</strong> na década<strong>de</strong> 1950;- 3° período: a incorporação segue as diretrizes <strong>de</strong>terminadas pelo BNH, n<strong>um</strong>a época em que a produção<strong>de</strong> edifícios resi<strong>de</strong>nciais passa cada vez mais ser <strong>um</strong>a questão quantitativa.38


O flash <strong>de</strong>u oportunida<strong>de</strong> para o mestrando discutir sua pesquisa com outros integrantes do<strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, alunos e professores do <strong>de</strong>partamento – o seminário foi aberto ao público. Depois daapresentação, houve <strong>um</strong> tempo reservado para discussões sobre a pesquisa. Para a apresentação, omestrando teve que produzir <strong>um</strong> artigo sobre o tema abordado.figura 11 - capa apresentação da pesquisa para o seminário Flash – junho 20083.2.2 – Artigos em eventos3.2.2.1 - "Avaliação da qualida<strong>de</strong> do espaço interno em unida<strong>de</strong>s habitacionais <strong>de</strong> interesse social", artigopublicado no SBQP - 1° Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Projeto no Ambiente Construído - São Carlos– 2009Res<strong>um</strong>o: Proposta - avaliar a qualida<strong>de</strong> do espaço interno das unida<strong>de</strong>s habitacionais do condomínionúmero 1 do Conjunto Habitacional Waldomiro Lobbe Sobrinho da CDHU, em São Carlos. Método <strong>de</strong>pesquisa/Abordagens - foram utilizados métodos e técnicas da Avaliação Pós-Ocupação (APO). O campoda pesquisa é composto por 128 unida<strong>de</strong>s, e a amostra da pesquisa conta com 51 apartamentos. Comoinstr<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> pesquisa foram aplicados questionário, captadas imagens fotográficas e levantamento <strong>de</strong>medidas e disposições do mobiliário. Resultados - há <strong>um</strong>a incompatibilida<strong>de</strong> entre usos e ocupação dosespaços. Verificou-se <strong>um</strong>a sobreposição <strong>de</strong> funções nos diversos ambientes. Os grupos familiares seapresentam <strong>de</strong> forma diversificada, com modos <strong>de</strong> vida diferentes que são pouco consi<strong>de</strong>rados no projeto39


do conjunto. Contribuições/Originalida<strong>de</strong> - há <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s com internet e apresença <strong>de</strong>sse meio <strong>de</strong> informação não está relacionada com a renda familiar.3.2.3 - Construção <strong>de</strong> siteEtapa prevista no plano <strong>de</strong> pesquisa, foi produzida <strong>um</strong>a página na internet para registrar e tambémdivulgar informações sobre o andamento da pesquisa. A página contém as disciplinas cursadas e asrespectivas monografias produzidas, e o projeto <strong>de</strong> pesquisa proposto. A intenção <strong>de</strong>sta etapa <strong>de</strong> trabalhofoi a aprendizagem da construção <strong>de</strong> <strong>um</strong> website. A divulgação dos resultados sobre a pesquisa na interneté <strong>um</strong>a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interlocução com pesquisadores <strong>de</strong> outros centros <strong>de</strong> pesquisa, <strong>um</strong>a troca <strong>de</strong>conhecimento muito bem vinda no meio acadêmico. A página foi feita usando ferramentas do programaDream Weaver. Encontra-se no en<strong>de</strong>reço:http://www.nomads.<strong>usp</strong>.br/pesquisas/espacos_morar_modos_vida/concretos/<strong>como</strong>_<strong>nasce</strong>_<strong>um</strong>_mo<strong>de</strong>lo3.3 - Outras ativida<strong>de</strong>s3.3.1 - Ativida<strong>de</strong>s no nomads.<strong>usp</strong>3.3.1.1 - Encontro com pesquisadores e profissionais <strong>de</strong> outros grupos3.3.1.1.1 - Profa. Dra. Nadia SomekhReunião realizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo na Universida<strong>de</strong> Makenzie no dia 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009.Contou com a participação <strong>de</strong> alunos do grupo <strong>de</strong> pesquisa coor<strong>de</strong>nado pela professora Dra. NadiaSomekh: Lina Galhardo, que estuda o processo <strong>de</strong> verticalização no bairro <strong>de</strong> Interlagos; e Elida Zufo, queestuda o processo <strong>de</strong> verticalização no bairro <strong>de</strong> Higienópolis. Com o docente Antonio Cláudio, que ministra40


aulas no Makenzie e também participa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do grupo da professora Nadia. Com o pesquisador daFAU-USP Lourenço Gimenez, que tem seus estudos acadêmicos centrados no transporte público, mastambém realiza projetos arquitetônicos <strong>de</strong> edifícios resi<strong>de</strong>nciais através <strong>de</strong> escritório próprio. E também compesquisadores do grupo <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> da EESC-USP: o seu coor<strong>de</strong>nador, Professor Assoc. Dr. MarceloTramontano, a Professora Dra. Varlete Bene<strong>de</strong>nte, e o doutorando Fábio Queiroz. A reunião foi propostapela professora Nadia, que entre outras publicações, escreveu o livro A cida<strong>de</strong> vertical e o urbanismomo<strong>de</strong>rnizador.O objetivo da reunião foi o planejamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> trabalho sobre verticalização que será <strong>de</strong>senvolvidoem parceria pelos grupos dos professores Marcelo e Nadia. A proposta é a formação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a equipemultidisciplinar, formada por engenheiros, arquitetos e administradores; com pesquisadores envolvidos <strong>como</strong> tema da verticalização, mas também por profissionais do mercado imobiliários: projetistas, corretores,construtores, empresários e representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, <strong>como</strong> IAB e SECOVI.Chegou-se a conclusão <strong>de</strong> que o projeto arquitetônico <strong>de</strong>stes apartamentos piorou ao longo dosanos e que o produto que é oferecido nos dias <strong>de</strong> hoje é incompatível com as expectativas dos moradores.As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa que se abrem sobre este problema, e que farão parte dos trabalhos <strong>de</strong>staparceria foram <strong>de</strong>terminadas a partir <strong>de</strong> 4 gran<strong>de</strong>s temas já trabalhados inicialmente em <strong>um</strong>a oficina sobreverticalização realizada no ano passado, no Mackenzie – legislação, estudo <strong>de</strong> casos, história, modo <strong>de</strong>vida.■ por que o projeto <strong>de</strong> arquitetura <strong>de</strong>stes prédios piorou ao longo do tempo?■ por que os arquitetos per<strong>de</strong>ram espaço e diálogo no processo <strong>de</strong> produção com relação aos outrosagentes envolvidos?■ por que a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifício <strong>de</strong> apartamento <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> problema <strong>de</strong> arquitetura?A equipe preten<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong>stas constatações, construir instr<strong>um</strong>entos que possam dar diretrizesaos promotores imobiliários, ajudando a melhorar o projeto da habitação.O trabalho que será <strong>de</strong>senvolvido nesta parceria é importante para esta pesquisa <strong>de</strong> mestradoporque trata exatamente do objetivo central do estudo: motivos que teriam levado a <strong>um</strong>a padronização dosprojetos <strong>de</strong> apartamentos em São Paulo. O contato com pesquisadores <strong>de</strong> outras instituições também traráreferências e pontos <strong>de</strong> vista diferentes sobre a questão. Já a participação <strong>de</strong> representantes do mercadoimobiliário paulistano evi<strong>de</strong>nciará <strong>como</strong> acontece na prática o empreendimento.41


3.3.1.2 - doc.nomadsO mestrando administra o acervo doc<strong>um</strong>ental do núcleo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> 2008. O <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>mantém <strong>um</strong> ambiente com vários tipos <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entos. São amostras <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção, catálogostécnicos, relatórios <strong>de</strong> pesquisa, monografias, artigos, dissertações, teses, livros, revistas, CDs, DVDs, etc.Os pesquisadores do Núcleo doam <strong>um</strong>a cópia do material acadêmico individual produzido para essaDoc<strong>um</strong>entação. Isso soma-se à <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> acervo para pesquisa: são cerca <strong>de</strong> 500 livros e 1000 revistas.No ano passado os doc<strong>um</strong>entos foram liberados para uso externo ao <strong>Nomads</strong>, para alunos daEESC-USP. Para isso, foi realizada <strong>um</strong>a catalogação eletrônica dos doc<strong>um</strong>entos em <strong>um</strong>a base <strong>de</strong> dados,que contém informações <strong>como</strong> título da obra, autor, assunto, etc. Qualquer aluno da Escola <strong>de</strong> Engenharia<strong>de</strong> São Carlos po<strong>de</strong> acessar o en<strong>de</strong>reço do site na internet, fazer sua pesquisa, escolher o material,reserva-lo e trocar e-mails com o administrador da doc.nomads. Po<strong>de</strong>-se acessar a interface <strong>de</strong> busca apartir <strong>de</strong> <strong>um</strong> link no website do <strong>Nomads</strong> (http://www.nomads.<strong>usp</strong>.br/site/doc<strong>um</strong>entacao/formulario.php).Nesta interface existem alg<strong>um</strong>as informações sobre a doc<strong>um</strong>entação e o procedimento para a retirada domaterial. O site foi <strong>de</strong>senvolvido junto com <strong>um</strong>a pesquisadora em iniciação científica do curso <strong>de</strong> Ciênciasda Computação utilizando recursos do software Dream Weaver.A digitalização dos dados e sua inserção n<strong>um</strong>a base fazem parte <strong>de</strong> <strong>um</strong>a reorganização maior feitapelo Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC. O mesmo procedimento <strong>de</strong>catalogação foi realizado por outros grupos <strong>de</strong> pesquisa do Programa, e a estes foi acrescentado todo oacervo do Centro <strong>de</strong> Doc<strong>um</strong>entação (CEDOC) do Departamento, formando <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> e único acervo geral.Outro trabalho realizado pelo bolsista foi a enca<strong>de</strong>rnação <strong>de</strong> alguns doc<strong>um</strong>entos. Em alguns casosas folhas estavam soltas, em outros grampeadas, e na maioria das vezes enca<strong>de</strong>rnada com espiral. Issodificultava a visualização do material na prateleira. Em todas as fotocópias foram feitas enca<strong>de</strong>rnaçõespadronizadas com canaleta plástica. Cada tipo <strong>de</strong> material tem <strong>um</strong>a cor diferente. Por exemplo, azul para asteses ou vermelha para as dissertações. O próximo trabalho será a colocação <strong>de</strong> etiquetas nos exemplarescom o código. Além disso, está previsto para os próximos meses <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> divulgação da nomads.docno campus. A doc<strong>um</strong>entação possui <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temas em seu acervo, e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> interesse para os pesquisadores da Escola.42


figura 12 - interface <strong>de</strong> busca dos doc<strong>um</strong>entos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>3.3.2 - Bancas assistidas no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em AU daEESC-USP3.3.2.1 - Bancas <strong>de</strong> mestrado:3.3.2.1.1 - Fulvio Teixeira <strong>de</strong> Barros Pereira – realizada no dia 8 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008, a bancaexaminadora teve a participação <strong>de</strong> prof. Titular Dr. Renato Luiz Sobral Anelli (orientador), prof. Dr. CarlosRoberto Monteiro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (EESC-USP) e prof. Dr. José Tavares Correa <strong>de</strong> Lira (FAU-USP). Pesquisacom o título "Difusão da arquitetura mo<strong>de</strong>rna na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> João Pessoa – 1956-1974"3.3.2.1.2 - Cícero Ferraz Cruz – realizada no dia 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2008, a banca examinadora tevea participação <strong>de</strong> profa. Dra. Maria Ângela Bortolucci (orientadora), prof. Associada Dra. Akemi Ino (EESC-USP) e prof. Titular Carlos Alberto Cerqueira Lemos (FAU-USP). Pesquisa com o título "Fazendas do sul <strong>de</strong>Minas – arquitetura rural nos séculos XVIII e XIX"43


3.3.2.1.3 - Fábio Abreu <strong>de</strong> Queiroz – realizada no dia 1 <strong>de</strong> outbro <strong>de</strong> 2008, a banca examinadorateve a participação <strong>de</strong> prof. Associado Dr. Marcelo Tramontano (orientador), prof. Dr. Márcio Minto Fabrício(EESC-USP) e profa. Dra. Nádia Somekh (Mackenzie). Pesquisa com o título "Apartamento mo<strong>de</strong>lo –arquitetura, modos <strong>de</strong> morar e produção imobiliária na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo"3.3.2.1.4 – Rodrigo Kamimura – realizada no dia 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010, a banca examinadora teve aparticipação <strong>de</strong> prof. Dr. Luis Antonio Recaman Barros (orientador), prof. Dr. Miguel Buzzar (EESC-USP) eprofa. Dra. Cláudia Piantá Costa Cabral (UFRGS). Pesquisa com o título "Tecnologia, emancipação econs<strong>um</strong>o na arquitetura dos anos sessenta: Constant, Archigram, Archizoom e Superstudio"3.3.2.1.5 – Marília Solfa – realizada no dia 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010, a banca examinadora teve aparticipação <strong>de</strong> prof. Dr. Fábio Lopes <strong>de</strong> Souza Santos (orientador), prof. Dr. David Sperling (EESC-USP) edo prof. Dr. Celso Fernando Favaretto (FEUSP). Pesquisa com o título “Interlocuções entre arte earquitetura <strong>como</strong> práticas críticas. A teoria arquitetônica <strong>de</strong> Bernard Tsch<strong>um</strong>i e a cena artística dos anos1970”44


4 - Ativida<strong>de</strong>s realizadas,não previstas inicialmente no plano4.1 - Visitas técnicas a edifícios <strong>de</strong> apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPauloForam realizadas 4 visitas técnicas a edifícios resi<strong>de</strong>nciais na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo: a primeiraem Dezembro <strong>de</strong> 2008, a segunda em Fevereiro <strong>de</strong> 2009,a terceira em Abril <strong>de</strong> 2009 e a quarta e Maio <strong>de</strong>2009. Elas tiveram gran<strong>de</strong> contribuição para a compreensão <strong>de</strong>stes projetos. Os objetivos das visitas foram:• contribuir para a complementação do banco <strong>de</strong> dados sobre apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, feito eatualizado continuamente por pesquisadores do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Informações <strong>de</strong> edifícios que forampreviamente selecionados, e <strong>de</strong> outros que eventualmente foram encontrados, e que tinham alg<strong>um</strong>interesse arquitetônico;• verificar as informações contidas no banco. O banco <strong>de</strong> dados contém peças gráficas dos edifícios, <strong>como</strong>plantas, perspectivas e fotos; mais dados referentes ao projeto, <strong>como</strong> número <strong>de</strong> pavimentos, áreas, autordo projeto e proprietário. Notou-se que em alguns casos o empreendimento nem chegou a ser realizado,<strong>como</strong> no caso <strong>de</strong> <strong>um</strong> projeto <strong>de</strong> Gregori Warchavchik na Rua Araujo. Mas também <strong>de</strong> outros que mantémseus aspectos formais originais, <strong>como</strong> no projeto <strong>de</strong> Giancarlo Palanti na Rua Barão <strong>de</strong> Tatuí, com amesma cobertura <strong>de</strong> entrada;• auxiliar na compreensão dos projetos. Em alguns edifícios, o mestrando teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrar nasunida<strong>de</strong>s e conversar com moradores, usuários e funcionários. Notou-se alguns <strong>de</strong>talhes, que por vezesnão aparecem nos projetos, <strong>como</strong> o duto <strong>de</strong> lixo do edifício projetado por Palanti, a abertura dos caixilhosdo edifício Esther, ou a pré-fabricação dos elementos <strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifício projetado por Rino Levina avenida Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco;• enten<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> verticalização em São Paulo e as transformações da paisagem da cida<strong>de</strong> ao longodo século XX. Percebeu-se a predominância <strong>de</strong> prédios em <strong>de</strong>terminadas regiões em cada década; emudanças no uso do solo, no traçado viário, nos transportes, no porte das edificações, que influenciam na<strong>de</strong>gradação ou valorização das áreas;45


• notar que em alguns projetos, principalmente os projetados nas décadas <strong>de</strong> 1940 e 1950 por arquitetosmo<strong>de</strong>rnistas, existem qualida<strong>de</strong>s que se per<strong>de</strong>ram com o tempo, <strong>como</strong> a relação do edifício com o entorno,com o térreo aberto para trânsito <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres e moradores; ou a diversida<strong>de</strong> dos usos, que previam alémdo resi<strong>de</strong>ncial, comercial ou serviços, etc.Para cada edifício escolhido foi feito <strong>um</strong>a ficha (anexo 8.2.2), com informações básicas sobre oempreendimento, <strong>como</strong> nome do edifício, ano <strong>de</strong> projeto, autor da obra, en<strong>de</strong>reço, etc. Junto a estes dados,peças gráficas, <strong>como</strong> plantas, perspectivas, fotos <strong>de</strong> época; e mais <strong>um</strong> mapa (anexo 8.2.1) da região on<strong>de</strong> oedifício se insere. O objetivo da ficha é a comparação <strong>de</strong> conteúdo do empreendimento i<strong>de</strong>alizado com aobra construída.Em cada visita realizada, as informações foram doc<strong>um</strong>entadas através <strong>de</strong> anotações nas fichase também com registro fotográfico: <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes do saguão <strong>de</strong> entrada, da sacada, ou dos interiores dasunida<strong>de</strong>s; do edifício e suas áreas externas; e do entorno. Posteriormente, todos os dados foramorganizados e analisados para uso <strong>de</strong>sta pesquisa, mas também inseridos no banco <strong>de</strong> dados,complementando-o.4.1.1 - Visita técnica 1: projetos mo<strong>de</strong>rnistasNas duas primeiras visitas o mestrando percorreu o roteiro pré-<strong>de</strong>finido sozinho. Na primeiravisita, realizada no dia 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008 foram selecionados alguns exemplares <strong>de</strong> edifíciosconstruídos nas décadas <strong>de</strong> 1930, 40 e 50 <strong>de</strong> arquitetos mo<strong>de</strong>rnos. E outros que surgiram no caminho eque não estavam previamente selecionados, mas que faziam parte do banco <strong>de</strong> dados do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>.Foram visitados:- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete <strong>de</strong> Setembro - projeto <strong>de</strong> Álvaro Vital Brazil eAdhemar Marinho;- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto <strong>de</strong> Rino Levi;- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto <strong>de</strong> Rino Levi;- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VillaBoim - projeto <strong>de</strong> Vilanova Artigas;- edifício na rua Conselheiro Nébias 1057 (1946) - projeto <strong>de</strong> Rino Levi (não construído);- edifício na rua Araújo 130 (1947) - projeto <strong>de</strong> Gregori Warchavchik (não construído);- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto <strong>de</strong> Franz Heep;- edifício Guatemala (1955), avenida Nove <strong>de</strong> Julho esquina rua Barata Ribeiro - projeto <strong>de</strong> Francisco Beck;- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto <strong>de</strong> Aron Kogan.46


4.1.2 - Visita técnica 2: projetos anteriores a 1942A segunda visita foi realizada dia 26 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009, e selecionou alguns edifíciosprojetados até o ano <strong>de</strong> 1942. Enten<strong>de</strong>-se que a lei do Inquilinato instituída neste ano – e reeditada váriasvezes na década – obrigou o mercado imobiliário a reestruturar a sua forma <strong>de</strong> produção, com prováveisinfluências no produto resultante. O objetivo foi perceber diferenças que existem entre os projetados antes<strong>de</strong> 1942, e outros, construídos posteriormente. Foram visitados:- palacete Riachuelo (1925), rua Dr. Falcão Filho esquina rua José Bonifácio - projeto <strong>de</strong> Luis Asson;- palacete Carrera (década <strong>de</strong> 1930), praça Júlio <strong>de</strong> Mesquita 90;- prédio 7 <strong>de</strong> Setembro (década <strong>de</strong> 1930), largo Sete <strong>de</strong> Setembro esquina rua da Gloria;- hotel Urca (década <strong>de</strong> 1930) alameda Barão <strong>de</strong> Limeira esquina rua Vitória;- edifício Paissandu (1935), largo do Paissandu 100 - projeto <strong>de</strong> Jacques Pilon;- edifício na rua Barão <strong>de</strong> Limeira 1003 (1938) - projeto <strong>de</strong> Gregori Warchavchik;- edifício São Luis (1940), praça da República esquina avenida Ipiranga - projeto <strong>de</strong> Jacques Pilon;- edifício Serpe (1940), rua Sebastião Pereira 41 - projeto <strong>de</strong> Jacques Pilon;- edifício Goytacaz (1942), avenida Nove <strong>de</strong> Julho 254 - projeto <strong>de</strong> Jacques Pilon.4.1.3 - Visita técnica 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília, Campos ElíseosNa terceira e quarta ida pra São Paulo, as visitas técnicas foram acompanhadas por integrantesdo grupo <strong>de</strong> estudos Espaços <strong>de</strong> Morar do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>: pesquisadores em iniciação, mestrandos edoutourandos. Todos sob a supervisão do Prof. Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. A presença <strong>de</strong>pesquisadores envolvidos com o tema da habitação contribuiu para <strong>um</strong>a leitura mais ampla dos edifícios.Na terceira visita, realizada em 3 abril <strong>de</strong> 2009, foram escolhidos principalmente edifícios nosbairros <strong>de</strong> Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos. Quase todos entre as décadas <strong>de</strong> 1930 e 50.São eles:- edifício Angel (1927), avenida Angélica - projeto <strong>de</strong> Julio <strong>de</strong> Abreu;- palacete Carrera (década <strong>de</strong> 1930), praça Júlio <strong>de</strong> Mesquita 90;- hotel Urca (década <strong>de</strong> 1930) alameda Barão <strong>de</strong> Limeira esquina rua Vitória;- edifício Esther (1935), avenida Ipiranga esquina rua Sete <strong>de</strong> Setembro - projeto <strong>de</strong> Álvaro Vital Brazil eAdhemar Marinho;- edifício na rua Barão <strong>de</strong> Limeira 1003 (1938) - projeto <strong>de</strong> Gregori Warchavchik;47


