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Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e ...

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Brasília, Junho <strong>de</strong> 20091


Presi<strong>de</strong>nte da República Fe<strong>de</strong>rativa do BrasilLuiz Inácio Lula da SilvaMinistro do Desenvolvimento Social e Combate à FomePatrus AnaniasSecretário Especial dos Direitos Humanos /PRPaulo VannuchiPresi<strong>de</strong>nte do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do AdolescenteCarmen Silveira <strong>de</strong> OliveiraVice-Presi<strong>de</strong>nte do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do AdolescenteFabio Feitosa da SilvaPresi<strong>de</strong>nte do Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialVal<strong>de</strong>te <strong>de</strong> Barros MartinsVice-Presi<strong>de</strong>nte do Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialPadre Nivaldo Luiz Pessinatti


CréditosCOORDENAÇÃOConselho Nacional dos Direitos da Criança e do AdolescenteConselho Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialELABORAÇÃORedaçãoAna Angélica Campelo <strong>de</strong> Albuquerque e Melo – MDS/SNAS/DPSEJuliana Maria Fernan<strong>de</strong>s Pereira - MDS/SNAS/DPSESupervisãoSolange Stella Serra Martins - MDS/SNAS/DPSEColaboraçãoGT Pró-Convivência Familiar e ComunitáriaHitomi Leila Yamao <strong>de</strong> Araújo – Divisão <strong>de</strong> Engenharia do FNAS/MDSCOMITÊ DE REVISÃO PÓS-CONSULTAFre<strong>de</strong>rico Jorge <strong>de</strong> Souza Leite - CNASMiriam Maria José dos Santos - CONANDASolange Stella Serra Martins – CONANDARedação FinalAna Angélica Campelo <strong>de</strong> Albuquerque e Melo - MDS/SNAS/DPSEJuliana Maria Fernan<strong>de</strong>s Pereira - MDS/SNAS/DPSEShyrlene Nunes Brandão – MDS/SNAS/DPSESupervisão FinalSolange Stella Serra Martins - MDS/SNAS/DPSEColaboraçãoParticipantes da Consulta PúblicaEspecialistas ConvidadosJúlio César Vieira GuimarãesNina Rosa do Amaral CostaSolange A. Serrano


SumárioAPRESENTAÇÃO............................................................................... 15resolução conjunta nº 1, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009............... 16INTRODUÇÃO................................................................................... 18CAPÍTULO I....................................................................................... 211 ANTECEDENTES.............................................................................................................212 PRINCÍPIOS .....................................................................................................................242.1 Excepcionalida<strong>de</strong> do Afastamento do Convívio Familiar ....................242.2 Provisorieda<strong>de</strong> do Afastamento do Convívio Familiar ..........................252.3 Preservação e Fortalecimento dos Vínculos Familiarese Comunitários ...........................................................................................................262.4 Garantia <strong>de</strong> Acesso e Respeito à Diversida<strong>de</strong> e Não-discriminação........ 272.5 Oferta <strong>de</strong> Atendimento Personalizado e Individualizado ....................272.6 Garantia <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crença e Religião .............................................282.7 Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente e do Jovem ........................28CAPÍTULO II...................................................................................... 303 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS...........................................................................303.1 Estudo Diagnóstico ............................................................................................303.2 Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar ............................................323.3 Acompanhamento da Família <strong>de</strong> Origem..................................................363.4 Articulação Intersetorial....................................................................................443.4.1 Articulação no âmbito do Sistema Único <strong>de</strong> AssistênciaSocial - SUAS........................................................................................................ 445


Sumário3.4.2 Articulação com o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - SUS ...................................463.4.3 Articulação com o Sistema Educacional............................................ 473.4.4 Articulação com outras políticas públicas e <strong>de</strong>maisórgãos do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos................................................. 483.5 Projeto Político-Pedagógico............................................................................503.5.1 Atitu<strong>de</strong> receptiva e acolhedora no momento da chegada dacriança/adolescente e durante o período <strong>de</strong> acolhimento...................... 513.5.2 Não-<strong>de</strong>smembramento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> crianças/adolescentes comvínculos <strong>de</strong> parentesco e fortalecimento <strong>de</strong> sua vinculação afetiva............523.5.3 Organização <strong>de</strong> registros sobre a história <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cada criança e adolescente........................................................................ 533.5.4 Definição do papel e valorização dos educadores/cuidadorese da família acolhedora.................................................................................... 543.5.5 Relação do Serviço com a família <strong>de</strong> origem.................................... 553.5.6 Preservação e fortalecimento da convivênciacomunitária......................................................................................................... 573.5.7 Fortalecimento da autonomia da criança, do adolescente e do jovem... 593.5.8 Desligamento gradativo........................................................................ 613.6 Gestão do trabalho e educação permanente............................................623.6.1 Seleção........................................................................................................ 623.6.2 Capacitação.............................................................................................. 643.6.3 Formação continuada............................................................................ 66CAPÍTULO III..................................................................................... 674 PARÂMETROS DE FUNCIONAMENTO....................................................................674.1 Abrigo Institucional............................................................................................684.1.1 Definição.................................................................................................... 686


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.1.2 Público alvo............................................................................................... 684.1.3 Aspectos físicos......................................................................................... 694.1.4 Recursos humanos................................................................................... 694.1.5 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos................................... 734.2 Casa-Lar................................................................................................................ 754.2.1 Definição.................................................................................................... 754.2.2 Público alvo............................................................................................... 754.2.3 Características........................................................................................... 764.2.4 Aspectos físicos......................................................................................... 774.2.5 Recursos humanos................................................................................... 774.2.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos................................... 814.3 Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> em Família Acolhedora.....................................824.3.1 Definição.................................................................................................... 824.3.2 Público alvo............................................................................................... 834.3.3 Aspectos jurídico-administrativos....................................................... 844.3.4 Funcionamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento em famíliaacolhedora........................................................................................................... 844.3.5 Recursos humanos................................................................................... 904.3.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos................................... 924.4 República................................................................................................................924.4.1 Definição.................................................................................................... 924.4.2 Público alvo............................................................................................... 934.4.3 Características........................................................................................... 934.4.4 Aspectos físicos......................................................................................... 954.4.5 Recursos humanos................................................................................... 954.4.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos................................... 977


Sumário4.5 Regionalização do Atendimento nos Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>........974.5.1 Serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> municípios <strong>de</strong> pequeno portecom compartilhamento <strong>de</strong> equipe................................................................ 984.5.2 Serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentesameaçados <strong>de</strong> morte........................................................................................ 101Glossário.......................................................................................... 103Anexo I............................................................................................. 112Anexo II............................................................................................ 1148


Representantes do Conselho Nacional dos Direitos daCriança e do Adolescente – CONANDAREPRESENTANTES GOVERNAMENTAISCasa Civil da Presidência da RepúblicaTitular: Ivanildo Tajra FranzosiSuplente: Alessandro Ferreira dos PassosMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDSTitular: Solange Stella Serra MartinsSuplente: Francisco Antonio De Sousa BritoMinistério da CulturaTitular: Marcelo Simon ManzattiSuplente: Geraldo Vitor da Silva FilhoMinistério da EducaçãoTitular: Rosiléia Maria Roldi WilleSuplente: Leandro da Costa FialhoMinistério do EsporteTitular: Danielle Fermiano dos Santos GruneichSuplente: Carlos Nunes PereiraMinistério da FazendaTitular: Marcos Aurélio Santos <strong>de</strong> SouzaSuplente: Fábio Eiji KatoMinistério da Previdência SocialTitular: Eduardo BassoSuplente: Ana Maria das Graças Santos AquinoMinistério da Saú<strong>de</strong>Titular: Thereza <strong>de</strong> Lamare Franco NettoSuplente: Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s MagalhãesMinistério das Relações ExterioresTitular: Márcia Maria Adorno Cavalcanti RamosSuplente: Mariana Bierrenba Beveni<strong>de</strong>sMinistério do Planejamento, Orçamento e GestãoTitular: Mauro Ceza Nogueira do NascimentoSuplente: Fernando Cesar Rocha Machado9


Ministério do Trabalho e EmpregoTitular: Renato Ludwig <strong>de</strong> SouzaSuplente: Luiz Vieira da PaixãoMinistério da JustiçaTitular: Romeu Tuma JuniorSuplente: Davi Ulisses Brasil Simões PiresSecretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da RepúblicaTitular: Carmen Silveira <strong>de</strong> Oliveira (Presi<strong>de</strong>nte)Suplente: Cícera Bezerra <strong>de</strong> MoraisSecretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial da Presidência daRepúblicaTitular: Cristina <strong>de</strong> Fátima GuimarãesSuplente: VagoREPRESENTANTES DE ENTIDADESNÃO-GOVERNAMENTAISTITULARESInspetoria São João Bosco – Salesianos – Minas GeraisRepresentante: Miriam Maria José dos SantosUnião Brasileira <strong>de</strong> Educação e Ensino – UBEERepresentante: Fábio Feitosa da Silva (Vice-Presi<strong>de</strong>nte)Central Única dos Trabalhadores – CUTRepresentante: Raimunda Núbia Lopes da SilvaConselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Psicologia - CPFRepresentante: Maria Luiza Moura OliveiraConfe<strong>de</strong>ração Nacional dos Bispos do Brasil CNBB/ Pastoral do MenorRepresentante: Andrea FranziniAssociação Brasileira <strong>de</strong> Magistrados e Promotores da Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong>- ABMPRepresentante: Helen Crystine Corrêa SanchesAl<strong>de</strong>ias Infantis SOS/BrasilRepresentante: Sérgio Eduardo Marques da RochaMovimento Nacional <strong>de</strong> Meninos e Meninas <strong>de</strong> RuaRepresentante: Maria Júlia Rosa Chaves DeptulskiMovimento Nacional <strong>de</strong> Direitos HumanosRepresentante: Ariel <strong>de</strong> Castro Alves10


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesOr<strong>de</strong>m dos Advogados do BrasilRepresentante: Glícia Thais Salmeron <strong>de</strong> MirandaPastoral da CriançaRepresentante: Maristela CizeskiSocieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Pediatria- SBPRepresentante: Carlos Eduardo Nery PaesAssociação Nacional dos Centros <strong>de</strong> Defesa da Criança e do Adolescente - ANCEDRepresentante: Djalma CostaInstituto Brasileiro <strong>de</strong> Inovações em Saú<strong>de</strong> Social - IBISSRepresentante: Tiana Sento-SéSUPLENTESFe<strong>de</strong>ração Brasileira das Associações Cristãs <strong>de</strong> MoçosRepresentante: Andrea Aparecida Nezio PaixãoVisão Mundial - VMBRepresentante: Welinton Pereira da SilvaFe<strong>de</strong>ração Nacional dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas eFilantrópicas - FENATIBREFRepresentante: Francisco Rodrigues CorreaFundação Abrinq pelos Direitos da Criança – ABRINQRepresentante: Roseni Aparecida dos S. ReigotaConselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Serviço Social - CFESSRepresentante: Erivã Garcia VelascoFundação Fé e Alegria do BrasilRepresentante: Vilmar BurzlaffFundação São Paulo /FUNDASP – PUC/SPRepresentante: Maria Stela Santos GracianiAssociação Brasileira <strong>de</strong> AutismoRepresentante: Marisa Fúria SilvaSocieda<strong>de</strong> Literária Caritativa Santo Agostinho – SLCSARepresentante: Iralda Cassol PereiraAssembléia Espiritual Nacional Dos Bahá’ís do BrasilRepresentante: Mary Caetana Aune CruzFe<strong>de</strong>ração Nacional das APAE’s – FENAPAESRepresentante: Aracélia Lúcia Costa11


Representantes do Conselho Nacional <strong>de</strong>Assistência Social – CNASMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDSTitular: Renato Francisco dos Santos PaulaSuplente: Helena Ferreira LimaTitular: Val<strong>de</strong>te <strong>de</strong> Barros MartinsSuplente: Ana Lígia GomesTitular: Verônica Pereira GomesSuplente: Maura Luciane <strong>de</strong> SouzaTitular: José Ferreira CrusSuplente: Maria José <strong>de</strong> FreitasMinistério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOGTitular: José Geraldo França DinizSuplente: Mauro Ceza Nogueira do NascimentoMinistério da Previdência Social - MPSTitular: Rose Mary OliveiraSuplente: Fátima Aparecida RampinMinistério do Trabalho e Emprego – MTE e Ministério da Fazenda - MFTitular: Edna Aparecida Alegro (MF)Suplente: Maurício Sarda Faria (MTE)Representante dos EstadosTitular: Heloisa MesquitaSuplente: Tânia Mara GaribRepresentante dos MunicípiosTitular: Charles Roberto PrankeSuplente: Sérgio Wan<strong>de</strong>rly SilvaREPRESENTANTES DAS ENTIDADES E ORGANIZAÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIALConferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB1º Titular: Pe. Nivaldo Luiz PessinattiUnião Social Camiliana1º Suplente: Antônio Celso PasquiniFe<strong>de</strong>ração Brasileira das Associações Cristãs <strong>de</strong> Moços2º Titular: Renata Rodrigues Flores Alves12


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesInstituto Social, Educativo e Beneficente Novo Signo2º Suplente: Rosa Maria RuthesAssociação da Igreja Metodista3º Titular: Renato Sai<strong>de</strong>l CoelhoFe<strong>de</strong>ração Espírita Brasileira3º Suplente: Clodoaldo <strong>de</strong> Lima LeiteREPRESENTANTES DOS USUÁRIOS OU DE ORGANIZAÇÕES DE USUÁRIOSAssociação Para Valorização E Promoção De Excepcionais - AVAPE1º Titular: Carlos Eduardo FerrariAssociação Brasileira <strong>de</strong> Autismo – ABRA1º Suplente: Marisa Furia SilvaUnião Brasileira <strong>de</strong> Cegos – UBC2º Titular: Mizael Conrado <strong>de</strong> OliveiraFe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Educação e Integração dos Surdos2º Suplente: João Carlos Carreira AlvesFe<strong>de</strong>ração Nacional das APAEs3º Titular: Maria Dolores da Cunha PintoMovimento Nacional <strong>de</strong> População <strong>de</strong> Rua3º Suplente: Samuel RodriguesREPRESENTANTES DOS TRABALHADORES DA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIALFe<strong>de</strong>ração Nacional dos Assistentes Sociais - FENAS1º Titular: Margareth Alves DallaruveraAssociação Brasileira <strong>de</strong> Educadores <strong>de</strong> Deficientes Visuais – ABEDEV1º Suplente: Edivaldo da Silva RamosFe<strong>de</strong>ração Nacional Dos Empregados Em Instituições Beneficentes, Religiosas EFilantrópicas – FENATIBREF2º Titular: Geraldo Gonçalves <strong>de</strong> Oliveira FilhoConselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Serviço Social – CFESS2º Suplente: Edval Bernardino CamposFe<strong>de</strong>ração Nacional dos Psicólogos – FENAPSI3º Titular: Fre<strong>de</strong>rico Jorge <strong>de</strong> Souza LeiteOr<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil – OAB3º Suplente: Josenir Teixeira13


Lista <strong>de</strong> SiglasBPCCadÚnicoCAPSCNASCONANDACRASCREASDPSEECAFNASGAAGTIPEALOASMDSMECMinCMPMSMTENOB/SUASNOB-RH/SUASONUPNASPNCFCPRSEDHSGDSNASSPDCASUASSUSUBSUNICEFBenefício <strong>de</strong> Prestação ContinuadaCadastramento Único <strong>para</strong> Programas Sociais do Governo Fe<strong>de</strong>ralCentro <strong>de</strong> Atenção PsicossocialConselho Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialConselho Nacional dos Direitos da Criança e do AdolescenteCentro <strong>de</strong> Referência da Assistência SocialCentro <strong>de</strong> Referência Especializado <strong>de</strong> Assistência SocialDepartamento <strong>de</strong> Proteção Social EspecialEstatuto da Criança e do AdolescenteFundo Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialGrupo <strong>de</strong> Apoio à AdoçãoGrupo <strong>de</strong> TrabalhoInstituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica AplicadaLei Orgânica da Assistência SocialMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à FomeMinistério da EducaçãoMinistério da CulturaMinistério PúblicoMinistério da Saú<strong>de</strong>Ministério do Trabalho e EmpregoNorma Operacional Básica do Sistema Único <strong>de</strong> Assistência SocialNorma Operacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do Sistema Único <strong>de</strong> Assistência SocialOrganização das Nações UnidasPolítica Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialPlano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes a ConvivênciaFamiliar e ComunitáriaPresidência da RepúblicaSecretaria Especial <strong>de</strong> Direitos HumanosSistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> DireitosSecretaria Nacional <strong>de</strong> Assistência SocialSubsecretaria <strong>de</strong> Promoção dos Direitos da Criança e do AdolescenteSistema Único da Assistência SocialSistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da FamíliaFundo das Nações Unidas <strong>para</strong> a Infância14


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesApresentaçãoO cuidado e a proteção se expressam em pequenos <strong>de</strong>talhes do dia-a-dia que compõemuma referência <strong>de</strong> segurança indispensável ao <strong>de</strong>senvolvimento pleno das pessoas.Por isso, a convivência familiar e comunitária é um direito fundamental e <strong>de</strong>vepautar as políticas públicas voltadas <strong>para</strong> promoção e garantia <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> criançase adolescentes.O tema é prioritário <strong>para</strong> o Governo Fe<strong>de</strong>ral, e pe<strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong> todas as esferas<strong>de</strong> governo - estados, distrito fe<strong>de</strong>ral, municípios – e da socieda<strong>de</strong> civil, conselhos,<strong>de</strong>ntre outros. Esta publicação foi elaborada em conjunto pelo Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome (MDS), Conselho Nacional dos Direitos das Criançase Adolescentes (Conanda) e Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência Social (CNAS), comobjetivo <strong>de</strong> ajudar na construção <strong>de</strong> políticas públicas, especialmente dos serviços <strong>de</strong>acolhimento do país.A proposta é reor<strong>de</strong>nar os serviços <strong>de</strong> acolhimento institucional (abrigo, casa lar) partindodo princípio <strong>de</strong> que toda situação <strong>de</strong> afastamento familiar <strong>de</strong>ve ser tratada comoexcepcional e provisória, sendo imprescindível investir no retorno das crianças e adolescentesao convívio com a família <strong>de</strong> origem e, esgotada essa possibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento<strong>para</strong> família substituta.Outra forma <strong>de</strong> acolhimento apresentada é o serviço <strong>de</strong> Família Acolhedora, que temmostrado resultados positivos ao garantir espaços <strong>de</strong> cuidado e referência afetiva atéque possa ser assegurada a convivência da criança ou do adolescente em sua família.Esperamos que cada um e cada uma que tiver esse documento em mãos possa adaptáloà realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu município, construindo ações concretas e articuladas entre Estadoe diversos atores sociais <strong>para</strong> que todas as crianças e adolescentes possam crescer comamor, cuidado e proteção em família.Patrus AnaniasMinistro <strong>de</strong> Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome15


ConandaResoluçãoRESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 1, DE 18 DE JUNHO DE 2009Aprova o documento Orientações Técnicas:Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes.O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS e o CONSELHO NACIONALDOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – CONANDA, no uso <strong>de</strong> suas atribuiçõesestabelecidas respectivamente, no art. 18 da Lei No- 8.742, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1993 e no artigo 2º da Lei Nº 8.242, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1991,CONSIDERANDO a Resolução Conjunta Nº 01, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006, do CNAS edo CONANDA, que aprovou o Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa do Direito<strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária;CONSIDERANDO que a regulamentação ora proposta é uma ação prevista no PlanoNacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à ConvivênciaFamiliar e Comunitária e representa um compromisso partilhado entre o Ministériodo Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a Secretaria Especial dos DireitosHumanos (SEDH), o CNAS e o CONANDA, <strong>para</strong> a afirmação, no Estado brasileiro, dodireito <strong>de</strong> crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária;CONSIDERANDO as contribuições recebidas por meio da Consulta Pública ao documento:“Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes”<strong>de</strong> organizações sociais, gestores, dos Conselhos <strong>de</strong> Assistência Social e Conselhos dosDireitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> âmbito Estadual, Municipal e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral,entre outros, e o trabalho <strong>de</strong> sistematização realizado pelas Comissões <strong>de</strong> Políticado CNAS e do CONANDA e do Grupo <strong>de</strong> Trabalho CNAS/CONANDA, que resultou nodocumento final entregue aos referidos Conselhos Nacionais;16


RESOLVEM:Art. 1º. Aprovar o documento “Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong>Crianças e Adolescentes”.Art. 2º. O CNAS e o CONANDA <strong>de</strong>verão adotar medidas <strong>para</strong> divulgação <strong>de</strong>sse documentoe fazer o acompanhamento da regulamentação dos Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong><strong>para</strong> Crianças e Adolescentes no âmbito Estadual, Municipal e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral.Art. 3º. Esta Resolução entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.VALDETE DE BARROS MARTINSPresi<strong>de</strong>nte do CNASFÁBIO FEITOSA DA SILVAPresi<strong>de</strong>nte do CONANDAEm exercício17


IntroduçãoO presente documento tem como finalida<strong>de</strong> regulamentar, no território nacional,a organização e oferta <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes,no âmbito da política <strong>de</strong> Assistência Social. Sua formulação levou em consi<strong>de</strong>raçãodiversas discussões sobre essa temática, realizadas em diferentes fóruns - regionais,nacionais e internacionais - cabendo <strong>de</strong>stacar as Conferências Estaduais e Nacionaldos Direitos da Criança e do Adolescente realizadas em 2007, e, em especial, os encontrosdo Grupo <strong>de</strong> Trabalho Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária – GTNacional 1. Além disso, constituíram importantes subsídios <strong>para</strong> a elaboração <strong>de</strong>stedocumento o Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Criançase Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e o Projeto <strong>de</strong> Diretrizes dasNações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativoscom Crianças 2 .A versão inicial do documento, elaborada pelo Departamento <strong>de</strong> Proteção Social Especial(SNAS/MDS), e apresentada ao Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência Social (CNAS)e ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) <strong>para</strong>análise e aprimoramento, foi disponibilizada <strong>para</strong> consulta pública em 2008. Uma comissão,composta por representantes do MDS, dos Conselhos e por especialistas naárea, responsabilizou-se pela redação final do documento, analisando e contemplandoas contribuições recebidas. A aprovação do documento ocorreu em Assembléiaconjunta do CNAS e CONANDA, realizada em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009.A regulamentação ora proposta é uma ação prevista no Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção,Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiare Comunitária e representa um compromisso partilhado entre o MDS, a SecretariaEspecial dos Direitos Humanos (SEDH), o CONANDA e o CNAS, <strong>para</strong> a afirmação, noEstado brasileiro, do direito <strong>de</strong> crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária.Os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes integram os Serviços <strong>de</strong>1Iniciado em 2005 por iniciativa do Fundo das Nações Unidas <strong>para</strong> a Infância (UNICEF), com cooperação técnica da Associação BrasileiraTerra dos Homens e apoio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH, do Instituto Camargo Corrêa e do Instituto C&A,, o GTNacional reuniu representantes governamentais (estados e municípios) e não governamentais <strong>para</strong> a discussão e proposição <strong>de</strong> parâmetrosnacionais <strong>para</strong> o atendimento em serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes. A relação dos membros do GT encontra-seno Anexo I.2Elaborado a partir <strong>de</strong> um amplo processo <strong>de</strong> discussão conduzido pelo Comitê dos Direitos da Criança da Organização das NaçõesUnidas (ONU), UNICEF e Serviço Social Internacional, o documento contou com a contribuição <strong>de</strong> especialistas, governamentais e nãogovernamentais,<strong>de</strong> diversas nacionalida<strong>de</strong>s. Em agosto <strong>de</strong> 2006, o documento foi discutido no Brasil em uma Reunião Intergovernamental,que reuniu especialistas representantes <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40 países, o Comitê dos Direitos da Criança da ONU, o Serviço Social Internacionale o UNICEF. Em junho <strong>de</strong> 2009, durante a 11ª Sessão do Conselho <strong>de</strong> Direitos Humanos da ONU, foi aprovado o Projeto <strong>de</strong> Resolução sobreDiretrizes <strong>para</strong> Cuidados Alternativos <strong>para</strong> Crianças, que será levado à Assembléia Geral das Nações Unidas. Na ocasião, a União Européiae o Canadá fizeram agra<strong>de</strong>cimento ao Brasil, por ter li<strong>de</strong>rado a discussão do documento com as representações governamentais.18


Capítulo I | 1. Antece<strong>de</strong>ntescada (IPEA) 5 , em 2003, i<strong>de</strong>ntificou o <strong>de</strong>scompasso existente entre a legislação ea realida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes no Brasil 6 .A pesquisa foi realizada em 584 serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentesco-financiados com recursos do MDS e representou um marco na mobilizaçãonacional <strong>para</strong> a discussão acerca do direito <strong>de</strong> crianças e adolescentes à convivênciafamiliar e comunitária. Esse processo iniciado em 2002, com a Caravanada Comissão <strong>de</strong> Direitos Humanos da Câmara dos Deputados 7 , ganhou impulso,em 2004, após a publicação da pesquisa, quando o Ministro Chefe da SEDH e o Ministro<strong>de</strong> Estado do MDS, com o apoio do UNICEF, convocaram outros Ministériose atores <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> uma Comissão Intersetorial que apresentou os subsídiosao CONANDA e ao CNAS <strong>para</strong> elaboração do Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção,Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar eComunitária. Os Conselhos analisaram e aprimoraram o documento, aprovado emassembléia conjunta em 2006, após incorporação das sugestões apresentadas naconsulta pública 8 . Ressalte-se que, além dos dois Conselhos e do Po<strong>de</strong>r Público, asocieda<strong>de</strong> civil teve também uma importante participação na construção coletivado Plano Nacional.Paralelo a esse processo, em 2004, foi aprovada, pelo CNAS, a Política Nacional <strong>de</strong>Assistência Social (PNAS), com o objetivo <strong>de</strong> concretizar direitos assegurados naConstituição Fe<strong>de</strong>ral (1988) e na Lei Orgânica <strong>de</strong> Assistência Social (1993). A PNASorganiza a matriz <strong>de</strong> funcionamento do Sistema Único <strong>de</strong> Assistência Social (SUAS),inaugurando no país um novo <strong>para</strong>digma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos socioassistenciais.Na seqüência, a aprovação da NOB/SUAS estabeleceu parâmetros <strong>para</strong> a operacionalizaçãodo Sistema Único em todo o território nacional. Em 2006, foi aprovada aNOB-RH do SUAS que, <strong>de</strong>ntre outros aspectos, estabeleceu parâmetros nacionais<strong>para</strong> a composição das equipes que <strong>de</strong>vem atuar nos serviços <strong>de</strong> acolhimento.A organização do SUAS como um sistema pressupõe a articulação da re<strong>de</strong> socioassistencialcom as <strong>de</strong>mais políticas públicas e com o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos(SGD) 9 e elege a família como foco central <strong>de</strong> atenção. A previsão <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>caráter preventivo e <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong> vínculos familiares e comunitários 10 , <strong>de</strong>atendimento especializado a indivíduos e famílias em situação <strong>de</strong> ameaça ou vio-5IPEA/CONANDA. O direito à convivência familiar e comunitária: os abrigos <strong>para</strong> crianças e adolescentes no Brasil / Enid Rocha Andra<strong>de</strong>da Silva (Coord.). Brasília, 2004.6Dentre outros resultados a pesquisa apontou que 50,1% das crianças e dos adolescentes foram abrigados por motivos relacionados àpobreza – 24,1% exclusivamente em função da situação <strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong> suas famílias; 86,7% tinham família, sendo que 58,2% mantinhamvínculos familiares, com contato regulares; apenas 43,4% tinham processo na justiça; e somente 10,7% estavam em condição legal <strong>de</strong>adoção; 20% estava no serviço há mais <strong>de</strong> 6 anos. Para 35,5% das crianças e dos adolescentes a principal dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> o retorno aoconvívio familiar era também a situação <strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong> suas famílias.7No primeiro semestre <strong>de</strong> 2002, o Departamento da Criança e do Adolescente (DCA) do Ministério <strong>de</strong> Justiça (MJ), a Secretaria <strong>de</strong>Estado <strong>de</strong> Assistência Social (SEAS) do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e o Fundo das Nações Unidas <strong>para</strong> a Infância(UNICEF) reuniram-se com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir os dados apresentados pela Caravana da Comissão <strong>de</strong> Direitos Humanos da Câmara dosDeputados sobre os programas <strong>de</strong> abrigo. Em agosto <strong>de</strong> 2002 foi realizado o “Colóquio Técnico sobre a Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Abrigos”. No final<strong>de</strong> 2002, o CONANDA e o DCA do Ministério <strong>de</strong> Justiça alocaram recursos <strong>para</strong> financiar a pesquisa iniciada em 2003 pelo IPEA.8Resolução Conjunta Nº 1 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.9Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos (SGD) -Conjunto <strong>de</strong> órgãos, entida<strong>de</strong>s, autorida<strong>de</strong>s, programas e serviços <strong>de</strong> atendimento a crianças,adolescentes e suas respectivas famílias, que <strong>de</strong>vem atuar <strong>de</strong> forma articulada e integrada, na busca <strong>de</strong> sua proteção integral, nosmol<strong>de</strong>s do previsto pelo ECA e pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral. A Constituição Fe<strong>de</strong>ral e o ECA ao enumerar direitos, estabelecer princípios ediretrizes da política <strong>de</strong> atendimento, <strong>de</strong>finir competências e atribuições instalaram um sistema <strong>de</strong> “proteção geral <strong>de</strong> direitos” <strong>de</strong> criançase adolescentes cujo intuito é a efetiva implementação da Doutrina da Proteção Integral. Esse sistema convencionou-se chamar <strong>de</strong> Sistema<strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos (SGD). Nele incluem-se princípios e normas que regem a política <strong>de</strong> atenção a crianças e adolescentes cujas açõessão promovidas pelo Po<strong>de</strong>r Público (em suas esferas – União, estados, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e municípios – e Po<strong>de</strong>res – Executivo, Legislativo eJudiciário) e pela socieda<strong>de</strong> civil, sob três eixos Promoção, Defesa e Controle Social.10Proteção Social Básica.22


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescenteslação <strong>de</strong> direitos 11 e <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes 12 temimportância basilar no que diz respeito à concretização do direito à convivência familiare comunitária.Um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que é colocado <strong>para</strong> a implementação do SUAS no país é o <strong>de</strong>reor<strong>de</strong>nar os serviços <strong>de</strong> acolhimento e romper com práticas incompatíveis com osmarcos regulatórios vigentes. De acordo com a PNAS (2004, p.37),A ênfase da proteção social especial <strong>de</strong>ve priorizar a reestruturação dosserviços <strong>de</strong> abrigamento - dos indivíduos que, por uma série <strong>de</strong> fatores, nãocontam mais com a proteção e o cuidado <strong>de</strong> suas famílias - <strong>para</strong> as novasmodalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento. A história dos abrigos e asilos é antiga no Brasil.A colocação <strong>de</strong> crianças, adolescentes, pessoas com <strong>de</strong>ficiências e idososem instituições <strong>para</strong> protegê-los ou afastá-los do convívio social e familiarfoi, durante muito tempo, materializada em gran<strong>de</strong>s instituições <strong>de</strong> longapermanência, ou seja, espaços que atendiam a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas,que lá permaneciam por longo período – às vezes a vida toda. São oschamados, popularmente, como orfanatos, internatos, educandários, asilos,entre outros.Nesse sentido, o presente documento visa estabelecer parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoe oferecer orientações metodológicas <strong>para</strong> que os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>crianças e adolescentes possam cumprir sua função protetiva e <strong>de</strong> restabelecimento<strong>de</strong> direitos, compondo uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção que favoreça o fortalecimento dos vínculosfamiliares e comunitários, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s das criançase adolescentes atendidos e o empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong> suas famílias.A elaboração dos parâmetros apresentados neste documento dá continuida<strong>de</strong> aocompromisso do MDS, da SEDH, do CONANDA, do CNAS e da socieda<strong>de</strong> civil organizadacom a afirmação, no estado brasileiro, do direito <strong>de</strong> crianças e adolescentes àconvivência familiar e comunitária.11Proteção Social Especial <strong>de</strong> Média Complexida<strong>de</strong>.12Proteção Social Especial <strong>de</strong> Alta Complexida<strong>de</strong>23


Capítulo l2 PRINCÍPIOSOs serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes <strong>de</strong>verão estruturar seuatendimento <strong>de</strong> acordo com os seguintes princípios:2.1 Excepcionalida<strong>de</strong> do Afastamento do Convívio FamiliarTodos os esforços <strong>de</strong>vem ser empreendidos no sentido <strong>de</strong> manter o convívio coma família (nuclear ou extensa, em seus diversos arranjos), a fim <strong>de</strong> garantir que oafastamento da criança ou do adolescente do contexto familiar seja uma medidaexcepcional, aplicada apenas nas situações <strong>de</strong> grave risco à sua integrida<strong>de</strong> físicae/ou psíquica 13 .Como este afastamento traz profundas implicações, tanto <strong>para</strong> a criança e o adolescente,quanto <strong>para</strong> a família, <strong>de</strong>ve-se recorrer a esta medida apenas quando representaro melhor interesse da criança ou do adolescente e o menor prejuízo ao seuprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Destaca-se que tal medida <strong>de</strong>ve ser aplicada apenasnos casos em que não for possível realizar uma intervenção mantendo a criança ouadolescente no convívio com sua família (nuclear ou extensa).Para que este princípio possa ser aplicado, é importante que se promova o fortalecimento,a emancipação e a inclusão social das famílias, por meio do acesso às políticaspúblicas e às ações comunitárias. Dessa forma, antes <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar a hipótesedo afastamento, é necessário assegurar à família o acesso à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços públicosque possam potencializar as condições <strong>de</strong> oferecer à criança ou ao adolescente umambiente seguro <strong>de</strong> convivência.Destaca-se que, em conformida<strong>de</strong> com o Art. 23 do ECA, a falta <strong>de</strong> recursos materiaispor si só não constitui motivo suficiente <strong>para</strong> afastar a criança ou o adolescente doconvívio familiar, encaminhá-los <strong>para</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento ou, ainda, <strong>para</strong> inviabilizarsua reintegração. Nessas situações o convívio familiar <strong>de</strong>ve ser preservado e afamília, obrigatoriamente, incluída em programas oficiais ou comunitários <strong>de</strong> apoio,e <strong>de</strong>mais medidas previstas no artigo 101 do ECA 14 .Nos casos em que o motivo que ensejaria a aplicação da medida <strong>de</strong> abrigo referirseà falta ou precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> habitação da família, <strong>de</strong>ve-se recorrera medidas que preservem o convívio familiar e mantenham a família, a criança e13Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006).Disponível em http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.14Quando i<strong>de</strong>ntificado que a família preenche os critérios <strong>para</strong> inserção no Programa Bolsa Família ou em outro programa <strong>de</strong> transferência<strong>de</strong> renda, <strong>de</strong>ve-se viabilizar seu encaminhamento <strong>para</strong> os órgãos responsáveis pelo cadastramento.24


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescenteso adolescente em condições <strong>de</strong> segurança e proteção, como a inclusão imediata<strong>de</strong> todos seus membros conjuntamente em serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> adultoscom crianças ou adolescentes e acesso à moradia subsidiada, <strong>de</strong>ntre outras. Paralelamente,<strong>de</strong>ve ser provi<strong>de</strong>nciado, junto às políticas <strong>de</strong> habitação e trabalho, e outrasque o caso indicar, os encaminhamentos necessários <strong>para</strong> alcançar soluções mais<strong>de</strong>finitivas <strong>para</strong> a situação.Do mesmo modo, caso haja criança, adolescente ou algum outro membro da famíliacom <strong>de</strong>ficiência, doenças infecto-contagiosas, transtorno mental ou outrosagravos, isso não <strong>de</strong>ve por si só motivar o afastamento do convívio familiar ou apermanência em serviços <strong>de</strong> acolhimento. Nessas situações <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r a encaminhamentos<strong>para</strong> atendimentos prestados em serviços da re<strong>de</strong> ou até mesmono próprio domicílio, os quais possam contribuir <strong>para</strong> a prevenção do afastamentoou <strong>para</strong> a reintegração familiar. Se i<strong>de</strong>ntificado que a criança, o adolescente ou outromembro da família preenche os critérios <strong>para</strong> inclusão no Benefício <strong>de</strong> PrestaçãoContinuada (BPC) 15 , <strong>de</strong>ve-se viabilizar seu encaminhamento <strong>para</strong> o Centro <strong>de</strong>Referência <strong>de</strong> Assistência Social (CRAS) 16 , ou órgão responsável <strong>para</strong> realizar suainserção. Destaca-se, ainda, a importância da inclusão e do acompanhamento dacriança, do adolescente e da família nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quados a <strong>de</strong>mandaapresentada 17 . Tais medidas são fundamentais <strong>para</strong> evitar que a situação <strong>de</strong> pobreza,associada à presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, resulte em afastamentos motivados predominantementepor estes aspectos. De modo a viabilizar o acesso aos serviçosdas diversas políticas públicas, orienta-se que sejam formalizados, entre os órgãosresponsáveis por tais políticas, protocolos <strong>de</strong> ação que assegurem a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>acesso e o encaminhamento imediato das famílias nessa situação a tais serviços,programas, projetos, benefícios e ações.2.2 Provisorieda<strong>de</strong> do Afastamento do ConvívioFamiliarQuando o afastamento do convívio familiar for medida mais a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> se garantira proteção da criança e do adolescente em <strong>de</strong>terminado momento, esforços<strong>de</strong>vem ser empreendidos <strong>para</strong> viabilizar, no menor tempo possível, o retorno seguroao convívio familiar, prioritariamente na família <strong>de</strong> origem e, excepcionalmente, emfamília substituta (adoção, guarda e tutela), conforme Capítulo III, Seção III do ECA.Todos os esforços <strong>de</strong>vem ser empreendidos <strong>para</strong> que, em um período inferior a doisanos, seja viabilizada a reintegração familiar – <strong>para</strong> família nuclear ou extensa, emseus diversos arranjos – ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento <strong>para</strong> famíliasubstituta. A permanência <strong>de</strong> crianças e adolescentes em serviço <strong>de</strong> acolhimentopor período superior a dois anos <strong>de</strong>verá ter caráter extremamente excepcional, e15Benefício da Assistência Social que garante renda básica, no valor <strong>de</strong> um salário mínimo, estabelecido pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral eregulamentado pela LOAS, dirigido às pessoas com <strong>de</strong>ficiência e aos idosos, a partir <strong>de</strong> 65 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, observado, <strong>para</strong> acesso, o critério<strong>de</strong> renda previsto na Lei.16Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Assistência Social - Unida<strong>de</strong> pública estatal <strong>de</strong> base territorial, localizada em áreas <strong>de</strong> maior vulnerabilida<strong>de</strong>social. Executa serviços <strong>de</strong> proteção básica, organiza e coor<strong>de</strong>na a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços socioassistenciais local da política <strong>de</strong> assistência social.É “porta <strong>de</strong> entrada” <strong>para</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único <strong>de</strong> Assistência Social.17Ver Articulação Intersetorial – Item 3.425


