Revista Formação 5 - BVS Ministério da Saúde

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○ ○ ○ ○introduzir um curso de saúde dentrode uma escola agrotécnica que nãotivesse conhecimentos acumuladossobre formação em saúde e nem asbases conceituais de organização eavaliação de serviços.A partir dessa visão, a escola desaúde foi se configurando, no princípio,de uma maneira muito tímidae precária. No momento em quecomeçou a existir consenso sobre oassunto, surgiram as dificuldadesfinanceiras. Naquele momento nãohavia recursos para os investimentosnecessários, porque havia um volumeenorme de pessoas que precisavamser formadas e essas pessoas nãotinham dinheiro. Os primeiros cursosde profissionalização foram financiadospelo Projeto Nordeste. Nosoutros estados em que não existia umprojeto que desse apoio ou cooperaçãotécnico-financeira, houve sériasdificuldades, tais como: para a organizaçãodo espaço, para a produçãode material didático e para o pagamentode pessoal etc. Então, paraviabilizar o projeto das escolas,optou-se pela estruturação de umnúcleo mínimo que contemplasse asquestões estratégicas exigidas paraaquele momento. E tudo aconteceulenta e gradativamente.F – O laboratório didático, uminstrumental que está sendointroduzido agora nas escolastécnicas, pode ser um fator deaperfeiçoamento dessas escolas?IS – É preciso levar em conta queo laboratório didático não podesubstituir a prática real. Ele éfundamental, não como instituição,mas como apoio. Sabe por quê?Porque, com o laboratório didático,há uma facilitação na relação ensinoaprendizagem,pois é uma intermediaçãoentre prática a simulada ea prática real. Até que o aluno fixeos princípios da execução de umatécnica, são idas e vindas. O laboratóriodeve ser organizado de formaque os alunos possam treinar até tersegurança para entrar na prática real.Na minha opinião, esses laboratóriospoderão ser utilizados para oprocesso de certificação de competênciasprofissionais, porque aindaacredito que a avaliação da práticaprofissional deverá ser simulada.F – As Escolas Técnicas de Saúdedo SUS têm hoje uma outra expectativaem relação à educação profissional.O foco central é para atender àformação profissional na área de Saúde,baseada, inclusive, nos parâmetros daLei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional (LDB). O PROFAE vemtrabalhando também com a idéia deuma escola que abra as suas portas paraespaços intermediários. Qual é a suaopinião sobre isso?IS – As Escolas Técnicas do SUS,a partir de sua concepção, forampensadas para atender a uma necessidadede demandas que iam desde aformação daqueles profissionaisempregados no Sistema Único deSaúde até a formação daqueles quedesejavam entrar no mercado detrabalho em saúde. Além dos cursosde formação profissional, acreditoque as escolas ainda possam oferecercursos de qualificação básica nas maisdiversas áreas. Da mesma forma, sedeve enfatizar a questão da multiprofissionalidadeque, na área deSaúde, é uma exigência para contemplara complexidade dos problemas.Nesse sentido, uma escola não podeoferecer apenas uma habilitação, épreciso diversificar para atender àsnecessidades do serviço.F – O PROFAE acredita que asETSUS serão escolas de referênciapara o Sistema de Saúde e até para aeducação profissional. Esse conceitoestá claro para os gestores?IS – Escola de referência significa,no meu entendimento, o reconhecimentopor aqueles que utilizam osseus serviços (gestores, alunos,docentes e também os usuários querecebem uma assistência sem risco).Ela é referência quando articulaconhecimentos, tecnologia e informaçãoa serviço da sociedade. Porquequem confere referência, excetuandoseos parâmetros técnicos, é quem usaou é beneficiado por aquele serviço.Formação91

