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Princípios da natureza na Física A, de Aristóteles: pré ... - IFCS

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ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, vol. V nº 9, 2011ISSN 1982-5323SANTOS, José Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>Princípios <strong>da</strong> <strong><strong>na</strong>tureza</strong> <strong>na</strong> Física A, <strong>de</strong> Aristóteles: pré-socráticos, PlatãoEmbora aceite a teoria jônica, segundo a qual os contrários “emergem a partir <strong>de</strong>” 35(ekkrinesthai: A4,187a10-11, 13) uma substância origi<strong>na</strong>l, A<strong>na</strong>xágoras – bem como “todos osfísicos” – a<strong>de</strong>re à argumentação eleática que o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar a geração a partir do não-ser(Ibid. 26-35). Para a ultrapassar, propõe a tese <strong>de</strong> que as substâncias “provêm <strong>de</strong> entes jáinerentes” <strong>na</strong> mistura origi<strong>na</strong>l, “mas imperceptíveis a nós <strong>de</strong>vido à pequenez dos volumes” 36(Ibid. 31-32, 35-37; vi<strong>de</strong> A<strong>na</strong>xágoras DK59B3).No entanto, após a crítica circunstancia<strong>da</strong> <strong>da</strong>s opiniões <strong>de</strong> A<strong>na</strong>xágoras (A4,187b7-188a18), alarga<strong>da</strong>, em A5, a todos os Físicos 37 , Aristóteles, concor<strong>da</strong>ndo com eles, tor<strong>na</strong> ainsistir em apontar os contrários como os princípios <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>ve partir para explicar agênese (A5,188a26-30; 188b26-189a10 38 ). Justifica o seu assentimento pela distinção, atrásaponta<strong>da</strong>, entre a alteração e a geração e corrupção, incluindo entre os contrários osintermediários nos processos <strong>de</strong> geração e corrupção. Po<strong>de</strong> então concluir:“....tudo o que vem a ser provém dos contrários, bem como tudo que se corrompe secorrompe nos contrários (e em seus intermediários)” (188b22-24).No entanto, antes <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>r a exposição <strong>da</strong> teoria que Aristóteles vai propor, adistinção entre geração/corrupção e alteração merece um comentário aprofun<strong>da</strong>do que obrigaa exami<strong>na</strong>r resumi<strong>da</strong>mente a proposta física <strong>de</strong> A<strong>na</strong>xágoras.A FÍSICA DA ANAXÁGORASPo<strong>de</strong>rá perguntar-se por que inci<strong>de</strong> em A<strong>na</strong>xágoras o foco <strong>da</strong> crítica <strong>de</strong> Aristóteles.Sugeri atrás que a resposta a esta pergunta começa a ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> <strong>na</strong>s críticas apresenta<strong>da</strong>s aParmêni<strong>de</strong>s. Se o ser eleático correspon<strong>de</strong> ao mundo físico, a ele se aplicam, por um lado,tanto os argumentos a favor <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e imobili<strong>da</strong><strong>de</strong>/imutabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do ser; quanto, por outro,a proibição <strong>da</strong> geração e corrupção a partir do ser ou do não-ser.35 Na tradução cita<strong>da</strong>: “discrimi<strong>na</strong>m”. O verbo ekkrinesthai, do qual se propõem duas traduções, recorreconstantemente ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a crítica a A<strong>na</strong>xágoras.36 Angioni 2009.37 Nos quais estranhamente inclui Parmêni<strong>de</strong>s, a quem, como se viu, atribui uma cosmologia dualista (Fís.A5,188a20-22). Mas a “estranheza” po<strong>de</strong>rá ter a explicação atrás referi<strong>da</strong> (vi<strong>de</strong> Aristóteles Do céu Γ1,298b19-25, GC A8,325a13-23: DK28A25; Plutarco Adv. Col. 13, p. 1114D; Simplício fís. 38,20; 25,15: DK28A34).Vi<strong>de</strong> ain<strong>da</strong> J. T. Santos, “Presença <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> eleática ...”, www.filosofiaantiga.com.38 Neste passo, Aristóteles compara as espécies <strong>de</strong> contrários (p. ex. “quente/frio”, “raro-<strong>de</strong>nso”), regressando àdistinção introdutória a A, entre “mais cognoscíveis” pela Razão ou pela sensação. O ponto mais sutil <strong>da</strong> suaanálise resi<strong>de</strong> <strong>na</strong> a<strong>na</strong>logia que une os Físicos em torno <strong>da</strong> contrarie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mesmo quando apontam diferentesespécies <strong>de</strong> contrários. Creio que por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ste ponto se acha a importante tese proposta adiante segundo aqual “a <strong><strong>na</strong>tureza</strong> que está subjacente po<strong>de</strong> ser reconheci<strong>da</strong> por a<strong>na</strong>logia” (A7,191a7-8; ver a nota sobre a“matéria prima”, em Angioni 2009, 163-165). Tal como, no que respeita ao substrato – a matéria –, os contráriospo<strong>de</strong>m ser reconhecidos por a<strong>na</strong>logia.31

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