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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESCCURSO DE ARTES VISUAISCRISTIANE JUSTINOA ARTE CONTEMPORÂNEA SE INSTALANDO NA CULTURAEVANGÉLICACRICIÚMA, JUNHO DE 2009.


CRISTIANE JUSTINOA ARTE CONTEMPORÂNEA SE INSTALANDO NA CULTURAEVANGÉLICATrabalho de Conclusão de Curso, apresentado paraobtenção do grau de Bacharel no curso de ArtesVisuais, da Universidade do Extr<strong>em</strong>o SulCatarinense - UNESC.Orientadora: Profª. Aurélia Regina de SouzaHonoratoCRICIÚMA, JUNHO DE 2009.


CRISTIANE JUSTINOA ARTE CONTEMPORÂNEA SE INSTALANDO NA CULTURAEVANGÉLICATrabalho de Conclusão de Curso aprovado pelaBanca Examinadora para obtenção do Grau deBacharel no curso de Artes Visuais, da Universidadedo Extr<strong>em</strong>o Sul Catarinense, UNESC, na linha dePesquisa <strong>em</strong> Processos e Poéticas.Criciúma, 30 de junho de 2009.BANCA EXAMINADORAProf. Aurélia Regina de Souza Honorato – Mestre <strong>em</strong> Educação - (UNESC) –OrientadorProf. Édina Regina Baumer – Especialista <strong>em</strong> Ensino da Arte - (UNESC)Prof. Gladir da Silva Cabral – Doutor <strong>em</strong> Letras – (UFSC)


3Dedico este trabalho <strong>em</strong> primeiro lugar a Deus,meu Senhor e guia. À minha mãe, que s<strong>em</strong>pre meapoiou e incentivou para a concretização destesonho. À minha querida e doce irmã, que muitocontribuiu na realização deste trabalho, à minhagrande amiga e ao meu namorado por suapaciência durante este período e a todos os quede algum jeito contribuíram na minhaaprendizag<strong>em</strong>.


4AGRADECIMENTOSVárias são as pessoas que contribuíram para a realização e concretizaçãode meu sonho. Portanto, gostaria de agradecer neste importante momento:- a Deus, por sua constante presença <strong>em</strong> minha vida e força que me deu;- à minha mãezinha Maria Albertina, mulher guerreira e meu ex<strong>em</strong>plo devida;- à minha irmãzinha doce Daiane, que s<strong>em</strong>pre me incentivou e exortounos momentos certos, e ao meu cunhado Fábio pelo apoio;- ao meu namorado Samuel, pela compreensão e ajuda durante osperíodos de ausência e estresse;- à minha grande e especial amiga Débora, pelos momentos decumplicidade, aprendizados espirituais e universitários;- à professora Aurélia, por toda orientação e compreensão queproporcionou a realização desta pesquisa;- à Pra. Jussara pela ajuda <strong>em</strong> oração e por ter cedido suas aulas deteologia para explanação dessa pesquisa;- à minha amiga-irmã Renata Ger<strong>em</strong>ias, pelas pesquisas acadêmicas nosaromas que faz<strong>em</strong> parte dessa instalação;- aos irmãos da Igreja do Evangelho Quadrangular, que s<strong>em</strong>pre meapoiaram na realização desta pesquisa <strong>em</strong> oração e nos questionários;- aos meus colegas de trabalho: Marcos, Maria, Maria Amélia, Michele eTiago que s<strong>em</strong>pre se disponibilizaram a ajudar;- ao Pedro De Lucca, por ceder sua marcenaria e materiais paraelaboração da minha obra: Instalação;- a todos os meus colegas de classe, que indiretamente contribuíram aomeu aprendizado, <strong>em</strong> especial a Aline Patrício, Eteilen, Andrey, Jonas e Leandro;- à Universidade do Extr<strong>em</strong>o Sul Catarinense, pela base teórica práticaque favoreceu a construção de meu crescimento intelectual, pessoal, profissional esocial.


E o Espírito de Deus o encheu de habilidade,inteligência e conhecimento, <strong>em</strong> todo artifício.Para inventar obras artísticas, para trabalhar <strong>em</strong>ouro, <strong>em</strong> prata, e <strong>em</strong> bronze. Em lavramento depedras de engaste, <strong>em</strong> entalhadura de madeira,para trabalhar <strong>em</strong> toda obra fina. Também lhedispos o coração para ensinar a outr<strong>em</strong>, a ele e aAoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dâ.Encheu-os de habilidade, para fazer<strong>em</strong> toda obrade mestre, até a mais engenhosa, e a dobordador, <strong>em</strong> estofo azul, <strong>em</strong> purpura, <strong>em</strong>carmesim e <strong>em</strong> linho fino, e a do tecelã; todasorte de obra, e a elaborar desenhos.Ex: 35:31-355


6RESUMOEste trabalho teve como objetivo perceber e tornar visíveis as formas de expressãoartística cont<strong>em</strong>porâneas na cultura evangélica, analisando como a arte se expressanessa cultura, quais os pensamentos dos evangélicos <strong>em</strong> relação a ela e suarelação com o sagrado e o profano. Na fundamentação teórica desta pesquisa,foram abordados autores que conceituam cultura, cultura evangélica, religião e oprotestantismo no Brasil, b<strong>em</strong> como autores que fundamentam a artecont<strong>em</strong>porânea com ênfase <strong>em</strong> instalações artísticas. Para a realização destapesquisa, foi utilizada a abordag<strong>em</strong> qualitativa exploratória. Foram aplicadosquestionários a evangélicos e a um artista cont<strong>em</strong>porâneo evangélico. A partir dapesquisa, constatou-se que a arte cont<strong>em</strong>porânea é pouco conhecida por essacultura.Palavras-chave: Arte. Cultura. Evangélico. Protestantismo. Instalação.


7LISTA DE ILUSTRAÇÃOFIGURA 1 - Painel <strong>em</strong> madeira carcomida - 130x35x2cm - 3 kgoutubro de 2002 acervo: coleção particular Ribeirão Preto.......................................26FIGURA 2 - Caneletas plásticas com base <strong>em</strong> madeira e tinta acrílica9,5 kg- nov<strong>em</strong>bro de 2002 - agosto de 2007 - acervo Coleção particular.................26FIGURA 3 – Instalação “The Unfaithfull Servant” <strong>em</strong> Nova Iorque<strong>Acervo</strong>: Marcelo Maimoni..........................................................................................27FIGURA 4 - Madeira e resíduos - 170x240x20cm - agosto de 2007<strong>Acervo</strong>: Marcelo Maimoni...........................................................................................28FIGURA 5 – Rifle, Colorado, 1970-72 - Foto: Harry Shunk.......................................32FIGURA 6 – Greater Miami - Flórida, 1982 - Colag<strong>em</strong> <strong>em</strong> duas partes - 28x71,1 cm e 55,9x71,1cm - lápis, tecido, pastel, carvão, lápis de cera,tinta esmalte-fotografia aérea: Wolfgang Volz ........................................................... 32FIGURA 7 – Salt Lake, Utah, 1970 - Lama, precipitados cristais de sal, rocha.........34FIGURA 8 – Tecovas Lake, Amarillos- Texas, 1973.................................................34FIGURA 9 – Núcleo - 1960 – 670x975 cm ...............................................................35FIGURA 10 – Núcleo - 1960 – composto por 4 espelhos,5 peças pintadas e teto de madeira...........................................................................36FIGURA 11 – PN1- 1960 – 150x150x220 cm............................................................36FIGURA 12 – 2006 – Instalação- 235x400x900 cm..................................................37FIGURA 13 – 1985 - Imagens de santos, divindades afro-brasileiras,bonecos infantis e réplicas de animais- Coleção do Artista......................................38FIGURA 14 – 2003 – Objetos de plástico e cerâmica, dimensões variáveis.............38FIGURA 15 – 1999-2003 – Cartazes instalados <strong>em</strong> espaços de espera,30x40cm cada - vista geral........................................................................................40FIGURA 16 – 1999-2003 – Cartazes instalados <strong>em</strong> espaços de espera,30x40cm cada - detalhe <strong>em</strong> ponto de ônibus <strong>em</strong> Florianópolis (Campeche)............ 40FIGURA 17 – 1999-2002 – Fotos coloridas, 20,5x13 cm e 17x22 cm cada foto.(nas fotos com ovo amarelo, os bigodes são desenhados com corretivo)................40


8FIGURA 18 – 1993 – Trabalho participativo - Uma caixa d<strong>em</strong>adeira pintada 35x50cm, com tampa de vidro e com um buraco.Dentro da caixa, uma página de um livro: Fisiologia da respiração.Buraco com detergente, onde o participante pode doar saliva.................................. 41FIGURA 19 – 1994 – Obra instalada na galeria Casa da <strong>Imag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong>Curitiba. Corredor cheio de furos nas paredes e chão coberto com lixavermelha e fotografias da pele do artista nas laterais. Ouvia-se a repetiçãode frase de uma canção pop: “step by step...uhoo...baby”....................................... 42FIGURA 20 – 1994 – Obra instalada na galeria Casa da <strong>Imag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong>Curitiba. Corredor cheio de furos nas paredes e chão foi coberto com lixavermelha e fotografias da pele do artista nas laterais. Ouvia-se a repetiçãode frase de uma canção pop:” step by step...uhoo...baby”....................................... 42FIGURA 21 – Planta baixa da instalação Eternidade – arquivo pessoal.................. 46FIGURA 22 – Croqui perspectivo vista superior da instalação EternidadeArquivo pessoal.........................................................................................................46FIGURA 23 – Croqui perspectivo vista lateral da instalação Eternidadearquivo pessoal......................................................................................................... 47FIGURA 24 – Croqui perspectivo vista lateral da instalação Eternidadearquivo pessoal......................................................................................................... 47FIGURA 25 – Panfletos – arquivo pessoal............................................................... 48FIGURA 26 – Panfletos – arquivo pessoal................................................................48FIGURA 27 – Genealogia das igrejas evangélicas no Brasil.................................... 65FIGURA 28 – Paul Thek – 1964. Cera, plástico, vidro, aço inoxidávele cabelo......................................................................................................................66


9SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 101.1 E no princípio...................................................................................................... 102 METODOLOGIA.....................................................................................................123 INSERINDO-SE NA CULTURA EVANGÉLICA..................................................... 144 ARTE CONTEMPORÂNEA EVANGÉLICA............................................................214.1 Arte cont<strong>em</strong>porânea se instalando na cultura evangélica............................. 304.1.1 Artistas da instalação no mundo................................................................... 314.1.1.1 Christo Javacheff......................................................................................... 314.1.1.2 Robert Smithson (1938-1973)...................................................................... 334.1.1.3 Hélio Oiticica (1932)..................................................................................... 354.1.1.4 Nelson Leirner (1932).................................................................................. 374.1.1.5 Raquel Stolf................................................................................................... 394.1.1.6 Yiftah Peled (1964)........................................................................................ 414.2 A Instalação “Eternidade”................................................................................. 435 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS DO CORPO DO EVANGELHO....... 495.1 Questionários aplicados aos evangélicos de diferentes profissõese ao artista evangélico cont<strong>em</strong>porâneo................................................................ 495.2 Entrevistas.......................................................................................................... 506.0 CONCLUSÃO...................................................................................................... 576.1 Eu Sou o Alfa, o Omega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro...... 57Referências............................................................................................................ 59Anexos.................................................................................................................. 64


101 INTRODUÇÃO1.1 E NO PRINCÍPIO...Quero um mundo onde a fé, o amor e a paixão cur<strong>em</strong>, mud<strong>em</strong> histórias econstruam caminhos! Onde artistas tenham o que registrar! (...) quero omundo que ri da finitude; que desdenha das limitações; que resiste aosofrimento; que olha para o infinito sabendo que nossa existência não édeterminada pela morte ou por nossas impossibilidades; que não somosfrutos de um acidente. Quero mundo que se sustenta na fé de queressuscitar<strong>em</strong>os, de que brilhar<strong>em</strong>os como o sol ao meio-dia; de que vale apena lutar pelo b<strong>em</strong>; de que vale a pena existir.Ariovaldo Ramos 1S<strong>em</strong>pre amei o mundo das artes. Desde criança fazia mímica, colocavaroupas da mamãe e titias. Criava ambientes a partir de qualquer móvel da casa, nosquais brincava com vários irmãozinhos imaginários, já que fui filha única até os noveanos e não gostava de ser só. Como dizia minha mãe: “Ui! Como tu és arteira!” Elanão tinha noção de que minhas brincadeiras seriam o motivo e objetivo da minharealização profissional e pessoal.Meu desejo foi de viver a arte, não aquela arte do senso-comum “criançaarteira”, mas uma arte fundamentada, que conheci no meio acadêmico. Arte que usopara expressar meus anseios, meus sentimentos, minhas utopias, o que sou e o quepenso do mundo.Ainda menina, tive contato com o cristianismo pentecostal de meus avóspaterno. Adorava ir aos cultos, achava intrigante a forma de manifestaçõesritualísticas que os evangélicos d<strong>em</strong>onstravam. Em 2005, ocorreram transformações<strong>em</strong> minha vida espiritual, mudando muito o meu modo de ver a vida e, deconseqüent<strong>em</strong>ente, a arte.Lamento por saber que de um modo geral a cultura evangélica é poucoconhecida, por isso mal interpretada, inclusive a própria arte. A falta deconhecimento acaba gerando preconceito quanto a esses dois segmentos. Esqueceseque o ser humano é criativo por natureza e necessita expressar-se artisticamente.1 Ariovaldo Ramos é filósofo e teólogo, além de diretor acadêmico da Faculdade Latino-americana deTeologia Integral, missionário da Sepal e presidente da Visão Mundial.