- edifício Porchat (1940), avenida São João Esquina rua Apa - projeto <strong>de</strong> Rino Levi;- edifício Copan (1951), Avenida Ipiranga esquina rua Araújo - projeto <strong>de</strong> Oscar Niemeyer;- edifício Vila Normanda (1953), avenida São Luis - projeto <strong>de</strong> Antonio José Capote Valente;- edifício Lili (1953) - rua Barão <strong>de</strong> Tatuí - projeto <strong>de</strong> Giancarlo Palanti;- edifício Racy (1955), avenida São João esquina rua Helvetia - projeto <strong>de</strong> Aron Kogan;- edifício na rua Bento <strong>de</strong> Freitas esquina rua General Jardim (1955) - projeto <strong>de</strong> Eduardo Kneese <strong>de</strong> Mello;4.1.4 - Visita técnica 4: HigienópolisA quarta visita aconteceu no dia 30 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2009. Foram escolhidos prédios na região <strong>de</strong>Higienópolis, principalmente os projetados até a década <strong>de</strong> 1960:- edifício Higienópolis (1935), rua Conselheiro Brotero 1092 – projeto <strong>de</strong> Rino Levi;- edifício Prudência (1944), avenida Higienópolis 265 - projeto <strong>de</strong> Rino Levi;- edifício Louveira (1946), rua Piauí em frente praça VilaBoim - projeto <strong>de</strong> Vilanova Artigas;- edifício Lausanne (1953), avenida Higienópolis 101 - projeto <strong>de</strong> Franz Heep;- edifício na avenida Higienópolis (1962) – projeto <strong>de</strong> Franz Heep;- edifício Itacolomi (1964), rua Itacolomi – projeto <strong>de</strong> Victor Reif;- edifício na rua Bahia esquina rua Maranhão (1964), projeto <strong>de</strong> Francisco Beck;- edifício na rua Dr. Albuquerque Lins (1964) – projeto <strong>de</strong> Pedro Paulo <strong>de</strong> Melo Saraiva;- edifício Dora Cunha Bueno (1971), rua Maranhão 829;- edifício Colina (1973), praça Vilaboim 52;- edifício Ilha <strong>de</strong> Nassau (1985), rua Veiga Filho 259 – projeto <strong>de</strong> Danilo Penna;48


figura 13 - projeto <strong>de</strong> edifício <strong>de</strong> apartamentos <strong>de</strong> Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, <strong>de</strong> 1947 (não construído): foto – visita Abril-2009figura 14 - projeto <strong>de</strong> edifício <strong>de</strong> apartamentos <strong>de</strong> Gregori Warchavicchik na Rua Araújo, <strong>de</strong> 1947 (não construído): perspectiva –banco <strong>de</strong> dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>49


figura 15 - edifício <strong>de</strong> apartamentos <strong>de</strong> Giancarlo Palanti na Rua Barão <strong>de</strong> Tatuí, <strong>de</strong> 1953: foto – visita Abril-2009figura 16- edifício <strong>de</strong> apartamentos <strong>de</strong> Giancarlo Palanti na Rua Barão <strong>de</strong> Tatuí, <strong>de</strong> 1953: foto – banco <strong>de</strong> dados <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>figura 17 - foto – interior <strong>de</strong> apartamento - edifício projetado por Giancarlo Palanti na Rua Barão <strong>de</strong> Tatuí, <strong>de</strong> 1953 - visita Abril-2009figura 18 - foto – interior <strong>de</strong> apartamento - edifício Esther, <strong>de</strong> 1935 - visita Dezembro-200950


figura 19 - edifício Porchat, <strong>de</strong> Rino Levi, Rua São João, <strong>de</strong> 1940 – elevado cruzando a frente do edifício – visita Dezembro-2008figura 20 - edifício Angel, <strong>de</strong> Julio <strong>de</strong> Abreu, Rua Angélica, <strong>de</strong> 1927 – mudança <strong>de</strong> uso: agora, <strong>um</strong>a loja <strong>de</strong> móveis – visita Abril-200851


figura 21 - edifício Vila Normanda, <strong>de</strong> Antonio José Capote Valente, Rua São Luis, <strong>de</strong> 1953 – galeria comercial situada no térreo doedifício (diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usos e transito <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres pelo interior do lote) – visita Abril-2009figura 22 - edifício Prudência, <strong>de</strong> Rino Levi, Avenida Higienópolis 265, <strong>de</strong> 1944 – outro exemplo <strong>de</strong> térreo aberto e integrado com a rua(hoje fechado com gra<strong>de</strong>s) – visita Dezembro-2009figura 23 - outros prédios em Higienópolis e proximida<strong>de</strong>s que mantém essa relação do objeto arquitetônico com o entorno imediato(prédios que o banco <strong>de</strong> dados ainda não possui plantas nem autoria <strong>de</strong> projeto) – visita Maio-20094.2 - PAEO mestrando participou <strong>de</strong> <strong>um</strong> estágio supervisionado em docência no PAE – Programa <strong>de</strong>Aperfeiçoamento do Ensino – no primeiro semestre <strong>de</strong> 2009 na disciplina SAP 617 - Projeto III do curso <strong>de</strong>Arquitetura e Urbanismo da Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, ministradapelos professores Titular Dr. Renato Anelli e Assoc. Dr. Marcelo Tramontano. O objetivo do estágio épermitir que alunos da pós-graduação entrem em contato com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> docência dos cursos <strong>de</strong>graduação.A proposta <strong>de</strong> exercício para os alunos se <strong>de</strong>senvolveu em torno <strong>de</strong> <strong>um</strong>a linha <strong>de</strong> VLT – veículoleve sobre trilhos – para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Carlos. Neste primeiro semestre, o trabalho foi dividido em trêsetapas: a <strong>de</strong>finição do roteiro da linha e suas paradas; o projeto das estações; e o projeto <strong>de</strong> <strong>um</strong>a escolapara o entorno. O tema exigiu que o pesquisador se informasse sobre este tipo <strong>de</strong> transporte urbano, suascaracterísticas, os benefícios, a implantação, alguns exemplos, e mais a leitura <strong>de</strong> textos sobre o assunto.Os professores apresentaram em aula projetos <strong>de</strong> VLT que foram implantados em outros países, <strong>como</strong>Itália, França e Estados Unidos. A compreensão <strong>de</strong>stes exemplos mais a revisão bibliográfica sobre o tema– sugerida pelos professores e disponibilizada no site da disciplina – <strong>de</strong>ram subsídios para o entendimentodo problema e da importância <strong>de</strong> alternativas para o transporte público das cida<strong>de</strong>s. Meios <strong>de</strong> lo<strong>como</strong>çãoque poluam menos o meio ambiente e que causem menos congestionamento.As ativida<strong>de</strong>s começaram antes do início das aulas com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> website, on<strong>de</strong>ficavam todas as informações referentes ao conteúdo da disciplina, <strong>como</strong> objetivos, métodos e avaliações.52


Todo o material produzido pelos alunos nos exercícios programados, mais as referências bibliográficasindicadas pelos professores foram continuamente postadas. A criação e atualização do site foram feitasusando ferramentas do software – o Dream Weaver.figura 24 - website da disciplina que o mestrando <strong>de</strong>senvolveu e atualizouTambém houve o levantamento <strong>de</strong> alguns dados na prefeitura <strong>de</strong> São Carlos. Os pontos escolhidoson<strong>de</strong> se localizavam as três gran<strong>de</strong>s estações são: o mercado municipal, a rodoviária, e o hospital escola.Os mapas do traçado viário, do loteamento e da topografia foram conseguidos na Secretaria <strong>de</strong> Habitação.Eles também foram disponibilizados no site para uso dos alunos.Para a etapa do projeto da escola, os alunos tiveram que seguir as diretrizes <strong>de</strong>terminadas pelaFDE – Fundação para o Desenvolvimento do Ensino. Por causa disso, foi programada para o mês <strong>de</strong> maio<strong>um</strong>a visita a quatro escolas da FDE construídas em Campinas. O objetivo foi mostrar alg<strong>um</strong>aspossibilida<strong>de</strong>s técnicas e plásticas conseguidas pelos arquitetos que projetaram estas escolas, e que aomesmo tempo seguiram todas as normas indicativas <strong>de</strong> espaços e restrições da FDE. No mesmo dia, alémdas escolas <strong>de</strong> Campinas, foi prevista a visita ao CEU-Butantã em São Paulo. O mestrando entrou emcontato com a direção <strong>de</strong> cada <strong>um</strong>a das escolas <strong>de</strong> Campinas para a autorização das visitas e oagendamento dos horários. Também foram atualizados os dados das escolas, <strong>como</strong> o nome, complemento<strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço, contato, telefones, etc., já que as visitas são realizadas todos os anos. No caso do CEU ocontato foi feito diretamente com a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação. O pesquisador organizou todo oagendamento das escolas e participou das visitas.53


Além disso, nas aulas práticas, o pesquisador auxiliou os professores no atendimento a cada <strong>um</strong>adas equipes para o <strong>de</strong>senvolvimento dos trabalhos.figura 25 - EE Roberto Marinho, projeto <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Moretini;figura 26 - EE prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, projeto <strong>de</strong> MMBBfigura 27 - EE Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s, projeto <strong>de</strong> Veiner e Polielo;figura 28 - EE Telêmaco Paioli Melges, projeto <strong>de</strong> UNA54


figura 29 - CEU Butantã – São Paulo55


5 - Participação em eventos5.1 - Palestras5.1.1 - Palestra prof. Dr. Nabil BondukiPalestra realizada na Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos no auditório Jorge Caron no dia 6 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2009. Teve <strong>como</strong> tema a atual política habitacional do governo fe<strong>de</strong>ral.Inicialmente o palestrante contextualizou historicamente a produção habitacional <strong>de</strong>stinada aclasses <strong>de</strong> renda inferiores. Com a diversificação do capital cafeeiro e o <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, tem-se o primeiro período exposto. Os empresários ligados ao ramo do café investiam os exce<strong>de</strong>ntesobtidos com a exportação na cida<strong>de</strong> e, <strong>um</strong>a das ativida<strong>de</strong>s econômicas escolhidas foi a construção civil.Para os mais pobres eles construíam casas e vilas operárias, mas começaram a surgir também habitaçõesinsalubres e cortiços. Esta é <strong>um</strong>a época em que o po<strong>de</strong>r público não intervêm na produção.A seguir, chega-se n<strong>um</strong>a fase em que o governo começa a participar, com as Caixas dos Institutos<strong>de</strong> Aposentadoria e Pensões (IAPs), que construíam para os seus associados; e posteriormente com aFundação da Casa Popular (FCP), que foi o primeiro órgão criado especificamente para produzir habitações<strong>de</strong> interesse social. É no governo <strong>de</strong> Getúlio Vargas que se começa a popularizar a opção <strong>de</strong> compra dacasa. Em parte, influenciado pela lei do Inquilinato, que congelou os preços dos alugueis e <strong>de</strong>sestimulou aconstrução <strong>de</strong> casas para esse fim.Já nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 70, novamente em <strong>um</strong> regime autoritário, o governo cria o BancoNacional <strong>de</strong> Habitação (BNH). Apesar <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as críticas, <strong>como</strong> a falta <strong>de</strong> participação popular nosprocessos <strong>de</strong>cisórios e a falta <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> arquitetônica dos conjuntos, os militares conseguiram viabilizara produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> número significativo <strong>de</strong> habitações. Com a <strong>de</strong>sestruturação do Banco na década <strong>de</strong>1980, chega ao fim <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> financiamento, que tinha <strong>como</strong> gran<strong>de</strong> fonte o Fundo <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong>Tempo <strong>de</strong> Serviço (FGTS). Os financiamentos habitacionais do governo foram redimensionados edirecionados para a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral (CEF).56


Ele também mostrou <strong>de</strong>talhes sobre o novo programa habitacional do governo fe<strong>de</strong>ral: "Minha casa,Minha vida". Antes do lançamento do programa, o projeto foi longamente <strong>de</strong>batido através <strong>de</strong> interlocuçõesrealizadas pelo Ministério das Cida<strong>de</strong>s, com a participação da socieda<strong>de</strong> civil organizada, representantes dosetor da construção civil, etc. Ele mostrou as dificulda<strong>de</strong>s geradas para a finalização do projeto por causada reestruturação sofrida neste ministério a partir <strong>de</strong> 2005.O programa prevê o atendimento a várias faixas <strong>de</strong> renda, tendo subsídios para as <strong>de</strong> renda maisbaixa. Outras questões levantadas foram a construção <strong>de</strong> habitações para a população resi<strong>de</strong>nte na zonarural; a pesquisa sobre inovações nos métodos construtivos; a localização que estas habitações teriam nacida<strong>de</strong> e a questão fundiária; a utilização <strong>de</strong> planos diretores <strong>como</strong> instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> restrições a especulaçãofundiária, etc.Esta apresentação do professor Dr. Nabil Bonduki se inseriu n<strong>um</strong> ciclo <strong>de</strong> palestras sobre políticaspúblicas para a habitação que o Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>de</strong> em Arquitetura e Urbanismo da EESC-USP organizou. A outra palestra foi a <strong>de</strong> Raquel Rolnik.5.1.2 - Palestra profa. Dra. Raquel RolnikDentro do ciclo <strong>de</strong> palestras sobre políticas públicas atuais para habitação, realizou-se na EESC apalestra com a professora Dra. Raquel Rolnik no dia 3 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009. Ela expôs <strong>de</strong>talhes da concepçãoe <strong>de</strong>senvolvimento do programa Minha casa, Minha vida do governo fe<strong>de</strong>ral, comparando com exemplos <strong>de</strong>programas realizados em outros países, <strong>como</strong> México e Chile.Mostrou também a influência que gran<strong>de</strong>s empresários do ramo imobiliário tem sobre o governo e apriorização do programa para a dinamização do capital da indústria da construção civil. Apenas 200empresas no Brasil são "gericadas", ou seja, tem experiência em gestão <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco e aptas aempreen<strong>de</strong>r casas <strong>de</strong>ntro do programa. Os próprios números evi<strong>de</strong>nciam esta inversão: 1 bilhão <strong>de</strong> reais<strong>de</strong>stinado ao fundo para a produção <strong>de</strong> habitação <strong>de</strong> interesse social, e 34 bilhões para o programa MinhaCasa, Minha Vida. Por outro lado, <strong>de</strong>screveu alg<strong>um</strong>as regras que os municípios teriam que adotar paraconseguirem verbas do programa: promover <strong>de</strong>sonerações tributárias, doação <strong>de</strong> terrenos em áreasconsolidadas, implementar os mecanismo do estatuto da cida<strong>de</strong>, etc.57


5.1.3 - Palestra urbanista doutorando Mathieu PerrinApresentação do doutorando Mathieu Perrin do Institut d´Urbanisme <strong>de</strong> Grenoble da UniversitéGrenoble II Pierre Mendès France. O pesquisador fez intercâmbio no ano <strong>de</strong> 2008 no <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> e no mês<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>u <strong>um</strong>a palestra para o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Arquitetura.Apresentou o problema dos condomínios fechados <strong>como</strong> <strong>um</strong> fenômeno mundial – a sua pesquisacaracteriza alguns exemplares <strong>de</strong>stas moradias em três países: Estados Unidos, África do Sul e Brasil.Evi<strong>de</strong>ncia a origem e as especificida<strong>de</strong>s no processo <strong>de</strong> formação dos condomínios em cada <strong>um</strong> <strong>de</strong>steslugares, inserindo-os n<strong>um</strong> contexto <strong>de</strong> forte evolução das relações sociais e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Essa análise integrasea <strong>um</strong>a reflexão mais ampla sobre as mudanças dos mo<strong>de</strong>los sócio-espaciais e <strong>de</strong> morar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fim doséculo XIX.Ele mostrou que na construção <strong>de</strong> condomínios há <strong>um</strong>a territorialização do habitar, e que issoacaba institucionalizando o ambiente: <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses particulares. Mathieu, citandoLagroye, diz que a instituição é "<strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> práticas, <strong>de</strong> tarefas particulares, <strong>de</strong> ritos e regras <strong>de</strong>conduta entre pessoas. Mas a instituição é também o conjunto das crenças ou das representaçõesrelacionadas a essas práticas, que <strong>de</strong>finem sua significação e que tem tendência a justificar sua existência."Mathieu também <strong>de</strong>finiu a territorialização do habitar <strong>como</strong> "a <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> <strong>um</strong> espaço que a vizinhançaconsi<strong>de</strong>ra importante <strong>de</strong> preservar para evitar que esse mesmo perca a sua qualida<strong>de</strong> original." Além disso,expôs alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>finições sobre o habitar, <strong>como</strong> a <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger: "construir, habitar, pensar", e outras sobreo espaço habitável, <strong>como</strong> a <strong>de</strong> Chalas: "área <strong>de</strong> ritos, dos cost<strong>um</strong>es, das mobilida<strong>de</strong>s, das práticas, dassociabilida<strong>de</strong>s." Além <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as referências sobre o crescimento da individualida<strong>de</strong>: "A <strong>de</strong>mocracia naAmérica" <strong>de</strong> Tocqueville, e "A <strong>de</strong>mocracia contra ela mesma" <strong>de</strong> Gauchet.O pesquisador também mostrou alguns resultados preliminares do trabalho <strong>de</strong>senvolvido na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Carlos. Foram feitas visitas a vários condomínios fechados e entrevistas com alguns moradores (ver<strong>de</strong>talhes no Espaços <strong>de</strong> Morar, item 3.2.1.1).5.1.4 - Palestra prof. Dr. João Sette Withaker FerreiraPalestra realizada na Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos no auditório Jorge Caron em março <strong>de</strong>2008. Teve <strong>como</strong> tema central a cida<strong>de</strong> global. Houve também o lançamento do livro "O mito da cida<strong>de</strong>global", que é <strong>um</strong> <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong> doutorado.58


Segundo o autor, o objetivo é "contribuir para a <strong>de</strong>smistificação <strong>de</strong> <strong>um</strong> conceito amplamentedivulgado no meio urbanístico brasileiro e internacional: o <strong>de</strong> que as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hoje, para conseguiremsobreviver ao ambiente competitivo e globalizado da economia atual, <strong>de</strong>vem seguir <strong>um</strong> receituárioespecífico, <strong>de</strong> forte perfil neoliberal, cuja implementação <strong>de</strong>ve ser feita através <strong>de</strong> "novas" técnicas <strong>de</strong>urbanismo <strong>como</strong> o Planejamento Estratégico. A esse padrão urbano foi dado o nome <strong>de</strong> "cida<strong>de</strong>-global".Além do conceito <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> global, mostrou também a sua possível incompatibilida<strong>de</strong> com SãoPaulo, e <strong>como</strong> os critérios para a sua utilização não se aplicam para ela.5.2 - Café com PesquisaO Café com pesquisa é <strong>um</strong> evento organizado pelo Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arquitetura eUrbanismo da EESC-USP com o objetivo <strong>de</strong> permitir aos seus alunos apresentar suas pesquisas. Tambémé <strong>um</strong>a oportunida<strong>de</strong> para os pós-graduandos <strong>de</strong>bateram seus estudos com outros pesquisadores. Omestrando participou <strong>como</strong> ouvinte em <strong>um</strong>a edição, <strong>de</strong>scrita a seguir.5.2.1 - Café com Pesquisa - Maristela JanjulioRealizada dia 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008 no auditório Paulo <strong>de</strong> Camargo no Departamento <strong>de</strong> Arquiteturae Urbanismo da EESC-USP, estava inserida no ciclo <strong>de</strong> palestras do programa "Café com Pesquisa". Aarquiteta Maristela Janjulio - mestranda do Programa - analisou o tema "Ressonâncias arts and crafts naarquitetura resi<strong>de</strong>ncial paulistana nos anos 1920/30".O movimento arts and crafts surgiu na Inglaterra no fim do século XIX valorizando o ato do trabalho,e não somente o produto final. Era <strong>um</strong>a reação contra o processo <strong>de</strong> industrialização ocorrido na Europa e adivisão do trabalho. Segundo a autora, "na arquitetura, esta reação à divisão do trabalho transparece noconceito da unida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senho e da obra <strong>de</strong> arte total." Mostrou as ressonâncias do movimento no Brasil,especialmente em São Paulo no pós Primeira Guerra.59


5.3 - Seminários5.3.1 - Seminário TIC_ARQ_URB - 5O seminário TIC_ARQ_URB acontece periodicamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004 e reúne dois grupos <strong>de</strong> pesquisado Programa <strong>de</strong> Pós-Gradação em Arquitetura e Urbanismo da Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos quetrabalham a inserção das tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação na arquitetura: O e-Urb – UrbanizaçãoVirtual e Serviços Urbanos Telemáticos - e o <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> – Núcleo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Habitares Interativos.A edição <strong>de</strong> 2008 contou com a participação do Prof. Dr. José dos Santos Cabral Filho do LAGEARda UFMG – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais. Ele mostrou trabalhos por ele proposto na disciplina <strong>de</strong>Projeto, com instalações feitas pelos alunos na universida<strong>de</strong> usando tecnologias <strong>de</strong> informação. Foramdiscutidas também metodologias <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> cada grupo, procurando fazer aproximações com osobjetos <strong>de</strong> estudo.60


6 - Dissertação6.1 - capítulo 1 (apresentado ao exame <strong>de</strong> <strong>Qualificação</strong>):negócios imobiliários – a produção <strong>de</strong> apartamentos na primeira meta<strong>de</strong> do séculofonte: (Lemos, 1979)61


s<strong>um</strong>ário6.1.1 - introdução6.1.2 - o <strong>de</strong>senvolvimento do café e a mo<strong>de</strong>rnização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo6.1.3 – os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercado6.1.4 - diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cida<strong>de</strong>62


