Revista Formação 5 - BVS Ministério da Saúde

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○ ○ ○ ○ceirização de serviços intensivos emmão-de-obra foi a saída para situaçõesde absoluta inviabilidade frente àlegislação.A presença do setor privado navenda de serviços ao SUS resultounuma dinâmica ainda mais perversapor parte de diversos estados. Tendoem vista que o setor privado poderiaoferecer os serviços e diversas prefeiturasassumiam o desafio de ampliara capacidade própria de atendimentoem saúde, os estadosreduziram seu papel, abdicando defunções que a estrutura do sistemalhes reservava. As ações de média ealta complexidade tiveram comportamentoimpar. O grande interessepela rentabilidade e possibilidade dearbitragem de clientelas pelas entidadesprivadas, entre a prestação deserviços ao SUS, aos planos de saúdee mediante pagamento, acabaramfazendo o Estado abdicar dessas açõesa deixar o caminho livre para asentidades privadas com fins lucrativose as entidades filantrópicas, nas quaiso lucro também foi um objetivo emvários casos, em que grupos privadosexploravam os equipamentos.Ao mesmo tempo em que asadministrações estaduais não tinhamgrande interesse em promover umaboa gestão de recursos humanos parao sistema, as administrações municipaislutavam com problemas deescala de suas ações em saúde. Alémdisso, com a carência de pessoalcapacitado, tanto na área públicaquanto na privada, o nível de rotatividadepoderia ser muito alto,problematizando a execução de umaPolítica de Capacitação por ummunicípio. Tanto pela escala de suarede como por sua capacidadefinanceira, o município de São Paulopoderia ser a exceção a esse processo.No entanto, justamente no caso deSão Paulo, os elementos aventadosanteriormente, propensão a privatizara prestação de serviços e a expectativade redução do comprometimento daadministração com gastos de pessoal,levaram à desastrada experiência doPlano de Assistência Médica (PAS).As possibilidades abertas pela EmendaConstitucional nº 29A questão do financiamento dasaúde apresentou-se em toda suadramaticidade na área de RecursosHumanos. Por um lado, a dificuldadede crescimento da fatia relativa àsaúde dentre o conjunto dos gastosestaduais, por outro, a expansão doquantitativo de inativos do setorSaúde, introduziram restriçõesadicionais à administração de recursoshumanos. Inclusive, com alimitação de gastos com pessoal paraas administrações públicas, impostapela Lei Camata, seguida pela Lei deResponsabilidade Fiscal. Em síntese,as condições para a expansão do gastopúblico com pessoal, durante os anos90, foram extremamente adversas.No campo das administraçõesmunicipais, as condições foram bemmelhores em decorrência de duasespecificidades. De um lado, osrecursos disponíveis, já contabilizadasas transferências constitucionais,decorrentes de impostos, tiveram ocomportamento mais favorável detodas as receitas públicas, em razãodo formato da reforma do sistematributário, realizada pela Constituiçãode 1988. De outro, porque, nasadministrações municipais, sofrerammuito menos com o incremento dafolha de inativos do que suas máquinasadministrativas e de prestaçãode serviços, pois eram de perfilmuito mais jovem, especialmente naárea da Saúde, em que a atuação dasadministrações municipais eraespecialmente limitada. Isso deucondições a um comportamentodiferenciado dos municípios, notadamenteas capitais e os pólosregionais de saúde.A Emenda nº 29 abre enormescondições para que seja redefinido opapel da gestão de recursos humanose da capacitação profissional noâmbito das administrações estaduaise municipais. A Emenda vinculourecursos para a área da Saúde, tendocomo base a receita de impostos etransferências derivadas de impostos,num conceito semelhante ao daFormação79

