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A violência na relação mãe-filha - Laboratório de Psicopatologia ...

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9parceiro, sendo, no que tange à fantasia <strong>de</strong>sse, seu objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e <strong>de</strong> gozo, seusintoma. Lacan propõe pensar o feminino, não pela localização a<strong>na</strong>tômica do gozosexual que, por estar enredada <strong>na</strong> libido, é sempre masculi<strong>na</strong>, mas a partir da lógica doter e do ser fálico.Uma vez que a a<strong>na</strong>tomia da mulher não tem o suporte imaginário do falo, opênis, ela localiza a sua falta ser, que é característico <strong>de</strong> todo ser humano mergulhado<strong>na</strong> Linguagem, no órgão que lhe falta. Ela se empenha, então, em ser o falo para umhomem, se engendrando <strong>na</strong> falta ser daquele que tem a posse do órgão viril, e tor<strong>na</strong>ndosefalo para ele. Segundo o psica<strong>na</strong>lista francês, a mulher que se situa <strong>na</strong> posiçãofemini<strong>na</strong> está submetida à Lei da norma fálica, que proíbe o incesto, mas não-todasubmetida. Da posição femini<strong>na</strong>, a mulher po<strong>de</strong> ser arrebatada da referência fálica earremessada num gozo Outro, mortífero, feminino.Maria Rita Kehl, citandoLacan, no Seminário 7, afirma: “Para a mulher, nenhum pai nunca é[...]bastante pararemeter a <strong>mãe</strong> aos porões da pré-história” (KEHL, 1992: 273). Sendo a ligação damulher com a <strong>mãe</strong> um campo mi<strong>na</strong>do para sempre, a <strong>relação</strong> com sua <strong>filha</strong> a colocadiante <strong>de</strong> um material recalcado e, <strong>de</strong>sconhecido <strong>de</strong>la própria que diz respeito ao “temor<strong>de</strong> ser morta pela <strong>mãe</strong>” (FREUD, 1931/1982: 245).Reviver a ambivalência recalcada da <strong>relação</strong> <strong>mãe</strong>-<strong>filha</strong>, invertendo a posição <strong>de</strong>impotência <strong>de</strong> outrora, pela <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar, <strong>na</strong> mulher, reações inimagináveis<strong>de</strong> <strong>violência</strong>. Como todo gozo, o gozo feminino precisa ter alguma barra que limite àpulsão <strong>de</strong> morte. Barra que tanto po<strong>de</strong> ser o gozo sexual, referido à fantasiafundamental, como o gozo dos sentidos, através do qual pela fala algo da pulsão <strong>de</strong>morte po<strong>de</strong> ser esvaziado. Assim, “não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>sprezar o fato <strong>de</strong> os primeiros impulsoslibidi<strong>na</strong>is possuírem uma intensida<strong>de</strong> que lhes é própria, superior a qualquer outra que surja<strong>de</strong>pois, e que po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iramente chamada <strong>de</strong> incomensurável (FREUD, data: 234).

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