11E ele pode fazê-lo por meio da manifestação de sua fé, pois a arte não t<strong>em</strong> cor, sexoou religião.Busco, nesta pesquisa, perceber como a arte cont<strong>em</strong>porânea se expressana cultura evangélica, utilizando como norte as seguintes questões: qual o papel daslinguagens artísticas na cultura evangélica? Como a arte cont<strong>em</strong>porânea é vista poressa cultura? O que é sagrado e o que é profano dentro da cultura evangélica? Oartista que segue a doutrina evangélica produz sua arte com liberdade?Tenho como objetivo desta pesquisa perceber e tornar visíveis as formasde expressão artística cont<strong>em</strong>porâneas na cultura evangélica. Para essa construçãoinicio uma abordag<strong>em</strong> sobre essa cultura, seu crescimento no Brasil. Depois trato daarte cont<strong>em</strong>porânea, seus efeitos, produções e conseqüent<strong>em</strong>ente os artistascont<strong>em</strong>porâneos, trazendo ao conhecimento do público leitor um artista evangélico.Por último, exponho o desenvolvimento da minha obra, descrevendo todo oprocesso criativo e definindo teoricamente a forma de expressão artística escolhida.Procuro fundamentar esta pesquisa com diálogos entre os autores Alves(1996), Santos (2004) e Mendonça (1990). Eles conceituam cultura, religião eprotestantismo no Brasil, citando os acontecimentos históricos que favoreceram aimplantação da cultura religiosa protestante no país. Alencar (1999), Cunha (2007) eMafra (2001) acrescentam também características relacionadas à cultura evangélica.Para esclarecer a arte cont<strong>em</strong>porânea e subsidiar a instalação, foram exploradasobras de Cauquelin (2005), Coli (1990), Lamas (2007) e Meira (2003).Espero, por meio desta pesquisa, ampliar o olhar teórico e prático dirigidoà arte cont<strong>em</strong>porânea na cultura evangélica, contribuir com a difusão das linguagensartísticas na cultura evangélica. Produzir arte cont<strong>em</strong>porânea com base na culturaevangélica.


122 METODOLOGIAEssa pesquisa se apresenta na linha de pesquisa Processos e Poéticasdo curso de Artes Visuais Bacharelado, pois traz os fundamentos históricos etecnológicos de criação, a reflexão e a poética das Artes Visuais.A metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa pesquisa seráqualitativa exploratória, sendo ela:Uma pesquisa realizada quando o t<strong>em</strong>a escolhido, por ser novo, ainda nãopossui suficientes fontes de referencia e não apresenta hipótesesconsistentes para servir de ponto de partida para a pesquisa. Serve entãopara a formulação de um probl<strong>em</strong>a para as investigações mais exatas oupara a criação de hipóteses. (MARTINS JÚNIOR, 2008, p. 73)A fim de compreender como a arte cont<strong>em</strong>porânea se expressa nacultura evangélica, será utilizada a pesquisa qualitativa que envolve umainvestigação com as pessoas que estão inseridas nessa cultura. “Essa mesmarealidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discursoque possamos elaborar sobre ela” (MINAYO, 2003, p.15). A pesquisa é descritivapor tratar-se da descrição das características dessa população, opiniões, atitudes ecrenças.Os procedimentos baseiam-se <strong>em</strong> pesquisa bibliográfica e de campo,pelos quais é necessário conhecer os processos históricos do fenômeno evangélico.Sendo assim, veiculará as visões diante da arte cristã, implicando noreconhecimento da subjetividade das pessoas pesquisadas.O método será, portanto, dialético onde por meio de ação recíproca, dacontradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza ena sociedade. Terá um procedimento etnográfico.Abordag<strong>em</strong> da Dialética [...], propõe a abarcar o sist<strong>em</strong>a de relações queconstrói, o modo de conhecimento exterior ao sujeito, mas também asrepresentações sociais que traduz<strong>em</strong> o mundo dos significados. A Dialéticapensa a relação da quantidade como a qualidade dos fatos e fenômenos [...](MINAYO, 2003. p. 24).Será utilizado como instrumento de pesquisa o questionário aplicado queenvolverá questões sobre os dados dos entrevistados e abordagens diretas sobre


13arte cont<strong>em</strong>porânea, o conhecimento sobre ela, e a sua implicação no sagrado eprofano. A pesquisa será efetivada <strong>em</strong> um Instituto Teológico, com adultosevangélicos de diversas idades, profissões e cidades da região de Criciúma (SC). Ea um artista cont<strong>em</strong>porâneo evangélico.Como forma comprobatória da realização da arte cont<strong>em</strong>porâneaevangélica, será desenvolvida uma instalação, que se pretende interativa, buscandoa participação ativa do observador.Para isso, será respeitado um cronograma como uma forma de melhororganização para a coleta e análise de dados e elaboração do resultado final.


143 INSERINDO-SE NA CULTURA EVANGÉLICAPara conhecer melhor a arte cont<strong>em</strong>porânea na cultura evangélica, énecessário descrever um pouco sobre o que é cultura, o que é religião e o que é serevangélico 2 . Inicialmente, trago para a discussão o que é cultura, termo quedepende de variáveis nas quais está inserido. Apresento uma das definições deSantos (2004, p. 12), que entende “cultura como tudo aquilo que caracteriza umapopulação”.Assim, pode-se compreender que os comportamentos, as historicidadesde um grupo, suas tradições, modos de agir, pensar, se expressar compõ<strong>em</strong> suascaracterísticas, que também são influenciadas pelo ambiente <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>.É necessário considerar outro conceito de cultura feito por Santos (2004),que argumenta:Que fique claro para nós, a cultura é a dimensão da sociedade que incluitodo o conhecimento num sentido ampliado e todas as maneiras como esseconhecimento é expresso. É uma dimensão dinâmica, criadora, ela mesma<strong>em</strong> processo, uma dimensão fundamental das sociedades cont<strong>em</strong>porâneas.(SANTOS, 2004, p. 50)Ao analisar o termo religião, percebe-se a ligação da mesma com acultura, pois a religião é permeada por costumes de instituições que defend<strong>em</strong> assuas crenças e conhecimentos adquiridos há um longo período. Sendo assim:A sugestão que nos vêm da psicanálise é de que o hom<strong>em</strong> faz cultura a fimde criar os objetos de seu desejo. [...] A cultura parece sofrer da mesmafraqueza que sofr<strong>em</strong> os rituais mágicos: reconhec<strong>em</strong>os a sua intenção,constatamos o seu fracasso - e sobra apenas a esperança de que, dealguma forma, algum dia, a realidade se harmonize com o desejo. Eenquanto o desejo não se realiza, resta cantá-lo, dizê-lo, celebrá-lo,escrever-lhe po<strong>em</strong>as, compor-lhe sinfonias, anunciar-lhe celebrações efestivais. E a realização da intenção da cultura se transfere então para aesfera dos símbolos. [...] E é aqui que surge a religião, teia de símbolos,rede de desejos, confissão da espera, horizonte dos horizontes, a maisfantástica e pretensiosa tentativa de transubstanciar a natureza. (ALVES,1996, p. 17 - 18)Diante da diversidade das religiões existentes na sociedade, ressalta-se a2 Não farei distinção entre os termos “crentes”, “evangélicos” e “protestantes”. Segundo Mendonça(1995), são nomes no Brasil que identificam o mesmo grupo.


15religião cristã, que segue os ensinamentos de Jesus Cristo. A partir dele, acabamsurgindo inúmeras vertentes, pois o hom<strong>em</strong> é s<strong>em</strong>pre crítico, pesquisador e curioso,não aceitando algumas vezes aquilo que lhe é imposto.Isso aconteceu com Martinho Lutero, 3 o principal nome da ReformaProtestante (Sec. XVI). Suas idéias contribuíram para o rompimento com asideologias construídas na Idade Média (séc. V ao XV), e favoreceram a consolidaçãodos pensamentos da Idade Moderna (séc. XV ao XVII), que foi um período degrandes revoluções industriais, <strong>em</strong> que as idéias não visavam somente as que aIgreja Católica ditava, mas se baseavam também nos anseios humanos, ocorrendotransformações na arte e na cultura <strong>em</strong> geral. Dessa maneira:[...] Historiadores e sociólogos associam o protestantismo ao advento damodernidade. [...] Cobre os séculos, do XVI ao XXI, e os continentes, pois aexpansão evangélica é, com efeito, um fenômeno mundial. Importa,portanto, explorar as variações e as combinatórias múltiplas que compõ<strong>em</strong>este vasto processo. São elas que faz<strong>em</strong> as historias, no plural. [...](FERNANDES, 1998, p. 17)Segundo Mendonça (1995), o movimento luterano se desenvolveugeograficamente <strong>em</strong> territórios al<strong>em</strong>ães e nos países escandinavos. A Inglaterra,Irlanda, Escócia e América do Norte foram consolidadas pelo protestantismocalvinista que teve sua orig<strong>em</strong> na Genebra de Calvino onde uma de suas obras dizque: “a salvação era pela graça s<strong>em</strong> a participação das obras, resultando daí apredestinação de alguns eleitos para a salvação”, (Mendonça, 1995, p. 57). Deusextrai seus eleitos de qualquer classe social, valorizando a figura humana. Calvinofoi um dos grandes destaques da Reforma, e suplantou Lutero nos países citadosacima. Um dos movimentos do calvinismo foi o puritanismo,[...] uma tendência protestante originada na Inglaterra, inspirada <strong>em</strong>movimentos religiosos de outras regiões da Europa. Os puritanos, [...]disciplina severa para clérigos e leigos “cuja conduta moral não satisfaziaaos padrões do modelo genebrino” (calvinista). Essa disciplina rígidaimplicava <strong>em</strong> uma ética de costume bastante restrita, <strong>em</strong> especial no quedizia respeito ao lazer e ao prazer do corpo, considerado o t<strong>em</strong>plo doEspírito Santo de Deus (CUNHA, 2007, p. 178)3 Precursor da Reforma Protestante na Europa, Lutero nasceu na Al<strong>em</strong>anha no ano de 1483 e fezparte da ord<strong>em</strong> agostiniana. Em 1507, ele foi ordenado padre, mas devido as suas idéias, que eramcontrárias às pregadas pela Igreja Católica, ele foi excomungado. Sua doutrina, salvação pela fé, foiconsiderada desafiadora pelo clero católico, pois abordava assuntos considerados até entãopertencentes somente ao papado. Contudo, ela foi plenamente espalhada, e suas inúmeras formasde divulgação não caíram no esquecimento, ao contrário, suas idéias foram levadas adiante e, a partirdo século XVI, foram criadas as primeiras igrejasluteranas. http://www.suapesquisa.com/biografias/lutero/


