A EUROPA DO OUTRO â A IMIGRAÃÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi
A EUROPA DO OUTRO â A IMIGRAÃÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi A EUROPA DO OUTRO â A IMIGRAÃÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi
A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosação marginal face à faixa litoral. Porém, certos problemas associadosàs regiões do interior português não se têm feito sentir de forma tãonegativa, pois alguns factores económicos e sociais imprimem uma dinâmicadiferente do habitual para estes espaços. Por exemplo, entre osperíodos de 1960 e 1991, registou um decréscimo populacional de 14,4%,o que apesar de ser um valor relativamente elevado, não superou o distritode Évora, que no mesmo período perdeu cerca de 21% de residentes,ou então o concelho vizinho de Estremoz, que perdeu 34% de residentes.Entre 1991 e 2001, o decréscimo populacional foi menos intenso (2,2%) doque nas décadas anteriores. No PDM 138 de Vila Viçosa, elaborado no iníciodos anos 90, previa-se que o concelho perdesse nos 10 anos subsequentescerca de 100 habitantes. Na realidade veio a perder quase que o dobro(197 habitantes), porém já neste documento se previa que o saldo migratório139 poderia compensar, ou pelo menos diminuir eventuais perdaspopulacionais que se tinham verificado em décadas anteriores. O factorde «atracção» seria, segundo o PDM, a concentração de unidades decomércio e serviços, muitos dos quais se encontram relacionados com aactividade de extracção do mármore.Esta é pois a actividade económica que imprime o cunho e a particularidadea este concelho e à própria estrutura do emprego. Trata-se de umsector que tem sido fonte de emprego para muitos indivíduos do sexomasculino, havendo poucos lugares destinados para o sexo feminino.É um sector cuja dureza das tarefas exige mão-de-obra masculina, o quese assegura como uma desvantagem para as mulheres. Daí encontramosuma maior sazonalidade no emprego do sexo feminino, já que muitasdelas acabam por se ligar à agricultura, em tarefas relacionadas com asvinhas, sector de alguma relevância no concelho, aos serviços ou entãosão dadas como domésticas.A indústria extractiva tem vindo a crescer nas últimas décadas, sendocada vez mais comum neste concelho as paisagens dominadas pelobranco marmóreo das pedreiras, ou melhor dizendo, pelos restos dosmateriais extraídos que se vão acumulando em montes adjacentesà pedreira, e por enormes «buracos» que esventram inconsequentementea paisagem. Em 1960, cerca de 9% da população activa do concelhotrabalhava na indústria extractiva, número esse que veio a aumentar,visto que em 1981 já 27% da população activa trabalhava nesse ramo.138. PDM – Plano Director Municipal.139. Neste caso, previa-se uma diminuição da emigração e não propriamente umaumento da imigração.Fátima Velez de Castro175
A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila ViçosaAté 2001 esse número diminuiu, já que actualmente só cerca de 16% dapopulação trabalha neste sector. Contudo, está-se a considerar a populaçãoactiva residente, excluindo aqueles que chegam de fora do concelhopara trabalhar, e os imigrantes que ainda não se encontram com a suasituação regularizada e que por isso poderão engrossar estes números.A mecanização da actividade e o crescimento do sector primário, bemcomo a própria saída da população do concelho, também faz com queeste número tenha diminuído, embora o peso na economia do concelho semantenha. O que se tem mesmo verificado é que apesar da indústriaextractiva ver a sua importância relativa diminuída, o volume do empregotem vindo a aumentar, embora a um ritmo inferior a anos anteriores.É certo que o retrato deste concelho, quando é feito, quase sempreé monopolizado por reflexões sobre a evolução e situação do sector daindústria extractiva do mármore já que, directa ou indirectamente, interferecom a dinâmica da comunidade a praticamente todos os níveis.Acaba por influenciar Vila Viçosa não só económica, como ambiental,social e até demograficamente. Se já viveu do esplendor régio 140 e se hojetal não acontece, pelo menos aproveita os seus símbolos para promover oturismo que, timidamente, começa a dar algumas cartas, mas ainda poucosempregos na região.Até agora, esta análise tem-se pautado por uma perspectiva claramenteeconomicista, já que este é o ponto que melhor poderá caracterizar esteconcelho. No entanto outros indicadores poderão ajudar a fazer umretrato mais claro e preciso, tendo em linha de conta a perspectiva comparadacom o restante Alentejo e com o próprio país.1.2. Situação comparativa: Portugal – Alentejo – Vila Viçosa1.2.1. Reflexão sobre alguns indicadoresDe modo a se obter uma noção mais clara sobre a situação de Vila Viçosa,pareceu pertinente a comparação de alguns indicadores deste concelhocom valores de referência, nomeadamente à escala do Alentejo e dePortugal. 141 Trata-se de uma análise a três escalas, com base em valores140. Era local de residência real, onde acabou por se edificar um palácio (Palácio Ducalde Vila Viçosa). Era também um local muito apreciado para a caça, daí que ainda hoje seencontrem veados na «Mata Real».141. O Alentejo compreende todos os concelhos do Alto Alentejo, Alentejo Central, AlentejoLitoral e Baixo Alentejo. A análise nacional compreende Portugal Continental e ilhas.Fátima Velez de Castro176
