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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

ressintetizar e reimaginar o conhecimento do mundo era “erudição”. E, certamente,<br />

se há uma ideia significativa ou uma longa passagem explícita que você tenha tirado<br />

de uma fonte particular, então você deve ligá-la a uma nota de ro<strong>da</strong>pé e certamente<br />

não deve apresentar essa passagem como se ela fizesse parte <strong>da</strong> sua própria escrita,<br />

palavra por palavra. Mas uma pessoa letra<strong>da</strong> deve se sentir livre para usar uma gama<br />

inesgotável de materiais sem citar a fonte de to<strong>da</strong>s as ideias que entram na sua cabeça.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, seria grosseiro se tornar-se uma máquina de citações desse tipo.<br />

Se eu quisesse ser extremamente entediante, eu poderia dizer: “Você sabe que<br />

o mundo todo é um palco. E antes que eu vá adiante, eu gostaria de salientar que a<br />

observação feita anteriormente, comparando o mundo a um palco, na ver<strong>da</strong>de vem<br />

de William Shakespeare. Ele viveu na Inglaterra de 1564 a 1616 e se tornou famoso<br />

por ter escrito dezenas de peças maravilhosas. Essa citação, em particular, vem <strong>da</strong> sua<br />

comédia As You Like It (Como Gostais), e é fala<strong>da</strong> em um monólogo pelo personagem<br />

Jaques, no Ato II, Cena VII, linhas 139-166 na versão Quarto...”.<br />

Você pode ver como seria estúpido satisfazer as restrições insanas <strong>da</strong>s máquinas<br />

de detectar plágios. Talvez eu seja antiquado, mas na reali<strong>da</strong>de eu acredito que o negócio<br />

<strong>da</strong> educação deve ser algo além do medo e <strong>da</strong> estupidez. Um olhar mais atento<br />

sobre o assunto revela que os empréstimos — e às vezes até mesmo o roubo completo<br />

— são essenciais. Essenciais para o pensamento, essenciais para a escrita, essenciais<br />

para a escolarização, essenciais para a criativi<strong>da</strong>de. Credita-se a Igor Stravinsky<br />

a frase: “Bons compositores tomam emprestado. Grandes compositores roubam”.<br />

Ele estava simplesmente observando aquilo que já tem sido observado naqueles que<br />

produziram as mais maravilhosas músicas <strong>da</strong> tradição clássica: compositores tomam<br />

muitos dos seus temas, orquestrações e outras assinaturas musicais de fontes anteriores.<br />

Isso é ain<strong>da</strong> mais evidente no jazz, onde os melhores improvisadores fazem jorrar<br />

citações, instantaneamente, vin<strong>da</strong>s de to<strong>da</strong>s as fontes musicais em suas memórias.<br />

Que mal há nisso?<br />

Como o grande escritor americano Henry David Thoreau observa em Walden:<br />

“É difícil começar sem tomar emprestado, mas talvez esse seja o caminho mais generoso,<br />

por permitir que seus companheiros tenham algum interesse nos seus negócios.<br />

O dono do machado, quando o soltou, disse-me que era a menina dos seus<br />

olhos; mas eu devolvi mais afiado do que recebi”. Que sentimento maravilhoso —<br />

tomar ferramentas e recursos comuns emprestados como forma de incluir o comprometimento<br />

de outros em seus empreendimentos. Temos sorte de que esse tipo de<br />

consciência atualmente dá subsídio ao melhor pensamento sobre software livre, cul-<br />

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