16A base evangélica brasileira, portanto, v<strong>em</strong> da descendência dopuritanismo calvinista. Onde missionários americanos que imigraram para o Brasileram puritanos. Várias divisões ocorreram, surgindo muitas denominações. Essasdivisões, 4 aqui nessa pesquisa, são classificadas como: as históricas, aspentecostais e as neo-pentecostais.As denominações conhecidas como históricas receb<strong>em</strong> esse nome porfazer<strong>em</strong> ligação direta com o movimento histórico importante como no caso já citado:das Luteranas e Calvinistas. As pentecostais são relacionadas às missões dosmovimentos evangélicos 5 , estas priorizam a busca do Espírito Santo. Já as neopentecostaisé um movimento posterior são baseadas na teologia da prosperidadeao afirmar<strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> direito a receber toda a abundância na Terra(material) e que, se isso não acontece, é conseqüência da sua falta de fé einfluência de espíritos malignos. Portanto,O que têm <strong>em</strong> comum essas denominações? Na prática são arminianas 6 ,<strong>em</strong>bora alguns presbiterianos afirm<strong>em</strong> crer na dupla predestinação. Sãopuritanas <strong>em</strong> seu comportamento, exigindo, umas mais que outras, ocumprimento de uma disciplina moral caracterizada pelo negativismo doscostumes: não beber, não fumar, não dançar - o isolamento total da“mundanidade”. São pietistas 7 , enfatizando o contato direto do crente comDeus, a experiência pessoal de conversão e santificação ou perfeição cristã.São também anticatólicas [...] Finalmente, essas denominações sãoavessas aos projetos de mudança profunda das estruturas sociais.Defend<strong>em</strong>, quando muito, reformas sociais, de modo que a miséria não sejatão acentuada. É predominância da ética pietistas. A política não é assuntopara ser tratado na igreja e pela Igreja, sob risco de desvio de uma missãoespiritual: salvar almas. (MENDONÇA e VELASQUES FILHO, 1990, p. 109).Para entender a cultura evangélica no Brasil, é necessário saber como4 Exist<strong>em</strong> outras divisões protestantes, estou levando <strong>em</strong> conta apenas essas três, mas apresento<strong>em</strong> anexo uma classificação feita por Mafra.5 “Movimento religioso reformador nos EUA é uma ala do movimento evangélico que enfatiza aexperiência <strong>em</strong>ocional da conversão. [...] afirmam que a experiência religiosa se repete infinitamente,durante toda a vida, num processo que chamam de santificação, segunda benção ou perfeição cristã.Outros [...] que a experiência religiosa repete-se <strong>em</strong> cada instante, especialmente nos momentos deculto coletivo, como é o caso dos pentecostais” (WATANABE, Tiago, p. 109).6 “Sendo arminiana, a prática evangelística predominante enfatiza, logicamente, o livre-arbítriohumano. Seu objetivo é anunciar que Deus possibilitou a salvação de todos, e que compete aohom<strong>em</strong> apossar-se da redenção potencial que Cristo proporcionou para todos. Crendo que o hom<strong>em</strong>,<strong>em</strong> estado de pecado, ainda pode responder favoravelmente, por si só, à persuasão do evangelho, oevangelismo arminiano (predominante <strong>em</strong> nossos dias) consiste <strong>em</strong> persuadir o hom<strong>em</strong> a decidir-sepor Cristo”. ANGLADA, Paulo.http://www.monergismo.com/textos/evangelismo/evangelismoarminiana.htm - acesso <strong>em</strong> 16 / 06/2009.7 “[...] pietista é o artesão da própria fé – a idéia presente é a de que a salvação está ligada à fépessoal de cada qual [...]”. http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v11n4/v11n4a04.pdf – acesso <strong>em</strong> 16/06/2009.


17esta evoluiu, sendo importante, também, pesquisar as origens da religiosidadebrasileira, o protestantismo no Brasil e as variáveis surgidas. Para isso, éinteressante compreender que o Brasil é um grande celeiro de diversidades culturaisque abrange uma herança cultural vasta.No Brasil, como a colônia pertencia a um país católico, a religiãodominante, e o protestantismo sofreu dificuldades e resistências para entrar no país.Segundo Mendonça (1995), Portugal foi constant<strong>em</strong>ente assediada na política e nafé, <strong>em</strong> sua colônia sul-americana, por parte de invasores que se valendo daextensão da costa brasileira, não lhe davam trégua. A Igreja Católica desdobrou-separa não permitir que outros grupos cristãos aqui se estabelecess<strong>em</strong>, de modo à por<strong>em</strong> risco sua predominância. Vale l<strong>em</strong>brar que a cultura brasileira é associada aocatolicismo, por isso a resistência dos evangélicos <strong>em</strong> adotar os el<strong>em</strong>entos dacultura brasileira. Assim,Somos um país religioso a seu modo, cuja população não só perfilhareligiões, até com exagerada facilidade, mas também inventa religiões paracom elas atravessar o mar vermelho das atribulações cotidianas, própria deuma sociedade da periferia, quase que mera adjacência política, econômicae religiosa dos centros, política e economicamente homogêneos. Só aospoucos as Ciências Sociais e a Historia, entre nós, vão se dando conta dequão fundamental é compreender cientificamente a mediação religiosa naconstituição da sociedade brasileira. (MENDONÇA, 2008, p. 22).As dificuldades não foram encontradas somente na resistência da igrejaCatólica, mas também nas próprias condições locais de adaptação dos missionáriosprotestantes <strong>em</strong> se adequar<strong>em</strong> à cultura local, às condições políticas e ao sist<strong>em</strong>asocial de um país colonial.Aos poucos o protestantismo conseguiu se fixar no território brasileiro,através de conquistas políticas, como afirma Mendonça (1995). O protestantismo sóconseguiu implantar-se definitivamente quando condições políticas e sociaisatribuíram possibilidades de neutralizar a presença protestante. Em conseqüência daconstituição de 1824 até a de 1891, foi sendo reduzida a predominância católica,onde os protestantes foram conquistando seu lugar no espaço brasileiro, podendorealizar seus rituais dentro de normas legais.É certo, portanto, que os protestantes aproveitaram as oportunidades que oclima de tolerância oferecia e, no final do século XIX, já estavampraticamente implantadas no Brasil todas as denominações clássicas doprotestantismo. Os distribuidores de Bíblias encontraram simpatias efacilidades por parte de m<strong>em</strong>bros das várias camadas da sociedade, qu<strong>em</strong>anifestavam boa vontade de recebê-las.[...] O Parlamento teve, então, que


18abordar probl<strong>em</strong>as como casamento, registros de crianças, sepultamentos<strong>em</strong> c<strong>em</strong>itérios públicos e assim por diante. Uma necessidade trazia a outra.Mais tarde não teria a constituição Republicana outra saída a não ser abrirmão da religião oficial, para o que concorreu, por outro lado, a forte pressãodos liberais e dos positivistas. (MENDONÇA, 1995, p. 44-45).MAFRA (2001) relata que <strong>em</strong> 12 de agosto de 1859 des<strong>em</strong>barcou no Riode Janeiro o missionário Ashbel Green Simonton. Convertido há cinco anos, adotouum estilo aguerrido e ousado de propaganda religiosa, seguindo a teologia doDestino Manifesto 8 dos presbiterianos norte-americanos. Para os presbiterianos, oBrasil era terra de idólatras e pagãos que, s<strong>em</strong> acesso à palavra escrita, s<strong>em</strong> padrese conselheiros devidamente formados, pareciam viver “sob o domínio das trevas, daignorância e dos vícios”. Assim,A vinda de Simonton era uma das primeiras expressões de umredirecionamento do movimento missionário impl<strong>em</strong>entado pelosprotestantes norte-americanos. Crescia no seu interior a idéia de que ospaíses católicos também eram pagãos, <strong>em</strong> contraposição à tradicionalconcepção do trabalho missionário de dirigir os esforços de conversãoapenas para os países reconhecidamente não cristãos. (MAFRA, 2001, p.09)Segundo Cunha (2007), a forte inspiração puritana no protestantismobrasileiro desenvolveu conseqüências rígidas <strong>em</strong> relação à disciplina do ser,evitando o mundo e resguardando-se dele. Essa ética puritana de restrição doscostumes no Brasil negava o catolicismo, marcando uma identidade protestante,como, por ex<strong>em</strong>plo, a abstinência da bebida alcoólica, do fumo, da participação <strong>em</strong>festas dançantes e populares (carnaval) e dos divertimentos populares, como teatro,cin<strong>em</strong>a, entre outros.A ética construída na cultura evangélica no Brasil foi de busca desantidade como separação do mundo, o que gerou uma crise na relaçãoprotestantismo-sociedade ao representar-se como negação das manifestaçõesculturais brasileiras. Essa atitude afastou muito simpatizantes do protestantismo ecriou barreiras com a sociedade, inclusive os jovens.Cunha (2007, p. 175) continua seu discurso afirmando que, <strong>em</strong>bora osevangélicos procurass<strong>em</strong> evitar o “mundo”, sentiram necessidades de agregar asel<strong>em</strong>entos da sociedade capitalista a fim de tornar os cultos recentes mais atrativos.8 “[...] É de alta importância para seu presente e para seu b<strong>em</strong>-estar futuro que a mente nacional[brasileira] esteja imbuída de idéias e princípios religiosos corretos e esses deverão proceder, <strong>em</strong>primeiro lugar, de nosso país [Estados Unidos]”. (MAFRA, 2001, p. 09)


19Portanto:A cultura gospel 9 é resultado desses reencantamento dentro doprotestantismo brasileiro, num movimento liberalizante de sacralização doconsumo e de investimento <strong>em</strong> recursos tecnológicos e nos meios decomunicação [...] Com isso, os evangélicos passam a condicionar odesenvolvimento de sua religiosidade, <strong>em</strong> especial o culto, à mediaçãodestes el<strong>em</strong>entos. Predominant<strong>em</strong>ente, não há mais culto <strong>em</strong> igrejasprotestantes s<strong>em</strong> eletrônica e não há mais devoção pessoal s<strong>em</strong> a mídia.Perceb<strong>em</strong>-se, mais uma vez, a mediação da tradição na transformação quea cultura gospel representa. A tradição opera na recuperação daaproximação protestantismo-modernidade/espírito do capitalismo, <strong>em</strong>boraaqui esteja também reprocessada pelo sist<strong>em</strong>a sócio-econômico. 10De acordo com Alencar (1999), percebe-se hoje, que apesar dasdificuldades encontradas pelos protestantes, estes conquistaram grande espaço noterritório brasileiro, tanto que, a cada dia são abertas novas igrejas de denominaçõesevangélicas. Um ex<strong>em</strong>plo disso é a cidade do Rio de Janeiro que é conhecida comoa menos católica do Brasil, citado, por Alencar, onde os seus últimos quatrogovernadores, Nilo Batista, Antony Garotinho, Benedita da Silva e Rosinha, sãoevangélicos.Conseqüent<strong>em</strong>ente, para atrair evangélicos de todas as partes do país, aigreja evangélica precisou adaptar-se às pluriculturalidades do Brasil, adotandodiferentes formas de cultos. Tanto que:Certa vez, fui a uma igreja aqui <strong>em</strong> São Paulo, cuja ”fauna” era bastantediversa. O ministro de louvor era uma versão gospel de Carlinhos Brown. Oexcesso de tecido <strong>em</strong> sua roupa imensa e espalhafatosa daria para vestiruma banda inteira: colete dourado, cabelo rastafári com lenço colorido, tudomuito fashion. [...] Pensei: “meu Deus, entrei na boate errada!” Por outrolado, pode-se entrar <strong>em</strong> outro t<strong>em</strong>plo e encontrar um grupo de pessoas debranco, com um corredor de sal grosso, (dês) fazendo encosto, invocandoorixás, distribuindo rosa ungida, passando debaixo de um manto sagrado,com inúmeras manifestações de d<strong>em</strong>ônios e você pode pensar que entrouno “Terreiro Errado!”. (ALENCAR, 1999, p. 24).Para Cunha (2007), o fenômeno do surgimento da diversidade étnica noscultos é chamado de tribos. Elas são organizadas a partir da identidade evangélica,onde há compartilhamento de modos de vida, formado por atitudes, padrões de9 Encontrado no dicionário: inglês=português: substantivo: 1.Evangelho; 2. Doutrina de Cristo; 3.Norma. http://www.google.com.br/dictionary?langpair=pt%7Cen&q=gospel&hl=pt-BR&aq=f – acesso<strong>em</strong> 20/04/09.10A cultura gospel t<strong>em</strong> início nos EUA.