Capítulo I | 2. Princípiosestar fundamentada em uma avaliação criteriosa acerca <strong>de</strong> sua necessida<strong>de</strong> pelosdiversos órgãos que acompanham o caso.Quando o prognóstico <strong>de</strong> permanência da criança e do adolescente no serviço <strong>de</strong>acolhimento for <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois anos, <strong>de</strong>ve ser encaminhado à Justiça da Infânciae da Juventu<strong>de</strong> relatório baseado no acompanhamento da situação pelo serviço<strong>de</strong> acolhimento e em outros serviços da re<strong>de</strong> que também prestem atendimento àcriança, ao adolescente e sua família. Tal relatório será fundamental <strong>para</strong> subsidiar aavaliação, por parte da Justiça, quanto à melhor alternativa <strong>para</strong> a criança e o adolescente,seja a continuida<strong>de</strong> dos esforços <strong>para</strong> o retorno ao convívio familiar ou oencaminhamento <strong>para</strong> família substituta.Nas situações em que se mostrar particularmente difícil garantir o direito à convivênciafamiliar, como, por exemplo, no caso encaminhamento <strong>para</strong> adoção <strong>de</strong> crianças eadolescentes com perfil <strong>de</strong> difícil colocação em família substituta 18 , faz-se especialmentenecessário o esforço conjunto dos atores envolvidos no sentido <strong>de</strong> buscar ofortalecimento da autonomia e das re<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> apoio das crianças e adolescentesque aguardam adoção, e perseverar no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias <strong>para</strong> abusca ativa <strong>de</strong> famílias <strong>para</strong> seu acolhimento.Em nenhuma hipótese a perspectiva <strong>de</strong> um acolhimento <strong>de</strong> longa permanência<strong>de</strong>ve acarretar a <strong>de</strong>sistência pela busca <strong>de</strong> alternativas <strong>para</strong> se garantir à criança eao adolescente seu direito ao convívio familiar, prioritariamente com a família <strong>de</strong>origem e, excepcionalmente, a substituta.2.3 Preservação e Fortalecimento dos VínculosFamiliares e ComunitáriosTodos os esforços <strong>de</strong>vem ser empreendidos <strong>para</strong> preservar e fortalecer vínculosfamiliares e comunitários das crianças e dos adolescentes atendidos em serviços<strong>de</strong> acolhimento. Esses vínculos são fundamentais, nessa etapa do <strong>de</strong>senvolvimentohumano, <strong>para</strong> oferecer-lhes condições <strong>para</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento saudável, quefavoreça a formação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e sua constituição como sujeito e cidadão.Nesse sentido, é importante que esse fortalecimento ocorra nas ações cotidianasdos serviços <strong>de</strong> acolhimento - visitas e encontros com as famílias e com as pessoas<strong>de</strong> referências da comunida<strong>de</strong> da criança e do adolescente, por exemplo.Crianças e adolescentes com vínculos <strong>de</strong> parentesco, não <strong>de</strong>vem ser se<strong>para</strong>dos aoserem encaminhados <strong>para</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento, salvo se isso for contrário ao seu<strong>de</strong>sejo ou interesses ou se houver claro risco <strong>de</strong> violência 19 .18Crianças que já passaram da primeira infância e adolescentes, crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência ou necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, pertencentes a minorias étnicas, que façam parte <strong>de</strong> grupos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> irmãos, <strong>de</strong>ntre outros.19Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006).Disponível em http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.26


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes2.4 Garantia <strong>de</strong> Acesso e Respeito à Diversida<strong>de</strong> e NãodiscriminaçãoA organização dos serviços <strong>de</strong>verá garantir proteção e <strong>de</strong>fesa a toda a criança e adolescenteque precise <strong>de</strong> acolhimento. Devem ser combatidas quaisquer formas <strong>de</strong>discriminação às crianças e aos adolescentes atendidos em serviços <strong>de</strong> acolhimentoe às famílias <strong>de</strong> origem, baseadas em condição sócio-econômica, arranjo familiar 20 ,etnia, religião, gênero, orientação sexual, ou, ainda, por serem pessoas com necessida<strong>de</strong>sespeciais em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência física ou mental, que vivem com HIV/AIDS ou outras necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.De modo a possibilitar a oferta <strong>de</strong> um atendimento inclusivo e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> nos serviços<strong>de</strong> acolhimento a crianças e adolescentes, o Projeto Político Pedagógico 21 do serviço<strong>de</strong>ve prever estratégias diferenciadas <strong>para</strong> o atendimento a <strong>de</strong>mandas específicas,mediante acompanhamento <strong>de</strong> profissional especializado. Além disso, a articulaçãocom a política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> educação, esporte e cultura <strong>de</strong>ve garantir o atendimentona re<strong>de</strong> local a estas crianças e adolescentes (serviços especializados, tratamento e medicamentos,<strong>de</strong>ntre outros) e a capacitação e apoio necessário aos educadores/cuidadorese <strong>de</strong>mais profissionais do serviço <strong>de</strong> acolhimento. Tal aspecto é importante <strong>para</strong>garantir, <strong>de</strong> fato, um atendimento individualizado e personalizado, com estratégiasmetodológicas condizentes com as necessida<strong>de</strong>s da criança e do adolescente. Todos osequipamentos da re<strong>de</strong> socioassistencial <strong>de</strong>vem, ainda, respeitar as normas <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>,<strong>de</strong> maneira a possibilitar o atendimento integrado a usuários com <strong>de</strong>ficiência.Em atenção ao princípio da não-discriminação, os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vembuscar o crescente aprimoramento <strong>de</strong> estratégias voltadas à preservação da diversida<strong>de</strong>cultural, oportunizando acesso e valorização das raízes e cultura <strong>de</strong> origem dascrianças e dos adolescentes atendidos, bem como <strong>de</strong> suas famílias e comunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> origem.Em atenção, ainda, ao princípio da não discriminação, <strong>de</strong>staca-se que a presença <strong>de</strong><strong>de</strong>ficiência ou <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve motivar o encaminhamento<strong>para</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento ou, ainda, o prolongamento da permanência dacriança ou adolescente nestes serviços.2.5 Oferta <strong>de</strong> Atendimento Personalizado eIndividualizadoToda criança e adolescente tem direito a viver num ambiente que favoreça seu processo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que lhe ofereça segurança, apoio, proteção e cuidado.Nesse sentido, quando o afastamento for necessário e enquanto soluções <strong>para</strong> a retomadado convívio familiar forem buscadas, os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>verão prestar cui-20Formas <strong>de</strong> organização interna à família, incluindo os papéis e funções familiares, modos <strong>de</strong> representar e viver as relações <strong>de</strong> gêneroe <strong>de</strong> geração, <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> e afeto. Os arranjos familiares po<strong>de</strong>m ser compreendidos em torno da relação <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong> (famílias comou sem filhos, filhos conjuntos do casal, filhos <strong>de</strong> diferentes uniões, etc) e em relação à conjugalida<strong>de</strong> (famílias nucleares, famílias monoparentais,etc) e também em relação à presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>mais parentes e agregados (famílias nucleares e famílias com relações extensas).21Ver Item 3.5 do Capítulo II das Orientações Metodológicas27


Capítulo I | 2. Princípiosdados <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, condizentes com os direitos e as necessida<strong>de</strong>s físicas, psicológicas esociais da criança e do adolescente. Para tanto, o atendimento <strong>de</strong>verá ser oferecido <strong>para</strong>um pequeno grupo e garantir espaços privados, objetos pessoais e registros, inclusivefotográficos, sobre a história <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada criança e adolescente.A organização <strong>de</strong> condições que favoreçam a formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da criança edo adolescente implica o respeito à sua individualida<strong>de</strong> e história <strong>de</strong> vida. O planejamentodo atendimento no serviço <strong>de</strong>ve possibilitar, portanto, espaços que preservema intimida<strong>de</strong> e a privacida<strong>de</strong>, inclusive, o uso <strong>de</strong> objetos que possibilitem àcriança e ao adolescente diferenciar “o meu, o seu e o nosso”.2.6 Garantia <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Crença e ReligiãoOs antece<strong>de</strong>ntes religiosos <strong>de</strong> crianças e adolescentes <strong>de</strong>vem ser respeitados tantopelo serviço <strong>de</strong> acolhimento quanto por aqueles com os quais venha a mantercontato em razão <strong>de</strong> seu acolhimento. “Nenhuma criança ou adolescente <strong>de</strong>verá serincentivado ou persuadido a mudar sua orientação religiosa enquanto estiver sobcuidados” em serviço <strong>de</strong> acolhimento 22 .Visando a garantia do direito à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> crença e culto religioso, assegurado noArt. 16 do ECA, os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem propiciar, ainda, que a criança e oadolescente possam satisfazer suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida religiosa e espiritual. Nessesentido, <strong>de</strong>ve ser viabilizado o acesso às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua religião, bem como o direito<strong>de</strong> “não participar <strong>de</strong> atos religiosos e recusar instrução ou orientação religiosaque não lhe seja significativa” 23 .2.7 Respeito à Autonomia da Criança, do Adolescente edo JovemAs <strong>de</strong>cisões acerca <strong>de</strong> crianças e adolescentes atendidos em serviços <strong>de</strong> acolhimento<strong>de</strong>vem garantir-lhes o direito <strong>de</strong> ter sua opinião consi<strong>de</strong>rada. O direito à escuta,viabilizada por meio <strong>de</strong> métodos condizentes com seu grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento 24 ,<strong>de</strong>ve ser garantido nas diversas <strong>de</strong>cisões que possam repercutir sobre seu <strong>de</strong>senvolvimentoe trajetória <strong>de</strong> vida, envolvendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> seu interesse pelaparticipação em ativida<strong>de</strong>s na comunida<strong>de</strong>, até mudanças relativas à sua situaçãofamiliar ou <strong>de</strong>sligamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento 25 .A organização do ambiente <strong>de</strong> acolhimento também <strong>de</strong>verá proporcionar o fortalecimentogradativo da autonomia, <strong>de</strong> modo condizente com o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoe a aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s nas diferentes faixas etárias. O <strong>de</strong>senvolvi-22Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006), p.24.Disponível em http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.23I<strong>de</strong>m24Po<strong>de</strong>m ser realizadas ativida<strong>de</strong>s lúdicas como jogos, leitura e construção <strong>de</strong> estórias, <strong>de</strong>senhos, dramatizações <strong>de</strong> situações próximasàs reais, <strong>de</strong>ntre outras estratégias que garantam escuta a criança e ao adolescente, <strong>de</strong> acordo com sua etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> formaa respeitar e validar os conteúdos apresentados.25Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006), p.24.Disponível em http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/200928


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesmento da autonomia nos serviços <strong>de</strong> acolhimento não <strong>de</strong>ve ser confundido, todavia,com falta <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> e limites. A liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser vista como parceira da responsabilida<strong>de</strong>,consi<strong>de</strong>rando que uma não po<strong>de</strong> ser adquirida sem a outra.Crianças e adolescentes <strong>de</strong>vem ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar da organização docotidiano do serviço <strong>de</strong> acolhimento, por meio do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>scomo, por exemplo, a organização dos espaços <strong>de</strong> moradia, limpeza, programaçãodas ativida<strong>de</strong>s recreativas, culturais e sociais. No caso <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimentoinstitucional, esta participação po<strong>de</strong> ser viabilizada, inclusive, por meio da realizaçãosistemática <strong>de</strong> assembléias, nas quais crianças e adolescentes possam se colocar<strong>de</strong> modo protagonista.Devem ser planejadas ações que favoreçam a interação das crianças e dos adolescentesentre si e com os contextos nos quais freqüentam, como a escola, a comunida<strong>de</strong>,e as instituições religiosas. O <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia <strong>de</strong>ve levar emconsi<strong>de</strong>ração, ainda, a cultura <strong>de</strong> origem da criança e do adolescente e fortalecer aelaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida individuais e o <strong>de</strong>senvolvimento saudável, inclusiveapós o <strong>de</strong>sligamento e a entrada na vida adulta.29


Capítulo ll3 Orientações MetodológicasEnquanto o acolhimento for necessário, é fundamental ofertar à criança e ao adolescenteum ambiente e cuidados facilitadores do <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> modo a favorecer,<strong>de</strong>ntre outros aspectos: i. Seu <strong>de</strong>senvolvimento integral; ii. A superação <strong>de</strong>vivências <strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção e violência; iii. A apropriação e ressignificação <strong>de</strong> sua história<strong>de</strong> vida; e iv. O fortalecimento da cidadania, autonomia e a inserção social. Em consonânciacom diretrizes nacionais e internacionais <strong>de</strong> cuidados a crianças e adolescentesem serviços <strong>de</strong> acolhimento, as orientações abordadas neste capítulo visamcontribuir <strong>para</strong> a melhoria dos atendimentos prestados nestes serviços.3.1 Estudo DiagnósticoO estudo diagnóstico tem como objetivo subsidiar a <strong>de</strong>cisão acerca do afastamentoda criança ou adolescente do convívio familiar. Salvo em situações <strong>de</strong> caráter emergenciale/ou <strong>de</strong> urgência, esta medida <strong>de</strong>ve ser aplicada por autorida<strong>de</strong> competente,com base em uma recomendação técnica, a partir <strong>de</strong> um estudo diagnóstico,caso a caso, realizado por equipe interprofissional do órgão aplicador da medida oupor equipe formalmente <strong>de</strong>signada <strong>para</strong> este fim. Em todos os casos, a realização<strong>de</strong>ste estudo diagnóstico <strong>de</strong>ve ser realizada sob supervisão e estreita articulaçãocom Conselho Tutelar, Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong> e equipe <strong>de</strong> referência doórgão gestor da Assistência Social 26 . Sempre que necessário, o órgão aplicador damedida po<strong>de</strong>rá requisitar, ainda, avaliação da situação por parte <strong>de</strong> outros serviçosda re<strong>de</strong> como, por exemplo, da Delegacia <strong>de</strong> Proteção da Criança e do Adolescentee <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Os fluxos e responsabilida<strong>de</strong>s referentes à realização do estudo diagnóstico <strong>de</strong>verãoser <strong>de</strong>finidos a partir <strong>de</strong> acordos formais firmados entre os órgãos envolvidos, consi<strong>de</strong>randoa realida<strong>de</strong>, os recursos existentes e o respeito às competências legais <strong>de</strong>cada órgão da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento e do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos.O estudo diagnóstico <strong>de</strong>ve incluir uma criteriosa avaliação dos riscos a que estão submetidosa criança ou o adolescente e as condições da família <strong>para</strong> superação das violações<strong>de</strong> direitos observadas e o provimento <strong>de</strong> proteção e cuidados. Com a <strong>de</strong>vida fundamentaçãoteórica, o estudo <strong>de</strong>ve levar em conta a proteção e a segurança imediata dacriança e do adolescente, bem como seu cuidado e <strong>de</strong>senvolvimento em longo prazo.26A composição e o papel <strong>de</strong> tal equipe está melhor <strong>de</strong>talhada no item 3.4 - Articulação Intersetorial.30


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesSem a pretensão <strong>de</strong> abarcar todas as questões relevantes que <strong>de</strong>verão ser levantadasem um diagnóstico, sugere-se que o mesmo possibilite i<strong>de</strong>ntificar: composiçãofamiliar, história e dinâmica <strong>de</strong> relacionamento entre seus membros; valores ecrenças da família; <strong>de</strong>mandas e estratégias <strong>de</strong>senvolvidas <strong>para</strong> o enfrentamento <strong>de</strong>situações adversas; e situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> e risco às quais estão expostos osintegrantes do grupo familiar. Nessa perspectiva, recomenda-se que o estudo diagnósticocontemple, <strong>de</strong>ntre outros, os seguintes aspectos:• Composição familiar e contexto sócio-econômico e cultural no qual a famíliaestá inserida;• mapeamento dos vínculos significativos na família extensa e análise da re<strong>de</strong>social <strong>de</strong> apoio da criança ou adolescente e <strong>de</strong> sua família (família extensa,amigos, vizinhos, padrinhos, instituições, etc.);• valores e costumes da comunida<strong>de</strong> da qual a família faça parte, especialmente,no caso <strong>de</strong> minorias étnicas ou comunida<strong>de</strong>s tradicionais;• condições <strong>de</strong> acesso da família a serviços, programas e projetos das diversaspolíticas públicas que possam respon<strong>de</strong>r às suas necessida<strong>de</strong>s;• situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> e risco vivenciadas pela família que repercutamsobre sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prover cuidados;• situação atual da criança ou adolescente e <strong>de</strong> sua família, inclusive motivação,potencial e dificulda<strong>de</strong>s da família <strong>para</strong> exercer seu papel <strong>de</strong> cuidadoe proteção;• história familiar e se há padrões transgeracionais <strong>de</strong> relacionamento comviolação <strong>de</strong> direitos;• situações atuais e pregressas <strong>de</strong> violência intra-familiar contra a criança eo adolescente, gravida<strong>de</strong> e postura <strong>de</strong> cada membro da família em relaçãoà mesma;• nos casos <strong>de</strong> violência intra-familiar, se há consciência da ina<strong>de</strong>quação edas conseqüências negativas <strong>de</strong>stas práticas <strong>para</strong> a criança e o adolescentee se há movimento em direção à mudança e à construção <strong>de</strong> novas possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> relacionamento;• análise da intensida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> dos vínculos entre os membros da família(vinculação afetiva, interação, interesse e participação na vida da criançae do adolescente);• percepção da criança ou adolescente em relação à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastamentodo convívio familiar – se <strong>de</strong>monstra, por exemplo, medo <strong>de</strong> permanecerna família ou tristeza por afastar-se da mesma;• possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção profissional e encaminhamentos que visem àsuperação da situação <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastamentoda criança e do adolescente da família;• nos casos <strong>de</strong> violência intra-familiar, se há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastamento doagressor da moradia comum <strong>para</strong> a manutenção da criança ou adolescentena moradia em condições <strong>de</strong> proteção e segurança (Art. 130 do ECA);31


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesa superação dos motivos que levaram ao afastamento do convívio e o atendimentodas necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> cada situação. A elaboração <strong>de</strong>ste Plano <strong>de</strong> Atendimento<strong>de</strong>ve ser realizada em parceria com o Conselho Tutelar e, sempre que possível,com a equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong>. Tal Plano<strong>de</strong>verá partir das situações i<strong>de</strong>ntificadas no estudo diagnóstico inicial que embasouo afastamento do convívio familiar.Quando o acolhimento tiver sido realizado em caráter emergencial e/ou <strong>de</strong> urgência,sem estudo diagnóstico prévio, recomenda-se que este estudo seja realizado ematé vinte dias após o acolhimento, a fim <strong>de</strong> avaliar a real necessida<strong>de</strong> da medida ou apossibilida<strong>de</strong> imediata <strong>de</strong> retorno da criança ou adolescente ao convívio familiar. Seo acolhimento emergencial tiver sido realizado sem prévia <strong>de</strong>terminação da autorida<strong>de</strong>competente, esta <strong>de</strong>verá ser comunicada até o 2º dia útil imediato, conformeo Art. 93 do ECA.No caso <strong>de</strong> crianças e adolescentes acolhidos sem referência familiar, o fato <strong>de</strong>veser comunicado à Delegacia <strong>de</strong> Proteção à Criança e ao Adolescente ou, quandonão houver, à <strong>de</strong>legacia mais próxima. O serviço <strong>de</strong> acolhimento, em parceria com areferida <strong>de</strong>legacia, <strong>de</strong>ve consultar o Cadastro Nacional <strong>de</strong> Crianças e AdolescentesDesaparecidos 28 e outros Cadastros similares existentes nos Estados, a fim <strong>de</strong> verificarse não se trata <strong>de</strong> criança ou adolescente <strong>de</strong>saparecido. Nestes casos, tendo emvista a localização <strong>de</strong> pais ou responsáveis, <strong>de</strong>ve-se, ainda, por meio <strong>de</strong> métodosa<strong>de</strong>quados, buscar informações com a própria criança ou adolescente como, porexemplo: seu nome completo, ida<strong>de</strong>, nome <strong>de</strong> pessoas da família, escola on<strong>de</strong> estudava,bairro ou pontos <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> sua moradia, município <strong>de</strong> procedência,etc. Recomenda-se que estas informações sejam levantadas <strong>de</strong> modo gradativo noperíodo inicial do acolhimento, pois, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da ida<strong>de</strong>, a criança po<strong>de</strong> não selembrar <strong>de</strong> tais informações após certo período.Os cadastros <strong>de</strong> crianças e adolescentes <strong>de</strong>saparecidos <strong>de</strong>vem também ser consultadosno caso <strong>de</strong> crianças e adolescentes acolhidos que estejam em processo <strong>de</strong> saídada situação <strong>de</strong> rua. Nestas situações <strong>de</strong>ve-se buscar analisar junto à criança ou aoadolescente sua situação familiar, os motivos que levaram à saída <strong>de</strong> casa e o <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> retomada do contato com familiares, sobretudo com aqueles que a estiveremprocurando.A situação <strong>de</strong> todas aquelas crianças e adolescentes já acolhidos <strong>de</strong>ve também serrevista, <strong>de</strong> modo a garantir que todos estejam em acompanhamento. Para estas situações<strong>de</strong>ve-se também, na elaboração do Plano <strong>de</strong> Atendimento consi<strong>de</strong>rar os motivosdo afastamento e as intervenções realizadas até o momento, a partir dos quais<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>lineadas outras intervenções necessárias tendo em vista o alcance <strong>de</strong>soluções <strong>de</strong> caráter mais <strong>de</strong>finitivo <strong>para</strong> a criança e o adolescente.O Plano <strong>de</strong> Atendimento tem como objetivo orientar o trabalho <strong>de</strong> intervenção duranteo período <strong>de</strong> acolhimento, visando à superação das situações que ensejarama aplicação da medida. Deve basear-se em um levantamento das particularida<strong>de</strong>s,28Cadastro Nacional <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes Desaparecidos disponível em: www.<strong>de</strong>saparecidos.mj.gov.br. O cadastro tambémpossibilita a divulgação <strong>de</strong> informações acerca <strong>de</strong> crianças e adolescentes que procuram por suas famílias, representando importanteferramenta <strong>para</strong> esgotar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> localização da família <strong>de</strong> origem.33


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicaspotencialida<strong>de</strong>s e necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> cada caso e <strong>de</strong>linear estratégias <strong>para</strong>o seu atendimento. Tal levantamento constitui um estudo da situação que <strong>de</strong>ve contemplar,<strong>de</strong>ntre outros aspectos:• Motivos que levaram ao acolhimento e se já esteve acolhido neste ou emoutro serviço anteriormente, <strong>de</strong>ntre outros;• Configuração e dinâmica familiar, relacionamentos afetivos na família nucleare extensa, período do ciclo <strong>de</strong> vida familiar, dificulda<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>sda família no exercício <strong>de</strong> seu papel.• Condições sócio-econômicas, acesso a recursos, informações e serviços dasdiversas políticas públicas;• Demandas específicas da criança, do adolescente e <strong>de</strong> sua família que requeiramencaminhamentos imediatos <strong>para</strong> a re<strong>de</strong> (sofrimento psíquico,abuso ou <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool e outras drogas, etc.), bem como potencialida<strong>de</strong>sque possam ser estimuladas e <strong>de</strong>senvolvidas;• Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos sociais e vínculos institucionais da criança, doadolescente e da família, composta por pessoas significativas 29 na comunida<strong>de</strong>,colegas, grupos <strong>de</strong> pertencimento, ativida<strong>de</strong>s coletivas que freqüentamna comunida<strong>de</strong>, escola, instituições religiosas, etc.;• Violência e outras formas <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos na família, seus significadose possível transgeracionalida<strong>de</strong> 30 ;• Significado do afastamento do convívio e do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> acriança, o adolescente e a família;A partir <strong>de</strong>ste levantamento inicial <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidas estratégias <strong>de</strong> atuação quecontribuam <strong>para</strong> a superação dos motivos que levaram ao acolhimento. Tais estratégias<strong>de</strong>vem primar pelo fortalecimento dos recursos e das potencialida<strong>de</strong>s da família(nuclear ou extensa), da criança, do adolescente, da comunida<strong>de</strong> e da re<strong>de</strong> local, afim <strong>de</strong> possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um trabalho que possa conduzir a soluções<strong>de</strong> caráter mais <strong>de</strong>finitivo, como a reintegração familiar, a colocação sob cuidados<strong>de</strong> pessoa significativa da comunida<strong>de</strong> ou, quando essa se mostrar a alternativa quemelhor atenda ao superior interesse da criança e do adolescente, o encaminhamento<strong>para</strong> adoção. Quando se tratar <strong>de</strong> adolescente com ida<strong>de</strong> próxima à maiorida<strong>de</strong>com remotas perspectivas <strong>de</strong> colocação em família substituta <strong>de</strong>vem ser viabilizadasações <strong>de</strong>stinadas à pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> a vida autônoma.O Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar <strong>de</strong>ve orientar as intervenções a serem<strong>de</strong>senvolvidas <strong>para</strong> o acompanhamento <strong>de</strong> cada caso, <strong>de</strong>vendo contemplar, <strong>de</strong>ntreoutras, estratégias <strong>para</strong>:• <strong>de</strong>senvolvimento saudável da criança e do adolescente durante o período <strong>de</strong>acolhimento: encaminhamentos necessários <strong>para</strong> serviços da re<strong>de</strong> (saú<strong>de</strong>,29É aquela com quem a criança ou adolescente tem laços afetivos ou com quem estabeleceu relações <strong>de</strong> confiança, que garanta proteçãoe cuidado.30Caracteriza a passagem <strong>de</strong> uma geração a outra <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> lidar com as crises, que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do recurso da famílianuclear, “mas também dos legados familiares, ou seja, a forma como as outras gerações resolveram as mesmas crises”. PENSO, Maria Aparecida;COSTA, Liana F. (Orgs.). A transmissão geracional em diferentes contextos. São Paulo: Summus, 2008.34


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescenteseducação, assistência social, esporte, cultura e outros); ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento da autonomia; acompanhamento da situação escolar;preservação e fortalecimento da convivência comunitária e das re<strong>de</strong>s sociais<strong>de</strong> apoio; construção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida; relacionamentos e interaçãono serviço <strong>de</strong> acolhimento – educadores/cuidadores, <strong>de</strong>mais profissionais ecolegas; pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> ingresso no mundo do trabalho, etc;• investimento nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração familiar: fortalecimento dosvínculos familiares e das re<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> apoio; acompanhamento da família,em parceria com a re<strong>de</strong>, visando à superação dos motivos que levaramao acolhimento; potencialização <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sempenho dopapel <strong>de</strong> cuidado e proteção; gradativa participação nas ativida<strong>de</strong>s que envolvama criança e o adolescente; etc. Nos casos <strong>de</strong> crianças e adolescentesem processo <strong>de</strong> saída da rua <strong>de</strong>ve-se,ainda, buscar a i<strong>de</strong>ntificação dos familiares,dos motivos que conduziram à situação <strong>de</strong> rua e se há motivação epossibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a retomada da convivência familiar;• acesso da família, da criança ou adolescente a serviços, programas e ações dasdiversas políticas públicas e do terceiro setor que contribuam <strong>para</strong> o alcance <strong>de</strong>condições favoráveis ao retorno ao convívio familiar 31 ;• investimento nos vínculos afetivos com a família extensa e <strong>de</strong> pessoas significativasda comunida<strong>de</strong>: fortalecimento das vinculações afetivas e do papelna vida da criança e do adolescente; apoio aos cuidados com a criança ouadolescente no caso <strong>de</strong> reintegração familiar ou até mesmo responsabilizaçãopor seu acolhimento;• encaminhamento <strong>para</strong> adoção quando esgotadas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> retornoao convívio familiar: articulação com o Po<strong>de</strong>r Judiciário e o Ministério Público<strong>para</strong> viabilizar, nestes casos, o cadastramento <strong>para</strong> adoção. Des<strong>de</strong> quehaja supervisão do Po<strong>de</strong>r Judiciário, uma estratégia que po<strong>de</strong> ser empreendidatambém pelos serviços <strong>de</strong> acolhimento, em parceria com Grupos <strong>de</strong>Apoio à Adoção ou similares, diz respeito à busca ativa <strong>de</strong> famílias <strong>para</strong> aadoção <strong>de</strong> crianças e adolescentes com perfil <strong>de</strong> difícil colocação familiar.A elaboração do Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar <strong>de</strong>ve envolver uma escutaqualificada da criança, do adolescente e <strong>de</strong> sua família, bem como <strong>de</strong> pessoasque lhes sejam significativas em seu convívio, <strong>de</strong> modo a compreen<strong>de</strong>r a dinâmicafamiliar e as relações estabelecidas com o contexto. É necessário que a criança, oadolescente e as famílias tenham papel ativo nesse processo e possam, junto aostécnicos e <strong>de</strong>mais integrantes da re<strong>de</strong>, pensar nos caminhos possíveis <strong>para</strong> a superaçãodas situações <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos, participando da <strong>de</strong>finiçãodos encaminhamentos, intervenções e procedimentos que possam contribuir <strong>para</strong>31Imediatamente após a entrada da criança ou adolescente no serviço <strong>de</strong> acolhimento a família <strong>de</strong>ve ser encaminhada ao órgão responsávelpela gestão do CadÚnico no município, <strong>para</strong> que seja realizado seu cadastramento ou revisão cadastral, ressaltando-se a importância<strong>de</strong> preenchimento do campo 3.09, indicado a presença no grupo familiar <strong>de</strong> criança ou adolescente institucionalizado.35


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicaso atendimento <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>mandas. Também <strong>de</strong>vem ser ouvidos outros profissionaisque porventura estejam aten<strong>de</strong>ndo ou tenham atendido a criança, o adolescenteou a família, como nos casos <strong>de</strong> acompanhamento por equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, <strong>de</strong>outros serviços da re<strong>de</strong> socioassistencial e da escola, <strong>de</strong>ntre outros.Os Planos <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar <strong>de</strong>verão ser encaminhados <strong>para</strong>conhecimento do Sistema <strong>de</strong> Justiça e do Conselho Tutelar, em prazo previamenteacordado. Tais órgãos <strong>de</strong>vem acompanhar as intervenções realizadas com a família,sendo acionados quando necessária a aplicação <strong>de</strong> outras medidas protetivas <strong>para</strong>assegurar o acesso da criança, do adolescente ou da família aos serviços disponíveisna re<strong>de</strong> (ECA, Art. 101, Inciso I a VI).O <strong>de</strong>senvolvimento das ações do Plano <strong>de</strong> Atendimento <strong>de</strong>ve ser realizado <strong>de</strong> modoarticulado com os <strong>de</strong>mais órgãos e serviços que estejam acompanhando a família, acriança ou o adolescente (escola, Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> daFamília, CAPS, CREAS, CRAS, programas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> trabalho e renda, etc.), a fim<strong>de</strong> que o trabalho conduza, no menor tempo necessário, a uma resposta <strong>de</strong>finitiva<strong>para</strong> a criança e o adolescente, que não seja re-vitimizadora ou precipitada. Paratanto, <strong>de</strong>verão ser realizadas reuniões periódicas <strong>para</strong> estudo <strong>de</strong> cada caso pelosprofissionais envolvidos, <strong>para</strong> acompanhamento da evolução do atendimento, verificaçãodo alcance dos objetivos acordados, avaliação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revisão doPlano <strong>de</strong> Atendimento e elaboração <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> ação que possam respon<strong>de</strong>ràs novas situações surgidas durante o atendimento. As conclusões resultantes <strong>de</strong>tais reuniões servirão, inclusive, <strong>de</strong> subsídio <strong>para</strong> a elaboração <strong>de</strong> relatórios semestraisa serem enviados à autorida<strong>de</strong> judiciária e ao Ministério Público.Os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem construir uma sistemática <strong>de</strong> atendimento quepossibilite o início da elaboração do Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiarimediatamente após o acolhimento da criança ou adolescente, <strong>para</strong> que se alcancem,no menor tempo necessário, soluções <strong>de</strong> caráter mais <strong>de</strong>finitivo. Cabe ressaltar,finalmente, que a ênfase do Plano <strong>de</strong> Atendimento <strong>de</strong>ve ser na construção <strong>de</strong> estratégias<strong>para</strong> o atendimento, <strong>de</strong> modo a não transformá-lo em mera formalida<strong>de</strong>. Umregistro sintético do Plano <strong>de</strong> Atendimento não <strong>de</strong>ve, ainda, significar sua limitaçãoàs estratégias inicialmente elaboradas, <strong>de</strong>vendo-se garantir que seja sempre dinâmicoe aberto a mudanças, reformulações e aprimoramento, baseado nas intervençõesrealizadas e em seus resultados.3.3 Acompanhamento da Família <strong>de</strong> OrigemA implementação <strong>de</strong> uma sistemática <strong>de</strong> acompanhamento da situação familiar,iniciada imediatamente após o acolhimento, é fundamental, pois, com o passar dotempo, tanto as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração familiar, quanto <strong>de</strong> adoção po<strong>de</strong>mtornar-se mais difíceis. O prolongamento do afastamento da criança ou adolescentepo<strong>de</strong> provocar enfraquecimento dos vínculos com a família, perda <strong>de</strong> referênciasdo contexto e <strong>de</strong> valores familiares e comunitários, exigindo pre<strong>para</strong>çãoainda mais cuidadosa no caso <strong>de</strong> reintegração familiar. Do mesmo modo, o prolongamento<strong>de</strong>snecessário do encaminhamento <strong>para</strong> adoção, nas situações emque esta constitui a melhor medida <strong>para</strong> a criança ou adolescente, po<strong>de</strong> reduzir36


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesconsi<strong>de</strong>ravelmente as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colocação familiar, em virtu<strong>de</strong> das dificulda<strong>de</strong>sobservadas no contexto brasileiro <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> adoções <strong>de</strong> criançasmaiores e <strong>de</strong> adolescentes.Dar início ao acompanhamento da situação familiar imediatamente após a chegadada criança ou adolescente é importante, ainda, <strong>para</strong> que a equipe técnica possa, nomenor tempo possível, fazer sua análise quanto a real necessida<strong>de</strong> do acolhimento.Caso conclua que a manutenção do afastamento da criança ou adolescente do convíviofamiliar não é necessária, a equipe técnica responsável pelo acompanhamento<strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r aos encaminhamentos <strong>para</strong> viabilizar a imediata reintegração. Nestassituações a família também <strong>de</strong>verá ser informada do seu direito a questionar oafastamento e requerer, junto à Justiça, por intermédio <strong>de</strong> advogado nomeado ouDefensor Público, a reintegração da criança ou adolescente (ECA, Art. 141) 32 .Nos serviços on<strong>de</strong> porventura haja crianças e adolescentes já acolhidos cuja situaçãofamiliar não esteja sendo acompanhada, a equipe técnica <strong>de</strong>ve também iniciarestes acompanhamentos, buscando soluções que contribuam <strong>para</strong> assegurar a excepcionalida<strong>de</strong>e a provisorieda<strong>de</strong> do acolhimento. O acompanhamento da situaçãofamiliar, nestas situações, é fundamental <strong>para</strong> se i<strong>de</strong>ntificar:• crianças e adolescentes que permanecem acolhidos unicamente pela situação<strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong> suas famílias: situação que exige o investimento imediato emestratégias <strong>para</strong> seu retorno ao convívio familiar;• crianças e adolescente, ou membros da família, com direito, mas sem acessoao BPC. Nestes casos <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r ao encaminhamento <strong>para</strong> o CRAS- ou órgão gestor responsável - <strong>para</strong> seu cadastramento no Benefício, <strong>de</strong>vendotal medida ser acompanhada do investimento nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>reintegração;• crianças e adolescentes sem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração ao convívio familiar(família nuclear ou extensa): situação que exige imediatos encaminhamentos<strong>para</strong> o Sistema <strong>de</strong> Justiça, <strong>para</strong> o cadastramento <strong>para</strong> adoção e aDestituição do Po<strong>de</strong>r Familiar.A intervenção profissional na etapa inicial do acompanhamento <strong>de</strong>ve proporcionar,<strong>de</strong> modo construtivo, a conscientização por parte da família <strong>de</strong> origem dos motivosque levaram ao afastamento da criança e/ou do adolescente e das conseqüênciasque po<strong>de</strong>m advir do fato. Esta conscientização é fundamental <strong>para</strong> que as próximasetapas possam ser planejadas, com acordos firmados entre serviço e família, comvistas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações pró-ativas que contribuam <strong>para</strong> a superação <strong>de</strong>situações adversas ou padrões violadores que possam ter levado ao afastamento.A equipe técnica do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve, ainda, acompanhar o trabalho<strong>de</strong>senvolvido com a família na re<strong>de</strong> local, mantendo-a informada, inclusive, a respeito<strong>de</strong> possíveis <strong>de</strong>cisões por parte da Justiça.32O Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> po<strong>de</strong> também recorrer a advogado ou <strong>de</strong>fensor público quando consi<strong>de</strong>rar que, apesar <strong>de</strong> fundamentada,a reintegração ou o cadastro da criança ou adolescente <strong>para</strong> adoção está sendo obstado pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário.37


Capítulo II | 3. Orientações MetodológicasDevem ser firmados acordos entre o serviço <strong>de</strong> acolhimento, a equipe <strong>de</strong> supervisãoe apoio aos serviços <strong>de</strong> acolhimento - ligada ao órgão gestor da Assistência Social - aequipe técnica do Po<strong>de</strong>r Judiciário e os <strong>de</strong>mais serviços da re<strong>de</strong> das diversas políticaspúblicas, incluindo os não-governamentais, a fim <strong>de</strong> promover a articulação dasações <strong>de</strong> acompanhamento à família, além <strong>de</strong> reuniões periódicas <strong>para</strong> discussão eacompanhamento dos casos.Durante o período <strong>de</strong> acolhimento, o serviço <strong>de</strong>verá encaminhar relatórios <strong>para</strong> aJustiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong> com periodicida<strong>de</strong> mínima semestral, <strong>de</strong> modoa subsidiar o acompanhamento da situação jurídico-familiar <strong>de</strong> cada criança/adolescentee a avaliação por parte da Justiça da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reintegração familiarou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento <strong>para</strong> família substituta, sobretudo nos casosem que o prognóstico <strong>de</strong> permanência da criança e do adolescente no serviço <strong>de</strong>acolhimento for <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois anos.No trabalho com a família <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas tanto as questões objetivas 33 ,quanto subjetivas 34 . Consi<strong>de</strong>rar essas duas dimensões, objetiva e subjetiva, é importante<strong>para</strong> apoiar a família no processo <strong>de</strong> reintegração e prevenir novos afastamentos.Ressalte-se que lidar com questões objetivas é fundamental <strong>para</strong> prevenirsituações que possam gerar uma tensão excessiva na família, em função do processo<strong>de</strong> exclusão social ou das dificulda<strong>de</strong>s reais <strong>para</strong> conciliar o cuidado com a criança eo adolescente e a sobrevivência do núcleo familiar. Tais situações po<strong>de</strong>m dificultar,inclusive, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações afetivas que contribuam <strong>para</strong> o exercício<strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> proteção e cuidados.Diversas técnicas po<strong>de</strong>m ser utilizadas no acompanhamento às famílias, como, por exemplo:• Estudo <strong>de</strong> caso: reflexão coletiva que <strong>de</strong>ve partir das informações disponíveissobre a família e incluir resultados das intervenções realizadas. Na medida dopossível <strong>de</strong>ve ser realizado com a participação dos profissionais do serviço <strong>de</strong>acolhimento, da equipe <strong>de</strong> supervisão do órgão gestor, da Justiça da Infância eda Juventu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> outros serviços da re<strong>de</strong> que acompanhem a família;• Entrevista individual e familiar: estratégia importante, particularmente nosprimeiros contatos com a família e seus membros, que permite avaliar a expectativada família quanto à reintegração familiar e elaborar conjuntamenteo Plano <strong>de</strong> Atendimento. Esse instrumento também po<strong>de</strong> ser utilizado<strong>para</strong> abordar outras questões específicas, <strong>para</strong> aprofundar o conhecimentosobre a família e <strong>para</strong> fortalecer a relação <strong>de</strong> confiança com o serviço. Nasentrevistas po<strong>de</strong>m ser realizados, ainda, o genograma 35 , o mapa <strong>de</strong> re<strong>de</strong>social 36 , <strong>de</strong>ntre outras técnicas.33Encaminhamento <strong>para</strong> serviços da re<strong>de</strong>; fortalecimento das alternativas <strong>para</strong> gerar renda e garantir a sobrevivência da família; e organização<strong>de</strong> estratégias <strong>para</strong> conciliar cuidados com a criança e o adolescente, afazeres doméstico e trabalho (formal ou informal), <strong>de</strong>nte outras.34Relações familiares, formas <strong>de</strong> comunicação, significado da violência na família e do afastamento da criança ou adolescente do convívio,<strong>de</strong>ntre outras.35É um mapa que, por meio <strong>de</strong> símbolos pre<strong>de</strong>finidos, oferece um esquema <strong>de</strong> uma família ao longo <strong>de</strong> várias gerações, lembrandouma árvore genealógica. Permite mostrar graficamente gran<strong>de</strong>s etapas do ciclo <strong>de</strong> vida familiar, além dos movimentos emocionais a elesassociados.36Mapa <strong>de</strong> re<strong>de</strong> social - Permite i<strong>de</strong>ntificar a composição e o tipo <strong>de</strong> relação entre os componentes das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um indivíduo ou38


