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Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

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52 53Os filmes modernos, também chama<strong>do</strong>s de filmes de tese ou expositivos, sãomais evidentes nas décadas de 1960 e 1970. Neles encontramos característicascomo a presença de <strong>um</strong> narra<strong>do</strong>r que tem o poder de “deus” como idéia deonisciência, em que a imagem está a serviço <strong>do</strong> arg<strong>um</strong>ento <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r/narração, emque o “cineasta/intelectual se julga no papel de interpretar e resolver os problemas <strong>do</strong>povo” e no qual o realiza<strong>do</strong>r pretende dar conta de <strong>um</strong> tema com “T” maiúsculo.Tendências <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário contemporâneoLiliana SulzbachJornalista e mestre em ciência política pela UFRGS. Estu<strong>do</strong>u ciências da comunicação na Freie UniversitätBerlin. Coordena<strong>do</strong>ra de produção e <strong>do</strong> núcleo de Cinema e Televisão da Zeppelin Filmes desde 1996.Coordena<strong>do</strong>ra nacional da International Public Television Conference (Input) de 2002 a 2004. Trabalhoucomo produtora independente para Hamburger Kino Kompanie/Hamburgo, M. Schmiedt Produções,Spiegel TV Alemanha, onde realizou diversos <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários. Como diretora, seus trabalhos mais recentessão O Continente de Erico (2005), O Cárcere e a Rua (2004), A Invenção da Infância e O Branco (2000).Já o cinema contemporâneo, que se consolida a partir da década de 1990, em vez dealmejar grandes sínteses, análises ou interpretações de situações sociais, busca seus temas“através <strong>do</strong> recorte mínimo, abordan<strong>do</strong> histórias de indivíduos e a verdade de cada <strong>um</strong>”(Mesquita, 2006). “Geralmente trabalha com fragmentos de <strong>um</strong>a realidade, buscan<strong>do</strong> areflexão e a compreensão aprofundada da questão abordada, deixan<strong>do</strong> para o especta<strong>do</strong>ro papel de relacioná-la com seu contexto histórico, econômico, político, social e cultural”(Altafini, 1999).Essa distinção, no entanto, não pressupõe <strong>um</strong>a preferência ou <strong>um</strong> juízo de valor sobre <strong>um</strong>aou outra tendência, ou sobre os filmes que se encaixariam nesta ou naquela abordagem.Nem o fato de verificarmos <strong>um</strong>a nova tendência a partir da década de 1990 significaafirmar que as produções anteriores estariam ultrapassadas ou seriam filmes menores.Talvez, olhan<strong>do</strong> com distanciamento os filmes chama<strong>do</strong>s modernos, notemos <strong>um</strong>a certa“arrogância” nessa tentativa de realizar <strong>um</strong>a macroanálise. Como se fosse possível aocineasta/realiza<strong>do</strong>r não só dar conta de temas complexos, mas apontar soluções e, alémdisso, falar em nome <strong>do</strong> povo ou <strong>do</strong> sujeito representa<strong>do</strong>.Essas tendências, no entanto, espelham e estão diretamente ligadas ao desenvolvimentodas distintas manifestações da sociedade de cada perío<strong>do</strong>, à forma como a sociedadepensava e se expressava como <strong>um</strong> to<strong>do</strong>, não somente no cinema e no <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário.

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