20consumo, gostos, crenças e vínculos de sociabilidades, d<strong>em</strong>onstrando a construçãoda imag<strong>em</strong> de que os adeptos do segmento evangélico são cidadãos “normais”, nãoisolados, mas inseridos socialmente. Pod<strong>em</strong> ser divididos, portanto, <strong>em</strong> aquelesformados pelo compartilhamento de uma prática social já existente fora do camporeligioso, e aqueles constituídos <strong>em</strong> torno de igrejas alternativas. Assim:O primeiro grupo compõe-se de pessoas que compartilham práticas como oesporte (surfistas, atletas), a expressão artística (artistas e admiradores damúsica, da pintura, do teatro, da dança), a vida alternativa (ecologistas,punks, rastafáris). Surg<strong>em</strong> assim grupos como os “roqueiros de Cristo”, os“surfistas de Cristos”, os “atletas de Cristo” estes possu<strong>em</strong> até umaassociação, os “capoeiristas de Cristo”, os “artistas de Cristo”, que buscamformas próprias de viver a religião de acordo com o seu repertório epráticas, e têm uma interpretação própria de el<strong>em</strong>entos doutrináriosclássicos. Grifo meu. (Cunha, 2007, p. 168)Conclui-se, portanto, que a cultura evangélica brasileira descende daprópria cultura brasileira. Os evangélicos adaptam-se aos costumes de suasregiões, introduzindo as linguagens artísticas na sua vida cristã, utilizando-se d<strong>em</strong>eios artísticos para dissolver o evangelho, comunicá-lo ao estilo jeitinho brasileiro.O importante é que o evangelho seja pregado a todos, respeitando, no entanto, ospreceitos bíblicos.


214 ARTE CONTEMPORÂNEA EVANGÉLICAO t<strong>em</strong>a arte segundo Quadros (1981), é questionado pelas suasdiversificadas formas de expressões. Ela é considerada por algumas pessoas comomaneiras de interpretação do mundo, ou seja, formas de o hom<strong>em</strong> marcar suapresença, fazendo criações significativas (quadros, peças teatrais, músicas, entreoutros). E Coli compl<strong>em</strong>enta,É possível dizer, então, que arte são certas manifestações da atividadehumana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossacultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suasatividades e as privilegia. Portanto, pod<strong>em</strong>os ficar tranqüilos: senãoconseguimos saber o que a arte é pelo menos sab<strong>em</strong>os quais coisascorrespond<strong>em</strong> a essa idéia e como dev<strong>em</strong>os nos comportar diante delas.(COLI, 1987. p8)Para Vigotsky (1896-1934), a arte pode ser vista como boa ou mádependendo do sentimento que nos contagia ser bom ou mal. Em si mesma, a artenão é boa n<strong>em</strong> má, e sim uma linguag<strong>em</strong> do sentimento que t<strong>em</strong>os de avaliar <strong>em</strong>função do que diz<strong>em</strong>os sobre ela. Sendo assim, as obras artísticas influenciam nocomportamento dos espectadores. A arte é mágica, é transformadora, como el<strong>em</strong>esmo descreve, pois,O milagre da arte l<strong>em</strong>bra antes outro milagre do Evangelho _ atransformação da água <strong>em</strong> vinho, e a verdadeira natureza da arte s<strong>em</strong>preimplicam algo que transforma que supera o sentimento comum, e aquel<strong>em</strong>esmo medo, aquela mesma dor, aquela mesma inquietação, quandosuscitados pela arte, implica o algo a mais acima daquilo que nelas estácontido. E este algo supera esses sentimentos, elimina esses sentimentos.Transforma sua água <strong>em</strong> vinho, e assim se realiza a mais important<strong>em</strong>issão da arte. A arte está para a vida como o vinho para a uva _disse umpensador, e estava coberto de razão, ao indicar assim que a arte recolhe davida o seu material algo que ainda não está nas propriedades dess<strong>em</strong>aterial. (Vigotsky, 1896-1934, p. 45),Ostrower (1995), diz que não existe espaço neutro na arte, nela osespaços vividos e as vivências são transpostas para uma linguag<strong>em</strong> que <strong>em</strong> simesma já é expressiva. Sendo assim, as formas artísticas são formas objetivas,onde os conteúdos são valores, conteúdos existenciais, ou seja, visões de vida enunca apenas fantasias pessoais ou puramente circunstanciais. E,


22Nas obras de arte, o conteúdo expressivo é articulado através de formasespaciais. Qual, porém, seria a visão do espaço? Haveria parâmetrosválidos para todos os t<strong>em</strong>pos, modelos fixos? Haveria “o” espaço? NÃO. Sóhá espaços vividos. Em cada obra e cada época, há “um” espaço. Umespaço possível. Quando olhamos para as muitas obras de arte criadas nodecorrer de milênios, v<strong>em</strong>os que na arte exist<strong>em</strong> muitos espaços, tantosquantos for<strong>em</strong> as vivências reais, vivencias culturais e individuais. Nisto, aarte difere da mat<strong>em</strong>ática e até mesmo da filosofia, pois a arte não sepropõe a definir a noção de um espaço ulterior absoluto, não ilustraqualquer tipo de conceito intelectual. Não há teorias. Só existe aautenticidade da experiência de vida. Ainda que nas diversas culturas seexpress<strong>em</strong> valores e aspirações diversas, por ex<strong>em</strong>plo, visões deimortalidade da matéria na arte egípcia [...], ou de espiritualização edesmaterialização na arte gótica [...], ou também utopias e sonhosvisionários (nas obras de Bosch ou de Leonardo Da Vinci), serão s<strong>em</strong>prevalores recolhidos da concretude de um viver. (Ostrower, 1995, p.42)Pode-se afirmar a idéia de Ostrower quando Zamboni (2006) diz que, <strong>em</strong>arte, a intuição é de importância fundamental, ela traz <strong>em</strong> grau de intensidade maiora impossibilidade da racionalização precisa. Portanto, a arte não t<strong>em</strong> parâmetroslógicos mat<strong>em</strong>áticos, não é mensurável, é por sua vez produzida e assimilada porimpulsos intuitivos, ela é sentida e receptada, sendo de difícil tradução para formasintelectuais verbalizadas.Zamboni (2006), continua seu discurso argumentando que a discussão,aceitação e a elaboração dos princípios <strong>em</strong> arte não são formais e organizadoscomo nas comunidades científicas. No entanto, esse processo mais amplo e abertonão evita que a arte caminhe conduzida e orientada por paradigmas, delimitando aforma de atuação e produção dos artistas, possu<strong>em</strong> também regras de conduta, quenão pod<strong>em</strong> ser burladas.Para Cauquelin (2005), a arte cont<strong>em</strong>porânea não dispõe de um t<strong>em</strong>pode constituição e de reconhecimento, sua simultaneidade exige uma junção, ou seja,uma elaboração: o aqui - agora da certeza sensível não pode ser captadodiretamente. A arte exige uma atenção especial, tratando-se do seu domínio, namedida <strong>em</strong> que as suas produções estão destacadas de nossos interesses vitais ede nossas necessidades, formando uma esfera quase autônoma. No mesmodiscurso, ela acrescenta:[...] o novo estado da arte – análise do que pod<strong>em</strong>os chamar de“<strong>em</strong>breantes”, palavras de ord<strong>em</strong> e injunções, acontecimentosespetaculares ou sugestões insidiosas que abriram o caminho para umanova concepção da relação entre a arte e o público, assim como as reaçõesa essa perturbação. (Cauquelin, 2005, p. 19)


23Diante do que foi dito acima, compreende-se que a arte cont<strong>em</strong>porâneanão t<strong>em</strong> limites pré-estabelecidos, pois na arte dos dias atuais existe uma grandevariedade de estilos e formas. Essa miscelânea dificulta o entendimento do que sechamaria ou reconheceria como arte numa visão tradicional, pois quanto mais seolha, menos se consegue adquirir uma definição convencional.Sendo assim pode-se afirmar que o público se confunde diante de tantasofertas visuais nas quais os artistas tentam, por meio dessas expressões artísticascont<strong>em</strong>porâneas, encontrar meios para pensar a experiência humana. Quanto àadmiração da arte. Meira (2003) também diz que:Quando falamos <strong>em</strong> arte e esteticidade cont<strong>em</strong>porâneas, estamos nosidentificando com a experiência que delas t<strong>em</strong>os. Esta experiência faz aestética suplantar a vivência da arte, na relação com a cultura visualdifundida pelos meios de comunicação. As tecnologias visuais multiplicamcaoticamente imagens <strong>em</strong> sinais que contém formas inventadas ouadaptadas por seus programadores. Não pod<strong>em</strong>os nos esquecer dasarmadilhas, astúcias, mas igualmente das potencialidades que a civilizaçãohoje coloca a nosso alcance na esfera estética cotidiana. (Meira, 2003, p.52)No s<strong>em</strong>inário “A Arte Cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> Questão”, realizado ao longodos anos 2005 e 2006 pelo Instituto Schwanke, ficou estabelecido o conceito decont<strong>em</strong>poraneidade de Favaretto (2000, apud. LAMAS, p. 07).Cont<strong>em</strong>poraneidade pressupõe a ultrapassag<strong>em</strong> das categorias modernas– o novo, o projeto, a autoria, a soberania do sujeito, a racionalidade etc. –<strong>em</strong> favor de intervenções num sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> contínua transformação, no quala invenção procede da interpretação.Portanto, cabe ao artista cont<strong>em</strong>porâneo instaurar a sua poiética a fim deinstigar o pensamento e a sensibilidade do espectador. Segundo Meira (2003), apoiética é um campo de estudos cujo objeto é a criação poética a partir da criação<strong>em</strong> processo, <strong>em</strong> que seus efeitos estéticos interfer<strong>em</strong> na (re)criação das obras.Meira (2003), fala ainda sobre os mitos, de que desde o início do século há interesse<strong>em</strong> entender os mitos, as artes, os sist<strong>em</strong>as simbólicos que variam de diferentesculturas, que tentam explicar a orig<strong>em</strong> da vida (mitopoética). Assim,As culturas cristãs desenvolveram uma mitopoética que atravessou séculos,onde o domínio do imaginário, além de constituir uma massa dedocumentos e monumentos para o futuro, formataram atitudes diante daimag<strong>em</strong> e da pintura, s<strong>em</strong>pre submetidas a representações e conteúdos decognição de algo além de suas formas. (Meira, 2003, p. 43)


24Compreendido, então, o sentido da arte cont<strong>em</strong>porânea, buscar-se-áidentificar arte cont<strong>em</strong>porânea no meio evangélico. A todo instante o brasileiroconfronta-se com diversos estilos, formas, práticas e programas evangélicos.A arte por sua vez, é expressa por meio de performances, teatro, dança <strong>em</strong>úsica quando é apresentada <strong>em</strong> espetáculos evangélicos,Realizada primeiramente na Inglaterra sob a inspiração da jornada doshebreus com Moisés <strong>em</strong> busca da Terra Prometida, a Marcha para Jesus foipromovida pela primeira vez no Brasil <strong>em</strong> 1993 [...] Diferente do formatoinglês, a Renascer deu tom musical à Marcha desde o início, com recursode trios elétricos e shows de grupos dos mais variados gêneros (axé samba,pagode, pop, etc.). As versões dos anos 2000 têm alcançado a casa dostrês milhões de pessoas e são encerradas com megashows apresentadospor vários artistas evangélicos consagrados. Há também marchas namesma data <strong>em</strong> outras cidades do País. (Cunha, 2007, p. 156)A cultura evangélica visa a uma vida <strong>em</strong> comunhão com Deus, buscandodessa forma viver com as coisas boas deste mundo, usufruindo da natureza, e daspropriedades criadas pelo próprio hom<strong>em</strong>, incluindo as tecnologias, pois o hom<strong>em</strong> écriação de Deus. Sendo assim, nessa cultura que t<strong>em</strong> rituais voltados para um únicoDeus, tudo o que é realizado para Seu louvor é sagrado, e o que não é para a Suahonra, que venha a ofender a Sua imag<strong>em</strong> de santo e onipotente, torna-se profano.A partir do momento <strong>em</strong> que o ser humano ridiculariza as obras de Deus,utilizando expressões artísticas, ele estimula a falta de conduta e moralidade,distorcendo assim, os padrões instituídos pelo pensamento de seguir uma vida<strong>em</strong>basada <strong>em</strong> preceitos bíblicos.O artista plástico Marcelo Maimoni 11 (2009) é um ex<strong>em</strong>plo de artistaevangélico que usa a sua obra como uma expressão sagrada. Ele buscaconscientizar o hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> relação ao meio ambiente e ao cuidado dele. Ele seaproveita de materiais que seriam descartados, para a construção de obrascont<strong>em</strong>porâneas, revelando sua religiosidade e preocupação com o ser humano. Eleafirma 12 ,Trabalho basicamente com resíduos e com muito material orgânico,galhos, troncos, etc. Mas somente com o que já está cortado, carcomido, sendodesgastado pela as int<strong>em</strong>péries da natureza, fazendo um paralelo com o que o11 Artista brasileiro evangélico12 Entrevista feita através de <strong>em</strong>ail.


