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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

se em ativi<strong>da</strong>des de governo eram tarefas que implicavam assumir novos papéis e ganhar<br />

uma nova experiência de identi<strong>da</strong>de. Vivia-se como uma pessoa pública e não<br />

somente um indivíduo privado. Isso possibilita aos ci<strong>da</strong>dãos entenderem o processo<br />

e a substância <strong>da</strong> política mais profun<strong>da</strong>mente. Este ponto é enfatizado claramente<br />

no discurso de Péricles em um funeral de sol<strong>da</strong>dos, um discurso reproduzido por<br />

Tucídides (2008), em seu livro A Guerra do Peloponeso. Péricles descreve como os<br />

atenienses eram diferentes <strong>da</strong>s pessoas de outras ci<strong>da</strong>des-estados e, no seu ponto de<br />

vista, superiores a elas, porque os homens de Atenas experimentavam a vi<strong>da</strong> pública<br />

<strong>da</strong> democracia direta e vivi<strong>da</strong>mente. Particularmente, ele abor<strong>da</strong> a ideia de que as<br />

pessoas não podem ser boas se elas apenas tiverem em mente seus assuntos particulares<br />

e se evitarem a vi<strong>da</strong> pública. “Aqui ca<strong>da</strong> indivíduo não está apenas interessado<br />

em seus próprios assuntos, mas nos assuntos do Estado também. Até aqueles que são<br />

mais ocupados com seus próprios negócios estão muito bem informados sobre a política<br />

em geral — essa é uma peculiari<strong>da</strong>de nossa: não nos diga que um homem que<br />

não tem interesse em política é um homem que cui<strong>da</strong> dos seus próprios negócios,<br />

pois nós dizemos que então ele não tem negócios aqui.”<br />

Inspirando-se nessa observação de Péricles, alguém poderia perguntar: existe<br />

alguma evidência contemporânea persuasiva de que as pessoas que aparecem em<br />

público, deliberam, discutem, debatem e finalmente votam têm uma experiência<br />

diferente do que aqueles que simplesmente ficam em casa, assistem à televisão ou à<br />

tela do computador e monitoram as questões a partir de uma certa distância? Apesar<br />

desse ser um questionamento muito grande para se responder aqui, há indícios<br />

de que a resposta seja sim. Por isso, em certa medi<strong>da</strong>, os resultados dos painéis do<br />

World Wide Views on Global Warming divergiram <strong>da</strong>queles obtidos em pesquisas<br />

de opinião ao redor do globo. Por exemplo, no EUA, 74% dos participantes de<br />

quatro grupos do processo de consulta pública disseram que estavam “muito preocupados”<br />

com as mu<strong>da</strong>nças climáticas. Contrastando com essa reali<strong>da</strong>de, uma pesquisa<br />

feita recentemente pelo confiável instituto Pew Center for Research for People and<br />

the Press revelou que apenas 35% dos entrevistados nos EUA disseram estar muito<br />

preocupados com o aquecimento global, contra 44% <strong>da</strong>s pessoas consulta<strong>da</strong>s no<br />

ano anterior 10 . Isso sugere fortemente que as possibili<strong>da</strong>des de organização para que<br />

as pessoas se encontrem e discutam questões-chave — online e pessoalmente —<br />

10. Pew Research Center for People and the Press, “Fewer Americans See Solid Evidence of Global<br />

Warming”, 22 de outubro de 2009: http://people-press.org/report/556/global-warming.<br />

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