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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

apenas um papel de reprodução e legitimação <strong>da</strong>s relações de exploração próprias do<br />

processo de produção, pois to<strong>da</strong>s as relações de produção dependem <strong>da</strong> comunicação.<br />

Ao mesmo tempo, as redes integra<strong>da</strong>s de circulação e produção atravessam a<br />

esfera <strong>da</strong> comunicação, transformando radicalmente seu modo de funcionar. O fato<br />

de que to<strong>da</strong> a produção depende de sua dinâmica implica, por um lado, que se torne<br />

o terreno fun<strong>da</strong>mental de controle e mobilização de um trabalho que não coincide<br />

mais com o emprego. Por outro lado, que todo tipo de trabalho se torne comunicativo<br />

e carregue consigo um potencial de liber<strong>da</strong>de sem precedente. Nessa clivagem de<br />

tipo novo, a democratização <strong>da</strong> mídia se torna o terreno potencial de luta e produção<br />

do trabalho em geral.<br />

O trabalho dos direitos<br />

Campanha recente <strong>da</strong> mídia exemplifica, sem querer, os termos desse novo embate.<br />

Veiculando notícias sobre supostas irregulari<strong>da</strong>des dos patrocínios culturais <strong>da</strong><br />

Petrobras, um jornal publicou essas manchetes: “A cultura <strong>da</strong> sonegação”; “To<strong>da</strong>s as<br />

partes envolvi<strong>da</strong>s no mercado <strong>da</strong>s notas fiscais para prestação de serviços estão agindo<br />

irregularmente” para em segui<strong>da</strong> ter que admitir: “Empresas de produção de eventos<br />

que trabalharam para a Infoglobo, que edita os jornais O Globo e Extra, também se<br />

valeram de expedientes de contratação de profissionais que utilizaram notas de favor” 8 .<br />

No calor <strong>da</strong> polêmica, alguns produtores culturais lançaram um movimento<br />

(Re-Cultura 9 ) e um manifesto: “Por um marco regulatório específico <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

cultural” 10 . Corretamente, o movimento afirma que o problema não diz respeito<br />

apenas às “questões tributárias e fiscais, mas às novas relações de trabalho”.<br />

O trabalho de produção <strong>da</strong> comunicação e <strong>da</strong> cultura contorna, ao mesmo tempo,<br />

a legislação trabalhista e tributária. O Re-Cultura entende “ain<strong>da</strong> que, apesar de<br />

ter suas especifici<strong>da</strong>des, a questão <strong>da</strong> cultura não é uma exceção, é a regra do funcionamento<br />

de todos os autônomos e precariados”. Por esse motivo, uma <strong>da</strong>s questões<br />

principais do Re-Cultura é desonerar a pessoa física (além <strong>da</strong>s pequenas empresas,<br />

8. O Globo, 2 de agosto de 2009, pp. 1 e 3.<br />

9. No mesmo dia, no mesmo jornal, havia um longo artigo de MV Bill, “Hip Hop é compromisso”.<br />

10. Vide http://re-cultura.blogspot.com/.<br />

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