25Senhor fez com a minha vida e com a de todos que entregam a sua vida a Ele. Econtinua seu discurso,A transformação que vejo <strong>em</strong> meus trabalhos, fazendo com que uma raizque estava abandonada, aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong> qualidade, suja e s<strong>em</strong> forma, consigatransmitir uma nova mensag<strong>em</strong> ou expressar um sentimento, é a “mesma”transformação que tenho visto Jesus fazer <strong>em</strong> minha vida.Somente quando entregamos realmente nossas vidas nas mãos deDeus, é que Ele pode começar a usar suas ferramentas, seus formões – mesmo queàs vezes de forma dolorida – para aparar arestas, esculpir, lapidar e transformar“velhas vidas”, <strong>em</strong> vidas que possam test<strong>em</strong>unhar a Sua Obra Por isso tenho a série“Águas” <strong>em</strong> grande importância, pois por meio dela, tenho a possibilidade desensibilizar aos homens, não só <strong>em</strong> relação ao meio ambiente, como tambémtest<strong>em</strong>unhar a restauração que houve <strong>em</strong> minha vida, mostrando que através deDeus, há esperança e salvação, para tudo e todos.Como ex<strong>em</strong>plos, segu<strong>em</strong>-se algumas de suas obras:


26Figura 2 – O Salvador – fonte: www.marcelomaimoni.com.brFigura 1 – O Caminho – fonte: www.marcelomaimoni.com.br


Figura 3 – "The unfaithful Servant" – fonte: Marcelo Maimoni27


28Figura 4- João 15 – fonte: Marcelo MaimoniExplicação do autor Marcelo Maimoni:“Meu trabalho t<strong>em</strong> um forte conceito ecológico e também cristão, ondeutilizo “sobras” da natureza e também resíduos para poder passar esses conceitos,fazendo até um paralelo com que Deus faz <strong>em</strong> nossas vidas.A obra denominada “João 15”, aqui dividida <strong>em</strong> três partes para melhorexplicá-la, faz referencia aos 8 primeiros versículos co capítulo quinze do evangelhode João.Na parte 3, pode se ver um galho seco saindo para fora da parte 1, que éa maior parte da estética da obra, representada <strong>em</strong> vermelho (galho seco fora davideira).Na parte 2, utilizei resíduos de teclado de computador para simbolizar ofruto da videira, que de forma subliminar passe a idéia de letras, escrita, palavras ecom a Palavra de Deus. (ex. versículos 3, 5 e 7).


29Os versículos de 1 a 8 estão presentes <strong>em</strong> todas as partes e, enquantoeu relato tudo isso ao público, estou na verdade pregando a Palavra de Deus, ecomo sab<strong>em</strong>os, ela não volta vazia, o Senhor sabe qu<strong>em</strong> vai ouvi-la e no que essapessoa vai ser edificada.”Portanto, o artista cont<strong>em</strong>porâneo inserido na cultura evangélica t<strong>em</strong> amissão de levar as Boas Novas a toda criatura, inclusive utilizando de sua arte paraconscientização do ser humano <strong>em</strong> relação ao meio <strong>em</strong> que vive. Esta pesquisaresultará <strong>em</strong> uma instalação voltada para o evangelismo, conforme tratará o capítuloa seguir.


304.1 A arte cont<strong>em</strong>porânea se instalando na cultura evangélicaComo parte deste projeto será feita uma instalação voltada para a artecont<strong>em</strong>porânea na cultura evangélica, e que priveilegiará a indução de sensações,explorando alguns dos sentidos das pessoas que admirar<strong>em</strong> a obra de maneira arefletir<strong>em</strong> diante dela. Primeiramente, neste capítulo será especificado o sentido deinstalação, alguns artistas que utilizam desse recurso e, posteriormente, as etapasde criação da instalação <strong>em</strong> questão.O sentido de instalação é concebido compreensivamente por Stolf (2000.apud, LAMAS, p. 78), que analisa:[...] instalação como prática cont<strong>em</strong>porânea híbrida que foi gerada nasexperimentações artísticas dos anos 60-70 (sendo precedida pelasvanguardas artísticas do início do século XX). Tal conceito consistebasicamente na interdependência significativa entre a “obra”, o espaçot<strong>em</strong>pocircundante e qu<strong>em</strong> o adentrar, questionando-se as tradicionaiscategorias artísticas, independentes e s<strong>em</strong> nenhuma relação com o espaçodo mundo comum, com o espectador e com a própria vida.Stolf (2000. apud. LAMAS) ainda acrescenta que a obra não é maisconcebida como um objeto autônomo e móvel, mas sim como um conjunto comdimensões às vezes arquiteturais que propõ<strong>em</strong> ao espectador imergir numasituação, <strong>em</strong> que o espaço de exposição se encontra integrado à obra, e estadepende do mesmo. A instalação algumas vezes é provisória e efêmera, pois estáinstalada <strong>em</strong> um espaço, mas também t<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po de duração, e isso significaque a noção de t<strong>em</strong>po e de espaço, simultaneamente, faz parte de suaconstituição. Ela ainda acrescenta que:Assinala-se incisivamente uma dimensão t<strong>em</strong>poral indissociável do espaço.Algo como uma flutuação constitutiva, um aspecto circunstancial,situacional, dá espessura à prática da instalação. Ela implica um estado,modo como se está situado <strong>em</strong> relação a determinado ambiente, arranjo decoisas, matérias e indivíduos <strong>em</strong> elação recíproca, conjuntura móvel. (Stolf2000. apud. Lamas, p.79.)Compreende-se assim, que a instalação é constituída por materiais quefaz<strong>em</strong> parte da vida cotidiana das pessoas, por meio dos quais o artista t<strong>em</strong>objetivos reais de mostrar situações que necessitam de reflexão entre o hom<strong>em</strong> e o


31ambiente, a cultura, a política e as contestações, ou seja, as instalações objetivamtrazer uma experiência estética. É importante ressaltar que o artista t<strong>em</strong> consciênciade que não pode apegar-se à sua obra, pois ela t<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po determinado paraexposição e, após o término desse período, ela é desmontada.4.1.1 Artistas da instalação no mundoSabe-se que os artistas são fundamentais para o reconhecimento dasobras artísticas, nesse caso, as instalações. Foram selecionados para este capítuloalguns artistas independente de suas religiões, como: Christo (1935), RobertSmithson (1938-1973)), Hélio Oiticica (1944), Nelson Leirner (1932), Raquel Stolf eYiftah Peled (1964).4.1.1.1 Christo Javacheff (1935)Artista conhecido mundialmente por suas <strong>em</strong>paquetagens, pois<strong>em</strong>pacotava latas, caixas e garrafas com plástico ou roupa, naturalizado americanonasceu <strong>em</strong> Gabrovo, Bulgária, no dia 13 de junho de 1935. Formou-se <strong>em</strong> 1956 naAcad<strong>em</strong>ia de Belas Artes de Sofia. Depois de um det<strong>em</strong>inado período, expandiusuas packages, utilizando tecido sintético, atado e esticado por cordas, estruturascomo edifícios, pontes e até extensões de terreno acidentado, <strong>em</strong> áreas costeiras.Algumas obras:Valley Curtain – Rifle, Colorado, 1970-1972;Running Fence – Sonoma and Marin Counties, California, 1972-1976;Surrounded Islands – Biscaine Bay, Greater Miami, Flórida, 1980-1983;The Pont Neuf Wrapped, Paris, 1975-1985;The Umbrellas – Japan, 1984-1991;Wrapped Reichstag – Berlin, 1971 – 1995.


32Figura 5 - Valley Curtain - fonte: http://www.christojeanneclaude.net/vc.shtmlFigura 6 - Surrounded Islands – fonte: http://www.christojeanneclaude.net/si.shtml


334.1.1.2 Robert Smithson (1938-1973)Nascido <strong>em</strong> New Jersey, estudou no Art Student’s League <strong>em</strong> NovaIorque. Durante os anos 60, sua arte buscou conceitos de repetição, progressãomat<strong>em</strong>ática e perspectiva. No final dessa década, o seu interesse voltou-se para aescultura de exteriores. Planejava intervenções com esboços, mapas e fotografias.Smithson chamou essas obras de Non-Sites. Praticava Land art, que consistia nautilização do terreno natural para execução da obra. Faleceu <strong>em</strong> conseqüência deum desastre de avião, enquanto fotografava Amarillo Ramp, uma das suas obras.Algumas obras:Non-Sites-Galley Installations , 1968;Asphalt Rundown – Rome, Italy, 1969;Spiral Jetty – Utha’s Great Salt Lake, 1970;Partially Buried Woodshed – Kent, Ohio, 1970;Mirror Displac<strong>em</strong>ents – México, 1968/69;Amarillo Ramp – Texas, 1973;Broken Circle – Holanda, 1971.


34Figura 7 – Spiral Jetty – fonte: http://www.robertsmithson.com/earthworks/spiral_jetty.htmFigura 8 – Amarillo Ramp – fonte: http://www.robertsmithson.com/earthworks/amarillo_300c.htm


354.1.1.3 Hélio Oiticica (1937)Nasceu no dia 26 de julho de 1937, no Rio de Janeiro, é um dos maiscriativos artistas plásticos brasileiros. Com o objetivo de integrar a arte à experiênciacotidiana, passou a propor a participação do espectador pela vivência visual, <strong>em</strong>obras como os "Bilaterais", "Relevos Espaciais" (1959) e os "Núcleos" (1960-1963).Certa vez, escreveu: "A obra nasce de apenas um toque na matéria. Quero que amatéria de que é feita minha obra permaneça tal como é; o que a transforma <strong>em</strong>expressão é nada mais que um sopro: um sopro interior, de plenitude cósmica. Foradisso não há obra. Basta um toque, nada mais". 13Algumas obras:Figura 9 - Grande Núcleo composto por: NC3, NC4, e NC 6fonte: http://www.heliooiticica.com.br/obras/obras.php13 http://educacao.uol.com.br/biografias/klick/0,5387,1790-biografia-9,00.jhtm


36Figura 10 - NC1 – Pequeno Núcleo N1-fonte:http://www.heliooiticica.com.br/obras/obras.php?pageNum_obras=1&totalRows_obras=2&idcategoria=7Figura 11- PN1fonte:http://www.heliooiticica.com.br/obras/obras.php?idcategoria=2


374.1.1.4 Nelson Leirner (1932)Nasceu <strong>em</strong> São Paulo no dia 16 de janeiro de 1932, mas viveu de 1947 a1952 nos Estados Unidos, onde estudou engenharia têxtil, mas não concluiu ocurso. Entre 1956 e 1958, estuda artes plásticas. De volta ao Brasil, faz sua primeiraexposição individual no ano de 1961, <strong>em</strong> São Paulo. Radicou-se no Rio de Janeiro<strong>em</strong> 1997, e ele é referência para o meio artístico brasileiro devido à construção deuma trajetória no mínimo <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática.Nelson iniciou sua carreira na década de 1950 e, aos 75 anos, suaprodução percorreu diversas linguagens e suportes, entre eles objetos, happening,instalação, outdoor, desenho, gravura, design e cin<strong>em</strong>a experimental. Em seutrabalho realiza comentário irônico acerca do sist<strong>em</strong>a de arte, e favorece oentendimento do público não-iniciado, ao utilizar materiais familiares ao seuuniverso. Nelson declara <strong>em</strong> uma entrevista: “Não acho que exista um esvaziamentode conteúdo, n<strong>em</strong> falta de repertório na nova geração. O que não se pode compararsão gerações que lidam com diferentes comportamentos de uma sociedade, pois oartista também a integra”. 14Instalações importantes:Grande Desfile (1984),O Grande Combate (1985),O Grande Enterro (1986).Figura 11- A Lot (e)Fonte:http://www.muvi.advant.com.br/artistas/n/nelson_leirner/dois_seis.htm14 http://www.itaucultural.org.br/impressao.cfm?materia=157