- Page 126 and 127: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 128 and 129: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 130 and 131: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 132 and 133: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 134 and 135: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 136 and 137: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 138 and 139: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 140 and 141: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 142 and 143: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 144 and 145: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 146 and 147: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 148 and 149: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 150 and 151: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 152 and 153: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 154 and 155: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 156 and 157: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 158 and 159: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 160 and 161: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 162 and 163: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 164 and 165: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 166 and 167: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 168 and 169: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 170 and 171: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 172 and 173: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 174 and 175: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 178 and 179: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 180 and 181: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 182 and 183: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 184 and 185: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 186 and 187: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 188 and 189: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 190 and 191: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 192 and 193: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 194 and 195: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 196 and 197: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 198 and 199: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 200 and 201: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 202 and 203: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 204 and 205: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 206 and 207: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 208 and 209: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 210 and 211: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 212 and 213: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 214 and 215: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 216 and 217: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 218 and 219: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 220 and 221: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 222 and 223: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
- Page 224 and 225: A EUROPA DO OUTRO - A IMIGRAÇÃO E
A <strong>EUROPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>OUTRO</strong> – A IMIGRAÇÃO <strong>EM</strong> <strong>PORTUGAL</strong> <strong>NO</strong> INÍCIO <strong>DO</strong> SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosação marginal face à faixa litoral. Porém, certos problemas associadosàs regiões do interior português não se têm feito sentir de forma tãonegativa, pois alguns factores económicos e sociais imprimem uma dinâmicadiferente do habitual para estes espaços. Por exemplo, entre osperíodos de 1960 e 1991, registou um decréscimo populacional de 14,4%,o que apesar de ser um valor relativamente elevado, não superou o distritode Évora, que no mesmo período perdeu cerca de 21% de residentes,ou então o concelho vizinho de Estremoz, que perdeu 34% de residentes.Entre 1991 e 2001, o decréscimo populacional foi menos intenso (2,2%) doque nas décadas anteriores. No PDM 138 de Vila Viçosa, elaborado no iníciodos anos 90, previa-se que o concelho perdesse nos 10 anos subsequentescerca de 100 habitantes. Na realidade veio a perder quase que o dobro(197 habitantes), porém já neste documento se previa que o saldo migratório139 poderia compensar, ou pelo menos diminuir eventuais perdaspopulacionais que se tinham verificado em décadas anteriores. O factorde «atracção» seria, segundo o PDM, a concentração de unidades decomércio e serviços, muitos dos quais se encontram relacionados com aactividade de extracção do mármore.Esta é pois a actividade económica que imprime o cunho e a particularidadea este concelho e à própria estrutura do emprego. Trata-se de umsector que tem sido fonte de emprego para muitos indivíduos do sexomasculino, havendo poucos lugares destinados para o sexo feminino.É um sector cuja dureza das tarefas exige mão-de-obra masculina, o quese assegura como uma desvantagem para as mulheres. Daí encontramosuma maior sazonalidade no emprego do sexo feminino, já que muitasdelas acabam por se ligar à agricultura, em tarefas relacionadas com asvinhas, sector de alguma relevância no concelho, aos serviços ou entãosão dadas como domésticas.A indústria extractiva tem vindo a crescer nas últimas décadas, sendocada vez mais comum neste concelho as paisagens dominadas pelobranco marmóreo das pedreiras, ou melhor dizendo, pelos restos dosmateriais extraídos que se vão acumulando em montes adjacentesà pedreira, e por enormes «buracos» que esventram inconsequentementea paisagem. Em 1960, cerca de 9% da população activa do concelhotrabalhava na indústria extractiva, número esse que veio a aumentar,visto que em 1981 já 27% da população activa trabalhava nesse ramo.138. PDM – Plano Director Municipal.139. Neste caso, previa-se uma diminuição da emigração e não propriamente umaumento da imigração.Fátima Velez de Castro175