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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

O cenário para a reinvenção <strong>da</strong> participação política é altamente promissor. A<br />

ascensão <strong>da</strong> “computação ubíqua”, <strong>da</strong> “internet <strong>da</strong>s coisas” (WEISER e BROWN,<br />

1996), com interfaces ca<strong>da</strong> vez menos intrusivas, abre uma possibili<strong>da</strong>de inimaginável<br />

de aumento dos fluxos comunicacionais. Contudo, o sonho anunciado pelos<br />

avanços tecnológicos será insuficiente se as decisões políticas necessárias não forem<br />

toma<strong>da</strong>s (BENKLER, 2006). Portanto, a questão é, acima de tudo, ética.<br />

O governo municipal, em parceria com o mercado e a socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>,<br />

pode ser o grande catalisador dos fluxos comunicacionais urbanos. Sua ação<br />

pode estar direciona<strong>da</strong> a três dimensões fun<strong>da</strong>mentais e indissociáveis: ao ser humano,<br />

em primeiro lugar, mas também à conexão e ao conteúdo.<br />

As condições de comunicabili<strong>da</strong>de humana dependem de to<strong>da</strong>s as outras condições<br />

sociais de sobrevivência. Não cabe aqui se alongar sobre a óbvia necessi<strong>da</strong>de de<br />

saúde, emprego, educação, dentre outras questões. No entanto, no caso particular<br />

de um ambiente comunicacional urbano fun<strong>da</strong>do em redes distribuí<strong>da</strong>s de comunicação<br />

digital, vale a pena destacar a necessi<strong>da</strong>de de formação técnica e crítica dos<br />

ci<strong>da</strong>dãos e ci<strong>da</strong>dãs desde a mais tenra i<strong>da</strong>de para atuar nesse meio.<br />

Pensar a formação dos ci<strong>da</strong>dãos implica fomentar a percepção crítica sobre os<br />

limites e possibili<strong>da</strong>des, riscos e oportuni<strong>da</strong>des existentes na participação dos fluxos<br />

comunicacionais <strong>da</strong> rede. Mais do que isso, é preciso alimentar o desejo de participação<br />

ci<strong>da</strong>dã nos processos comunicacionais urbanos, vitais para a vi<strong>da</strong> democrática<br />

e a construção <strong>da</strong> urbe. Ser crítico ao meio de comunicação e saber usá-lo pode não<br />

ser suficiente para animar a comunicação local. Portanto, pensar no ser humano no<br />

processo comunicacional é ir além <strong>da</strong> formação para o uso crítico do computador e <strong>da</strong><br />

internet; é também convencê-lo <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de participar (RHEINGOLD, 2008).<br />

A opção radical pela comunicação na ci<strong>da</strong>de também se fun<strong>da</strong> na garantia do<br />

acesso aos meios de comunicação e, no caso, particularmente ao computador e à<br />

internet em ban<strong>da</strong> larga. No entanto, a situação é mais complica<strong>da</strong> do que simplesmente<br />

distribuir computadores e <strong>da</strong>r acesso. Os princípios estabelecidos pelo<br />

Comitê Gestor de internet do Brasil oferecem pistas para se pensar essas infra-estruturas<br />

urbanas tais como (CGI, 2009): garantia de liber<strong>da</strong>de, de privaci<strong>da</strong>de e<br />

dos direitos humanos; processos de governança democráticos e colaborativos; acesso<br />

universal; respeito à diversi<strong>da</strong>de; favorecimento <strong>da</strong> inovação; neutrali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> rede 1 ;<br />

1. “Filtragem ou privilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios técnicos e éticos, não sendo admissíveis<br />

motivos políticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação<br />

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