6.1.1 - introduçãoA pesquisa utilizou-se <strong>de</strong> 3 recortes para o estudo da temática da verticalização, em função do seuobjetivo geral. As informações foram organizadas em forma <strong>de</strong> três aspectos: 1. o <strong>de</strong>senvolvimentohistórico-político-econômico, 2. os produtores imobiliários e suas formas <strong>de</strong> atuação, 3. o produtoimobiliário. O presente capítulo trabalha principalmente os aspectos 2 e 3, porque até 1964 não existiammecanismos eficientes para o financiamento público <strong>de</strong> habitações produzidas pela iniciativa privada paraas classes médias. Eram os próprios produtores que <strong>de</strong> diversas maneiras se auto-financiavam, ou comrecursos próprios ou com o aporte financeiro dos compradores dos imóveis. Depois <strong>de</strong> 1964, o BNH passoua gerenciar todo o sistema habitacional <strong>de</strong> financiamento, centralizando-o. Além disso, quando acompreensão do projeto do edifício (produto) for necessária, será feita.Apresentam-se, a seguir, a <strong>de</strong>scrição dos 3 aspectos abordados pela pesquisa:1 – em quais circunstâncias o país, e especificamente a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, se <strong>de</strong>senvolveu n<strong>um</strong>a<strong>de</strong>terminada época. Entendimento dos condicionantes históricos, políticos e econômicos fundamentais. Vaz(2002) diz que há <strong>um</strong>a correspondência entre as transformações que acontecem nas formaçõeseconômicas e sociais e as mudanças nas habitações, na maneira <strong>de</strong> produzi-las, <strong>de</strong> usá-las e <strong>de</strong> pensá-las.Já Somekh (1997), fazendo <strong>um</strong>a periodização sobre o crescimento vertical, afirma que ela ”coincidiu com osgran<strong>de</strong>s períodos do <strong>de</strong>senvolvimento econômico, sendo enfatizada sua relação com a ação do Estado.”Por exemplo, nesse capítulo, no item 6.1.2 "O <strong>de</strong>senvolvimento do café e a mo<strong>de</strong>rnização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo", percebe-se que os agentes promotores do espaço tiveram sua ação condicionada a algunsacontecimentos, que mudaram as relações capitalistas existentes: a transição da mão-<strong>de</strong>-obra escrava para<strong>um</strong>a classe <strong>de</strong> trabalhadores assalariados e cons<strong>um</strong>idores, a imigração européia e a conseqüentequalificação dos operários da construção civil, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> bancos e outros mecanismos <strong>de</strong>ac<strong>um</strong>ulação e financiamento, etc.; Ou no item 6.1.3 "Os primórdios da incorporação imobiliária e aprofissionalização do mercado", com alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>cisões políticas tomadas pelo governo alterando asrelações comerciais consolidadas há décadas no ramo da construção civil, e a falta <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>financiamento oficiais obrigando os empreen<strong>de</strong>dores a auto-financiarem seus negócios. Enfim, na maioriadas vezes, as formas <strong>de</strong> produção imobiliária são conseqüência <strong>de</strong>ssas macro-políticas econômicas. Nesse63


capítulo, o <strong>de</strong>senvolvimento histórico, político ou econômico somente serão analisados na medida quecontribuírem para o entendimento da produção;2 – entendimento <strong>de</strong> quem eram os agentes que promoviam os empreendimentos imobiliários,focando na produção <strong>de</strong> edifícios resi<strong>de</strong>nciais. Compreensão <strong>de</strong> <strong>como</strong> eles agiam, em quais circunstâncias,com que Capital, e <strong>como</strong> se estruturavam estas empresas. Notar, por exemplo, que no começo o dinheiroinvestido nas transações imobiliárias vinham <strong>de</strong> outra ativida<strong>de</strong> econômica; que a produção era focada n<strong>um</strong>mercado <strong>de</strong> renda, n<strong>um</strong> lucrativo negócio <strong>de</strong> locação; Ou perceber que nos anos 1940 o ramo imobiliário seprofissionalizou, com o aparecimento <strong>de</strong> firmas especializadas, e o a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssasempresas com o aparecimento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> competição em <strong>um</strong> mercado que em pouco tempo setornaria <strong>um</strong> dos mais agressivos do país. Enten<strong>de</strong>-se que a forma <strong>de</strong> atuação, <strong>de</strong> certo modo, condiciona oproduto imobiliário. Neste capítulo, a compreensão da produção é o principal objetivo. Por isso será vistacom mais <strong>de</strong>talhes. Souza (1992) elenca os agentes envolvidos na produção do espaço construído: osproprietários fundiários e imobiliários, os produtores <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção, os produtores fundiários eimobiliários (o construtor, ou seja, o `produtor´ propriamente dito), os incorporadores, os <strong>de</strong>tentores doCapital investido, o po<strong>de</strong>r público e as instituições transnacionais. Aqui, interessa <strong>de</strong>talhar a ação doincorporador imobiliário. Os outros agentes serão estudados quando influenciarem a ação do incorporador,<strong>como</strong> no caso das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção em períodos <strong>de</strong> guerra, e aposterior reestruturação <strong>de</strong>sse comércio, com o fortalecimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> mercado interno. Leite (2006) afirmaque o estudo acadêmico dos incorporadores imobiliários e em especial “dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãopor esses agentes, é raro e quase inexistente em nosso meio.“ Em São Paulo, estudar a verticalização éenten<strong>de</strong>r a iniciativa privada, porque diferentemente do Rio <strong>de</strong> Janeiro - que teve a construção dosprimeiros edifícios altos vinculada a importantes intervenções urbanísticas governamentais, <strong>como</strong> foi o casoda avenida Central – na capital paulista tratou-se, <strong>de</strong> certa forma, <strong>de</strong> <strong>um</strong> fenômeno mais protagonizado pelainiciativa privada (Silva, 2008)3 – mostrar <strong>como</strong> o projeto dos apartamentos evoluiu ao longo do tempo também será tratado nadissertação, mas isso será tema <strong>de</strong> outro capítulo. Procurar enten<strong>de</strong>r quais foram as influências e assoluções espaciais das plantas dos edifícios; em que momento elas alteraram o agenciamento <strong>de</strong> suasplantas; e mostrar através das peças gráficas, principalmente nos anos 1970, <strong>como</strong> se acentuou apadronização das plantas, com a introdução <strong>de</strong> plantas e andares tipo.64


Além dos aspectos acima mencionados o capítulo organiza-se segundo dois períodos <strong>de</strong>ntro daabrangência temporal da dissertação: do início da verticalização no começo do século XX até 1942, e <strong>de</strong>steano até 1964. Voltando na periodização feita por Somekh (1997), a autora coloca o período entre 1920 e1939 <strong>como</strong> <strong>um</strong>a fase em que as unida<strong>de</strong>s eram alugadas. E é justamente o que será visto no item 6.1.2 "O<strong>de</strong>senvolvimento do café e a mo<strong>de</strong>rnização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo": a fase <strong>de</strong>nominada <strong>como</strong> rentista, emque a promoção era realizada por fazen<strong>de</strong>iros do ramo do café. Foi consi<strong>de</strong>rado o ano <strong>de</strong> 1942 <strong>como</strong> o <strong>de</strong>transição, por conseqüência da lei do Inquilinato. Essa medida tomada pelo governo mudou <strong>um</strong>a formaconsolidada <strong>de</strong> produção, forçando a profissionalização do mercado e a alteração do produto imobiliário,que passou a ser vendido. É isso o que será visto no item 6.1.3 "Os primórdios da incorporação imobiliária ea profissionalização do mercado." O estudo avança até os anos 1960, quando através da ação do BNH, omercado se reestrutura novamente. Esta última fase, <strong>de</strong> 1964 até o fim dos anos 1970, será vista com mais<strong>de</strong>talhes no capítulo 3, item 6.3: "A consolidação <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo produtivo - o BNH e suas condições." Nopresente capítulo serão, ainda, analisados alguns aspectos da legislação sobre verticalização,principalmente leis municipais. Foram normas que apareceram nos principais trabalhos sobre o processo <strong>de</strong>verticalização da cida<strong>de</strong>, e que aqui, foram sistematizadas no item 6.1.4 "Diálogos entre arquitetura,legislação, construtores e cida<strong>de</strong>." Perceber <strong>como</strong> essas regras foram alteradas ao longo do tempo parabenefício dos interesses do produtor imobiliário, <strong>como</strong> no caso do prefeito Adhemar <strong>de</strong> Barros, que noúltimo dia <strong>de</strong> seu mandato alterou o coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento dos terrenos, ampliando-o <strong>de</strong> quatropara seis (Leite, 2006)65


6.1.2 - o <strong>de</strong>senvolvimento do café e a mo<strong>de</strong>rnização na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloInvestiga-se aqui a diversificação <strong>de</strong> investimentos do capital cafeeiro e seus efeitos sobre amo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e, em particular, sobre o processo <strong>de</strong> sua verticalização, a partir dadécada <strong>de</strong> 1920. Trata-se, <strong>como</strong> afirma a geógrafa Maria Adélia <strong>de</strong> Souza (1994), <strong>de</strong> <strong>um</strong> “processo (...)extremamente complexo e [que] sugere inúmeros caminhos <strong>de</strong> investigação.” Um <strong>de</strong>les, indicado por ela, éa verificação das gran<strong>de</strong>s etapas do <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro procurando sua projeção na configuraçãoda cida<strong>de</strong>. A arquiteta Sylvia Ficher (1994) confirma a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a análise macro-econômica ehistórica para a compreensão da verticalização: “Falar da história dos edifícios altos no Brasil é falar dasvastas transformações ocorridas <strong>de</strong> fins <strong>de</strong> século XIX em diante em duas cida<strong>de</strong>s brasileiras – o Rio <strong>de</strong>Janeiro e São Paulo.” A autora indica alguns fatos que contribuíram para o estímulo à produção <strong>de</strong> edifícios:agricultura cafeeira <strong>de</strong> exportação, abolição da escravatura, atração <strong>de</strong> correntes migratórias externas eimportação <strong>de</strong> produtos industrializados. Estudam-se aqui, portanto, esses <strong>de</strong>terminantes históricos para oentendimento das origens do processo paulistano <strong>de</strong> verticalização da cida<strong>de</strong>.No Brasil do início do século XIX, raros eram os traços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial e o gosto daaristocracia rural marcava a paisagem das cida<strong>de</strong>s com certo provincianismo. Francisco Foot e VictorLeonard (1982) expõem a insegurança <strong>de</strong>ssa elite brasileira:“O horror a tudo que parecia heresia no Brasil [universida<strong>de</strong>s e imprensa,por exemplo] era tão forte que até os primeiros anos do século XIX a línguafrancesa era tida <strong>como</strong> s<strong>usp</strong>eita, não só pelo temor que a Revolução <strong>de</strong>1789 infundira às classes dominantes, <strong>como</strong> também por efeito dapedagogia colonial dos jesuítas.”Porém, no <strong>de</strong>correr da primeira meta<strong>de</strong> do século XIX, alguns acontecimentos – <strong>como</strong> a chegada dafamília real portuguesa e a abertura dos portos, em 1808, e a in<strong>de</strong>pendência política, em 1822 – sãoconsi<strong>de</strong>rados as cartas magnas da burguesia brasileira (Silva, 1976). Com o fim do monopólio comercialportuguês, <strong>um</strong> Brasil ainda colonial foi inserido no gran<strong>de</strong> comércio internacional <strong>de</strong> importação eexportação, e em particular <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> café. As cida<strong>de</strong>s do interior do Estado <strong>de</strong> São Paulo foramligadas à capital e a partir <strong>de</strong>la ao porto <strong>de</strong> Santos por estradas <strong>de</strong> ferro. Para Marcelo Tramontano (1998),o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da capital paulista se fez a partir da “transformação da província <strong>de</strong> São Pauloem <strong>um</strong> imenso cafezal sulcado por linhas <strong>de</strong> trem convergindo para a capital e <strong>de</strong> lá para o mar.” O país,66


agora aberto à influência européia, submeteu-se principalmente aos ditames econômicos ingleses, tendo,ainda, a França e Paris <strong>como</strong> referência cultural maior.figura 30 - instalação dos trilhos dos bon<strong>de</strong>s da Light – rua Direita esquina rua São Bento (Homem, 1996)O <strong>de</strong>senvolvimento do próprio capitalismo <strong>de</strong>pendia da integração das nações, com a tendência àuniformização dos modos <strong>de</strong> vida e dos hábitos <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o, <strong>como</strong> bem observa Karl Marx (apud Foot;Leonardi, 1982): “à medida que a indústria, comércio, navegação e estradas <strong>de</strong> ferro se <strong>de</strong>senvolvem, aburguesia crescia (sic), multiplicando seu Capital (...) Pela exploração do mercado mundial, a burguesiaconferiu <strong>um</strong> caráter cosmopolita à produção e ao cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> todos os países.” Carlos Lemos (1976) reiteraque a construção das estradas <strong>de</strong> ferro passou a impulsionar mudanças na socieda<strong>de</strong>, e indica a que ligavaJundiaí a Santos, passando por São Paulo, construída em 1867, <strong>como</strong> a precursora. Mostra também quesua utilização – no princípio para escoamento e exportação <strong>de</strong> matéria-prima – serviu para a importação <strong>de</strong>bens e para o transporte dos imigrantes europeus. Ele diz, ainda, que a mão-<strong>de</strong>-obra utilizada naconstrução civil da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, naquele período, era basicamente imigrante. Esse<strong>de</strong>senvolvimento nas cida<strong>de</strong>s teria sido visível, antes <strong>de</strong> mais nada, nas casas urbanas (Lemos, 1976).67


antes e <strong>de</strong>pois - duas residências ocupadas pela burguesia paulistana :figura 31 - casarão colonial do século XVIII on<strong>de</strong> morou Dona Veridiana e Martinho da Silva Prado, na rua Consolação ao lado da igreja<strong>de</strong> mesmo nome;figura 32 - palacete <strong>de</strong> Dona Maria Angélica Souza Queiroz Aguiar <strong>de</strong> Barros construído na última década do século XIX na avenidaAngélica esquina alameda Barros (Homem, 1996).figura 33 - foto Casa Mo<strong>de</strong>rnista - residência na rua Itápolis no bairro do Pacaembu, projeto <strong>de</strong> Gregori Warchavchik <strong>de</strong> 1928 (Branco,1998) – notar paisagem ainda vazia e rural, com <strong>um</strong>a edificação colonial na paisagem ao fundoOs próprios fazen<strong>de</strong>iros acabaram se distanciando da gestão direta <strong>de</strong> suas plantações, tornandoseempresários. A rapi<strong>de</strong>z no <strong>de</strong>slocamento físico proporcionada pelos trens possibilitou que elescomeçassem a investir em outros setores da economia, inclusive urbanos, sem abandonar o controle dassafras <strong>de</strong> café. Melhores ligações com a capital geraram maior proximida<strong>de</strong> com o conforto material epadrões <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o talvez mais refinados, sem que se per<strong>de</strong>sse o contato com as fazendas (Lemos,1976). A construção <strong>de</strong> ferrovias possibilitou <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento significativo das exportações, chegando, em68


1900, a 33,5 milhões <strong>de</strong> libras (Silva, 1976), cerca <strong>de</strong> 25% do PIB brasileiro na época, que era <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>132 milhões <strong>de</strong> libras. Isso, sobretudo a partir <strong>de</strong> 1880, quando a produção média anual ultrapassa 5milhões <strong>de</strong> sacas (chegou a 7,2 entre 1891 e 1890). Com a proclamação da República, em 1889, osEstados ganharam autonomia. São Paulo era gran<strong>de</strong> produtor do principal produto <strong>de</strong> exportação do país,permitindo que seus governantes a<strong>um</strong>entassem significativamente a receita vinda dos impostos cobradossobre os produtos exportados (Dean, s. d.). Em 1921, por exemplo, em São Paulo, as receitas municipaiseram <strong>de</strong> “17 mil contos <strong>de</strong> réis, saltando para 80 mil em 1930.” (Silva, 2007)Paralelamente à expansão do café, registra-se a transição da mão-<strong>de</strong>-obra escrava para o trabalholivre e assalariado. Isso foi fundamental para a formação <strong>de</strong> <strong>um</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho – base do<strong>de</strong>senvolvimento capitalista – para a constituição <strong>de</strong> <strong>um</strong> mercado cons<strong>um</strong>idor. Silva (1976) diz que amanutenção do trabalho escravo constituía <strong>um</strong> obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento do mercado. Gran<strong>de</strong> potênciainternacional da época, a Inglaterra “exigiu que o governo brasileiro interditasse esse tráfico [negreiro]"(Silva, 1976). Por outro lado, o regime escravista contribuía para inibir <strong>de</strong>senvolvimentos técnicos, queconstituem a base impulsionadora da expansão industrial (Foot; Leonardi, 1982). O país viu-se inserido nalógica comercial oci<strong>de</strong>ntal, tendo a uniformização dos hábitos <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o e dos modos <strong>de</strong> vida <strong>como</strong> précondiçõespara a comercialização <strong>de</strong> bens industrializados. Marx (Foot; Leonardi, 1982) res<strong>um</strong>e a questão:“sob pena <strong>de</strong> morte, a burguesia força todas as nações a adotarem (sic) o modo burguês <strong>de</strong> produção,força-as a introduzir, em seu interior a pretensa civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Em <strong>um</strong>apalavra, ela mo<strong>de</strong>la <strong>um</strong> mundo à sua imagem.” Apesar das várias restrições ao trabalho escravoperceptíveis já na década <strong>de</strong> 1850, a abolição completa só ocorreu, <strong>como</strong> se sabe, em 1888. Esse marcohistórico originou <strong>um</strong>a imigração massiva <strong>de</strong> europeus, os quais ajudaram a conformar a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong>trabalhadores do Brasil até o final da década <strong>de</strong> 1920, quando as migrações internas passam a intensificarse(Silva, 1976). Ainda no início do século XIX, e portanto antes da abolição, estima-se que <strong>um</strong> terço dapopulação brasileira era <strong>de</strong> escravos, ou seja, <strong>de</strong> não cons<strong>um</strong>idores (Foot; Leonardi, 1982).A inserção <strong>de</strong> estrangeiros no município <strong>de</strong> São Paulo a<strong>um</strong>entou significativamente em fins doséculo XIX e começo do século XX. Em 1890, a cida<strong>de</strong> ainda provinciana contava 64.934 habitantes. Em<strong>de</strong>z anos, a população da cida<strong>de</strong> quase quadruplica sua população, e em 1907 já contava 340.000habitantes. No fim da década <strong>de</strong> 1910, a população passava dos 528 mil, e na década <strong>de</strong> 1930 a cida<strong>de</strong> jáalcançava seu primeiro milhão (Souza, 1994). Desses 528 mil habitantes, dois terços eram imigrantes(Dean, s. d.) e quase 10% trabalhavam em indústrias. No restante do Estado, 40% dos operários quetrabalhavam em indústrias seriam estrangeiros (Silva, 1976). Ficher (1994) indica que, além do acelerado69


incremento populacional, houve também <strong>um</strong> crescimento consi<strong>de</strong>rável no setor da construção civil, com a“abertura <strong>de</strong> novos bairros e loteamentos, colocando novos terrenos no mercado imobiliário (...) aconstrução <strong>de</strong> edificações”, e afirma que se vivia <strong>um</strong> “boom inédito na história urbana do país.”A conformação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a burguesia urbana, com negócios em ramos comerciais, industriais ebancários teve, portanto, origem na aristocracia rural. De fato, os cafeicultores perceberam vantagenseconômicas em diversificar seu capital, investindo nas cida<strong>de</strong>s o exce<strong>de</strong>nte gerado pelas safras, tornaramseempresários:“O processo <strong>de</strong> transformação das plantações <strong>de</strong> café é também o processo<strong>de</strong> formação da burguesia cafeeira. O <strong>de</strong>senvolvimento da economiacafeeira é o <strong>de</strong>senvolvimento do capital cafeeiro. Mas a economia e o capitalcafeeiro ultrapassam largamente as plantações. A transformação dasplantações faz parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo mais amplo e não po<strong>de</strong> sercorretamente explicado isoladamente.” (Silva, 1976)Exemplo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> produtor <strong>de</strong> café que diversificou seus empreendimentos, Antonio da SilvaPrado, “era também o proprietário <strong>de</strong> <strong>um</strong> dos primeiros e <strong>um</strong> dos principais bancos <strong>de</strong> São Paulo e doBrasil; <strong>um</strong> dos principais dirigentes do Ofício <strong>de</strong> Imigrantes; o mais importante acionista da Paulista(companhia <strong>de</strong> estrada <strong>de</strong> ferro), on<strong>de</strong> exercia as funções <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte.” (Silva, 1976). Prado participava,indiretamente, portanto, da produção capitalista da casa: era o dono <strong>de</strong> <strong>um</strong> banco, quando estescomeçaram a abrir linhas <strong>de</strong> crédito imobiliário; e <strong>como</strong> dirigente do Ofício <strong>de</strong> Imigrantes <strong>de</strong>cidia, em últimainstância, o <strong>de</strong>stino da nova mão-<strong>de</strong>-obra. Ele também exerceu cargos públicos, <strong>como</strong> o <strong>de</strong> prefeito dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> 1889 a 1910, n<strong>um</strong>a época em que os fazen<strong>de</strong>iros “controlavam a máquina dogoverno e usavam-na constante e eficazmente em favor <strong>de</strong> seus interesses (Dean, s. d.).”70


figura 34 - chácara do Carvalho, proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Antônio da Silva Prado. En<strong>de</strong>reço: rua Barão <strong>de</strong> Limeira (Homem, 1996) - Foram ospróprios empresários oriundos do café, que direta ou indiretamente, influenciaram no <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s. A mudança do s“meios <strong>de</strong> produção não requer, necessariamente, mudança na composição da elite que controla e <strong>de</strong>sfruta as novas fontes <strong>de</strong>riquezas” (Dean, s. d.)Com a intensificação das relações comerciais entre Brasil e Europa, o sistema comercial tornou-semais eficiente (Dean, s. d.), e <strong>um</strong>a importante peça nesse esquema eram as casas <strong>de</strong> importação eexportação, criadas para a exportação <strong>de</strong> matérias-primas mas servindo também para a importação <strong>de</strong>produtos industrializados. Também o setor bancário <strong>de</strong>senvolveu-se com a expansão da economia cafeeira:no começo utilizado <strong>como</strong> fundo para transações a curto prazo com café, mas posteriormente, com o<strong>de</strong>senvolvimento do setor, passando a financiar também indústrias e a construção civil. Por outro lado,Dean (s. d.) diz que alguns <strong>de</strong>stes agricultores também optaram em investir diretamente em ativida<strong>de</strong>simobiliárias.As ativida<strong>de</strong>s comerciais <strong>de</strong> importação tiveram enorme influência sobre outros setores daeconomia da época, em <strong>um</strong> país <strong>de</strong> pequena produção <strong>de</strong> bens duráveis. O empresário-importador tinhavantagens sobre empresários <strong>de</strong> outros setores no que diz respeito às questões da gestão industrial porquetinha acesso a informações fundamentais para o sucesso do empreendimento: tinha acesso aos bancos e,portanto, ao crédito; tinha acesso aos canais <strong>de</strong> distribuição para as matérias-primas e para os produtosacabados; e tinha conhecimento das oscilações dos direitos aduaneiros, nos momentos em que o governoa<strong>um</strong>entava ou diminuía os impostos cobrados sobre as importações. Sabia, portanto, exatamente quais osprodutos cuja fabricação no Brasil se justificava e quais aqueles cuja importação seria mais vantajosa(Dean, s. d.). O próprio comércio interno era, em gran<strong>de</strong> parte, controlado pelos importadores (Pereira,1976). Por essa experiência, muitos <strong>de</strong>sses importadores se transformaram em fabricantes, aproveitando,em parte, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptar-se ao <strong>de</strong>clínio da capacida<strong>de</strong> do café para custear as mercadorias71


