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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

(BENJAMIN, 1991a). Em uma aproximação menos elabora<strong>da</strong> ao tema, pode-se dizer<br />

que cabe aos intelectuais e, por que não, a gestores públicos, educadores, ativistas,<br />

dentre outros ci<strong>da</strong>dãos e ci<strong>da</strong>dãs, visitarem as ruínas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, domina<strong>da</strong> por diferentes<br />

racionali<strong>da</strong>des técnicas, para articular as possibili<strong>da</strong>des libertadoras que lá estão.<br />

Valorizar o informal e o formal<br />

A tese central deste texto, que tem por público-alvo gestores públicos municipais,<br />

pesquisadores e, em particular, ci<strong>da</strong>dãos e ci<strong>da</strong>dãs, é a seguinte: há que se fazer<br />

uma opção radical pela comunicação na ci<strong>da</strong>de. O desdobramento imediato dessa<br />

escolha é a opção radical sobre alguns elementos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> democracia, independentemente<br />

de partidos políticos, modelos econômicos ou tecnológicos.<br />

Fazer uma opção nesses termos está longe de ser um argumento que despolitiza<br />

o debate sobre a técnica. Pelo contrário, a radical opção pela comunicação na ci<strong>da</strong>de<br />

pretende sustentar e chamar a atenção de todos e to<strong>da</strong>s para a “condição humana de<br />

plurali<strong>da</strong>de, ao fato de que os homens, e não o Homem, vivem na terra e habitam o<br />

mundo” (ARENDT, 2000, 11). É tomar consciência de que ser é ser com os outros;<br />

de que a subjetivi<strong>da</strong>de, na ver<strong>da</strong>de, é intersubjetivi<strong>da</strong>de e que ca<strong>da</strong> Ser coloca em<br />

questão a percepção que tenho do mundo (MERLEAU-PONTY, 1975).<br />

O que se pretende é fun<strong>da</strong>r a ci<strong>da</strong>de em uma dialética aberta, sem o projeto<br />

universal supostamente orientado por um sentido <strong>da</strong> história como queria Hegel.<br />

A aposta é na intensificação dos fluxos comunicacionais formais e informais e, portanto,<br />

na percepção crítica <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de local. O objetivo é garantir o mínimo de<br />

veraci<strong>da</strong>de para a ação individual e coletiva no mundo.<br />

Daí segue que a opção pela comunicação precise ser radical, mas radical no<br />

sentido proposto por Paulo Freire: “O homem radical não nega o direito ao outro<br />

de optar” e, por essa razão, se deve rejeitar o ativismo sectário. “O sectário seja de<br />

direita ou de esquer<strong>da</strong>, se põe na história como o seu único fazedor”, escreveu Freire.<br />

O radical, por seu turno, sabe que deve “como sujeito, com outros sujeitos, aju<strong>da</strong>r e<br />

acelerar as transformações, na medi<strong>da</strong> em que conhece para poder interferir” (FREI-<br />

RE, 1985, 51-52).<br />

Se a tese de uma opção radical pela comunicação na ci<strong>da</strong>de estiver correta, o<br />

que está em jogo não é uma suposta esfera pública conecta<strong>da</strong> que alimenta sonhos<br />

de participação direta em decisões plebiscitárias ou coisa que o valha. A rigor, não<br />

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