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes• Grupo com famílias: <strong>de</strong>ntre outros aspectos, favorece a comunicação com afamília, a troca <strong>de</strong> experiências entre famílias e a aprendizagem e o apoiomútuos. Possibilita a reflexão sobre as relações familiares e responsabilida<strong>de</strong>sda família na garantia dos direitos <strong>de</strong> seus membros e sobre os aspectosconcernentes ao acolhimento. Constitui importante estratégia <strong>para</strong> potencializaçãodos recursos da família <strong>para</strong> o engajamento nas ações necessárias<strong>para</strong> retomada do convívio familiar com a criança ou adolescente;• Grupo Multifamiliar: espaço importante <strong>para</strong> trocas <strong>de</strong> experiências, reflexões ediscussão com as famílias, incluindo a participação <strong>de</strong> crianças e adolescentesacolhidos. O Grupo Multifamiliar permite a compreensão <strong>de</strong> diferentes pontos<strong>de</strong> vista dos relacionamentos familiares e das diferenças entre gerações 37 .• Visita Domiciliar: importante recurso <strong>para</strong> conhecer o contexto e a dinâmicafamiliar e i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>mandas, necessida<strong>de</strong>s, vulnerabilida<strong>de</strong>s e riscos.Referenciada no princípio do respeito à privacida<strong>de</strong>, a visita possibilita umaaproximação com a família e a construção <strong>de</strong> um vínculo <strong>de</strong> confiança, necessário<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho 38 .• Orientação individual, grupal e familiar: intervenções que têm como objetivoinformar, esclarecer e orientar pais e responsáveis sobre diversos aspectos,como a medida <strong>de</strong> proteção aplicada e os procedimentos <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correntes.Deve pautar-se em uma metodologia participativa que possibilite aparticipação ativa da família;• Encaminhamento e acompanhamento <strong>de</strong> integrantes da família à re<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>acordo com <strong>de</strong>mandas i<strong>de</strong>ntificadas: psicoterapia, tratamento <strong>de</strong> uso, abusoou <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool e outras drogas, outros tratamentos na área <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, geração <strong>de</strong> trabalho e renda, educação <strong>de</strong> jovens e adultos, etc.Como resultado <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> forma geral o acompanhamento familiar <strong>de</strong>vecontribuir <strong>para</strong>:• A acolhida da família, a compreensão <strong>de</strong> sua dinâmica <strong>de</strong> funcionamento,valores e cultura;• A conscientização por parte da família <strong>de</strong> sua importância <strong>para</strong> a criança eo adolescente e das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>finitivas que po<strong>de</strong>m vir a ser tomadas porparte da Justiça, baseadas no fato da criança e do adolescente serem <strong>de</strong>stinatários<strong>de</strong> direitos;• A compreensão das estratégias <strong>de</strong> sobrevivência adotadas pela família edas dificulda<strong>de</strong>s encontradas <strong>para</strong> prestar cuidados à criança e ao adolescentee <strong>para</strong> ter acesso às políticas públicas;família. SANICOLA, Lia. As dinâmicas <strong>de</strong> re<strong>de</strong> e o trabalho social. São Paulo: Veras editora, 2008. SLUZKI, Carlos E. A re<strong>de</strong> social na práticasistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.37COSTA, L.F; RIBEIRO, M.A. (Orgs.). Família e problemas na Contemporaneida<strong>de</strong>: Reflexões e Intervenções do Grupo Socius. 1. ed. Brasília:Universa, 2004.38COSTA, L.F. & BRANDÃO, S.N. Abordagem Clínica no contexto comunitário: uma perspectiva integradora. Psicologia & Socieda<strong>de</strong>, 17(2), 33-41, 2005.39


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas• A reflexão por parte da família acerca <strong>de</strong> suas responsabilida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> sua dinâmica<strong>de</strong> relacionamento intra-familiar e <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> relacionamentosque violem direitos;• O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas estratégias <strong>para</strong> a resolução <strong>de</strong> conflitos;• O fortalecimento da auto-estima e das competências da família, <strong>de</strong> modoa estimular sua resiliência, ou seja, o aprendizado com a experiência e apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superação dos <strong>de</strong>safios;• O fortalecimento da autonomia, tanto do ponto <strong>de</strong> vista sócio-econômico,quanto do ponto <strong>de</strong> vista emocional, <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>sque viabilizem a retomada do convívio com a criança e o adolescente.• O fortalecimento das re<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> apoio da família;• O fortalecimento das alternativas <strong>para</strong> gerar renda e <strong>para</strong> garantir a sobrevivênciada família.Além das questões da metodologia do trabalho, as crenças dos profissionais acercadas famílias e o modo como se relacionam com as mesmas, também influenciam osresultados das intervenções. Assim, é preciso estar atento à:• Postura <strong>de</strong> respeito à diversida<strong>de</strong>, aos diferentes arranjos familiares e àsdistintas estratégias às quais as famílias po<strong>de</strong>m recorrer <strong>para</strong> lidar com situaçõesadversas. Diversas experiências têm <strong>de</strong>monstrado que o trabalhobem-sucedido <strong>de</strong> reintegração familiar está fortemente associado à possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um vínculo <strong>de</strong> referência significativo da famíliacom profissionais que a acompanhem, aos quais possa recorrer, inclusive,em momentos <strong>de</strong> crise no período pós-reintegração. O fortalecimento dosrecursos da família <strong>para</strong> cuidar da criança e do adolescente está fortementeassociado às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sentir-se também acolhida e cuidada.• A crença por parte dos profissionais nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reconstrução dasrelações, também representa aspecto que po<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o fortalecimentoda confiança da família em sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se responsabilizarnovamente pelos cuidados à criança e ao adolescente e superar os motivosque conduziram ao afastamento.O acompanhamento da família <strong>de</strong>ve ser sistemático <strong>para</strong> que, em um prazo <strong>de</strong> atédois anos 39 , seja possível viabilizar o retorno da criança ou adolescente ao convíviocom sua família ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento <strong>para</strong> família substituta.A questão do tempo <strong>de</strong> permanência no serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser umdos eixos principais da avaliação acerca da medida que melhor aten<strong>de</strong> ao interesseda criança e do adolescente. Nesse sentido, há que se consi<strong>de</strong>rar os prejuízos ao<strong>de</strong>senvolvimento da criança e do adolescente que possam advir tanto da perma-39Este prazo não <strong>de</strong>ve, em nenhuma hipótese, reverter-se em <strong>de</strong>sligamentos prematuros, motivados pelas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalhocom a família ou com a criança e o adolescente. Nenhuma criança ou adolescente <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sligado do serviço sem uma pre<strong>para</strong>çãoprévia a<strong>de</strong>quada.40


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesnência prolongada quanto <strong>de</strong> um rompimento <strong>de</strong>finitivo dos vínculos com a família<strong>de</strong> origem. A questão do tempo <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração, sobretudo, a ida<strong>de</strong> dacriança e do adolescente e o significado da privação do convívio familiar na etapa dociclo <strong>de</strong> vida na qual se encontram.Embora o tempo <strong>de</strong>va ser um eixo central, as <strong>de</strong>cisões não po<strong>de</strong>m ser prematuras outomadas <strong>de</strong> modo precipitado. Quando isso ocorre sem uma pre<strong>para</strong>ção a<strong>de</strong>quada dacriança, do adolescente e da família, a reintegração familiar po<strong>de</strong> ser conflituosa e acabarresultando em um novo afastamento do lar <strong>de</strong> origem. Nos casos <strong>de</strong> colocação emfamília substituta (adoção, guarda ou tutela), a falta <strong>de</strong> uma pre<strong>para</strong>ção a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>todos os envolvidos po<strong>de</strong> conduzir também a situações que dificultem a construção davinculação afetiva, resultando em retorno ao serviço <strong>de</strong> acolhimento. É importante, portanto,que um acompanhamento sistemático possibilite a inserção familiar no menortempo necessário, mas com pre<strong>para</strong>ção a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> todos os envolvidos.Quando o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho <strong>de</strong> acompanhamento familiar indicar apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reintegração da criança ou adolescente à sua família, nuclear ouextensa, a equipe técnica do serviço <strong>de</strong> acolhimento, em parceria com a equipe responsávelpela supervisão dos serviços <strong>de</strong> acolhimento (ligada ao órgão gestor daAssistência Social) e, sempre que possível, a equipe interprofissional da Justiça daInfância e da Juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá elaborar estratégias <strong>para</strong> a reintegração familiar quecontemplem os encaminhamentos necessários <strong>para</strong> viabilizar o retorno seguro dacriança ou adolescente à sua família e o fortalecimento <strong>de</strong>sta <strong>para</strong> o exercício <strong>de</strong> seupapel <strong>de</strong> cuidado e proteção.Para <strong>de</strong>cidir se a reintegração é a melhor medida também <strong>de</strong>vem ser ouvidos, acriança e o adolescente, por meios a<strong>de</strong>quados 40 , bem como suas famílias e os educadores/cuidadoresou famílias acolhedoras. Para o trabalho com vistas à reintegraçãofamiliar e <strong>de</strong>cisão acerca da melhor medida <strong>para</strong> a criança ou adolescente, é importanteconsi<strong>de</strong>rar, ainda, <strong>de</strong>ntre outros, os seguintes aspectos:• as reações da criança, do adolescente e da família ao afastamento e ao acolhimentono serviço;• a vinculação afetiva e a motivação mútua da família, da criança e do adolescentepela continuida<strong>de</strong> da relação afetiva e retomada do convívio;• se os encaminhamentos realizados foram viabilizados e qual tem sido a respostada família, da criança e do adolescente aos mesmos;• se há, por parte da família, conscientização dos motivos que levaram ao afastamentoda criança ou adolescente e motivação <strong>para</strong> superá-los;• se há movimento <strong>de</strong> mudança nos padrões <strong>de</strong> relacionamento entre osmembros da família e <strong>de</strong>sta com a comunida<strong>de</strong> e instituições sociais;• se existem membros da família (nuclear ou extensa) que possam se responsabilizare compartilhar os cuidados com a criança e o adolescente;40Po<strong>de</strong>m ser realizadas ativida<strong>de</strong>s lúdicas como jogos, leitura e construção <strong>de</strong> estórias, <strong>de</strong>senhos, dramatizações <strong>de</strong> situações próximasàs reais, <strong>de</strong>ntre outras estratégias que garantam a escuta da criança e do adolescente, <strong>de</strong> acordo com sua etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>forma a respeitar e validar os conteúdos apresentados.41


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas• se a família possui re<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> apoio da família: vinculações significativasda família com pessoas da comunida<strong>de</strong> e serviços que possam apoiaros cuidados à criança e ao adolescente.Quando a reintegração familiar for consi<strong>de</strong>rada a melhor medida, a pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong>o retorno <strong>de</strong>verá incluir uma crescente participação da família na vida da criança edo adolescente, inclusive no cumprimento das responsabilida<strong>de</strong>s parentais. Nessesentido, <strong>de</strong>ve ser propiciada a inserção da família em ativida<strong>de</strong>s que envolvam acriança e o adolescente como, por exemplo, reuniões escolares, consultas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,comemoração do aniversário, ativida<strong>de</strong>s na comunida<strong>de</strong>, escola, etc. Do mesmomodo, a criança e o adolescente <strong>de</strong>vem ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reinserção gradualno contexto <strong>de</strong> origem, passando finais <strong>de</strong> semana ou datas comemorativasna casa da família, por exemplo. Nesse momento é importante, ainda, que sejamfortalecidas as re<strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> apoio da família, fundamentais <strong>para</strong> o exercício <strong>de</strong>seu papel <strong>de</strong> cuidadora.É importante <strong>de</strong>stacar que a reintegração com familiares com os quais a criança eo adolescente não possuam vínculo afetivo 41 <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente avaliada,não <strong>de</strong>vendo ser conduzida meramente com base em uma “supervalorização doslaços consangüíneos”. Nesses casos, <strong>de</strong>ve-se avaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>vinculações significativas e <strong>de</strong> aceitação mútua do convívio, <strong>para</strong> se <strong>de</strong>cidir quantoà melhor alternativa a ser recomendada à autorida<strong>de</strong> judiciária: reintegração comfamília extensa, colocação com pessoa significativa da comunida<strong>de</strong> ou adoção.Quando a colocação com familiar sem vinculação prévia representar a melhor medida,<strong>de</strong>ve-se pre<strong>para</strong>r previamente todos os envolvidos, por meio <strong>de</strong> uma gradativaaproximação que possibilite a construção da vinculação afetiva, fundamental <strong>para</strong>prevenir situações futuras <strong>de</strong> rejeição e, até mesmo, <strong>de</strong> retorno da criança ou adolescenteao serviço <strong>de</strong> acolhimento.Após a reintegração familiar é importante que o período <strong>de</strong> adaptação mútua entrecriança/adolescente e família seja acompanhado por pelo menos seis meses, após osquais <strong>de</strong>verá avaliar-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua continuida<strong>de</strong>. Nesse momento, <strong>de</strong>vidoàs mudanças ocorridas em cada um dos membros durante o período do afastamentoe o <strong>de</strong>scompasso entre expectativas construídas e realida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m ocorrer entreos integrantes da família insegurança e conflitos na relação <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>readaptação da rotina e regas familiares. Por isso é preciso que sejam <strong>de</strong>senvolvidasestratégias <strong>para</strong> conciliar os cuidados com a criança e o adolescente com as <strong>de</strong>maisresponsabilida<strong>de</strong>s da família.O acompanhamento psicossocial nesse momento é fundamental <strong>para</strong> auxiliar a família,a criança e o adolescente a construírem novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> estaremjuntos, apesar da se<strong>para</strong>ção vivida. O apoio profissional será fundamental, ainda,<strong>para</strong> que a família se aproprie <strong>de</strong> novos padrões <strong>de</strong> relacionamento mais saudáveise favorecedores do <strong>de</strong>senvolvimento. A <strong>de</strong>finição quanto ao órgão responsávelpelo acompanhamento no período após a reintegração familiar <strong>de</strong>verá ser objeto <strong>de</strong>41Familiares com vínculos consangüíneos, mas que não conviveram até então com a criança ou adolescente ou, ainda, tiveram apenascontatos superficiais insuficientes <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> cuidado e afeto.42


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesacordo formal entre os serviços <strong>de</strong> acolhimento, o órgão gestor da Assistência Sociale a Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong>. Tal <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração aestrutura e a capacida<strong>de</strong> técnica dos serviços da re<strong>de</strong> local, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>signada<strong>para</strong> esse fim a equipe técnica dos serviços <strong>de</strong> acolhimento, a equipe responsávelpela supervisão dos serviços <strong>de</strong> acolhimento, o CREAS 42 , ou até mesmo o CRAS ououtro serviço <strong>de</strong> atendimento sociofamiliar existente no Município.Nos casos em que forem esgotadas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração familiar (famílianuclear ou extensa), a equipe técnica do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>verá elaborare enviar à autorida<strong>de</strong> judiciária relatório circunstanciado on<strong>de</strong> sejam relatadasa situação familiar da criança ou adolescente, as intervenções realizadas com vistasà reintegração familiar e os resultados obtidos, sugerindo a Destituição do Po<strong>de</strong>rFamiliar e a inserção da criança ou adolescente no cadastro <strong>para</strong> adoção.Nos casos <strong>de</strong> encaminhamento <strong>para</strong> adoção, <strong>de</strong>ve ser realizado um planejamentopor parte da equipe do serviço <strong>de</strong> acolhimento, da Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong>e, on<strong>de</strong> houver, do Grupo <strong>de</strong> Apoio à Adoção, com vistas à pre<strong>para</strong>ção prévia<strong>de</strong> todos os envolvidos e a aproximação gradativa dos adotantes e da criança/adolescente.Além da pre<strong>para</strong>ção dos adotantes e da criança/adolescente, o educador/cuidador ou a família acolhedora <strong>de</strong>verá também ser incluído no processo, sendo,inclusive, orientado quanto à pre<strong>para</strong>ção da criança/adolescente <strong>para</strong> a adoção.Particularmente em relação ao encaminhamento <strong>para</strong> família substituta, constituipapel, ainda, a ser <strong>de</strong>senvolvido em parceria entre o serviço <strong>de</strong> acolhimento, Po<strong>de</strong>rJudiciário e Grupos <strong>de</strong> Apoio à Adoção, a busca ativa <strong>de</strong> famílias <strong>para</strong> aquelas criançase adolescentes com perfil <strong>de</strong> difícil colocação em adoção.É <strong>de</strong> fundamental importância que o órgão gestor da Política <strong>de</strong> Assistência Social,o Po<strong>de</strong>r Judiciário e o Ministério Público estabeleçam, <strong>de</strong> forma pactuada com os<strong>de</strong>mais operadores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhida, fluxos, prazos e procedimentos que viabilizemno menor tempo possível, tão logo haja recomendação técnica, a reintegraçãofamiliar ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento <strong>para</strong> família substituta.É importante que sejam implementadas as medidas necessárias em cada localida<strong>de</strong><strong>para</strong> o fortalecimento das condições <strong>para</strong> o acompanhamento sistemático da situaçãofamiliar, <strong>de</strong> modo a prevenir que a fragilida<strong>de</strong> na re<strong>de</strong> local conduza à freqüenteinsegurança por parte dos profissionais <strong>para</strong> tomar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>finitivas sobre o futuroda criança e do adolescente. Devem-se criar condições e conscientização por partedos envolvidos acerca da importância <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>licadas, mas necessárias.A criança e o adolescente não po<strong>de</strong>m permanecer por tempo in<strong>de</strong>finido no serviço<strong>de</strong> acolhimento em razão da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir condições locais favoráveis<strong>para</strong> essa tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.42Centro <strong>de</strong> Referência Especializado <strong>de</strong> Assistência Social (CREAS) - Unida<strong>de</strong> pública estatal <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços especializadose continuados a indivíduos e famílias com seus direitos violados. Deve articular os serviços <strong>de</strong> média complexida<strong>de</strong> do SUAS e operar areferência e a contra-referência com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica e Especial, com as <strong>de</strong>mais políticaspúblicas e instituições que compõem o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos, bem como com os movimentos sociais.43


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas3.4 Articulação IntersetorialOs Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> integram o Sistema Único <strong>de</strong> Assistência Social (SUAS),tendo interface com outros serviços da re<strong>de</strong> socioassistencial, quanto com <strong>de</strong>maisórgãos do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos. Sua atuação <strong>de</strong>ve basear-se no princípioda incompletu<strong>de</strong> institucional, não <strong>de</strong>vendo ofertar em seu interior ativida<strong>de</strong>s quesejam da competência <strong>de</strong> outros serviços. A proteção integral a que têm direito ascrianças e os adolescentes acolhidos <strong>de</strong>ve ser viabilizada por meio da utilização <strong>de</strong>equipamentos comunitários e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços local.Dessa forma, <strong>para</strong> que as intervenções realizadas junto às crianças e aos adolescentesacolhidos e suas famílias sejam efetivas, é necessário que haja uma estreitaarticulação entre os diversos órgãos envolvidos no seu atendimento. Assim, <strong>para</strong>fortalecer a complementarida<strong>de</strong> das ações e evitar sobreposições, é importante queesta articulação proporcione o planejamento e o <strong>de</strong>senvolvimento conjunto <strong>de</strong> estratégias<strong>de</strong> intervenção, sendo <strong>de</strong>finido o papel <strong>de</strong> cada instância que compõe are<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços local e o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos, na busca <strong>de</strong> um objetivocomum.3.4.1 Articulação no âmbito do Sistema Único <strong>de</strong> AssistênciaSocial - SUASPara a garantia <strong>de</strong> um atendimento <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> às crianças e aos adolescentesacolhidos e às suas famílias, os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem funcionar <strong>de</strong> formaarticulada com os <strong>de</strong>mais serviços da re<strong>de</strong> socioassistencial local. Tal articulaçãopossibilitará a inserção dos usuários nos <strong>de</strong>mais serviços, programas e ações que integramo SUAS, que se fizerem necessários ao atendimento às <strong>de</strong>mandas específicas<strong>de</strong> cada caso, favorecendo a integração comunitária e social dos usuários.Como exemplo, po<strong>de</strong>-se citar a inserção <strong>de</strong> crianças e adolescentes acolhidos – ou reintegradosao convívio familiar – em ativida<strong>de</strong>s socioeducativas e <strong>de</strong> convivência ofertadaspela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção social básica, que po<strong>de</strong> ser-lhes particularmente benéfica.Nessa direção, cabe <strong>de</strong>stacar também que os adolescentes em serviços <strong>de</strong> acolhimentoou egressos <strong>de</strong>stes serviços constituem um dos públicos prioritários <strong>de</strong> diversos programascomo, por exemplo, o Projovem Adolescente 43 . O encaminhamento <strong>para</strong> esteprograma po<strong>de</strong>, inclusive, favorecer o processo <strong>de</strong> fortalecimento da autonomia, socializaçãoe pre<strong>para</strong>ção dos adolescentes <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento.Da mesma forma, a participação em programas <strong>de</strong> inclusão produtiva, dos adolescentesmaiores <strong>de</strong> 16 anos e dos familiares das crianças e adolescentes acolhidosou reintegrados, po<strong>de</strong> contribuir significativamente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento daautonomia e acesso à renda. A inclusão das famílias em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio sociofamiliarpo<strong>de</strong> contribuir tanto <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> condições favoráveis à reinte-43Serviço socioeducativo executado sob a supervisão dos Centros <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Assistência Social (CRAS), que <strong>de</strong>stina-se aos jovens<strong>de</strong> 15 a 17, por meio do qual são <strong>de</strong>senvolvidas diversas ações <strong>para</strong> estimular a convivência familiar e comunitária, propiciar o <strong>de</strong>senvolvimentopessoal e social e capacitar o jovem <strong>para</strong> atuar como agente <strong>de</strong> transformação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong>. O ProjovemAdolescente é uma reformulação do Programa Agente Jovem feita por meio do re<strong>de</strong>senho do Programa Nacional <strong>de</strong> Inclusão <strong>de</strong> Jovens– PROJOVEM, o qual passou a integrar.44


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesgração familiar quanto <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações saudáveis no períodopós-reintegração. Ressalte-se, ainda, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento aos órgãosresponsáveis pela viabilização da inserção em programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> renda– como o PBF e o BPC - daqueles que preencherem os critérios <strong>de</strong> elegibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tais programas e benefícios.Destaca-se a seguir, alguns dos principais equipamentos <strong>de</strong> referência do SistemaÚnico <strong>de</strong> Assistência Social, bem como a equipe <strong>de</strong> supervisão e apoio aos serviços<strong>de</strong> acolhimento, ligada ao órgão gestor:• CRAS: sempre que se i<strong>de</strong>ntificar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> proteção socialbásica 44 <strong>para</strong> criança e adolescente atendido em serviços <strong>de</strong> acolhimentoou <strong>para</strong> suas famílias, <strong>de</strong>verá ser articulada sua inclusão emtais ativida<strong>de</strong>s por meio da equipe do CRAS do território <strong>de</strong> moradiada família. Para dar agilida<strong>de</strong> a tais procedimentos, recomenda-se quesejam <strong>de</strong>finidos, <strong>de</strong> forma conjunta, fluxos <strong>de</strong> encaminhamento e canais<strong>de</strong> comunicação entre os serviços <strong>de</strong> acolhimento e o(s) CRAS, além <strong>de</strong>encontros periódicos, que possibilitem o acompanhamento das ações.• O CRAS <strong>de</strong> referência do território <strong>de</strong> moradia da família, sempre que necessário,<strong>de</strong>verá ser acionado <strong>para</strong> participar do processo <strong>de</strong> reintegraçãofamiliar <strong>de</strong> crianças e adolescentes atendidas em serviços <strong>de</strong> acolhimento.Sua atuação se faz necessária <strong>para</strong> a inclusão da criança ou do adolescenteque estiver sendo reintegrado à família, e <strong>de</strong> seus familiares ou responsáveis,em serviços, programas e ações <strong>de</strong> fortalecimento dos vínculos familiarese comunitários, bem como <strong>para</strong> fazer os encaminhamentos que semostrarem necessários com a retomada do convívio familiar, <strong>de</strong> modo a facilitarsua inclusão social e comunitária nesse período <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>.• CREAS: Nos municípios que possuam CREAS e naqueles atendidos por CRE-AS regionais, quando o motivo do afastamento do convívio familiar envolverviolência intra-familiar (física, psicológica, sexual, negligência grave),exploração sexual ou outras situações <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos que estejamsob o escopo <strong>de</strong> ação dos serviços <strong>de</strong>senvolvidos no CREAS, as crianças eadolescentes acolhidos e seus familiares <strong>de</strong>vem ser inseridos em seus serviços.Nesse caso, é <strong>de</strong> suma importância que as equipes técnicas do serviço<strong>de</strong> acolhimento e do CREAS atuem <strong>de</strong> forma articulada – com planejamentoconjunto <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> ação e reuniões periódicas <strong>para</strong> o acompanhamentodos casos – <strong>de</strong> modo a garantir uma atuação complementar esinérgica, evitando sobreposições e ações contraditórias.• Equipe <strong>de</strong> Supervisão e Apoio aos Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>: Em municípios <strong>de</strong> médioe gran<strong>de</strong> porte e nas metrópoles - e nos <strong>de</strong>mais quando a <strong>de</strong>manda justificar- o órgão gestor da Assistência Social <strong>de</strong>verá manter equipe profissional es-44Ações <strong>de</strong> fortalecimento dos vínculos comunitários, ativida<strong>de</strong>s socioeducativas e <strong>de</strong> convivência, inclusão produtiva, acesso a benefíciossocioassistenciais ou programas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> renda, inclusão em programas específicos como ProJovem Adolescente, <strong>de</strong>ntreoutros.45


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicaspecializada <strong>de</strong> referência, <strong>para</strong> supervisão e apoio aos serviços <strong>de</strong> acolhimento.De acordo com a realida<strong>de</strong> e as <strong>de</strong>finições locais, tal equipe po<strong>de</strong>rá comporum serviço especificamente voltado a esta função ou, ainda, estar vinculada aoCREAS ou diretamente ao órgão gestor. Em todos os casos, terá como atribuiçõesmínimas:i. mapear a re<strong>de</strong> existente e fortalecer a articulação dos serviços <strong>de</strong> acolhimentocom os <strong>de</strong>mais serviços da re<strong>de</strong> socioassistencial, das <strong>de</strong>mais políticaspúblicas e do SGD;ii. monitorar as vagas na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento, indicando o serviço que melhoratenda às necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> cada caso encaminhado;iii. prestar supervisão e suporte técnico aos serviços <strong>de</strong> acolhimento;iv. apoiar as equipes técnicas dos serviços <strong>de</strong> acolhimento no acompanhamentopsicossocial das famílias <strong>de</strong> origem das crianças e adolescentes acolhidos;v. efetivar os encaminhamentos necessários, em articulação com os <strong>de</strong>maisserviços da Re<strong>de</strong> Socioassistencial, das <strong>de</strong>mais Políticas Públicas e do SGD,monitorando, posteriormente, seus <strong>de</strong>sdobramentos;vi. Monitorar a situação <strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes que estejam emserviços <strong>de</strong> acolhimento no município, e <strong>de</strong> suas famílias, organizando, inclusive,cadastro permanentemente atualizado contendo o registro <strong>de</strong> todasas crianças e adolescentes atendidos nesses serviços 45 ;3.4.2 Articulação com o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - SUS 46O atendimento humanizado <strong>de</strong> crianças e adolescentes em serviços <strong>de</strong> acolhimentorequer uma estreita articulação entre o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - SUS e o SistemaÚnico <strong>de</strong> Assistência Social - SUAS. Desse modo, orienta-se que os órgãos gestores<strong>de</strong>ssas duas políticas <strong>de</strong>senvolvam estratégias conjuntas e elaborem protocolos <strong>de</strong>atenção integral à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças e adolescentes que se encontram em Serviços<strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>, bem como <strong>de</strong> seus familiares.As ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, ações educativas e <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> agravos <strong>de</strong>vemser articuladas com a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atenção Básica/Primária, que é composta por Unida<strong>de</strong>sBásica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família e Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 47 . Esses serviços também <strong>de</strong>vem4645Dentre outras informações, o cadastro <strong>de</strong>ve conter o nome e as características <strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes acolhidos como,por exemplo, ida<strong>de</strong>, composição familiar, data da entrada no serviço, motivo do acolhimento, condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, etnia, pertencimentoa grupo <strong>de</strong> irmãos também acolhidos, situação familiar (aguardando reintegração ou adoção) e intervenções efetuadas <strong>para</strong> viabilizarsoluções <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>finitivo.46Texto elaborado com contribuições com contribuições da Área Técnica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Criança e Aleitamento Materno, Área Técnica <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> do Adolescente e do Jovem, Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental (Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Magalhães; Thereza De Lamare Franco Netto; Karimeda Fonseca Porto).47Unida<strong>de</strong>s Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família e Postos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - Esses serviços dispõem <strong>de</strong> equipes multiprofissionais qualificadas, compostapor: médicos (generalista, clinico geral, pediatria, ginecologia), enfermeiros, auxiliar <strong>de</strong> enfermagem, agente comunitários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<strong>de</strong>ntista e auxiliares <strong>de</strong> consultório <strong>de</strong>ntário. Essas equipes estão capacitadas <strong>para</strong> realizar o acolhimento, prestar assistência, orientar asmães/cuidadores a respeito da amamentação, da vacinação e do crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> crianças e adolescentes. Tambémsão instruídas <strong>para</strong> a orientação quanto aos direitos sexuais e direitos reprodutivos <strong>de</strong> adolescentes, saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva,acesso aos métodos anticoncepcionais, realização <strong>de</strong> ações educativas, prevenção do uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas, acesso a examescomplementares, fornecer medicamentos básicos, acompanhar a evolução <strong>de</strong> cada caso nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, nos domicílios ou aindamediante o encaminhamento <strong>para</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção especializada, quando necessário.


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesser procurados caso haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solicitar requisição <strong>de</strong> exames, medicamentosbásicos e acompanhamento do quadro <strong>de</strong> situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças eadolescentes em situação <strong>de</strong> acolhimento. Caso haja necessida<strong>de</strong>, a equipe <strong>de</strong>ssesserviços fará também encaminhamento <strong>para</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção especializada -que inclui Hospitais, Maternida<strong>de</strong>s, Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Urgências e/ou Emergências e Serviços/Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> Referências - capacitados <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>rem casos que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>matenção especializada, como adolescentes grávidas, crianças e adolescentes com<strong>de</strong>ficiência, com distúrbios <strong>de</strong> crescimento, com doenças infecto-contagiosas ouimuno<strong>de</strong>pressoras, <strong>de</strong>ntre outros.Nos casos <strong>de</strong> crianças e adolescentes com transtornos mentais e/ou que apresentamproblemas <strong>de</strong>vido ao uso abusivo ou <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool e outras drogas, <strong>de</strong>veser acionada a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, por meio das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental na AtençãoBásica, do Centro <strong>de</strong> Atenção Psicossocial (CAPS) 48 ou, on<strong>de</strong> houver, o Centro<strong>de</strong> Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi) 49 , especializado no atendimento <strong>de</strong>crianças e adolescentes com transtornos mentais graves (autismo, psicoses, neurosesgraves, abuso ou <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool e outras drogas).Na articulação com o órgão gestor da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ainda estar previstas, ainda,ações <strong>de</strong> capacitação e acompanhamento dos educadores/cuidadores, além <strong>de</strong> profissionaisdos serviços <strong>de</strong> acolhimento, bem como das famílias acolhedoras, em relaçãoa: cuidados diferenciados que crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência, transtornomental ou outras necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; amamentação, vacinação,crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> crianças e adolescentes; saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong>reprodutiva e orientação quanto aos direitos sexuais e direitos reprodutivos <strong>de</strong> adolescentese prevenção do uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas.Especial atenção <strong>de</strong>ve ser dada no sentido <strong>de</strong> garantir à criança e ao adolescente com<strong>de</strong>ficiência ou necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, acolhidos no serviço, reintegrados àfamília <strong>de</strong> origem ou encaminhados à família substituta, o acesso a tratamentos, medicamentos,serviços especializados e equipamentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, bem como o apoio necessárioà família <strong>para</strong> o atendimento a suas necessida<strong>de</strong>s específicas.3.4.3 Articulação com o Sistema Educacional 50A articulação dos serviços <strong>de</strong> acolhimento com o sistema educacional é fundamental,pois a escola constitui importante instrumento <strong>para</strong> assegurar o direito à convivênciacomunitária <strong>de</strong> crianças e adolescentes. Essa articulação po<strong>de</strong> ser feita por meio daelaboração conjunta <strong>de</strong> protocolo <strong>de</strong> ação entre o órgão gestor da assistência social e48Centro <strong>de</strong> Atenção Psicossocial (CAPS) - São serviços extra-hospitalares, <strong>de</strong> atenção diária, <strong>de</strong> base comunitária e que possuem equipemultiprofissional. Os CAPS têm papel estratégico no que se refere à regulação da porta <strong>de</strong> entrada da re<strong>de</strong> assistencial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mentale <strong>de</strong>vem ser lugares <strong>de</strong> referência e tratamento <strong>para</strong> pessoas que sofrem com transtornos mentais e/ou que apresentam problemas <strong>de</strong>vidoao uso abusivo <strong>de</strong> álcool e outras drogas, promovendo a inserção social <strong>de</strong> seus usuários através <strong>de</strong> ações intersetoriais e oferecendosuporte à atenção à saú<strong>de</strong> mental na re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.49Centro <strong>de</strong> Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi) - É um serviço <strong>de</strong> atenção diária <strong>de</strong>stinado ao atendimento <strong>de</strong> crianças e adolescentescom transtornos mentais graves. Estão incluídos nessa categoria os portadores <strong>de</strong> autismo, psicoses, neuroses graves, usuários<strong>de</strong> álcool e outras drogas e todos aqueles que, por sua condição psíquica, estão impossibilitados <strong>de</strong> manter ou estabelecer laços sociais.A experiência acumulada em serviços que já funcionavam segundo a lógica da atenção diária indica que se ampliam as possibilida<strong>de</strong>s dotratamento <strong>para</strong> crianças e adolescentes quando o atendimento tem início o mais cedo possível, <strong>de</strong>vendo, portanto, os CAPSi estabeleceremas parcerias necessárias com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação e assistência social ligadas ao cuidado da população infanto-juvenil.50Texto elaborado com contribuições da Coor<strong>de</strong>nação-Geral <strong>de</strong> Direitos Humanos – CGDH/DEIDHUC/SECAD/MEC.47


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicasda educação, garantindo a permanente comunicação entre os serviços, e o acesso dascrianças, adolescentes acolhidos e seus familiares à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> local <strong>de</strong> Educação.Assim, os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem manter canais <strong>de</strong> comunicação permanentescom as escolas on<strong>de</strong> estejam matriculadas as crianças e os adolescentes acolhidos, <strong>de</strong>modo a possibilitar o acompanhamento <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sempenho escolar. Sempre que possívele recomendável, <strong>de</strong>ve-se favorecer, ainda, o envolvimento da família <strong>de</strong> origem ouextensa no acompanhamento escolar das crianças e adolescentes acolhidos, incentivando,inclusive, sua participação ativa nas reuniões e comemorações escolares.Sempre que possível, <strong>de</strong>ve-se procurar manter a criança ou adolescente na mesmaescola em que estudava antes da aplicação da medida protetiva, <strong>de</strong> modo a evitarrompimentos <strong>de</strong>snecessários <strong>de</strong> vínculos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e <strong>de</strong> pertencimento e modificaçõesradicais em sua rotina, além <strong>de</strong> prejuízos acadêmicos. Constituem exceçõesa tal recomendação as situações com <strong>de</strong>terminação judicial em contrário ou recomendaçãotécnica <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> escola por questões relativas à preservação dasegurança e proteção da criança ou adolescente.É importante, ainda, promover a inclusão <strong>de</strong> crianças e adolescentes que estão em serviços<strong>de</strong> acolhimento nas ativida<strong>de</strong>s propostas pelo Programa Mais Educação 51 , em açõescomplementares à escola, ações comunitárias, arte e educação, esporte e educação e <strong>de</strong>atendimento individualizado a cada aluno. Do mesmo modo, <strong>de</strong>ve ser propiciada a participaçãoem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação, cultura, esporte e lazer, ofertadas pela escola aos finais<strong>de</strong> semana, por meio do Programa Escola Aberta 52 ou outros existentes no município.A articulação com o sistema educacional permite, ainda, <strong>de</strong>senvolver ações <strong>de</strong>conscientização e sensibilização <strong>de</strong> professores e <strong>de</strong>mais profissionais da escola, <strong>de</strong>modo a que estes atuem como agentes facilitadores da integração das crianças eadolescentes no ambiente escolar, evitando ou superando possíveis situações <strong>de</strong>preconceito ou discriminação. Essas ações <strong>de</strong> capacitação po<strong>de</strong>m ser fortalecidaspor meio do Projeto Escola que Protege 53 , em cuja proposta <strong>de</strong> formação continuada<strong>de</strong> profissionais da educação básica e da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Proteção Integral, po<strong>de</strong> ser inseridaa temática da criança e do adolescente afastados do convívio familiar.3.4.4 Articulação com outras políticas públicas e <strong>de</strong>mais órgãos doSistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> DireitosAlém da articulação com os serviços socioassistenciais, da saú<strong>de</strong> e da educação, é necessáriaa articulação com equipamentos comunitários, organizações não-governamentaise serviços públicos responsáveis pela execução <strong>de</strong> programas, projetos, servi-51O Programa Mais Educação consiste na ampliação da jornada na escola, com aulas <strong>de</strong> reforço ou atendimento individualizado. Além<strong>de</strong> ressaltar a importância do reforço da vivência escolar <strong>de</strong> crianças e adolescentes com a oferta <strong>de</strong> novas ativida<strong>de</strong>s educacionais e <strong>de</strong>espaços favoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimento.52Programa Escola Aberta se propõe a repensar a instituição escolar como espaço alternativo <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> formação, cultura, esporte e lazer <strong>para</strong> os/as estudantes da Educação Básica das escolas públicas e suas comunida<strong>de</strong>s nos finais <strong>de</strong>semana, com os objetivos <strong>de</strong> elevar o nível da qualida<strong>de</strong> da Educação, contribuir com a consolidação <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> paz e estreitar asrelações entre escola e comunida<strong>de</strong>.53O Projeto Escola que Protege visa a formação continuada <strong>de</strong> profissionais da educação básica e da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Proteção Integral frente àssituações <strong>de</strong> violências vivenciadas na escola e na sala <strong>de</strong> aula, tendo o Estatuto da Criança e do Adolescente como referência e a <strong>de</strong>finição,por parte dos sistemas <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> encaminhamento das situações <strong>de</strong> violência i<strong>de</strong>ntificadas na escola junto à Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Proteção Social.48


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesços e ações nas áreas <strong>de</strong> cultura, esporte, lazer, geração <strong>de</strong> trabalho e renda, habitação,transporte e capacitação profissional, garantindo o acesso <strong>de</strong> crianças e adolescentesacolhidos e <strong>de</strong> suas famílias. Recomenda-se que, sempre que for viável, procure-se inseriras crianças e adolescentes acolhidas em ativida<strong>de</strong>s localizadas nas proximida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> forma a fortalecer sua inserção comunitária, o quecontribuirá <strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> reintegração familiar ao evitar a futura interrupção <strong>de</strong>suas ativida<strong>de</strong>s e dos vínculos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> construídos nesses espaços.Finalmente, <strong>de</strong>staca-se a importância da articulação e da construção <strong>de</strong> fluxos locaisentre os Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> e os órgãos abaixo elencados, a fim <strong>de</strong> facilitara comunicação, o planejamento e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações coor<strong>de</strong>nadas. Taisórgãos <strong>de</strong>sempenham funções fundamentais <strong>para</strong> a garantia da excepcionalida<strong>de</strong>e provisorieda<strong>de</strong> do afastamento do convívio familiar, bem como da re<strong>para</strong>ção <strong>de</strong>possíveis violações <strong>de</strong> direito vivenciadas. Abaixo são mencionados os principais aspectosque exigem uma articulação eficiente entre os serviços <strong>de</strong> acolhimento e osórgãos elencados:• Sistema <strong>de</strong> Justiça (Po<strong>de</strong>r Judiciário, Ministério Público, DefensoriaPública): apoio na implementação do Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual eFamiliar, por meio da aplicação <strong>de</strong> outras medidas protetivas quando necessário;acompanhamento do processo <strong>de</strong> reintegração familiar; investigaçãoe responsabilização dos agressores nos casos <strong>de</strong> violência contra acriança ou adolescente; investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> e pensão alimentícia,quando for o caso; <strong>de</strong>stituição do Po<strong>de</strong>r Familiar e cadastramento <strong>de</strong> criançase adolescentes <strong>para</strong> adoção, nos casos em que não for possível a reintegraçãofamiliar; pre<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> todos os envolvidos <strong>para</strong> colocação emfamília substituta e <strong>de</strong>ferimento da guarda, tutela ou adoção; fiscalizaçãodo atendimento prestado nos serviços <strong>de</strong> acolhimento; acesso gratuito aserviços advocatícios <strong>para</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos, <strong>de</strong>ntre outros;• Conselho Tutelar: apoio na implementação do Plano <strong>de</strong> Atendimento Individuale Familiar; acompanhamento da situação familiar <strong>de</strong> crianças eadolescentes acolhidos; aplicação <strong>de</strong> outras medidas protetivas quandonecessário; apoio na reintegração familiar; <strong>de</strong>ntre outros;• Segurança Pública: investigação e responsabilização nos casos <strong>de</strong> violênciacontra a criança ou adolescente; localização <strong>de</strong> familiares; acompanhamentoda situação <strong>de</strong> pais ou responsáveis que estejam no sistemaprisional, inclusive <strong>para</strong> viabilizar a manutenção <strong>de</strong> contato <strong>de</strong>stes com ascrianças e adolescentes acolhidos; <strong>de</strong>ntre outros.• Conselhos <strong>de</strong> Direitos: elaboração, aprovação e acompanhamento das açõesdo Plano <strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Crianças eAdolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, no âmbito nacional, estaduale municipal; elaboração e aprovação <strong>de</strong> resoluções estaduais e municipais;inscrição <strong>de</strong> programas governamentais e não-governamentais; registro <strong>de</strong>49


