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Princípios da natureza na Física A, de Aristóteles: pré ... - IFCS

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ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, vol. V nº 9, 2011ISSN 1982-5323SANTOS, José Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>Princípios <strong>da</strong> <strong><strong>na</strong>tureza</strong> <strong>na</strong> Física A, <strong>de</strong> Aristóteles: pré-socráticos, Platãodo fogo, a água ferve, transformando-se em ar; pelo contrário, arrefeci<strong>da</strong> pelo frio,transforma-se em gelo.A água é a matéria próxima tanto do ar, como do gelo, por po<strong>de</strong>r sofrer alteração paraou a partir <strong>de</strong>les. Assim sendo, é possível perguntar como é que isso acontece e porquê <strong>de</strong>ssemodo; como é que sempre se transforma, num caso, num elemento, noutro caso, noutro, sem,ao sofrer a ação do fogo ou do frio, nunca po<strong>de</strong>r se transformar numa outra substância (vi<strong>de</strong>A5,188b3-8).Para que se compreen<strong>da</strong> a invariância <strong>de</strong>sta regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, é forçoso admitir que algo<strong>na</strong> matéria <strong>da</strong> água admite receber o quente ou o frio (mas não quaisquer outros contrários),gerando, nos dois casos, aquelas substâncias em que os contrários comuns se manifestam enão outros. Essa disposição só po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r-se como uma potência para acolher oscontrários que as duas substâncias partilham.Noutras palavras, tal disposição tem <strong>de</strong> existir em potência <strong>na</strong> água, e,consequentemente, em todos os corpos simples, ou elementos, entre os quais ocorre amu<strong>da</strong>nça. De outro modo, os processos <strong>de</strong>terminísticos que regem a geração e corrupçãosubstanciais seriam senão impossíveis, pelo menos, <strong>de</strong> todo inexplicáveis.A MATERIA PRIMAOra, para que assim ocorra, será necessário supor que em to<strong>da</strong>s as substâncias existeem potência uma “matéria prima”, entendi<strong>da</strong> como suporte dos contrários que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>mquer a alteração qualitativa (allôiosis), quer a corrupção (phthora) <strong>da</strong> substância,concomitante com a geração (genesis) <strong>de</strong> uma nova substância 58 , <strong>da</strong> qual se geram oselementos (G. C. b329a24-26).Essa matéria prima po<strong>de</strong> ser entendi<strong>da</strong> como um certo “objeto lógico” (Charles 2004,154) que po<strong>de</strong>ria ser avançado como justificação <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um substrato material empotência, imperceptível e não separado, o qual, como Aristóteles sustentou, po<strong>de</strong> serreconhecido por a<strong>na</strong>logia (A7,191a7). Este, apesar <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se manifestar comocorpóreo, não constituiria um corpo, pelo fato <strong>de</strong> não ser <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do pela forma <strong>de</strong> nenhumasubstância: seja aquela a quo, seja aquela ad quem proce<strong>de</strong> a mu<strong>da</strong>nça. Essa matéria é amatéria prima:58 Ver o comentário a A7,191a7-12 em Angioni 2009, 163-165; em particular no que diz respeito à crítica àconcepção tradicio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> matéria prima (Charlton 1983, 208), a qual <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que para todos os entes compostos,há um mesmo y que <strong>de</strong>sempenha o papel <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong> todos” (165).39

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