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A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaesse tipo de procura, que eventualmente resultará numa saída dessapopulação para outros locais onde esse tipo de necessidades possa sersatisfeito.FERREIRA e RATO (2000, pp. 8 e 9) apontam que a imigração evita estrangulamentosnos factores de produção, podendo ainda induzir as empresasa criar novos postos de trabalho que beneficiem os autóctones. A taxade actividade entre os imigrantes revela-se muito elevada, tendo emconta a faixa etária predominante (essencialmente jovens e jovens adultos),mas no geral recebem salários mais baixos do que a média, sendouma mão-de-obra pouco exigente 54 .Também há que ter em consideração que se trata de um grupo onde ocapital auferido é poupado ou então enviado para a família que se encontrano exterior, sob a forma de remessas, o que se materializa num canalde «fuga» de capitais, que deveria entrar novamente no circuito económiconacional.Outra situação prende-se com a qualificação profissional, visto que ostrabalhadores adquirem experiência e qualificação profissional. Contudo,o retorno leva a que esta experiência seja aproveitada não onde se fez aqualificação, mas no local de origem! Porém devemos ter em conta que aqualificação profissional adquirida reporta-se muitas vezes apenas aoambiente prático, o que se afigura como insuficiente para a sustentaçãoda criação de projectos, com os resultados pretendidos.Antes de se concluir esta parte, há que ter em consideração uma ideiapassada por OLMEDO (2002, pp. 202 e 203), em torno ainda das vantagensda imigração. O mito de que será a população imigrante aquela quepoderá rejuvenescer a população do local de chegada, prevalece ainda emmuitas discussões. Esta realidade (se o fosse!) seria uma mais-valia alongo prazo, na medida em que favoreceria o aumento e o rejuvenescimentoda própria população activa, a qual certamente iria interferir com aeconomia do país. Quer dizer então que as reservas de capital humanoaumentariam, deixando esse mesmo país de «necessitar» da mão-de--obra estrangeira, com todas as vantagens/desvantagens que daíadviriam para cada uma das partes. No entanto, o que se verifica, e falamosdo caso europeu, é que a imigração pode limitar o impacto negativodo envelhecimento, sobre o nível de vida e das finanças (ao nível do pagamentodos impostos). A população imigrante apenas «traz novos habitantes»,não promovendo por si só a «natalidade». Significa que a estrutura54. São factores que acabam por fomentar a propensão para o lucro.Fátima Velez de Castro89

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaetária de uma população, com este novo grupo, pode mudar temporariamente,ou melhor dizendo, conjunturalmente, mas nunca de uma formaprofunda e estrutural.A mão-de-obra imigrante é assim vista segundo a perspectiva do «efeitoamortecedor», ou seja, como que um capital a que se recorre quando hánecessidade, a qual beneficia e faz beneficiar as partes em questão. Esterepto lançado pelos autores anteriormente citados, leva ao debate sobre opapel do imigrante, ou melhor, à visão do Outro, sobre o ponto de vista daeconomia. Este é assim tomado como a solução para os desequilíbrioseconómicos, nomeadamente ao nível do trabalho.4.1.2. Portugal e a Europa: perspectivasO trabalho imigrante em Portugal tem vindo a ganhar cada vez maissignificado ao longo das últimas décadas. Na Europa, a tradição do trabalhoestrangeiro tem raízes mais profundas, no entanto não se trata de umprocesso contínuo, ou melhor dizendo, trata-se de um fenómeno dinâmicoque evoluiu ao longo do tempo.No caso de Portugal, o fenómeno imigratório pode acusar dois aspectos:se por um lado pode ser revelador do facto de termos atingido um certolimiar de desenvolvimento (manifestado num certo crescimento económico,no prolongamento da escolaridade…), por outro traduz-se nanecessidade de compensar a «hemorragia» provocada pelos anterioresfluxos emigratórios, que caracterizaram durante muito tempo a dinâmicamigratória do país. (FERREIRA E RATO, 2000, p. 7)Desde a década de 60, as mudanças têm sido evidentes e constantes.Durante a década referida, quase toda a população imigrante que estavapresente em Portugal era oriunda da Europa e da América (resultado dacontra-corrente da primeira fase da emigração portuguesa), ou fruto demovimentos transfronteiriços com Espanha. Pontualmente poderíamosencontrar englobados neste grupo indivíduos de outras nacionalidadesque não as anteriormente citadas, que se encontravam no país por motivosprofissionais (diplomacia, ligados a empresas…).Já nos anos 80 (ou até antes!) o cenário muda, com crescimento acentuadodo número de imigrantes provenientes dos PALOP, os quais ocuparamlugares na construção civil e nos serviços domésticos. Os imigranteseuropeus continuam a ocupar os mesmos sectores de actividade e a agricultura,como sector que anteriormente acolhia um número significativoFátima Velez de Castro90

A <strong>EUROPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>OUTRO</strong> – A IMIGRAÇÃO <strong>EM</strong> <strong>PORTUGAL</strong> <strong>NO</strong> INÍCIO <strong>DO</strong> SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaesse tipo de procura, que eventualmente resultará numa saída dessapopulação para outros locais onde esse tipo de necessidades possa sersatisfeito.FERREIRA e RATO (2000, pp. 8 e 9) apontam que a imigração evita estrangulamentosnos factores de produção, podendo ainda induzir as empresasa criar novos postos de trabalho que beneficiem os autóctones. A taxade actividade entre os imigrantes revela-se muito elevada, tendo emconta a faixa etária predominante (essencialmente jovens e jovens adultos),mas no geral recebem salários mais baixos do que a média, sendouma mão-de-obra pouco exigente 54 .Também há que ter em consideração que se trata de um grupo onde ocapital auferido é poupado ou então enviado para a família que se encontrano exterior, sob a forma de remessas, o que se materializa num canalde «fuga» de capitais, que deveria entrar novamente no circuito económiconacional.Outra situação prende-se com a qualificação profissional, visto que ostrabalhadores adquirem experiência e qualificação profissional. Contudo,o retorno leva a que esta experiência seja aproveitada não onde se fez aqualificação, mas no local de origem! Porém devemos ter em conta que aqualificação profissional adquirida reporta-se muitas vezes apenas aoambiente prático, o que se afigura como insuficiente para a sustentaçãoda criação de projectos, com os resultados pretendidos.Antes de se concluir esta parte, há que ter em consideração uma ideiapassada por OLME<strong>DO</strong> (2002, pp. 202 e 203), em torno ainda das vantagensda imigração. O mito de que será a população imigrante aquela quepoderá rejuvenescer a população do local de chegada, prevalece ainda emmuitas discussões. Esta realidade (se o fosse!) seria uma mais-valia alongo prazo, na medida em que favoreceria o aumento e o rejuvenescimentoda própria população activa, a qual certamente iria interferir com aeconomia do país. Quer dizer então que as reservas de capital humanoaumentariam, deixando esse mesmo país de «necessitar» da mão-de--obra estrangeira, com todas as vantagens/desvantagens que daíadviriam para cada uma das partes. No entanto, o que se verifica, e falamosdo caso europeu, é que a imigração pode limitar o impacto negativodo envelhecimento, sobre o nível de vida e das finanças (ao nível do pagamentodos impostos). A população imigrante apenas «traz novos habitantes»,não promovendo por si só a «natalidade». Significa que a estrutura54. São factores que acabam por fomentar a propensão para o lucro.Fátima Velez de Castro89

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