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicasentida<strong>de</strong>s que executam serviços <strong>de</strong> acolhimento conforme Art. 90 do ECA; <strong>de</strong>liberação<strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> atendimento <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r os direitos humanos <strong>de</strong> criançase adolescentes que se encontram atendidos nos serviços <strong>de</strong> acolhimento.3.5 Projeto Político-PedagógicoPara garantir a oferta <strong>de</strong> atendimento a<strong>de</strong>quado às crianças e aos adolescentes, osserviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>verão elaborar um Projeto Político-Pedagógico (PPP),que <strong>de</strong>ve orientar a proposta <strong>de</strong> funcionamento do serviço como um todo, tanto noque se refere ao seu funcionamento interno, quanto seu relacionamento com a re<strong>de</strong>local, as famílias e a comunida<strong>de</strong>. Sua elaboração é uma tarefa que <strong>de</strong>ve ser realizadacoletivamente, <strong>de</strong> modo a envolver toda a equipe do serviço, as crianças, adolescentese suas famílias. Após a elaboração, o Projeto <strong>de</strong>ve ser implantado, sendo avaliadoe aprimorado a partir da prática do dia- a dia.Sem a intenção <strong>de</strong> propor um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> PPP, <strong>de</strong>stacam-se abaixo alguns tópicos aserem consi<strong>de</strong>rados <strong>para</strong> elaboração do mesmo 54 :• Apresentação (histórico, atual composição da diretoria, os principais momentosdo serviço, as principais mudanças e melhorias realizadas, em especialse sua instalação for anterior ao ECA,);• Valores do serviço <strong>de</strong> acolhimento (valores que permeiam o trabalho e ação<strong>de</strong> todos os que trabalham e encontram-se acolhidos no serviço);• Justificativa (razão <strong>de</strong> ser do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ntro do contextosocial); Objetivos do Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>;• Organização do serviço <strong>de</strong> acolhimento (espaço físico, ativida<strong>de</strong>s, responsabilida<strong>de</strong>s,etc.);• Organograma e quadro <strong>de</strong> pessoal (recursos humanos, cargos, funções, turnos,funcionários, competências e habilida<strong>de</strong>s necessárias <strong>para</strong> o exercício dafunção; modo <strong>de</strong> contratação; estratégias <strong>para</strong> capacitação e supervisão);• Ativida<strong>de</strong>s psicossociais (com as crianças e adolescentes, visando trabalharquestões pedagógicas complementares, auto-estima, resiliência, autonomia;com as famílias <strong>de</strong> origem, visando a preservação e fortalecimento <strong>de</strong>vínculos e reintegração familiar);• Fluxo <strong>de</strong> atendimento e articulação com outros serviços que compõe o Sistema<strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos;• Fortalecimento da autonomia da criança, do adolescente e do jovem e pre<strong>para</strong>ção<strong>para</strong> <strong>de</strong>sligamento do serviço;• Monitoramento e avaliação do atendimento (métodos <strong>de</strong> monitoramento eavaliação do serviço que incluam a participação <strong>de</strong> funcionários, voluntários,famílias e atendidos durante o acolhimento e após o <strong>de</strong>sligamento)• Regras <strong>de</strong> convivência (direitos, <strong>de</strong>veres e sanções)54SCHREINER, Gabriela. Projeto Pedagógico x Estatuto da Criança e do Adolescente: O que é um projeto pedagógico e porque é necessário?Disponível em: www.cecif.org.br/word/workshop_a.rtf. Acesso em: 15/06/09.50


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesSeguem abaixo, ainda, algumas sugestões <strong>de</strong> conteúdos que visam contribuir <strong>para</strong> aelaboração do Projeto Político-Pedagógico dos serviços <strong>de</strong> acolhimento.3.5.1 Atitu<strong>de</strong> receptiva e acolhedora no momento da chegada dacriança/adolescente e durante o período <strong>de</strong> acolhimentoMuitas crianças e adolescentes <strong>de</strong>sconhecem ou não compreen<strong>de</strong>m o motivo peloqual foram afastadas do convívio familiar, o que po<strong>de</strong> levá-los a encarar a medida comouma espécie <strong>de</strong> punição e <strong>de</strong>spertar sentimentos <strong>de</strong> insegurança, rejeição, agressivida<strong>de</strong>,revolta, abandono e outros. Diante disso, <strong>de</strong>ve-se dar especial atenção ao momento<strong>de</strong> acolhida inicial da criança/adolescente, no qual <strong>de</strong>ve ser dado tratamento respeitosoe afetuoso, apresenta-lhes, inclusive, o espaço físico, as crianças e os adolescentesque lá se encontram, seu educador/cuidador <strong>de</strong> referência - ou membros da famíliaacolhedora - e seu espaço privado (cama, armário, etc.). Tanto no acolhimento institucionalquanto no acolhimento familiar, é importante que as regras <strong>de</strong> convívio no novoambiente sejam explicadas <strong>para</strong> a criança ou adolescente acolhido. Não é necessárioque isso ocorra num primeiro momento do acolhimento, po<strong>de</strong>ndo estas regras seremgradativamente explicitadas. Tais normas têm como objetivo organizar um ambienteseguro e previsível, porém com flexibilida<strong>de</strong> e espaço <strong>para</strong> o lúdico, o coletivo e <strong>para</strong> aconstrução ou reconstrução <strong>de</strong> regras que incluam a participação das crianças e adolescentes,<strong>de</strong> modo a facilitar seu <strong>de</strong>senvolvimento. As famílias acolhedoras <strong>de</strong>vem serparticularmente orientadas quanto ao acolhimento inicial da criança/adolescente esobre a importância <strong>de</strong> facilitar o processo <strong>de</strong> conhecimento mútuo e integração dacriança/adolescente ao ambiente familiar e comunitário <strong>de</strong> acolhimento.Nos serviços <strong>de</strong> acolhimento, <strong>para</strong> que a acolhida inicial seja afetuosa e não representeuma re-vitimização <strong>de</strong> crianças e adolescentes é importante que o serviço disponha <strong>de</strong>:• equipe técnica, educadores/cuidadores ou famílias acolhedoras disponíveise capacitados <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> acolhida afetuosa e segura, capazes <strong>de</strong>compreen<strong>de</strong>r as manifestações da criança ou adolescente no momento <strong>de</strong>chegada que envolve ruptura, incerteza, insegurança e transição (silêncio,choro ou agressivida<strong>de</strong>, por exemplo);• espaço físico <strong>de</strong>stinado à acolhida inicial daqueles que estão chegando, a<strong>de</strong>quado,inclusive, <strong>para</strong> a acomodação daqueles que chegarem durante o período noturno;• fluxos <strong>de</strong> comunicação eficiente e ágil dos órgãos encaminhadores (ConselhoTutelar, Justiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong> ou outros, no caso <strong>de</strong>acolhida emergencial) com os serviços <strong>de</strong> acolhimento. Estes fluxos sãofundamentais <strong>para</strong> que os profissionais do serviço <strong>de</strong> acolhimento sejamcomunicados previamente acerca <strong>de</strong> cada novo acolhimento e, em tempohábil, possam pre<strong>para</strong>r o ambiente e aqueles que já se encontram acolhidos<strong>para</strong> a chegada do novo colega.51


Capítulo II | 3. Orientações MetodológicasNo caso específico <strong>de</strong> crianças e adolescentes que estejam em situação <strong>de</strong> rua,a acolhida inicial <strong>de</strong>ve fazer parte <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> sensibilização <strong>para</strong> oacolhimento no serviço e construção <strong>de</strong> vínculo <strong>de</strong> confiança com o mesmo. Aolongo do processo <strong>de</strong> trabalho pela saída da rua, além dos aspectos aqui mencionados,<strong>de</strong>ve-se trabalhar também o significado do “estar e não-estar na rua”,expectativas, <strong>de</strong>sejos e temores quanto à retomada do convívio familiar e social,<strong>de</strong>ntre outros aspectos.Durante o período <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve-se favorecer a construção da vinculação <strong>de</strong>afeto e confiança com a equipe técnica, educador/cuidador ou família acolhedorae colegas. É importante, ainda, que ao longo do acolhimento a criança e o adolescentetenham a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dialogar com a equipe técnica e com educador/cuidador <strong>de</strong> referência (ou família acolhedora) sobre suas impressões e sentimentosrelacionados ao fato <strong>de</strong> estar afastado do convívio com a família. Nessas conversasé importante que o interlocutor possibilite uma expressão livre da criança ou doadolescente, oportunizando-lhes espaço no qual possam falar sobre sua história <strong>de</strong>vida, sentimentos, <strong>de</strong>sejos, angústias e dúvidas quanto às vivências pregressas, aoafastamento da família <strong>de</strong> origem e sua situação familiar.Essas conversas não precisam ocorrer imediatamente após a chegada da criança oudo adolescente, mas em momentos <strong>de</strong> contato afetivo, nos quais a criança/adolescentepossa se expressar e ser ouvido <strong>de</strong> uma forma sensível e acolhedora. O interlocutor<strong>de</strong>ve mostrar-se disponível e manter postura acolhedora e respeitosa, semculpabilizar ou julgar a família <strong>de</strong> origem ou a criança/adolescente. Nessas oportunida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>ve-se esclarecer também que o serviço <strong>de</strong> acolhimento é organizado <strong>para</strong>a sua proteção e constitui um direito seu.3.5.2 Não-<strong>de</strong>smembramento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> crianças/adolescentes comvínculos <strong>de</strong> parentesco e fortalecimento <strong>de</strong> sua vinculação afetivaCrianças e adolescentes com vínculos <strong>de</strong> parentesco (irmãos, primos, etc.), não <strong>de</strong>vemser se<strong>para</strong>dos ao serem encaminhados <strong>para</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento, salvo se isso forcontrário a seu <strong>de</strong>sejo ou interesses ou se houver claro risco <strong>de</strong> abuso, tendo em vistao melhor interesse da criança e do adolescente 55 . Para estas crianças e adolescentesque já se encontram afastados do convívio familiar, é particularmente importante preservare fortalecer seus vínculos fraternos e <strong>de</strong> parentesco, o que po<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong>a formação <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, preservação da história <strong>de</strong> vida e referência familiar.Por esse motivo, é importante que os serviços <strong>de</strong> acolhimento estejam organizados <strong>de</strong>modo a possibilitar atendimento conjunto a grupos <strong>de</strong> irmãos ou <strong>de</strong> crianças e adolescentescom outros vínculos <strong>de</strong> parentesco, que po<strong>de</strong>m ter faixas etárias distintas eambos os sexos. O PPP <strong>de</strong>ve, portanto, contemplar estratégias <strong>para</strong> a preservação doconvívio e o fortalecimento da vinculação afetiva <strong>de</strong> tais crianças e adolescentes.No caso <strong>de</strong> adolescentes acolhidos que possuam filhos, o atendimento <strong>de</strong>ve fortalecera vinculação afetiva, contribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> o55Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006).Disponível em: http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.52


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentescuidado, a construção <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> vida e o <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia,<strong>de</strong> modo a garantir a proteção à(ao) adolescente e a seu(s) filho(s). Esse cuidadopo<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> prevenir a perpetuação <strong>de</strong> ciclos transgeracionais <strong>de</strong> ruptura<strong>de</strong> vínculos, abandono, negligência ou violência, representando importante recurso<strong>para</strong> garantir o direito à convivência familiar da(o) adolescente e da criança. Nessescasos é importante que sejam viabilizadas condições <strong>para</strong> assegurar às mães e aospais adolescentes os direitos inerentes aos dois momentos <strong>de</strong> vida: maternida<strong>de</strong>/paternida<strong>de</strong>e adolescência 56 . O PPP dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve também preverestratégias <strong>para</strong> o atendimento a estas situações.3.5.3 Organização <strong>de</strong> registros sobre a história <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cada criança e adolescenteA equipe técnica do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>verá organizar prontuários individuaiscom registros sistemáticos que incluam: histórico <strong>de</strong> vida, motivo do acolhimento, data<strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong>sligamento, documentação pessoal, informações sobre o <strong>de</strong>senvolvimento(físico, psicológico e intelectual), condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, informações sobre a vidaescolar, etc. Crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência, transtornos mentais e necessida<strong>de</strong>sespecíficas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ter registros e informações que favoreçam a prestação<strong>de</strong> cuidados a<strong>de</strong>quados, inclusive, relativos à sua saú<strong>de</strong>. Devem ser organizados registrossemanais <strong>de</strong> cada criança e adolescente, nos quais conste relato sintético sobre arotina, progressos observados no <strong>de</strong>senvolvimento, vida escolar, socialização, necessida<strong>de</strong>semergenciais, mudanças, encontro com familiares, dados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, etc.Tais registros <strong>de</strong>vem conter, ainda, informações sobre a família <strong>de</strong> origem, o trabalho<strong>de</strong>senvolvido com vistas à reintegração familiar (visitas, encaminhamentos, acompanhamentoem grupo, encontros da família com a criança ou adolescente, pre<strong>para</strong>ção<strong>para</strong> a reintegração, etc.) e o acompanhamento da família acolhedora, se for o caso.Esses registros <strong>de</strong>vem ser consultados apenas por profissionais <strong>de</strong>vidamente autorizados,<strong>de</strong>vendo os serviços <strong>de</strong> acolhimento ter uma política clara <strong>de</strong> confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong><strong>de</strong>sses dados, observada por todos os profissionais 57 . A transmissão pelos técnicosaos educadores/cuidadores ou família acolhedora <strong>de</strong> informações necessárias aoatendimento das crianças e adolescentes <strong>de</strong>ve estar pautada em princípios éticos, osquais também <strong>de</strong>vem pautar a postura dos educadores/cuidadores. Os registros <strong>de</strong>vemser acessíveis à equipe, caso a criança ou adolescente seja novamente acolhida.Sempre que possível, a fim <strong>de</strong> promover um sentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, a criançae o adolescente - com o apoio <strong>de</strong> um educador/cuidador, família acolhedora ou pessoapreviamente pre<strong>para</strong>da - <strong>de</strong>vem ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar um livro <strong>de</strong> suahistória <strong>de</strong> vida que reúna informações, fotografias e lembranças referentes a cadafase <strong>de</strong> sua vida, ao qual po<strong>de</strong>rão ter acesso ao longo do ciclo vital. Este livro <strong>de</strong>veser uma produção da própria criança ou adolescente, com fotos e outras criações<strong>de</strong> sua autoria 58 . No momento do <strong>de</strong>sligamento esse registro <strong>de</strong>ve fazer parte dosobjetos pessoais que a criança ou adolescente levará consigo.56I<strong>de</strong>m57Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006).Disponível em http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.58Fazendo minha história: guia <strong>de</strong> ação <strong>para</strong> abrigos e colaboradores. São Paulo: Associação Fazendo História, 2008.53


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas3.5.4 Definição do papel e valorização dos educadores/cuidadores 59e da família acolhedora 60A postura dos educadores/cuidadores e das famílias acolhedoras e a qualida<strong>de</strong> dainteração estabelecida com a criança e do adolescente representam importantes referenciais<strong>para</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. Para tanto, o PPP <strong>de</strong>ve prever estratégias <strong>para</strong>sua seleção, capacitação e acompanhamento/supervisão.Em função <strong>de</strong> sua importância, o educador/cuidador e a família acolhedora <strong>de</strong>vemter clareza quanto a seu papel: vincular-se afetivamente às crianças/adolescentesatendidos e contribuir <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> um ambiente familiar, evitando, porém,“se apossar” da criança ou do adolescente e competir ou <strong>de</strong>svalorizar a família <strong>de</strong>origem ou substituta. O serviço <strong>de</strong> acolhimento, não <strong>de</strong>ve ter a pretensão <strong>de</strong> ocuparo lugar da família da criança ou adolescente, mas contribuir <strong>para</strong> o fortalecimentodos vínculos familiares, favorecendo o processo <strong>de</strong> reintegração familiar ou o encaminhamento<strong>para</strong> família substituta, quando for o caso.Para exercer sua função o educador/cuidador ou a família acolhedora <strong>de</strong>ve ter capacitaçãoa<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> <strong>de</strong>sempenhar seu papel com autonomia e ser reconhecidocomo figura <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a criança e o adolescente e, como tal, não ser <strong>de</strong>sautorizadopelos outros profissionais do serviço (técnicos, coor<strong>de</strong>nadores), sobretudona presença da criança e do adolescente. Além disso, <strong>de</strong>vem contar com apoio eorientação permanente por parte da equipe técnica do serviço, bem como <strong>de</strong> espaço<strong>para</strong> trocas, nos quais possam compartilhar entre si experiências e angústias<strong>de</strong>correntes da atuação, buscando a construção coletiva <strong>de</strong> estratégias <strong>para</strong> o enfrentamento<strong>de</strong> <strong>de</strong>safios.Visando o constante aprimoramento do cuidado prestado, <strong>de</strong>vem ser realizados,periodicamente, estudos <strong>de</strong> caso com a participação da equipe técnica e educadores/cuidadores,nos quais se possa refletir sobre o trabalho <strong>de</strong>senvolvido com cadacriança/adolescente e as dificulda<strong>de</strong>s encontradas. Esses estudos <strong>de</strong>vem propiciartambém planejamento <strong>de</strong> intervenções que tenham como objetivo a melhoria doatendimento no serviço e da relação entre educador/cuidador e criança/adolescente,bem como a potencialização <strong>de</strong> aspectos favorecedores <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,auto-estima e autonomia. Tais aspectos <strong>de</strong>vem ser igualmente contempladosno acompanhamento às famílias acolhedoras.É importante que a equipe técnica do serviço <strong>de</strong> acolhimento auxilie os educadores/cuidadores ou as famílias acolhedoras na oferta <strong>de</strong> um cuidado individualizado <strong>para</strong>cada criança e adolescente, baseado na avaliação <strong>de</strong> suas condições emocionais, história<strong>de</strong> vida, impacto da violência ou do afastamento do convívio familiar, situaçãofamiliar, vinculações significativas e interações estabelecidas. Estes profissionais <strong>de</strong>vemapoiar os educadores/cuidadores ou as famílias acolhedoras no exercício <strong>de</strong> seupapel, contribuindo <strong>para</strong> uma construção conjunta <strong>de</strong> estratégias que colaborem <strong>para</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um ambiente estruturante <strong>para</strong> a criança e o adolescente.59O educador/cuidador exerce a função <strong>de</strong> cuidar da criança e do adolescente durante seu período <strong>de</strong> acolhimento no serviço. O perfile as atribuições <strong>de</strong>ste profissional encontram-se <strong>de</strong>talhados nos itens <strong>de</strong> Recursos Humanos (4.1.4; 4.2.5; 4.4.5).60Ver m ais <strong>de</strong>talhadamente no Item 4.3.5.54


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesFinalmente, o educador/cuidador ou a família acolhedora <strong>de</strong>vem participar e ter suaopinião ouvida pela equipe técnica do serviço na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre a vida dacriança e do adolescente, como, por exemplo, nas ocasiões em que se mostrar necessáriaa elaboração <strong>de</strong> relatório <strong>para</strong> a Autorida<strong>de</strong> Judiciária com recomendação <strong>de</strong> reintegraçãofamiliar ou adoção. Nesses casos, <strong>de</strong>ve ser priorizada a participação da famíliaacolhedora ou daquele educador/cuidador com o qual a criança/adolescente mantenhavinculação afetiva mais significativa e que conheça seus <strong>de</strong>sejos e interesses.3.5.5 Relação do Serviço com a família <strong>de</strong> origemTrabalhar com as famílias das crianças e dos adolescentes acolhidos em abrigos ounas famílias acolhedoras implica compreen<strong>de</strong>r sua configuração, buscar suas competênciase enten<strong>de</strong>r sua inserção na comunida<strong>de</strong>. O trabalho com essas famíliasprecisa favorecer a superação das questões, por vezes bastante complexas, que contribuíram<strong>para</strong> o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar. É importantecompreen<strong>de</strong>r como as famílias estão vivenciando a situação <strong>de</strong> afastamento<strong>de</strong> seus filhos e potencializá-las <strong>para</strong> a retomada do convívio e exercício <strong>de</strong> seu papel<strong>de</strong> proteção e cuidados.As crenças e significados construídos pelas famílias acolhedoras e pelos profissionaisdo serviço <strong>de</strong> acolhimento acerca das famílias <strong>de</strong> origem e vice-versa influenciama relação entre estas e o serviço <strong>de</strong> acolhimento. Nesse sentido, é importanteatentar <strong>para</strong> a forma como as famílias das crianças e adolescentes são significadaspelos profissionais dos serviços <strong>de</strong> acolhimento e pelas famílias acolhedoras. Se sãoconsi<strong>de</strong>radas “capazes” ou “incapazes”, “estruturadas” ou “<strong>de</strong>sestruturadas”, “parte doproblema” ou “agente transformador”. Por outro lado, os serviços <strong>de</strong> acolhimento oua família acolhedora também po<strong>de</strong>m ser percebidos pela família como “aliados” ou“raptores <strong>de</strong> seus filhos”.O educador/cuidador ou a família acolhedora e todos os profissionais do serviço <strong>de</strong>acolhimento <strong>de</strong>vem receber orientações <strong>para</strong>, nos momentos <strong>de</strong> visitas da famíliaao serviço e contato com a criança e o adolescente, atuarem, se necessário, comomediadores <strong>de</strong>ssa relação, proporcionando, ainda, momentos nos quais a Famíliapossa estar a sós com a criança e adolescente. Os profissionais do serviço <strong>de</strong> acolhimento,famílias acolhedoras e pessoas com as quais a criança ou o adolescentevenham a ter contato em razão do acolhimento não <strong>de</strong>vem se referir <strong>de</strong> modo pejorativoà família <strong>de</strong> origem. Ainda que o afastamento tenha ocorrido por motivosgraves, a criança e o adolescente <strong>de</strong>vem ter sua origem – família, comunida<strong>de</strong>, cultura- tratada com respeito.O PPP <strong>de</strong>ve prever no funcionamento do serviço e no trabalho com as famílias <strong>de</strong>origem ações que promovam o fortalecimento dos vínculos das crianças e adolescentescom suas famílias 61 :• Pre<strong>para</strong>ção dos serviços <strong>de</strong> acolhimento institucional e da família acolhedora<strong>para</strong> aceitação e acolhimento dos familiares;61GULASSA, M.L.C.R.(coord.). O abrigo como possibilida<strong>de</strong>. São Paulo: Instituto Camargo Corrêa e Fundação Abrinq, 2005.55


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas• Flexibilida<strong>de</strong> nos horários <strong>de</strong> visitas. Devem ser acordados com a família <strong>de</strong> origemhorários e periodicida<strong>de</strong> das visitas à criança e ao adolescente. O esquema<strong>de</strong> visitação <strong>de</strong>ve ser flexível e baseado na observação da realida<strong>de</strong> familiar edas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso da família ao serviço (horários <strong>de</strong> trabalho, distância,transporte, etc.). Po<strong>de</strong>m ser organizadas, ainda, ativida<strong>de</strong>s que incluam aparticipação da família, como almoço dominical com e <strong>para</strong> os familiares;• Participação da família na organização e comemoração <strong>de</strong> aniversários eoutras datas comemorativas, sempre que possível, realizadas no domicílioda família;• Saídas das crianças e adolescentes <strong>para</strong> finais <strong>de</strong> semana com os familiares.O serviço <strong>de</strong>ve também apoiar as visitas da criança e do adolescente àfamília;• Telefonemas <strong>para</strong> a família <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong>stas <strong>para</strong> as crianças e adolescentesque se encontrem acolhidos;• Realizações <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s recreativas e culturais com as famílias, crianças,adolescentes e profissionais do serviço;• Realização <strong>de</strong> “Oficinas <strong>de</strong> talentos” nas quais as famílias <strong>de</strong> origem, a criançaou adolescente difundam seus saberes e habilida<strong>de</strong>s específicas (artesanato,brinca<strong>de</strong>iras, pequenos consertos, aproveitamento <strong>de</strong> alimentos emateriais, etc.);• Rodas <strong>de</strong> conversas <strong>para</strong> pais e filhos, abordando temas levantados pelafamília, crianças e adolescentes;• Participação dos familiares nas reuniões da escola do filho e consultas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.Além <strong>de</strong> favorecer a aproximação entre as famílias, crianças e adolescentes, estasativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m favorecer, ainda, a aproximação das famílias entre si, <strong>de</strong> modo aconstruir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio mútuo, i<strong>de</strong>ntificação e trocas <strong>de</strong> experiência.No caso <strong>de</strong> acolhimento em Famílias Acolhedoras, é importante que estas possamcontar com a orientação da equipe técnica acerca do relacionamento com a família<strong>de</strong> origem, na perspectiva do fortalecimento <strong>de</strong> vínculos com a criança e o adolescente.Nestes casos é igualmente importante que o papel das famílias acolhedorasfique claro tanto <strong>para</strong> estas, quanto <strong>para</strong> as famílias <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> modo a evitarrivalida<strong>de</strong>s. Para favorecer uma interação positiva entre família acolhedora e família<strong>de</strong> origem e a aproximação crescente <strong>de</strong>sta com a criança/adolescente, ao longo doacompanhamento po<strong>de</strong>m ser promovidas pelo serviço ativida<strong>de</strong>s que reúnam gruposcom famílias <strong>de</strong> origem, acolhedoras e crianças e adolescentes acolhidos. Outrasativida<strong>de</strong>s, espontâneas ou programadas, po<strong>de</strong>m, ainda, ser realizadas por iniciativasda família acolhedora, da família <strong>de</strong> origem ou da própria criança/adolescente acolhido.As famílias acolhedoras <strong>de</strong>vem, ainda, ser orientadas pela equipe técnica nassituações em que o contato da criança/adolescente com a família <strong>de</strong> origem tiverimpedimento judicial.56


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesO PPP <strong>de</strong>ve prever também a elaboração do Plano <strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar62 , <strong>de</strong> forma a assegurar o acompanhamento da criança e/ou adolescente noperíodo em que estiver acolhido e ações necessárias <strong>para</strong> que o retorno à família <strong>de</strong>origem, ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, a colocação em família substituta, seja realizadoda melhor maneira possível.3.5.6 Preservação e fortalecimento da convivência comunitáriaOs serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem estar localizados em áreas resi<strong>de</strong>nciais, sem distanciar-seexcessivamente, do ponto <strong>de</strong> vista geográfico e sócio-econômico, do contexto<strong>de</strong> origem das crianças e adolescentes. Salvo <strong>de</strong>terminação judicial em contrário,quando necessário afastamento do convívio familiar e encaminhamento <strong>para</strong>serviço <strong>de</strong> acolhimento esforços <strong>de</strong>vem ser empreendidos <strong>para</strong> manter a criança eo adolescente o mais próximo possível <strong>de</strong> seu contexto <strong>de</strong> origem, a fim <strong>de</strong> facilitaro contato com a família e o trabalho pela reintegração familiar. A proximida<strong>de</strong> como contexto <strong>de</strong> origem tem como objetivo, ainda, preservar os vínculos comunitáriosjá existentes e evitar que, além do afastamento da família, o acolhimento impliqueo afastamento da criança e do adolescente <strong>de</strong> seus colegas, vizinhos, escola, ativida<strong>de</strong>srealizadas na comunida<strong>de</strong>, etc.Sempre que possível a criança e o adolescente <strong>de</strong>vem freqüentar a mesma escola emque estudavam antes do acolhimento, <strong>de</strong> modo a preservar vínculos pré-existentes– salvo mudança necessária <strong>para</strong> sua proteção. As crianças e os adolescentes <strong>de</strong>vemter, ainda, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar a freqüentar ativida<strong>de</strong>s que realizavam antesdo acolhimento (ativida<strong>de</strong>s esportivas, culturais, religiosas, entre outras).O acolhimento não <strong>de</strong>ve significar, ainda, privação do direito à convivência comunitária.Nesse sentido, o serviço <strong>de</strong> acolhimento, em parceria com a re<strong>de</strong> local e a comunida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>verá empreen<strong>de</strong>r esforços <strong>para</strong> favorecer a construção <strong>de</strong> vínculos significativos entrecrianças, adolescentes e comunida<strong>de</strong>. Para evitar prejuízo ao convívio com a comunida<strong>de</strong>,espaços públicos e instituições, os serviços <strong>de</strong> acolhimento não <strong>de</strong>verão concentrarem suas <strong>de</strong>pendências equipamentos <strong>de</strong>stinados à oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> outra natureza,como, por exemplo, <strong>de</strong> atendimento médico, odontológico, educação infantil (“creche”),etc. Do mesmo modo, não <strong>de</strong>verão concentrar espaços <strong>de</strong> lazer geralmente não disponibilizadosem unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais, como quadras poliesportivas, etc.A criança e o adolescente <strong>de</strong>vem participar da vida diária da comunida<strong>de</strong> e ter aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir laços <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> significativos com a mesma. Deve-sepropiciar sua participação nas festivida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais eventos da comunida<strong>de</strong>, alémda utilização da re<strong>de</strong> socioassistencial, <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong>, cultura, esporte e lazerdisponíveis na re<strong>de</strong> pública ou comunitária. No acesso a ativida<strong>de</strong>s culturais, esportivase <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong>ve-se observar o interesse, as habilida<strong>de</strong>s e grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoda criança e do adolescente. Sendo possível, <strong>de</strong>ve-se propiciar que esse acesso nãoseja realizado sempre <strong>de</strong> modo coletivo, ou seja, com várias crianças e adolescentesdo serviço freqüentando as mesmas ativida<strong>de</strong>s nos mesmos horários, a fim <strong>de</strong> favorecertambém a interação com outras crianças/adolescentes da comunida<strong>de</strong>.62Ver Item 3.257


Capítulo II | 3. Orientações MetodológicasAlém <strong>de</strong> oportunizar o contato <strong>de</strong> crianças e adolescentes acolhidos com crianças eadolescentes da comunida<strong>de</strong>, essas medidas têm como objetivo propiciar o <strong>de</strong>senvolvimentoda autonomia e da socialização dos mesmos. O acesso aos serviços nare<strong>de</strong> local tem como objetivo, ainda, inserir a criança e o adolescente em ativida<strong>de</strong>sque possam continuar a freqüentar após a reintegração familiar.Esforços também <strong>de</strong>vem ser empreendidos no sentido <strong>de</strong> evitar a estigmatização dacriança e do adolescente durante e após o acolhimento. Nesse sentido, não <strong>de</strong>vemser utilizados uniformes e, sempre que possível, o transporte em veículo com i<strong>de</strong>ntificação.Garantidas restrições essenciais à sua segurança, crianças e adolescentes<strong>de</strong>vem circular pela comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo semelhante àqueles <strong>de</strong> sua mesma faixaetária – caminhando, usando o transporte público ou bicicletas – contando com acompanhia <strong>de</strong> educadores/cuidadores ou outros responsáveis quando o seu grau<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ou a situação assim exigir. No convívio com a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veser oportunizado que crianças e adolescentes possam tanto receber seus colegasnas <strong>de</strong>pendências do serviço como participar, por exemplo, <strong>de</strong> festas <strong>de</strong> aniversário<strong>de</strong> colegas da escola. Em síntese, no convívio comunitário <strong>de</strong>vem ser proporcionadastambém experiências individualizadas.O contato direto <strong>de</strong> pessoas da comunida<strong>de</strong> com crianças e adolescentes em serviços<strong>de</strong> acolhimento, nas <strong>de</strong>pendências do mesmo, <strong>de</strong>verá ser precedido <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>ção,visando assegurar que este contato será benéfico às crianças e aos adolescentes.Nesse sentido, é importante <strong>de</strong>stacar que visitas esporádicas daqueles que nãomantêm vínculo significativo e freqüentemente sequer retornam uma segunda vezao serviço <strong>de</strong> acolhimento, expõem as crianças e os adolescentes à permanência <strong>de</strong>vínculos superficiais. Estes po<strong>de</strong>m, inclusive, contribuir <strong>para</strong> que não aprendam adiferenciar conhecidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecidos e tenham dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> construir vínculosestáveis e duradouros, essenciais <strong>para</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. Por esse motivo,Programas <strong>de</strong> Apadrinhamento Afetivo ou similares <strong>de</strong>vem ser estabelecidos apenasquando dispuserem <strong>de</strong> metodologia com previsão <strong>de</strong> cadastramento, seleção,pre<strong>para</strong>ção e acompanhamento <strong>de</strong> padrinhos e afilhados por uma equipe interprofissional,em parceria com a Justiça da Infância e Juventu<strong>de</strong> e Ministério Público.Nos Programas <strong>de</strong> Apadrinhamento Afetivo 63 <strong>de</strong>vem ser incluídos, prioritariamente,crianças e adolescentes com previsão <strong>de</strong> longa permanência no serviço <strong>de</strong> acolhimento,com remotas perspectivas <strong>de</strong> retorno ao convívio familiar ou adoção, <strong>para</strong>os quais vínculos significativos com pessoas da comunida<strong>de</strong> serão essenciais, sobretudo,no <strong>de</strong>sligamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento. Para estes casos, a construção <strong>de</strong>vínculos afetivos significativos na comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser particularmente favorecedora,<strong>de</strong>vendo ser estimulada, observando os critérios anteriormente citados.63Programa, por meio do qual, pessoas da comunida<strong>de</strong> contribuem <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> crianças e adolescentes em <strong>Acolhimento</strong>Institucional, seja por meio do estabelecimento <strong>de</strong> vínculos afetivos significativos, seja por meio <strong>de</strong> contribuição financeira. Osprogramas <strong>de</strong> apadrinhamento afetivo têm como objetivo <strong>de</strong>senvolver estratégias e ações que possibilitem e estimulem a construçãoe manutenção <strong>de</strong> vínculos afetivos individualizados e duradouros entre crianças e/ou adolescentes abrigados e padrinhos/madrinhasvoluntários, previamente selecionados e pre<strong>para</strong>dos, ampliando, assim, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio afetivo, social e comunitário <strong>para</strong> além do abrigo.Não se trata, portanto, <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento.58


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes3.5.7 Fortalecimento da autonomia da criança, do adolescentee do jovemTodas as <strong>de</strong>cisões a respeito <strong>de</strong> crianças e adolescentes atendidos em serviços <strong>de</strong>acolhimento <strong>de</strong>vem garantir o direito <strong>de</strong> ter sua opinião consi<strong>de</strong>rada. Por meio <strong>de</strong>métodos condizentes 64 com o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança/adolescente,<strong>de</strong>ve-se assegurar o direito à escuta nas diversas <strong>de</strong>cisões que pu<strong>de</strong>rem repercutirsobre seu <strong>de</strong>senvolvimento e sua trajetória <strong>de</strong> vida, envolvendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> seu interesse pela participação em ativida<strong>de</strong>s na comunida<strong>de</strong>, até mudançasrelativas à sua situação familiar ou <strong>de</strong>sligamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento.Além <strong>de</strong> participar da elaboração <strong>de</strong> projetos que versem sobre sua trajetória futura,as crianças e os adolescentes <strong>de</strong>vem ter acesso a informações sobre sua história <strong>de</strong>vida, situação familiar e motivos do acolhimento. A comunicação <strong>de</strong>ssas informações<strong>de</strong>verá pautar-se na consi<strong>de</strong>ração do seu grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e na avaliaçãodos benefícios ou prejuízos que po<strong>de</strong>rão resultar <strong>de</strong>ste conhecimento. O acesso aessas informações <strong>de</strong>verá respeitar o processo individual <strong>de</strong> apropriação da história<strong>de</strong> vida – <strong>de</strong>vendo ser conduzido por profissionais orientados e pre<strong>para</strong>dos, com osquais a criança e o adolescente mantenham vinculação afetiva significativa.Ações <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas visando o fortalecimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s, aptidões,capacida<strong>de</strong>s e competências das crianças e adolescentes, <strong>de</strong> modo a fortalecergradativamente sua autonomia. Assim, a própria organização do ambiente <strong>de</strong> acolhimento<strong>de</strong>verá proporcionar o fortalecimento gradativo da autonomia, <strong>de</strong> modocondizente com o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s nasdiferentes faixas etárias. Nessa direção <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, por exemplo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ascondições <strong>para</strong> estimular a exploração do ambiente e <strong>de</strong>senvolvimento psicomotordas crianças nos primeiros anos <strong>de</strong> vida, até a aquisição da autonomia <strong>para</strong> o auto-cuidado,preservação <strong>de</strong> objetos pessoais e cumprimento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na comunida<strong>de</strong> – lazer, esporte, cultura,saú<strong>de</strong>, educação, qualificação profissional, trabalho, etc.Os serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>vem propiciar a organização <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> escuta e construção<strong>de</strong> soluções coletivas com a participação das crianças e adolescentes. Nesse sentido,po<strong>de</strong>m ser organizados, por exemplo, espaço <strong>para</strong> a realização das chamadas “assembléias”nas quais crianças e adolescentes sob cuidados em serviços <strong>de</strong> acolhimentopossam <strong>de</strong>sempenhar um papel participativo, discutindo e construindo alternativas <strong>para</strong>a melhoria do serviço, <strong>para</strong> a ampliação das estratégias <strong>para</strong> viabilizar o contato com afamília <strong>de</strong> origem, etc. No caso <strong>de</strong> crianças/adolescentes acolhidos em Famílias Acolhedoras,às regras e à rotina diária da família é importante que sejam incorporados elementossignificativos <strong>para</strong> a criança e o adolescente, propiciando a estes a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sugerir alterações que promovam um senso <strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> com o novo ambiente.As crianças e os adolescentes <strong>de</strong>vem ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar pequenas mudançasnos espaços privativos, fazer escolhas e participar da organização do ambiente <strong>de</strong>acolhimento, segundo seu grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e capacida<strong>de</strong>s. Assim, <strong>de</strong> modo64Po<strong>de</strong>m ser realizadas ativida<strong>de</strong>s lúdicas como jogos, leitura e construção <strong>de</strong> estórias, <strong>de</strong>senhos, dramatizações <strong>de</strong> situações próximasàs reais, <strong>de</strong>ntre outras estratégias que garantam escuta à criança, <strong>de</strong> acordo com sua etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> forma a respeitar evalidar os conteúdos apresentados.59