vindas do estrangeiro. Dean (s. d.) lembra que apenas uns poucos <strong>de</strong>ntre os “primeiros empresáriosindustriais não iniciaram suas carreiras <strong>como</strong> empresários-importadores.” Alguns imigrantes queenriqueceram aqui, <strong>como</strong> Francisco Matarazzo, Rodolfo Crespi, Ernesto Die<strong>de</strong>richsen e a família Klabin sãoexemplos <strong>de</strong> empresários que começaram importando bens industrializados (Foot; Leonardi, 1982; Dean,s.d.) antes <strong>de</strong> investir na criação <strong>de</strong> indústrias.Apesar do investimento dos cafeicultores no setor industrial, até as últimas décadas do século XIX opaís ainda <strong>de</strong>pendia <strong>de</strong> <strong>um</strong>a economia basicamente agrícola: “os estabelecimentos industriais existentes noBrasil [eram] pouco n<strong>um</strong>erosos e o seu conjunto inexpressivo." (Silva, 1976) Nas primeiras décadas doséculo XX, o <strong>de</strong>senvolvimento da indústria local era insuficiente para suprir a <strong>de</strong>manda da construção civilna capital paulista, que do ponto <strong>de</strong> vista material se <strong>de</strong>senvolvia e se mo<strong>de</strong>rnizava. A indústria daconstrução não acompanhava essa evolução, <strong>como</strong> afirma Gregori Warchavchik (apud Segawa, 1997), <strong>um</strong>dos expoentes da arquitetura paulistana na década <strong>de</strong> 1920: “A indústria local, bem que em estado <strong>de</strong>incessante progresso, ainda não fabricava as peças necessárias, estandardizadas (...) portas, janelas,ferragens, aparelhos sanitários, etc. estamos sempre peiados pela obrigação <strong>de</strong> empregar materialimportado, o que vem encarecer muito as construções.” Dentre os elementos <strong>de</strong> construção inventadospara apoiar e viabilizar a verticalização das edificações, os elevadores ainda eram importados e apenasmontados aqui até a década <strong>de</strong> 1920, apesar <strong>de</strong> usados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira década do século XX. (Somekh,1997). Um exemplo <strong>de</strong> prédio <strong>de</strong> apartamentos com o uso <strong>de</strong> elevador é o edifício Mina Klabin, na alamedaBarão <strong>de</strong> Limeira, com projeto arquitetônico realizado por Warchavchik.72


figura 35 - planta do 1° pavimento do edifício Mina Klabin, projetado por Gregori Warchavchik nos anos 1930. En<strong>de</strong>reço: Rua Barão <strong>de</strong>Limeira (fonte: banco <strong>de</strong> dados APARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>) - notar a presença <strong>de</strong> elevador. Ao lado, foto do mesmo edifício,tirada pelo autor em Abril <strong>de</strong> 2009Quando da construção <strong>de</strong> seus primeiros palacetes, a burguesia paulistana chamou “arquitetos <strong>de</strong> fora,construtores afeitos a outras técnicas construtivas, mestres hábeis na <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> estuques, <strong>de</strong>coradoresecléticos e versáteis que sabiam manejar estilos os mais variados.” (Lemos, 1976) Através <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scrição<strong>de</strong> Lemos, <strong>um</strong> claro <strong>de</strong>sprendimento da herança colonial portuguesa se evi<strong>de</strong>ncia: a contratação <strong>de</strong>arquitetos estrangeiros radicados ou não em território nacional, ou <strong>de</strong> brasileiros que tinham feito seusestudos no Exterior; construtores que, <strong>como</strong> já visto, eram basicamente imigrantes que traziam novastécnicas construtivas, e <strong>um</strong>a predileção por estilos ecléticos. Na figura abaixo, o projeto <strong>de</strong> Samuel eCristiano das Neves, este último egresso da Escola <strong>de</strong> Arquitetura da Pensilvânia, EUA, contém elementosda arquitetura acadêmica cujos componentes <strong>de</strong>veriam ser importados ou produzidos localmente por73


artesãos treinados para o <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>de</strong> similares.figura 36: Planta e fachada do edifício <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do Con<strong>de</strong> Prates, projetado em 1912 por Samuel e Cristiano das Neves na ruaFormosa, em São Paulo (fonte: banco <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> Apartamentos – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)A partir <strong>de</strong> 1870, a cida<strong>de</strong> vai conhecer <strong>um</strong>a enorme “ebulição na sua construção material.” (Souza,1994) Maria Adélia <strong>de</strong> Souza diz que a mancha urbana crescia em extensão, com a abertura <strong>de</strong> novosloteamentos, na implantação <strong>de</strong> equipamentos e <strong>de</strong> serviços, <strong>como</strong> <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> energia, e na própriaarquitetura. Instituições <strong>de</strong> ensino técnico e superior nas áreas <strong>de</strong> tecnologia e construção foram abertas nofim do século XIX, contribuindo para a formação e aperfeiçoamento profissional dos projetistas econstrutores que trabalhavam em São Paulo. Essas escolas, “construções expressivas e precursoras do<strong>de</strong>senvolvimento da construção civil no Brasil, exerceram influência significativa na superação dos métodosartesanais e <strong>de</strong> autoconstrução (Souza, 1994).” Ficher (2005) lista alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>las: o Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<strong>de</strong> São Paulo (1873), a Escola Politécnica <strong>de</strong> São Paulo (1894) e a Escola <strong>de</strong> Engenharia Mackenzie(1896). A criação <strong>de</strong>ssas escolas, mais os gran<strong>de</strong>s avanços tecnológicos do setor da construção origináriosda Europa a partir do início do século XX, sobrepõem-se ao momento histórico brasileiro (Souza, 1994).Como lembra Segawa (1997) “São Paulo, na década <strong>de</strong> 1910, já se gabaritava <strong>como</strong> a gran<strong>de</strong> metrópolebrasileira do século XX. Lugar on<strong>de</strong> a riqueza do café patrocinava <strong>um</strong> quadro <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> material ecapacitação industrial n<strong>um</strong> Brasil ainda dominantemente rural.”A própria indústria da construção foi paulatinamente se expandindo pelas <strong>de</strong>mandas do processo <strong>de</strong>crescimento das cida<strong>de</strong>s, com a abertura <strong>de</strong> empresas construtoras tanto por brasileiros <strong>como</strong> porimigrantes (Foot; Leonardi, 1982). A verticalizaçao das construções, enquanto <strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>mandas,74


estimulou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas e sistemas construtivos que, por sua vez, permitissem dotar acida<strong>de</strong> <strong>de</strong> símbolos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Essa, talvez, teria sido, em última instância, a verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>manda: averticalização capaz <strong>de</strong> tornar São Paulo mais parecida com as metrópoles norte-americanas, novoreferencial <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em todo o planeta.Apesar <strong>de</strong> já existirem alguns edifícios <strong>de</strong> apartamentos no centro <strong>de</strong> São Paulo na década <strong>de</strong>1910, o processo <strong>de</strong> verticalização só se acentuou nos anos 1920, <strong>como</strong> afirma Somekh (1997). Segundo aautora, do ponto <strong>de</strong> vista do investimento imobiliário, a produção <strong>de</strong> prédios constituía <strong>um</strong>a “inovação àsubdivisão do solo (loteamento), n<strong>um</strong>a estratégia <strong>de</strong> valorização do capital”, que multiplica <strong>um</strong>a<strong>de</strong>terminada parcela do solo urbano, verticalizando-o. Souza (1994) reitera essa opinião: “o surto daconstrução civil, nessa época [década <strong>de</strong> 1920], especificamente o surto <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>zandares <strong>de</strong>stinados a escritórios e apartamentos no centro da cida<strong>de</strong>, vai refletir nitidamente (...) avalorização do solo.” Ainda não existindo formalmente a incorporação imobiliária, <strong>como</strong> a conhecemos hoje,o primeiro empreen<strong>de</strong>dor na construção <strong>de</strong> edifícios foi o próprio fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> café, que aplicava seuslucros na produção <strong>de</strong> apartamentos para aluguel, “ávido por aqui reproduzir o padrão <strong>de</strong> vida europeu”(Somekh, 1997). Ele adquiria o terreno, recrutava a mão-<strong>de</strong>-obra e obtinha o financiamento para aconstrução. Em outros casos, era o próprio financiador direto <strong>de</strong> suas construções, <strong>como</strong> afirmou Dean (s.d.). Caracterizados pela fase com<strong>um</strong>ente chamada <strong>de</strong> produção rentista, encontram-se “datados <strong>de</strong>ssaépoca, os edifícios com nomes <strong>de</strong> família que os construíram e que perpetuaram o cenário da metrópole.”(Souza, 1994)A produção <strong>de</strong> edifícios permitia ao fazen<strong>de</strong>iro participar <strong>de</strong> todas as etapas dos empreendimentos,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escolha e compra do terreno até a <strong>de</strong>finição dos acabamentos construtivos e a administração dosimóveis, com o aluguel das unida<strong>de</strong>s. Isso não acontecia com a administração das lavouras <strong>de</strong> café, <strong>de</strong>vidoà participação <strong>de</strong> diversos agentes intermediários, <strong>como</strong> os processadores dos grãos, os transportadores,os exportadores e, finalmente, os compradores e cons<strong>um</strong>idores finais. Eles se tornaram, <strong>de</strong> fato,empreen<strong>de</strong>dores do novo negócio imobiliário e donos <strong>de</strong> todo o meio produtivo, com diferentes níveis <strong>de</strong>investimento e <strong>de</strong> intervenção no espaço urbano: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> capitais construindo pequenos edifícios atéempresários com gran<strong>de</strong> influência na rotina construtiva da cida<strong>de</strong>, <strong>como</strong> Antônio da Silva Prado, capazes<strong>de</strong> controlar amplos setores envolvidos na produção <strong>de</strong> apartamentos.75


6.1.3 – os primórdios da incorporação imobiliária e a profissionalização do mercadoAlguns dos empresários do setor imobiliário financiados pelo BNH começaram suas ações já nadécada <strong>de</strong> 1940, reestruturando as formas existentes <strong>de</strong> produção. É o caso, por exemplo, da construtora<strong>de</strong> Adolpho Lin<strong>de</strong>nberg (1955), engenheiro civil formado no Mackenzie em 1949, da construtora <strong>de</strong> LucianoWertheim (1952), da empresa Sobloco Construtora, que foi fundada em 1958 pelos sócios Luiz Pereira <strong>de</strong>Almeida e Mário Najm, ambos formados pela Escola Politécnica da USP em 1949, da Albuquerque &Takaoka, fundada em 1951 por Renato Albuquerque e Jojiro Takaoka, também graduados na Poli em 1949,da construtora <strong>de</strong> Alfredo Mathias (1950), formado engenheiro civil e arquiteto pela Escola Politécnica naturma <strong>de</strong> 1929, <strong>de</strong> Romeu Chap Chap, que começou a empreen<strong>de</strong>r antes mesmo <strong>de</strong> se graduar engenheirocivil pela Universida<strong>de</strong> Mackenzie em 1959, etc. (Leite, 2006) É importante enten<strong>de</strong>r <strong>como</strong> estesincorporadores começaram suas ações, em que condições, e <strong>como</strong> os produtos imobiliários foram sendoformatados. Foi a partir <strong>de</strong>stas primeiras experiências que se estabeleceu <strong>um</strong> competitivo mercado.Um mo<strong>de</strong>lo produtivo utilizado havia décadas per<strong>de</strong> força em função <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>cisões políticastomadas pelo governo. A produção <strong>de</strong> casas e edifícios para aluguel era <strong>um</strong>a das rendas mais seguras atéa Segunda Guerra Mundial, e era fonte certa <strong>de</strong> investimentos para empresários do ramo do café. Comovisto acima, com o <strong>de</strong>senvolvimento da economia cafeeira, os investimentos começaram a ser feitos nascida<strong>de</strong>s. As ferrovias permitiam que o cafeicultor passasse a morar na cida<strong>de</strong>, investindo nela seu capital:no setor bancário, no ramo comercial, nos serviços, na indústria, e principalmente na construção civil. Foramas famílias do setor cafeeiro que construíram os edifícios <strong>de</strong> apartamentos por décadas.Entretanto, no dia 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1942 o governo promulgou a lei do Inquilinato, reeditada váriasvezes nos anos seguintes, que propunha o congelamento nos valores dos aluguéis, que <strong>de</strong>sestimulou aconstrução para a renda. A lei do Inquilinato "foi <strong>um</strong> fator <strong>de</strong>cisivo na alteração <strong>de</strong>sse perfil, <strong>um</strong>a vez queperseguia o locador, tornando a aplicação da renda em imóvel altamente <strong>de</strong>sinteressante." (Souza, 1994)Esta medida dificultou a forma <strong>de</strong> produção da casa na época: no começo da década, quase 70% dosdomicílios existentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo eram alugados (Rossetto, 2002). Em função disso, po<strong>de</strong>-seimaginar o clima <strong>de</strong> incertezas para os inquilinos, e também para os produtores. Somekh (1997) diz que818.885 pessoas residiam em 178.645 moradias <strong>de</strong> aluguel, n<strong>um</strong> total <strong>de</strong> “79,5% das unida<strong>de</strong>shabitacionais.“ Taschner (1991) nota que o percentual <strong>de</strong> casas alugadas no Brasil era <strong>de</strong> 48,95%. As taxas<strong>de</strong> moradias para renda na capital paulistana eram, portanto, bem superiores do que a média do resto dopaís. A autora ainda mostra outros fatores que ajudaram a diminuir a taxa <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>nciais alugadas, que em76


1984, chegou a 28,46% no país: a idéia <strong>de</strong> que só a casa própria daria segurança econômica e social,representando <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> seguro face às incertezas do futuro, n<strong>um</strong> país on<strong>de</strong> a inflação cost<strong>um</strong>avaser alta e os ciclos <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, freqüentes (Taschner, 1991).Lemos (1990) diz que o número <strong>de</strong> construções <strong>de</strong> prédios <strong>de</strong> aluguel praticamente cai a zero<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1942 e que isso resultou n<strong>um</strong>a ”carência enorme <strong>de</strong> novas habitações <strong>de</strong>stinadas à classe média,a vítima maior daquela lei algo <strong>de</strong>magógica, porque o proletariado se arranjou <strong>como</strong> pô<strong>de</strong> com suas casasauto-construídas e os ricos, <strong>como</strong> sempre, preocuparam-se foi com o bom <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> seus capitais emoutras obras, já que moravam bem.” O autor diz que as conseqüências da Segunda Guerra Mundialcontribuíram para piorar ainda mais a situação, em época que faltava até o ferro para o concreto armadopor causa das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> importação. Na época em que era prefeito <strong>de</strong> São Paulo, Prestes Maia listouprodutos em falta e mostrou dificulda<strong>de</strong>s para acesso <strong>de</strong> materiais produzidos no Brasil (Sampaio, 2002):"Houve falta <strong>de</strong> ferro perfilado e em barras, <strong>de</strong> canos, vidros, aparelhos,elevadores, etc. Além disso houve a alta <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção: oscanos galvanizados duplicaram <strong>de</strong> preço (...) A falta <strong>de</strong> transporte porcaminhão agravou o preço do tijolo, da telha, da areia, do pedregulho, dabrita. Além do encarecimento próprio da produção ou do transporte, surgiao encarecimento especulativo, <strong>de</strong>vido à própria escassez da mercadoria. Ovalor do ferro para concreto armado triplicou, substituído pelo nacional,muito mais caro, por fabricação e por abuso (...) O cimento e o cal subirampor falta <strong>de</strong> combustívele transporte, pelas requisições para obrasvultosas <strong>de</strong> guerra e ainda pelos lucros extraordinários."77


figura 37 - planta do edifício projetado pelo Escritório Técnico Ramos <strong>de</strong> Azevedo e Severo & Villares em 1937 (fonte: banco <strong>de</strong> dadosAPARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>) Esse edifício foi construído antes da lei do Inquilinato entrar em vigor no ano <strong>de</strong> 1942. O edifíciopertencia a <strong>um</strong> proprietário que alugava as unida<strong>de</strong>sAlém das dificulda<strong>de</strong>s geradas pela Guerra, as constantes <strong>de</strong>molições <strong>de</strong> edificações nos bairroscentrais realizadas para a abertura <strong>de</strong> novas avenidas durante o Estado Novo agravaram mais a situação(Villa, 2002). O Ato n. 792, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1934, "<strong>de</strong>clara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública, para serem<strong>de</strong>sapropriados, diversos prédios e respectivos terrenos sitos na quadra compreendida entre a Praça dasBan<strong>de</strong>iras, avenida Anhangabaú e ruas Santo Antônio e João Adolfo", ou o Decreto n. 263 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 1941, que "dispõe sobre melhoramentos urbanísticos na avenida Nove <strong>de</strong> Julho, junto aoLargo da Memória, e <strong>de</strong>clara <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública os imóveis atingidos." (Bosetti, 2002)A lei <strong>de</strong> Condomínios é <strong>de</strong> 1928, e prevê a alienação parcial do imóvel dividindo-o em partes i<strong>de</strong>ais.Esse mecanismo jurídico possibilita a venda <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s habitacionais <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifício <strong>de</strong> apartamentos parapessoas diferentes. Lílian Vaz (2002), n<strong>um</strong> estudo sobre as habitações coletivas no Rio <strong>de</strong> Janeiro, afirmaque naquela cida<strong>de</strong> o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> apartamentos passa <strong>de</strong> “quase exclusivamente aluguel apredominantemente compra e venda das unida<strong>de</strong>s“, no período <strong>de</strong> 1925 a 1937. A autora diz que no ano <strong>de</strong>1934 já aparecem vários anúncios <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> apartamentos por unida<strong>de</strong>s “muitas vezes <strong>de</strong> apartamentosna planta, ou seja, lançamentos imobiliários, com venda a prazo.“ (Vaz, 2002) Ela ainda mostra que <strong>um</strong>motivo que teria levado a essa nova forma <strong>de</strong> produção seria a crise das construções no começo da década<strong>de</strong> 1930 por falta do excesso <strong>de</strong> oferta. A venda <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s foi regulamentada juridicamente pela leido condomínio <strong>de</strong> 1928.No caso <strong>de</strong> São Paulo, até 1940 a média anual <strong>de</strong> acréscimo <strong>de</strong> moradias no mercado <strong>de</strong> compra evenda era em torno <strong>de</strong> 2 mil. Leite (2006) diz que reforçado por moradores que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser atendidos78


pelo mercado <strong>de</strong> locação, as vendas subiram para <strong>um</strong>a média <strong>de</strong> 14 mil por ano na década <strong>de</strong> 1940, para28 mil por ano na década <strong>de</strong> 1950 e para 41 mil entre os anos 1960 e 1970. Souza (1994) afirma que oprimeiro gran<strong>de</strong> boom imobiliário em São Paulo ocorreu somente <strong>de</strong>pois da Segunda Guerra Mundial, e que"<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1945, a curva da verticalização se apresenta em alta constante." Parece, portanto, que é <strong>um</strong>aparticularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo começarem a serem vendidos unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais em apartamentos só nosanos 1940 por causa da lei do Inquilinato. A julgar pelas propagandas <strong>de</strong> venda mostradas no trabalho <strong>de</strong>Vaz (2002), essa situação já era recorrente no Rio <strong>de</strong> Janeiro no começo dos anos 1930, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dalei que congelou os aluguéis. Apesar <strong>de</strong> não fazer parte do escopo principal <strong>de</strong>sse trabalho, alg<strong>um</strong>asquestões chamaram a atenção e po<strong>de</strong>riam ser aprofundadas em pesquisas posteriores: a bibliografiaconsultada indica que em São Paulo os apartamentos para a venda começaram a ser difundidos no finaldos anos 1940. Será que realmente não existiam experiências em décadas anteriores – 1920 e 1930 -, jáque este mecanismo estava previsto <strong>de</strong>ste 1928? Se houve alg<strong>um</strong>a experiência, quais as condições quemotivaram as vendas? E, se realmente não houve, por que em São Paulo a dinamização do mercado sóocorreu quando veio a lei do Inquilinato, diferente do Rio <strong>de</strong> Janeiro?Nessa nova operação imobiliária <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> apartamentos objetivando a venda, o empresárioobtinha lucro quando o imóvel era vendido. Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elevação dos preços dos aluguéis,mesmo prédios construídos em períodos anteriores para locação foram transformados em condomínios evendidos (Souza, 1994). Com isso, cada unida<strong>de</strong> passou a ter donos diferentes – antes, o prédio todopertencia a <strong>um</strong> único proprietário, que tirava renda das unida<strong>de</strong>s alugando-as.Essa população era cons<strong>um</strong>idora <strong>de</strong> <strong>um</strong> novo produto imobiliário: unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais vendidaspelo sistema <strong>de</strong> condomínio. Lemos (1976) afirma que a construção <strong>de</strong> edifícios para a venda em sistema<strong>de</strong> condomínios começou por volta <strong>de</strong> 1948. Rossetto (2002) diz que, no Estado <strong>de</strong> São Paulo,possivelmente as primeiras experiências ocorreram na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos e em outras do interior paulista poriniciativa <strong>de</strong> Cipriano Marques Filho. Os empresários começaram a testar novas formas <strong>de</strong> gerir seusnegócios e, com isso, novas questões foram se colocando, <strong>como</strong> a venda do imóvel pelo sistema <strong>de</strong> <strong>um</strong>a`quota-parte´ (Reis Filho, 1970).Estabeleceram-se relações capitalistas <strong>de</strong> compra e venda do produto imobiliário, estimulando oestabelecimento das primeiras empresas especializadas. Estas tinham no incorporador a figura central paraa viabilização do empreendimento, "maestro <strong>de</strong> toda a operação <strong>de</strong> prover imóveis para o mercado privado.Ele planeja toda a ação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar o terreno, o projeto, a fonte financiadora, a construtora e avenda." (Maricato, 1983) É do incorporador imobiliário o papel <strong>de</strong> criar o espaço vertical, é ele quem fabrica79


o solo e <strong>de</strong>smembra o terreno em frações i<strong>de</strong>ais (Sampaio, 2002). Já Souza (1992) diz que é ele quemcompra o terreno, quem contrata o profissional para a elaboração do projeto, quem paga todas as taxasprevistas para a prefeitura e também no cartório. E ele também quem, no ato da comercialização, paga acampanha <strong>de</strong> venda. Ele arca, "com o maior número <strong>de</strong> custos do processo <strong>de</strong> produção do edifício, mastambém realiza o maior lucro, exatamente na transação da venda do terreno embutida no preço do imóvel."(Souza, 1992) Rossetto (2002) afirma que apesar <strong>de</strong> dominar o mercado a partir <strong>de</strong> então, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>incorporação só foi regulamentada na década <strong>de</strong> 1960, através da lei 4.591/64, que disciplinou <strong>um</strong>aativida<strong>de</strong> que já ocorria havia quase vinte anos. O artigo 28 <strong>de</strong>ssa lei consi<strong>de</strong>ra "incorporação imobiliária aativida<strong>de</strong> exercida com o intuito <strong>de</strong> promover e realizar a construção, para a alienação total ou parcial, <strong>de</strong>edificações, ou <strong>de</strong> conjuntos <strong>de</strong> edificações compostas <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s autônomas." Já o artigo 29, mostra oincorporador <strong>como</strong>:"Pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que, embora nãoefetuando a construção, compromisse ou efetive a venda <strong>de</strong> frações i<strong>de</strong>ais<strong>de</strong> terreno objetivando a vinculação <strong>de</strong> tais frações a unida<strong>de</strong>s autônomas,em edificações a serem construídas ou em construção sob regimecondominial, ou que meramente aceita propostas para efetivação <strong>de</strong> taistransações, coor<strong>de</strong>nando e levando a termo a incorporação eresponsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega a certo prazo, preço e<strong>de</strong>terminadas condições, das obras concluídas."A autora mostra também que a sua atuação se inicia n<strong>um</strong>a época em que os investimentos no setorimobiliário eram cada vez maiores, exigindo a profissionalização do mercado. A construção dos edifíciostornou-se <strong>um</strong> investimento <strong>de</strong> maior porte que exigia capital e fluxo constante <strong>de</strong> recursos para oinvestimento se completar. Era necessário ”que a ativida<strong>de</strong> imobiliária se tornasse empresarial e quepassasse a ser organizada pela ação <strong>de</strong> <strong>um</strong> agente.” (Rossetto, 2002). Se for consi<strong>de</strong>rada a renda internada construção <strong>como</strong> <strong>um</strong> todo, também percebe-se <strong>um</strong> salto no período. Ela evoluiu <strong>de</strong> Cr$ 574,3 milhõesem 1947, para Cr$ 1.379,1 milhões em 1968 (Coccaro, 2000). Isso representa <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> 6,4% porano. A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporação se tornou muito complexa, conseqüência da ação <strong>de</strong> muitos especialistase fornecedores <strong>de</strong> recursos, “<strong>como</strong> agentes financeiros, arquitetos, construtores, engenheiros, planejadoresurbanos, ven<strong>de</strong>dores, publicitários, artistas gráficos e advogados.“ (Leite, 2006) Segundo dados do ano <strong>de</strong>1945 do Departamento Estadual <strong>de</strong> Estatística, citados por Porta (2004), já existiam 33 empresas no ramoda construção civil com mais <strong>de</strong> 100 operários, entre elas alg<strong>um</strong>as das mais importantes incorporadoras da80


