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Freud hoje - Cebrap

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O REPÓRTERO custo da democraciaSamuel Feldberg reflete sobre a nova conjuntura políticado Oriente Médio, em que Israel se vê cercado pelos poderescrescentes de radicais por todos os lados, ao mesmo tempoem que o Irã acompanha de ameaças e pesada retóricademagógica o esforço para se tornar uma potência nuclearPrimeiro foi o Líbano. Em um paísdestroçado por uma longa guerracivil, o Hezbolá, grupo armado quecontrola um amplo território, optou porparticipar do processo político e tornouseum dos principais partidos do paísrepresentando quase com exclusividade apopulação xiita local. Depois vieram aseleições no Egito. Em um país com quasenenhuma tradição de eleições livres, umapequena liberalização permitiu a inclusãode inúmeros representantes da IrmandadeMuçulmana (a “raiz” do Hamas) noparlamento egípcio. Na seqüência, os iranianosoptaram por substituir Khatami(presidente moderado que buscava umaflexibilização da sociedade e uma acomodaçãointernacional e funcionava comoelemento de equilíbrio para o radicalismoislâmico dos mullahs) por um representantedas massas que vê no programanuclear iraniano, na negação do Holocaustoe na destruição de Israel, elementosde propaganda para fortalecer suaposição hierárquica. (Não custa lembrarque Hitler também começou assim).Finalmente, a recente vitória do Hamasnas eleições parlamentares realizadas emGaza e na Cisjordânia (alguns leitorespreferirão a denominação Judéia eSamária) encerra um ciclo que pode servisto como o resultado adverso dademanda norte-americana pela democratizaçãodo Oriente Médio. Não podemos,entretanto, esquecer que eleições livressão somente um dos muitos elementosO Hamas está divididoentre os que clamampela luta permanente eos que acreditam serlonga a história, e que atrégua pode durar osuficiente para que ospalestinos se fortaleçama ponto de poderderrotar Israelque caracterizam os regimes democráticos.A quase totalidade dos outros (liberdadede expressão, garantias individuais,o direito de ir e vir, e muitos mais) nãoestá e nunca esteve presente nos paísesmencionados acima.Israel, como não poderia deixar de ser,é diretamente afetado por todos estesdesenvolvimentos. No Líbano, o fortalecimentodo Hezbolá, que continua a fustigaro norte de Israel com seus foguetes e recentementeviu frustrada sua tentativa deseqüestrar soldados de um posto fronteiriço,torna-se mais perigoso à medida queadquire legitimidade sem abandonar aluta armada servindo, obviamente, demodelo para o Hamas e criando na práticauma fronteira geográfica entre o Irã eIsrael. A eleição de elementos radicaispara o parlamento egípcio não representaum problema imediato para Israel, mascertamente acende uma luz vermelhajunto à inteligência israelense, que nuncadeixou de considerar a possibilidade deuma renovada guerra convencionalcontra o Egito, apesar da paz (fria) que jádura quase 30 anos. Um “Irã democrático”na fronteira sul de Israel certamenteobrigaria as forças armadas israelenses aconsiderarem uma nova ação preemptivanos moldes de junho de 1967. Enquantoisso, os egípcios sofrem os efeitos daanomia na Faixa de Gaza, impossibilitadosde controlar o fluxo através de suanova fronteira e tendo de suportar, inclusive,o seqüestro de seu representantediplomático por uma das facções que <strong>hoje</strong>lá circulam, livres e armadas.A trajetória do Irã rumo ao status depotência nuclear precisa ser vista por doisprismas diferentes; por um lado, o Irãalmeja a entrada no restrito clube por umaquestão de prestígio, parte da velha disputaque teve seu ápice com o pan-arabismo noséculo passado (o Irã, não árabe mas muçulmanoxiita, sempre foi o adversário doIraque, do Egito e outros países menores,seja sob o Xá, seja na era dos aiatolás). Poroutro lado, a posse de armas nuclearestambém permitiria ao Irã garantir umaampla retaliação a um possível ataquenorte-americano, não contra o territóriodos EUA, mas contra sua força-tarefa nooceano Índico, ou a interrupção do fluxode petróleo, por meio de um amplobloqueio do estreito de Hormuz.22 Revista 18

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