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicasgradativo e estritamente com função pedagógica, <strong>de</strong>vem participar da organização darotina diária da instituição e assumir responsabilida<strong>de</strong> pelo cuidado com seus objetospessoais, com seu auto-cuidado e cumprimento <strong>de</strong> compromissos (escola, ativida<strong>de</strong>sna comunida<strong>de</strong>, trabalho, etc). É importante ressaltar que a participação das crianças eadolescentes nas tarefas relacionadas aos cuidados domésticos <strong>de</strong>vem ser estimuladas,sem <strong>de</strong>trimento, todavia, <strong>de</strong> qualquer outra ativida<strong>de</strong> lúdica ou educativa.Na freqüência a ativida<strong>de</strong>s realizadas na comunida<strong>de</strong> - escola, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ativida<strong>de</strong>sculturais, esportivas, <strong>de</strong> lazer e outras - consi<strong>de</strong>rar-se-á o estímulo gradativoà autonomia. Nesse sentido, não <strong>de</strong>vem ser impostas restrições injustificáveis à liberda<strong>de</strong>e conduta, em com<strong>para</strong>ção com crianças e adolescentes da mesma ida<strong>de</strong> ecomunida<strong>de</strong>. Tais restrições <strong>de</strong>vem ser condizentes com o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoe capacida<strong>de</strong> da criança e do adolescente e restritas apenas àquelas necessárias <strong>para</strong>viabilizar sua segurança e proteção.Para ampliar a iniciativa, autonomia e o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> é importante queas crianças e adolescentes acolhidos possam participar, ainda, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s rotineirascomo ir à padaria ou ao supermercado, recebendo instruções sobre como lidarcom o dinheiro. Geralmente os serviços <strong>de</strong> acolhimento pouco propiciam o contato<strong>de</strong> crianças e adolescentes com esse tipo <strong>de</strong> conhecimento, aspecto que será fundamental<strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida ligados ao trabalho e aquisição futura<strong>de</strong> autonomia financeira.Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada aos adolescentes atendidos em serviços <strong>de</strong> acolhimento,sobretudo àqueles cujas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração à família <strong>de</strong> origemforam esgotadas e têm reduzidas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colocação em família substituta,face às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se encontrar famílias <strong>para</strong> os mesmos na realida<strong>de</strong> brasileira.Para estes casos, o PPP <strong>de</strong>ve prever metodologia voltada à construção e fortalecimento<strong>de</strong> vínculos comunitários significativos, à ampliação do acesso à educação, àqualificação profissional e à progressiva autonomia do adolescente <strong>para</strong> o cuidadoconsigo mesmo e o cumprimento <strong>de</strong> suas responsabilida<strong>de</strong>s. O atendimento <strong>de</strong>vefavorecer a construção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida e o fortalecimento do protagonismo, <strong>de</strong>senvolvendogradativamente a capacida<strong>de</strong> do adolescente responsabilizar-se porsuas ações e escolhas. Visando apoiar os adolescentes acolhidos após o alcance damaiorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ser organizados serviços <strong>de</strong> acolhimento em Repúblicas 65 , comouma forma <strong>de</strong> transição entre o serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentese a aquisição da autonomia.Sempre que possível, <strong>de</strong>verá também ser oportunizada a participação das crianças,adolescentes e jovens em serviços <strong>de</strong> acolhimento - ou adultos com histórico <strong>de</strong>atendimento nesses serviços durante a infância, adolescência ou juventu<strong>de</strong> - nasinstâncias <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas públicas, que constituem importantes espaços<strong>para</strong> estimular a participação social e o protagonismo, como as Conferências da AssistênciaSocial, do Direito <strong>de</strong> Criança e do Adolescente, etc.65Ver maiores <strong>de</strong>talhes no item 4.460


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes3.5.8 Desligamento gradativoTanto nos casos <strong>de</strong> reintegração à família <strong>de</strong> origem quanto nos <strong>de</strong> encaminhamento<strong>para</strong> família substituta o serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve promover um processo<strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento gradativo, com o preparo da criança/adolescente, oportunizando-lhea <strong>de</strong>spedida necessária do ambiente, dos colegas, dos educadores/cuidadores e dos <strong>de</strong>mais profissionais. Além da criança e do adolescente, <strong>de</strong>vemser previamente pre<strong>para</strong>dos também os educadores/cuidadores e <strong>de</strong>mais crianças/adolescentescom as quais tenham mantido contato em razão do acolhimento,assim como todos os membros das famílias acolhedoras. Nesse sentido, po<strong>de</strong>m serviabilizados rituais <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida, ativida<strong>de</strong>s em grupo com as crianças e os adolescentes<strong>para</strong> tratar do <strong>de</strong>sligamento, etc. É importante que a família <strong>de</strong> origem(natural ou extensa) ou a família adotiva sejam acompanhadas após a saída dacriança/adolescente do serviço 66 .A criança e o adolescente em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong>vem ter a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> conversar, ainda, sobre suas expectativas e inseguranças quanto ao retornoao convívio familiar, bem como sobre o sentimento <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> do ambiente <strong>de</strong>acolhimento, da família acolhedora, dos profissionais do serviço e dos colegas. Oseducadores/cuidadores ou famílias acolhedoras, particularmente aqueles que mantêmvinculação afetiva mais significativa com a criança e o adolescente, <strong>de</strong>vem serpre<strong>para</strong>dos e receber especial apoio nesse momento. Nesse sentido, é importanteque no serviço <strong>de</strong> acolhimento seja viabilizado um espaço <strong>de</strong> acompanhamentocontínuo, no qual possam expressar, inclusive, a dor pela se<strong>para</strong>ção da criança oudo adolescente.Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada à pre<strong>para</strong>ção nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> crianças/adolescentesque permaneceram no serviço <strong>de</strong> acolhimento por um longo período.Uma articulação permanente com a Justiça <strong>de</strong>ve garantir um planejamentoconjunto do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento, <strong>de</strong> modo a prevenir se<strong>para</strong>ções abruptas epermitir a avaliação do momento mais a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> a ocorrência do <strong>de</strong>sligamento.Sempre que possível e positivo <strong>para</strong> a criança e o adolescente, <strong>de</strong>vem ser viabilizadoscontatos posteriores ao <strong>de</strong>sligamento com colegas, educadores/cuidadores,famílias acolhedoras e outros profissionais do serviço. Em casos <strong>de</strong> encaminhamento<strong>para</strong> adoção, é importante planejar o encontro da criança ou adolescentecom a família substituta, com formas a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> aproximação e estratégias <strong>de</strong>apresentação que consi<strong>de</strong>rem as características específicas do caso 67 . Nesse trabalho,é fundamental a parceria efetiva entre a equipe interprofissional da Justiçada Infância e da Juventu<strong>de</strong> e do serviço <strong>de</strong> acolhimento, que inclua tambémeducadores/cuidadores e <strong>de</strong>mais profissionais, famílias acolhedoras e Grupos <strong>de</strong>Apoio à Adoção, on<strong>de</strong> houver. Finalmente, é importante <strong>de</strong>stacar que, em conformida<strong>de</strong>com o ECA, <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> quais crianças e adolescentes serão colocadosem quais famílias substitutas compete, exclusivamente, à autorida<strong>de</strong> judiciária,ouvido o Ministério Público.66Sobre Acompanhamento da Família <strong>de</strong> Origem ver Item 3.3.67ADOÇÕES DIFERENTES: Uma nova cultura <strong>de</strong> acolhimento. Direção: Maria Clotil<strong>de</strong> Rossetti-Ferreira. Produção: Maria Clotil<strong>de</strong> Rossetti-Ferreira, Ana C. Chaguri, Genecy Duarte Barros, Nina Rosa do A. Costa, Regina Helena Lima Caldana e Solange A. Serrano. Ribeirão Preto:Usina Animada, 2008. DVD.61


Capítulo II | 3. Orientações MetodológicasÉ importante que as crianças/adolescentes sejam informados sobre sua real situação,sendo-lhes explicada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoção e oportunizando-lhes espaço <strong>para</strong>expressarem o que pensam e sentem a respeito <strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong>. Além disso, noscasos <strong>de</strong> encaminhamento <strong>para</strong> adoção é preciso assegurar tempo suficiente <strong>para</strong>as crianças e adolescentes se <strong>de</strong>sligarem e se <strong>de</strong>spedirem gradualmente das pessoascom as quais construíram vinculações afetivas ao longo do período <strong>de</strong> acolhimento.O <strong>de</strong>sligamento não <strong>de</strong>ve ser visto como um momento apenas, mas como resultado<strong>de</strong> um processo contínuo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da autonomia e como resultado <strong>de</strong>um investimento no acompanhamento da situação <strong>de</strong> cada criança e adolescente.Particularmente no que diz respeito aos adolescentes, a pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento<strong>de</strong>ve incluir o acesso a programas <strong>de</strong> qualificação profissional e inserção nomercado <strong>de</strong> trabalho, como aprendiz ou trabalhador – observadas as <strong>de</strong>vidas limitaçõese <strong>de</strong>terminações da Lei nesse sentido, visando sua pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> uma vidaautônoma. Sempre que possível, ainda, o serviço manterá parceria com Repúblicas,utilizáveis como uma forma <strong>de</strong> transição entre o abrigo e a aquisição <strong>de</strong> autonomiae in<strong>de</strong>pendência.No caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento pela maiorida<strong>de</strong> da adolescente grávida ou com filhospequenos, <strong>de</strong>ve ser viabilizado, sempre que possível e necessário, seu encaminhamento<strong>para</strong> serviços <strong>de</strong>stinados ao atendimento a mulheres acompanhadas <strong>de</strong>seus filhos.3.6 Gestão do Trabalho e Educação Permanente 68Na história do nosso país, os serviços <strong>de</strong> acolhimentos foram geridos e tinham oquadro <strong>de</strong> pessoal composto principalmente por pessoas voluntárias, religiosos ouleigos. Aos poucos essa realida<strong>de</strong> tem se modificado, mas ainda hoje há a prevalênciada concepção <strong>de</strong> que “basta o bom coração” <strong>para</strong> se trabalhar nesses serviços.O reconhecimento <strong>de</strong> que todos os profissionais que atuam em serviços <strong>de</strong> acolhimento<strong>de</strong>sempenham o papel <strong>de</strong> educador, impõe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seleção, capacitaçãoe acompanhamento <strong>de</strong> todos aqueles responsáveis pelo cuidado direto ecotidiano das crianças e adolescentes acolhidos.Para isso, em consonância com o que já está disposto na Norma Operacional Básica<strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS), seguem algumas orientações <strong>para</strong>gestão do trabalho e educação permanente, que <strong>de</strong>vem ser a<strong>de</strong>quadas às necessida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada município, consi<strong>de</strong>rando suas particularida<strong>de</strong>s.3.6.1 SeleçãoUm processo <strong>de</strong> seleção criterioso dos profissionais que atuarão nos Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>é essencial <strong>para</strong> a garantia <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> pessoal qualificado e com perfila<strong>de</strong>quado ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas funções, possibilitando a oferta <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> aos usuários. Para tanto, <strong>de</strong>ve-se prever, minimamente, os seguintes passos:68A seleção, a capacitação e o acompanhamento das famílias acolhedoras serão tratados na seção Parâmetros <strong>de</strong> Funcionamento,item 4.3.62


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes• Ampla divulgação, com informações claras sobre o serviço, o perfil dos usuários,as atribuições e exigências do cargo a ser ocupado, salário e cargahorária, <strong>de</strong>ntre outros;• Processo seletivo, com atenção à exigência da formação mínima <strong>para</strong> cadafunção e experiência profissional;• Avaliação <strong>de</strong> documentação mínima a ser exigida: documentos pessoais,certidão negativa <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes criminais, atestado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física emental;• Avaliação psicológica e social: análise da vida pregressa, entrevista individual69 e ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo 70 ;Constituem características <strong>de</strong>sejáveis aos candidatos(as): motivação <strong>para</strong> a função;aptidão <strong>para</strong> o cuidado com crianças e adolescentes; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidarcom frustração e se<strong>para</strong>ção; habilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> trabalhar em grupo; disponibilida<strong>de</strong>afetiva; empatia; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com conflitos; criativida<strong>de</strong>; flexibilida<strong>de</strong>;tolerância; pró-ativida<strong>de</strong>; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escuta; estabilida<strong>de</strong> emocional, <strong>de</strong>ntreoutras. Para os coor<strong>de</strong>nadores, é ainda <strong>de</strong>sejável capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e gestão<strong>de</strong> equipes.No caso <strong>de</strong> educadores/cuidadores resi<strong>de</strong>ntes, <strong>para</strong> atendimento em casas-lares,também <strong>de</strong>verá ser verificado disponibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> residir, grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendênciapessoal e familiar que permita <strong>de</strong>dicação afetiva e profissional e capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong>administrar a rotina doméstica.No caso do coor<strong>de</strong>nador, equipe técnica e educador/cuidador, constituem habilida<strong>de</strong>se conhecimentos técnicos <strong>de</strong>sejáveis:• Coor<strong>de</strong>nador: gestão; trabalho em re<strong>de</strong>; crianças e adolescentes em situação<strong>de</strong> risco; conhecimentos sobre seleção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> RecursosHumanos; conhecimento aprofundado do ECA, SUAS, Sistema <strong>de</strong> Justiça ePNCFC.• Equipe Técnica: violência e exclusão social, crianças e adolescentes em situação<strong>de</strong> risco, se<strong>para</strong>ções, vinculações, <strong>de</strong>pendência química; <strong>de</strong>senvolvimentoinfanto-juvenil; seleção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Recursos Humanos;atendimento a criança, adolescente e família; atendimento em grupo; trabalhoem re<strong>de</strong>; acesso a serviços, programas e benefícios; ECA; SUAS; Sistema<strong>de</strong> Justiça e PNCFC.69Nesta etapa, objetiva-se colher dados mais aprofundados sobre a motivação da busca pelo emprego, aspectos subjetivos e documentospessoais. O entrevistador <strong>de</strong>ve ter atenção <strong>para</strong> como o candidato lida com perdas, frustração, vínculo, imprevisto, <strong>para</strong> os projetos <strong>de</strong>vida e futuro do candidato, sua história familiar e como percebe a função pretendida. A fase <strong>de</strong> entrevista possibilita que sejam avaliadoscritérios específicos <strong>para</strong> o exercício do cargo, especialmente no caso do educador/cuidador. É neste momento, <strong>de</strong> abordagem subjetiva,que se po<strong>de</strong>m avaliar os critérios específicos do cargo.70As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grupo são um instrumento útil <strong>para</strong> se perceber características do candidato importantes ao exercício da funçãopretendida. É um momento <strong>de</strong> interação que <strong>de</strong>ve propiciar a observação <strong>de</strong> características como capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, autorida<strong>de</strong>,cooperação, resolução <strong>de</strong> problemas, criativida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong>, tolerância, habilida<strong>de</strong>s com crianças/adolescentes, disponibilida<strong>de</strong> e escuta<strong>para</strong> com este público, etc. Nessa etapa já se evi<strong>de</strong>nciam candidatos que não <strong>de</strong>monstram perfil <strong>para</strong> a função <strong>de</strong> educador/cuidador.Interessante que os próprios candidatos possam falar da ativida<strong>de</strong> e da experiência e, tenha retorno do facilitador sobre sua participação.Muitas vezes o próprio candidato se <strong>de</strong><strong>para</strong> com dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>terminados aspectos enfatizados na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo que sãofundamentais <strong>para</strong> a função e <strong>de</strong>clina do processo <strong>de</strong> seleção.63


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas• Educador/Cuidador: cuidados com crianças e adolescentes; noções sobre<strong>de</strong>senvolvimento infanto-juvenil; noções sobre ECA; SUAS; Sistema <strong>de</strong> Justiçae PNCFC.Quando se tratar <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento governamentais, particular atenção <strong>de</strong>veráser dada à elaboração <strong>de</strong> editais <strong>de</strong> concursos públicos <strong>para</strong> o provimento dos cargos.Além da previsão <strong>de</strong> formação mínima exigida <strong>para</strong> a função 71 , da exigência <strong>de</strong> conteúdosespecíficos <strong>para</strong> as provas <strong>de</strong> seleção (vi<strong>de</strong> sugestões no item acima, “Habilida<strong>de</strong>se conhecimentos técnicos <strong>de</strong>sejáveis”) e da previsão <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> títulos que pontuemtanto titulação acadêmica em áreas relacionadas ao <strong>de</strong>sempenho da função, quanto experiênciaprofissional no atendimento a crianças, adolescentes e famílias, recomenda-seque também sejam previstos nos editais, como etapas eliminatórias do concurso, a avaliaçãopsicológica, a análise <strong>de</strong> vida pregressa e curso <strong>de</strong> formação.3.6.2 CapacitaçãoInvestir na capacitação e acompanhamento dos educadores/cuidadores, assimcomo <strong>de</strong> toda a equipe que atua nos serviços <strong>de</strong> acolhimento – incluindo coor<strong>de</strong>nador,equipe técnica e equipe <strong>de</strong> apoio - é indispensável <strong>para</strong> se alcançar qualida<strong>de</strong>no atendimento, visto se tratar <strong>de</strong> uma tarefa complexa, que exige não apenas “espírito<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>”, “afeto” e “boa vonta<strong>de</strong>”, mas uma equipe com conhecimentotécnico a<strong>de</strong>quado. Para tanto, é importante que seja oferecida capacitação inicial <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> e formação continuada a tais profissionais, especialmente aqueles quetêm contato direto com as crianças e adolescentes e suas famílias.A seguir, serão apresentados temas gerais a serem abordados na capacitação dosprofissionais que atuarão nos serviços <strong>de</strong> acolhimento, os quais <strong>de</strong>vem ser adaptadosàs necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas específicas <strong>de</strong> cada serviço e ser a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong>acordo com o nível <strong>de</strong> aprofundamento necessário ao <strong>de</strong>senvolvimento da funçãoespecífica <strong>de</strong> cada profissional.Destaca-se que a realização <strong>de</strong>ssa capacitação <strong>de</strong>ve contar com o apoio e parceria<strong>de</strong> profissionais que <strong>de</strong>tenham conhecimento reconhecido no assunto, oriundos <strong>de</strong>órgãos e entida<strong>de</strong>s públicos ou privados, bem como da socieda<strong>de</strong> civil organizada 72 .A capacitação e formação continuada também po<strong>de</strong> envolver uma metodologia <strong>de</strong>capacitação conjunta dos profissionais <strong>de</strong> diversos serviços <strong>de</strong> acolhimento e <strong>de</strong> outrosatores do SGD e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento, <strong>de</strong> modo a promover maior intercâmbioe troca <strong>de</strong> experiências, além <strong>de</strong> fortalecer a articulação entre esses atores.Capacitação IntrodutóriaA capacitação introdutória tem como objetivo inserir o profissional no serviço ena equipe já existente, permitindo ainda que acompanhe, como observador, osdiferentes momentos da rotina e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> posterior discussão sobre as71De acordo com os itens sobre Recursos Humanos (4.1.4; 4.2.5; 4.3.5; 4.4.5).72Como exemplo po<strong>de</strong>-se citar: Universida<strong>de</strong>s, Instituições <strong>de</strong> Pesquisa, Sistema <strong>de</strong> Justiça, Re<strong>de</strong> Socioassistencial, Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,Centros <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Direitos, Grupos <strong>de</strong> Apoio à Adoção, <strong>de</strong>ntre outros).64


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesobservações realizadas. O nível <strong>de</strong> experiência do profissional norteará o repasse e oconteúdo das informações na etapa inicial <strong>de</strong> adaptação à rotina do serviço.Abaixo são elencados temas relevantes a serem trabalhados em uma capacitação inicial:• Apresentação do serviço, suas especificida<strong>de</strong>s e regras <strong>de</strong> funcionamento;• Apresentação e discussão do Projeto Político-Pedagógico do serviço;• Legislação pertinente (SUAS, PNCFC, ECA, <strong>de</strong>ntre outros, além do presentedocumento);• SGD e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas públicas - com o intuito <strong>de</strong> que o profissional compreendaas medidas protetivas, competências e limites <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> cadaórgão / entida<strong>de</strong> e articulação entre as instâncias envolvidas;• Etapas do <strong>de</strong>senvolvimento da criança e do adolescente (características, <strong>de</strong>safios,comportamentos típicos, fortalecimento da autonomia, <strong>de</strong>senvolvimentoda sexualida<strong>de</strong>); brinca<strong>de</strong>iras e jogos a<strong>de</strong>quados <strong>para</strong> cada faixa etária, exploraçãodo ambiente, formas <strong>de</strong> lidar com conflitos, colocação <strong>de</strong> limites, etc.;• Comportamentos freqüentemente observados entre crianças/adolescentesse<strong>para</strong>dos da família <strong>de</strong> origem, que sofreram abandono, violência, etc.;• Práticas educativas como ajudar a criança/adolescente a conhecer e a lidarcom sentimentos, fortalecer a auto-estima e contribuir <strong>para</strong> a construçãoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;• Cuidados específicos com crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência ou necessida<strong>de</strong>sespecíficas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (doença infecto-contagiosa ou imuno<strong>de</strong>pressora;transtorno mental; <strong>de</strong>pendência química; etc);• Novas configurações familiares e realida<strong>de</strong> das famílias em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>e risco;• Metodologia <strong>de</strong> trabalho com famílias;• Diversida<strong>de</strong> cultural e sexual, étnicas e religiosas;• Trabalho em re<strong>de</strong>.Capacitação Prática 73Antes <strong>de</strong> assumir suas funções, é importante que todos os profissionais acompanhemcomo auxiliar a rotina da instituição, <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r gradativamente se apropriarda função que lhe é <strong>de</strong>vida.O educador/cuidador <strong>de</strong>verá passar por um período mínimo <strong>de</strong> 80 horas acompanhando,como auxiliar, os diferentes momentos da rotina institucional, sempre sobsupervisão <strong>de</strong> um educador/cuidador experiente e da equipe técnica.No caso <strong>de</strong> educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte, este período <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>, no mínimo, 30 dias <strong>de</strong>acompanhamento, como auxiliar, dos diferentes momentos da rotina da casa-lar, sempresob supervisão <strong>de</strong> um(a) educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte experiente e da equipe técnica.73No item 4.5 serão abordados mais especificamente aspectos relativos à capacitação e acompanhamento das Famílias Acolhedoras.65


Capítulo II | 3. Orientações Metodológicas3.6.3 Formação continuadaPara garantir qualida<strong>de</strong> ao Projeto Político-Pedagógico dos serviços <strong>de</strong> acolhimento,os horários <strong>para</strong> que os educadores/cuidadores, equipe técnica e <strong>de</strong>mais funcionáriospossam participar <strong>de</strong> cursos, reuniões <strong>de</strong> formação, seminários e leituras <strong>de</strong>vemter lugar no planejamento da organização e das escalas <strong>de</strong> trabalho. 74Depois da contratação, <strong>para</strong> adaptação à rotina institucional é fundamental o acompanhamentosistemático do profissional, incrementado com capacitações continuadas. As<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> acolhimento exigem resolutivida<strong>de</strong>, rapi<strong>de</strong>z e mobilida<strong>de</strong>,pois, com o passar do tempo, po<strong>de</strong>-se gerar um automatismo <strong>de</strong> respostas dos profissionais.Ou seja, há gran<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se cair na rotina, agindo sem refletir sobreo atendimento que está sendo realizado. Além disso, os casos atendidos nesses serviçosacabam afetando <strong>de</strong> alguma forma emocionalmente os profissionais. Por toda esta realida<strong>de</strong>,algumas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acompanhamento são extremamente importantes no sentido<strong>de</strong> melhorar o <strong>de</strong>sempenho do profissional, a qualida<strong>de</strong> do atendimento institucionale o bem-estar das crianças e dos adolescentes acolhidos. São elas:• Reuniões periódicas <strong>de</strong> equipe (discussão e fechamento <strong>de</strong> casos; reavaliação<strong>de</strong> Planos <strong>de</strong> atendimento individual e familiar, construção <strong>de</strong> consensos,revisão e melhoria da metodologia)• Formação continuada sobre temas recorrentes do cotidiano, assim como sobretemas já trabalhados na fase <strong>de</strong> capacitação inicial, orientada pelas necessida<strong>de</strong>sinstitucionais (promovida pela própria instituição e/ou cursos externos)• Estudos <strong>de</strong> caso• Supervisão institucional com profissional externo• Encontros diários <strong>de</strong> 15-20 minutos entre os profissionais dos diferentesturnos <strong>para</strong> troca <strong>de</strong> informações• Grupo <strong>de</strong> escuta mútua 75• Espaço <strong>de</strong> escuta individual• Avaliação, orientação e apoio periódicos pela equipe técnicaA seguir, serão apresentados parâmetros <strong>de</strong> funcionamento <strong>para</strong> os serviços <strong>de</strong> acolhimento,no qual serão <strong>de</strong>talhadas, <strong>de</strong>ntre outros aspectos, a formação da equipe mínima <strong>para</strong> cadaserviço: i. Abrigos Institucionais; ii. Casas-Lares; iii. Famílias Acolhedoras; iv. Repúblicas.74BAPTISTA, M.V. (Coord.). Abrigo: comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhida e socioeducação. Coletânea Abrigar. São Paulo: Instituto Camargo Corrêa, 2006.75Grupos <strong>de</strong> escuta mútua visam promover suporte emocional <strong>para</strong> a equipe, estimular a troca <strong>de</strong> experiências e oferecer oportunida<strong>de</strong><strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s pessoais e sociais <strong>para</strong> o exercício mais saudável <strong>de</strong> suas funções. Esse grupo po<strong>de</strong> ter um apoioprofissional externo ou ser conduzido por integrantes da própria equipe. (VASCONCELOS, E.M. O Po<strong>de</strong>r que brota da dor e da opressão:empowerment, sua história, teorias e estratégias. São Paulo: Paulus, 2003).66


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesCapítulo lll4 Parâmetros <strong>de</strong> FuncionamentoAs orientações contidas nesse capítulo têm como objetivo estabelecer parâmetros <strong>para</strong> aorganização dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes, visando sua a<strong>de</strong>quaçãogradativa ao Estatuto da Criança e do Adolescente, ao Plano Nacional <strong>de</strong> ConvivênciaFamiliar e Comunitária, à Política Nacional <strong>de</strong> Assistência Social e ao Projeto <strong>de</strong>Diretrizes das Nações Unidas sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativoscom Crianças 76 . Esses parâmetros <strong>de</strong>vem ser ajustados à realida<strong>de</strong> e cultura local,sem, todavia, acarretar perda da qualida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> acolhimento já prestados.Quando, <strong>para</strong> a proteção <strong>de</strong> sua integrida<strong>de</strong> física e psicológica, for <strong>de</strong>tectada a necessida<strong>de</strong>do afastamento da criança e do adolescente da família <strong>de</strong> origem pelaautorida<strong>de</strong> competente, os mesmos <strong>de</strong>verão ser atendidos em serviços que ofereçamcuidados e condições favoráveis ao seu <strong>de</strong>senvolvimento saudável, <strong>de</strong>vendosetrabalhar no sentido <strong>de</strong> viabilizar a reintegração à família <strong>de</strong> origem ou, na suaimpossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento <strong>para</strong> família substituta. Tais serviços po<strong>de</strong>m serofertados em diferentes serviços <strong>de</strong> acolhimento: i. Abrigos Institucionais; ii. Casas-Lares; iii. Famílias Acolhedoras; e iv. Repúblicas.A organização dos diferentes serviços <strong>de</strong> acolhimento tem como objetivo respon<strong>de</strong>r<strong>de</strong> forma mais a<strong>de</strong>quada às <strong>de</strong>mandas da população infanto-juvenil. A partir da análiseda situação familiar, do perfil <strong>de</strong> cada criança ou adolescente e <strong>de</strong> seu processo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>ve-se indicar qual serviço po<strong>de</strong>rá respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma maisefetiva às suas necessida<strong>de</strong>s. Deve-se consi<strong>de</strong>rar, ainda: sua ida<strong>de</strong>; histórico <strong>de</strong> vida;aspectos sócio-culturais; motivos do acolhimento; situação familiar; previsão do menortempo necessário <strong>para</strong> viabilizar soluções <strong>de</strong> caráter permanente (reintegraçãofamiliar ou adoção); condições emocionais e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, bem como condiçõesespecíficas que precisem ser observadas (crianças e adolescentes com vínculos<strong>de</strong> parentesco – irmãos, primos, crianças e adolescentes com diferentes <strong>de</strong>ficiências,que estejam em processo <strong>de</strong> saída da rua, com histórico <strong>de</strong> uso, abuso ou <strong>de</strong>pendência<strong>de</strong> álcool ou outras drogas, etc), <strong>de</strong>ntre outras.O órgão gestor da Política <strong>de</strong> Assistência Social, em parceria com <strong>de</strong>mais atores da re<strong>de</strong>local e do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver estratégias <strong>para</strong> o aprimoramentoconstante da oferta do atendimento a crianças e adolescentes, visando a melhora<strong>de</strong>quação às características das <strong>de</strong>mandas locais. A implantação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento<strong>de</strong>ve basear-se em um diagnóstico local que busque i<strong>de</strong>ntificar a existência ounão <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por tais serviços no município e quais serviços são mais a<strong>de</strong>quados <strong>para</strong>76Projeto <strong>de</strong> Diretrizes das Nações Unidas Sobre Emprego e Condições A<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> Cuidados Alternativos com Crianças (2006).Disponível em: http://www.presi<strong>de</strong>ncia.gov.br/sedh. Acesso em: 02/02/2009.67


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoseu atendimento. Particularmente nos municípios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e metrópoles <strong>de</strong>vehaver diversificação na oferta <strong>de</strong> diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento.Cabe ressaltar que, conforme parâmetros do Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteçãoe Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e comunitária,o financiamento dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve basear-se na manutenção <strong>de</strong> suacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento e não no número <strong>de</strong> vagas ocupadas 77 .Destaca-se que nenhum novo serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes <strong>de</strong>verá sercriado sem aten<strong>de</strong>r aos parâmetros aqui apresentados e que, gradativamente, a infra-estruturados serviços já existentes <strong>de</strong>verá ser a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> o cumprimento <strong>de</strong>ssas exigências.A seguir, serão apresentados os parâmetros que <strong>de</strong>verão orientar a organização dosserviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes no País.4.1 Abrigo Institucional4.1.1 DefiniçãoServiço que oferece acolhimento provisório <strong>para</strong> crianças e adolescentes afastadosdo convívio familiar por meio <strong>de</strong> medida protetiva <strong>de</strong> abrigo (ECA, Art. 101), em função<strong>de</strong> abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamenteimpossibilitados <strong>de</strong> cumprir sua função <strong>de</strong> cuidado e proteção, até que seja viabilizadoo retorno ao convívio com a família <strong>de</strong> origem ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>,encaminhamento <strong>para</strong> família substituta.O serviço <strong>de</strong>ve ter aspecto semelhante ao <strong>de</strong> uma residência e estar inserido na comunida<strong>de</strong>,em áreas resi<strong>de</strong>nciais, oferecendo ambiente acolhedor e condições institucionais<strong>para</strong> o atendimento com padrões <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>. Deve ofertar atendimentopersonalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitáriodas crianças e adolescentes atendidos, bem como a utilização dos equipamentos eserviços disponíveis na comunida<strong>de</strong> local.4.1.2 Público alvoGeralCrianças e adolescentes <strong>de</strong> 0 a 18 anos sob medida protetiva <strong>de</strong> abrigo 78 .77A Portaria Nº 440 <strong>de</strong> 2005 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome regulamentou os Pisos da Proteção SocialEspecial estabelecidos pela Norma Operacional Básica - NOB/SUAS, sua composição e as ações que financiam. A partir da publicação <strong>de</strong>staPortaria o co-financiamento dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes e pessoas idosas passou a ser operacionalizado pormeio do Piso <strong>de</strong> Alta Complexida<strong>de</strong> I (PAC I). A instituição do piso rompeu com o cálculo baseado no per capita no co-financiamento <strong>de</strong>stesserviços pelo MDS, mas sim a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento.78Conforme Art. 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990.68


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesEspecificida<strong>de</strong>sDevem ser evitadas especializações e atendimentos exclusivos - tais como adotarfaixas etárias muito estreitas, direcionar o atendimento apenas a <strong>de</strong>terminado sexo,aten<strong>de</strong>r exclusivamente ou não aten<strong>de</strong>r crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência ouque vivam com HIV/AIDS. A atenção especializada, quando necessária, <strong>de</strong>verá serassegurada por meio da articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços, a qual po<strong>de</strong>rá contribuir,inclusive, <strong>para</strong> capacitação específica dos cuidadores 79 .O atendimento especializado, quando houver e se justificar pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atenção diferenciada a vulnerabilida<strong>de</strong>s específicas, não <strong>de</strong>ve prejudicar a convivência<strong>de</strong> crianças e adolescentes com vínculos <strong>de</strong> parentesco (irmãos, primos, etc),nem constituir-se motivo <strong>de</strong> discriminação ou segregação.Desta forma, a organização da re<strong>de</strong> local <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>verá garantir quetoda criança ou adolescente que necessite <strong>de</strong> acolhimento receberá atendimento e quehaverá diversificação dos serviços ofertados, bem como articulação entre as políticas públicas,<strong>de</strong> modo a proporcionar respostas efetivas às diferentes <strong>de</strong>mandas dos usuários.Número Máximo <strong>de</strong> Usuários por Equipamento20 crianças e adolescentes4.1.3 Aspectos físicosLocalizaçãoÁreas resi<strong>de</strong>nciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto <strong>de</strong> vista geográfico esócio-econômico, da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem das crianças e adolescentes acolhidos.Fachada e aspectos gerais da construçãoDeverá manter aspecto semelhante ao <strong>de</strong> uma residência, seguindo o padrão arquitetônicodas <strong>de</strong>mais residências da comunida<strong>de</strong> na qual estiver inserida.Não <strong>de</strong>vem ser instaladas placas indicativas da natureza institucional do equipamento,também <strong>de</strong>vendo ser evitadas nomenclaturas que remetam à aspectos negativos,estigmatizando e <strong>de</strong>spotencializando os usuários 80 .4.1.4 Recursos humanosPara que o atendimento em serviços <strong>de</strong> abrigo institucional possibilite à criança e ao adolescenteconstância e estabilida<strong>de</strong> na prestação dos cuidados, vinculação com o educador/cuidador<strong>de</strong> referência e previsibilida<strong>de</strong> da organização da rotina diária, os educado-79Tal articulação encontra-se <strong>de</strong>talhada no item 3.4. Articulação Intersetorial.80Ainda po<strong>de</strong>m ser encontradas, pelo País, abrigos institucionais com <strong>de</strong>nominações que remetem a práticas e conceitos superados,que acabam por reforçar uma imagem estigmatizante das crianças e adolescentes atendidos.69


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentores/cuidadores <strong>de</strong>verão trabalhar, preferencialmente, em turnos fixos diários, <strong>de</strong> modoa que o mesmo educador/cuidador <strong>de</strong>senvolva sempre <strong>de</strong>terminadas tarefas da rotinadiária (p.ex: pre<strong>para</strong>r café da manhã, almoço, jantar, dar banho, pre<strong>para</strong>r <strong>para</strong> a escola,apoiar as tarefas escolares, colocar <strong>para</strong> dormir, etc.), sendo <strong>de</strong>saconselhável esquemas<strong>de</strong> plantão 81 , caracterizados pela gran<strong>de</strong> alternância na prestação <strong>de</strong> tais cuidados.Em se tratando <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>senvolvidos por organizações não-governamentais,a equipe técnica <strong>de</strong>verá pertencer ao quadro <strong>de</strong> pessoal da entida<strong>de</strong> ou, excepcionalmente,estar vinculada ao órgão gestor da Assistência Social ou a outro órgãopúblico ou privado, sendo exclusivamente <strong>de</strong>stinada <strong>para</strong> esse fim. Em ambos os casos,<strong>de</strong>verá ser respeitado o número mínimo <strong>de</strong> profissionais necessários, a carga horáriamínima e o cumprimento das atribuições elencadas neste documento.Equipe Profissional Mínima 82Coor<strong>de</strong>nador, equipe técnica, educador/cuidador e auxiliar <strong>de</strong> educador/cuidador,conforme <strong>de</strong>talhado a seguir:Coor<strong>de</strong>nadorPerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Formação Mínima: Nível superior e experiência em função congênere• Experiência na área e amplo conhecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteçãoà infância e juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> políticas públicas e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>serviços da cida<strong>de</strong> e região• 1 profissional <strong>para</strong> cada serviço• Gestão da entida<strong>de</strong>• Elaboração, em conjunto com a equipe técnica e <strong>de</strong>mais colaboradores,do projeto político-pedagógico do serviço• Organização da seleção e contratação <strong>de</strong> pessoal e supervisãodos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos• Articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços• Articulação com o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> DireitosEquipe Técnica 83PerfilQuantida<strong>de</strong>• Formação Mínima: Nível superior 83• Experiência no atendimento a crianças, adolescentes e famíliasem situação <strong>de</strong> risco• 2 profissionais <strong>para</strong> atendimento a até 20 crianças e adolescentes• Carga horária mínima indicada: 30 horas semanais7081Os esquemas aqui mencionados são aqueles organizados, por exemplo, por meio <strong>de</strong> rodízio <strong>de</strong> 12 por 36 horas.82A composição da equipe que <strong>de</strong>ve atuar nos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes foi regulamentada pela NormaOperacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS (Resolução Nº130, <strong>de</strong> 2005 do CNAS).83Os parâmetros <strong>para</strong> a composição mínima da equipe técnica dos serviços <strong>de</strong> acolhimento foram estabelecidos pela NOB-RH/SUAS, aqual <strong>de</strong>fine que a equipe <strong>de</strong> referência dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser formada por psicólogo e assistente social. É importante quesejam agregados à equipe mínima profissionais com diferentes formações, compondo uma equipe interdisciplinar.