época, <strong>como</strong> a Lin<strong>de</strong>nberg e Assunção com 731 empregados, Meinberg e Simberg com 129 empregados,Oscar Americano com 717 empregados, Severo Villares & Cia. Ltda. com 382 empregados, CamargoCorreia & Cia. Ltda. com 285 empregados e a J. Cardoso <strong>de</strong> Almeida Sobrinho com 2.230 empregados.A escala <strong>de</strong> produção por esses anos também já era outra, impulsionada entre outros fatores peloa<strong>um</strong>ento populacional e pelo alto preço dos terrenos, que impõem soluções verticalizadas (Somekh, 1997).O mercado se reorganizou e o que veio em seguida foi <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> incremento na produção <strong>de</strong> habitaçõespara <strong>um</strong>a <strong>de</strong>manda reprimida por causa das conseqüências da lei do Inquilinato e as conseqüências daSegunda Gran<strong>de</strong> Guerra.Os primeiros apartamentos comercializados sob a forma <strong>de</strong> condomínio teriam somente <strong>um</strong> quartoou eram kitchenettes. Em seguida, nos anos 1950 e 1960, as ofertas teriam sido estendidas para unida<strong>de</strong>scom dois e três dormitórios (Villa, 2002). Apesar da imprecisão ou mesmo da falta <strong>de</strong> recenseamentos quepu<strong>de</strong>ssem mostrar com maior clareza o perfil populacional na época, Leal (2005) sugere que essaskitchenettes eram ocupadas principalmente por pessoas sozinhas ou jovens casais, que vinham para acida<strong>de</strong> atraídas pelas oportunida<strong>de</strong>s que o crescimento econômico <strong>de</strong> São Paulo oferecia. Dessa maneira,esses ocupantes procuravam se instalar em espaços mínimos <strong>de</strong> maneira provisória, mas que eramfinanceiramente acessíveis e próximos ao centro, on<strong>de</strong> se concentravam serviços urbanos e maioreschances <strong>de</strong> emprego.figura 38 - planta do edifício Andorinhas, projetado Rino Levi em 1952. En<strong>de</strong>reço: avenida Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco (fonte: banco <strong>de</strong>dados APARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)81


O processo <strong>de</strong> industrialização insinuava-se com maior intensida<strong>de</strong> e diversificação <strong>de</strong> se<strong>usp</strong>rodutos. Reis Filho (1976) afirma que as duas décadas entre os anos <strong>de</strong> 1940 e 1960 compreen<strong>de</strong>m a fase<strong>de</strong> mais intensa industrialização, e que ocorre no período <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> avanço técnico e econômico. Alterousetambém o ritmo <strong>de</strong> vida urbana da antiga cida<strong>de</strong> moldada nas dinâmicas induzidas pela economiacafeeira, apresentando agora <strong>um</strong> "renovado layout, pontilhado pelas chaminés." (Arruda, 2009) Houveintegração das ativida<strong>de</strong>s cafeeiras, da agricultura variada, da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes, da diversificação docomércio varejista e atacadista, do sistema bancário e, sobretudo, do setor industrial, criando condiçõesfavoráveis ao pleno <strong>de</strong>senvolvimento (Arruda, 2009). A cida<strong>de</strong> toda, nesse contexto, se <strong>de</strong>senvolvia doponto <strong>de</strong> vista material. Pietro Maria Bardi, ao voltar à cida<strong>de</strong> em 1946 <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>ausência dá <strong>um</strong>a noção <strong>de</strong> <strong>como</strong> ela se movimentava:"Pisei pela segunda vez na cida<strong>de</strong> em 46. Não a reconheci; tinha-avisitado em 34, porém só <strong>de</strong> passagem (...) O arranha-céu baluarte doComendador Martinelli agora tinha outros companheiros, as ruas não seapresentavam mais com a graça das fileiras <strong>de</strong> patéticos casebres,fachadas adornadas com alguns parcimoniosos enfeites <strong>de</strong>corativos, unsvidros coloridos, cortinas <strong>de</strong> crochê. A cida<strong>de</strong> mudara, evi<strong>de</strong>nciando comcerta prepotência o clássico `<strong>de</strong>ixa comigo´." (Bardi, 1979)O Estado incentivava o <strong>de</strong>senvolvimento industrial direcionando os investimentos para o setor. Era oque ocorria, por exemplo, no acesso <strong>de</strong> crédito aos empresários do ramo industrial, que tinham jurosmenores do que aqueles impostos ao setor agrário. A produção cafeeira também foi <strong>de</strong>sestimulada através<strong>de</strong> a<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> tributos. Essa nova fase do <strong>de</strong>senvolvimento industrial, calcada na produção <strong>de</strong> bens <strong>de</strong>capital – máquinas, equipamentos, instalações industriais, etc – fez o Estado transformar a industrializaçãon<strong>um</strong> modo <strong>de</strong> produção hegemônico (Coccaro, 2000). Desenvolvimento tardio em relação a Europa, on<strong>de</strong> jáexistiam, em fins <strong>de</strong> século XIX milhões <strong>de</strong> trabalhadores ocupados na indústria: 8,3 milhões na Inglaterra,8,6 milhões na Alemanha e 7,8 milhões na França (Tramontano, 1993). Juscelino Kubischek, presi<strong>de</strong>nte doBrasil nos anos 1950, exemplifica o ufanismo da classe política da época, empolgando-se com o`espetáculo´ das chaminés (Passos, 1998): “a civilização (...) precisa renovar-se, oferecendo nas torres <strong>de</strong>usinas elétricas, nas negras fitas <strong>de</strong> asfalto e nas chaminés empenachadas <strong>de</strong> f<strong>um</strong>o, o espetáculomaravilhoso e novo do trabalho <strong>de</strong> <strong>um</strong> povo que caminha e sente nos seus nervos o indomável impulso doprogresso.”82


O surto populacional da época também po<strong>de</strong> ter ajudado no a<strong>um</strong>ento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitaçõesproduzidas. As supostas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> empregos dadas por <strong>um</strong> dinâmico mercado <strong>de</strong> trabalhoincentivaram a vinda <strong>de</strong> migrantes <strong>de</strong> outros Estados, a<strong>um</strong>entando substancialmente a populaçãopaulistana. Esse afluxo fez com que a população do município dobrasse em pouco mais <strong>de</strong> 15 anos(Rossetto, 2002): a cida<strong>de</strong>, que em 1934 tinha cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> habitantes, tem sua populaçãoa<strong>um</strong>entada em mais <strong>de</strong> 300 mil até 1940, chegando a quase 2.200.000 em 1950. Os recenseamentosgerais do IBGE, citados por Ficher (1994) mostram que a população não parou <strong>de</strong> crescer nas próximasdécadas: cerca <strong>de</strong> 3.800.000 em 1960, quase 6 milhões em 1970 e mais <strong>de</strong> 8.400.000 em 1980. Entre 1941e 1949, por exemplo, entraram no Estado <strong>de</strong> São Paulo mais <strong>de</strong> 431 mil brasileiros proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> outrasregiões do país e somente 45 mil estrangeiros (Arruda, 2009). Um motivo para a cessação da imigração(Porta, 2004) foi a modificação na política imigratória oficial: "em 1928, o Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>subsidiar a vinda <strong>de</strong> estrangeiros (...) Durante a Segunda Guerra, foi s<strong>usp</strong>ensa a concessão <strong>de</strong> vistos <strong>de</strong>entrada no país e os países beligerantes impediram a saída <strong>de</strong> seus nacionais." (Porta, 2004)O gran<strong>de</strong> incremento populacional ocorrido nos anos 1950 em parte se <strong>de</strong>ve "a implantação daindústria automobilística em São Paulo e municípios adjacentes." (Levy, 1985) Essa produção realizada naregião da Gran<strong>de</strong> São Paulo ao que tudo indica repercutiu na popularização e uso do automóvel no resto dopaís. Durand (1989) afirma que a frota brasileira <strong>de</strong> veículos a<strong>um</strong>entou a partir <strong>de</strong>ssa época, passando <strong>de</strong>1,1 para 8,5 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s entre 1960 e 1978, com o percentual <strong>de</strong> fabricação nacional subindo <strong>de</strong>29 para 91%.Estas pessoas vinham atrás dos postos <strong>de</strong> trabalho que haviam sido criados na cida<strong>de</strong>, já que <strong>um</strong>terço <strong>de</strong> todos os estabelecimentos industriais do país estavam em São Paulo (Rolnik, 1997). Leite (2006)diz que provavelmente, a <strong>de</strong>manda por residências criadas era maior que a oferta que o mercado podiaoferecer, ao se “comparar a taxa <strong>de</strong> crescimento da população com a taxa <strong>de</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> moradias.“Apesar disso, o número <strong>de</strong> habitações construídas foi significativo e não parou <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar. Durante asdécadas <strong>de</strong> 1930 e 1940 a média anual <strong>de</strong> novas moradias foi <strong>de</strong> 200 mil, enquanto que nos anos 1950esse número sobe para 400 ou 500 mil anuais (Leite, 2006)A cida<strong>de</strong> crescia e o mercado imobiliário nos anos 1950 a<strong>um</strong>entava significativamente suaprodução. Mendonça (1999) diz que o slogan `a cida<strong>de</strong> que mais cresce no mundo´, aparecia em diversosmeios <strong>de</strong> comunicação da época, <strong>como</strong> matérias jornalísticas e propagandas comerciais. Em campanhaspublicitárias <strong>de</strong> corretoras imobiliárias, <strong>como</strong> a Lion, também transparecia o sentimento ufanista do povopaulista, trazendo histórias <strong>de</strong> luta e liberda<strong>de</strong>, <strong>como</strong> a Revolta <strong>de</strong> 1932 e os Ban<strong>de</strong>irantes. Em 1954, São83


Paulo comemorou 400 anos <strong>de</strong> fundação, tendo incentivado "iniciativas capazes <strong>de</strong> contribuir com aconfiguração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fisionomia metropolitana." (Mendonça, 1999) Durante a década <strong>de</strong> 1940, os bon<strong>de</strong>s daLight traziam estampados a expressão `São Paulo é a maior cida<strong>de</strong> industrial da América Latina´ (Rossetto,2002). Iniciativas <strong>como</strong> essas traziam <strong>um</strong> sentimento, <strong>de</strong> certo exagerado, que se manteve até a década <strong>de</strong>1960, <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> era a Nova York dos trópicos. Souza (1994) expõe as fases <strong>de</strong> transformação dapaisagem paulistana. O oitavo período apontado por ela, que correspon<strong>de</strong> aos anos <strong>de</strong> 1945 até 1954, listaalguns fatos que contribuíram para essa mudança: enorme crescimento urbano, em gran<strong>de</strong> parte<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado; a consolidação da cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> importante centro sócio-econômico brasileiro; a multiplicaçãodos bancos; intensa ativida<strong>de</strong> industrial; <strong>de</strong>senvolvimento dos meios <strong>de</strong> comunicação, <strong>como</strong> a televisão nocomeço dos anos 1950; e o início do processo <strong>de</strong> incorporação imobiliária.Exemplo <strong>de</strong> evento que visou mostrar os avanços paulistas no cenário econômico, tecnológico ecultural foi a Feira Internacional das Indústrias, exposição que inaugurou o Parque do Ibirapuera(Mendonça, 1999). A própria construção do parque fez parte dos planos para o festejo do quarto centenárioda cida<strong>de</strong>. Muitos hotéis também foram construídos nessa época - inclusive com incentivos e reduçõesfiscais nas construções - em parte para pessoas que participariam dos festejos do quarto centenário, emparte visando aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda dos empresários que faziam negócios na cida<strong>de</strong>. E por fim, averticalização também se apresentava <strong>como</strong> símbolo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e ajudava a divulgar o progresso(Rossetto, 2002). A cida<strong>de</strong> tinha <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> projetos realizados pela prefeitura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong>1951, que faziam parte do Plano <strong>de</strong> Melhoramentos Públicos aprovado pela Câmara Municipal através dalei n. 4.104/51, que vinham “influenciando os ânimos dos empreen<strong>de</strong>dores e do mercado imobiliário <strong>de</strong> <strong>um</strong>amaneira geral.“ (Leal, 2005)A valorização dos edifícios na época parecia inevitável:- a lei do Inquilinato ajudou a mudar a relação comercial que se estabelecia com a produção da casa,passando do aluguel para a venda. O produtor, que era dono do edifício, passou a ven<strong>de</strong>r cada unida<strong>de</strong>para pessoas diferentes. Isso po<strong>de</strong> ter favorecido alg<strong>um</strong>a melhora na qualida<strong>de</strong> construtiva e <strong>de</strong>acabamentos no edifício;- as migrações internas, possivelmente trouxeram também pessoas com po<strong>de</strong>rio econômico mais alto, paraocupar cargos técnicos e <strong>de</strong> gerência nas indústrias. Estes trabalhadores a<strong>um</strong>entariam os níveis <strong>de</strong>exigência para <strong>um</strong>a boa habitação;84


- além disso, esse contingente <strong>de</strong> trabalhadores precisavam sobretudo <strong>de</strong> lugar para morar, obrigando osprodutores a construírem muito mais unida<strong>de</strong>s habitacionais;- a ausência <strong>de</strong> mecanismos governamentais para o financiamento da produção da habitação feita pelaincorporação imobiliária <strong>de</strong>stinada à classe média forçou os empreen<strong>de</strong>dores a auto-financiarem seusedifícios, com recursos próprios ou com o aporte financeiro do futuro morador. Esse mecanismo tinhaalguns limites, <strong>como</strong> o prazo para o pagamento, que normalmente ficava restringido ao tempo <strong>de</strong> obra.Como as parcelas eram poucas, seu valor era bastante alto, po<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong>duzir que os compradorestinham relativo po<strong>de</strong>r aquisitivo;- <strong>como</strong> será visto ainda neste capítulo, a legislação municipal que ao longo do tempo procurou restringir oslimites dos edifícios através <strong>de</strong> alturas máximas, também propunha alturas mínimas. Esse mínimo muitasvezes estava acima da altura média construída, a<strong>um</strong>entando a escala do edifício e consequentemente oaporte financeiro <strong>de</strong> seu promotor.Além <strong>de</strong>stes e outros fatores, gran<strong>de</strong>s arquitetos e artistas vieram participar <strong>de</strong> alguns projetos. Osempresários começaram a ver vantagens em associar o nome <strong>de</strong> suas empresas e seus produtos a estesgran<strong>de</strong>s nomes. Eles achavam que "bons projetos, bons arquitetos (...) [po<strong>de</strong>riam] ven<strong>de</strong>-los melhor."(Souza, 1994) Oscar Niemeyer, por exemplo, montou <strong>um</strong> escritório em São Paulo durante alguns anosentre o fim da década <strong>de</strong> 1940 e o início da década <strong>de</strong> 1950 para trabalhar junto a incorporação imobiliária,projetando vários edifícios <strong>de</strong> apartamentos <strong>como</strong> o edifício Eiffel, o Montreal e o Copan. O escritório só foi<strong>de</strong>sativado com o início das ativida<strong>de</strong>s do arquiteto com o projeto <strong>de</strong> Brasília. Otávio Frias, que nos anos1950 foi <strong>um</strong> dos principais incorporadores da cida<strong>de</strong>, em entrevista a Rossella Rossetto e Nabil Bonduki(Rossetto, 2002) achava que "a assinatura do Oscar valia (...) [e que] <strong>um</strong>a obra <strong>de</strong> Portinari ajudava aven<strong>de</strong>r."figura 39 - propaganda <strong>de</strong> venda do edifício Califórnia, projetado por Oscar Niemeyer para o Banco Nacional Imobiliário – evidência doautor do projeto na divulgação do projeto (Leal, 2008)85


Até a década <strong>de</strong> 1960, e com a intervenção do BNH, não existiam linhas <strong>de</strong> crédito do governo parao financiamento da produção <strong>de</strong> habitações para a classe média. Tudo era realizado pelos empresários dosetor, pelos próprios compradores, ou por instituições privadas. Rolnik (1997) expõe alguns caminhos queos empresários da época encontraram para financiar seus empreendimentos, <strong>como</strong> as companhias <strong>de</strong>capitalização e as companhias <strong>de</strong> seguro. Segundo a autora, essas empresas – juntamente com os fundosprevi<strong>de</strong>nciários e as caixas econômicas do governo – modificaram os circuitos financeiros, ampliando semprece<strong>de</strong>ntes a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito. A partir dos anos 1940, boa parte do investimento nacional privadoconcentrou-se em ativida<strong>de</strong>s imobiliárias. O ministro do Trabalho <strong>de</strong> Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães,dizia que muitos capitais que estavam nos bancos na época foram investidos no ramo imobiliário: "oscapitais migraram para a capital e ficaram ociosos nos cofres dos bancos, ou foram arrastados na febreimobiliária." (Rolnik, 1997) Em 1939 as novas construções respondiam por apenas 20% do investimentonacional privado, em 1947 já era estimado em 47%.Sampaio (2002) explica que o que impulsionou o crescimento imobiliário do segundo pós-guerra foio crescimento da oferta <strong>de</strong> crédito gerada pelos gran<strong>de</strong>s superávits da balança comercial, por causa dadiminuição das importações. A proprieda<strong>de</strong> imobiliária "se tornou campo favorito <strong>de</strong> investimento dos lucrosoriundos da indústria, do comércio ou da exportação agrícola." (Sampaio, 2002) Um bom exemplo é a CBN,Companhia Seguradora Brasileira, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1921 – com o nome <strong>de</strong> Ítalo-Brasileira <strong>de</strong> Seguros Gerais –construía edifícios resi<strong>de</strong>nciais. A partir <strong>de</strong> 1935 passa a contar com sócios brasileiros e em 1961 faziamparte da diretoria Olavo Setúbal e Antônio Ermínio <strong>de</strong> Morais.86


figura 40 - maquete <strong>de</strong> edifício, projetado Rino Levi em 1948 (fonte: banco <strong>de</strong> dados APARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>). Produzido pelaCompanhia Seguradora BrasileiraAlém <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> outros ramos que investiam parte <strong>de</strong> seus lucros no imobiliário – <strong>como</strong> ascompanhias <strong>de</strong> seguros e <strong>de</strong> capitalização – existiam também empresas especializadas na área. A seguirveremos a atuação <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>las, <strong>como</strong> o BNI e a Construtora Waldomiro Zarzur e Aron Kogan, e asformas <strong>de</strong> viabilização dos empreendimentos n<strong>um</strong>a época que ainda não existia incentivos do governo parao financiamento privado <strong>de</strong> habitações realizadas em sistema <strong>de</strong> condomínio e <strong>de</strong>stinadas a classe média.Fundado em 1943, o Banco Nacional Imobiliário (BNI), manteve <strong>um</strong>a carteira especifica para o setorda habitação até 1954, quando foi dissolvido com a intervenção do Bra<strong>de</strong>sco. A carteira era a CompanhiaNacional Imobiliária (CNI). Otávio Frias era o diretor da carteira predial e Orozimbo Roxo Loureiro opresi<strong>de</strong>nte do banco. Depois <strong>de</strong> alguns anos <strong>de</strong> atuação, suas ações foram limitadas por <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminaçãodo Ministério da Fazenda do governo Café Filho, que <strong>de</strong>fendia a estabilização econômica e <strong>um</strong> controleinflacionário. Para isso “restringiu seriamente as reservas monetárias, a<strong>um</strong>entando o saldo <strong>de</strong> caixa mínimoexigido pelos bancos comerciais.“ (Rossetto, 2002) O BNI não conseguiu a<strong>um</strong>entar seu saldo porque tinhagran<strong>de</strong> parte do capital imobilizado em muitos apartamentos em construção. O governo <strong>de</strong>cretou então a87


intervenção do banco colocando-o sob responsabilida<strong>de</strong> do Banco do Brasil. Posteriormente, ele foi leiloadoe sob nova direção, não investiu mais em imóveis.O BNI vendia os seus apartamentos ainda durante fase <strong>de</strong> projeto. Era o chamado `condomínio apreço <strong>de</strong> custo´. Os compradores pagavam o custo da construção mais os gastos com a administração feitapelo banco. O banco apresentava <strong>um</strong>a planilha <strong>de</strong> custos com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> gastos com materiais e mão<strong>de</strong>-obra,somado à porcentagem <strong>de</strong> administração do negócio. O lucro obtido pelo banco com a futuravalorização do imóvel e as eventuais correções monetárias, apesar <strong>de</strong> embutidos, não eram apresentadosao comprador. “Aparece <strong>como</strong> <strong>um</strong>a formula <strong>de</strong> viabilizar o empreendimento através da reunião <strong>de</strong> váriaspequenas frações <strong>de</strong> capital.” (Rossetto, 2002) Isso possibilitava ao incorporador não precisar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>ssomas <strong>de</strong> capital para investimento, acabando sendo copiado por outros empresários da cida<strong>de</strong> e também<strong>de</strong> outros locais. Antes da criação do Sistema Financeiro <strong>de</strong> Habitação, esse tipo <strong>de</strong> plano era o maisutilizado pelos promotores imobiliários privados, sendo conhecido também <strong>como</strong> `sistema tradicional´(Salgado 1982). Posteriormente, já nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, essa forma <strong>de</strong> financiamento começou amostrar suas imperfeições, porque o financiamento era quase todo pago durante a obra, gerando parcelascom valores altos e, consequentemente, inadimplência (Leite, 2006).Essa maneira <strong>de</strong> financiamento diferia, por exemplo, da adotada pelo Banco Lar Brasileiro, queinvestia recursos próprios em empreendimentos imobiliários, com a venda coberta por garantia hipotecária.Esse banco, fundado em 1925, foi <strong>um</strong> dos primeiros na concessão <strong>de</strong> crédito hipotecário <strong>de</strong> longo prazo nopaís, <strong>de</strong>stacando-se muito na oferta <strong>de</strong> habitações, principalmente <strong>de</strong>pois da lei do Inquilinato e do segundopós-guerra (Sampaio, 2002). Quando da construção do conjunto Ana Rosa, o banco já tinha atendido cerca<strong>de</strong> 20 mil clientes e contava com cerca <strong>de</strong> 80 mil <strong>de</strong>positantes. Pereira (1988) reflete sobre aspossibilida<strong>de</strong>s abertas com o empréstimo hipotecário, existente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1920:“O empréstimo hipotecário viabilizava tanto a construção pelo proprietáriodo terreno <strong>como</strong> a compra pelo cons<strong>um</strong>idor, para morar. Isso criava <strong>um</strong>asituação peculiar para o <strong>de</strong>senvolvimento da indústria da construção,porque permitia, tanto ao proprietário do terreno financiar a construção parauso próprio <strong>como</strong> ao empresário construtor ter acesso ao crédito paraconstruir e <strong>de</strong>pois ven<strong>de</strong>r.”88


