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Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

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82 83Quan<strong>do</strong> comecei a fazer <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários, no começo <strong>do</strong>s anos 1990, o <strong>panorama</strong>das expressões artísticas de áudio e/ou vídeo brasileiras que se seguiu ao porretecollori<strong>do</strong> vivia <strong>um</strong> perío<strong>do</strong> preto-e-branco de apartheid. Cinema era cinema.Artes plásticas eram artes plásticas. Música era música. E o que escapava desses grandesconceitos, alguns subgêneros como o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário ou a videoarte, era exatamenteaquilo que o nome indicava: subgêneros. Eram manifestações “menores”, relativamenteesquecidas em alg<strong>um</strong> limbo perdi<strong>do</strong> entre as grandes correntes de expressão, sobretu<strong>do</strong>quan<strong>do</strong> realizadas sobre suportes à época considera<strong>do</strong>s menos nobres, como a imagemeletrônica. Havia <strong>um</strong>a espécie de cânon implícito, mas geralmente aceito, que não sóseparava as manifestações culturais, como também as hierarquizava.Filme livreCarlos NaderEntretecen<strong>do</strong> linguagens que vão <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário clássico à videoarte, Carlos Nader teveseus vídeos exibi<strong>do</strong>s em centros culturais de mais de 20 países (como o MoMA, de Nova York,em 1999, e o Tate Modern, de Londres, em 2007) e veicula<strong>do</strong>s em mais de <strong>um</strong>a dezena <strong>do</strong>sprincipais canais de TV <strong>do</strong> planeta (como o inglês Channel 4 e o franco-alemão Arte). Entreos prêmios que recebeu estão o Mondial de la Vídeo de Bruxelles (1993), o InternationalerVideokunstpreis da ZKM, na Alemanha, e o Grande Prêmio de Cinema Brasil (2000).O espaço daquele tempo ainda se definia por <strong>um</strong> apego a fronteiras bastante estritas.E em nome delas foram travadas grandes discussões que, ainda que depois tenham serevela<strong>do</strong> quase sempre putativas, mobilizavam ímpetos passionais. Lembro-me, porexemplo, <strong>do</strong> longo debate que se travou entre os defensores <strong>do</strong> vídeo e os advoga<strong>do</strong>s dapelícula. Durante anos, questionou-se (e alguns poucos retardatários ainda questionam)a legitimidade da imagem eletrônica como suporte de <strong>um</strong>a obra de arte audiovisual.Felizmente, com o passar da própria matéria-prima central da obra audiovisual – ouseja, o tempo –, ficou claro que tal questionamento existia sobretu<strong>do</strong> para defender <strong>um</strong>corporativismo mal escondi<strong>do</strong>. Tratava-se acima de tu<strong>do</strong> de <strong>um</strong>a tentativa institucional deproteger <strong>um</strong> meio estabeleci<strong>do</strong>, o cinemão tradicional, da competição mais ágil e perigosade <strong>um</strong>a nova tecnologia.Essa competição, que se fosse exclusivamente estética poderia ter gera<strong>do</strong> <strong>um</strong> debatemuito frutífero, escondia, assim, em seu bojo, outra competição, meramente financeira. Eera provavelmente ela o principal combustível a motivar tanta cele<strong>um</strong>a, já que no universo

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