○ ○ ○ ○F – Por que tantas dificuldadespara a consolidação das ETSUS?IS – Esse processo de construçãonão é linear. Ele apresenta ganhos eperdas, idas e vindas. Sendo umprocesso social, ele sofre a influênciadas várias conjunturas nas quais eleestá inserido. Assim, essas escolasnecessitariam de um órgão de caráternacional que formulasse e conduzisseuma política de sustentação dasmesmas. Caso contrário, elas sedesenvolveriam em situação dedesigualdade. As Escolas Técnicas doSUS precisam de fato fazer parte daagenda política da saúde e daeducação profissional nos estados. Namedida em que isso acontece, elas vãoganhando corpo próprio a despeitodessas variações conjunturais. É umobjetivo muito ambicioso para serconcretizado a curto prazo, mas istonão quer dizer que a médio prazo asescolas técnicas não possam tornarseescolas de excelência, estruturadase modernizadas, tanto do ponto devista do processo político-pedagógicoquanto do arcabouço tecnológico paradar sustentação aos processos deformação profissional.F – Nessa perspectiva, o fortalecimentoda Rede de EscolasTécnicas de Saúde do Sistema Únicode Saúde (RET-SUS) é uma estratégia?IS – A idéia da RET-SUS ultrapassagovernos. É preciso ter semprealguém estimulando, fazendo debates,para não deixar morrer a idéia. Elanão pode cair numa teia burocrática,assim é necessário um bom“animador” no comando, que poderiaser o diretor da escola com essa visãode integração e modernidade que,afinal, se refletirá na valorização daformação profissional. A Rede podese transformar nesse processo em algoque não é só uma secretaria parafomento de processos. Eu ousariapensar que politicamente as EscolasTécnicas deveriam dar mais um passoa frente e, quem sabe, se reunirem emuma natureza também jurídica. Umaassociação, por exemplo, que pudessecaptar recursos e canalizar esseencontro de interesses das escolas.Uma associação teria o papel deliderar o movimento, mobilizandopessoas e reunindo dirigentes, paraque a escola pudesse ter, de fato, umpapel ativo e dinâmico nos processosde educação profissional.F – A Escola Técnica de Saúde doSUS poderia trabalhar com que níveisda educação profissional? Ela poderiaassumir a especialização do níveltécnico, por exemplo?IS – Até o momento, a formaçãoprofissional realizada pelas escolasalcança o nível técnico. Já o níveltecnológico, que seria a especializaçãodo nível técnico, exige uminvestimento muito grande no corpodocente, com a contratação deprofessores altamente especializados,inclusive com cursos de pósgraduação.Quando se trata deformação na atenção básica de saúde,não há exigência de um corpo docenteespecializado, mas na formação paraatividades de média e alta complexidadeocorre o contrário. Apesar daespecialização para o nível médio daárea de Enfermagem estar prevista nalegislação educacional, o que se fazhoje é ainda muito pouco em relaçãoà especialização.92Nº 05 MAIO DE 2002

○ ○ ○ ○F – Por que tantas dificul<strong>da</strong>despara a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s ETSUS?IS – Esse processo de construçãonão é linear. Ele apresenta ganhos eper<strong>da</strong>s, i<strong>da</strong>s e vin<strong>da</strong>s. Sendo umprocesso social, ele sofre a influência<strong>da</strong>s várias conjunturas nas quais eleestá inserido. Assim, essas escolasnecessitariam de um órgão de caráternacional que formulasse e conduzisseuma política de sustentação <strong>da</strong>smesmas. Caso contrário, elas sedesenvolveriam em situação dedesigual<strong>da</strong>de. As Escolas Técnicas doSUS precisam de fato fazer parte <strong>da</strong>agen<strong>da</strong> política <strong>da</strong> saúde e <strong>da</strong>educação profissional nos estados. Namedi<strong>da</strong> em que isso acontece, elas vãoganhando corpo próprio a despeitodessas variações conjunturais. É umobjetivo muito ambicioso para serconcretizado a curto prazo, mas istonão quer dizer que a médio prazo asescolas técnicas não possam tornarseescolas de excelência, estrutura<strong>da</strong>se moderniza<strong>da</strong>s, tanto do ponto devista do processo político-pe<strong>da</strong>gógicoquanto do arcabouço tecnológico para<strong>da</strong>r sustentação aos processos deformação profissional.F – Nessa perspectiva, o fortalecimento<strong>da</strong> Rede de EscolasTécnicas de Saúde do Sistema Únicode Saúde (RET-SUS) é uma estratégia?IS – A idéia <strong>da</strong> RET-SUS ultrapassagovernos. É preciso ter semprealguém estimulando, fazendo debates,para não deixar morrer a idéia. Elanão pode cair numa teia burocrática,assim é necessário um bom“animador” no comando, que poderiaser o diretor <strong>da</strong> escola com essa visãode integração e moderni<strong>da</strong>de que,afinal, se refletirá na valorização <strong>da</strong>formação profissional. A Rede podese transformar nesse processo em algoque não é só uma secretaria parafomento de processos. Eu ousariapensar que politicamente as EscolasTécnicas deveriam <strong>da</strong>r mais um passoa frente e, quem sabe, se reunirem emuma natureza também jurídica. Umaassociação, por exemplo, que pudessecaptar recursos e canalizar esseencontro de interesses <strong>da</strong>s escolas.Uma associação teria o papel deliderar o movimento, mobilizandopessoas e reunindo dirigentes, paraque a escola pudesse ter, de fato, umpapel ativo e dinâmico nos processosde educação profissional.F – A Escola Técnica de Saúde doSUS poderia trabalhar com que níveis<strong>da</strong> educação profissional? Ela poderiaassumir a especialização do níveltécnico, por exemplo?IS – Até o momento, a formaçãoprofissional realiza<strong>da</strong> pelas escolasalcança o nível técnico. Já o níveltecnológico, que seria a especializaçãodo nível técnico, exige uminvestimento muito grande no corpodocente, com a contratação deprofessores altamente especializados,inclusive com cursos de pósgraduação.Quando se trata deformação na atenção básica de saúde,não há exigência de um corpo docenteespecializado, mas na formação paraativi<strong>da</strong>des de média e alta complexi<strong>da</strong>deocorre o contrário. Apesar <strong>da</strong>especialização para o nível médio <strong>da</strong>área de Enfermagem estar prevista nalegislação educacional, o que se fazhoje é ain<strong>da</strong> muito pouco em relaçãoà especialização.92Nº 05 MAIO DE 2002

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