figura 41 - perspectiva do conjunto Ana Rosa, projetado por Plínio Croce e Roberto Aflalo (fonte: banco <strong>de</strong> dados APARTAMENTOS –<strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>). Produzido pelo Banco Hipotecário Lar BrasileiroOutra gran<strong>de</strong> produtora foi a Construtora Zarzur & Kogan, formada em 1947 pelo engenheiro civil eeletricista Waldomiro Zarzur e pelo arquiteto Aron Kogan, formados na Universida<strong>de</strong> Mackenzie. Asocieda<strong>de</strong> existiu até 1961, ano da morte <strong>de</strong> Kogan. Rossetto (2002) afirma que a empresa tinha sempre oobjetivo <strong>de</strong> baratear o custo das obras, tendo implantado soluções padronizadas para conseguir <strong>um</strong>aprodução em escala próxima à industrial. Também utilizavam elementos pré-fabricados, <strong>como</strong> painéis <strong>de</strong>vedação. A autora ainda afirma que <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma geral, alguns aspectos <strong>como</strong> a padronização doscomponentes construtivos e a racionalização na distribuição dos espaços foram estratégias utilizadas porestes agentes promotores do espaço <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> baratear a construção, n<strong>um</strong>a época em que acompetitivida<strong>de</strong> na indústria da construção a<strong>um</strong>entava:“A produção da habitação na escala e nas características exigidas pelaincorporação imobiliária não seria possível se não fossem empregados métodos <strong>como</strong>padronização <strong>de</strong> componentes arquitetônicos, produção em série, racionalização dadistribuição dos espaços, entre outros princípios que permitiam que a moradia fosseproduzida <strong>de</strong> forma mais econômica (...) Constituíram métodos e elementosconstrutivos largamente presentes na maioria dos casos estudados e tornaram-sefundamentais para a construção <strong>de</strong> <strong>um</strong> padrão <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> da indústria daconstrução.”Rossella ainda diz que os arquitetos mo<strong>de</strong>rnistas na Europa do primeiro pós-guerra viam naprodução maciça <strong>de</strong> moradias a solução para o problema da habitação. Ela diz que eles entendiam essaprodução <strong>como</strong> <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> reorganização da socieda<strong>de</strong> em bases menos individualistas. Defendiam ahomogeneização e a padronização dos espaços arquitetônicos <strong>como</strong> “parte <strong>de</strong> <strong>um</strong> método <strong>de</strong> projetação aser aplicado em qualquer contexto, fundamentados na premissa <strong>de</strong> que a maioria dos indivíduos tinha89


necessida<strong>de</strong>s análogas.“ (Rossetto, 2002) Tramontano (1993) afirma que no segundo pós-Guerra, surgiramem toda a Europa extensas periferias, compostas por inúmeros gran<strong>de</strong>s blocos idênticos, contendominúsculos apartamentos. Para ele, foi a consagração “do arquétipo „mo<strong>de</strong>rno‟ da „habitação-para-todos‟,apontado hoje por gran<strong>de</strong> partes dos estudiosos da habitação <strong>como</strong> a causa <strong>de</strong> todos os males por seu“papel <strong>de</strong> inibidor <strong>de</strong> toda pesquisa posterior pelas extremas <strong>como</strong>dida<strong>de</strong>s que sua fórmula oferece éinegável.“Ruth Ver<strong>de</strong> Zein (Wolf, 1998), citando Oswaldo Bratke, diz que em São Paulo (ao contrário do Rio<strong>de</strong> Janeiro) a Arquitetura Mo<strong>de</strong>rna não `pegou pela moda´. Foi somente quando provou ser a opção maisbarata: “ela vem, não po<strong>de</strong>mos nos esquecer, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a base politécnica, <strong>de</strong> construção.“ No caso paulistano,as intervenções urbanas não contaram com interferências diretas da municipalida<strong>de</strong>, <strong>como</strong> no Rio (Villa,2002). Já Passos (1998), mostrando a evolução dos apartamentos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte no período<strong>de</strong> 1939 a 1976, diz que o racionalismo mo<strong>de</strong>rnista per<strong>de</strong>u seu caráter inovador quando os objetivos globais<strong>de</strong> transformação social foram abandonados. O que resta a partir dos anos 1960, segundo ele, é <strong>um</strong>instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> otimização da produção industrial <strong>de</strong> edifícios.O precursor artigo escrito por Rino Levi nos anos 1920 no jornal O Estado <strong>de</strong> São Paulo, quando eleapresenta alguns conceitos da arquitetura mo<strong>de</strong>rna, traz alguns itens que posteriormente foram facilmenteincorporados pelos empresários, quando perceberam vantagens econômicas em introduzi-los: "praticida<strong>de</strong>e economia, da arquitetura <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>es, linhas simples, poucos elementos <strong>de</strong>corativos." (Sampaio, 2002)Somekh (1997) confirma estes motivos que levaram à adoção <strong>de</strong> alguns dos preceitos mo<strong>de</strong>rnos, citando afacilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução do capital e o aproveitamento da <strong>de</strong>squalificação da mão-<strong>de</strong>-obra: "<strong>de</strong> modo geral,a mo<strong>de</strong>rnização na arquitetura acontece também muito mais por <strong>um</strong>a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o capital sereproduzir mais rapidamente, por isso a perda dos ornamentos, e ainda por <strong>um</strong>a contingência: a mão-<strong>de</strong>obraespecializada ou era cara ou estava <strong>de</strong>saparecendo." (Somekh, 1997) Eduardo Afonso Reidy (1987),n<strong>um</strong>a entrevista dada ao Jornal do Brasil em 1961, fala <strong>como</strong> era a planta das habitações da época a partirdas idéias <strong>de</strong> dois dos principais nomes do Movimento Mo<strong>de</strong>rno: Frank Loyd Wright e Le Corbusier. Ao sefazer <strong>um</strong>a análise das plantas da época, através <strong>de</strong> peças gráficas que compõem o banco <strong>de</strong> dados sobreapartamentos do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>, nota-se justamente <strong>um</strong>a predominância do que estes arquitetos tentavamevitar – ambientes confinados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites em compartimentos estanques:“Duas correntes doutrinárias disputam presentemente a li<strong>de</strong>rança daarquitetura contemporânea, procurando influir nos seus <strong>de</strong>stinos. LeCorbusier e F. L. Wright são apontados <strong>como</strong> os expoentes máximos,90


espectivamente, das correntes ditas funcionalista e orgânica. Ambas sebaseiam no tema do plano livre, isto é, aquele on<strong>de</strong> as pare<strong>de</strong>s, libertadasda sua antiga função estrutural <strong>de</strong> apoio, transformaram-se em simpleselementos <strong>de</strong> vedação, livremente dispostos. Placas, geralmente <strong>de</strong> poucaespessura, planas, curvas ou onduladas, <strong>de</strong> materiais da mais variadanatureza, <strong>de</strong>finem o espaço interior, dando-lhe <strong>um</strong> sentido dinâmico <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong>, em lugar <strong>de</strong> confina-lo <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong> compartimentosestanques.” (Reidy, 1987)O estudo <strong>de</strong> Villa (2002) confirma a hipótese <strong>de</strong> que os ambientes das unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais dosapartamentos apresentam <strong>um</strong>a estanqueida<strong>de</strong> funcional, e indica que isso po<strong>de</strong>ria ser <strong>um</strong>a estratégia paragarantir a aceitação do empreendimento. Foram mantidas nas habitações referências francesasoitoscentistas, principalmente a setorização e compartimentação das áreas. “Um dos pontos básicos daarquitetura mo<strong>de</strong>rna – a planta livre, na maioria dos casos, não saiu do papel.“ (Villa, 2002) Jacques Pilon éexemplo <strong>de</strong> arquiteto que adotava em alguns projetos <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> escritórios <strong>um</strong>a linha <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong> eeconomia, que ”entusiasmava os proprietários que encontravam neste tipo <strong>de</strong> investimento <strong>um</strong> excelentenegócio.” (Branco, 1998). Eram obras que facilitavam a execução da estrutura do concreto armado comconseqüente economia.91


figura 42 - fotos do edifício Paissandu, projetado Jacques Pilon em 1935. En<strong>de</strong>reço: largo do Paissandu (fonte: banco <strong>de</strong> dadosAPARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)N<strong>um</strong>a fase em que o po<strong>de</strong>r público não interferia nem financiava a produção <strong>de</strong> habitações alémdas `<strong>de</strong>mandas sociais´, o empresariado obtinha capital para suas obras através dos próprioscons<strong>um</strong>idores, no sistema a preço <strong>de</strong> custo ou com auto-financiamento. Depois <strong>de</strong> duas décadas <strong>de</strong>empreendimentos auto-financiados aparece o BNH, que nos anos 1960 e 1970 influenciou na consolidaçãodo mercado. Antes do Banco Nacional <strong>de</strong> Habitação, questões estéticas - tanto edilícias quanto aspectosque influenciavam a paisagem da cida<strong>de</strong> - eram colocadas com maior freqüência. Estas preocupaçõesapareciam na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, seja com o empresário contratando alg<strong>um</strong> `notável´ paraa elaboração do projeto, seja com o diálogo e a flexibilida<strong>de</strong> dos técnicos da prefeitura, permitindo situaçõesnão previstas nos regulamentos municipais. Este foi o caso do edifício Montreal, que não previu recuoescalonado <strong>de</strong> 2 metros a partir da cota 50. Segundo explicação do seu autor, o “projeto visa – antes <strong>de</strong>tudo – dar à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo <strong>um</strong> prédio que não a comprometa urbanisticamente, contribuindo aocontrário, para seu engran<strong>de</strong>cimento arquitetônico.“ (Leal, 2005) O engenheiro Roberto <strong>de</strong> Barros, mesmosabendo <strong>de</strong> que se tratava <strong>de</strong> infração, encaminha o processo a Diretoria para <strong>de</strong>liberar sobre o assunto.92


Esse exemplo esclarece duas questões. Primeiro, mostra que as leis eram burladas. Ora embenefício da cida<strong>de</strong> <strong>como</strong> nesse caso, ora em favor <strong>de</strong> interesses privados não muito claros. Niemeyerachou que aquele local ficaria mais bonito com a sua solução e os técnicos, mesmo percebendo que aproposta não se enquadrava nos regulamentos, admitiram a proposta. Em segundo lugar, o longo tempopara a aprovação, em função <strong>de</strong> divergências sobre a forma do edifício, por causa da proposta diferenciadado projeto. A partir <strong>de</strong> 1964, o BNH estrutura <strong>um</strong> novo sistema <strong>de</strong> financiamento habitacional cujo principalobjetivo seria a produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s habitacionais. Além disso, ele cria normaspróprias que conduziam o processo <strong>de</strong> aprovação dos projetos. O Banco foi bastante rigoroso quanto aoc<strong>um</strong>primento das normas, talvez <strong>de</strong>vido ao vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> solicitações, que a<strong>um</strong>entou substancialmente. No fim,o empresário somente obtinha o Capital para seu empreendimento se seguisse exatamente o que asnormas pediam, e por causa disso, o tempo <strong>de</strong> aprovação e discussões sobre peculiarida<strong>de</strong>s do projetodiminuíam.93


6.1.4 - diálogos entre arquitetura, legislação, construtores e cida<strong>de</strong>São enfocadas leis que interferiam nos limites vol<strong>um</strong>étricos do edifício e conseqüências dainstabilida<strong>de</strong> política municipal no Estado Novo. O objetivo é enten<strong>de</strong>r a legislação do tema e os seus<strong>de</strong>sdobramentos para a paisagem da cida<strong>de</strong>. As leis mencionadas aqui, são aquelas mais frequentementecitadas no trabalho <strong>de</strong> pesquisadores expressivos do assunto (Dra. Raquel Rolnik, Dra. Maria AdéliaAparecida <strong>de</strong> Souza, Dra. Nádia Somekh, Dra. Maria Ruth do Amaral Sampaio, Dra. Rossella Rossetto, Dra.Sara Feldman, etc.). Foi a partir <strong>de</strong>stas leituras que se pô<strong>de</strong> ter <strong>um</strong>a noção <strong>de</strong> <strong>como</strong> elas evoluíram.Rolnik (1997), diz que a zona sudoeste foi a mais regulada do ponto <strong>de</strong> vista da legislação urbana.Como é nesta área do centro que estão a maioria dos edifícios construídos na primeira meta<strong>de</strong> do séculoXX – <strong>como</strong> veremos a seguir – po<strong>de</strong>-se afirmar que essa verticalização inicial da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo teve<strong>um</strong> gran<strong>de</strong> controle do governo municipal. Somekh (1997) afirma que no fim da década <strong>de</strong> 1920, aconstrução <strong>de</strong> edifícios altos já extrapolava os limites do `triângulo histórico´ - formado pelas ruas Direita,XV <strong>de</strong> Novembro e São Bento. A partir <strong>de</strong> seu antigo núcleo, seguiu em direção ao vale do Anhangabaú e àpraça da República. Essa produção fez aparecer alguns eixos em que a verticalização prevaleceu, <strong>como</strong> arua Barão <strong>de</strong> Itapetininga e a avenida São João. Em 1939, 30% dos prédios construídos já se localizavamfora do triângulo histórico. Apesar disso, seguindo em direção ao centro novo, a predominância (65%) <strong>de</strong>usos dos edifícios era terciária (Somekh, 1997). Feldman (1996) afirma que, nos anos 1940 intensifica-se aprodução em bairros próximos, insinuando-se também em bairros mais afastados e menos valorizados. Oprograma comercial passa a ser menos freqüente em relação ao resi<strong>de</strong>ncial.A intervenção do governo municipal que começa no fim dos anos 1930, colocando em prática partedo Plano <strong>de</strong> Avenidas <strong>de</strong> Prestes Maia, ajudou a valorizar essa área. As ruas que se localizavam no interiordo Perímetro <strong>de</strong> Irradiação proposto pelo plano tiveram <strong>um</strong>a ocupação "quase integral do solo e averticalização das construções <strong>de</strong> forma acentuada, criando paisagem bastante diferente na cida<strong>de</strong>."(Bosetti, 2002) É nessas áreas que se encontra, portanto, a maior parte dos edifícios altos e da legislaçãosobre o tema produzido até meados do século XX. O vetor sudoeste sempre foi o setor mais rico da cida<strong>de</strong>(Villaça, 2001). Possivelmente por esse motivo, sempre teve <strong>um</strong> interesse maior por parte dos promotoresimobiliários, porque "a renda do solo urbano não advém das construções e das benfeitorias que sobre eleinci<strong>de</strong>m, mas <strong>de</strong> sua `localização´. Construções e infra-estrutura da mesma natureza, em terrenos comlocalizações diferentes, apresentam preços diferentes." (Souza, 1994). Carlos Lemos dá <strong>um</strong>a idéia <strong>de</strong> <strong>como</strong>94


era a relação entre os promotores e o po<strong>de</strong>r público, mostrando que as leis sempre se alteravam em funçãodos interesses daqueles:“Certamente a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo não teria a sua atual fisionomia seaquelas antigas <strong>de</strong>terminações do Código Sanitário <strong>de</strong> 1911 e <strong>de</strong> Código<strong>de</strong> Obras da Prefeitura não tivessem sido revogadas e substituídas porfórmulas elucubradas não sabemos <strong>como</strong>, talvez nos <strong>de</strong>svãos <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>escritório <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> especulador imobiliário.“ (Lemos, 1985)figura 43 - 1930 - esquema teórico plano <strong>de</strong> avenidas prestes maia - setor sudoeste (Bem, 2006)Souza (1994) confirma esta hipótese, dizendo que o seu código <strong>de</strong> obras "sempre irá ser alteradoem benefício do incorporador." Diferentemente <strong>de</strong> outras capitais brasileiras, principalmente do Rio <strong>de</strong>Janeiro, as intervenções urbanas paulistanas não contaram com interferências diretas da municipalida<strong>de</strong>(Villa, 2002), permitindo <strong>um</strong>a intensa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores particulares e gerando <strong>um</strong>a massaedificada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções. Rolnik (1997) nota que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1930 existiam restrições na alturados edifícios, e que, a partir da gran<strong>de</strong> produção imobiliária do pós-Guerra, o controle das áreasverticalizadas gerava polêmica que dividia opiniões não somente entre políticos e construtores, mastambém <strong>de</strong> urbanistas. Um exemplo disso é o processo <strong>de</strong> aprovação do edifício CBI Esplanada, quecomeçou na década <strong>de</strong> 1930. Já no seu primeiro projeto, que não chegou a ser construído, <strong>de</strong>senvolvidopelo arquiteto Elisiário Bahiana, nota-se a interferência política e a influência dos seus patrocinadores sobreo corpo técnico da prefeitura. Falbel (2005) diz que isso ocorreu pela excepcionalida<strong>de</strong> do projeto e do seuprograma, mas também pelo fato <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> <strong>um</strong> empreendimento realizado pela família Crespi, que95


tinha forte influência nas <strong>de</strong>cisões políticas e econômicas da cida<strong>de</strong>. A seguir, o parecer do engenheiro daprefeitura, Carlos Alberto Gomes Cardim Filho:“Um gran<strong>de</strong> edifício <strong>de</strong>stinado a hotel, tão necessário para estimular oturismo e com gran<strong>de</strong> salão <strong>de</strong> festas tão útil para a cida<strong>de</strong> que é pobrenesse particular; e que finalmente é <strong>um</strong> prédio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções quesó virá engran<strong>de</strong>cer a cida<strong>de</strong>, sendo <strong>de</strong> se elogiar a disposição <strong>de</strong> <strong>um</strong>particular em inverter tão gran<strong>de</strong> capital n<strong>um</strong> prédio <strong>de</strong>ssa proporção quetambém irá equilibrar o conjunto dos prédios no local." (Falbel, 2005)Este parecer oficial foi dado mesmo contrariando o disposto no ato 1.373/38, que previa alturasmáximas inferiores àquela proposta no projeto <strong>de</strong> 121,50 metros. Depois <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> tempo, foi realizadooutro projeto para a mesma área, <strong>de</strong>sta vez <strong>de</strong>senvolvido pelo arquiteto Lucjan Korngold. Apesar disso, asdivergências continuaram, com o processo <strong>de</strong> aprovação se esten<strong>de</strong>ndo por anos. Por vezes, os própriosarquitetos projetistas envolvidos em empreendimentos tentavam transgredir as recomendações domunicípio, justificando-se com razões plásticas. Um exemplo é a avenida Nove <strong>de</strong> Julho, que teve suasPosturas Municipais contestadas por profissionais que queriam oferecer à cida<strong>de</strong> "<strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> edifícios<strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> não só construtiva, mas também estética, fugindo-se das empenas cegas, dos vãosestreitos e frios entre dois edifícios, da falta <strong>de</strong> integração entre as construções geminadas, etc." (Bosetti,2002) Essa avenida previa que suas construções tivessem recuos laterais e frontais na medida quea<strong>um</strong>entava a sua altura. Neste eixo viário existia outro problema que segundo Bosetti (2002), extrapolava oslimites dos lotes on<strong>de</strong> os edifícios eram implantados: foram poucos os edifícios resi<strong>de</strong>nciais que tiverampreocupação com o espaço público. O autor mostra que constituem raríssimas exceções os projetos emque os interesses mercadológicos não suplantaram o interesse público; e que os investidores é que davam,"subjulgados à avaliação dos engenheiros da prefeitura, a palavra final sobre o projeto a ser executado."As regras impostas pela legislação sobre a altura das edificações enunciavam não somente oslimites máximos, mas também as alturas mínimas. Nos anos 1910, provavelmente legislando para osprimeiros edifícios construídos na cida<strong>de</strong>, tais regras já existiam induzindo a construção <strong>de</strong> prédios <strong>de</strong> trêsou quatro andares no centro, e estimulando o a<strong>de</strong>nsamento populacional. Somekh (1997) em suaperiodização da verticalização em São Paulo, consi<strong>de</strong>ra <strong>como</strong> marco inicial o ano <strong>de</strong> 1920, pois é nessadata que foi promulgada a lei n. 2.332. A partir <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>ste ano, e durante quase quatrodécadas, a altura <strong>de</strong> <strong>um</strong> edifício seria relacionada com a largura da rua. Quanto menor essa largura, menosaltura <strong>de</strong>veria ter o prédio. Além disso, não po<strong>de</strong>ria ultrapassar três vezes a largura da rua quando esta96


fosse maior do que 12 metros. Mais <strong>um</strong>a vez encontram-se casos em que a regra foi burlada. Não emqualquer edifício, mas naquele que foi consi<strong>de</strong>rado – antes da construção do edifício Martinelli – o primeiroarranha-céu da cida<strong>de</strong>: o edifício Sampaio Moreira. O Diretor <strong>de</strong> Obras da Prefeitura, Vitor da Silva Freire,teria sido vencido pela insistência <strong>de</strong> seus promotores e do próprio arquiteto que o projetou, Christiano dasNeves, e aprovou o processo. Abriu-se então ”<strong>um</strong> prece<strong>de</strong>nte para a aprovação do Martinelli e, maisadiante, para a modificação da legislação.” (Somekh, 1997)figura 44 - edifício Sampaio Moreira, foto dos anos 1920 tirada do vale do Anhangabaú, tendo a frente os palacetes Prates – ao fundo,o triângulo ainda predominantemente horizontal (fonte: http://www.piratininga.org/sampaio_moreira/sampaio_moreira.htm)figura 45 - vista para o triângulo, foto tirada em 1954 – o Sampaio Moreira já aparece <strong>como</strong> <strong>um</strong> dos edifícios <strong>de</strong> menor altura do centro:"O ritmo acelerado da verticalização fez com que o Martinelli fosse ofuscado em pouco tempo por novos arranha-céus." (Porta, 2004)No fim da década <strong>de</strong> 1920, entrou em vigor o Código <strong>de</strong> Obras conhecido <strong>como</strong> Arthur Saboya, "aprimeira tentativa <strong>de</strong> normatizar a construção <strong>de</strong> edificações." (Souza, 1994). As disposições <strong>de</strong>sse Códigoeram as mesmas da lei n. 2.332: ele agrupava as ruas em três categorias, segundo sua largura: até 9metros; <strong>de</strong> 9 a 12 metros; e maiores que 12 metros. Para cada <strong>um</strong>a <strong>de</strong>las, limites <strong>de</strong> altura diferentes: duasvezes; duas vezes e meia; e três vezes, respectivamente. Tudo ”exatamente <strong>como</strong> na lei nº 2332, <strong>de</strong> 1920.”(Somekh, 1997)"O Código Arthur Saboya consolidou as Posturas Municipais em 1929,reunindo toda a legislação sobre edificações e arruamentos existentes atéaquela data, apresentando avanços no que se refere à normatização,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as condições gerais até o projeto das edificações, <strong>como</strong> o97


licenciamento e a fiscalização, e abordando a regulamentação quanto àlocalização dos usos." (Bosetti, 2002)A partir <strong>de</strong>ssa época, o município começou a fazer concessões na altura dos edifícios através daimplantação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a nova regra: os prédios seriam escalonados, com recuos laterais e frontais quanto maiorfosse sua altura. Esse é o caso do Ato Municipal n. 663 <strong>de</strong> 1934, que atualizou o Código Saboya (Silva,2008). Uma típica avenida paulistana em que se verificam reflexos <strong>de</strong>ssa legislação em boa parte <strong>de</strong> suaextensão é a Nove <strong>de</strong> Julho. O Decreto lei n. 75, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1941, legislava especificamentesobre essa avenida, e estabelecia permissão para a<strong>um</strong>entos <strong>de</strong> altura mediante recuos escalonados (Silva,2008). Além dos recuos em altura, a partir <strong>de</strong> 1937 com a lei n. 3571, estabeleceu-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queconstruções verticalizadas localizadas em <strong>de</strong>terminadas ruas resi<strong>de</strong>nciais estivessem recuadas das viaspúblicas (Rolnik, 1997)figura 46 - foto do edifício Lealda<strong>de</strong>, projetado por Francisco Beck em 1948. En<strong>de</strong>reço: avenida Nove <strong>de</strong> Julho (fonte: banco <strong>de</strong> dadosAPARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)figura 47 - foto do edifício Hubert, projetado por Oscar Souza Pinto e Erico Brann em 1949. En<strong>de</strong>reço: avenida Nove <strong>de</strong> Julho (fonte:banco <strong>de</strong> dados APARTAMENTOS – <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>)98


