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A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaespecifique os motivos, explicando que a hostilidade das pessoas (27%dos inquiridos) e algumas situações de discriminação/xenofobia (27% dosinquiridos) contribuíram para tal. Lembremo-nos que Portugal é um paísque só recentemente começou a receber outros grupos de imigrantesque não dos PALOP, como foi o caso de grupos de asiáticos e da Europade Leste. Ora, na região de Vila Viçosa, tal como acontece em praticamentetodos os concelhos do interior alentejano e português em geral,são ainda poucos os casos de imigrantes estrangeiros que ai se fixamdefinitivamente. Visto que o fenómeno dos fluxos migratórios da EuropaOriental é relativamente recente, e que portanto a instalação de um conjuntode imigrantes nesta região foi um processo rápido, é natural quehouvesse uma inicial relutância por parte de alguns membros da populaçãona recepção destes «estranhos».Todavia, quando inquiridos sobre as maiores dificuldades que sentiram nomomento de chegada, estes imigrantes revelam outro tipo de obstáculosque não estes. Cerca de 5% das respostas confirmaram a informação deque a discriminação se constituiu como um entrave (3% das respostasaponta para que tal ainda se mantenha no momento presente), porém atotalidade dos inquiridos referiu que a língua (o não domínio da LínguaPortuguesa) foi a maior dificuldade sentida no momento da chegada.Actualmente, apenas 36% das respostas parecem manter este elementocomo obstáculo. Tal como já vimos anteriormente, a língua é um instrumentode integração e de trabalho, ao qual esta comunidade dá muitaimportância. Autóctones e imigrantes já se aperceberam disto, tanto quea diocese de Évora já contratou um pequeno grupo de padres católicosucranianos, no sentido de dar apoio às comunidades imigrantes do LesteEuropeu que se encontram nesta região do Alentejo. O primeiro passotomado foi fazer com que estes clérigos aprendessem o português,de modo a melhor poderem ajudar os seus compatriotas. 167Além desta, no momento de chegada outras dificuldades foram sentidas,nomeadamente as diferenças climáticas relativamente ao país de origem(22% das respostas) e a integração no mercado de trabalho (13% das respostas).Estas questões parecem ter sido mais ou menos ultrapassadas,visto que no momento presente do inquérito, 28% dos inquiridos afirmounão sentir qualquer tipo de dificuldade, e mesmo no que concerne às anteriormenteenunciadas, verificou-se que eram cada vez menos sentidas.Para o grau de satisfação contribuiu certamente o facto de cerca de 84%dos inquiridos não ter tido necessidade de mudar hábitos e costumes167. SIC, Jornal da Noite (20:00), 3 de Abril de 2004.Fátima Velez de Castro197

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosapara adaptação à nova realidade. Apenas os 16% de inquiridos que referiramter alterado, referiram-se essencialmente a regras escolares e avestuário (por causa das diferentes características climáticas entre osdois pólos da migração). No caso das regras escolares, a mudança prendeu-secom os horários (em Portugal a esmagadora maioria das escolasfunciona no turno da manhã e da tarde) e com outros aspectos burocráticos(faltas, disciplina…) aos quais os alunos e pais não estavam habituados.Não que o sistema de ensino português apresentasse regras fossemmais rígidas, visto que o que muitas vezes os surpreendeu foi o laxismopatente. No que concerne à questão das roupas, aqueles que responderamter necessidade de mudar, disseram que o fizeram para «melhor»,na medida em que tiveram de comprar peças de roupa «mais levese coloridas».No fundo, parece que paulatinamente a integração dos imigrantes deLeste nesta região se está a verificar sem maiores contratempos. As dificuldadesestão a ser ultrapassadas e mais uma vez se sente que o imigrantetenta tirar partido das potencialidades que a diversidade de situaçõesoferecida.2.3.3. O Imigrante e o Mercado de TrabalhoNa questão do mercado de trabalho, parece que para muitos Vila Viçosanão foi o primeiro local de paragem. Um número significativo de imigrantes(mais de 26% dos inquiridos) já tiveram mais do que um empregodesde que chegaram a Portugal, 10% dos quais afirmaram que o(s)mesmo(s) foi (foram) desempenhado(s) na região de Lisboa/Costa daCaparica/Setúbal. No entanto, alguns grupos trabalharam em regiões doAlentejo mais ou menos adjacentes ao concelho em estudo, nomeadamenteBeja/Reguengos de Monsaraz (6% dos inquiridos), Alandroal//Estremoz (6% dos inquiridos), Elvas/Santa Eulália (8% dos inquiridos)e Borba (10% dos inquiridos).Fátima Velez de Castro198

A <strong>EUROPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>OUTRO</strong> – A IMIGRAÇÃO <strong>EM</strong> <strong>PORTUGAL</strong> <strong>NO</strong> INÍCIO <strong>DO</strong> SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaespecifique os motivos, explicando que a hostilidade das pessoas (27%dos inquiridos) e algumas situações de discriminação/xenofobia (27% dosinquiridos) contribuíram para tal. Lembremo-nos que Portugal é um paísque só recentemente começou a receber outros grupos de imigrantesque não dos PALOP, como foi o caso de grupos de asiáticos e da Europade Leste. Ora, na região de Vila Viçosa, tal como acontece em praticamentetodos os concelhos do interior alentejano e português em geral,são ainda poucos os casos de imigrantes estrangeiros que ai se fixamdefinitivamente. Visto que o fenómeno dos fluxos migratórios da EuropaOriental é relativamente recente, e que portanto a instalação de um conjuntode imigrantes nesta região foi um processo rápido, é natural quehouvesse uma inicial relutância por parte de alguns membros da populaçãona recepção destes «estranhos».Todavia, quando inquiridos sobre as maiores dificuldades que sentiram nomomento de chegada, estes imigrantes revelam outro tipo de obstáculosque não estes. Cerca de 5% das respostas confirmaram a informação deque a discriminação se constituiu como um entrave (3% das respostasaponta para que tal ainda se mantenha no momento presente), porém atotalidade dos inquiridos referiu que a língua (o não domínio da LínguaPortuguesa) foi a maior dificuldade sentida no momento da chegada.Actualmente, apenas 36% das respostas parecem manter este elementocomo obstáculo. Tal como já vimos anteriormente, a língua é um instrumentode integração e de trabalho, ao qual esta comunidade dá muitaimportância. Autóctones e imigrantes já se aperceberam disto, tanto quea diocese de Évora já contratou um pequeno grupo de padres católicosucranianos, no sentido de dar apoio às comunidades imigrantes do LesteEuropeu que se encontram nesta região do Alentejo. O primeiro passotomado foi fazer com que estes clérigos aprendessem o português,de modo a melhor poderem ajudar os seus compatriotas. 167Além desta, no momento de chegada outras dificuldades foram sentidas,nomeadamente as diferenças climáticas relativamente ao país de origem(22% das respostas) e a integração no mercado de trabalho (13% das respostas).Estas questões parecem ter sido mais ou menos ultrapassadas,visto que no momento presente do inquérito, 28% dos inquiridos afirmounão sentir qualquer tipo de dificuldade, e mesmo no que concerne às anteriormenteenunciadas, verificou-se que eram cada vez menos sentidas.Para o grau de satisfação contribuiu certamente o facto de cerca de 84%dos inquiridos não ter tido necessidade de mudar hábitos e costumes167. SIC, Jornal da Noite (20:00), 3 de Abril de 2004.Fátima Velez de Castro197

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