38Figura 12 - O Grande Combatefonte:http//www.muvi.advant.com.br/artistas/n/nelson_leirner/oito_cinco.htmFigura 14 – Maracanã – fonte:http://www.muvi.advant.com.br/artistas/n/nelson_leirner/futebol.htm


394.1.1.5 Raquel StolfMestre <strong>em</strong> Poéticas Visuais pela UFRGS, a artista plástica também éescritora e professora de Artes Plásticas na UDESC, <strong>em</strong> Florianópolis. Pesquisainterações entre usos da palavra e do silêncio, a construção de proposições sonorase seus desdobramentos. Realiza, fotografias, objetos, instalações, vídeos,desenhos, livros de artista, proposições sonoras, micro-intervenções urbanas edomésticas.Eventos:Projeto secreto estadias instáveis (Fundação Cultural de Criciúma, Criciúma,2005),“FORA [DO AR]” (Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, 2004),"Céu Regravável" (Espaço de Arte Cont<strong>em</strong>porânea 803 e 804, Florianópolis,2003),"LISTA DE COISAS BRANCAS - coisas que pod<strong>em</strong> ser que parec<strong>em</strong> ou queeram brancas" (SESC-SC, Lages, Tubarão, Chapecó, Xanxerê, Brusque,Florianópolis, Blumenau, 2004), "Ruídos do branco" (Torreão, PortoAlegre, 2002).“Entorno de operações mentais" (Museu de Arte Sacra, Belém, 2006),"Emparedados" (Museu Histórico de Santa Catarina, Florianópolis, 2006),"15º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil"“(Galeria dos Arcos, Usina do Gasômetro, Porto Alegre, 2003),"8º Salão Nacional Victor MeirellesAlgumas obras:


40Figura 15 - Invisível a ovo nuFonte: http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/raquel_stolf/invisivel_a_ovo_nu.htmFigura 16 - Invisível a ovo nuFonte: http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/raquel_stolf/invisivel_a_ovo_nu.htmFigura 17- Invisível a ovo nuFonte: http://www.muvi.advant.com.br/artistas/r/raquel_stolf/invisivel_a_ovo_nu.htm


414.1.1.6 Yiftah Peled (1964)Artista plástico israelense radicou-se no Brasil <strong>em</strong> 1991, vive <strong>em</strong>Florianópolis desde 1997. V<strong>em</strong> desenvolvendo um trabalho prático e teórico nocampo das artes. Seus trabalhos artísticos procuram a aproximação do espectador.Desenvolve trabalhos considerados obras de doação, pois as pessoas pod<strong>em</strong> deixarparte do seu corpo no trabalho. Cria-se dessa forma uma ação cumulativa e coletiva.Recent<strong>em</strong>ente trabalha com ambientes onde o espectador, por meio de instruções, éinduzido a vivenciar experiências com o apoio de variados el<strong>em</strong>entos.Eventos:Exposições individuais e coletivas, entre elas a XXII Bienal Internacional deSão Paulo (1994),Mostra Internacional da Gravura (1995), Panorama de Arte Brasileira (2000 e2005),Coletiva de 20 anos do Centro Cultural São Paulo (2002),Manifestação Internacional de Performance (2003),Mostra Corpo do Itaú Cultural (2005),Galeria Vermelho (2005),Galeria Gentil Carioca (2005) e Galeria Ybakatu (1997, 1999, 20003, 2006).ALGUMAS OBRAS:Figura 18 - O Beijofonte: http://www.muvi.advant.com.br/artistas/y/yiftah_pelled/beijo.htmrespiração


42Figura 19- Corredorfonte:http://www.muvi.advant.com.br/artistas/y/yiftah_pelled/corredor.htm.Figura 20- Corredor -fonte:http://www.muvi.advant.com.br/artistas/y/yiftah_pelled/corredor.htm.


434.2 A Instalação “Eternidade”A idéia desta pesquisa <strong>em</strong> se apropriar da arte cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong>mensag<strong>em</strong> evangélica, surgiu por meio de inúmeros rabiscos, utilizando-se de umadas expressões artísticas cont<strong>em</strong>porâneas mais ousadas (ver figura n. 28) 15 , quesão as instalações, que não se preocupam com normas preceitos, moralidades, esim com as vivências humanas, as experiências estéticas, <strong>em</strong>ocionais. Mas, o quefazer? Como mexer com os sentidos do observador utilizando-se dessa artecont<strong>em</strong>porânea seguindo os preceitos evangélicos?Procurando responder a essas interrogações, a instalação <strong>em</strong> questão éuma obra que leva <strong>em</strong> conta, os sentidos do olfato da audição e da visão. Procurei,por isso, criar um ambiente que proporcionasse a abertura de várias interpretações,respeitando as crenças individuais, pois o ser humano s<strong>em</strong>pre busca e s<strong>em</strong>prebuscará uma vida harmoniosa, considerando-se que são o b<strong>em</strong> e o mal que defin<strong>em</strong>essa harmonia. Ressalto na pesquisa a importância da presença desses dois t<strong>em</strong>as,pois aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> obras de artes, onde artistas representavam a luta entre o b<strong>em</strong> eo mal, esses ligados à religião.A Bíblia nos faz refletir sobre a eternidade quando diz <strong>em</strong> Eclesiastes3,11: “Tudo fez formoso <strong>em</strong> seu t<strong>em</strong>po; também pôs a eternidade no coração dohom<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até aofim”. E <strong>em</strong> Salmos 90,2: “Antes que os montes nascess<strong>em</strong>, ou que tu formasses aterra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus”.Muitas questões são levantadas sobre a eternidade, mas no âmbitoevangélico o Deus que formou tudo vive desde a eternidade, e o fim dos t<strong>em</strong>pos nabase apocalíptica há de acontecer, então as obras serão julgadas, a confissão de féserá julgada e toda língua, todo joelho, confessará ao Senhor.A idéia desta instalação é utilizar de meios descartados por inúmeraspessoas, que são os panfletos evangelísticos 16 distribuídos nas praças, como formade evangelização. Atualmente há grande e significativa preocupação com o meioambiente, por isso é questão obrigatória a conscientização quanto à reciclag<strong>em</strong> d<strong>em</strong>ateriais. Os órgãos públicos, as igrejas e os artistas têm essa responsabilidade.15 Ver anexo16 Ver figuras 25 e 26


44Busquei utilizar os panfletos como forma de revestimento, da instalação e ao mesmot<strong>em</strong>po, cumprir sua principal função: a de evangelizar.A imag<strong>em</strong> do que é bom, do que traz alegria, regozijo, v<strong>em</strong> a partir doambiente, que representa o céu (o b<strong>em</strong>). O céu é um lugar onde se imagina que sejaalegre revigorante e reconfortante. Como confirma a Bíblia <strong>em</strong> Hebreus 9,24:“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura doverdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face deDeus”. Sendo assim, o céu é o esconderijo do altíssimo. E é pra lá que desejamos ir,e para isso buscamos a vida <strong>em</strong> santidade para herdar o reino dos céus.O inferno é o destino dos que transgrid<strong>em</strong> as leis 17 , desobedec<strong>em</strong> aosmandamentos de Deus, dos que não se arrepend<strong>em</strong> de suas iniqüidades. É umlugar onde só há tristeza, escuridão, ranger de dentes 18 , dor e sofrimento. E por sereterno, não terá volta. Estando lá, jamais de lá se sairá.Mas Deus é misericordioso e conhece os corações. Só Ele, por meio deseu Santo Filho, nosso intercessor, e advogado diante Deus, poderá julgar suascriaturas. Cabe a cada um cumprir suas responsabilidades, diante da vida humana,das criaturas de Deus, do próximo a que se relaciona o segundo maior mandamento:“Amarás a teu próximo como a ti mesmo” 19 .Sendo assim, a idéia aqui é levar as pessoas a pensar<strong>em</strong> mais no seupróximo, na direção para onde realmente sua vida terrena está fluindo, se para ob<strong>em</strong> ou para o mal, dependendo dos atos, o fim, ou seja, o início da sua eternidadeserá irrevogável.Foi usado o som de crianças 20 , risos, pois nada como a beleza de umacriança para nos contagiar, com sentimentos de proteção, alegria, querer cuidar,brincar, amar. Elas são seres que ainda não imaginam o que o mundo e aeternidade lhes reservam. E nada melhor do que estar ao lado de criançassorridentes, para despertar e estimular os carinhos que estão escondidos dentrodas pessoas.As cores alegres serv<strong>em</strong> para dar a sensação de felicidade, de um17 “Eu, porém, vos digo que todo aquele que, s<strong>em</strong> motivo, se irar contra seu irmão estará sujeito ajulgamento; e qu<strong>em</strong> proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e qu<strong>em</strong> lhechamar: Tolo,estará sujeito ao inferno de fogo”. Mateus 5,22.18 Mateus 13, 4219 Mateus 22,39; Romanos 13,9; Gálatas 5,14; Tiago 2,820 “Deixai vir a mim os pequeninos, não os <strong>em</strong>baraceis, porque dos tais é o reino de Deus”. Marcos10, 14.


45ambiente aconchegante, pois a eternidade do b<strong>em</strong>, do céu deve ser assim, um lugardo qual nunca se desejará sair. Os acessórios de decoração, como as almofadas e otapete, serv<strong>em</strong> para dar a sensação de descanso.O inferno é representado pela ausência de cor: triste, frio, gelado,causador de medo, pânico, tormento e sofrimento. Os sons de tormento serv<strong>em</strong> pradar maior dramaticidade ao ambiente, ficando claro que será um lugar para ondeninguém desejará ir. O cheiro também foi feito por meio de pesquisas químicas, poisa própria Bíblia diz que o enxofre é o el<strong>em</strong>ento do abismo, portanto de aromadesagradável. Para evitar probl<strong>em</strong>as de intoxicação, não foi usado o enxofre, e simum alimento simples petrificado, confirmado por químicos que não causaria nenhumdano a saúde. O ácido sulfídrico (H2S) é um ácido inorgânico, formado peladissolução e a dissociação do sulfeto de hidrogênio (H2S, um gás que cheira a ovopodre e é encontrado nos alimentos), e que ocorre por meio da degradaçãobacteriana de matéria orgânica, o que provoca o mau cheiro. Já no céu será usadaessência de aroma de flores, considerada agradável.Essências são divididas <strong>em</strong> : base, corpo e topo. Quanto maior for a baseda essência, melhor será sua fragrância. São misturas que variam de 30 a 70 itenspara compor uma fragrância. Nestas misturas t<strong>em</strong>os: materiais sintéticos comoaldeídos, cetonas, acetatos entre outros, além de materiais naturais como: óleo derosas, óleo de eucalipto, resinóides óleo de patcchouli, óleo de lavanda, óleo depimenta, óleo de cenoura, extragão, além de inúmeros outros componentes naturais.Os óleos naturais, por possuír<strong>em</strong> peso molecular mais elevado, possu<strong>em</strong>evaporação mais lenta e compõ<strong>em</strong> a base da essência, já os materiais sintéticospossu<strong>em</strong> peso molecular menor e estes serv<strong>em</strong> para arrastar os materiais maispesados e assim são formadas as notas de topo, e com isso t<strong>em</strong>os a essência. 21O projeto foi iniciado com esboços à mão, no Auto Cad, e depois foi feitono projeto <strong>em</strong> 3D Sketchup, que dá uma visão ampla do ambiente e da idéia de suaconcretização. As disposições dos el<strong>em</strong>entos decorativos também foram feitos nomesmo programa. Segu<strong>em</strong>-se as etapas que deram a realização da instalação“Eternidade”:21 Renata Ger<strong>em</strong>ias – acadêmica do curso de Química Industrial - UNISUL


46Figura 21 – Planta Baixa – Fonte: arquivo pessoalFigura 22 – Croqui perspectivo vista superior – Fonte: arquivo pessoal


47Figura 23 - Croqui perspectivo - Vista lateralFonte: arquivo pessoalFigura 24 - Croqui perspectivo - Vista lateralFonte: arquivo pessoal


