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Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

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112 Flavia Celidônio Relatório de viagem 113CAMPO GRANDE15 de março de 2006Um rico bate-papo, considera<strong>do</strong> até como <strong>um</strong> laboratório para alguns participantes. Foiassim o encontro de R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007 na capital de MatoGrosso <strong>do</strong> Sul, Campo Grande.O <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entarista Paschoal Samora, membro da comissão julga<strong>do</strong>ra desta edição deR<strong>um</strong>os, e Francisco Elinal<strong>do</strong> Teixeira, professor de multimeios da Unicamp e autor de livrossobre <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário, iniciaram <strong>um</strong>a conversa, curiosos para saber o que se passava nacapital quan<strong>do</strong> o assunto é <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário.O público presente ao encontro agradeceu a possibilidade de concorrer ao prêmio deR<strong>um</strong>os e disse achar importante que existam iniciativas como essa. Também lamentarama não-existência de cursos de cinema nas universidades <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. A boa notícia é que oFestival de Cinema de Campo Grande já está em sua terceira edição, e há <strong>um</strong>a tentativa decriar <strong>um</strong>a cultura de produção cinematográfica, pelo menos <strong>do</strong> ponto de vista de jovensestudantes ou recém-forma<strong>do</strong>s em cursos liga<strong>do</strong>s à comunicação, como jornalismo, echeios de vontade de produzir em sua cidade.Um público interessa<strong>do</strong> e ávi<strong>do</strong> por informações ouviu a palestra <strong>do</strong> professor Teixeirasobre o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário contemporâneo. Ele, mais <strong>um</strong>a vez, apresentou sua tese <strong>do</strong> cinemaexpandi<strong>do</strong>, da “<strong>do</strong>cudiversidade”, nome da<strong>do</strong> por ele às produções <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entais <strong>do</strong>s diasde hoje que abarcam to<strong>do</strong>s os modelos de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários na história, desde o clássico,com a abordagem histórica <strong>do</strong>s fatos e em oposição à ficção; passan<strong>do</strong> pelo cinemadireto, que defende <strong>um</strong>a mínima intervenção <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r, tanto na captação quantona montagem, buscan<strong>do</strong> o realismo da imagem; até o modelo <strong>do</strong> cinema-verdade, detradição européia, quan<strong>do</strong> é introduzida a idéia da intervenção ten<strong>do</strong> em vista que arealidade não “está dada” e precisa ser construída, em contraponto ao cinema direto,observacional.Ao perceber que existe certo desânimo com as poucas possibilidades de realizar filmesem geral na opinião <strong>do</strong>s participantes, os <strong>do</strong>is palestrantes deixaram clara a importânciade se formular <strong>um</strong> projeto mesmo que ele não seja escolhi<strong>do</strong> para receber o prêmio.Os <strong>do</strong>is frisaram que, ao formular e organizar as idéias, o projeto amadurece e pode seraperfeiçoa<strong>do</strong>.A sugestão de Pachoal Samora: “criem <strong>um</strong> projeto de guerrilha”.FORTALEZA20 de março de 2006“Doc<strong>um</strong>entário como Gênero: Linguagens e Meios”. Esse foi o tema da palestra dedivulgação de R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007 em Fortaleza, a quintacidade a receber os encontros que marcam o início <strong>do</strong> projeto.Érika Bauer, professora da Universidade de Brasília e realiza<strong>do</strong>ra, autora de Dom HelderCâmara, o Santo Rebelde, foi a palestrante e contemplou a platéia, formada por jovensestudantes de comunicação, com a sua própria experiência como realiza<strong>do</strong>ra. H<strong>um</strong>anizaro personagem, essa é a “tarefa” mais desafia<strong>do</strong>ra para quem se propõe a fazer <strong>um</strong><strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário na opinião da professora. Foi realizan<strong>do</strong> o filme sobre Dom Helder que aquestão apareceu de forma mais clara para ela. Estudar a vida <strong>do</strong> personagem em questãoe buscar elementos que o tornassem mais h<strong>um</strong>ano e menos mito é algo que, para Érika,deve ser sempre persegui<strong>do</strong>. A professora acredita que a linguagem e a forma comoo <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário vai se dar chegam de maneira quase intuitiva. O importante é ter emmente que a construção da narrativa passa necessariamente pela forma como o realiza<strong>do</strong>renxerga o personagem. A linha tênue que separa o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental da ficção também é algoque chama a atenção da realiza<strong>do</strong>ra. Para ela, a realidade é muito mais ficcional <strong>do</strong> queaparenta ser. Foi <strong>um</strong>a palestra bastante rica para <strong>um</strong> público ávi<strong>do</strong> por produzir e encontrarsuas próprias linguagens.Érika também falou sobre o momento atual <strong>do</strong> cinema <strong>do</strong>c<strong>um</strong>ental no Brasil, que, no seuentender, está se aperfeiçoan<strong>do</strong>, acompanhan<strong>do</strong> a maturação <strong>do</strong>s intelectuais brasileiros,interrompida pela ditadura militar e retomada nos anos 1980.Luis Eduar<strong>do</strong> Jorge, realiza<strong>do</strong>r, antropólogo e membro da comissão julga<strong>do</strong>ra destaedição de R<strong>um</strong>os, também abor<strong>do</strong>u a história <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário e <strong>do</strong> cinema no Brasil.Ele lamentou que as universidades não sejam mais centros de formação volta<strong>do</strong>s para aconstrução de cidadãos críticos e comprometi<strong>do</strong>s com a sociedade. Eduar<strong>do</strong> Jorge frisoua importância de não se perder a visão crítica e questiona<strong>do</strong>ra. Para ele, o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entáriodeve ter <strong>um</strong>a função social, tem de provocar a reflexão.Roberto Cruz, gerente <strong>do</strong> Núcleo de Audiovisual <strong>do</strong> Itaú <strong>Cultural</strong>, também presente noencontro, respondeu a dúvidas e questões sobre o edital e afirmou, diante de jovenscéticos quanto às possibilidades de produção, que participar de <strong>um</strong> concurso como oR<strong>um</strong>os é importante para ganhar maturidade e aperfeiçoar o projeto, mesmo que ele nãoseja contempla<strong>do</strong>.

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