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Princípios da natureza na Física A, de Aristóteles: pré ... - IFCS

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ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, vol. V nº 9, 2011ISSN 1982-5323SANTOS, José Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>Princípios <strong>da</strong> <strong><strong>na</strong>tureza</strong> <strong>na</strong> Física A, <strong>de</strong> Aristóteles: pré-socráticos, Platão“... também nós afirmamos que <strong>na</strong><strong>da</strong> provém do não-ser, sem mais; no entanto, mesmoassim, afirmamos que provém do não-ser, a saber, por concomitância (<strong>de</strong> fato, <strong>da</strong>privação, que é por si mesma um não-ser, e, que não está inerente [sc. no resultado],provém algo... )” (A8,191b13-16: Angioni 2009).A geração dá-se “por concomitância” (ou “por aci<strong>de</strong>nte”). Por exemplo, é porque umcerto cão <strong>na</strong>sce <strong>de</strong> certo um cão, e não do animal, embora o cão seja um animal, que a geraçãoé “por aci<strong>de</strong>nte” (Ibid. 16-27). Avança<strong>da</strong> esta primeira razão, há então que propor a segun<strong>da</strong>,<strong>de</strong> que a geração dá-se também segundo o ato e a potência, do modo que se verá a seguir(Ibid. 27-29).O erro dos Antigos foi, portanto, tomarem to<strong>da</strong> geração como sendo “sem mais”(haplôs: A9,191b36). Não po<strong>de</strong>, porém, ser assim, pois:“matéria e privação são distintas entre si, e [...] uma <strong>de</strong>las, a matéria, éaproxima<strong>da</strong>mente e <strong>de</strong> certo modo substância, mas a outra <strong>de</strong> modo algum ésubstância...” (A9,192a3-6: Angioni 2009).APLICAÇÃO DOS CONCEITOSFORMA/MATÉRIA, ATO/POTÊNCIAEm Aristóteles, a substância não po<strong>de</strong> ser – como para “os que primeiro filosofaram”– “<strong>na</strong> forma <strong>da</strong> matéria” (Met. A3,986b6), mas constituí<strong>da</strong> pela atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> forma <strong>na</strong>matéria. Entendi<strong>da</strong> como “princípio <strong>de</strong> movimento e repouso”, chama-se “substância” a ca<strong>da</strong>um dos entes que são “aquilo que são” e existem, com as suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s (p. ex., umaárvore e o leito fabricado com a ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ssa árvore; vi<strong>de</strong> Met. Δ8,1017b10-26).O “princípio <strong>de</strong> movimento” <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> umasubstância (a árvore po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong> em chama, fumo e cinza – sejam, fogo, ar, água eterra –, por ação do fogo, mas não tem capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para se transformar no que quer que seja:A5,188b3-8); enquanto o “princípio <strong>de</strong> repouso“ limita estas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s à permanência <strong>da</strong>i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> substância: a ma<strong>de</strong>ira persiste no leito, mas não a árvore. Daí o famosoexemplo, atribuído a Antifonte (Fís. B1.19312-16): se enterrarmos um leito e calhar eleganhar raízes, o que é gerado é uma árvore e não um outro leito.Esta série <strong>de</strong> exemplos permite compreen<strong>de</strong>r o modo como forma e matéria serelacio<strong>na</strong>m. “Matéria” é o substrato <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça e <strong>da</strong> permanência:“... aquilo que primeiramente está subjacente a ca<strong>da</strong> coisa, como elemento imanente<strong>de</strong> que algo provém não por concomitância” (Angioni 2009, ou “por aci<strong>de</strong>nte”).37

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