48Figura 25 - PanfletosFonte: arquivo pessoalFigura 26 - PanfletosFonte: arquivo pessoal


495 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS DO CORPO DO EVANGELHOPara a concretização da pesquisa, realizei um questionário aplicado euma entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada com os evangélicos 22 pertencentes a umadenominação evangélica pentecostal, dentre eles um é artista cont<strong>em</strong>porâneo.Fazendo uma pesquisa na Internet sobre artistas cont<strong>em</strong>porâneos evangélicos,encontrei Marcelo Maimoni. Conhecendo seus trabalhos, entrei <strong>em</strong> contato com elepor <strong>em</strong>ail. Dessa forma, conheci mais de suas obras e tornei-me uma admiradora deseu trabalho. Ele, com muita atenção, se dispôs a colaborar nesta pesquisa, comtoda gentileza e respondendo s<strong>em</strong>pre os <strong>em</strong>ails a ele enviados. O artista reside nacidade de Ribeirão Preto, <strong>em</strong> São Paulo. Esses instrumentos relacionaram asquestões ao objetivo da pesquisa: perceber e tornar visíveis as formas de expressãoartística cont<strong>em</strong>porâneas na cultura evangélica.5.1 Questionários aplicados aos evangélicos de diferentes profissões e aoartista evangélico cont<strong>em</strong>porâneoUm dos objetivos deste questionário é o de traçar o perfil dosentrevistados, buscando identificar a idade, a escolaridade, a profissão e o gênero. Apartir do questionário, percebeu-se que os entrevistados apresentam idades entrevinte e trinta e um anos, e o artista t<strong>em</strong> quarenta e seis anos. Referente à formaçãodos entrevistados, com exceção do artista, constatou-se que dois possu<strong>em</strong> ensinomédio, dois são graduandos, dois graduados e três especialistas e um mestrando.As profissões e gêneros são os seguintes: professores (f<strong>em</strong>inino), designer(f<strong>em</strong>inino), vigilante (masculino), enfermeiro-vereador (masculino), auxiliar delaboratório (f<strong>em</strong>inino), psicólogo (f<strong>em</strong>inino), administrador (masculino) e contador(f<strong>em</strong>inino).22 Serão identificados com pseudônimos.


505.2 EntrevistasSerá descrita inicialmente a entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada feita ao corpo doevangelho, ou seja, os m<strong>em</strong>bros de uma igreja evangélica. A primeira perguntaquestiona o que é arte? A grande maioria respondeu como sendo uma expressão desentimentos, como as manifestações de danças, pintura e teatro. Apenas uma dasrespostas se diferenciou das d<strong>em</strong>ais, pois acrescentou: Arte é algo que expressa ossentimentos, as <strong>em</strong>oções de algo vivido ou algo que está na alma da pessoa. Équerer passar para as pessoas a percepção de algo que você enxerga com o seucoração. Muitas vezes isso é muito rejeitado pela sociedade por esse motivo, aspessoas não consegu<strong>em</strong> identificar a arte colocada no papel, na tela, na televisão...Pois não consegu<strong>em</strong> distinguir com exatidão qual era o propósito daquele artista, ecom isso muitas vezes faz com que a arte daquele artista seja esquecida, deixadade lado. (Fernanda)A segunda pergunta, mais específica, questiona sobre o conceito de ArteCont<strong>em</strong>porânea, o que se entende por ela. As respostas foram s<strong>em</strong>elhantes umasàs outras e circularam entre os conceitos de: arte de hoje, arte da atualidade, artedigitalizada, com algum conhecimento histórico como:A forma de arte que rompe com padrões e conceitos pré-estabelecidos daarte moderna, que busca a existência e inspiração <strong>em</strong> si própria e que se tornoumuito mais forte na segunda metade do século XX, após a grande guerra, rompendodefinitivamente com a vanguarda artística do início do século XIX e da revoluçãoindustrial. (Samuel)Outra entrevistada acrescentou:A arte t<strong>em</strong> como objetivo, foco ou pano de fundo, motivos, assuntos dosdias atuais. Rotinas, probl<strong>em</strong>as, indagações cotidianas. (Eva)Marcelo Maimoni, o artista evangélico entrevistado, traz como respostasàs duas primeiras perguntas respectivamente:Arte é uma das formas que o ser humano criou para expressar seussentimentos através de vários el<strong>em</strong>entos, sons, estética, etc., deixando registrado<strong>em</strong> uma obra, a sensibilidade com que vê o mundo. É a Arte com liberdade de


51sentimentos, estilos, onde o Artista pode criar seus trabalhos voltados para simesmo, e, na maioria das vezes, com total liberdade de expressão.Analisando as respostas quanto ao que significa arte e artecont<strong>em</strong>porânea, percebi o seguinte: a visão de arte é generalizada e subjetiva, seaproximando do senso comum. Já a Arte Cont<strong>em</strong>porânea foi citada apenas comoarte de hoje e relacionada às tecnologias, com exceção do artista.Em relação à visão da arte cont<strong>em</strong>porânea evangélica, destacaram-se asseguintes respostas: Acho que o povo evangélico t<strong>em</strong> que se atualizar s<strong>em</strong> perder aespiritualidade, s<strong>em</strong> escandalizar, e principalmente s<strong>em</strong> perder a essência dascoisas de Deus (Miriã). Como uma bela forma de louvar ao Senhor, e ainda comoum instrumento de evangelismo. Porém sua manifestação no contexto global ainda épouco tímida, precisando ser mais difundida (Eva).Assim como:Bom, estou <strong>em</strong> constante convivência apenas com a música e teatrosevangélicos cont<strong>em</strong>porâneos. Gostaria que houvesse vários artistas evangélicoscont<strong>em</strong>porâneos, para difundir a Bíblia utilizando uma linguag<strong>em</strong> lúdica e artística,coisa que os artistas sab<strong>em</strong> fazer muito b<strong>em</strong> (Daiane).Segundo o artista, ele diz que costuma freqüentar exposições e não vêartistas evangélicos, mas acha difícil, pois não t<strong>em</strong> como rotular a religião dosartistas.Já que os entrevistados entend<strong>em</strong> arte cont<strong>em</strong>porânea como atual,digitalizada, revelam pensar que a cultura evangélica produz arte cont<strong>em</strong>porâneaporque se atualiza e utiliza tecnologia.Com base nos dados acima, verifico a presença de manifestaçõesartísticas cont<strong>em</strong>porâneas como: dança música e teatro. Os entrevistadosapresentaram que existe um modelo de arte limitada e abriram desejos de que aIgreja adote outras expressões artísticas. As respostas vieram ao encontro destapesquisa, que teve dificuldades <strong>em</strong> acessar artistas evangélicos cont<strong>em</strong>porâneos.O estágio mais importante desta pesquisa foi saber o que os evangélicosatribu<strong>em</strong> como sagrado e profano, para poder fazer a arte cont<strong>em</strong>porânea comcriatividade s<strong>em</strong> causar escândalos à Igreja. A resposta mais sintética sobre o que éarte profana e sagrada foi: arte sagrada é aquela dirigida a Deus, e profana aquelaque diz a respeito às obras da carne e vontade do hom<strong>em</strong>(Ester).E,


52Arte cont<strong>em</strong>porânea sagrada é aquela que t<strong>em</strong> como objetivo aguçarvalores considerados sagrados, ligados estes à Bíblia para algumas religiões eoutros ensinamentos das d<strong>em</strong>ais religiões. Já a arte cont<strong>em</strong>porânea profana sãoaquelas que apelam, criticando religiões e valores como o próprio ser humano.Como ex<strong>em</strong>plo de arte cont<strong>em</strong>porânea profana, para mim é o tal de nu artístico.Para que mostrar o corpo dessa maneira se o artista da obra, neste caso Deus, pedepara respeitá-lo? Pois, <strong>em</strong> Apocalipse 16:15, está escrito: Eis que venho comoladrão. B<strong>em</strong>-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que nãoande nu, e não se vejam as suas vergonhas (Daiane).As respostas aqui nessa questão ainda são destacadas como: Profana:pinturas esculturas pornográficas. Sagradas: pinturas esculturas que católicosfaz<strong>em</strong>. (Flor de Liz)E mais,No passado, principalmente durante a Idade Média, sagrado e profano s<strong>em</strong>esclavam com extr<strong>em</strong>a naturalidade. Um bom ex<strong>em</strong>plo disso são alusões àastrologia existentes no quadro da última ceia de Leonardo da Vinci. Em nossomeio, arte profana é a arte que se afasta ou corrompe os pensamentos religiososestabelecidos pela própria igreja. Difícil distingui-las a meu ver. (Samuel)Para Marcelo Maimoni:Arte cont<strong>em</strong>porânea é muito aberta, ou seja, o artista t<strong>em</strong> liberdade defalar o que quer e o que quiser <strong>em</strong> seus trabalhos, coisa que a anos atrás não erab<strong>em</strong> visto por muitos, inclusive pelos Sacerdotes, que denominavam isso como“profano”. Hoje, o “profano” aos olhos de qu<strong>em</strong> conhece um pouco a palavra deDeus está <strong>em</strong> quase tudo o que nos cerca, a começar pelos programas de televisãocomo as telenovelas, filmes, Internet, músicas e também <strong>em</strong> todas as áreas sociais.Antigamente se um artista representasse, por ex<strong>em</strong>plo, um Padrelargando seus votos para ficar com uma mulher do mundo, isso seria no mínimochamado de profano, hoje isso é quase s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong>a das novelas que exploramcada vez mais desprezar os valores humanos, sociais e morais, tornando assim oque seria Santo <strong>em</strong> profano só para chamar a atenção. Os valores estão mudandotanto que a mesma <strong>em</strong>issora que abusa desses baixos valores inclui também umdos mais conhecidos Sacerdotes deste país na sua programação, e tudo somentepara atrair audiência. Agora se, infelizmente, isso está se tornando a cultura donosso país, o que chamar de arte sagrada e profana?


53Sendo assim, o que ficou é que o que importa sobre sagrado e profanot<strong>em</strong> relação com o que e como o hom<strong>em</strong> executa determinados atos que vêm doSenhor, se ele faz a Deus, de coração aberto aos céus, ou se faz para seu ego, parase engrandecer diante dos homens, para ridicularizar a Palavra de Deus.Todos responderam que faz<strong>em</strong> arte evangélica no quinto questionamento,por meio de atividades exercidas dentro da igreja, como pregação da Palavra: sim.escrevo textos sagrados. (Davi) considerada Poe eles arte da comunicação . Eles seexpressam artisticamente por teatros e principalmente pela música que é ministradacomo louvor a Deus: Eu acredito que faço arte evangélica, sim. A música éconsiderada uma arte, e acredito que através da voz você pode atrair as pessoas eagradá-las com melodias e letras para tocar seus corações (Fernanda).E:Penso que mesmo de forma não sist<strong>em</strong>ática ou com esse real objetivo,mas quando cantamos um hino de louvor a Deus, quando realizamos uma peçateatral com esse mesmo intuito... Quando mostramos uma pintura ou escultura quefala de alguma passag<strong>em</strong> bíblica (Dalila).Para o artista evangélico Marcelo,Não creio que tenhamos como rotular - “isso é arte evangélica” ou “não é”.Acho que s<strong>em</strong>pre vamos ter duas fontes de inspiração, a do b<strong>em</strong> e a do mal. Muitosque não têm o discernimento daquilo que é a vontade de Deus, para as nossasvidas, acabam colocando <strong>em</strong> seus trabalhos situações e contextos que vãocompletamente contra a vontade d’Ele, outros já quer<strong>em</strong> mesmo enfatizar o mal,fazendo alusões a satanás, seus d<strong>em</strong>ônios, derivados e outros. Infelizmente, poucostêm uma comunhão maior com Deus e a sua Palavra, e com isso, consegu<strong>em</strong>imprimir <strong>em</strong> seus trabalhos assuntos, formas, conceitos coerentes com os padrõesde Deus.Conforme as entrevistas, considera-se que a prática artística realizadav<strong>em</strong> ao encontro da visão acadêmica relacionada às artes, porém a artecont<strong>em</strong>porânea é utilizada apenas com alguns recursos tecnológicos, exclu<strong>em</strong>-seportanto, algumas manifestações das artes visuais como as instalações.Quanto aos recursos utilizados na arte cont<strong>em</strong>porânea evangélica s<strong>em</strong>transformá-la <strong>em</strong> herética, os meios considerados mais adequados nas entrevistasforam: Sou levita canto e ministro hinos para agradar a Deus e quebrantar corações.Uso técnicas, aperfeiçoamentos, equipamentos que o mundo também usa para