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesPrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas 84• Elaboração, em conjunto com o/a coor<strong>de</strong>nador(a) e <strong>de</strong>mais colaboradores,do Projeto Político Pedagógico do serviço;• Acompanhamento psicossocial dos usuários e suas respectivasfamílias, com vistas à reintegração familiar;• Apoio na seleção dos cuidadores/educadores e <strong>de</strong>mais funcionários;• Capacitação e acompanhamento dos cuidadores/educadores e<strong>de</strong>mais funcionários;• Apoio e acompanhamento do trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelos educadores/cuidadores;• Encaminhamento, discussão e planejamento conjunto com outrosatores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e do SGD das intervenções necessárias aoacompanhamento das crianças e adolescentes e suas famílias;• Organização das informações das crianças e adolescentes e respectivasfamílias, na forma <strong>de</strong> prontuário individual;• Elaboração, encaminhamento e discussão com a autorida<strong>de</strong> judiciáriae Ministério Público <strong>de</strong> relatórios semestrais sobre a situação <strong>de</strong>cada criança e adolescente apontando: i. possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegraçãofamiliar; ii. necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> novas medidas; ou,iii. quando esgotados os recursos <strong>de</strong> manutenção na família <strong>de</strong> origem,a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento <strong>para</strong> adoção;• Pre<strong>para</strong>ção da criança / adolescente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento (emparceria com o (a) cuidador(a)/educadora(a) <strong>de</strong> referência);• Mediação, em parceria com o educador/cuidador <strong>de</strong> referência,do processo <strong>de</strong> aproximação e fortalecimento ou construção dovínculo com a família <strong>de</strong> origem ou adotiva, quando for o caso.Educador/cuidador84 8586PerfilQuantida<strong>de</strong>• Formação Mínima: Nível médio e capacitação específica• Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes• 1 profissional <strong>para</strong> até 10 usuários, por turno 85• A quantida<strong>de</strong> 86 <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>verá ser aumentada quandohouver usuários que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m atenção específica (com <strong>de</strong>ficiência,com necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong> inferior a umano. Para tanto, <strong>de</strong>verá ser adotada a seguinte relação:a) 1 cuidador <strong>para</strong> cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com<strong>de</strong>mandas específicasb) 1 cuidador <strong>para</strong> cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuárioscom <strong>de</strong>mandas específicas84As ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe interprofissional <strong>de</strong>verão respeitar as normas quanto a ativida<strong>de</strong>s privativas <strong>de</strong>finidaspelos respectivos conselhos <strong>de</strong> profissão.85Para a <strong>de</strong>finição do número total <strong>de</strong> cuidadores/educadores, o serviço <strong>de</strong>ve observar esta proporção estabelecida pela NOB-RH/SUAS. Como os horários <strong>de</strong> trabalho dos cuidadores/educadores são organizados segundo sua carga horária, a relação aqui estabelecidadiz respeito ao número <strong>de</strong> profissionais que <strong>de</strong>vem estar presentes <strong>para</strong> prestar os cuidados à criança e ao adolescente. Na troca <strong>de</strong> turnoos cuidadores/educadores <strong>de</strong>vem se comunicar, garantindo que aqueles que estiverem chegando estarão cientes <strong>de</strong> aspectos importantes<strong>para</strong> dar continuida<strong>de</strong> aos cuidados às crianças e aos adolescentes.86Para garantir a redução do número <strong>de</strong> crianças/adolescentes por educador/cuidador quando houver criança ou adolescente com<strong>de</strong>manda específica acolhido, po<strong>de</strong>-se, por exemplo, reduzir novas entradas <strong>para</strong> se aten<strong>de</strong>r ao parâmetro aqui disposto.71


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoPrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção;• Organização do ambiente (espaço físico e ativida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadasao grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada criança ou adolescente);• Auxílio à criança e ao adolescente <strong>para</strong> lidar com sua história <strong>de</strong>vida, fortalecimento da auto-estima e construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;• Organização <strong>de</strong> fotografias e registros individuais sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cada criança e/ou adolescente, <strong>de</strong> modo a preservarsua história <strong>de</strong> vida;• Acompanhamento nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, escola e outros serviçosrequeridos no cotidiano. Quando se mostrar necessário e pertinente,um profissional <strong>de</strong> nível superior <strong>de</strong>verá também participar<strong>de</strong>ste acompanhamento;• Apoio na pre<strong>para</strong>ção da criança ou adolescente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento,sendo <strong>para</strong> tanto orientado e supervisionado por um profissional<strong>de</strong> nível superior.Auxiliar <strong>de</strong> educador/cuidadorPerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Auxiliar <strong>de</strong> Educador/cuidador• Formação mínima: Nível fundamental e capacitação específica• Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes• 1 profissional <strong>para</strong> até 10 usuários, por turno• Para preservar seu caráter <strong>de</strong> proteção e tendo em vista o fato <strong>de</strong>acolher em um mesmo ambiente crianças e adolescentes com osmais diferentes históricos, faixa etária e gênero, faz-se necessárioque o abrigo mantenha uma equipe noturna acordada e atenta àmovimentação• A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>verá ser aumentada quando houverusuários que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m atenção específica, adotando-se amesma relação do educador/cuidador• apoio às funções do cuidador• cuidados com a moradia (organização e limpeza do ambiente epre<strong>para</strong>ção dos alimentos, <strong>de</strong>ntre outros)72


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.1.5 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos87CômodoQuartosSala <strong>de</strong> Estarou similarSala <strong>de</strong> jantar /copaAmbiente <strong>para</strong>EstudoBanheiroCozinhaCaracterísticas• Cada quarto <strong>de</strong>verá ter dimensão suficiente <strong>para</strong> acomodar ascamas / berços / beliches dos usuários e <strong>para</strong> a guarda dos pertencespessoais <strong>de</strong> cada criança e adolescente <strong>de</strong> forma individualizada(armários, guarda-roupa, etc.).• Nº recomendado <strong>de</strong> crianças/adolescentes por quarto: até 4 porquarto, excepcionalmente, até 6 por quarto, quando esta for aúnica alternativa <strong>para</strong> manter o serviço em residência inseridana comunida<strong>de</strong>.• Metragem sugerida: 2,25 m² <strong>para</strong> cada ocupante. Caso o ambiente<strong>de</strong> estudos seja organizado no próprio quarto, a dimensão dos mesmos<strong>de</strong>verá ser aumentada <strong>para</strong> 3,25 m² <strong>para</strong> cada ocupante.• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar o número <strong>de</strong> usuáriosatendido pelo equipamento e os cuidadores/educadores.• Metragem sugerida: 1,00 m² <strong>para</strong> cada ocupante.Ex: Abrigo <strong>para</strong> 15 crianças / adolescentes e 2 cuidadores/educadores:17,0 m²Abrigo <strong>para</strong> 20 crianças / adolescentes e 2 cuidadores/educadores:22,0 m²• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar o número <strong>de</strong> usuáriosatendido pelo equipamento e os cuidadores/educadores.• Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um cômodo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou estar anexado aoutro cômodo (p. ex. à sala <strong>de</strong> estar ou à cozinha)• Metragem sugerida: 1,00 m² <strong>para</strong> cada ocupante.• Po<strong>de</strong>rá haver espaço específico <strong>para</strong> esta finalida<strong>de</strong> ou, ainda, serorganizado em outros ambientes (quarto, copa) por meio <strong>de</strong> espaçosuficiente e mobiliário a<strong>de</strong>quado, quando o número <strong>de</strong> usuáriosnão inviabilizar a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo/leitura.• Deve haver 1 lavatório, 1 vaso sanitário e 1 chuveiro <strong>para</strong> até 6(seis) crianças e adolescentes• 1 lavatório, 1 vaso sanitário e um chuveiro <strong>para</strong> os funcionários• Pelo menos um dos banheiros <strong>de</strong>verá ser adaptado a pessoascom <strong>de</strong>ficiência 87 .• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> pre<strong>para</strong>r alimentos <strong>para</strong> o número <strong>de</strong> usuários atendidospelo equipamento e os cuidadores/educadores.87Deverão ser executados <strong>de</strong> acordo com todas as especificações constantes da NBR 9050/ABNT, <strong>de</strong>ntre elas: <strong>de</strong>ve ser prevista uma iluminaçãointensa e eficaz; não <strong>de</strong>vem ser utilizados revestimentos que produzam brilhos e reflexos <strong>para</strong> evitar <strong>de</strong>sorientação visual; <strong>de</strong>vemprever, no mínimo, um vaso sanitário <strong>para</strong> cada seis usuários; as portas dos compartimentos internos dos sanitários, <strong>de</strong>verão ser colocadas<strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>ixar vãos livres <strong>de</strong> 0,20m na parte inferior; as barras <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong>verão ser, preferencialmente, em cores contrastantes com apare<strong>de</strong> <strong>para</strong> fácil e rápida i<strong>de</strong>ntificação e uso.73


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoCômodoÁrea <strong>de</strong> ServiçoÁrea externa(Varanda,quintal,jardim,etc)Sala <strong>para</strong> equipe técnicaSala <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação /ativida<strong>de</strong>sadministrativasSala / espaço<strong>para</strong> reuniõesCaracterísticas• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> guardar equipamentos, objetos e produtos <strong>de</strong> limpeza epropiciar o cuidado com a higiene do abrigo, com a roupa <strong>de</strong>cama, mesa, banho e pessoal <strong>para</strong> o número <strong>de</strong> usuários atendidopelo equipamento.• Espaços que possibilitem o convívio e brinca<strong>de</strong>iras, evitando-se,todavia, a instalação <strong>de</strong> equipamentos que estejam fora do padrãosócio-econômico da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos usuários, taiscomo piscinas, saunas, <strong>de</strong>ntre outros, <strong>de</strong> forma a não dificultar areintegração familiar dos mesmos.• Deve-se priorizar a utilização dos equipamentos públicos oucomunitários <strong>de</strong> lazer, esporte e cultura, proporcionando ummaior convívio comunitário e incentivando a socialização dosusuários.• Os abrigos que já tiverem em sua infra-estrutura espaços comoquadra poliesportiva, piscinas, praças, etc, <strong>de</strong>verão, gradativamente,possibilitar o uso dos mesmos também pelas crianças eadolescentes da comunida<strong>de</strong> local, <strong>de</strong> modo a favorecer o convíviocomunitário, observando-se, nesses casos, a preservação daprivacida<strong>de</strong> e da segurança do espaço <strong>de</strong> moradia do abrigo.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> natureza técnica (elaboração <strong>de</strong> relatórios, atendimento,reuniões, etc)• Recomenda-se que este espaço funcione em localização específica<strong>para</strong> a área administrativa / técnica da instituição, se<strong>para</strong>dada área <strong>de</strong> moradia das crianças e adolescentes.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sadministrativas (área contábil / financeira, documental,logística, etc.).• Deve ter área reservada <strong>para</strong> guarda <strong>de</strong> prontuários das criançase adolescentes, em condições <strong>de</strong> segurança e sigilo.• Recomenda-se que este espaço funcione em localização específica<strong>para</strong> a área administrativa / técnica da instituição, se<strong>para</strong>dada área <strong>de</strong> moradia das crianças e adolescentes.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong>equipe e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s grupais com as famílias <strong>de</strong> origem.Observações:• Toda infra-estrutura do abrigo institucional <strong>de</strong>verá oferecer acessibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o atendimento <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiências.• Deverá ser disponibilizado meio <strong>de</strong> transporte que possibilite a realização <strong>de</strong> visitas domiciliares e reuniões com os<strong>de</strong>mais atores do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos e da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços, na razão <strong>de</strong> um veículo <strong>para</strong> cada 20 criançasou adolescentes acolhidos.74


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.2 Casa-Lar4.2.1 DefiniçãoO Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> provisório oferecido em unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais, nas quaispelo menos uma pessoa ou casal trabalha como educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte – emuma casa que não é a sua – prestando cuidados a um grupo <strong>de</strong> crianças e adolescentesafastados do convívio familiar por meio <strong>de</strong> medida protetiva <strong>de</strong> abrigo (ECA,Art. 101), em função <strong>de</strong> abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-setemporariamente impossibilitados <strong>de</strong> cumprir sua função <strong>de</strong> cuidado e proteção,até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família <strong>de</strong> origem ou, na suaimpossibilida<strong>de</strong>, encaminhamento <strong>para</strong> família substituta.Esse tipo <strong>de</strong> serviço visa estimular o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações mais próximas doambiente familiar, promover hábitos e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> autonomia e <strong>de</strong> interação socialcom as pessoas da comunida<strong>de</strong>. Com estrutura <strong>de</strong> uma residência privada, <strong>de</strong>vereceber supervisão técnica, localizar-se em áreas resi<strong>de</strong>nciais da cida<strong>de</strong> e seguir opadrão-sócio econômico da comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> estiverem inseridas.O serviço <strong>de</strong>ve organizar ambiente próximo <strong>de</strong> uma rotina familiar, proporcionar vínculoestável entre o educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte e as crianças e adolescentes atendidos,além <strong>de</strong> favorecer o convívio familiar e comunitário dos mesmos, bem comoa utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunida<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>vendoaten<strong>de</strong>r a todas as premissas do Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmenteno que diz respeito ao fortalecimento dos vínculos familiares e sociais, e oferecimento<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a (re) inserção na família <strong>de</strong> origem ou substituta.4.2.2 Público alvoGeralCrianças e adolescentes <strong>de</strong> 0 a 18 anos sob medida protetiva <strong>de</strong> abrigo 88 .Especificida<strong>de</strong>sDevem ser evitadas especializações e atendimentos exclusivos - tais como adotarfaixas etárias muito estreitas, direcionar o atendimento apenas a <strong>de</strong>terminado sexo,aten<strong>de</strong>r exclusivamente ou não aten<strong>de</strong>r crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência ouque vivam com HIV/AIDS. A atenção especializada, quando necessária, <strong>de</strong>verá serassegurada por meio da articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços, a qual po<strong>de</strong>rá contribuir,inclusive, na capacitação específica dos cuidadores 89 .Este equipamento é particularmente a<strong>de</strong>quado ao atendimento a grupos <strong>de</strong> irmãos e acrianças e adolescentes com perspectiva <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> média ou longa duração.88Conforme Art. 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990.89Tal articulação encontra-se <strong>de</strong>talhada no item 3.4. Articulação Intersetorial.75


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoNúmero Máximo <strong>de</strong> Usuários por Equipamento10 crianças e adolescentes4.2.3 CaracterísticasA principal diferença entre este serviço e o Abrigo Institucional, além do menor número<strong>de</strong> crianças e adolescentes atendidos por equipamento, está na presença doeducador/cuidador resi<strong>de</strong>nte – pessoa ou casal que resi<strong>de</strong> na casa-lar juntamentecom as crianças/adolescentes atendidos, sendo responsável pelos cuidados e pelaorganização da rotina da casa.Tal profissional <strong>de</strong>ve participar ativamente das <strong>de</strong>cisões relacionadas à casa-lar, sendorecomendável que o mesmo tenha autonomia <strong>para</strong> gerir a rotina “doméstica”, inclusiveas <strong>de</strong>spesas da casa. Recomenda-se que também as crianças e adolescentestomem parte nas <strong>de</strong>cisões acerca da rotina da casa, <strong>de</strong> modo que os(as) mesmos(as)reconheçam-se como parte integrante do grupo, com direitos e <strong>de</strong>veres.A presença do educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte visa proporcionar:• estabelecimento <strong>de</strong> uma relação estável no ambiente institucional, uma vezque o educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte ocupa um lugar <strong>de</strong> referência afetivaconstante, facilitando o acompanhamento da vida diária/comunitária dascrianças/ adolescentes (reuniões escolares, festas <strong>de</strong> colegas, etc.), diferentementedo que ocorre no Abrigo Institucional, on<strong>de</strong> há maior rotativida<strong>de</strong>diária <strong>de</strong> educadores/cuidadores.• uma rotina mais flexível na casa, menos institucional e próxima a uma rotinafamiliar, adaptando-se às necessida<strong>de</strong>s da criança/adolescente.Ressalta-se que tal tarefa <strong>de</strong>manda muito <strong>de</strong>ste educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte, por setratar <strong>de</strong> uma função com elevada exigência psíquica e emocional, o que torna necessáriauma atenção especial na seleção, capacitação e acompanhamento <strong>de</strong>ste profissional.Além disso, é <strong>de</strong> fundamental importância a existência <strong>de</strong> equipe técnica especializada,<strong>para</strong> acompanhamento constante das casas lares (apoio/orientação aoscuidadores/educadores, atendimento às crianças/adolescentes e suas famílias, articulaçãocom o SGD, etc), o que não significa que esta equipe <strong>de</strong>va estar sediada na casa.Assim, <strong>para</strong> que o educador/cuidador consiga cumprir bem sua função é necessárioque disponha <strong>de</strong> apoio e orientação por parte da equipe técnica do serviço, bem como<strong>de</strong> espaço <strong>para</strong> trocas, on<strong>de</strong> possa reunir-se com outros educadores <strong>para</strong> compartilharas experiências e <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>correntes da atuação e encontrar soluções conjuntas.É importante, também, que os/as cuidadores(as)/educadores(as) resi<strong>de</strong>ntes possuamcondições dignas <strong>de</strong> trabalho e remuneração condizente, incluindo preservaçãoda privacida<strong>de</strong> do trabalhador e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> projetos pessoais.Para tanto, <strong>de</strong>ve-se prever períodos livres diários e um esquema <strong>de</strong> folgas semanaisque possibilite sua participação em ativida<strong>de</strong>s outras que não as da casa, além <strong>de</strong>férias anuais fora do ambiente da Casa-lar.76


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesEspecial atenção <strong>de</strong>ve ser dada à clarificação do papel a ser exercido por esse profissional,<strong>de</strong> modo a que não se pretenda substituir o lugar e a função dos pais ou dafamília <strong>de</strong> origem. O educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte não <strong>de</strong>ve ocupar o lugar da mãeou da família <strong>de</strong> origem, mas contribuir <strong>para</strong> o fortalecimento dos vínculos familiares,favorecendo o processo <strong>de</strong> reintegração familiar ou o encaminhamento <strong>para</strong>família substituta, quando for o caso. Assim, recomenda-se a substituição do termolargamente utilizado “mãe/pai social” por educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> modo aevitar ambigüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papéis, disputa com a família <strong>de</strong> origem ou fortalecimento daidéia <strong>de</strong> permanência in<strong>de</strong>finida da criança/adolescente no serviço e o investimentoinsuficiente na reintegração familiar.Nessa forma <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong>ve-se dar especial atenção ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamentodas crianças e adolescentes acolhidos por longos períodos, o qual <strong>de</strong>verá ocorrer <strong>de</strong>forma gradual e incluir a participação <strong>de</strong> todos os envolvidos.4.2.4 Aspectos físicosLocalizaçãoÁreas resi<strong>de</strong>nciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto <strong>de</strong> vista geográfico esócio-econômico, da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem das crianças e adolescentes acolhidos.Deve funcionar em uma edificação resi<strong>de</strong>ncial inserida no território <strong>de</strong> forma análoga às <strong>de</strong>maisresidências locais, <strong>de</strong>vendo ser evitadas estruturas que agreguem diversas casas-laresem um terreno comum, visto que tais estruturas acabam por se tornar ambientes “fechados”que dificultam a integração das crianças/adolescentes ali acolhidos à vizinhança.Fachada e aspectos gerais da construçãoSimilar a uma residência unifamiliar, seguindo o padrão arquitetônico das <strong>de</strong>maisresidências da comunida<strong>de</strong> na qual estiver inserida.Não <strong>de</strong>vem ser instaladas placas indicativas da natureza institucional do equipamento,também <strong>de</strong>vendo ser revistas nomenclaturas do serviço que remetam à aspectosnegativos, estigmatizando e <strong>de</strong>spotencializando os usuários 90 .4.2.5 Recursos humanosEm se tratando <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>senvolvidos por organizações nãogovernamentais,a equipe técnica <strong>de</strong>verá pertencer ao quadro <strong>de</strong> pessoal da entida<strong>de</strong>ou ser cedida pelo órgão gestor da Assistência Social ou por outro órgão públicoou privado, exclusivamente <strong>para</strong> esse fim. Em ambos os casos, <strong>de</strong>verá ser respeitadoo número mínimo <strong>de</strong> profissionais necessários, a carga horária mínima e o cumprimentodas atribuições elencadas neste documento.90Ainda se po<strong>de</strong> encontrar, pelo país, <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> casas-Lares que remetem a práticas e conceitos superados, e acabampor cristalizar uma imagem distorcida e estigmatizante das crianças e adolescentes atendidos, tanto perante a socieda<strong>de</strong>, quantoperante as próprias crianças e adolescentes e suas famílias.77


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoEquipe Profissional Mínima 91Coor<strong>de</strong>nador, equipe técnica, educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte e auxiliar <strong>de</strong> educador/cuidado, conforme <strong>de</strong>talhado a seguir:Coor<strong>de</strong>nadorPerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Formação mínima: nível superior e experiência em função congênere• Experiência na área e amplo conhecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteçãoà infância e juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> políticas públicas e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviçosda cida<strong>de</strong> e região.• 1 profissional <strong>para</strong> atendimento a até 20 crianças e adolescentesem até 3 casas-lares• Gestão da entida<strong>de</strong>• Elaboração, em conjunto com a equipe técnica e <strong>de</strong>mais colaboradores,do Projeto Político-Pedagógico do serviço• Organização da seleção e contratação <strong>de</strong> pessoal e supervisãodos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos• Articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços• Articulação com o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> DireitosEquipe Técnica92PerfilQuantida<strong>de</strong>• Formação Mínima: Nível superior 92• Experiência no atendimento a crianças, adolescentes e famíliasem situação <strong>de</strong> risco• 2 profissionais <strong>para</strong> atendimento a até 20 crianças e adolescentesacolhidos em até 3 casas-lares• No caso do serviço englobar apenas uma casa-lar, o número <strong>de</strong>profissionais <strong>de</strong> nível superior po<strong>de</strong>rá ser reduzido <strong>para</strong> um.• Carga Horária Mínima Indicada: 30 horas semanais91A composição da equipe que <strong>de</strong>ve atuar nos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes foi regulamentada pela NormaOperacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS (Resolução Nº130, <strong>de</strong> 2005 do CNAS).92Os parâmetros <strong>para</strong> a composição mínima da equipe técnica dos serviços <strong>de</strong> acolhimento foram estabelecidos pela NOB-RH/SUAS, aqual <strong>de</strong>fine que a equipe <strong>de</strong> referência dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser formada por psicólogo e assistente social. É importante quesejam agregados à equipe mínima profissionais com diferentes formações, compondo uma equipe interdisciplinar.78


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentessempre que possível com a participação das crianças e adolescentesatendidos, <strong>de</strong> regras e rotinas fundamentadas no projeto políticopedagógico da entida<strong>de</strong>• Acompanhamento psicossocial dos usuários e suas respectivasfamílias, com vistas à reintegração familiar;• Apoio na seleção dos cuidadores/educadores resi<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>maisfuncionários;• Apoio e acompanhamento do trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelos educadores/cuidadores• Capacitação e acompanhamento dos cuidadores/educadores resi<strong>de</strong>ntese <strong>de</strong>mais funcionários;• Encaminhamento, discussão e planejamento conjunto com outrosatores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e do SGD das intervenções necessárias ao• Elaboração, em conjunto com o/a educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte e,PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas 93acompanhamento das crianças e adolescentes e suas famílias;• Organização das informações das crianças e adolescentes e respectivasfamílias, na forma <strong>de</strong> prontuário individual;• Elaboração e encaminhamento e discussão com autorida<strong>de</strong> judiciáriae Ministério Público <strong>de</strong> relatórios semestrais sobre a situação <strong>de</strong>cada criança e adolescente apontando: i. possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegraçãofamiliar; ii. necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> novas medidas; ou,iii. quando esgotados os recursos <strong>de</strong> manutenção na família <strong>de</strong> origem,a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento <strong>para</strong> adoção;• Pre<strong>para</strong>ção da criança / adolescente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento (emparceria com o (a) cuidador(a)/educadora(a) resi<strong>de</strong>ntes);• Mediação, em parceria com o (a) cuidador(a)/educadora(a) resi<strong>de</strong>nte,do processo <strong>de</strong> aproximação e (re)construção do vínculocom a família <strong>de</strong> origem ou adotiva, quando for o caso;Educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte93Perfil• Formação mínima: Nível médio e capacitação específica• Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes• Trabalha e resi<strong>de</strong> na casa-lar93As ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe interprofissional <strong>de</strong>verão respeitar as normas quanto a ativida<strong>de</strong>s privativas <strong>de</strong>finidaspelos respectivos conselhos <strong>de</strong> profissão.79


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• 1 profissional <strong>para</strong> até 10 usuários.• A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>verá ser aumentada quandohouver usuários que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m atenção específica (com <strong>de</strong>ficiência,com necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou ida<strong>de</strong> inferior aum ano. Para tanto, <strong>de</strong>verá ser adotada a seguinte relação:a) 1 cuidador <strong>para</strong> cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com<strong>de</strong>mandas específicas;b) 1 cuidador <strong>para</strong> cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuárioscom <strong>de</strong>mandas específicas• Organização da rotina doméstica e do espaço resi<strong>de</strong>ncial;• Cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção;• Relação afetiva personalizada e individualizada com cada criançae/ou adolescente;• Organização do ambiente (espaço físico e ativida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadasao grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada criança ou adolescente);• Auxílio à criança e ao adolescente <strong>para</strong> lidar com sua história <strong>de</strong>vida, fortalecimento da auto-estima e construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;• Organização <strong>de</strong> fotografias e registros individuais sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cada criança e/ou adolescente, <strong>de</strong> modo a preservarsua história <strong>de</strong> vida;• Acompanhamento nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, escola e outros serviçosrequeridos no cotidiano. Quando se mostrar necessário epertinente, um profissional <strong>de</strong> nível superior (psicólogo ou assistentesocial) <strong>de</strong>verá também participar <strong>de</strong>ste acompanhamento;• Apoio na pre<strong>para</strong>ção da criança ou adolescente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento,sendo <strong>para</strong> tanto orientado e supervisionado por um profissional<strong>de</strong> nível superior.Auxiliar <strong>de</strong> educador/cuidador resi<strong>de</strong>ntePerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Formação mínima: Nível fundamental e capacitação específica• Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes• Não resi<strong>de</strong> na casa-lar• 1 profissional <strong>para</strong> até 10 usuários, por turno• Para preservar seu caráter <strong>de</strong> proteção e tendo em vista o fato <strong>de</strong>acolher em um mesmo ambiente crianças e adolescentes com osmais diferentes históricos, faixa etária e gênero, faz-se necessárioque o abrigo mantenha uma equipe noturna acordada e atenta àmovimentação• A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>verá ser aumentada quando houverusuários que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m atenção específica, adotando-se amesma relação do educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte• Apoio às funções do educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte• Cuidados com a moradia (organização e limpeza do ambiente epre<strong>para</strong>ção dos alimentos, <strong>de</strong>ntre outros)80


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.2.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridos94CômodoQuartosQuarto <strong>para</strong>educador/cuidadorresi<strong>de</strong>nteSala <strong>de</strong> estarou similarSala <strong>de</strong> jantar/ copaAmbiente <strong>para</strong>EstudoBanheiroCozinhaCaracterísticas• Nº recomendado <strong>de</strong> crianças / adolescentes por quarto: até 4 porquarto• Cada quarto <strong>de</strong>verá ter dimensão suficiente <strong>para</strong> acomodar ascamas / berços / beliches dos usuários e <strong>para</strong> a guarda dos pertencespessoais <strong>de</strong> cada criança e adolescente <strong>de</strong> forma individualizada(armários, guarda-roupa, etc.).• Metragem sugerida: 2,25 m² <strong>para</strong> cada ocupante. Caso o ambiente<strong>de</strong> estudos seja organizado no próprio quarto, a dimensão dos mesmos<strong>de</strong>verão ser aumentadas <strong>para</strong> 3,25 m² <strong>para</strong> cada ocupante• Com metragem suficiente <strong>para</strong> acomodar cama (<strong>de</strong> solteiro ou<strong>de</strong> casal) e mobiliário <strong>para</strong> guarda <strong>de</strong> pertences pessoais.• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar o número <strong>de</strong> crianças e adolescentesda Casa-Lar e os cuidadores/educadores resi<strong>de</strong>ntes.• Metragem sugerida: 1,00 m² <strong>para</strong> cada ocupante. Ex: Casa-Lar <strong>para</strong>10 crianças/adolescentes e 2 cuidadores/educadores: 12,0 m²• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar o número <strong>de</strong> crianças eadolescentes da Casa-Lar e os cuidadores/educadores.• Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um cômodo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou estar anexado aoutro cômodo (p. ex. à sala <strong>de</strong> estar ou à cozinha)• Metragem sugerida: 1,00 m² <strong>para</strong> cada ocupante.• Po<strong>de</strong>rá haver espaço exclusivo <strong>para</strong> esta finalida<strong>de</strong> ou, ainda, ser organizadoem outro ambiente (quartos, copa) por meio <strong>de</strong> espaçossuficientes e mobiliário a<strong>de</strong>quado, quando o número <strong>de</strong> usuáriosnão inviabilizar a realização da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo/leitura.• Banheiros com 1 lavatório, 1 vaso sanitário e 1 chuveiro <strong>para</strong> até6 (seis) crianças e adolescentes.• Pelo menos 1 dos banheiros <strong>de</strong>verá ser adaptado a pessoas com<strong>de</strong>ficiência 94 .• 1 lavatório e 1 vaso sanitário e chuveiro <strong>para</strong> os cuidadores/educadores• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> pre<strong>para</strong>r alimentos <strong>para</strong> o número <strong>de</strong> usuários atendidopelo equipamento e os cuidadores/educadores.94Deverão ser executados <strong>de</strong> acordo com todas as especificações constantes da NBR 9050/ABNT, <strong>de</strong>ntre elas: <strong>de</strong>ve ser prevista uma iluminaçãointensa e eficaz; não <strong>de</strong>vem ser utilizados revestimentos que produzam brilhos e reflexos <strong>para</strong> evitar <strong>de</strong>sorientação visual; <strong>de</strong>vemprever, no mínimo, um vaso sanitário <strong>para</strong> cada seis usuários; as portas dos compartimentos internos dos sanitários, <strong>de</strong>verão ser colocadas<strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>ixar vãos livres <strong>de</strong> 0,20m na parte inferior; as barras <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong>verão ser, preferencialmente, em cores contrastantes com apare<strong>de</strong> <strong>para</strong> fácil e rápida i<strong>de</strong>ntificação e uso.81


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoÁrea <strong>de</strong>ServiçoÁrea externa(Varanda,quintal,jardim, etc)• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> guardar equipamentos, objetos e produtos <strong>de</strong> limpeza epropiciar o cuidado com a higiene do abrigo, com a roupa <strong>de</strong>cama, mesa, banho e pessoal <strong>para</strong> o número <strong>de</strong> usuários atendidopelo equipamento.• Espaços que possibilitem o convívio e brinca<strong>de</strong>iras, evitando-se,todavia, a instalação <strong>de</strong> equipamentos que estejam fora do padrãosócio-econômico da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos usuários, taiscomo piscinas, saunas, <strong>de</strong>ntre outros, <strong>de</strong> forma a não dificultar areintegração familiar dos mesmos.• Deve-se priorizar a utilização dos equipamentos públicos ou comunitários<strong>de</strong> lazer, esporte e cultura, proporcionando um maior convíviocomunitário e incentivando a socialização dos usuários.Espaços que <strong>de</strong>verão funcionar fora da casa-lar, em área específica <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>stécnico-administrativasCômodo CaracterísticasSala <strong>para</strong>equipe técnicaSala <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação/ ativida<strong>de</strong>sdministrativasSala / espaço<strong>para</strong> reuniõesObservações:• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> natureza técnica (elaboração <strong>de</strong> relatórios, atendimento,reuniões, etc).• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sadministrativas (área contábil / financeira, documental, logística,etc). O espaço administrativo <strong>de</strong>ve ter área reservada <strong>para</strong>guarda <strong>de</strong> prontuários das crianças e adolescentes, em condições<strong>de</strong> segurança e sigilo.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong>equipe e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s grupais com as famílias <strong>de</strong> origem.• A infra-estrutura da casa-lar <strong>de</strong>verá oferecer acessibilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> o atendimento a crianças e adolescentes com <strong>de</strong>ficiências.• Deverá ser disponibilizado meio <strong>de</strong> transporte que possibilite a realização <strong>de</strong> visitas domiciliares e reuniões com os <strong>de</strong>maisatores do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos e da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços, na razão <strong>de</strong> um veículo <strong>para</strong> cada 20 crianças ou adolescentesacolhidos ou até 3 casas-lares.4.3 Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> em Família Acolhedora 954.3.1 DefiniçãoServiço que organiza o acolhimento, em residências <strong>de</strong> famílias acolhedoras cadastradas,<strong>de</strong> crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por meio <strong>de</strong> medidaprotetiva (ECA, Art. 101), em função <strong>de</strong> abandono ou cujas famílias ou responsáveisencontrem-se temporariamente impossibilitados <strong>de</strong> cumprir sua função <strong>de</strong>cuidado e proteção, até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família <strong>de</strong>origem ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, encaminhamento <strong>para</strong> adoção. Propicia o aten-95Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e Grupo<strong>de</strong> Trabalho Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária. Fazendo valer um Direito. Ca<strong>de</strong>rno 3 - Famílias Acolhedoras, 2007.82


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentesdimento em ambiente familiar, garantindo atenção individualizada e convivênciacomunitária, permitindo a continuida<strong>de</strong> da socialização da criança/adolescente.Embora ainda pouco difundida no País, esse serviço encontra-se consolidado em outros países,especialmente nos europeus e da América do Norte, além <strong>de</strong> contar com experiênciasexitosas no Brasil e América Latina. Tal serviço encontra-se contemplado, expressamente,na Política Nacional <strong>de</strong> Assistência Social (2004), como um dos serviços <strong>de</strong> proteção socialespecial <strong>de</strong> alta complexida<strong>de</strong> e no Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção, Proteção e Defesa <strong>de</strong> Direitos<strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (2006).Do ponto <strong>de</strong> vista legal, assim como os serviços <strong>de</strong> acolhimento institucional, o Serviços<strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> em Família Acolhedora <strong>de</strong>ve organizar-se segundo os princípiose diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmente no que serefere à excepcionalida<strong>de</strong> e à provisorieda<strong>de</strong> do acolhimento; ao investimento nareintegração à família <strong>de</strong> origem, nuclear ou extensa; à preservação da convivênciae do vínculo afetivo entre grupos <strong>de</strong> irmãos; à permanente articulação com a Justiçada Infância e da Juventu<strong>de</strong> e a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços.Trata-se <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> acolhimento provisório, até que seja viabilizada uma solução<strong>de</strong> caráter permanente <strong>para</strong> a criança ou adolescente – reintegração familiarou, excepcionalmente, adoção. É uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento diferenciada, quenão se enquadra no conceito <strong>de</strong> abrigo em entida<strong>de</strong>, nem no <strong>de</strong> colocação em famíliasubstituta, no sentido estrito, porém po<strong>de</strong>ndo ser entendido como regime <strong>de</strong> colocaçãofamiliar preconizado no artigo 90 do Estatuto da Criança e do Adolescente.4.3.2 Público alvoGeralCrianças e adolescentes <strong>de</strong> 0 a 18 anos, que estão em medida protetiva 96 .Especificida<strong>de</strong>sEste serviço <strong>de</strong> acolhimento é particularmente a<strong>de</strong>quado ao atendimento <strong>de</strong> criançase adolescentes cuja avaliação da equipe técnica do programa e dos serviços dare<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento indique possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno à família <strong>de</strong> origem, ampliadaou extensa, salvo casos emergenciais, nos quais inexistam alternativas <strong>de</strong> acolhimentoe proteção.Para as crianças pequenas que vivenciam situações <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos, o acolhimentofamiliar tem se mostrado uma forma <strong>de</strong> atendimento a<strong>de</strong>quada a suas especificida<strong>de</strong>s.Número Máximo <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes AcolhidosCada família acolhedora <strong>de</strong>verá acolher uma criança/adolescente por vez, exceto quan-96Conforme Art. 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990.83


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentodo se tratar <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> irmãos, quando esse número po<strong>de</strong>rá ser ampliado. Neste últimocaso, em se tratando <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois irmãos, <strong>de</strong>verá haver uma avaliaçãotécnica <strong>para</strong> verificar se o acolhimento em família acolhedora é a melhor alternativa<strong>para</strong> o caso, ou se seria mais a<strong>de</strong>quado o acolhimento em outra modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço,como Casa–lar, por exemplo. A <strong>de</strong>cisão fica a critério da avaliação da equipe técnica doprograma, como também da disponibilida<strong>de</strong> da família em acolher.4.3.3 Aspectos jurídico-administrativosAs famílias acolhedoras são selecionadas, capacitadas e acompanhadas pela equipetécnica do Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> que possam acolher crianças ou adolescentesem medida <strong>de</strong> proteção aplicada por autorida<strong>de</strong> competente, a qual encaminhaa criança/adolescente <strong>para</strong> inclusão nesse serviço, competindo ao mesmo a indicaçãoda família que esteja disponível e em condições <strong>para</strong> acolhê-lo.Dentro da sistemática jurídica, este tipo <strong>de</strong> acolhimento é feito por meio <strong>de</strong> umtermo <strong>de</strong> guarda provisória, solicitado pelo serviço <strong>de</strong> acolhimento e emitido pelaautorida<strong>de</strong> judiciária <strong>para</strong> a família acolhedora previamente cadastrada. A guardaserá <strong>de</strong>ferida <strong>para</strong> a família acolhedora indicada pelo serviço, terá sempre o caráterprovisório e sua manutenção <strong>de</strong>ve estar vinculada à permanência da família acolhedorano serviço. O termo <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong>ve ser expedido imediatamente à aplicação damedida protetiva e início do acolhimento.4.3.4 Funcionamento do serviço <strong>de</strong> acolhimento em família acolhedoraDivulgação, Seleção, Pre<strong>para</strong>ção e Acompanhamento das FamíliasAcolhedorasUm processo <strong>de</strong> seleção e capacitação criterioso é essencial <strong>para</strong> a obtenção <strong>de</strong> famíliasacolhedoras com perfil a<strong>de</strong>quado ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas funções, possibilitandoa oferta <strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> aos usuários. Para tanto, <strong>de</strong>ve-seprever, minimamente, os seguintes passos:• Ampla Divulgação: com informações precisas sobre os objetivos e a operacionalizaçãodo Serviço, perfil dos usuários, critérios mínimos <strong>para</strong> se tornarfamília acolhedora, <strong>de</strong>ntre outros. A sensibilização <strong>de</strong> famílias <strong>para</strong> aparticipação do serviço como famílias acolhedoras requer uma estratégia<strong>de</strong> divulgação permanente, realizada, em conjunto pelo executor e peloórgão do Governo Municipal competente, que privilegie a clareza dos objetivos<strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento, que não <strong>de</strong>ve ser confundidacom adoção. O processo <strong>de</strong> divulgação também envolve a sensibilização<strong>de</strong> outros atores do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos <strong>para</strong> que possam seestabelecer parcerias <strong>de</strong> trabalho.• Acolhida e avaliação inicial: Deve ser realizada por equipe técnica multidisciplinar,qualificada e disponível <strong>para</strong> prestar os esclarecimentos ne-84


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentescessários às famílias interessadas, <strong>de</strong> modo individual e/ou em grupos <strong>de</strong>familiares. Este primeiro momento <strong>de</strong> interlocução possibilita, inclusive,a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> possíveis motivações equivocadas – como interesse emadoção. Esse é o momento em que as informações <strong>de</strong>vem ser claras e objetivas,<strong>de</strong> modo a evitar mal-entendidos e poupar tempo e envolvimentoemocional da equipe e dos preten<strong>de</strong>ntes ao acolhimento. Deve tambémser verificado se as famílias aten<strong>de</strong>m aos critérios mínimos exigidos <strong>para</strong> afunção, inclusive em relação ao <strong>de</strong>sejo, disponibilida<strong>de</strong> e concordância <strong>de</strong>todos os membros do núcleo familiar em acolher e participar dos encontros<strong>de</strong> seleção, capacitação e acompanhamento.• Avaliação Documental: Documentação mínima a ser exigida constitui emdocumentos pessoais (RG, CPF), comprovante <strong>de</strong> residência, comprovante<strong>de</strong> rendimentos, certidão negativa <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes criminais, atestado<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental. Os documentos <strong>de</strong>vem ser solicitados a todos osmembros maiores <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do núcleo familiar. Em se tratando <strong>de</strong> casal, éindicado que o termo <strong>de</strong> guarda seja expedido em nome <strong>de</strong> ambos. Os responsáveispelo acolhimento não <strong>de</strong>vem ter qualquer problema em sua documentação.Quanto aos outros membros da família, a equipe técnica doprograma <strong>de</strong>verá avaliar cada situação.• Seleção: Após a avaliação inicial, as famílias inscritas como potenciais acolhedoras<strong>de</strong>verão passar por um estudo psicossocial, com o objetivo <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar os aspectos subjetivos que qualificam ou não a família <strong>para</strong> suaparticipação. Essa etapa <strong>de</strong>verá envolver entrevistas individuais e coletivas,dinâmicas <strong>de</strong> grupo e visitas domiciliares, sempre utilizando metodologiasque privilegiem a co-participação das famílias, em um processo que incluaa reflexão e auto-avaliação das mesmas. É essencial que todo o grupo familiarparticipe do processo <strong>de</strong> avaliação e seleção, uma vez que todos oscomponentes do núcleo familiar <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong> acordo e serem compatíveiscom a proposta. Algumas características a serem observadas são:99disponibilida<strong>de</strong> afetiva e emocional;99padrão saudável das relações <strong>de</strong> apego e <strong>de</strong>sapego;99relações familiares e comunitárias;99rotina familiar;99não envolvimento <strong>de</strong> nenhum membro da família com <strong>de</strong>pendência química;99espaço e condições gerais da residência;99motivação <strong>para</strong> a função;99aptidão <strong>para</strong> o cuidado com crianças e adolescentes;99capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com se<strong>para</strong>ção;99flexibilida<strong>de</strong>;99tolerância;99pró-ativida<strong>de</strong>;85


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamento99capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escuta;99estabilida<strong>de</strong> emocional;99capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir ajuda e <strong>de</strong> colaborar com a equipe técnica, <strong>de</strong>ntre outras.Além da avaliação quanto à compatibilida<strong>de</strong> com a função <strong>de</strong> acolhimento, o estudopsicossocial realizado pela equipe técnica <strong>de</strong>verá indicar, também, o perfil <strong>de</strong>criança e/ou adolescente que cada família está habilitada a acolher. É importantenesse processo, ouvir a opinião da família quanto a este aspecto, ainda que duranteo processo <strong>de</strong> capacitação essa avaliação possa modificar-se.• Capacitação: as famílias selecionadas <strong>de</strong>verão participar <strong>de</strong> processo<strong>de</strong> capacitação. Tal processo <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>senvolvido com metodologiaparticipativa, <strong>de</strong> modo dinâmico, por meio <strong>de</strong> oficinas e seminários, quepo<strong>de</strong>m ser conduzidos pelos profissionais da equipe do Serviço e porespecialistas convidados (outros profissionais da re<strong>de</strong>, do Sistema <strong>de</strong>Justiça, etc). Também é bastante recomendável que, durante o processo<strong>de</strong> capacitação, sejam feitas apresentações <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> famíliasacolhedoras que já vivenciaram o acolhimento, assim como <strong>de</strong> famílias<strong>de</strong> origem cujas crianças/adolescentes foram acolhidos pelo serviço e járetornaram ao lar, <strong>de</strong> modo a dar concretu<strong>de</strong> à proposta 97 .Alguns temas relevantes a serem trabalhados em uma capacitação inicial são:99Operacionalização jurídico-administrativa do serviço e particularida<strong>de</strong>s domesmo;99Direitos da criança e do adolescente;99Novas configurações familiares e realida<strong>de</strong> das famílias em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>social;99Etapas do <strong>de</strong>senvolvimento da criança e do adolescente (características,<strong>de</strong>safios, comportamentos típicos, fortalecimento da autonomia, <strong>de</strong>senvolvimentoda sexualida<strong>de</strong>); brinca<strong>de</strong>iras e jogos a<strong>de</strong>quados <strong>para</strong> cada faixaetária, exploração do ambiente, formas <strong>de</strong> lidar com conflitos, colocação<strong>de</strong> limites, etc.;99Comportamentos freqüentemente observados entre crianças/ adolescentesse<strong>para</strong>dos da família <strong>de</strong> origem, que sofreram abandono, violência, etc;99Práticas educativas; como ajudar a criança/adolescente a conhecer e a lidarcom sentimentos, fortalecer a auto-estima e contribuir <strong>para</strong> a construçãoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;99Políticas públicas, direitos humanos e cidadania;99Papel da família acolhedora, da equipe técnica do programa e da família <strong>de</strong>origem.97Grupo <strong>de</strong> Trabalho Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária. Fazendo valer um Direito. Ca<strong>de</strong>rno 3 - Famílias Acolhedoras,2007.86


