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Princípios da natureza na Física A, de Aristóteles: pré ... - IFCS

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ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, vol. V nº 9, 2011ISSN 1982-5323SANTOS, José Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>Princípios <strong>da</strong> <strong><strong>na</strong>tureza</strong> <strong>na</strong> Física A, <strong>de</strong> Aristóteles: pré-socráticos, PlatãoEsse substrato será o <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> um corpo simples, enquanto substância. Mas não éuma substância. Se acaso assim acontecesse, a substância seria confundi<strong>da</strong> com a matéria queé a sua, violando a proibição expressa <strong>de</strong> Met. Z3.1029a20-30:“... aqueles que estu<strong>da</strong>m estas coisas concluem que a substância é matéria. Mas éimpossível. Pois, ser separado e algo <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do parece correspon<strong>de</strong>r sobretudo àsubstância. Por isso, a forma (eidos) e a substância [forma<strong>da</strong>] a partir <strong>de</strong> ambas [sc.“forma e matéria”] pareceriam ser mais substância que a matéria” (Ibid. 29-30).Apesar <strong>de</strong> ocorrer frequentemente o Estagirita se referir a corpos simples gerados apartir <strong>de</strong> outros corpos simples, i. é, “elementos”, <strong>da</strong>ndo a enten<strong>de</strong>r que são matéria dosprimeiros, segundo o passo acima, a geração <strong>de</strong> uns a partir <strong>da</strong> corrupção <strong>de</strong> outros éimpossível. Pois, um corpo simples, embora possa ser matéria próxima <strong>de</strong> outros, nunca po<strong>de</strong>ser matéria <strong>de</strong>les, sob pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> a sua substância se reduzir à matéria que o constitui.A única solução <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> consiste então em postular uma “matéria prima”,substrato não separado e imperceptível, no qual os contrários – quente/frio, seco/húmido, bemcomo os outros formados a partir <strong>de</strong>les – existem em potência, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ndo a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> geração <strong>da</strong> nova substância.Esta solução é a única susceptível <strong>de</strong> resolver a ambigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, a que me referi atrás,entre os dois sentidos <strong>de</strong> physis mantidos pela tradição: como princípio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> (causaformal) e <strong>de</strong> constituição (causa material) <strong>da</strong> substância. Como Aristóteles insiste em Met. Z3,aquilo que uma substância é não po<strong>de</strong> ser reduzido àquilo <strong>de</strong> que ela é feita: isto é, à suamatéria.Por outro lado, a matéria não po<strong>de</strong> ser reduzi<strong>da</strong> ao estatuto <strong>de</strong> simples princípio <strong>de</strong>constituição <strong>da</strong>s coisas, <strong>de</strong> um constituinte <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ções, como o apeiron <strong>de</strong>A<strong>na</strong>ximandro (Fís. Γ5,204b22-205a6). Pois, não só a matéria é matéria <strong>da</strong> forma que <strong>de</strong>fine asubstância, como também a forma é forma, não <strong>de</strong> uma matéria, mas <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do e específicocorpo. Dois textos ilustram esta correlação.O primeiro é a segun<strong>da</strong> seção <strong>da</strong> Física B1,193a9-b21. Como o exemplo <strong>de</strong> Antifonte,atrás citado, mostra, se a substância se reduzisse à matéria, o que seria gerado a partir doplantio do leito seria outro leito. O fato <strong>de</strong> o efeito hipotético <strong>de</strong>sse plantio ser uma árvore <strong>da</strong>espécie <strong>da</strong>quela que gerou a ma<strong>de</strong>ira com que foi fabricado o leito mostra que “o princípio domovimento e do repouso” só po<strong>de</strong> residir <strong>na</strong> substância <strong>na</strong>tural – a árvore – e não <strong>na</strong>substância artificial – o leito –, cujo princípio <strong>de</strong> movimento – o artífice – lhe é <strong>de</strong> todoalheio.41

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