12.07.2015 Views

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

72 Cao Guimarães Doc<strong>um</strong>entário e subjetividade – Uma rua de mão dupla 73aconteci<strong>do</strong>? Nessa dúvida alg<strong>um</strong>a coisa existe. O homem da pracinha faz seu filme emsua memória, eu faço o meu, da mesma forma o piloto, o foquista e a pessoa <strong>do</strong> binóculo.Existem diferentes filmes em cada <strong>um</strong> de nós para <strong>um</strong>a mesma realidade. Nisso consiste abeleza e a magia de lidar com a realidade. Ela nos faz pairar para além de nossas certezas enos reinventarmos sempre diante das inúmeras possibilidades que se apresentam.Somos to<strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res privilegia<strong>do</strong>s de inúmeros filmes que a realidade nos oferece.E felizmente nunca vemos a mesma coisa <strong>do</strong> mesmo jeito. Da mesma forma nunca saímosde <strong>um</strong>a sala de cinema com a mesma impressão de <strong>um</strong> filme que a pessoa ao la<strong>do</strong>. Poisarte não é ciência e os DNAs e os vetores de <strong>um</strong>a obra de arte são fundamenta<strong>do</strong>s naimprevisibilidade. A centopéia que habita sua cabeça ao sair de <strong>um</strong>a sala de cinema nãotem necessariamente 100 patinhas. Tampouco será a mesma centopéia que existiu <strong>um</strong>dia na cabeça <strong>do</strong> diretor quan<strong>do</strong> imaginou o filme. Ter a coragem de se entregar, saltar<strong>do</strong> plano deifica<strong>do</strong> da imaginação para o plano real da imagem em ação, recodificar otranse e perceber o milagre da multiplicação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s no que se encontra para alémde sua pessoa.É necessário, de quan<strong>do</strong> em vez, assassinar o sujeito para que a subjetividade exista. Poisé no lo<strong>do</strong> abissal de nossa existência que o sujeito real se move. Esse ser inominável queestá dentro de nós, <strong>do</strong> qual sabemos tão pouco – é esse o outro rosto que se revela <strong>do</strong>outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> espelho quan<strong>do</strong> nos propomos a encarar a realidade.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!