A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi

oi.acidi.gov.pt
from oi.acidi.gov.pt More from this publisher
12.07.2015 Views

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaem conta a personalidade jurídica do indivíduo. Aquele a quem se chamaMigrante Clandestino ou Ilegal (estrangeiro, num país que não é o seu,em situação irregular) 9 , não é considerado por este autor como sendo umMigrante de Facto. Este só obterá este «estatuto» quando for declarada asua residência num país estrangeiro. Mais uma vez se desenvolve umalacuna conceptual, a que este autor dá resposta, ao distinguir «o queentra» 10 do «migrante» propriamente dito. No primeiro caso estão englobadosos indivíduos que se encontram numa situação irregular ou queainda não atingiram o primeiro ano de residência num país estrangeiro,no segundo caso já estarão contemplados os migrantes de facto, bemcomo os Migrantes Virtuais. São considerados nesta última acepção osfilhos de migrantes, com idade entre os 0 e os 9 anos, que nasceram nopaís onde os pais residem, figurando por isso no crescimento naturaldesse país.Na realidade, a segunda geração encontra-se numa situação dúbia, namedida em que fazendo parte da realidade do contingente evolutivo naturaldo país, tem uma origem externa à própria população. Desta forma,contribuirá para a dita evolução de uma forma «falaciosa», se é que assimse pode chamar, na medida em que não faz parte da dinâmica natural dapopulação de origem, apresentando-se como um elemento exterior que aqualquer momento poderá «cessar», se pensarmos no caso das migraçõestemporárias. Talvez daí o autor considere que estes termos são artefactosestatísticos descritivos, os quais limitam de forma perniciosa situaçõesdemasiado complexas e dinâmicas, para se encontraremcircunscritas a um mero conceito.PARNWELL (1993, p. 12) esbate as fronteiras conceptuais, preferindoreferir-se ao termo Mobilidade como sendo a facilidade de deslocação deuma área para outra, sem que haja entraves a proibir tal acto. Neste caso,considera a migração como um conceito mais restritivo, que dirá respeitoa uma deslocação efectiva de um grupo de indivíduos, do seu local de origem,para outro local diferente desse. No entanto, o anterior conceitoparece estar incompleto, na medida em que apenas contempla as MigraçõesVoluntárias, onde há uma saída espontânea de população do seulocal de origem, e não as Migrações Forçadas, onde há uma motivaçãoexterior ao(s) próprio(s) individuo(s) para que tal aconteça, normalmente9. Mais adiante os conceitos de Migrante Ilegal e Migrante Clandestino serão definidosem particular. Neste momento não parece ainda pertinente diferenciá-los, pelo que dadoàs circunstâncias em que aparecem inseridos, será mais “correcto”, ou melhor, pertinente,serem considerados num mesmo conjunto.10. Do francês, Entrant.Fátima Velez de Castro27

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaenvolvendo a necessidade de protecção da vida e dos seus direitos(JACKSON, 1986, p. 7). Neste caso, o campo sociológico (motivações)aparece imbricado com o campo geográfico (deslocação entre espaços).Ainda relativamente à dimensão espacial, MALHEIROS (1996, p. 30) distingueMigração Interna como sendo a deslocação de população de umaregião para outra, dentro do próprio país, para aí se fixar temporária ou definitivamente.Neste caso, o facto do autor ter sublinhado a questão «interregional»ligada a um certo «tempo», leva a que se evidencie a ausência docarácter imediatista que anteriormente tinha sido também verificada naquestão temporal. Quer-se com isto dizer que, não se é consideradomigrante ou migração logo o momento imediato a partir do início da acção,pelo que é necessário um desenvolvimento, uma certa sequência evolutiva,daí que o termo «o que entra» seja necessário e pertinente para traduzir ummigrante que de certa forma ainda não o é. Para o caso da migração, nãoexiste nenhum termo «percursor», por assim dizer, que designe a fase inicialdesse mesmo conceito, o que não deixa de ser necessário. Poderemosutilizar a expressão «mobilidade», ainda que em sentido restrito, emboraeste conceito traduza uma situação mais generalista e englobante.1.2. A desmistificação do Outro: o ImigranteDiz-nos o Instituto Nacional de Estatística que o Imigrante, seja ele umImigrante Permanente ou um Imigrante Temporário, é a pessoa (nacionalou estrangeira) que, num dado período de referência, entrou num paíscom intenção de aí permanecer por um período igual/superior (no primeirocaso) ou inferior (no segundo caso) a um ano. Este parece apresentar-secomo sendo um conceito demasiado lato, pelo menos tendo emconta o caso português, que segundo esta definição, implicaria a identificaçãode três grupo distintos de imigrantes.Em primeiro lugar apresentar-se-iam os estrangeiros que estão em Portugale que cá se fixaram com o objectivo de residir e trabalhar, independentementeda duração da sua permanência (1. o grupo?). Ora, se o conceitonos impele a considerar como imigrantes os autóctones que seausentaram para fora da residência num determinado espaço nacional,pelo menos durante um ano, também teríamos de considerar, no casoportuguês, o grupo daqueles que efectuaram uma Migração de Retorno,ou seja, todos aqueles que após residirem e trabalharem no estrangeiropor um período superior a um ano, regressaram e se restabeleceram noseu local de origem (2. o grupo?). Por outro lado, e nesta lógica, tambémseriam considerados como imigrantes os Retornados (3. o grupo?)?Fátima Velez de Castro28

