Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais
Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais
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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />
niza<strong>da</strong> e construí<strong>da</strong> no território como vias férreas, estra<strong>da</strong>s, redes de abastecimento<br />
de água, de gás, de eletrici<strong>da</strong>de, de telefonia e televisão. Essa interação é media<strong>da</strong> pelo<br />
jogo de forças sociais que têm poder de reestruturação do território. Mas além <strong>da</strong> interação<br />
entre espaço her<strong>da</strong>do e espaço projetado, que promove a substituição e a articulação<br />
<strong>da</strong>s funções <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a ci<strong>da</strong>de digital é o espaço projetado de uma ci<strong>da</strong>de real.<br />
Nesse sentido, o debate do ciberespaço, enquanto representação <strong>da</strong>s novas relações<br />
sociais em rede de computadores e de comunicação, se transforma e se reterritorializa<br />
com a Ci<strong>da</strong>de Digital. A incorporação <strong>da</strong>s novas tecnologias de informação e<br />
comunicação, projeta<strong>da</strong> sobre e mol<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo ambiente construído, possibilita nova<br />
configuração espacial e novos processos de organização do espaço urbano, distintos<br />
<strong>da</strong> lógica de estruturação urbana <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de industrial.<br />
O lugar de materialização <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des informacionais também se modifica. O<br />
surgimento <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des informacionais estava ligado nos EUA à produção<br />
armamentista e à alta tecnologia e, na Europa, direcionado à pesquisa e ao desenvolvimento.<br />
Com a expansão <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des digitais modifica-se a localização <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des<br />
informacionais, que deixam de ser apenas um movimento de morte e renascimento<br />
de ci<strong>da</strong>des industriais, como nos EUA. As novas redes tornam mais flexíveis os sistemas<br />
de produção e permitem estruturas de produção descentraliza<strong>da</strong>s e desconcentra<strong>da</strong>s<br />
territorialmente.<br />
A ci<strong>da</strong>de digital, de forma distinta <strong>da</strong>s primeiras experiências de ci<strong>da</strong>des informacionais,<br />
abre a possibili<strong>da</strong>de de uma incorporação social <strong>da</strong> tecnologia ao<br />
permitir uma estratégia de inclusão digital e de garantia do acesso à informação e a<br />
gestão do conhecimento 8 . Tendo como referência a ci<strong>da</strong>de real, constitui-se numa<br />
nova forma de organização e integração do território, interligado através de uma<br />
rede pública de transmissão de voz, <strong>da</strong>dos e imagem, em que o ci<strong>da</strong>dão se torna o<br />
principal ator na produção, gestão e usufruto dos benefícios de novas tecnologias<br />
(COELHO et al, 2005).<br />
A ci<strong>da</strong>de persiste e resiste, produzindo novas energias utópicas, só que desta vez<br />
pensa<strong>da</strong> a partir de novos sujeitos coletivos que interferem na produção do espaço<br />
através de redes locais e globais nas quais o território confronta o mundo e o lugar<br />
confronta o território. A ci<strong>da</strong>de se reorganiza tendo uma materiali<strong>da</strong>de técnica e<br />
informacional que articula lugares, que cria identi<strong>da</strong>des territoriais na articulação de<br />
8. A respeito do debate sobre “ciberci<strong>da</strong>des” e ci<strong>da</strong>des digitais, ver Tacman (2005).<br />
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