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes• Cadastramento: As famílias que forem consi<strong>de</strong>radas aptas a serem acolhedoras<strong>de</strong>verão formalizar sua inscrição no Serviço, com o preenchimento daficha <strong>de</strong> cadastro, on<strong>de</strong> constam os documentos necessários (já citados noitem Avaliação Documental), informações sobre toda a família e indicaçãoquanto ao perfil <strong>de</strong> criança/ adolescente que se julga capaz <strong>de</strong> acolher. Adocumentação necessária <strong>de</strong>verá ser encaminhada pela coor<strong>de</strong>nação doServiço à Justiça da Infância e Juventu<strong>de</strong>, <strong>para</strong> que possa ser emitido, compresteza, o termo <strong>de</strong> guarda e responsabilida<strong>de</strong> quando ocorrer o acolhimento<strong>de</strong> uma criança/adolescente pela família cadastrada.• Acompanhamento: Os serviços da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção à infância e juventu<strong>de</strong>,especialmente o requerente do ingresso da criança no programa (Justiçada Infância e Juventu<strong>de</strong>, Conselho Tutelar, Equipe <strong>de</strong> Supervisão e Apoioaos Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong>, etc.), <strong>de</strong>vem iniciar discussão do caso com aequipe técnica, antes que a modalida<strong>de</strong> acolhimento familiar seja a opção<strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>cidida. Objetiva-se com isso traçar um trabalho em re<strong>de</strong> e <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong> ao atendimento à criança e sua família.Pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o <strong>Acolhimento</strong> e AcompanhamentoA partir do momento em que uma criança/adolescente for encaminhada <strong>para</strong> o serviço,a equipe técnica <strong>de</strong>ve iniciar a pre<strong>para</strong>ção e acompanhamento psicossocial dacriança/adolescente, da família acolhedora, da família <strong>de</strong> origem e da re<strong>de</strong> social <strong>de</strong>apoio. Isso po<strong>de</strong>rá ocorrer por meio <strong>de</strong> ações específicas tais como:Com a criança/adolescente:• Pre<strong>para</strong>ção da criança/adolescente <strong>para</strong> a entrada no programa, buscandoseestabelecer um vínculo <strong>de</strong> confiança, fornecendo explicação da situaçãoe esclarecimentos quanto ao acolhimento familiar. Essa ação <strong>de</strong>ve ser partilhadacom o órgão que encaminhou a criança ou adolescente.• Aproximação supervisionada entre a criança/adolescente e a família acolhedora.• Escuta individual da criança/adolescente, com foco na adaptação à famíliaacolhedora.• Acompanhamento do <strong>de</strong>sempenho escolar da criança e sua situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Viabilização <strong>de</strong> encontro semanal entre a família <strong>de</strong> origem e a criança e/ouadolescente, o qual <strong>de</strong>verá ser acompanhado pela equipe técnica.Com a família acolhedora:• Pre<strong>para</strong>ção da família acolhedora <strong>para</strong> a recepção da criança/adolescente,inclusive informando a situação sócio-jurídica do caso e, quando possível,previsão inicial do tempo <strong>de</strong> acolhimento.87


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamento• Aproximação supervisionada entre a criança/adolescente e a família acolhedora.• Construção <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> acompanhamento da família acolhedora, emconformida<strong>de</strong> com as necessida<strong>de</strong>s do acolhimento <strong>de</strong> cada criança/adolescente,respeitando-se as características das famílias e do acolhido.• Acompanhamento da família acolhedora, com entrevistas e visitas domiciliarescom foco na adaptação e <strong>de</strong>senvolvimento do acolhimento, comfreqüência mínima quinzenal ou <strong>de</strong> acordo com a avaliação do caso.• Construção <strong>de</strong> espaço <strong>para</strong> troca <strong>de</strong> experiências entre famílias acolhedoras(Ex.: grupos <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong> escuta mútua).Com a família <strong>de</strong> origem:• Contato inicial com a família <strong>de</strong> origem (salvo em situações <strong>de</strong> restrição judicial)<strong>para</strong> esclarecimento do que é o acolhimento familiar, seus termos e regras, assimcomo <strong>para</strong> convidá-la a participar do processo <strong>de</strong> adaptação da criança/adolescentena família acolhedora, fornecendo informações sobre seus hábitos e costumes.Se possível, possibilitar o encontro da família <strong>de</strong> origem com seu filho(a).• Acompanhamento da família <strong>de</strong> origem, com entrevistas e visitas domiciliaresperiódicas, articuladas com o planejamento realizado <strong>para</strong> superaçãodas vulnerabilida<strong>de</strong>s da família.• Construção <strong>de</strong> espaço <strong>para</strong> troca <strong>de</strong> experiências entre famílias <strong>de</strong> origem(Ex.: grupos <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong> escuta mútua).Outras atribuições da equipe técnica do programa:• Construir com a participação da família <strong>de</strong> origem e serviços da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteçãoum plano <strong>de</strong> acompanhamento da família <strong>de</strong> origem, nuclear ou extensa,que objetive a superação dos motivos que levaram à necessida<strong>de</strong> doafastamento da criança/adolescente e conseqüente reintegração familiar.• Provi<strong>de</strong>nciar encaminhamentos jurídico-administrativos e junto à re<strong>de</strong> <strong>de</strong>educação, saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outros que se fizerem necessários.• Possibilitar situações <strong>de</strong> escuta individual, ao longo <strong>de</strong> todo o tempo <strong>de</strong>acolhimento, <strong>de</strong> qualquer dos envolvidos (família <strong>de</strong> origem, família acolhedorae acolhido).Atribuições das Famílias Acolhedoras:• Preservar o vínculo e convivência entre irmãos e parentes (primos, sobrinhos)quando o acolhimento for realizado por famílias diferentes.• Responsabilizar-se pelas ativida<strong>de</strong>s cotidianas e rotineiras dos acolhidos(levar à escola, atendimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> etc), cabendo à equipe técnica auxiliaras famílias acolhedoras na obtenção <strong>de</strong>stes atendimentos, preferencialmentena re<strong>de</strong> pública.88


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes• Comunicação à equipe do serviço todas as situações <strong>de</strong> enfrentamento <strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong>s que observem durante o acolhimento, seja sobre a criança,seja sobre a própria família acolhedora e a família <strong>de</strong> origem.Desligamento da criança/adolescenteO <strong>de</strong>sligamento do programa ocorrerá quando for avaliado pela equipe <strong>de</strong> profissionaisdo serviço, em diálogo com a Justiça da Infância e Juventu<strong>de</strong>, com o MinistérioPúblico, Conselho Tutelar e re<strong>de</strong> envolvida - a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno familiar (à família<strong>de</strong> origem, nuclear ou extensa); a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento em outro espaço<strong>de</strong> proteção ou o encaminhamento <strong>para</strong> adoção. A esta avaliação <strong>de</strong>ve suce<strong>de</strong>ra pre<strong>para</strong>ção e o apoio específico por parte da equipe técnica, com ações:Com a criança/adolescente:• Escuta individual e apoio emocional à criança/adolescente, com foco noretorno à família <strong>de</strong> origem e se<strong>para</strong>ção da família acolhedora.Com a família <strong>de</strong> origem:• Intensificar e ampliar, <strong>de</strong> forma progressiva, os encontros entre a criança/adolescentee sua família - que gradativamente <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> seracompanhados pela equipe, a permanência com a família nos finais <strong>de</strong>semana e, por fim, o retorno <strong>de</strong>finitivo.• Dar continuida<strong>de</strong> ao acompanhamento à família <strong>de</strong> origem após a reintegraçãoda criança/adolescente, por um período mínimo <strong>de</strong> seis meses, <strong>de</strong>forma a lhe dar suporte <strong>para</strong> o cumprimento <strong>de</strong> suas funções <strong>de</strong> cuidado eproteção, buscando sua autonomia e visando evitar a reincidência da necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> acolhimento. Conforme a estrutura local, tal acompanhamentopo<strong>de</strong>rá ser feito pela equipe técnica do serviço <strong>de</strong> famílias acolhedorasque acompanhou o acolhimento ou por outro serviço socioassistencial(CRAS, CREAS) em articulação com a re<strong>de</strong> local.Com a família acolhedora:• Orientar a família acolhedora <strong>para</strong> intensificar a pre<strong>para</strong>ção da criança/adolescente<strong>para</strong> o retorno à família <strong>de</strong> origem.• Realizar encontros com a família acolhedora (entrevistas individuais e com ogrupo familiar), com foco na saída da criança/adolescente e na experiência<strong>de</strong> se<strong>para</strong>ção, oferecendo apoio psicossocial após a saída do(a) acolhido(a)manutenção das ativida<strong>de</strong>s em grupo com outras famílias acolhedoras e docontato regular com a equipe técnica.• Intermediar e orientar a família acolhedora com relação à manutenção <strong>de</strong>vínculos com a criança/adolescente e sua família após a reintegração familiar,o que também amplia a proteção da criança/adolescente acolhido.89


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoEntretanto, <strong>de</strong>ve ser respeitado o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> todos os envolvidos, além <strong>de</strong>serem consi<strong>de</strong>radas as características <strong>de</strong> cada caso, avaliando-se a pertinênciaou não da manutenção <strong>de</strong>s<strong>de</strong> contato.No caso em que forem esgotadas todas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração familiar e acriança/adolescente for encaminhada <strong>para</strong> adoção, a família acolhedora <strong>de</strong>verá contribuir<strong>para</strong> essa transição e, em conjunto com a equipe técnica do serviço, pre<strong>para</strong>resta criança <strong>para</strong> a colocação em uma família <strong>de</strong>finitiva.O <strong>de</strong>sligamento do programa <strong>de</strong>ve ocorrer mediante conhecimento e autorizaçãoda Justiça da Infância e Juventu<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong>vidamente informada dasações do serviço e atuar em conjunto com estas.4.3.5 Recursos humanosEm se tratando <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>senvolvidos por organizações nãogovernamentais,a equipe técnica <strong>de</strong>verá pertencer ao quadro <strong>de</strong> pessoal da entida<strong>de</strong>ou ser cedida pelo órgão gestor da Assistência Social ou por outro órgão públicoou privado, exclusivamente <strong>para</strong> esse fim. Em ambos os casos, <strong>de</strong>verá ser respeitadoo número mínimo <strong>de</strong> profissionais necessários, a carga horária mínima e o cumprimentodas atribuições abaixo elencadas.Equipe Profissional Mínima 98Coor<strong>de</strong>nador e equipe técnica, conforme <strong>de</strong>talhado abaixo:Coor<strong>de</strong>nadorPerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Formação Mínima: Nível superior e experiência em função congênere• Amplo conhecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção à infância e juventu<strong>de</strong>,<strong>de</strong> políticas públicas e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços da cida<strong>de</strong> e região.• 1 profissional por serviço• Gestão e Supervisão do funcionamento do serviço• Organização da divulgação do serviço e mobilização das famíliasacolhedoras• Organização da seleção e contratação <strong>de</strong> pessoal e supervisãodos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos• Organização das informações das crianças e adolescentes e respectivasfamílias;• Articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços;• Articulação com o Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitos98A composição da equipe que <strong>de</strong>ve atuar nos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes foi regulamentada pela NormaOperacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS (Resolução Nº130, <strong>de</strong> 2005 do CNAS).90


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesEquipe Técnica99PerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas 100• Formação Mínima: Nível superior 99• Experiência no atendimento a crianças, adolescentes e famíliasem situação <strong>de</strong> risco• 2 profissionais <strong>para</strong> o acompanhamento <strong>de</strong> até 15 famílias <strong>de</strong>origem e 15 famílias acolhedoras• Carga Horária Mínima Indicada: 30 horas semanais• Destaca-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> nos horários <strong>de</strong> trabalhodos profissionais, <strong>para</strong> atendimento às peculiarida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento (possível necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atendimento fora do horário comercial).• Acolhida, avaliação, seleção, capacitação, acompanhamento,<strong>de</strong>sligamento e supervisão das famílias acolhedoras;• Articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong>Direitos;• Pre<strong>para</strong>ção e acompanhamento psicossocial das famílias <strong>de</strong>origem, com vistas à reintegração familiar;• Acompanhamento das crianças e adolescentes;• Organização das informações <strong>de</strong> cada caso atendido, na forma<strong>de</strong> prontuário individual;• Encaminhamento e discussão / planejamento conjunto comoutros atores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong>Direitos das intervenções necessárias ao acompanhamento dascrianças e adolescentes e suas famílias;• Elaboração, encaminhamento e discussão com a autorida<strong>de</strong> judiciáriae Ministério Público <strong>de</strong> relatórios, com freqüência bimestralou semestral, sobre a situação <strong>de</strong> cada criança e adolescenteapontando: i. possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração familiar; ii. necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> novas medidas; ou, iii. quando esgotados osrecursos <strong>de</strong> manutenção na família <strong>de</strong> origem, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>encaminhamento <strong>para</strong> adoção10099Os parâmetros <strong>para</strong> a composição mínima da equipe técnica dos serviços <strong>de</strong> acolhimento foram estabelecidos pela NOB-RH/SUAS, aqual <strong>de</strong>fine que a equipe <strong>de</strong> referência dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser formada por psicólogo e assistente social. É importante quesejam agregados à equipe mínima profissionais com diferentes formações, compondo uma equipe interdisciplinar.100As ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe interprofissional <strong>de</strong>verão respeitar as normas quanto a ativida<strong>de</strong>s privativas <strong>de</strong>finidaspelos respectivos conselhos <strong>de</strong> categorias profissionais91


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamento4.3.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridosEspaços que <strong>de</strong>verão funcionar em área específica <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>stécnico-administrativasCômodoCaracterísticasSala <strong>para</strong> equipetécnicaSala <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação /ativida<strong>de</strong>sadministrativasSala <strong>de</strong>atendimentoSala / espaço <strong>para</strong>reuniões• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> natureza técnica (elaboração <strong>de</strong> relatórios, atendimento,reuniões, etc), com in<strong>de</strong>pendência e se<strong>para</strong>ção <strong>de</strong>outras ativida<strong>de</strong>s e/ou programas que a instituição <strong>de</strong>senvolva.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s administrativas (área contábil/financeira, documental,logística, etc.• O espaço administrativo <strong>de</strong>ve ter área reservada <strong>para</strong> guarda <strong>de</strong>prontuários das crianças e adolescentes, em condições <strong>de</strong> segurançae sigilo.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> atendimento individualou familiar e condições que garantam privacida<strong>de</strong>.• Com espaço e mobiliário suficiente <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> reuniões<strong>de</strong> equipe e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s grupais.• Deverá ser disponibilizado meio <strong>de</strong> transporte que possibilite a realização <strong>de</strong> visitasdomiciliares e reuniões com os <strong>de</strong>mais atores do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Direitose da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços.4.4 República4.4.1 DefiniçãoServiço <strong>de</strong> acolhimento que oferece apoio e moradia subsidiada a grupos <strong>de</strong> jovensem situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> e risco pessoal e social; com vínculos familiares rompidosou extremamente fragilizados; em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> instituições<strong>de</strong> acolhimento, que não tenham possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno à família <strong>de</strong> origem ou <strong>de</strong>colocação em família substituta e que não possuam meios <strong>para</strong> auto-sustentação.Com a estrutura <strong>de</strong> uma residência privada, <strong>de</strong>ve receber supervisão técnica e localizar-seem áreas resi<strong>de</strong>nciais da cida<strong>de</strong>, seguindo o padrão sócio-econômico dacomunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> estiverem inseridas, sem distanciar-se excessivamente, do ponto<strong>de</strong> vista sócio-econômico, da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos usuários.A república oferece atendimento durante o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> autonomiapessoal e possibilita o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> auto-gestão, auto-sustentação e in<strong>de</strong>pendência.Possui tempo <strong>de</strong> permanência limitado, po<strong>de</strong>ndo ser reavaliado e prorrogadoem função do projeto individual formulado em conjunto com o profissional<strong>de</strong> referência.92


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.4.2 Público alvoGeralJovens entre 18 e 21 anos em situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> e risco pessoal e social,com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e que não possuammeios <strong>para</strong> auto-sustentação. Tal serviço é particularmente indicado <strong>para</strong> o acolhimento<strong>de</strong> jovens em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong>crianças e adolescentes por terem completado a maiorida<strong>de</strong>, porém que ainda nãotenham conquistado a autonomia, po<strong>de</strong>ndo também <strong>de</strong>stinar-se a outros jovensque necessitem do serviço.Especificida<strong>de</strong>sAs repúblicas <strong>de</strong>vem ser organizadas em unida<strong>de</strong>s femininas e unida<strong>de</strong>s masculinas,garantindo-se, na re<strong>de</strong>, o atendimento a ambos os sexos, conforme <strong>de</strong>mandalocal, <strong>de</strong>vendo ser dada a <strong>de</strong>vida atenção à perspectiva <strong>de</strong> gênero no planejamentopolítico-pedagógico do serviço, inclusive no que tange aos direitos sexuais e reprodutivose à proteção à maternida<strong>de</strong>.Especial atenção <strong>de</strong>ve ser dada à escolha dos componentes <strong>de</strong> cada república, aqual <strong>de</strong>verá ser feita por equipe técnica capacitada, <strong>de</strong>vendo ser levados em consi<strong>de</strong>raçãoaspectos como perfil, <strong>de</strong>mandas específicas e grau <strong>de</strong> autonomia <strong>de</strong>cada usuário, bem como o grau <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> entre os mesmos. Quando um novojovem vier a integrar uma república, a equipe técnica do serviço <strong>de</strong>verá preparáloe aos <strong>de</strong>mais jovens da república, <strong>de</strong> modo a facilitar sua inserção e integraçãoao ambiente.Sempre que possível e recomendável, os jovens <strong>de</strong>verão ter participação ativa naescolha dos colegas <strong>de</strong> república, <strong>de</strong> modo a que, na composição dos grupos, sejamrespeitadas afinida<strong>de</strong>s e vínculos previamente construídos.Deverá ser disponibilizado na re<strong>de</strong> número suficiente <strong>de</strong> repúblicas localizadas emedificações que respeitem as normas <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> 101 , <strong>de</strong> maneira a possibilitar oatendimento integrado a jovens com <strong>de</strong>ficiência.Número Máximo <strong>de</strong> Usuários por Equipamento6 (seis) jovens4.4.3 CaracterísticasOs custos da locação do imóvel - no caso <strong>de</strong> imóvel alugado - e tarifas po<strong>de</strong>m sersubsidiados e gradativamente assumidos pelos jovens. As <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>spesas po<strong>de</strong>mser cotizadas entre os moradores, com subsídio quando necessário.101Nos quais, além das normas relativas à acessibilida<strong>de</strong> no prédio e nos cômodos, <strong>de</strong>verá ser provi<strong>de</strong>nciada adaptação <strong>de</strong> pelo menosum dos banheiros ao uso <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência.93


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoO grupo <strong>de</strong>ve contar com supervisão técnico-profissional <strong>para</strong> a gestão coletiva damoradia (regras <strong>de</strong> convívio, ativida<strong>de</strong>s domésticas cotidianas, gerenciamento <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas, etc.), orientação e encaminhamento <strong>para</strong> outros serviços, programas oubenefícios da re<strong>de</strong> socioassistencial e das <strong>de</strong>mais políticas públicas, em especial programas<strong>de</strong> profissionalização, inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho, habitação e inclusãoprodutiva. O apoio técnico também é essencial na organização <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> escutae construção <strong>de</strong> soluções coletivas por parte dos(as) jovens <strong>para</strong> as questões quelhes são próprias, na construção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida, no incentivo ao estabelecimento<strong>de</strong> vínculos comunitários fortes e na participação nas instâncias <strong>de</strong> controle sociale espaços <strong>de</strong> participação social.Caso <strong>de</strong>sejem, os(as) jovens <strong>de</strong>vem ter acesso a todas as informações que lhes digamrespeito que estiverem disponíveis nas instituições que lhes prestaram atendimentodurante a infância e adolescência (Ex.: prontuários e documentos contendo informaçõessobre sua história <strong>de</strong> vida, possíveis familiares, situação familiar e motivos doabrigamento). O acesso a essas informações <strong>de</strong>verá respeitar o processo individual<strong>de</strong> apropriação da história <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>vendo ser conduzido por profissionais orientadose pre<strong>para</strong>dos.O processo <strong>de</strong> transição do jovem do serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes<strong>para</strong> o serviço <strong>de</strong> acolhimento em república <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver-se <strong>de</strong> modo gradativo,com a participação ativa do mesmo no planejamento das fases subseqüentes.Transições <strong>de</strong>ssa natureza <strong>de</strong>vem sempre ser planejadas o mais cedo possível.Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada a adolescentes atendidos em serviços <strong>de</strong> acolhimento,sobretudo àqueles cujas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reintegração à família <strong>de</strong> origemforam esgotadas e têm reduzidas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colocação em família substituta.O atendimento, nesses casos, <strong>de</strong>ve perseverar no apoio ao fortalecimento dosvínculos comunitários, na qualificação profissional e na construção do projeto <strong>de</strong>vida, bem como estar fundamentado em metodologia participativa que favoreça oexercício <strong>de</strong> seu protagonismo.Ações <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvidas visando o fortalecimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s, aptidões,capacida<strong>de</strong>s e competências dos adolescentes, que promovam gradativamente suaautonomia, <strong>de</strong> forma a que, preferencialmente, já estejam exercendo alguma ativida<strong>de</strong>remunerada quando da sua transferência <strong>para</strong> uma república.Para tanto, <strong>de</strong>ve-se viabilizar o acesso a: i. Programas, projetos e serviços nos quaispossam <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s culturais, artísticas e esportivas que propiciem a vivência<strong>de</strong> experiências positivas e favorecedoras <strong>de</strong> sua auto-estima; ii. Programas<strong>de</strong> aceleração da aprendizagem, <strong>para</strong> os casos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> distorção série – ida<strong>de</strong>;e iii. Cursos profissionalizantes e programas <strong>de</strong> inserção gradativa no mercado <strong>de</strong>trabalho (como estágios, programas <strong>de</strong> adolescente aprendiz, etc.), sempre se respeitandoseus interesses e habilida<strong>de</strong>s.94


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.4.4 Aspectos físicosLocalizaçãoÁreas resi<strong>de</strong>nciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto <strong>de</strong> vista sócio-econômico,da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos usuários.Fachada e aspectos gerais da construçãoO serviço <strong>de</strong>ve funcionar em construção <strong>de</strong>stinada ao uso resi<strong>de</strong>ncial, seguindo opadrão arquitetônico das <strong>de</strong>mais residências da comunida<strong>de</strong> na qual estiver inserida.Deve-se evitar a instalação <strong>de</strong> placas indicativas da natureza institucional doequipamento.4.4.5 Recursos humanosEm se tratando <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>senvolvidos por organizações nãogovernamentais,a equipe técnica <strong>de</strong>verá pertencer ao quadro <strong>de</strong> pessoal da entida<strong>de</strong>ou ser cedida pelo órgão gestor da Assistência Social ou por outro órgão públicoou privado, exclusivamente <strong>para</strong> esse fim. Em ambos os casos, <strong>de</strong>verá ser respeitadoo número mínimo <strong>de</strong> profissionais necessários, a carga horária mínima e o cumprimentodas atribuições elencadas neste documento.Equipe Profissional Mínima 102Coor<strong>de</strong>nador e equipe técnica, conforme <strong>de</strong>talhado a seguir:Coor<strong>de</strong>nadorPerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas• Formação Mínima: Nível superior e experiência em funçãocongênere• Amplo conhecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção à infância e juventu<strong>de</strong>,<strong>de</strong> políticas públicas e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços da cida<strong>de</strong>e região.• 1 profissional <strong>para</strong> até quatro unida<strong>de</strong>s• Gestão do serviço• Elaboração, em conjunto com a equipe técnica e <strong>de</strong>mais colaboradores,do projeto político-pedagógico do serviço• Organização da seleção e contratação <strong>de</strong> pessoal e supervisãodos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos• Articulação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e com o Sistema <strong>de</strong> Justiça102A composição da equipe que <strong>de</strong>ve atuar nos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes foi regulamentada pela NormaOperacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS (Resolução Nº130, <strong>de</strong> 2005 do CNAS).95


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoEquipe Técnica103 104PerfilQuantida<strong>de</strong>PrincipaisAtivida<strong>de</strong>sDesenvolvidas 104• Formação Mínima: Nível superior 103• Experiência no atendimento a jovens em situação <strong>de</strong> risco• 2 profissionais <strong>para</strong> atendimento a até 24 jovens (em atéquatro diferentes unida<strong>de</strong>s).• Carga Horária Mínima Indicada: 30 horas semanais• Elaboração, em conjunto com o/a coor<strong>de</strong>nador(a) e <strong>de</strong>maiscolaboradores, do projeto político-pedagógico do serviço.• Acompanhamento psicossocial dos usuários• Encaminhamento e discussão / planejamento conjuntocom outros atores da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços das intervençõese encaminhamentos necessários ao acompanhamentodos(as) jovens;• Organização das informações dos(as) jovens, na forma <strong>de</strong>prontuário individual;• Supervisão <strong>para</strong> a gestão coletiva da moradia (regras <strong>de</strong>convívio, ativida<strong>de</strong>s domésticas cotidianas, gerenciamento<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, etc.)• Organização <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> escuta e construção <strong>de</strong> soluçõescoletivas por parte dos(as) jovens <strong>para</strong> as questõesque lhes são próprias, com vistas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> auto-gestão• Orientação individual e apoio na construção do projeto <strong>de</strong>vida dos(as) usuários(as)• Encaminhamento dos(as) jovens <strong>para</strong> outros serviços, programasou benefícios da re<strong>de</strong> socioassistencial e das <strong>de</strong>maispolíticas públicas, em especial programas <strong>de</strong> profissionalização,inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho, habitação einclusão produtiva, com vistas ao alcance <strong>de</strong> autonomia eauto-sustentação• Pre<strong>para</strong>ção do(a) jovem <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sligamento• Acompanhamento do(a) jovem após o <strong>de</strong>sligamento103Os parâmetros <strong>para</strong> a composição mínima da equipe técnica dos serviços <strong>de</strong> acolhimento foram estabelecidos pela NOB-RH/SUAS, aqual <strong>de</strong>fine que a equipe <strong>de</strong> referência dos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser formada por psicólogo e assistente social. É importante quesejam agregados à equipe mínima profissionais com diferentes formações, compondo uma equipe interdisciplinar.104As ativida<strong>de</strong>s a serem <strong>de</strong>senvolvidas pela equipe interprofissional <strong>de</strong>verão respeitar as normas quanto a ativida<strong>de</strong>s privativas <strong>de</strong>finidaspelos respectivos conselhos <strong>de</strong> profissão.96


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.4.6 Infra-estrutura e espaços mínimos sugeridosCômodoQuartosSala <strong>de</strong> estar /jantar ou similarBanheiroCozinhaÁrea <strong>de</strong> ServiçoCaracterísticas• Nº recomendado <strong>de</strong> jovens por quarto: até 4 por quarto• Cada quarto <strong>de</strong>verá ter dimensão suficiente <strong>para</strong> acomodaras camas / beliches dos usuários e <strong>para</strong> a guarda dospertences pessoais <strong>de</strong> forma individualizada (armários,guarda-roupa, etc.).• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar o número <strong>de</strong>usuários.• 1 lavatório, 1 vaso sanitário e 1 chuveiro <strong>para</strong> cada 6 usuários.• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> pre<strong>para</strong>r alimentos <strong>para</strong> o número <strong>de</strong> usuários.• Com espaço suficiente <strong>para</strong> acomodar utensílios e mobiliário<strong>para</strong> guardar equipamentos, objetos e produtos <strong>de</strong> limpezae propiciar o cuidado com a higiene da república, coma roupa <strong>de</strong> cama, mesa, banho e pessoal <strong>para</strong> o número <strong>de</strong>usuários atendido.4.5 Regionalização do Atendimento nos Serviços <strong>de</strong><strong>Acolhimento</strong>Excepcionalmente po<strong>de</strong> ser necessária e justificável a regionalização do atendimentonos serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong> crianças e adolescentes afastados do convíviofamiliar ou <strong>de</strong> Repúblicas <strong>para</strong> jovens. Esta situação po<strong>de</strong> ser observada tanto nocaso <strong>de</strong> municípios <strong>de</strong> pequeno porte 105 - cuja <strong>de</strong>manda e condições <strong>de</strong> gestão dificultema implantação <strong>de</strong> serviços locais - quanto no caso do atendimento a criançase adolescentes ameaçados <strong>de</strong> morte, situação na qual o atendimento em serviço <strong>de</strong>acolhimento localizado próximo ao contexto familiar e comunitário <strong>de</strong> origem po<strong>de</strong>representar risco à segurança da criança ou adolescente ameaçado.Serão abordados neste item estratégias e orientações <strong>para</strong> a organização <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> acolhimento nas situações acima mencionadas.105Municípios <strong>de</strong> Pequeno Porte I: até 20.000 habitantes; Municípios <strong>de</strong> Pequeno Porte II: até 50.000. habitantes97


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamento4.5.1 Serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> municípios <strong>de</strong> pequeno porte comcompartilhamento <strong>de</strong> equipeNo caso <strong>de</strong> municípios <strong>de</strong> pequeno porte, as alternativas <strong>para</strong> a implantação especificamente<strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes <strong>de</strong>vem serconsi<strong>de</strong>radas na seguinte or<strong>de</strong>m:4.5.1.1 Serviço localO município <strong>de</strong>ve avaliar inicialmente as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implantar, na localida<strong>de</strong>,um Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> em Família Acolhedora ou uma Casa-lar, em conformida<strong>de</strong>com os parâmetros contidos nos Parâmetros <strong>de</strong> Funcionamento <strong>de</strong>ste documento.Nestes casos, po<strong>de</strong>-se, inclusive, avaliar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução da cargahorária mínima indicada à jornada diária <strong>de</strong> trabalho da equipe técnica 106 e, excepcionalmente,a redução da equipe técnica <strong>para</strong> um profissional, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este possacontar com apoio regular <strong>de</strong> outro profissional da re<strong>de</strong> local, inclusive com papele atribuições <strong>de</strong>finidas em relação ao serviço.4.5.1.2 Serviço com compartilhamento <strong>de</strong> equipeEsgotadas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento conformerecomendação do item acima, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, nesta or<strong>de</strong>m, a estruturação <strong>de</strong>Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> em Família Acolhedora ou Casa-lar, com compartilhamento<strong>de</strong> equipe (coor<strong>de</strong>nador e equipe técnica).No caso <strong>de</strong> municípios <strong>de</strong> pequeno porte que, apesar da necessida<strong>de</strong>, apresentemdificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> implantar e manter serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes- em virtu<strong>de</strong> da pequena <strong>de</strong>manda e das condições <strong>de</strong> gestão - po<strong>de</strong>-serecorrer ao compartilhamento dos seguintes profissionais: coor<strong>de</strong>nador e equipetécnica. O compartilhamento <strong>de</strong>ssa equipe constitui estratégia <strong>para</strong> assegurar oatendimento da criança e do adolescente próximo à sua comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem,<strong>de</strong> modo a evitar seu acolhimento em serviços localizados nas capitais dos estadosou em municípios muito distantes <strong>de</strong> seu contexto <strong>de</strong> moradia e <strong>de</strong> sua família. Emhipótese alguma a utilização <strong>de</strong> equipes compartilhadas po<strong>de</strong>rá implicar a precarizaçãodo serviço oferecido, o qual <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>mais parâmetros contidosneste documento.Os serviços <strong>de</strong> acolhimento com compartilhamento <strong>de</strong> equipe po<strong>de</strong>m ser implantadossob gestão estadual ou como consórcios entre municípios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que disponham<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e equipe técnica suficiente <strong>para</strong> o atendimento a mais <strong>de</strong>um município. Destaca-se que, a <strong>de</strong>speito da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhamentoda equipe entre municípios, o ambiente <strong>de</strong> acolhimento (casa-lar ou residência dafamília acolhedora) <strong>de</strong>verá estar localizado em cada um <strong>de</strong>les. Exceção a esta exigênciapo<strong>de</strong>rá ser feita, apenas, no caso <strong>de</strong> Repúblicas que, por aten<strong>de</strong>rem jovenscom mais <strong>de</strong> 18 anos e, conseqüentemente, com maior autonomia <strong>de</strong> locomoção,106Des<strong>de</strong> que a redução não comprometa o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s necessárias.98


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentespo<strong>de</strong>rão estar localizadas no município-se<strong>de</strong> e aten<strong>de</strong>r jovens dos municípios circunvizinhos.Cabe ressaltar que a implantação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento com compartilhamento<strong>de</strong> equipe, <strong>de</strong>ve ser acompanhada do investimento efetivo, em cada um dosmunicípios, em estratégias preventivas ao afastamento do convívio familiar, fortalecimentodos serviços necessários <strong>para</strong> o acompanhamento das famílias <strong>de</strong> origeme <strong>para</strong> a reintegração familiar ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, encaminhamento <strong>para</strong> famíliasubstituta.Destaca-se que, nos casos <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> equipe, tanto a coor<strong>de</strong>naçãoquanto a equipe técnica <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>stinada exclusivamente <strong>para</strong> esta finalida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>vendo-se aten<strong>de</strong>r aos parâmetros <strong>de</strong>ste documento no que diz respeito ao quantitativo<strong>de</strong> profissionais em relação ao número <strong>de</strong> crianças/adolescentes ou jovensatendidos, perfil, carga horária mínima recomendada e ao cumprimento das atribuiçõeselencadas neste documento.A estratégia <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> equipe exigirá a previsão <strong>de</strong> veículos e combustívelsuficientes, <strong>de</strong> modo a permitir o <strong>de</strong>slocamento da equipe técnica do município-se<strong>de</strong><strong>para</strong> os <strong>de</strong>mais os municípios atendidos, com periodicida<strong>de</strong> mínima semanal,<strong>de</strong> modo a possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ações no que diz respeitoao apoio, capacitação e acompanhamento dos educadores/cuidadores e/ou famíliasacolhedoras; acompanhamento psicossocial das crianças e adolescentes atendidose <strong>de</strong> suas famílias <strong>de</strong> origem; articulação com a re<strong>de</strong> se serviços e o SGD; e o exercíciodas <strong>de</strong>mais atribuições que lhe sejam próprias. Também <strong>de</strong>vem ser previstos meiossuficientes ao <strong>de</strong>slocamento eventual dos educadores/cuidadores e/ou famílias acolhedoras,<strong>para</strong> eventos <strong>de</strong> capacitação e formação continuada, que porventura sejam<strong>de</strong>senvolvidos fora do seu município.De acordo com os aspectos acima mencionados, <strong>de</strong>vem ser observadas, ainda, as seguintesorientações na implantação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> acolhimento com equipes compartilhadas(coor<strong>de</strong>nador e equipe técnica):• Serviço <strong>de</strong> Família Acolhedora: Neste caso, o serviço <strong>de</strong>ve ter famílias cadastradasem cada município atendido, <strong>de</strong> modo a viabilizar o acolhimentoda criança ou adolescente no seu próprio município <strong>de</strong> origem.A equipe compartilhada entre os municípios – coor<strong>de</strong>nador e equipetécnica - <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r a todas as atribuições que lhe são próprias,<strong>de</strong>stacando-se a articulação intersetorial necessária à implementaçãodo serviço, a divulgação do mesmo, a mobilização, seleção, capacitaçãoe acompanhamento das famílias acolhedoras, a elaboração dos Planos<strong>de</strong> Atendimento Individual e Familiar e dos relatórios a serem enviadosà autorida<strong>de</strong> judicial, o acompanhamento das crianças e adolescentesacolhidos e <strong>de</strong> suas famílias e os encaminhamentos necessários <strong>para</strong>possibilitar a reintegração familiar ou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento<strong>para</strong> família substituta.99


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamento• Casa-Lar: Neste caso, po<strong>de</strong>-se compartilhar a equipe entre os municípios – coor<strong>de</strong>nadore equipe técnica - a qual <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r a todas as atribuições quelhe são próprias, <strong>de</strong>stacando-se a articulação intersetorial, a seleção, a capacitaçãoe acompanhamento dos educadores/cuidadores resi<strong>de</strong>ntes e seus auxiliares,o acompanhamento das crianças e adolescentes acolhidos e <strong>de</strong> suas famílias,os encaminhamentos necessários <strong>para</strong> viabilizar a reintegração familiarou, na sua impossibilida<strong>de</strong>, o encaminhamento <strong>para</strong> família substituta. Ressalte-seque cada um dos municípios atendidos <strong>de</strong>verá dispor <strong>de</strong> uma casa-larimplantada em seu território, <strong>de</strong> modo a garantir o acolhimento das crianças eadolescentes em seu próprio município. O número <strong>de</strong> educadores/cuidadorespor criança e adolescente, assim como os <strong>de</strong>mais aspectos do serviço, <strong>de</strong>veráobe<strong>de</strong>cer aos parâmetros <strong>de</strong>ste documento que trata <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>serviço. No caso do município possuir uma <strong>de</strong>manda por acolhimento muitopequena, permite-se a implantação <strong>de</strong> uma casa-lar com reduzida capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> atendimento – <strong>de</strong> até 6 (seis) crianças e adolescentes. Excepcionalmenteneste caso, o serviço po<strong>de</strong>rá contar com a presença <strong>de</strong> apenas um educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte, dispensando-se a presença permanente do auxiliar <strong>de</strong>educador/cuidador 107 .• Repúblicas: Neste caso, a equipe compartilhada entre os municípios – coor<strong>de</strong>nadore equipe técnica - <strong>de</strong>verá aten<strong>de</strong>r a todas as atribuições que lhesão próprias, <strong>de</strong>stacando-se a articulação intersetorial, o preparo dos(as)jovens <strong>para</strong> a inserção no serviço e seu posterior acompanhamento psicossocial,o apoio à gestão coletiva da moradia (regras <strong>de</strong> convívio, ativida<strong>de</strong>sdomésticas cotidianas, gerenciamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, etc.) e o encaminhamentodos(as) jovens <strong>para</strong> os serviços da re<strong>de</strong>. De acordo com a avaliaçãotécnica que indicar a melhor opção, levando-se em consi<strong>de</strong>ração a realida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>mandas e recursos locais, as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> República po<strong>de</strong>rão estarlocalizadas em cada um dos municípios que compartilharem a equipe, ouno município-se<strong>de</strong> do serviço. Neste último caso, <strong>de</strong>verão ser asseguradosmeios necessários à locomoção do(a) jovem ao seu município <strong>de</strong> origem,periodicamente, <strong>de</strong> modo a manter laços <strong>de</strong> convivência ali estabelecidos.4.5.1.3 Casa-lar regionalizadaDeve-se, excepcionalmente, recorrer a esta alternativa quando nenhuma das anterioresfor <strong>de</strong> possível implantação. Neste caso, <strong>de</strong>vem ser observados, obrigatoriamente,os critérios estabelecidos <strong>para</strong> o compartilhamento <strong>de</strong> equipe (coor<strong>de</strong>nadore equipe técnica), além <strong>de</strong> asseguradas as condições <strong>para</strong> o <strong>de</strong>slocamento semanal,tanto das famílias <strong>para</strong> o município on<strong>de</strong> se localizar a Casa-lar, quanto das criançase adolescentes <strong>para</strong> o município <strong>de</strong> residência da família <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong> modo a favorecero processo <strong>de</strong> reintegração familiar.107Nesses casos, o município <strong>de</strong>verá manter uma estratégia que possibilite: i. presença <strong>de</strong> um auxiliar <strong>de</strong> cuidador em horários que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>mmais atenção como almoço, jantar e café-da-manhã, além <strong>de</strong> apoio em períodos noturnos; ii. garantia <strong>de</strong> horários <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso efolgas regulamentares do educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte; iii. e o <strong>de</strong>slocamento imediato <strong>de</strong> um profissional, no caso <strong>de</strong> eventualida<strong>de</strong>s queensejem a ausência temporária o educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte do serviço.100