54melhor afinação, contudo, não esqueço que o foco maior disso tudo é Deus e não ohom<strong>em</strong>. O uso da tecnologia é para todos, independente do Deus que serve, adiferença está na maneira de usar essa tecnologia e esse aperfeiçoamento... Qual ofoco? Qual o objetivo? Agrada a Deus? (Fernanda).Outras respostas: não são os recursos que pod<strong>em</strong> profanar algo, e sim amaneira como são usados. Se for<strong>em</strong> utilizados s<strong>em</strong> falsas pretensões ou modismos,todos se tornam válidos. (Samuel) Já um dos entrevistados disse que desde que nãoseja condenado na Bíblia Sagrada, e descarta meios como: mutilação, criação eadoração de imagens, etc. (Paulo).As várias respostas segu<strong>em</strong> a linha de pensamento do sagrado e profano,onde os recursos utilizados dev<strong>em</strong> ter um único critério: DEUS. Creio que, se essaarte for feita com pureza de coração buscando o louvor e a glória de Deus nãoteríamos uma regra específica a ser seguida. É claro que a s<strong>em</strong>elhança com o“mundo” não é conveniente (Eva). O artista <strong>em</strong> questão coloca o conhecimento daPalavra de Deus e a direção do Espírito Santo quando seguidas não permite que osinstrumentos torn<strong>em</strong> a arte herética.Outro aspecto peculiar nesta pesquisa é como tornar interessante a artecristã cont<strong>em</strong>porânea, visto que hoje a sociedade vive de momentos efêmeros, s<strong>em</strong>preocupação quanto a sua parte individual no universo, contagia- se por momentoscaóticos.Então esse questionamento é relevante na execução da obra evangélica.Marcelo Maimoni diz que ela deve ser usada para falar a verdade. E Miriã diz: Fazercom qualidade acho que t<strong>em</strong>os recursos e capacidade. É importante qualificar,aperfeiçoar, pois v<strong>em</strong>os que as pessoas que gostam de carnaval, por ex<strong>em</strong>plo, quetambém é uma arte, passam o ano todo se planejando, montando, fazendo figurino,ensaiando prá desfilar uma hora e quinze minutos, a gente às vezes se prepara umahora por s<strong>em</strong>ana, quando acontece, pra expor o ano todo. T<strong>em</strong>os que buscarmelhorar nisso, dedicação.De acordo com uma das entrevistadas, fazendo com que as pessoas seidentifiqu<strong>em</strong> com ela. Tratando de assuntos do dia a dia, e assim transformando oespectador <strong>em</strong> sujeito 23 da obra (Eva). Para Ester, todos os recursos possíveis,23 Grifo da entrevistada.


55utilizando da tecnologia, que possa se tornar algo sagrado, que não seja contra aBíblia.A maioria dos questionados acreditam que o aperfeiçoamento, ou seja,estudos e dedicação dev<strong>em</strong> fazer parte da construção da arte cont<strong>em</strong>porâneaevangélica, tornado-a dessa forma interessante.Os evangélicos têm uma vida religiosa muito participativa, perguntei comoa arte cont<strong>em</strong>porânea pode ajudar a igreja e as respostas foram como as d<strong>em</strong>ais,muito s<strong>em</strong>elhantes:Acredito que para evangelizar, a arte seria o primeiro passo para muitosdo mundo conhecer a Cristo, pois muitas pessoas possu<strong>em</strong> hábitos tão fortesligados ao mundo que se torna uma barreira difícil de ser quebrada. Mas se atravésda arte conseguirmos colocar essas pessoas no banco de uma Igreja, o restante écom o Espírito Santo. Uma pessoa rockeira, ou que não consegue ficar s<strong>em</strong> dançarvanerão, hip hop ou funk, sabe que muitas igrejas não permit<strong>em</strong> n<strong>em</strong> de falar dessesgêneros musicais <strong>em</strong> suas igrejas, quanto mais colocar<strong>em</strong> esses sons <strong>em</strong> umevento ou <strong>em</strong> culto. Contudo, para início de evangelização isso é essencial... Orestante é com Deus (Fernanda).E para Dalila:Quando é realizada de forma consciente e b<strong>em</strong> feita, envolve as pessoase pode despertar o interesse por Deus e levar a sua palavra para muitos, como é ocaso de filmes do gênero, hinos, teatros e outros... e evangelizar... o que é o objetivoprincipal da Igreja e assim contribuindo positivamente com a mesma.Paulo pensa que seria um meio de ganhar almas de artistas, ele diz:talvez trazer apreciadores de arte para dentro da igreja e facilitando sua conversão.Já Miriã responde: Acredito que não dev<strong>em</strong>os espiritualizar tudo, n<strong>em</strong> tampoucotrazer as coisas do mundo pra dentro da igreja para agradar pessoas, mas t<strong>em</strong>osque deixar nossa marca de filhos de Deus <strong>em</strong> tudo, então porque não usufruir daarte para levar Deus e também trabalhar outros t<strong>em</strong>as que também são pertinentespara igreja?Marcelo Maimoni acrescenta:Sendo mais um canal para levar a palavra de Deus para aqueles queainda não a conhec<strong>em</strong>. Assim como as músicas cristãs hoje estão entrando <strong>em</strong>muitos lares não-cristãos, creio que as artes visuais também são um grande veículo


56para fazer esta diss<strong>em</strong>inação do evangelho e trazer mais dons e talentos paradentro das Igrejas.Todos concordam que a arte cont<strong>em</strong>porânea deve ser levada para dentrodas igrejas como forma de evangelismo, assim como as d<strong>em</strong>ais expressõesartísticas baseadas na Palavra de Deus.Para finalizar os questionamentos, utilizou-se a seguinte pergunta: oartista evangélico pode fazer arte cont<strong>em</strong>porânea? Obtiveram-se, portanto asseguintes respostas:Partindo da idéia de que arte é a manifestação de uma cultura, acreditoque sim, mas novamente entra a obediência a Deus, a prudência, a dedicação... Etudo voltado para o reino... Dessa forma penso que um cantor gospel poderia, sim,participar de uma peça teatral ou filme que ilustrasse uma passag<strong>em</strong> bíblica (Dalila).Na mesma linha de pensamento,Sim, o artista evangélico pode usar as tecnologias de hoje para passaruma mensag<strong>em</strong>, e também pode aproveitar para associá-las às criações de Deusutilizando suas obras como forma de agradecimento, sendo que, graças a Deus hojeestamos aqui! Aleluia!(Daiane).E, concordando com as respostas Ester, também diz, pode sim, usar deuma forma que não contrarie o que Deus diz na Palavra Dele. E Flor de Liz fala: Sim,desde que não seja nada de heresia, ou contra a Palavra e favor de Deus. ParaMarcelo Maimoni, o artista evangélico,Não só pode como deve, pois se t<strong>em</strong> o Espírito Santo dentro dele, t<strong>em</strong>que ser luz onde quer que esteja e fazer a diferença <strong>em</strong> nome de Jesus. Lógico quedentro do que a Palavra de Deus diz, pois se desviar para a direita ou para aesquerda começa entrar erros <strong>em</strong> nome de Deus, e isto não é bom, pois foi assimque entraram os ídolos e outros usos e costumes que não agradam a Deus dentrodas Igrejas cristãs.Sendo assim, conclui-se nessa questão que para o corpo evangélico, épossível o artista fazer arte cont<strong>em</strong>porânea, desde que a mesma seja voltada para avontade de Deus.


576 CONCLUSÃO6.1 Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro.Essa pesquisa foi apenas o início de uma grande jornada pelo mundo doscristãos protestantes tratados aqui como evangélicos. Essa cultura que cresce acada dia v<strong>em</strong> inserindo novos valores à cultura nacional, partindo de uma moral préestabelecidae fincada na rocha firme que é Jesus, seguindo seus passos edivulgando os seus feitos, baseados e resumidos <strong>em</strong> seus mandamentos. Amar aDeus e Amai-vos uns aos outros.A partir do crescimento no Brasil, essa cultura começa a se sobressair eaparecer. A arte, <strong>em</strong> especial as artes visuais, estão pouco conhecidas e apreciadaspor esses devido à sua falta de divulgação, não só entre os evangélicos, como entrea população brasileira como um todo. O Brasil ainda é um país que promove poucoacesso a cultura, bons livros, boas músicas, bons filmes, visitas a museus. E anação entende por arte e artista aqueles que aparec<strong>em</strong> nas novelas e ou cantam <strong>em</strong>programas de auditórios televisivos.Claro que isso não é tão ruim assim, mas e o resto? O entretenimento sereserva apenas ficar na frente de uma TV? Deve-se pensar mais sobre a importânciaque a arte t<strong>em</strong> na vida do hom<strong>em</strong> desde sua criação, na forma como é expressa.Cabe ao governo e às instituições como as próprias igrejas assumir seu papel sociale colocar ao alcance de todos as diversas formas de expressão artística.Na cultura evangélica, se produz arte, <strong>em</strong> vários estilos, entre eles a artecont<strong>em</strong>porânea. A arte cont<strong>em</strong>porânea, na cultura evangélica, é acrescida peloconceito de sagrada ou profana. É opção deste segmento, produzir artecont<strong>em</strong>porânea sagrada.A música e o teatro feitos dentro dessas instituições estão a cada dia maissofisticados e b<strong>em</strong> elaborados, as danças, os chamados ministérios de coreografia,onde se busca ser feito cada vez com maior perfeição. Mas o medo de que as coisasestranhas, gestos, atitudes e manifestações que possam escandalizar dentro daigreja aconteçam acaba gerando uma barreira. Pode-se pensar que a heresia vai


58entrar na Igreja. Assim como adoções de modos de vida pagãos entraram <strong>em</strong> outrasigrejas cristãs.O artista cont<strong>em</strong>porâneo evangélico deve ter conhecimento da Palavra deDeus e usá-la com estratégias de evangelização, com pureza e inspiração divina ecom o coração que agrada a Deus.Deus se regozija com nossa alegria e nossas manifestações de amor aEle. Seu amor é tão grande que Ele nos permite escolher. E diz: “Crescei na graça eno conhecimento”. 24 Ao Senhor seja dada toda a honra e toda a glória.E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas ascoisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e ofim. A qu<strong>em</strong> quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água davida.Qu<strong>em</strong> vencer herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meufilho. (Apocalipse 21: 5-7).24 2 Pe 3:18.


59REFERÊNCIASALMEIDA, João Ferreira De. A Bíblia da Mulher. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.____________A Bíblia Sagrada: edição cont<strong>em</strong>porânea. 8 ed. Deerfield Florida:Vida, 1990.ALENCAR, Gideon. Protestantismo Tupiniquim: hipóteses sobre a (não)contribuição evangélica à cultura brasileira. São Paulo: Arte Editorial, 1999.ALVES, Rub<strong>em</strong>. O que é religião. São Paulo: Ars Poética, 1996.CAUQUELIN, Anne. Arte cont<strong>em</strong>porânea. São Paulo: Martins/Martinsfontes, 2005.COLI, Jorge. O que é arte. 8 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.CUNHA, Magali do Nascimento. A explosão gospel: um olhar das ciênciashumanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.FERNANDES, Rub<strong>em</strong> César. Novo Nascimento: os Evangélicos <strong>em</strong> Casa, naIgreja e na Política. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.JUSTINO, Cristiane. Corte, Instalação. <strong>Imag<strong>em</strong></strong>. Arquivo Pessoal.____________, Cristiane. Croqui perspectivo, vista superior e lateral. <strong>Imag<strong>em</strong></strong>.Arquivo Pessoal.____________, Cristiane. Panfletos. <strong>Imag<strong>em</strong></strong>. Arquivo Pessoal.____________, Cristiane. Planta Baixa, Instalação. <strong>Imag<strong>em</strong></strong>. Arquivo Pessoal.LAMAS, Nadja de Carvalho (org.). Arte Cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> Questão. Joinville:Unniville, 2007.


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ANEXO64


Figura 27- Genealogia das igrejas evangélicas no Brasil65


Figura 28- Peça de carne com dois tubos. http://artecapital.net/criticas.php?critica=23266

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