Outra importante avenida paulistana para a qual foram estipulados, nos anos 1940, limites mínimose máximos <strong>de</strong> altura <strong>de</strong> seus prédios com a previsão <strong>de</strong> escalonamento gradual foi a Ipiranga. O Decreto lein. 41 <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1940 exigia <strong>um</strong>a altura mínima <strong>de</strong> 39 metros, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80 metrosmediante recuos e, em casos especiais, chegar até 115 ou 135 metros (Silva, 2008). Proprietários <strong>de</strong>edifícios que não atingissem a medida mínima seriam penalizados com <strong>um</strong> acréscimo <strong>de</strong> 20% no valor <strong>de</strong>seu imposto predial. A prefeitura, <strong>de</strong>ssa forma, incentivava o crescimento vertical <strong>de</strong>ssa região da cida<strong>de</strong>. Oparágrafo terceiro <strong>de</strong>ssa lei explicava <strong>como</strong> <strong>de</strong>veriam ser os recuos: “Os corpos super-elevados, isto é, osque subirem além <strong>de</strong> 39,00 ms (sic), <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer às seguintes <strong>de</strong>terminações: 50% entre as cotas39,00 e 52 ms (sic); 40% entre as cotas 52,00 e 75,00 ms (sic); 30% acima da cota 75,00 ms (sic).“ (Leal,2005)Outro problema era que as alturas máximas previstas em lei eram sempre muito maiores do que amédia construída na época, não significando, portanto, nenh<strong>um</strong>a restrição aos construtores. Na rua Barão<strong>de</strong> Itapetininga ou na praça Ramos <strong>de</strong> Azevedo, por exemplo, a altura máxima, <strong>de</strong> acordo com o Ato 663 <strong>de</strong>1934, era <strong>de</strong> 50 metros. Coccaro (2000) afirma que no centro, em oposição, foram restringidas construçõescom mais <strong>de</strong> 10 pavimentos. Isso, segundo o autor, estimulou ”a construção <strong>de</strong> edifícios fora <strong>de</strong>ssa área,através da limitação do gabarito <strong>de</strong> altura em índices muito superiores àqueles construídos na época.” Issoteve <strong>como</strong> conseqüência ”o lento abandono <strong>de</strong> setores edificados por novos centros em constanteconstrução.”O Decreto lei n. 92, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1941, manteve a mesma forma <strong>de</strong> limitação da altura dosedifícios, a<strong>um</strong>entando as alturas proporcionalmente à largura das ruas, que nessa década já era maior.Essas medidas são válidas também para a região central: para as ruas <strong>de</strong> até 12 metros, prédios com nomáximo 40 metros <strong>de</strong> altura; em ruas com largura entre 12 e 18 metros, prédios com <strong>um</strong> limite <strong>de</strong> 60metros; e em ruas com tamanho superiores a 18 metros, seria permitido construir até 80 metros (Somekh,1997).O ano <strong>de</strong> 1957 trouxe mudanças significativas para o processo <strong>de</strong> verticalização da cida<strong>de</strong>: mudousea forma <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong> altura, agora não mais em função da largura da rua mas levando-se em conta<strong>um</strong>a ocupação máxima <strong>de</strong> acordo com o tamanho do terreno. Além disso, a idéia <strong>de</strong> <strong>um</strong>a cida<strong>de</strong> quecrescia “in<strong>de</strong>finidamente para cima e para os lados, personificada no lema a<strong>de</strong>marista dos anos 50 - `SãoPaulo não po<strong>de</strong> parar´ - começa a ser questionada pela primeira vez por <strong>um</strong> grupo <strong>de</strong> engenheiros earquitetos li<strong>de</strong>rados por Anhaia Melo.” (Rolnik, 2001). A proposta li<strong>de</strong>rada por Anhaia Melo foi i<strong>de</strong>alizada99


<strong>de</strong>ntro dos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos na Comissão do Plano Diretor, constituída pelo então prefeito CristianoStockler das Neves (Rolnik, 1997):"estudo [<strong>de</strong> 1954] <strong>de</strong> Anhaia Mello `Elementos básicos para o planejamentoregional <strong>de</strong> São Paulo´, conhecido <strong>como</strong> `Esquema Anhaia´. Continha,pela primeira vez, a idéia do comprehensive planning e a <strong>de</strong>fesa da tese <strong>de</strong>conter a expansão urbana, tanto vertical <strong>como</strong> horizontal." (Rolnik, 1997)O comprehensive planning era a idéia <strong>de</strong> que o plano abarcasse a totalida<strong>de</strong> dos aspectos quecompunham a cida<strong>de</strong>, inclusive aqueles que extrapolavam seu âmbito territorial. Até 1957, a média docoeficiente <strong>de</strong> aproveitamento variava entre 8 e 10 vezes a área do terreno (Coccaro, 2000). Com a nova lein. 5.261, o coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento passou a ser restringido a 4 vezes a área do terreno, no caso <strong>de</strong>edifícios resi<strong>de</strong>nciais, e a 6 vezes, no caso <strong>de</strong> edifícios comerciais. Esta diferença entre os índices <strong>de</strong>edifícios resi<strong>de</strong>nciais e comerciais gerou <strong>um</strong>a prática entre os empreen<strong>de</strong>dores, que conseguiam burlar a leimediante alteração do uso <strong>de</strong>pois da aprovação do projeto. Construíam-se "prédios para uso comercial, eaté hospitais, prevalecendo portanto o coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento 6, e após a obtenção do habite-se elesse tornavam prédios <strong>de</strong> apartamentos cujo coeficiente, para construção, seria quatro." (Souza, 1994) Rolniknota que essa lei limita a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncial por hectare a 600 pessoas (Rolnik, 1997). Em 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1961, no último dia <strong>de</strong> seu mandato, o prefeito Adhemar <strong>de</strong> Barros fez alterações na lei,introduzindo mudanças que <strong>de</strong>scaracterizaram alguns <strong>de</strong> seus mecanismos, <strong>como</strong> a fórmula para o cálculoda <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional em zonas resi<strong>de</strong>nciais, e o estabelecimento <strong>de</strong> critérios para aprovação <strong>de</strong>edificações mistas. Esses expedientes "ampliavam a margem <strong>de</strong> manobra dos incorporadores." (Rolnik,1997)Uma particularida<strong>de</strong> brasileira que influenciou muito as capitais durante mais <strong>de</strong> duas décadas foi aausência <strong>de</strong> eleições diretas para governos municipais. O Brasil, a partir <strong>de</strong> 1930, não viveu <strong>um</strong> regime<strong>de</strong>mocrático e até 1953 não elegeu prefeitos, que eram indicados pelo interventor fe<strong>de</strong>ral no Estado. ACâmara Municipal também não funcionou até 1947 (Rolnik, 2001). De 1945 até 1953, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo teve 7 prefeitos diferentes: 1945-47: Abraão Ribeiro; 1947: Cristiano das Neves; 1947-48: PauloLauto; 1948-49: Milton Improta; 1949-50: Asdúbral E. da Cunha; 1950-51: Lineu Prestes; 1951-53: Armando<strong>de</strong> Arruda Pereira. Somente no ano <strong>de</strong> 1947 passaram pelo gabinete três prefeitos. Levy (1985) indica dois100


fatores que contribuíram para este cenário: a falta <strong>de</strong> autonomia política no nível municipal e o fato <strong>de</strong> quemuitas crises surgidas eram resolvidas com a <strong>de</strong>missão do prefeito:"Essa discrepância n<strong>um</strong>érica [entre o número <strong>de</strong> governadores e o <strong>de</strong>prefeitos no período] em parte revela conteúdos políticos diversos entreesses dois níveis <strong>de</strong> governo. De <strong>um</strong> lado, o fato se explica pela falta <strong>de</strong>autonomia política que tiveram as capitais até 1953: embora as câmarastenham sido reabertas em 1948 – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> permanecerem fechadas sob oEstado Novo – o prefeito era <strong>de</strong>signado pelo governador, e muitas crisespolíticas que surgiram foram solucionadas por intermédio da <strong>de</strong>missão <strong>de</strong>prefeitos, já que o governador não podia se <strong>de</strong>sgastar perante o eleitorado."Foi o caso do governador Adhemar <strong>de</strong> Barros, que no período <strong>de</strong> seu governo - 1947 a 1950 –indicou cinco prefeitos para a cida<strong>de</strong>. A maioria <strong>de</strong>les não terminou o mandato, <strong>como</strong> Cristiano das Nevesque, em 1947, foi <strong>de</strong>mitido cinco meses <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ass<strong>um</strong>ir a prefeitura por propor <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento das tarifas<strong>de</strong> transportes coletivos (Levy, 1985). Essa instabilida<strong>de</strong> política vivida na época po<strong>de</strong> ter contribuído para afalta <strong>de</strong> <strong>um</strong> correto planejamento urbano, e para a falta <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas públicas voltadas aocontrole do crescimento urbano.Um dos prefeitos não-eleitos indicado pra governar a cida<strong>de</strong> por esses tempos foi Prestes Maia.Entre tantas reformas urbanas propostas por ele, foi instituído, no ano <strong>de</strong> 1939, <strong>um</strong> Concurso <strong>de</strong> Fachadasentre arquitetos com o objetivo <strong>de</strong> escolher os edifícios mais bonitos da cida<strong>de</strong> (Branco, 1988). Aosarquitetos e construtores eram dados prêmios que serviriam <strong>de</strong> estímulo, aos proprietários, vantagensfiscais <strong>como</strong> a redução do imposto predial. Para a escolha dos vencedores foram estabelecidas trêscategorias: residências individuais, edifícios <strong>de</strong> apartamentos e edifícios <strong>de</strong> escritórios. A pesquisa nãoencontrou registros dos vencedores nos anos subseqüentes – principalmente na categoria <strong>de</strong> edifíciosresi<strong>de</strong>nciais -, apesar disso po<strong>de</strong>-se imaginar que a iniciativa pô<strong>de</strong> se transformar n<strong>um</strong> incentivo paraprofissionais da área e mesmo para os proprietários.Toda a legislação, que durante meio século tentou disciplinar, orientar e regulamentar a construção<strong>de</strong> prédios altos em São Paulo, sempre teve participação efetiva da iniciativa privada em sua concepção.Esta tinha interesses próprios e específicos, com o objetivo <strong>de</strong> realizar o seu empreendimento gerando omaior lucro possível. Quase nunca seus interesses correspondiam às recomendações técnicas <strong>de</strong>arquitetos, urbanistas, ou mesmo da prefeitura. Portanto, muitas <strong>de</strong>stas leis foram criadas para beneficiar101


esses empresários e outras foram posteriormente alteradas visando a diminuição das restriçõesconstrutivas. Os interesses individuais ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos econômicos com gran<strong>de</strong> influênciapolítica sempre se sobrepuseram aos interesses públicos.Em outro capítulo (item 6.3) <strong>de</strong>talharemos alg<strong>um</strong>as leis fe<strong>de</strong>rais posteriores a 1964 queinfluenciaram na verticalização. Com foco na normatização das relações capitalistas do setor imobiliário e aintermediação do financiamento através <strong>de</strong> instituições criadas pelo governo. Além disso, também será<strong>de</strong>scrita a estrutura governamental que viabilizou a construção <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> habitações no período <strong>de</strong>atuação do BNH.102


6.1.5 - referênciasAlmeida, Sandra Pires <strong>de</strong>. Marketing Imobiliário. São Paulo: SP Marketing Editorial e Empresarial, 2000Arruda, Maria Arminda do Nascimento. Empreen<strong>de</strong>dores culturais imigrantes em São Paulo <strong>de</strong> 1950. In:Scielo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702005000100006&lng=en&nrm=iso#back01. Acesso em 18 Setembro 2009Bardi, Pietro Maria. O mito <strong>de</strong> São Paulo. In: Rhodia. O ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo, 1979Bem, José Paulo <strong>de</strong>. São Paulo – cida<strong>de</strong>, memória e projeto. Tese <strong>de</strong> doutorado. São Paulo: FAU-USP,2006Benevolo, Leonardo. As origens da urbanística mo<strong>de</strong>rna. Lisboa: Presença. 1987Body Genddrot, M. Uma vida privada francesa segundo o mo<strong>de</strong>lo americano. In: Prost, A; Vincent, G. (org).História da vida privada – da Primeira Guerra aos nossos dias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992Bosetti, Adriano Augusto. A avenida Nove <strong>de</strong> Julho <strong>como</strong> síntese das intervenções urbanísticas na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Paulo na primeira meta<strong>de</strong> do século 20. In: Sampaio, Maria Ruth Amaral <strong>de</strong> (org). A promoçãoprivada <strong>de</strong> habitação econômica e a arquitetura mo<strong>de</strong>rna – 1930-1964. São Paulo: Rima, 2002Branco, Ilda Helena Diniz Castello. Arquitetura no centro da cida<strong>de</strong> - edifícios <strong>de</strong> uso coletivo - São Paulo1930-1950. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1988Bruand, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981Bruna, Paulo. Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento. São Paulo: Perspectiva, 1976Cano, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. São Paulo: Difel, 1977Coccaro, Jose Luiz. Mo<strong>de</strong>rnização urbano – industrial e arquitetura na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo no período <strong>de</strong>1960-1975. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. São Paulo: FAU-USP, 2000Dean, Warren. A industrialização <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo: Difel, s. d.Diniz Filho, Luis Lopes; Bessa, Vagner <strong>de</strong> Carvalho. Vocação e nacionalismo – as visões do urbano nopensamento do Estado brasileiro – 1930-1961. In: revista Espaço e Debates. n. 34, 1991Drebes, Fernanda Jung. O edifício resi<strong>de</strong>ncial e a arquitetura brasileira – 1945-1955. 5º SeminárioDOCOMOMO Brasil. São Carlos, 2003103


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6.2 - Os arquitetos e suas reivindicações - da incipiente organização profissional aoconturbado ambiente dos anos 1960 e 1970Neste capítulo serão analisados <strong>de</strong>bates sobre alg<strong>um</strong>as reivindicações profissionais que osarquitetos fizeram ao longo do tempo. Ele é dividido em dois períodos: antes e <strong>de</strong>pois dos anos 1940, tendo<strong>como</strong> principal marco divisor a fundação do Instituto <strong>de</strong> Arquitetos do Brasil (IAB) em São Paulo em 1943. Aarquiteta Maria Lucia Bressan Pinheiro (1997) afirma que a partir <strong>de</strong>sta data as ligações profissionais e <strong>de</strong>classe se tornam mais constantes, se configurando <strong>um</strong>a nova etapa no <strong>de</strong>senvolvimento da arquitetura nacapital paulista. Antes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> grupo coeso e militante do mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro, segundo Eduardo Kneese<strong>de</strong> Mello (Pinheiro, 1997), as reivindicações eram pontuais e feitas por "franco atiradores."Até os anos 1940, o maior problema era o da própria auto-afirmação da profissão. O público emgeral mal sabia distinguir o trabalho <strong>de</strong> arquitetos, engenheiros e construtores. Arquitetos atuantes naépoca, <strong>como</strong> Oswaldo Bratke (Thomaz, 1992), explicam a dificulda<strong>de</strong> na relação com os clientes e apriorida<strong>de</strong> que se dava para a contratação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> obra, em oposição aos que trabalhavam comprojetos. Segundo Luiz Carlos Daher (Museu Lasar Segall, 1983) os arquitetos que mais tinhamoportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho eram os que se associavam a engenheiros e fundavam empresas construtoras.As próprias escolas <strong>de</strong> arquitetura locais eram vinculadas a cursos <strong>de</strong> engenharia. As faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>arquitetura da USP e do Mackenzie autônomas da engenharia só aparecerem, respectivamente, em 1947 e1948. Nesse contexto <strong>de</strong> incipiente organização profissional, serão analisadas alg<strong>um</strong>as propostas quemelhoraram o panorama profissional, <strong>como</strong> a reestruturação do escritório <strong>de</strong> Rino Levi, sendo o primeiro nacida<strong>de</strong> a realizar só projetos (Pinheiro, 1997); ou a lei n. 23.569 <strong>de</strong> 1933, que além <strong>de</strong> criar o CREA e oConselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Engenharia e Arquitetura, foi a primeira tentativa <strong>de</strong> regulamentação e atribuição <strong>de</strong>funções para engenheiros civis e arquitetos (ABEA, 1977). Pelo pioneirismo que tiveram, GregoriWarchavchik e Rino Levi terão suas ações vistas em <strong>de</strong>talhes: “praticamente até o começo da SegundaGuerra Mundial, ele (Rino Levi), juntamente com seu colega <strong>de</strong> origem russa (Warchavchik) e mesmaformação romana, foi o único partidário <strong>de</strong>cidido <strong>de</strong> <strong>um</strong>a renovação arquitetônica, fixado na capital paulista.”(Bruand, 1981)Depois dos anos 1940, <strong>como</strong> citado acima, muitas <strong>de</strong>stas discussões passaram a acontecer noagitado ambiente do IAB, através <strong>de</strong> encontros, seminários e congressos. Os <strong>de</strong>bates se tornaram maissistemáticos, proporcionando aos arquitetos “meios <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar seus esforços na <strong>de</strong>fesa da profissão e[<strong>de</strong> seu] <strong>de</strong>senvolvimento“, dizia seu primeiro presi<strong>de</strong>nte, o arquiteto Eduardo Keneese <strong>de</strong> Mello (Lins,108


2008). A partir dos anos 1950 o Instituto começou a posicionar-se em questões importantes, <strong>como</strong> a lei n.5.261 <strong>de</strong> 1957, que mudou a fórmula <strong>de</strong> cálculo para os limites vol<strong>um</strong>étricos dos edifícios resi<strong>de</strong>nciais ecomerciais, ou a transformação da Comissão do Plano Diretor em Conselho Municipal <strong>de</strong> Planejamento nocomeço dos anos 1960. Através <strong>de</strong>ssa instância <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates em torno do IAB, mas também em alg<strong>um</strong>ascrônicas e artigos escritos por arquitetos <strong>como</strong> Eduardo Corona, Jorge Wilhein e Luis Saia em revistasespecializadas <strong>como</strong> a Acrópole, se terá <strong>um</strong>a idéia <strong>de</strong> quais eram alguns dos principais problemasencontrados pelos profissionais. Dois assuntos apareceram com maior freqüência: o processo <strong>de</strong>assalariamento do arquiteto, com a passagem <strong>de</strong> autônomo em escritório próprio para funcionário emempresas incorporadoras ou construtoras; e também a <strong>de</strong>sestabilização das discussões no meioprofissional e também no ambiente acadêmico <strong>de</strong>pois do golpe <strong>de</strong> 1964. A intenção será dar voz aos queefetivamente participaram <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> reorganização do mercado <strong>de</strong> trabalho, e que sentiram asdificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamento com seu novo cliente-patrão.Também serão analisadas alg<strong>um</strong>as características e influências da arquitetura brutalista paulista.Ela se encontra no limite cronológico da pesquisa e teve gran<strong>de</strong> influência local. A arquiteta Ruth Zein(2005), que faz <strong>um</strong>a periodização das `gerações´ <strong>de</strong> arquitetos mo<strong>de</strong>rnos paulistas para precisar maiscircunstancialmente o panorama brasileiro, afirma que o período <strong>de</strong> 1955 a 1970 é caracterizado pelo"protagonismo da escola paulista [Brutalista]." Esse movimento arquitetônico ganha força justamente naépoca em que os arquitetos começam a ter dificulda<strong>de</strong>s para a sua inserção n<strong>um</strong> mercado imobiliário quese tornava cada vez mais agressivo.No geral – antes e <strong>de</strong>pois dos anos 1940 e da organização profissional em bases mais sólidas – ostemas que serão <strong>de</strong>batidos no capítulo são: a afirmação profissional e a regulamentação das atribuições <strong>de</strong>engenheiros, arquitetos e construtores; a distinção do ato <strong>de</strong> projetar do trabalho <strong>de</strong> obra; a reorganização<strong>de</strong> alguns escritórios, que centralizavam os serviços prestados no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos e não maisno acompanhamento da construção; a inserção do arquiteto no mercado imobiliário quando do surgimento<strong>de</strong> empresas capitalistas especializadas na produção <strong>de</strong> habitações em regime <strong>de</strong> incorporação; adiminuição dos escritórios com profissionais liberais e autônomos; a contratação <strong>de</strong> arquitetos porincorporadoras e construtoras, e o seu assalariamento; o intermédio do chefe da empresa entre o projetistae o cliente; as dificulda<strong>de</strong>s encontradas no meio profissional <strong>de</strong>pois do golpe militar <strong>de</strong> 1964; o fechamento<strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> arquitetura e a aposentadoria compulsória ou o afastamento <strong>de</strong> professores; e o surgimentodo movimento brutalista. Além <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>bates, o apartamento será caracterizado. Serão analisadas assoluções espaciais dos edifícios resi<strong>de</strong>nciais. Des<strong>de</strong> a sua introdução nos anos 1910, com a utilização <strong>de</strong>109