A <strong>EUROPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>OUTRO</strong> – A IMIGRAÇÃO <strong>EM</strong> <strong>PORTUGAL</strong> <strong>NO</strong> INÍCIO <strong>DO</strong> SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaenvolvendo a necessidade de protecção da vida e dos seus direitos(JACKSON, 1986, p. 7). Neste caso, o campo sociológico (motivações)aparece imbricado com o campo geográfico (deslocação entre espaços).Ainda relativamente à dimensão espacial, MALHEIROS (1996, p. 30) distingueMigração Interna como sendo a deslocação de população de umaregião para outra, dentro do próprio país, para aí se fixar temporária ou definitivamente.Neste caso, o facto do autor ter sublinhado a questão «interregional»ligada a um certo «tempo», leva a que se evidencie a ausência docarácter imediatista que anteriormente tinha sido também verificada naquestão temporal. Quer-se com isto dizer que, não se é consideradomigrante ou migração logo o momento imediato a partir do início da acção,pelo que é necessário um desenvolvimento, uma certa sequência evolutiva,daí que o termo «o que entra» seja necessário e pertinente para traduzir ummigrante que de certa forma ainda não o é. Para o caso da migração, nãoexiste nenhum termo «percursor», por assim dizer, que designe a fase inicialdesse mesmo conceito, o que não deixa de ser necessário. Poderemosutilizar a expressão «mobilidade», ainda que em sentido restrito, emboraeste conceito traduza uma situação mais generalista e englobante.1.2. A desmistificação do Outro: o ImigranteDiz-nos o Instituto Nacional de Estatística que o Imigrante, seja ele umImigrante Permanente ou um Imigrante Temporário, é a pessoa (nacionalou estrangeira) que, num dado período de referência, entrou num paíscom intenção de aí permanecer por um período igual/superior (no primeirocaso) ou inferior (no segundo caso) a um ano. Este parece apresentar-secomo sendo um conceito demasiado lato, pelo menos tendo emconta o caso português, que segundo esta definição, implicaria a identificaçãode três grupo distintos de imigrantes.Em primeiro lugar apresentar-se-iam os estrangeiros que estão em Portugale que cá se fixaram com o objectivo de residir e trabalhar, independentementeda duração da sua permanência (1. o grupo?). Ora, se o conceitonos impele a considerar como imigrantes os autóctones que seausentaram para fora da residência num determinado espaço nacional,pelo menos durante um ano, também teríamos de considerar, no casoportuguês, o grupo daqueles que efectuaram uma Migração de Retorno,ou seja, todos aqueles que após residirem e trabalharem no estrangeiropor um período superior a um ano, regressaram e se restabeleceram noseu local de origem (2. o grupo?). Por outro lado, e nesta lógica, tambémseriam considerados como imigrantes os Retornados (3. o grupo?)?Fátima Velez de Castro28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!