A EUROPA DO OUTRO â A IMIGRAÃÃO EM PORTUGAL NO ... - Acidi
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A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosaaumento da taxa de urbanização e da própria concentração populacional,leva a que se acentue o crescimento selectivo e a diferenciação interna nacidade, não só ao nível das funções, mas sobretudo da população. Paraque tal fosse evitado, alguns observadores defendem que, na Europa, sedeveria proceder a reformas e à definição de medidas políticas que regulamentassema questão da habitação e dos imigrantes, de modo a «eliminar»alguns problemas sociais daí advindos. (Ob. Cit., p. 106)Mas existirá algum modelo teórico que sustente na prática tal situação?As medidas desenvolvidas teriam de ser empreendidas não só no «sentidovertical» (localização das habitações no tecido urbano), mas tambémno «sentido transversal» (condições de habitabilidade). Se no segundocaso estamos em presença de um aspecto que é e deve ser comum egeneralizado, no primeiro caso parece menos «legítimo» a tentativa demanipulação da própria localização habitacional, até porque tal acto podegerar efeitos perniciosos.Deve ser privilegiada a concentração ou a dispersão da habitação dos imigrantesna malha urbana? GASPAR (2002, p. 70) refere que cada formaapresenta vantagens/desvantagens. No caso de se verificar a concentraçãodos imigrantes num determinado local do espaço urbano, tal pode serproveitoso, na medida em que permitirá aos indivíduos a facilidade deaquisição de bens e serviços específicos a eles destinados, que aí sepoderão instalar, bem como facilita a manutenção das práticas culturaise da identidade. No entanto, tal situação pode gerar um isolamento face àcomunidade autóctone, bem como a práticas que levem à marginalizaçãoe até à formação de guetos. Por outro lado, a dispersão podia afirmar-secomo uma resposta a estes problemas, visto que favorece o diálogo coma comunidade de recepção. Contudo, a separação do núcleo de origeminterfere na identidade individual, podendo mesmo levar ao extremo daassimilação, com todas as consequências que anteriormente analisámos.As políticas de alojamento são, neste contexto, importantes porque contribuempara a integração do indivíduo, no entanto também podem gerarconflitos e tensões, daí que não possam só e apenas se restringirà «residência» propriamente dita, mas igualmente a outros aspectoscomo a inserção social e o acesso pleno à cidadania. (Ob. Cit., p. 71)Em Portugal, o cenário apresenta-se mais ligado à situação da concentração,defende LOPES (1999, p.125), relacionado com a procura de proximidadedos locais de trabalho e com a situação de clandestinidadeque muitos enfrentam. Assim sendo, um quantitativo elevado de populaçãoimigrante encontra-se fixada em áreas periféricas da grande Lisboa,linha de Cascais e de Sintra e na margem sul do Tejo. Desta forma,Fátima Velez de Castro109
A EUROPA DO OUTRO – A IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XXI – Estudo do caso dos imigrantesda Europa de Leste no concelho de Vila Viçosatêm-se desenvolvido autênticas «aldeias africanas». A concentração e asegregação espacial, associadas às desfavoráveis condições de vida(nomeadamente ao nível do emprego), criaram no nosso país, condiçõesnão só para a emergência de minorias étnicas bem localizadas espacialmente,tal como para a formação de guetos. 79 A partir do momento emque esse espaço é conotado com determinada dinâmica negativa, muitasvezes advinda da imagem criada pela presença de um grupo (que podeser ou não uma imagem real), desenvolve-se toda uma estigmatizaçãoque inclui não só as pessoas que integram esse mesmo espaço, comotambém todas aquelas que dele se apropriam. (Ob. Cit., pp. 131 e 132)Devemos ter em consideração que esta situação se refere especialmenteao grupo de imigrantes oriundos dos PALOP, que espacialmente seencontram concentrados em áreas específicas, facto esse que poderáestar relacionado com os próprios padrões de distribuição no local de origem.GASPAR (2002, p. 70) diz ainda que o grupo dos imigrantes Indianose Chineses se encontram na mesma situação de concentração, emboraneste caso tal se justifique pela particularidade da sua cultura e pela língua.Em ambos os casos, parece haver a necessidade da manutenção daprópria identidade, a partir das práticas colectivas do grupo, daí que sejapromovida a concentração. Porém, no caso do grupo dos PALOP, a línguapodia afirmar-se como uma vantagem face à integração habitacional, aocontrário dos Indianos/Chineses, cujos padrões culturais em muito seafastam dos das sociedades da Europa Ocidental, nomeadamente dosportugueses, para não falar da língua.No entanto, os grupos de imigrantes que parecem estar mais regulamentedistribuídos no espaço (à escala nacional) são os dos Brasileiros edos Europeus de Leste. No primeiro caso a língua, as afinidades culturaise os laços familiares, estarão na base da facilidade de integração. Estasituação poderá interferir na liberdade de escolha do indivíduo face ao seulocal de residência, gerando consequentemente um padrão disperso deocupação do espaço, o que não acontece nos anteriores grupos referidos.No caso dos Europeus de Leste, a barreira linguística parece ser superadapelo «comportamento cultural» e pelas características fisionómicas,daí que espacialmente, este grupo se possa comportar como o grupoBrasileiro. (GASPAR, 2002, p. 70) O elevado grau de escolarização queestes imigrantes apresentam, parece ser também um factor importante,na medida em que por um lado são mais respeitados por uma populaçãoque normalmente se apresenta em desvantagem nesse aspecto, por79. O autor chama a atenção para os casos dos eixos Lisboa-Cascais, Lisboa-Sintrae para a área suburbana de Setúbal.Fátima Velez de Castro110
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