12.07.2015 Views

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

60 61Pavlovskoie, <strong>um</strong>a aldeia próxima a Moscou. Uma sessão de cinema. A pequena sala estárepleta de camponeses, de camponesas e de operários de <strong>um</strong>a fábrica vizinha. O filme KinoPravda se projeta na tela sem acompanhamento musical. Ouve-se o ruí<strong>do</strong> <strong>do</strong> projetor. Umtrem aparece na tela. E depois <strong>um</strong>a menina que caminha até a câmera. De repente, na sala,soa <strong>um</strong> grito. Uma mulher corre até a tela, até a menina. Chora. Estende seus braços. Chama amenina pelo nome. Mas, esta desaparece. E o trem desfila novamente na tela. “O que ocorreu?”,pergunta o co-responsável operário. Um <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res: “É o Cine-Olho. Filmaram a meninaquan<strong>do</strong> estava viva. Há pouco a<strong>do</strong>eceu e morreu. A mulher que se lançou até a tela é sua mãe.”Dziga VertovA expressão cinematográfica no território <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entalLuiz Eduar<strong>do</strong> JorgeCineasta (diretor e roteirista), historia<strong>do</strong>r e antropólogo. Doutor em artes/cinema pela ECA/USP em1995. Professor titular da Universidade Católica de Goiás, atuan<strong>do</strong> na graduação e na pós-graduação.Dirigiu 15 filmes, entre eles Bubula, o Cara Vermelha (1999), Passageiros da Segunda Classe (2001) e olonga-metragem Ventos da História (2006). Nos últimos cinco anos, recebeu cerca de 30 prêmios emfestivais nacionais e internacionais.Como cineasta posso inferir que o cinema <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental, por sua vasta possibilidade depercorrer as essências <strong>do</strong> espírito h<strong>um</strong>ano, faz nascer, pelo seu caráter h<strong>um</strong>anizantee por sua transversalidade, múltiplas e distintas formas de apresentar a realidade.Significa dizer, entretanto, que esse gênero cinematográfico seguiu sua históriadesenvolven<strong>do</strong> formas estéticas de olhares compartilha<strong>do</strong>s nas idéias, no fazer enas experiências específicas de inúmeros autores que investigaram, e continuaminvestigan<strong>do</strong>, a vida h<strong>um</strong>ana nos mais diversos continentes da terra e nos mais diferentesterritórios culturais pelo viés <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mítico, psicológico, histórico e antropológico.Uma busca incessante, direcionada à interiorização <strong>do</strong> espírito h<strong>um</strong>ano, da almah<strong>um</strong>ana e de sua expressão artística, para ver como os seres h<strong>um</strong>anos são e estão navida real marca<strong>do</strong>s pelas diferenças étnicas e sociais, sem, contu<strong>do</strong>, ficcionar, exotizarou reinventar o mun<strong>do</strong> cotidiano e ritualístico. Enfim, como a textura <strong>do</strong> filme mostra arealidade por meio da forma estética <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental.O cinema <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental, desde sua origem, deslocou-se em direção ao outro, em busca <strong>do</strong>inusita<strong>do</strong>, <strong>do</strong> diferente. Uma ferramenta que serviu, e serve ainda, para revelar as diferentes

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!