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Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

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118 Flavia Celidônio Relatório de viagem 119BELO HORIZONTE5 de abril de 2006Realizada no dia 5 de abril, em Belo Horizonte, a palestra “O Doc<strong>um</strong>entário no Contextoda Retomada <strong>do</strong> Cinema Brasileiro: Existe Merca<strong>do</strong>?” teve a participação <strong>do</strong> crítico decinema José Carlos Avellar e <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entarista Paschoal Samora. O encontro marcouo décimo evento de divulgação <strong>do</strong> programa R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007 pelo Brasil.Consultor de cinema <strong>do</strong> Programa Petrobras <strong>Cultural</strong>, Avellar fez <strong>um</strong>a analogia entre o<strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário e a pintura <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XIX. Lembrou que o inglês John Constablerompeu com a tradição de retratar naturezas-mortas e personagens da aristocracia pintan<strong>do</strong>paisagens e evidencian<strong>do</strong> nos quadros a data, a hora e as condições climáticas <strong>do</strong> momento.Uma forma de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entar, mesmo sem <strong>um</strong>a câmera. O crítico citou ainda a fotografia e ofotojornalismo para chegar ao <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário como conhecemos atualmente.Para Avellar, o Brasil tem <strong>um</strong>a tradição oposta à européia ou norte-americana. Aqui atelevisão faz ficção e o cinema bebe no modelo <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental. Central <strong>do</strong> Brasil, Carandiru eCidade de Deus têm <strong>um</strong>a veia <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental, e a televisão fica a cargo de produzir ficção. OBrasil, acredita ele, produz muito mais <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários para a grande tela em comparaçãocom o cinema europeu ou norte-americano. Avellar citou ainda o cinema novo como<strong>um</strong>a das primeiras formas de fazer cinema usan<strong>do</strong> o modelo <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário.Membro da comissão de seleção <strong>do</strong> programa, Samora concorda, de certa forma, comAvellar. Ele acredita que o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário, no Brasil, deixou de ser <strong>um</strong> “trampolim” paraaqueles que desejam fazer ficção e firmou-se como <strong>um</strong>a forma de “fazer cinema”, <strong>um</strong>instr<strong>um</strong>ento de reflexão da sociedade. Ele acredita que a projeção digital vai ampliar omerca<strong>do</strong>, não só para o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário, mas para o cinema brasileiro em geral, contribuin<strong>do</strong>para facilitar a distribuição das produções nacionais.CURITIBA24 de abril de 2006A palestra de divulgação de R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo em Curitiba começoucom <strong>um</strong>a frase de efeito <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r Cao Guimarães. “Não existe <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário semsubjetividade.” O tema <strong>do</strong> encontro foi “Doc<strong>um</strong>entário e Subjetividade: o Olhar <strong>do</strong> Autor”.Diretor premia<strong>do</strong>, autor de A Alma <strong>do</strong> Osso e Rua de Mão Dupla, Cao Guimarães dividiu amesa com o diretor, roteirista e antropólogo Luiz Eduar<strong>do</strong> Jorge, membro da comissãode seleção desta edição de R<strong>um</strong>os.Para ilustrar o que estava dizen<strong>do</strong>, Cao projetou cenas de seus <strong>do</strong>is trabalhos. Em Rua deMão Dupla duas pessoas passam 24 horas na casa de <strong>um</strong> estranho com <strong>um</strong>a câmera devídeo e tentam, por meio <strong>do</strong>s objetos e da disposição da casa, descobrir quem vive naquelelugar. Para o diretor esse foi o trabalho no qual mais se aproximou de <strong>um</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entáriocom pouca interferência <strong>do</strong> olhar <strong>do</strong> autor, mas a subjetividade está fortemente presentenaquele que faz imagens de <strong>um</strong>a casa estranha, de objetivos e indícios da vida de alguémque não conhece, e imagina quem é.Em Alma <strong>do</strong> Osso, filme em que tenta mostrar como vive <strong>um</strong> ermitão, a subjetividade<strong>do</strong> autor está em boa parte <strong>do</strong> filme. Por meio de imagens, sons e montagem, o diretorespecula o que se passa na cabeça desse ermitão sem ter nenh<strong>um</strong> indicativo <strong>do</strong> que eleestá realmente pensan<strong>do</strong>. O que está no filme é a subjetividade <strong>do</strong> autor.Com as diferenças colocadas, Cao Guimarães afirma que não lhe interessa a verdade, mas,sim, a expressividade <strong>do</strong> objeto ou <strong>do</strong> personagem retrata<strong>do</strong>. Nem a palavra interessa aodiretor, que acredita que o cinema tem <strong>um</strong> vício em literatura e em teatro. Cao acreditaque cinema é feito de imagens e sons. Para ele, não é o cineasta que faz o filme, mas ofilme que faz o cineasta.Luiz Eduar<strong>do</strong> Jorge representou bem o papel de media<strong>do</strong>r. Tentou saber de CaoGuimarães suas estratégias para montar <strong>um</strong> projeto e conseguir realizar seus trabalhos.Ouviu, junto com o público, que o projeto tem de expressar bem a idéia <strong>do</strong> filme, oobjetivo que se quer com o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário, e ter sempre em mente que tu<strong>do</strong> podemudar durante a captação. Em vista disso, Cao diz ser <strong>um</strong> apaixona<strong>do</strong> pela edição <strong>do</strong>filme, que é quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário acontece, o momento em que o realiza<strong>do</strong>r se dáconta realmente <strong>do</strong> que é o produto final de seu trabalho.

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