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e Adolescentes4.5.2 Serviços <strong>de</strong> acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes ameaçados<strong>de</strong> morteNos casos <strong>de</strong> crianças e adolescentes ameaçados <strong>de</strong> morte, sua manutenção no contextofamiliar e comunitário <strong>de</strong> origem po<strong>de</strong> representar sério risco a sua segurança.Trata-se <strong>de</strong> uma situação particularmente <strong>de</strong>licada, na qual po<strong>de</strong> ser necessário oencaminhamento <strong>para</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento em localida<strong>de</strong> distinta do município<strong>de</strong> residência habitual. Nestes casos, é preciso consi<strong>de</strong>rar que a proximida<strong>de</strong> do serviço<strong>de</strong> acolhimento com a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, a manutenção das ativida<strong>de</strong>srotineiramente <strong>de</strong>senvolvidas e o convívio com sua re<strong>de</strong> social local – parâmetrosque <strong>de</strong>vem orientar os serviços <strong>de</strong> acolhimento em geral – não são aconselháveis,por colocarem em risco a segurança da criança ou adolescente ameaçado po<strong>de</strong>ndotambém representar risco <strong>para</strong> as <strong>de</strong>mais crianças e adolescentes atendidos nomesmo serviço.Dessa forma, sugere-se, <strong>para</strong> a operacionalização <strong>de</strong>stes serviços, as seguintesestratégias:• Em estados / regiões on<strong>de</strong> houver número significativo <strong>de</strong> crianças e adolescentesameaçados <strong>de</strong> morte: po<strong>de</strong>m ser organizados abrigos regionais ouestaduais <strong>de</strong>stinados especificamente a esta finalida<strong>de</strong>, os quais, em virtu<strong>de</strong>das ameaças vividas pelas crianças e adolescentes atendidos, <strong>de</strong>vem serimplementados em locais que garantam o sigilo quanto à sua existência,necessário à proteção dos acolhidos. Tais serviços <strong>de</strong>verão aten<strong>de</strong>r os parâmetrosreferentes a recursos humanos e infra-estrutura física constantesneste documento, <strong>de</strong>vendo ser avaliada, ainda, <strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong>local, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disponibilização <strong>de</strong> profissional específico, que possase responsabilizar por uma articulação mais próxima do serviço com oSistema <strong>de</strong> Justiça, o Sistema <strong>de</strong> Segurança Pública e programas <strong>de</strong> proteçãoaos quais as crianças e adolescentes atendidos estejam vinculados. Emvirtu<strong>de</strong> das particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta situação recomenda-se o atendimento<strong>de</strong> crianças e adolescentes ameaçados <strong>de</strong> morte em serviços regionalizados,organizados especificamente <strong>para</strong> esta finalida<strong>de</strong> e com maiores condições<strong>de</strong> garantir proteção nestes casos.• Em estados / regiões on<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> crianças e adolescentes ameaçados<strong>de</strong> morte que necessitem <strong>de</strong> acolhimento não justificar a implantação<strong>de</strong> serviços estaduais / regionais: po<strong>de</strong>m ser firmados acordos formais entremunicípios <strong>de</strong> diferentes regiões, a fim <strong>de</strong> viabilizar a transferência da criançasou adolescente ameaçado <strong>para</strong> outro município, <strong>de</strong> modo a possibilitarseu acolhimento em serviços distantes <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origeme, assim, facilitar a sua proteção. Nestas situações o serviço <strong>de</strong>ve tambémmanter articulação com programas <strong>de</strong> proteção aos quais as crianças e adolescentesatendidos estejam vinculados, além do Sistema <strong>de</strong> Justiça e do101


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoSistema <strong>de</strong> Segurança Pública, <strong>de</strong> modo a propiciar condições <strong>de</strong> segurançatanto <strong>para</strong> a criança ou adolescente ameaçado quanto <strong>para</strong> os <strong>de</strong>maisali acolhidos.Em todos os casos, recomenda-se que os serviços <strong>de</strong> acolhimento que atendamcrianças e adolescentes ameaçados <strong>de</strong> morte atuem em articulação com programasespecíficos <strong>de</strong> proteção, como o Programa <strong>de</strong> Proteção à Criança e aoAdolescente Ameaçado <strong>de</strong> Morte – PPCAAM 108 .Finalmente, ressalta-se que o encaminhamento da criança ou adolescenteameaçado <strong>de</strong> morte <strong>para</strong> serviço <strong>de</strong> acolhimento <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado apenasquando esgotadas outras alternativas que preservem seus vínculos familiares,como, por exemplo, a mudança <strong>de</strong> contexto ou cida<strong>de</strong> acompanhado da família,<strong>de</strong> familiar ou responsável.108Programa do Governo Fe<strong>de</strong>ral criado no âmbito da Subsecretaria <strong>de</strong> Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da SecretariaEspecial dos Direitos Humanos, que tem atribuições ligadas à prevenção da violência letal dirigida contra crianças e adolescentes e à proteção<strong>de</strong> crianças e adolescentes que estejam ameaçadas <strong>de</strong> morte. A proteção é efetuada retirando a criança ou o adolescente ameaçado<strong>de</strong> morte do local <strong>de</strong> risco, preferencialmente com seus familiares e inserindo-os em comunida<strong>de</strong> segura.102


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesGlossário109Acessibilida<strong>de</strong><strong>Acolhimento</strong>Familiar<strong>Acolhimento</strong>InstitucionalAdoçãoPossibilida<strong>de</strong> e condição <strong>de</strong> alcance <strong>para</strong> utilização, comsegurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentosurbanos, das edificações, dos transportes e dossistemas e meios <strong>de</strong> comunicação, por pessoa portadora<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou com mobilida<strong>de</strong> reduzida (Lei 10.098<strong>de</strong> 19.12.00) 109 . A essa referência <strong>de</strong>vem ser acrescidas ascondições <strong>de</strong> habitabilida<strong>de</strong>, higiene, salubrida<strong>de</strong> e segurança,adaptadas a cada serviço socioassistencial e orientadaspor profissional especializado da administração pública,quando da instalação <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong>.Consiste na inclusão <strong>de</strong> criança/adolescentes, por meio <strong>de</strong>medida protetiva, em residências <strong>de</strong> famílias acolhedorascadastradas, selecionadas, capacitadas e acompanhadaspela equipe profissional do Serviço <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> emFamília Acolhedora, <strong>de</strong> forma temporária até a reintegraçãoda criança à família ou seu encaminhamento <strong>para</strong> famíliasubstituta.O acolhimento <strong>para</strong> crianças e adolescentes, por meio <strong>de</strong>medida protetiva, oferecidos em diferentes equipamentoscomo Abrigo Institucional <strong>para</strong> pequenos grupos e Casa-Lar, <strong>de</strong> forma temporária até a reintegração da criança àsua própria família ou seu encaminhamento <strong>para</strong> famíliasubstituta.Medida judicial <strong>de</strong> colocação, em caráter irrevogável, <strong>de</strong>uma criança ou adolescente em outra família que nãoseja aquela on<strong>de</strong> nasceu, conferindo vínculo <strong>de</strong> filiação<strong>de</strong>finitivo, com os mesmos direitos e <strong>de</strong>veres da filiaçãobiológica.109Ver também ABNT NBR 9050-31052004 - 31.04.04103


GlossárioAutonomiaBusca ativaCadÚnicoCasa-LarCiclo <strong>de</strong> vida1 2Capacida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cidadão suprir suas necessida<strong>de</strong>svitais, culturais políticas e sociais, sob as condições<strong>de</strong> respeito às idéias individuais e coletivas, supondouma relação com o mercado – on<strong>de</strong> parte das necessida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>ve ser adquirida – e com o Estado, responsável porassegurar outra parte das necessida<strong>de</strong>s. É a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong>, com reconhecimento <strong>de</strong>sua dignida<strong>de</strong> e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar pública epartidariamente os seus interesses sem ser obstaculizadopor ações <strong>de</strong> violação dos direitos humanos e políticos oupelo cerceamento à sua expressão 110Neste documento este termo é utilizado <strong>para</strong> <strong>de</strong>signar oato <strong>de</strong> buscar famílias <strong>para</strong> crianças e adolescentes emcondições legais <strong>de</strong> adoção, visando garantir-lhes o direito<strong>de</strong> integração à uma nova família, quando esgotadas aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> retorno ao convívio familiar <strong>de</strong> origem.Cadastro Único <strong>para</strong> Programas Sociais é um instrumento<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e caracterização socioeconômica dasfamílias brasileiras <strong>de</strong> renda mensal <strong>de</strong> até meio saláriomínimo por pessoa ou renda familiar mensal <strong>de</strong> até trêssalários mínimos. Por meio <strong>de</strong>le é realizada a seleção dosbeneficiários <strong>de</strong> alguns programas sociais do Governo Fe<strong>de</strong>ral,como, por exemplo, o Bolsa Família. Além <strong>de</strong> servircomo referência <strong>para</strong> diversos programas sociais <strong>de</strong> concessão<strong>de</strong> benefícios, o CadÚnico permite que Municípiose os Estados conheçam melhor os riscos e vulnerabilida<strong>de</strong>saos quais a sua população está exposta. 111<strong>Acolhimento</strong> Institucional oferecido em unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais,nas quais pelo menos uma pessoa ou casal trabalhacomo educador/cuidador resi<strong>de</strong>nte – em uma casa que nãoé a sua – prestando cuidados a um grupo <strong>de</strong> crianças e/ouadolescentes.Diferentes etapas do <strong>de</strong>senvolvimento humano (infância,adolescência, juventu<strong>de</strong>, ida<strong>de</strong> adulta e terceira ida<strong>de</strong>),ou do <strong>de</strong>senvolvimento familiar (marcado, por exemplo,pela união dos parceiros, se<strong>para</strong>ção, recasamento, nascimentoe <strong>de</strong>senvolvimento dos filhos e netos, morte eoutros eventos).110Dicionário <strong>de</strong> Termos técnicos da Assistência Social. Prefeitura Municipal. Secretaria Adjunta da Assistência Social. Belo Horizonte:ASCOM, 2007.111Capacitação <strong>para</strong> Implementação do Sistema único <strong>de</strong> Assistência Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio <strong>de</strong> Janeiro:IBAM/ Unicarioca; Brasília: MDS, 2008.104


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesConselhoTutelarCuidadosDemandaDesligamentoDestituição doPo<strong>de</strong>r FamiliarDinâmicafamiliarÓrgão permanente, autônomo e não jurisdicional (que nãointegra o Judiciário) encarregado pela socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> zelarpelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.O Conselho Tutelar é constituído por cinco membros escolhidospelos cidadãos <strong>de</strong> cada município, <strong>para</strong> um mandato<strong>de</strong> três anos, admitida uma recondução. A principal funçãodo Conselho Tutelar é a garantia dos direitos das crianças eadolescentes estabelecidos no ECA. Suas atribuições estão<strong>de</strong>finidas no artigo 136 do ECA.Ações praticadas por agente institucional capacitado aorientar e <strong>de</strong>senvolver atos <strong>de</strong> zelo pessoal a favor <strong>de</strong> alguémcom contingências pessoais 112 .Manifestação <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s, apresentadas explicitamentepelo usuário ou i<strong>de</strong>ntificadas pelo técnico, queexigem intervenções <strong>de</strong> natureza socioassistencial 113 .É a conclusão do atendimento/acompanhamento dacriança e do adolescente <strong>de</strong> acordo com critérios técnicos,que leva ao retorno à família <strong>de</strong> origem, colocaçãoem família substituta ou encaminhamento a outro serviço<strong>de</strong> acolhimento que esse mostrar mais a<strong>de</strong>quado a<strong>para</strong> asnecessida<strong>de</strong>s da criança/adolescente.Refere-se à retirada dos po<strong>de</strong>res dos pais sobre seus filhos,bem como seus bens, com base na lei e após o <strong>de</strong>vidoprocesso legal. A perda do Po<strong>de</strong>r Familiar é <strong>de</strong>cretadajudicialmente, em procedimento contraditório, nos casosprevistos na legislação civil (art. 1638, Código Civil) etambém na hipótese <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento injustificadodos seguintes <strong>de</strong>veres e obrigações: sustento guarda eeducação dos filhos.É caracterizada pela forma <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> uma família,ou seja, suas regras, hierarquias, padrões <strong>de</strong> comunicação.1 2 3112Dicionário <strong>de</strong> Termos técnicos da Assistência Social. Prefeitura Municipal. Secretaria Adjunta da Assistência Social. Belo Horizonte:ASCOM, 2007.113I<strong>de</strong>m105


GlossárioEducadores/cuidadorEmpo<strong>de</strong>ramentoda famíliaEncaminhamentoEntrevistaEstudo <strong>de</strong> casoFamíliaPessoas selecionadas <strong>para</strong> trabalhar em instituições <strong>de</strong>acolhimento, com o objetivo <strong>de</strong> cuidar, proteger e educarcrianças e adolescentes acolhidos nesses serviços pormeio <strong>de</strong> medida protetiva.Potencialização da capacida<strong>de</strong> e dos recursos da família<strong>para</strong> o enfrentamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios inerentes às diferentesetapas do ciclo <strong>de</strong> vida familiar, bem como <strong>para</strong> a superação<strong>de</strong> condições adversas, tais como situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>se violação <strong>de</strong> direitos. Refere-se ainda aoprocesso pelo qual a família obtém controle sobre <strong>de</strong>cisõese ações relacionadas a políticas públicas, por meio<strong>de</strong> mobilização e expressão <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s.É um procedimento <strong>de</strong> articulação da necessida<strong>de</strong> dousuário com a oferta <strong>de</strong> serviços do município realizadopelos técnicos do serviço. Deve ser sempre formal, seja<strong>para</strong> a re<strong>de</strong> socioassistencial, seja <strong>para</strong> outras políticas.Quando necessário, <strong>de</strong>ve ser precedido <strong>de</strong> contrato como serviço <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>para</strong> contribuir com a efetivação doencaminhamento e sucedido <strong>de</strong> contato <strong>para</strong> o retornoda informação 114 .Procedimento técnico que serve <strong>para</strong> acolher, conhecer,coletar dados, orientar, acompanhar, avaliar e indicar oselementos <strong>para</strong> trabalhar a família e/ou o usuário do serviçoem seu processo <strong>de</strong> formação cidadã 115 .Ativida<strong>de</strong> técnica utilizada durante o processo <strong>de</strong> acompanhamento,<strong>para</strong> elaboração <strong>de</strong> diagnóstico, visando arealização <strong>de</strong> intervenções 116 .Refere-se não apenas ao grupo formado pelos pais ouqualquer um <strong>de</strong>les e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas, aos diferentesarranjos familiares resultantes <strong>de</strong> agregados sociaispor relações consanguíneas ou afetivas, ou <strong>de</strong> subsistênciae que assumem a função <strong>de</strong> cuidar dos membros.12114Dicionário <strong>de</strong> Termos técnicos da Assistência Social. Prefeitura Municipal. Secretaria Adjunta da Assistência Social. Belo Horizonte:ASCOM, 2007.115I<strong>de</strong>m116I<strong>de</strong>m106


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesFamíliaAcolhedoraFamília <strong>de</strong>origemGrupo <strong>de</strong> Apoioà AdoçãoGrupos <strong>de</strong>pertencimentoIntersetorialida<strong>de</strong>Nomenclatura dada à família que participa <strong>de</strong> Serviço <strong>de</strong><strong>Acolhimento</strong> em Famílias Acolhedoras, recebendo criançase adolescentes sob sua guarda, <strong>de</strong> forma temporáriaaté a reintegração da criança com a sua própria famíliaou seu encaminhamento <strong>para</strong> família substituta. Tambémé <strong>de</strong>nominada “Família <strong>de</strong> apoio”, “Família cuidadora”, “Famíliasolidária”, “Família Guardiã”, entre outras.Família com a qual a criança e o adolescente viviam nomomento em que houve a intervenção dos operadoresou operadoras sociais ou do direito. Po<strong>de</strong> ser tanto a famílianuclear, composta por pai e/ou mãe e filhos ou extensa,uma família que se esten<strong>de</strong> <strong>para</strong> além da unida<strong>de</strong> pais/filhos e/ou da unida<strong>de</strong> do casal, estando ou não <strong>de</strong>ntro domesmo domicílio irmãos, meio-irmãos, avós, tios e primos<strong>de</strong> diversos graus.São formados, na maioria das vezes, por iniciativas <strong>de</strong> paisadotivos que trabalham voluntariamente <strong>para</strong> a divulgaçãoda nova cultura da Adoção, prevenir o abandono,pre<strong>para</strong>r adotantes e acompanhar pais adotivos, encaminharcrianças <strong>para</strong> a adoção e <strong>para</strong> a conscientização dasocieda<strong>de</strong> sobre a adoção e principalmente sobre as adoçõesnecessárias (crianças mais velhas, com necessida<strong>de</strong>sespeciais e inter-raciais). Um <strong>de</strong> seus maiores objetivos éa busca <strong>de</strong> soluções alternativas <strong>para</strong> as crianças <strong>de</strong>stituídas<strong>de</strong> relações familiares, ou seja, resguardar os direitos<strong>de</strong>stas <strong>de</strong> viver em família e em comunida<strong>de</strong> 117 .Grupos aos quais ao longo da vida uma pessoa participa(familiares, escolares, profissionais, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>), que sãofundamentais <strong>para</strong> a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> individuale social.Princípio <strong>de</strong> gestão das Políticas Sociais que privilegia aintegração das políticas em sua elaboração, execução,monitoramento e avaliação. Busca superar a fragmentaçãodas políticas, respeitando as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cadaárea 118 .12117Por Patricia Acacio, disonível em http://www.angaad.org.br. Acesso em: 30/06/09.118Dicionário <strong>de</strong> Termos técnicos da Assistência Social. Prefeitura Municipal. Secretaria Adjunta da Assistência Social. Belo Horizonte:ASCOM, 2007.107


Glossário1Justiça daInfância e daJuventu<strong>de</strong>Lei Orgânica daAssistênciaSocial - LOASMoradiasubsidiadaNegligênciaJustiça da Infância e da Juventu<strong>de</strong> está prevista no Estatutoda Criança e do Adolescente em seu artigo 145, comoum dos órgãos garantidores da doutrina da proteção integral.Tem potencial <strong>para</strong> se apresentar como capaz <strong>para</strong><strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, proteger e promover os direitos previstos nasnormativas pertinentes, <strong>de</strong>vendo assumir-se, <strong>de</strong> acordocom a comunida<strong>de</strong> internacional, como parte integrantedo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacional <strong>de</strong> cada país eser administrada no marco geral da justiça social <strong>de</strong> modonão apenas a contribuir <strong>para</strong> a sua proteção, mas também<strong>para</strong> a manutenção da paz e or<strong>de</strong>m na socieda<strong>de</strong> (RegrasMínimas das Nações Unidas <strong>para</strong> a Administração da Justiçada Infância e da Juventu<strong>de</strong>, art. 1.4)Organiza a Assistência Social no país e responsabiliza opo<strong>de</strong>r público a respon<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s das pessoasem situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>. Lei Nº 8.742, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Dezembro<strong>de</strong> 1993.Condições materiais em forma <strong>de</strong> bolsa-moradia ou pagamentodos custos <strong>de</strong> locação e tarifas públicas <strong>para</strong>manutenção <strong>de</strong> moradias <strong>para</strong> pessoas em situação <strong>de</strong>abandono, sem condições <strong>de</strong> prover seu auto-sustento eem construção <strong>de</strong> autonomia pessoal e social.Consiste na omissão injustificada por parte do responsávelem supervisionar ou prover as necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong>criança, adolescente ou pessoa com <strong>de</strong>ficiência, os quais,face ao estágio do <strong>de</strong>senvolvimento no qual se encontrame <strong>de</strong> suas condições físicas e psicológicas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>cuidados prestados por familiares ou responsáveis. Este<strong>de</strong>satendimento injustificado po<strong>de</strong> representar risco àsegurança e ao <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo, po<strong>de</strong>ndoincluir situações diversas como a privação <strong>de</strong> cuidados necessáriosà saú<strong>de</strong> e higiene; o <strong>de</strong>scumprimento do <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> encaminhar a criança ou adolescente à escola; o fato <strong>de</strong><strong>de</strong>ixar a pessoa sozinha em situação que represente risco àsua segurança, etc. O abandono, <strong>de</strong>ixando a criança, o adolescenteou a pessoa com <strong>de</strong>ficiência em situação <strong>de</strong> extremavulnerabilida<strong>de</strong> e risco consiste na forma mais grave <strong>de</strong>negligência 119 . Segundo Azevedo e Guerra 120 é importantediferenciar a negligência daquelas situações justificadaspela condição <strong>de</strong> vida da família.108119SBP, Claves, ENSP, FIOCRUZ, SEDH, MJ. Guia <strong>de</strong> Atuação Frente a Maus-Tratos na Infância e na Adolescente. Rio <strong>de</strong> Janeiro, FIOCRUZ /ENSP / CLAVES 2001, 2ª Ed.120Azevedo, M. A. Pesquisa Qualitativa e Violência Doméstica contra crianças e adolescentes (VDCA): por que, como e <strong>para</strong> que investigartestemunhos <strong>de</strong> sobreviventes. Disponível em: http://www.ip.usp.br/laboratorios/lacri/VDCA.doc. Acesso em: 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008.


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesNOB/RH - SUASNormaOperacionalBásica – NOB/SUASProntuáriosProtocolosRe<strong>de</strong> Social <strong>de</strong>ApoioReintegraçãoFamiliarNorma Operacional Básica <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUAS,que tem por finalida<strong>de</strong> primordial estabelecer parâmetros gerais<strong>para</strong> a política <strong>de</strong> recursos humanos a ser implementadana área da Assistência SocialDisciplina a gestão pública da Política <strong>de</strong> Assistência Socialno território brasileiro, exercida <strong>de</strong> modo sistêmico entreos entes fe<strong>de</strong>rativos, em consonância com a ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral da República <strong>de</strong> 1988, a LOAS e as legislações complementaresa ela aplicáveis. Seu conteúdo estabelece a)caráter do Sistema Único da Assistência Social (SUAS); b)funções da Política Pública <strong>de</strong> Assistência Social; c) níveisda gestão do SUAS; d) instâncias <strong>de</strong> articulação, pactuaçãoe <strong>de</strong>liberação que compõem o processo <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong>gestão do SUAS; e) financiamento.Registro <strong>de</strong> atos e procedimentos técnicos com atualizaçãocontínua do acompanhamento do caso, utilizadoconforme acesso e capacida<strong>de</strong> do registro eletrônico edas exigências do serviço, a ser disponibilizado ao (a) usuário(a) se assim for requerido e que subsidia os relatóriosa serem enviados a Justiça da Infância e Juventu<strong>de</strong>.Padrões éticos e <strong>de</strong> procedimentos do agente institucionale <strong>de</strong> técnicos que produzem a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atençõesa serem ofertadas a famílias, pessoas e comunida<strong>de</strong>s, no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos, programas e serviços.Formada pelas relações estabelecidas entre pessoas, grupose instituições com o objetivo <strong>de</strong> suprir necessida<strong>de</strong>smateriais e/ou afetivas. Po<strong>de</strong> ser primária, incluindo familiarese amigos, ou secundárias, composta por instituiçõesgovernamentais e não-governamentais 121 .Retorno da criança e do adolescente ao contexto da família<strong>de</strong> origem da qual se separou.12121SANICOLA, Lia. As dinâmicas <strong>de</strong> re<strong>de</strong> e o trabalho social. São Paulo: Veras editora, 2008.109


GlossárioRepública <strong>de</strong>jovensSistema Únicoda AssistênciaSocial (SUAS)TrabalhointerdisciplinarTranstornoMentalViolação <strong>de</strong>direitos<strong>Acolhimento</strong> Institucional que visa a transição da vida institucional<strong>para</strong> a vida autônoma, quando atingida a maiorida<strong>de</strong>,sem contar necessariamente com características<strong>de</strong> ambiente familiar. Moradia on<strong>de</strong> os jovens se organizamem grupo com vistas à autonomia.O SUAS configura-se como o novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão eorganização da política <strong>de</strong> assistência social na oferta <strong>de</strong>programas, projetos, serviços e benefícios, em todo o territórionacional.Forma <strong>de</strong> atuação que consiste, <strong>de</strong> um lado, na qualificadaabordagem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada especificida<strong>de</strong> profissional,e, <strong>de</strong> outro, na complementarida<strong>de</strong> entre os membros daequipe na construção coletiva do trabalho comum. Pressupõeo diálogo e trocas intersubjetivas dos diferentesespecialistas e o reconhecimento <strong>de</strong> saberes teóricos,práticos e existenciais, em si e nos outros.O termo “doença mental” ou transtorno mental é qualqueranormalida<strong>de</strong> na mente ou no seu funcionamentoque po<strong>de</strong> causar mais sofrimento e incapacida<strong>de</strong> quequalquer outro tipo <strong>de</strong> problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Transtornosmentais como a ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão, distúrbios alimentares,abuso e <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool e outras drogas, <strong>de</strong>mênciae esquizofrenia, po<strong>de</strong> afetar qualquer pessoa emqualquer época da sua vida.Atentado aos direitos <strong>de</strong> crianças e adolescentes estabelecidospelo Estatuto da Criança e Adolescente Negligênciapor parte dos pais e/ou responsáveis, vivência nas ruasou em instituições <strong>de</strong> abrigo e violência física, psicológicaou sexual se configuram formas <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitos.110


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesViolência FísicaViolênciaintra-familiarViolênciaPsicológicaVisitadomiciliarEste tipo <strong>de</strong> violência ocorre quando a força física é praticada<strong>de</strong> forma intencional e não-aci<strong>de</strong>ntal, com o objetivo<strong>de</strong> causar danos, ferimentos ou até a morte davítima 122 . O agressor po<strong>de</strong> ser pessoa com a qual a vítimamantém vínculo familiar ou afetivo (pai, mãe, padrasto,madrasta, avô, avó, tio (a), irmão, cônjuge, companheiro(a) e outros). A violência física po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar ou não marcasevi<strong>de</strong>ntes.É “todo ato ou omissão praticado por pais, parente ou responsáveiscontra crianças e/ou adolescentes que – sendocapaz <strong>de</strong> causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima- implica <strong>de</strong> um lado numa transgressão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r/<strong>de</strong>ver<strong>de</strong> proteção do adulto e, <strong>de</strong> outro, numa coisificaçãoda infância, isto é, numa negação do direito que criançase adolescentes têm <strong>de</strong> ser tratados como sujeitos e pessoasem condição peculiar <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento” 123 .Tipo <strong>de</strong> violência <strong>de</strong> difícil i<strong>de</strong>ntificação e, muitas vezes,praticada conjuntamente com outras formas <strong>de</strong> violência.Por meio da comunicação verbal ou não verbal a vítima éexposta a situações <strong>de</strong> rejeição, <strong>de</strong>preciação, discriminação,<strong>de</strong>srespeito, cobrança, ameaças ou punição excessivas,o que po<strong>de</strong> lhe causar intenso sofrimento psíquico,rebaixamento da auto-estima e danos ao <strong>de</strong>senvolvimentobiopsicossocial.Ativida<strong>de</strong> técnica que envolve a ida da equipe até o local<strong>de</strong> moradia das famílias e/ou indivíduos, que objetivafornecer subsídios <strong>para</strong> compor o acompanhamento, fortalecervínculos, compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>mandas enecessida<strong>de</strong>s, recursos e vulnerabilida<strong>de</strong>s, fazer convites<strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s. Esta ativida<strong>de</strong> também é importante <strong>para</strong>contatar outros membros do grupo familiar.12122DESLANDES, S. F. Prevenir a violência – um <strong>de</strong>safio <strong>para</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FIOCRUZ /ENSP / CLAVES, 1994.123AZEVEDO, Maria Amélia ; GUERRA, Viviane Nogueira <strong>de</strong> Azevedo . Infância e Violência Doméstica no Brasil - Século XX: BibliografiaSeletiva. 1. ed. São Paulo: LACRI/IPUSP, 2001.111


Capítulo III | 4. Parâmetros <strong>de</strong> funcionamentoAnexo lMEMBROS DO GT NACIONAL PRÓ-CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIAAnanin<strong>de</strong>ua/PAMichelle Cristina dos Santos Azevedo Raposo, então Secretaria Municipal <strong>de</strong> Ação Social<strong>de</strong> Ananin<strong>de</strong>uaVerena Fadul dos Santos Arruda, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cidadania Assistência Social eTrabalho <strong>de</strong> Ananin<strong>de</strong>uaBelém/PAAlcidéa Amaral Teixeira, então Fundação da Criança <strong>de</strong> do AdolescenteMaria <strong>de</strong> Fátima Silva Teixeira, Associação EkobéSâmia Márcia Araújo Monteiro, então Projeto MembiraBelo Horizonte/MGEdson Neris Bahia, Associação Casa NovellaFernanda Flaviana Martins, Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Desenvolvimento Social do Estado<strong>de</strong> Minas GeraisBrasília/DFAlison Sutton, então Unicef BrasilDirce França, Instituto Berço da CidadaniaCampinas/SPJanete Aparecida Giorgetti Valente, Proteção Social Especial <strong>de</strong> Alta Complexida<strong>de</strong> daPrefeitura Municipal <strong>de</strong> CampinasFlorianópolis/SCÚrsula Lehmkuhl Carreirão, Secretaria <strong>de</strong> Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação<strong>de</strong> Santa CatarinaFortaleza/CECamila Holanda, então Proteção Especial da Fundação da Criança e da Família Cidadã daPrefeitura Municipal <strong>de</strong> FortalezaLeila Soares Cida<strong>de</strong>, Proteção Especial da Fundação da Criança e da Família Cidadã daPrefeitura Municipal <strong>de</strong> FortalezaMárcia Cristine Pereira <strong>de</strong> Oliveira, Associação Curumins112


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesFoz do Iguaçu/PREdinalva Severo, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência Social <strong>de</strong> Foz do IguaçuGoiânia /GOMaria Auxiliadora Carmo Lima, Secretaria <strong>de</strong> Cidadania do Estado <strong>de</strong> GoiásOlinda/PEBeatriz Guimarães, Secretaria Municipal <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Econômico <strong>de</strong> OlindaSusana Carneiro Leão <strong>de</strong> Mello, então Secretaria <strong>de</strong> Políticas Sociais da Prefeitura Municipal<strong>de</strong> OlindaPorto Alegre/RSAlice Alvina Duarte <strong>de</strong> Bittencourt, Instituto Amigos <strong>de</strong> LucasSuzana Morais, Fundação <strong>de</strong> Assistência Social e Cidadania da Prefeitura <strong>de</strong> Porto AlegreRecife/PEBernar<strong>de</strong>th Gondim, Instituto <strong>de</strong> Assistência Social e CidadaniaRio <strong>de</strong> Janeiro/RJAndréa Mayer Gomes, então Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Assistência Social e Direitos Humanosdo Rio <strong>de</strong> JaneiroAdriana Pacheco da Silva, Associação Brasileira Terra dos HomensClaudia Cabral, Associação Brasileira Terra dos HomensLeonardo Leal Seoane, Associação Brasileira Terra dos HomensSalvador/BAEliane Gomes Rodrigues, Projeto AxéJuvenilda Soares <strong>de</strong> Carvalho, Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Combatea pobreza da BahiaSão Bento do Sul/SCIsabel Luzia Fuck Bittencourt, Grupo <strong>de</strong> Estudos e Apoio à Adoção Gerando AmorSão Luis/MAAntônio Renato Gonçalves Pedrosa, Fondation Terre <strong>de</strong>s hommesBenigna Regina Castro Martins Almeida, então Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> DesenvolvimentoSocial do MaranhãoMaria <strong>de</strong> Jesus Bonfim <strong>de</strong> Carvalho, Secretaria Municipal da Criança e Assistência SocialSão Paulo/SPJúlio César Vieira Guimarães, Liga das Senhoras Católicas <strong>de</strong> São PauloMaria Lúcia Carr Ribeiro Gulassa, Núcleo <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas sobre a Criança e AdolescenteVitória/ESVânia Tardin <strong>de</strong> Castro, Secretaria <strong>de</strong> Estado do Trabalho, Assistência e DesenvolvimentoSocial do Espírito Santo113


Anexo llCONTRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS E INDIVIDUAIS ENVIADAS A CONSULTA PÚ-BLICA DO DOCUMENTO ORIENTAÇÕES TÉCNICAS: SERVIÇOS DE ACOLHIMENTOPARA CRIANÇAS E ADOLESCENTESABMP- Associação Brasileira dos Magistrados, Promotores <strong>de</strong> Justiça e Defensores daInfância e Juventu<strong>de</strong> - São Paulo-SPADC EMBRAERAl<strong>de</strong>ias Infantis SOS Brasil-BrasíliaAlexandre Marciano da Silva - Conselheiro Tutelar <strong>de</strong> JacareíANGAAD - Associação Nacional <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Apoio à Adoção - Brasília-DFAssociação dos Amigos das Crianças com Câncer - AACC/MSCAE – Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Apoio Estratégico/RSCAO-IJ/MG - Centro <strong>de</strong> Apoio Operacional as Promotorias da Infância e Juventu<strong>de</strong>do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais - Rivamara Nunes FerreiraCasa do Menor –- Nova Iguaçu/ RJCasa Lar EbenezerCentro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Abrigagem Infanto-Juvenil da Fundação <strong>de</strong> Assistência Sociale Cidadania da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Porto Alegre (CRAIJ/ FASC/ PMPA)CIESPI – Centro Internacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas sobre a Infância em convêniocom a PUC-RioCMAS / SEC.MUN.CIDADANIA / OAB-COM.3º SETOR / Entida<strong>de</strong>s/Abrigo / ConselhoTutelar – Sorocaba - SPConselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Amazonas. FórumEstadual dos Direitos da Criança e do Adolescente AmazonasConselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - CEDCA – Goiás – GOConselho Municipal <strong>de</strong> Assistência Social / Conselho Municipal dos Direitos da Criança edo Adolescente / Conselho Tutelar / Divisão <strong>de</strong> Assistência Social - Timóteo - MGConselho Municipal <strong>de</strong> Assistência Social <strong>de</strong> Porto AlegreConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA <strong>de</strong> São Luís-MA / ComissãoIntersetorial <strong>para</strong> Acompanhamento da Implementação na esfera municipal das114


Orientações Técnicas: Serviços <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> <strong>para</strong> Crianças e AdolescentesAções, iniciativas e atribuições referentes à efetivação do Plano Nacional <strong>de</strong> Promoção,Proteção, Defesa e Garantia do Direito <strong>de</strong> Crianças e Adolescentes à Convivência Familiare ComunitáriaConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA – RibeirãoPreto/SPConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA. Canoinhas – SCConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Palmeira - SCConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Belo Horizonte - MGConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Gaspar – SCConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Santo André – SPConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Santana do Livramento-RS – COMDICA/SLDefensoria Pública do Estado <strong>de</strong> São Paulo – Núcleo Especializado da Infância e Juventu<strong>de</strong>da Defensoria Pública do Estado <strong>de</strong> São PauloDepartamento <strong>de</strong> Desenvolvimento Social/ Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento e PromoçãoSocial – Campo Goytacazes -RJEntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Acolhimento</strong> Institucional <strong>de</strong> Florianópolis/SC (Casa Lar Ação SocialMissão/EMAÚS, Casa <strong>de</strong> Passagem/PMF Municipal, Lar Seara da Esperança/SERTE,Lar São Vicente <strong>de</strong> Paulo, Obras Sociais <strong>de</strong> Coqueiros)/ Instituições mantenedorasdas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acolhimento: IDES – Irmanda<strong>de</strong> do Divino Espírito Santo, PMF –Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Florianópolis, SERTE – Socieda<strong>de</strong> Espírita <strong>de</strong> Recuperação,Trabalho e EducaçãoFlavia Luiza Santos Scabio - São Paulo - SPFórum dos Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Piracicaba – SPFórum Estadual <strong>de</strong> Assistência Social Não Governamental do RSFórum Estadual <strong>de</strong> Direitos da Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Goiás (Fórum DCA).Governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo - Secretaria Estadual <strong>de</strong> Assistência e DesenvolvimentoSocial / Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Ação Social – Proteção Social EspecialGoverno do Estado do Mato Grosso do Sul - Equipe Técnica da Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong>Proteção Social Básica / Equipe Técnica da Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Proteção Social Especial/ Equipe Técnica da Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Apoio à Gestão do Sistema Único da AssistênciaSocialGrupo <strong>de</strong> Estudos e Apoio à Adoção <strong>de</strong> João Pessoa-PB - GEAP-JPGrupo <strong>de</strong> Investigações sobre <strong>Acolhimento</strong> Familiar, Abrigamento e Adoção (GIAAA/CINDEDI) /Departamento Psicologia e Educação (FFCLRP-USP)Instituto Amigos <strong>de</strong> Lucas - Porto Alegre -RSInstituto <strong>de</strong> Acesso à Justiça – IAJ – CEDECA – Porto Alegre/RS115


Anexos 2Lar Fabiano <strong>de</strong> CristoLúcia Fonseca <strong>de</strong> Toledo - Conselheira e Coor<strong>de</strong>nadora da Comissão <strong>de</strong> Criança eAdolescente do CRP- 6ª Região – São Paulo- SPMaria Helena BarbettiMinistério Público do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul - 2ª Promotoria <strong>de</strong> Justiça da Infância eJuventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre / Divisão <strong>de</strong> Assessoramento Técnico/Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assessoramentoem Direitos Humanos. Porto Alegre - RSNilce Heloísa Campos <strong>de</strong> Araújo – Belo Horizonte - MGPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviço SocialPrefeitura do Município <strong>de</strong> São Paulo - Subprefeitura <strong>de</strong> Pinheiros - Supervisão <strong>de</strong>Assistência Social – SASPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Franca – SP / Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano e AçãoSocial - SEDHAS /Equipe do Programa Família Acolhedora / Equipe do Abrigo e Casas-lares/ Equipe técnica do Po<strong>de</strong>r JudiciárioPrefeitura Municipal <strong>de</strong> José Bonifácio-SP / Secretaria <strong>de</strong> Cidadania e Ação Social /Equipe do Centro <strong>de</strong> Referência Especializado <strong>de</strong> Assistência Social (CREAS)Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Varginha - MG / Secretaria Municipal <strong>de</strong> Habitação e PromoçãoSocial e equipe do Projeto Casa Lar/Conselho Municipal <strong>de</strong> Defesa dos Direitosda Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Varginha - MG – Helene Yuri AnaguchiProfª. Dra Jussara Maria <strong>de</strong> Carvalho GuimarãesProfª. Esp. Leni Maria Pereira SilvaSeção <strong>de</strong> fiscalização, orientação e acompanhamento <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, da Vara da Infânciae da Juventu<strong>de</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral – TJDFT – Brasília-DFSecretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Trabalho e Assistência Social - Mato Grosso do Sul - EquipeTécnica da Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Proteção Social Básica. /Equipe Técnica da Coor<strong>de</strong>nadoria<strong>de</strong> Proteção Social Especial. / Equipe Técnica da Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Apoio àGestão do Sistema Único da Assistência SocialSecretaria Municipal da Assistência Social / Gerencia <strong>de</strong> Proteção Especial que compõeo CREAS / Gerencia <strong>de</strong> Apoio ao Gabinete / Coor<strong>de</strong>nação e Técnicos/Assessoriasaos Conselhos / Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente /Conselho Municipal <strong>de</strong> Assistência Social / Po<strong>de</strong>r Judiciário / Conselhos Tutelares /Associação Blumenauense <strong>de</strong> Amparo aos Menores – ABAM - Blumenau, SCSecretaria Municipal <strong>de</strong> Promoção e Assistência Social <strong>de</strong> Bom Jardim - RJUnião Sul, Su<strong>de</strong>ste e Centro-Oeste das Instituições <strong>de</strong> Assistência Social à Criança eao Adolescente com Câncer – UNIVERSOUniversida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Montes Claros - Minas Gerais - Brasil116

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