Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais
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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />
Essas comuni<strong>da</strong>des de interesse marcam um caminho incrivelmente frutífero<br />
na transformação do conhecimento especializado, na descentralização do saber e na<br />
potencialização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. As redes digitais demonstraram aqui a relevância <strong>da</strong><br />
Lei de Metcalfe, segundo a qual o valor do conteúdo de uma rede equivale ao seu<br />
número de participantes elevado ao quadrado. É a partir de uma massa crítica com<br />
conhecimento compartilhado que se produz essa transformação em quanti<strong>da</strong>de e<br />
quali<strong>da</strong>de. Também se aplica neste caso a Lei de Rendimentos Crescentes de Adoção,<br />
de Brian Arthur 9 : quanto maior é o número de participantes nas comuni<strong>da</strong>des de<br />
interesse, maior é a utili<strong>da</strong>de prática e a relevância científica <strong>da</strong> informação cria<strong>da</strong> a<br />
partir dessa interação.<br />
Por último, não devemos reduzir o valor do conhecimento compartilhado.<br />
Como afirma P. Jollivet 10 , estamos falando de processos mais profundos, que consistem<br />
na socialização dos processos de inovação. A participação nas redes digitais<br />
é um exercício criativo de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia digital. A adoção <strong>da</strong>s práticas de procomun na<br />
rede transforma tanto os que as adotam como o meio utilizado e o conteúdo <strong>da</strong><br />
rede. Na<strong>da</strong> fica como antes. O mesmo papel que alguns recuperam ao controlar<br />
seu próprio corpo e os processos que nele se produzem pode ser aplicado a outros<br />
campos de exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Os rendimentos de uso são, como bem defende<br />
Jollivet, radicalmente crescentes, pois são a expressão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de inovação do<br />
trabalho cooperativo voluntário. A extensão dessas práticas comunicativas a to<strong>da</strong>s as<br />
áreas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> supõe, definitivamente, caminhar até que o indivíduo recupere a esfera<br />
do biopoder. Esta é uma <strong>da</strong>s facetas que mostra a relação que existe entre as redes<br />
digitais e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia digital.<br />
de altíssimo custo para o tratamento de doenças autoimunes como a espondilite anquilosante não estão<br />
interessados em saber que uma dieta anti-inflamatória e outras técnicas podem acelerar e melhorar<br />
radicalmente a resposta aos remédios prescritos, ou reduzir significativamente as doses recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Os laboratórios farmacêuticos também não têm interesse financeiro em investigar doenças raras que<br />
afetam um número reduzido de pessoas, ou doenças muito mais comuns, mas que afetam grupos marginais<br />
ou de países pobres que não têm os recursos necessários para pagar pelos remédios.<br />
9. Cf. B. Arthur (1989).<br />
10. Cf. Jollivet, “Anexo 2: Los rendimientos crecientes”, en Y. Moulier Boutang et al. (2004).<br />
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