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A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosadia nota-se um crescimento geral dos imigrantes legalizados, bem comodos indocumentados. (VIANNA, 2001, pp. 180 e 181)O grupo de imigrantes asiáticos ainda apresenta números modestos, apesardas tendências de aumento. São principalmente chineses e indianos,sendo que estes últimos já apresentavam ligações com Moçambique, noque concerne ao nível comercial. Os chineses são um grupo de imigraçãomais recente, estando fixados com maior significado na área metropolitanade Lisboa, mas com um pólo expressivo no Porto (constituem pequenasempresas familiares no comércio e restauração). (PIRES, 2003,pp. 153 e 154)No caso do grupo de imigrantes da Europa Central/Leste, LOPES (1999,p. 104) diz ter sido decisivo a destruturação dos regimes económicos epolíticos dos seus países de origem. A posterior emergência de umanova corrente imigratória, veio operar uma viragem histórica nos movimentosmigratórios daquela região da Europa, dando-lhes uma maiordensidade e complexidade. Foi um fluxo que praticamente se iniciou nosanos 90, tendo vindo a ganhar grande proporção nos anos subsequentes.Muitos deles vivem em situação irregular e vêm ao nosso país parafugir à instabilidade económica e política dos seus locais de origem. Origináriosprincipalmente da Roménia, Moldávia, Ucrânia, Rússia, Bulgária,Geórgia, Bielorrússia e Letónia, entram no espaço Schengen atravésda fronteira da Áustria, Alemanha, Holanda ou França, por via aérea,apresentando vistos de turista, e dirigindo-se para Portugal por via terrestre(carrinhas, autocarros, combóios ou até táxis!). Podemos destacar,entre eles:– Moldavos – Com o 10.º ou 11.º ano, exercem funções de operáriose mecânicos, tendo muitos vindo do espaço rural. Não émuito comum encontrarem-se profissionais liberais destanacionalidade, onde a média de idades anda à volta dos 40 anos.Normalmente não se fazem acompanhar pela família e se ofazem é só numa fase posterior da migração;– Romenos – Apresentam formação superior técnica (existênciade muitos engenheiros), mas idades inferiores ao grupo anteriormentereferido. Muito ligados à família, acabam por se fazeracompanhar por ela no seu processo migratório;– Ucranianos – Também com formação académica superior, écomum encontrarem-se médicos, pilotos da força aérea, oficiaisna reserva, empregados da função pública. As suas idadesandam à volta dos 35/40 anos e é uma nacionalidade onde seFátima Velez de Castro161

A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaencontra o maior contingente de mulheres com formação académicasuperior;– Búlgaros – São aqueles que apresentam um nível cultural maiselevado, muitos deles ligados às artes.Tratam-se de países onde o fenómeno imigratório é muito recente e ondea motivação dominante é de cariz económico: um salário como servente(média de 750 euros) corresponde a 10 meses de um salário médio naRoménia! (PORTELLA, 2001, pp.184 e 185)Ainda nesta análise, as mulheres apresentam-se como um grupo que,apesar de quantitativamente inferior ao sexo masculino, como se podeconstatar no gráfico seguinte 131 , ao longo dos anos, têm vindo a representarum papel activo no total da população imigrante. BRITO (2001, p.189)realizou um estudo sobre a temática, onde concluiu que, em Portugal,estas imigrantes se incluíam no grupo etário jovem (entre os 20 e os 35anos), apresentando-se solteiras nas idades mais baixas e casadas nasidades mais avançadas. Em média têm um ou dois filhos (exceptuando ocaso das mulheres originárias dos PALOP, que têm mais), o que ao contráriodo que alguns autores defendem, não altera de todo a estruturademográfica portuguesa em termos de rejuvenescimento populacional.Normalmente têm uma situação precária no mercado de trabalho,fomentado por contratos de trabalho temporários (muitas vezes no mercadoinformal) e por não beneficiarem, salvo algumas excepções,de grande formação profissional. Por isso desempenham profissõesdas franjas mais baixas do mercado de trabalho (serviços de limpeza,restauração, indústria…).131. Não existem dados para 1990 e 1993.Fátima Velez de Castro162

A <strong>EUROPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>OUTRO</strong> – A IMIGRAÇÃO <strong>EM</strong> <strong>PORTUGAL</strong> <strong>NO</strong> INÍCIO <strong>DO</strong> SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosadia nota-se um crescimento geral dos imigrantes legalizados, bem comodos indocumentados. (VIANNA, 2001, pp. 180 e 181)O grupo de imigrantes asiáticos ainda apresenta números modestos, apesardas tendências de aumento. São principalmente chineses e indianos,sendo que estes últimos já apresentavam ligações com Moçambique, noque concerne ao nível comercial. Os chineses são um grupo de imigraçãomais recente, estando fixados com maior significado na área metropolitanade Lisboa, mas com um pólo expressivo no Porto (constituem pequenasempresas familiares no comércio e restauração). (PIRES, 2003,pp. 153 e 154)No caso do grupo de imigrantes da Europa Central/Leste, LOPES (1999,p. 104) diz ter sido decisivo a destruturação dos regimes económicos epolíticos dos seus países de origem. A posterior emergência de umanova corrente imigratória, veio operar uma viragem histórica nos movimentosmigratórios daquela região da Europa, dando-lhes uma maiordensidade e complexidade. Foi um fluxo que praticamente se iniciou nosanos 90, tendo vindo a ganhar grande proporção nos anos subsequentes.Muitos deles vivem em situação irregular e vêm ao nosso país parafugir à instabilidade económica e política dos seus locais de origem. Origináriosprincipalmente da Roménia, Moldávia, Ucrânia, Rússia, Bulgária,Geórgia, Bielorrússia e Letónia, entram no espaço Schengen atravésda fronteira da Áustria, Alemanha, Holanda ou França, por via aérea,apresentando vistos de turista, e dirigindo-se para Portugal por via terrestre(carrinhas, autocarros, combóios ou até táxis!). Podemos destacar,entre eles:– Moldavos – Com o 10.º ou 11.º ano, exercem funções de operáriose mecânicos, tendo muitos vindo do espaço rural. Não émuito comum encontrarem-se profissionais liberais destanacionalidade, onde a média de idades anda à volta dos 40 anos.Normalmente não se fazem acompanhar pela família e se ofazem é só numa fase posterior da migração;– Romenos – Apresentam formação superior técnica (existênciade muitos engenheiros), mas idades inferiores ao grupo anteriormentereferido. Muito ligados à família, acabam por se fazeracompanhar por ela no seu processo migratório;– Ucranianos – Também com formação académica superior, écomum encontrarem-se médicos, pilotos da força aérea, oficiaisna reserva, empregados da função pública. As suas idadesandam à volta dos 35/40 anos e é uma nacionalidade onde seFátima Velez de Castro161

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