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Outros Retratos – Ensaiando um panorama do ... - Itaú Cultural

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110 Flavia Celidônio Relatório de viagem 111BELÉM8 de março de 2006A segunda palestra de divulgação <strong>do</strong> R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007aconteceu em Belém <strong>do</strong> Pará, no dia 8 de março. Cláudia Mesquita, jornalista e pesquisa<strong>do</strong>rade cinema, e Liliana Sulzbach, produtora e diretora, autora de O Cárcere e a Rua, compuserama mesa que discutiu o <strong>panorama</strong> da produção de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários no Brasil.Para fazer <strong>um</strong> retrato histórico da produção nacional, Cláudia destacou <strong>do</strong>is momentosimportantes <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário brasileiro. Um deles, os anos 1960, com o filme Viramun<strong>do</strong>(1965), de Geral<strong>do</strong> Sarno, reconheci<strong>do</strong> pelo uso, até então inédito, <strong>do</strong> som direto,que possibilitava a gravação de entrevistas, e o início da produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entárioindependente no Brasil. Ela apontou fortes características <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário dessa época,como a abordagem de grandes temas, no caso a migração de nordestinos a São Paulo ea tentativa de tratar assuntos da atualidade. Mostran<strong>do</strong> trechos <strong>do</strong> filme, Cláudia abor<strong>do</strong>uoutros pontos que marcaram a produção desse perío<strong>do</strong>, como a utilização ainda tímidadas entrevistas e a opção pela voz em off.O contraponto a essa época é a década de 1990, que assistiu à retomada <strong>do</strong> cinemabrasileiro. O filme escolhi<strong>do</strong> por Cláudia para representar esse momento foi Santo Forte(1999), de Eduar<strong>do</strong> Coutinho. Nesse caso, as entrevistas constituem o ponto principal<strong>do</strong> filme, que não tem narração. Ao contrário de Viramun<strong>do</strong>, não existe manipulação dainformação ou <strong>um</strong>a tentativa de corroborar a tese <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r. Quem dá significa<strong>do</strong>ao conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> filme são os 11 integrantes de <strong>um</strong>a pequena comunidade carioca quecontam suas experiências religiosas em longas entrevistas.Liliana Sulzbach, membro da comissão julga<strong>do</strong>ra desta edição <strong>do</strong> R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong>Cinema e Vídeo, usou as informações de Cláudia para afirmar que hoje em dia há <strong>um</strong>abusca pela particularização, pelo recorte, <strong>um</strong>a tentativa de mostrar que não existe <strong>um</strong>aúnica verdade, o que acontece em Viramun<strong>do</strong>, em que os migrantes são trata<strong>do</strong>s comocategoria, sem individualidades. To<strong>do</strong>s eles saíram <strong>do</strong> Nordeste por causa de problemascom a terra e nem to<strong>do</strong>s conseguem ser bem-sucedi<strong>do</strong>s em São Paulo.GOIÂNIA13 de março de 2006A terceira palestra de divulgação <strong>do</strong> projeto R<strong>um</strong>os Itaú <strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007 aconteceu em Goiânia.Francisco Elinal<strong>do</strong> Teixeira, professor de pós-graduação em multimeios da Unicamp eautor <strong>do</strong> livro Doc<strong>um</strong>entário no Brasil – Tradição e Transformação, foi o palestrante, com otema “O Doc<strong>um</strong>entário e a Representação: Identidade e Brasilidade”.Teixeira discorreu sobre os vários modelos de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário no Brasil e apresentou a tesede que o nacional contemporâneo se utiliza de to<strong>do</strong>s os modelos já conheci<strong>do</strong>s. Para ele,o da atualidade tem <strong>um</strong>a visão expandida em relação ao que já foi ao longo da história.Como arg<strong>um</strong>entos para provar sua tese, o professor levantou modelos de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário.Primeiro o clássico, que tem <strong>um</strong>a abordagem histórica <strong>do</strong>s fatos e é <strong>um</strong>a oposição à ficção.O segun<strong>do</strong> é o <strong>do</strong> cinema direto, que defende <strong>um</strong>a mínima intervenção <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r,tanto na captação quanto na montagem, utilizan<strong>do</strong> planos-seqüência e buscan<strong>do</strong> orealismo da imagem. Por último o <strong>do</strong> cinema-verdade, de tradição européia, quan<strong>do</strong> éintroduzida a idéia da intervenção ten<strong>do</strong> em vista que a realidade não “está dada” e precisaser construída, é <strong>um</strong> contraponto ao cinema direto, observacional. Na opinião <strong>do</strong> professor,esses conheci<strong>do</strong>s modelos de <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário, que foram se contrapon<strong>do</strong> aos já existentes,constroem o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário da atualidade, o que ele chama de “<strong>do</strong>cudiversidade”.Paschoal Samora, <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entarista autor de Confidências <strong>do</strong> Rio das Mortes (1999), Ao Sulda Paisagem (2000-2001), Rio de Fevereiro (2003) e Diário de Naná (2006) e membro dacomissão julga<strong>do</strong>ra de R<strong>um</strong>os, compôs a mesa ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> professor Teixeira. Samorapreferiu falar daquilo que para ele constitui a principal característica <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário: amatéria-prima, a descoberta em tempo real <strong>do</strong>s fatos e o méto<strong>do</strong> da realização. Para ele, o<strong>do</strong>c<strong>um</strong>entarista deve estar sempre aberto ao que pode acontecer durante as filmagens. Aomesmo tempo em que o <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entarista é aquele que manipula o fato, o desejo essencial<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>r é o de perder o controle. Como dica para o público que assistiu à palestra,Samora diz que a “descoberta da invenção <strong>do</strong> <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entário” é o que mais interessa.Liliana ainda deu dicas aos interessa<strong>do</strong>s em apresentar projetos ao R<strong>um</strong>os Itaú<strong>Cultural</strong> Cinema e Vídeo 2006-2007. Ela acha que existe <strong>um</strong>a carência de filmes maispolíticos e <strong>do</strong>c<strong>um</strong>entários investigativos. Para ela, as temáticas social e cultural jáforam bastante exploradas.

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