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Checagem corporal, atitude alimentar inadequada e ... - SciELO

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112 Carvalho PHB et al.artigo originalespecial sua associação com as <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>se a insatisfação <strong>corporal</strong>.Foi identificado reduzido número de indivíduos com altafrequência de checagem <strong>corporal</strong>, existindo diferenças entreos sexos feminino e masculino (8,7% vs. 1,93%; p = 0,002). Alfanoet al. 12 sugerem o uso de instrumentos específicos paracada sexo (BCQ – mulheres; MBCQ – homens) por causa dasidiossincrasias encontradas quanto à expectativa de corpo erituais de autoavaliação dele. Esta pesquisa teve esse cuidadometodológico ao utilizar instrumentos específicos e identificoumaior frequência de checagem entre as mulheres, oque reforça o fato de estas apresentarem comportamentomais frequente de autoavaliação do corpo, geralmenteacompanhado de insatisfação <strong>corporal</strong>, quando comparadasaos homens 12 .Vale ressaltar que, para a classificação de alta frequênciade checagem <strong>corporal</strong>, foram adotados os pontos de corteda escala Likert (4 e 5 pontos). Esses valores correspondema “frequentemente” e “muito frequentemente”, respectivamente,o que confere a esses indivíduos um padrão acentuadode autoavaliação <strong>corporal</strong>. Segundo Fairburn et al. 7 ,indivíduos que se engajam em um alto padrão de checagem<strong>corporal</strong> tendem a aumentar sua insatisfação com o corpo ea adotar estratégias <strong>inadequada</strong>s para o controle do peso e/ou modificação <strong>corporal</strong>. Estes são considerados fatores derisco para o desenvolvimento de distúrbios de imagem <strong>corporal</strong>e transtornos <strong>alimentar</strong>es, portanto a checagem <strong>corporal</strong>deve ser encarada como comportamento importanteno acompanhamento do indivíduo com e sem transtorno<strong>alimentar</strong>.Em relação às <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>s, foi identificadaalta frequência de mulheres com comportamentosde risco para o desenvolvimento de transtornos <strong>alimentar</strong>es,diferindo estatisticamente dos homens (22,46% vs. 6,43%; p= 0,001). Alvarenga et al. 5 encontraram uma frequência quevariou de 23,7% a 30,1% em jovens universitárias das cincoregiões do Brasil, utilizando o mesmo instrumento avaliativo(EAT-26), com ponto de corte igual ou superior a 21 pontos.Já Nunes et al. 30 , em estudo de base populacional realizadoem Porto Alegre, utilizando ponto de corte superior a21 pontos, identificaram uma frequência de 16,5%. Cumpreressaltar que a <strong>atitude</strong> <strong>alimentar</strong> <strong>inadequada</strong> é fator de riscopara o desenvolvimento de transtornos <strong>alimentar</strong>es, que,juntamente com a insatisfação com o corpo, pode ter importantesconsequências físicas e psíquicas para a vida doindivíduo 5 .Segundo Pope et al. 31 , os homens tendem a adotar estratégiasde mudança <strong>corporal</strong> diferentes das encontradasem mulheres. Nestas, a prática de dieta (restrição <strong>alimentar</strong>)e o uso de laxantes e substâncias anorexígenas são maisfrequentes, enquanto nos homens são encontrados alta ingesta<strong>alimentar</strong>, excesso de exercício físico (musculação) euso de suplementos <strong>alimentar</strong>es e esteroides anabólicos 31 .No entanto, os dados obtidos nessa pesquisa apontamum número considerável de indivíduos do sexo masculino(6,43%) que relatam <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>s. Possivelmente,<strong>atitude</strong>s até então identificadas apenas em mulherespodem estar em crescimento também na populaçãomasculina, o que alerta para uma nova perspectiva de preocupação<strong>corporal</strong> dos homens, em que não basta apenas umcorpo musculoso, mas que também deve apresentar baixopercentual de gordura.A insatisfação com o peso <strong>corporal</strong> esteve presente empequena parcela da amostra, sendo encontrada diferençaentre mulheres e homens (17,40% vs. 2,25%; p = 0,001). Esseresultado é similar a estudo anteriormente realizado na mesmainstituição de ensino, em que foi identificada presença deinsatisfação <strong>corporal</strong> em 15,2% das mulheres e 4,1% dos homens.No entanto, estudos têm identificado maior frequênciade insatisfação em universitárias, variando entre 64,4% e 87%.Sabidamente, a insatisfação com o peso <strong>corporal</strong> é mais proeminenteem mulheres do que em homens, visto que estesapresentam preocupação acentuada com a muscularidade 31 .Os comportamentos de checagem <strong>corporal</strong> estiveramassociados às <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>s e à insatisfação<strong>corporal</strong> em ambos os sexos. Esses dados corroborama hipótese de a checagem <strong>corporal</strong> estar associada ao aspectopsicopatológico central dos transtornos <strong>alimentar</strong>es(distúrbios de imagem <strong>corporal</strong>) 6 e, ainda, reforçam o fato deque indivíduos com alta frequência desses comportamentosaderem a <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>s 6-8,11 .Os transtornos <strong>alimentar</strong>es são um desafio atual para osprofissionais de saúde, dada a crescente atenção, especialmentedas populações ocidentais, ao corpo e à aparênciafísica. Esse desafio é ainda maior para a população masculina,que até pouco tempo atrás era identificada como livrede insatisfação <strong>corporal</strong> e apresentava baixa prevalência detranstornos <strong>alimentar</strong>es 31 . Embora este estudo tenha apresentadodiferenças significativas em relação às mulherespara todas as variáveis, é possível identificar indivíduos dosexo masculino apresentando <strong>atitude</strong>s <strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>se insatisfação <strong>corporal</strong>, estando essas associadas àchecagem <strong>corporal</strong>. Silva et al. 2 atentam para a necessidadede estratégias de saúde pública que visem à diminuição dainsatisfação com o corpo, tendo em vista os riscos associadosa esse acometimento.Este estudo avança ao apresentar dados de uma variávelaté então pouco estudada pelos pesquisadores: a checagem<strong>corporal</strong>. Esta apresentou associação significativa com as <strong>atitude</strong>s<strong>alimentar</strong>es <strong>inadequada</strong>s e com a insatisfação com opeso <strong>corporal</strong>, dados até então desconhecidos na populaçãoinvestigada. No entanto, este estudo apresenta algumaslimitações que merecem destaque.A primeira limitação diz respeito ao BSQ, instrumentodesenvolvido por meio de um grupo focal para avaliara preocupação de mulheres com o seu corpo, e que nestaJ Bras Psiquiatr. 2013;62(2):108-14.

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