<strong>um</strong>a solução <strong>de</strong> planta parecida com as das antigas casas coloniais; posteriormente a adoção do mo<strong>de</strong>loburguês <strong>como</strong> opção; e por fim os projetos mo<strong>de</strong>rnistas <strong>de</strong> meados do século. Para a análise, será utilizadoo banco <strong>de</strong> dados sobre o tema do <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong>. Ele contém peças gráficas mais informações sobre oedifício, <strong>como</strong> autor do projeto, construtor, localização, etc. No período <strong>de</strong> interesse da pesquisa – até osanos 1970 – são cerca <strong>de</strong> 360 projetos.REFERÊNCIAS:ACRÓPOLE. A habitação operária. In: revista Acrópole. n. 301, <strong>de</strong>z 1963ACRÓPOLE. Discurso do presi<strong>de</strong>nte IAB-SP. In: revista Acrópole. n. 346, jan 1968aACRÓPOLE. Encontro Nacional <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Arquitetura. In: revista Acrópole. n. 345, nov 1967ACRÓPOLE. H<strong>um</strong>anização do apartamento. In: revista Acrópole. n. 301, <strong>de</strong>z 1963ACRÓPOLE. Normas <strong>de</strong> conduta profissional do arquiteto. In: revista Acrópole. n. 311, out 1964ACRÓPOLE. Reivindicações. In: revista Acrópole. n. 344, out 1967ACRÓPOLE. Teoria modular. In: revista Acrópole. n. 350, mai 1968fAnelli, Renato Luiz Sobral. Arquitetura e cida<strong>de</strong> na obra <strong>de</strong> Rino Levi. Tese <strong>de</strong> doutorado. São Paulo: FAU-USP, 1995Artigas, Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 1999Artigas, Vilanova. Uma falsa crise. In: revista Acrópole. n. 319, jul 1965Associação Brasileira <strong>de</strong> Escolas <strong>de</strong> Arquitetura. Sobre a história do ensino <strong>de</strong> arquitetura no Brasil. SãoPaulo, 1977ASSOCIAÇÃO MUSEU LASAR SEGALL. Três momentos da arquitetura paulista – Warchavchik, Pilon, RinoLevi. Catálogo da exposição comemorativa do 10° aniversário. São Paulo: Fundação Nacional <strong>de</strong> Arte –FUNARTE / Museu Lasar Segall, 1983Bosetti, Adriano Augusto. A avenida Nove <strong>de</strong> Julho <strong>como</strong> síntese das intervenções urbanísticas na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Paulo na primeira meta<strong>de</strong> do século 20. In: Sampaio, Maria Ruth Amaral <strong>de</strong> (org). A promoçãoprivada <strong>de</strong> habitação econômica e a arquitetura mo<strong>de</strong>rna – 1930-1964. São Paulo: Rima, 2002Bratke, Oswaldo. Banheira para pequeno apartamento. In: revista Acrópole. n. 286, set 1962110


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6.3 - A consolidação <strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo produtivo - o BNH e suas condiçõesO BNH foi o gran<strong>de</strong> financiador <strong>de</strong> habitação <strong>de</strong> sua época. No momento político em que <strong>um</strong> regimeautoritário centralizou todas as suas <strong>de</strong>cisões na esfera fe<strong>de</strong>ral, foi criado <strong>um</strong> Plano Nacional <strong>de</strong> Habitação,cujo principal instr<strong>um</strong>ento era o Banco Nacional <strong>de</strong> Habitação. Será analisado aqui o Banco e sua atuação:a estrutura que viabilizou os financiamentos; as instituições que intermediavam o capital e os promotores; eas intenções do governo, <strong>de</strong> certo modo condicionando a atuação da incorporação imobiliária, através <strong>de</strong>normas. Enten<strong>de</strong>r, por fim, <strong>um</strong> produto que tem reconhecidamente baixa qualida<strong>de</strong> arquitetônica, através dosistema <strong>de</strong> produção e financiamento no qual ele estava inserido.O capítulo preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhar o funcionamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> banco que em pouco mais <strong>de</strong> duas décadasconseguiu financiar 4,5 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s habitacionais, n<strong>um</strong>a época em que a própria população urbanabrasileira a<strong>um</strong>entou significativamente, passando <strong>de</strong> 30% em 1940 para 70% no fim dos anos 1970(Azevedo, 1996). Hobsbawn (1997) diz que essa foi a mudança social mais impressionante da segundameta<strong>de</strong> do século XX, e que com exceção da Grã-Bretanha, mesmo em países industrializados, a maioriada população ainda vivia no campo antes disso. Com exemplos da América Latina, o autor coloca que até ofim da Segunda Guerra Mundial, a maioria absoluta dos latinos americanos vivia no campo. Apesar disso,em 1970 já não existia "fora dos mini-Estados da tripa <strong>de</strong> terra centro-americana e do Haiti <strong>um</strong> único paísem que os camponeses não fossem minoria." A população total brasileira também mais que quadruplicouem três décadas, passando <strong>de</strong> 12,9 milhões em 1950 para 52,3 milhões em 1970 (Borges, 1973). Nadécada <strong>de</strong> 1950, este incremento populacional chegou a 70%; na década <strong>de</strong> 1960 o índice ainda semanteve alto, acima dos 60%.Essa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas morando em cida<strong>de</strong>s - que não paravam <strong>de</strong> crescer - <strong>de</strong>rampriorida<strong>de</strong>s ao Banco, explícitas no discurso dos governantes, <strong>como</strong> a geração <strong>de</strong> empregos pelaconstrução civil. No começo da década <strong>de</strong> 1960, <strong>um</strong> dos motivos alegados pelos militares para ainsegurança política e econômica era justamente a falta <strong>de</strong> empregos. Outro grave problema era o déficithabitacional existente, estimado em crescimento <strong>de</strong> 3% ao ano (ABECIP; CBPE, 1977). O governo então<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> criar o BNH, para produzir habitações e gerar emprego para a gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregados(Trinda<strong>de</strong>, 1971). O projeto arquitetônico passou a não ser muito valorizado, com a justificativa danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência aos <strong>de</strong>sabrigados e <strong>de</strong>sempregados. Percebe-se este direcionamento dapolítica habitacional no discurso <strong>de</strong> Mário Trinda<strong>de</strong>, presi<strong>de</strong>nte do BNH:115


“A gran<strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> do sistema foi a <strong>de</strong> nos fazer enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> saída, que, no quadro do<strong>de</strong>senvolvimento urbano brasileiro, o problema mais importante naquele momento nãoera a casa, era a abertura <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego para absorvermos as massas<strong>de</strong> trabalhadores semi-especializados ou não especializados.” (Trinda<strong>de</strong>, 1971)Mauricio Schulman, outro presi<strong>de</strong>nte do Banco, n<strong>um</strong>a palestra em Washington, reitera esta opção:“ao BNH foi entregue a tarefa <strong>de</strong> acelerar a oferta <strong>de</strong> novas moradias e apoiar a indústria <strong>de</strong> construção civilpelo importante papel que o setor <strong>de</strong>sempenha em sua ativida<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> renda e absorvedora <strong>de</strong>significativo contingente <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra” (ABECIP; CBPE, 1977). O também presi<strong>de</strong>nte Rubens Vaz daCosta, n<strong>um</strong> discurso em 1967, diz que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964, com a criação do Plano Nacional da Habitação, o queera importante era a criação <strong>de</strong> empregos (Maricato, 1983). Nota-se que em nenh<strong>um</strong> momento houvepreocupações com o projeto proposto, ou mesmo com os projetistas. Nem mesmo sobre os tipos <strong>de</strong> famíliasa quem se <strong>de</strong>stinavam as habitações ou sua a<strong>de</strong>quação ao espaço doméstico: "não fossem realizados taisinvestimentos, suficientes para manter o mais alto nível <strong>de</strong> emprego da mão-<strong>de</strong>-obra [na construção civil],quais seriam as alternativas? Provavelmente, a marginalização e o subemprego." (Borges, 1973) Questõesqualitativas e peculiarida<strong>de</strong>s projetuais são gradativamente abandonadas, com a justificativa danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitações, para aten<strong>de</strong>r supostamente populaçõesmenos favorecidas: "Logo apareceram [nos projetos das COHABs] também as primeiras críticas, relativas àmassificação arquitetônica. Contudo, foi possível a eliminação <strong>de</strong> várias favelas e mais <strong>de</strong> 300.000habitações <strong>de</strong> baixo custo foram construídas através <strong>de</strong>sse programa." (Borges, 1973)"Em que pese <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> distorções na atuação do SFH, orientando seusinvestimentos para o atendimento das classes médias (...) e inúmeros questionamentosquanto a qualida<strong>de</strong> das unida<strong>de</strong>s produzidas no âmbito do sistema; o BNH tem <strong>um</strong>aimportante atuação na produção <strong>de</strong> habitações e no crescimento do setor <strong>de</strong>construção nacional." (Fabrício, 1996)Além da compreensão do funcionamento do sistema através da leitura <strong>de</strong> trabalhos acadêmicossobre políticas públicas habitacionais, foi realizado <strong>um</strong> estudo em doc<strong>um</strong>entos da Centralizadora <strong>de</strong>Doc<strong>um</strong>entação e Informação (CEDIN), órgão da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral em Brasília. São manuais,diretrizes, estudos, relatórios, resoluções gerais, resoluções <strong>de</strong> conselho, resoluções <strong>de</strong> diretoria, instruçõesgerais, instruções <strong>de</strong> diretoria, circulares e normas que indicavam os procedimentos a serem adotados emfinanciamentos habitacionais. O estudo buscou compreen<strong>de</strong>r a dinâmica <strong>de</strong>stas regras e as possíveisrepercussões que elas teriam nos projetos.116


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Trinda<strong>de</strong>, Mario. Habitação e <strong>de</strong>senvolvimento. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 1971LISTAGEM DOS DOCUMENTOS CONSULTADOS NO CEDIN, COM RESUMO DO ASSUNTORESOLUÇÃO - BNH: restringe a realização <strong>de</strong> obras - custeadas com recursos do SFH - às empresasconstrutoras nacionais. n. 43, 1980RESOLUÇÃO - BNH: regulamenta a aplicação <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s às SCI e as APE. n. 51, 1980RESOLUÇÃO - BNH: dispõe sobre a concessão aos agentes financeiros do SBPE <strong>de</strong> empréstimo vinculadoà produção <strong>de</strong> habitações. n. 78, 1980RESOLUÇÃO - BNH: dispõe sobre a fiscalização <strong>de</strong> obras no âmbito do Sistema Financeiro <strong>de</strong> Habitação.n. 131, 1981RESOLUÇÃO - BNH: estabelece a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Visto Prévio do BNH para empreendimentos a seremconstruídos com recursos do Banco. n. 131, 1982RESOLUÇÃO - BNH: estabelece condições gerais para os financiamentos, refinanciamentos, empréstimose repasses concedidos pelas entida<strong>de</strong>s pertencentes ao Sistema Financeiro da Habitação. n. 142, 1982RESOLUÇÃO - BNH: estabelece critérios para aferição do <strong>de</strong>sempenho técnico <strong>de</strong> empresas construtoras,nas obras vinculadas ao SFH. n. 156, 1982RESOLUÇÃO - BNH: estabelece normas para o caso <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> incorporadores na relação <strong>de</strong> firmas epessoas impedidas <strong>de</strong> operar com os sistemas geridos pelo BNH. n. 164, 1982RESOLUÇÃO - BNH: estabelece normas relativas à concessão <strong>de</strong> empréstimos a empresários, <strong>de</strong>stinadosa produção <strong>de</strong> imóveis resi<strong>de</strong>nciais através do SBPE. n. 171, 1982RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: modifica a instrução n. 7-66. n. 98, 1966RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: obriga a utilização do regime <strong>de</strong> empreitada nas incorporaçõesimobiliárias financiadas pelo Sistema Financeiro <strong>de</strong> Habitação. n. 66, 1967RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece normas sobre financiamentos a empresários elevantamento do capital mutuário. n. 31, 1968119


RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece as condições gerais a que <strong>de</strong>verão satisfazer asaplicações do Sistema Financeiro da Habitação <strong>de</strong>stinadas a financiar a aquisição e construção da casaprópria. n. 25, 1971RESOLUÇÃO DO CONSELHO – BNH: estabelece normas gerais aplicáveis aos empréstimos concedidospor entida<strong>de</strong>s do SBPE <strong>de</strong>stinados a produção <strong>de</strong> habitações em regime <strong>de</strong> incorporação. n. 29, 1976RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova roteiro para apresentação <strong>de</strong> projetos para obtenção dapromessa <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> hipotecas. n. 51, 1966RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece as formas <strong>de</strong> garantia e condições <strong>de</strong> empréstimo noscontratos do BNH. n. 3, 1967RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: fixa normas e condições para a assistência financeira do BNH àsSocieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Crédito Imobiliário, Associações <strong>de</strong> Poupança e Empréstimo e Caixas Econômicas. n. 12,1968RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova disposições a serem adotadas no mercado <strong>de</strong> hipotecas. n.16, 1968RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: recomenda priorida<strong>de</strong> na concessão <strong>de</strong> financiamento. n. 45, 1968RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: aprova cláusulas-padrão a serem incluídas nos contratos firmadosentre agentes financeiros e empresários. n. 12, 1969RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: <strong>de</strong>termina que sejam adotados, na análise <strong>de</strong> projetos, no mercado<strong>de</strong> hipotecas, os padrões <strong>de</strong> especificações da P-NB-140 da ABNT e os respectivos custos unitários <strong>de</strong>construção. n. 49, 1969RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: baixa normas aplicáveis à comercialização <strong>de</strong> habitaçõesfinanciadas pelo SFH. n. 30, 1970RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece normas para a aquisição, a Iniciador, <strong>de</strong> créditos sobgarantia <strong>de</strong> segundas hipotecas, no programa Mercado <strong>de</strong> Hipotecas. n. 60, 1971RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regula a venda <strong>de</strong> Cédulas Hipotecárias do BNH às entida<strong>de</strong>s doSBPE. n. 61, 1971120


RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regulamenta o financiamento do BNH para aquisição ou construçãoda casa própria. n. 68, 1971RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regula a concessão <strong>de</strong> créditos e <strong>de</strong>sembolsos aos agentes emutuários do BNH. n. 74, 1971RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre anúncios e promoção <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>sfinanciadas pelo Sistema Financeiro da Habitação. n. 25, 1972RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regulamenta operações sobre hipotecas <strong>de</strong>senvolvidas na área <strong>de</strong>programas habitacionais. n. 14, 1975RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: fixa as atribuições dos órgãos integrantes da estrutura da Assessoria<strong>de</strong> Engenharia e dá outras providências. n. 21, 1976RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece condições gerais <strong>de</strong> operação das Carteiras Hipotecáriasdas Caixas Econômicas. n. 40, 1976RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: regulamenta no âmbito do SBPE o Programa <strong>de</strong> ConstruçãoIndividual da Casa Própria (CICAP). n. 41, 1976RESOLUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre as operações <strong>de</strong> crédito do BNH com seus agentesfinanceiros. n. 15, 1977INSTRUÇÃO – BNH: normas das Carteiras <strong>de</strong> Habitação das Caixas Econômicas para o financiamento daincorporação <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> apartamentos, vilas e conjuntos habitacionais em condomínio. n. 7, 1966INSTRUÇÃO – BNH: instruções para pedidos <strong>de</strong> financiamentos às Caixas Econômicas. n. 8, 1966INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: dispõe sobre o cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong> profissionais e a avaliação <strong>de</strong>projetos vinculados a contratos <strong>de</strong> promessa <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> hipotecas. n. 2, 1967INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: estabelece normas sobre o <strong>de</strong>senvolvimento das operações noMercado <strong>de</strong> Hipotecas conduzidas pela CHP (Carteira <strong>de</strong> Hipotecas). n. 1, 1972INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: roteiro para elaboração <strong>de</strong> projetos e apresentação <strong>de</strong> pedidos <strong>de</strong>empréstimos da Carteira <strong>de</strong> Operações <strong>de</strong> Natureza Social (COS). n. 2, 1976121


INSTRUÇÃO DE DIRETORIA – BNH: sobre reservas <strong>de</strong> recursos para operações <strong>de</strong> financiamento aempresários da construção civil. n. 4, 1978CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: dispõe sobre anúncios <strong>de</strong>comercialização <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s habitacionais. n. 37-5329, 1971CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre taxas e juros noMercado <strong>de</strong> Hipotecas. n. 46-4898, 1972CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre doc<strong>um</strong>entosnecessários para pedidos <strong>de</strong> financiamento no Mercado <strong>de</strong> Hipotecas. n. 41-4898, 1972CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: sobre consulta prévia <strong>de</strong>projeto realizadas na SAF. n. 46-5732, 1972CIRCULAR DA SUPERINTENDÊNCIA DE AGENTES FINANCEIROS – BNH: normas para o Mercado <strong>de</strong>Hipotecas. n. 4-267, 1973CIRCULAR DA CARTEIRA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS E DE HIPOTECA – BNH: especificaçõesmínimas para análise <strong>de</strong> projeto no Mercado <strong>de</strong> Hipoteca. n. 1, 1968CIRCULAR DA CARTEIRA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS E DE HIPOTECA – BNH: roteiro do processo <strong>de</strong>compra e venda <strong>de</strong> hipotecas. n. 3, 1968BNH. Diretrizes para o controle <strong>de</strong> obras pelo município. Departamento <strong>de</strong> PesquisaBNH. Manual <strong>de</strong> exame <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> empreendimentos habitacionais. Departamento <strong>de</strong> Engenharia(DEGEN), 1983BNH. Norma Brasileira (NB) da Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas (ABNT). n. 192: elaboração <strong>de</strong>projetos <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> engenharia e arquitetura.BNH. Estudos Especiais do SINAPI – Sistema Nacional <strong>de</strong> Acompanhamento <strong>de</strong> Preço e Índices daConstrução CivilBNH. Manual <strong>de</strong> Aplicações. Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, 1986122


BNH. Relatório do grupo <strong>de</strong> trabalho instituído para estudar e propor solução para os vícios <strong>de</strong> construçãono âmbito do SFH, 1986123


7 - Anexos7.1 - Ficha do aluno- Sistema Administrativo da Pós-GraduaçãoUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloEscola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São CarlosFICHA DO ALUNO18142 - 5980876/2 - Felipe AnitelliEmail:felipeanitelli@yahoo.com.brData <strong>de</strong> Nascimento: 30/01/1980Cédula <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: RG - 27.886.258-5 - SPLocal <strong>de</strong> Nascimento: Estado <strong>de</strong> São PauloNacionalida<strong>de</strong>: BrasileiraGraduação: Arquiteto e Urbanista - Centro Universitário "Barão <strong>de</strong> Mauá" - São Paulo - Brasil - 2003Curso:Programa:Área:MestradoData <strong>de</strong> Matrícula: 03/03/2008Início da Contagem <strong>de</strong> Prazo: 03/03/2008Data Limite: 03/03/2011Arquitetura e UrbanismoTeoria e História da Arquitetura e do UrbanismoOrientador: Prof(a). Dr(a). Marcelo Claudio Tramontano - 03/03/2008 até o presente. E.Mail: tramont@sc.<strong>usp</strong>.brProficiência em Línguas:Inglês, Reprovado em 12/12/2008Inglês, Aprovado em 25/09/2009Data <strong>de</strong> Aprovação no Exame <strong>de</strong> <strong>Qualificação</strong>:Data do Depósito do Trabalho:Título do Trabalho:Data Máxima para Aprovação da Banca:Data <strong>de</strong> Aprovação da Banca:Data Máxima para Defesa:Data da Defesa:Resultado da Defesa:Histórico <strong>de</strong> Ocorrências:Ingressou no Mestrado em 03/03/2008Matrícula <strong>de</strong> Acompanhamento em 13/02/2010Última ocorrência: Matrícula <strong>de</strong> Acompanhamento em 13/02/2010124


Impresso em: 26/03/10 10:43:10- Sistema Administrativo da Pós-GraduaçãoUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloEscola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São CarlosDoc<strong>um</strong>ento sem valida<strong>de</strong> oficialFICHA DO ALUNO18142 - 5980876/2 - Felipe AnitelliSigla Nome da Disciplina Início TérminoSAP5842-3/1SAP5824-5/2SAP5825-4/1SAP5879-1/1SEM5892-6/8Ativida<strong>de</strong>doProgramaA Cida<strong>de</strong> no Século XIX: Representações eProjetosO Espaço da Cida<strong>de</strong> I: Gênese e Formação doUrbanismo Mo<strong>de</strong>rnoArquitetura e Cida<strong>de</strong> na Poética dasVanguardasTópicos Especiais: Avaliação Pós-Ocupação noContexto da Gestão do Processo <strong>de</strong> ProjetoCargaHoráriaCred. Freq. Conc. Exc. Situação04/03/2008 26/05/2008 180 12 100 B N Concluída27/03/2008 18/06/2008 180 12 100 B N Concluída05/08/2008 17/11/2008 180 12 100 B N Concluída05/08/2008 27/10/2008 180 12 83 B N ConcluídaMetodologia e Pesquisa Bibliográfica 21/08/2008 03/12/2008 90 6 87 A N ConcluídaParticipou da Etapa <strong>de</strong> Estágio Supervisionadoem Docência do Programa <strong>de</strong> Aperfeiçoamento<strong>de</strong> Ensino junto à Disciplina SAP0617 – ProjetoIII, ministrada aos alunos <strong>de</strong> graduação, doCurso <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo da Escola <strong>de</strong>Engenharia <strong>de</strong> São Carlos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>São Paulo. (1)01/02/2009 30/06/2009 - 6 0 - - -Créditos mínimos exigidosPara exame <strong>de</strong> qualificação Para <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> dissertaçãoCréditos obtidosDisciplinas: 48 48 60Ativida<strong>de</strong>s Programadas:Seminários:Estágios:Disciplinas ou Ativida<strong>de</strong>s 12 12Total: 6060 60Créditos Atribuídos à Dissertação: 60125


7.2 - Visitas a edifícios <strong>de</strong> apartamentos na cida<strong>de</strong> em São Paulo7.2.1 - Mapamapa usado na visita n. 3: Santa Ifigênia, Santa Cecília e Campos Elíseos – localização <strong>de</strong> cada edifício126


7.2.2 - Fichaedifício...projeto: Giancarlo Palantiano: 1953en<strong>de</strong>reço: Rua Barão do Tatuí___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________127

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