○ ○ ○ ○vinculação da educação. Para osestados, a vinculação, em 2004, seráde 12% da receita; para os municípios,será, no mesmo ano, de 15%.Justamente para não ensejar umproblema mais grave para as finançasdos estados e municípios, fixou-se umpiso de 7%, em 2000, para que, apartir daí, por meio de elevaçõesanuais, seja alcançada a meta de 12 e15%, em 2004.A Tabela 1 mostra a situação daRegião Norte com os valores gastosem 2000, e a expectativa de gasto em2004. Para os estados do Amazonas,do Acre e de Roraima, os gastos jásão até superiores aos níveis derelação despesa-receita vinculávelprevistos na Emenda, não sendo, porisso, exigível nenhuma correção. Noscasos do Pará, de Tocantins, deRondônia e de Amapá, em que adespesa própria em saúde situou-seentre 7,44% e 8,26% em 2000. Omero cumprimento do mandamentoconstitucional implicará na expansãode gasto anual em 2004, situada entreR$ 32 e 96 milhões. No conjunto, ogasto com saúde será cerca de R$ 200milhões maior, sem contar osincrementos de receita, relativos aoavanço da atividade econômica.A Tabela 2 mostra os mesmosindicadores para a Região Nordeste. Oúnico estado que, em 2000, já atingiuo piso de gastos com saúde de 12% dareceita vinculável é o Rio Grande doNorte. Os outros estados se dividemem dois grupos: a) Pernambuco, Cearáe Bahia, com níveis de comprometimentoentre 8,1 e 9,7%; e b)Sergipe, Maranhão, Piauí e Alagoas, emque os níveis de comprometimento nãopassam de 5%. Assim sendo, a meraaplicação da Emenda Constitucionalimplicará aumentos nos gastos comsaúde entre R$ 60,5 milhões, caso doCeará, e R$ 171 milhões; caso doMaranhão, que apresenta um nível decomprometimento baixíssimo. Noconjunto, os estados da região terão queaplicar mais R$ 910 milhões em saúdeaté 2004.A Tabela 3 mostra a situação dasRegiões Sudeste, Sul e Centro-oeste.No Sudeste, as situações são bastantediferenciadas, porém a mais precáriaé a de Minas Gerais, no qual o gastocom recursos próprios, em saúde,situou-se em apenas 3,74% da receitavinculável. No caso do EspíritoSanto, esse indicador apontou para10,37%. O estado de São Paulo,embora tenha se situado acima dopiso fixado para 2000 (7%), com amarca de 7,8%, deverá, para cumpriros requisitos da Emenda até 2004,ampliar seu gasto, no mesmo ano, emR$ 1,1 bilhão. Na soma dos quatroestados da Região Sudeste, a evoluçãoanual de gastos culminará, em 2004,com despesas superiores ao ano 2000,em nada menos que R$ 2,3 bilhões.Na Região Sul, a situação ébastante heterogênea. O estado deSanta Catarina apresenta o maiorcomprometimento, com mais de 8%.O Rio Grande do Sul não chegou, em2000, ao piso estabelecido pelaEmenda, mas não está distante, dadoque a participação chega a 6,6%. Jáo caso do Paraná é o mais grave, dadoque ele gastou, em 2000, apenas 2,4%de sua receita vinculável. O plenoatendimento aos requisitos daEmenda envolverá gastos adicionaisde R$ 800 milhões para os trêsestados, sendo que, apenas o Paranáterá que aumentar em R$ 428 milhõessuas despesas.No caso da Região Centro-oeste,a Tabela 3 mostra que o DistritoFederal e o estado de Goiás, jádemonstram alto grau de comprometimentocom as despesas comsaúde. Ao contrário, Mato Grosso eMato Grosso do Sul mostram níveismuito inferiores ao piso estabelecidona Emenda para 2000. No conjuntodos três estados, mais o DF, os gastosdeverão subir cerca de R$ 340milhões.No conjunto das administraçõesestaduais, os gastos com saúde, semcontar a expansão de receitas decorrentedo crescimento da economia oude alterações na legislação tributária,deverão ter uma expansão paulatinaaté chegar a R$ 4,5 bilhões em 2004.O uso desse recurso não foi80Nº 05 MAIO DE 2002

○ ○ ○ ○vinculação <strong>da</strong> educação. Para osestados, a vinculação, em 2004, seráde 12% <strong>da</strong> receita; para os municípios,será, no mesmo ano, de 15%.Justamente para não ensejar umproblema mais grave para as finançasdos estados e municípios, fixou-se umpiso de 7%, em 2000, para que, apartir <strong>da</strong>í, por meio de elevaçõesanuais, seja alcança<strong>da</strong> a meta de 12 e15%, em 2004.A Tabela 1 mostra a situação <strong>da</strong>Região Norte com os valores gastosem 2000, e a expectativa de gasto em2004. Para os estados do Amazonas,do Acre e de Roraima, os gastos jásão até superiores aos níveis derelação despesa-receita vinculávelprevistos na Emen<strong>da</strong>, não sendo, porisso, exigível nenhuma correção. Noscasos do Pará, de Tocantins, deRondônia e de Amapá, em que adespesa própria em saúde situou-seentre 7,44% e 8,26% em 2000. Omero cumprimento do man<strong>da</strong>mentoconstitucional implicará na expansãode gasto anual em 2004, situa<strong>da</strong> entreR$ 32 e 96 milhões. No conjunto, ogasto com saúde será cerca de R$ 200milhões maior, sem contar osincrementos de receita, relativos aoavanço <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de econômica.A Tabela 2 mostra os mesmosindicadores para a Região Nordeste. Oúnico estado que, em 2000, já atingiuo piso de gastos com saúde de 12% <strong>da</strong>receita vinculável é o Rio Grande doNorte. Os outros estados se dividemem dois grupos: a) Pernambuco, Cearáe Bahia, com níveis de comprometimentoentre 8,1 e 9,7%; e b)Sergipe, Maranhão, Piauí e Alagoas, emque os níveis de comprometimento nãopassam de 5%. Assim sendo, a meraaplicação <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucionalimplicará aumentos nos gastos comsaúde entre R$ 60,5 milhões, caso doCeará, e R$ 171 milhões; caso doMaranhão, que apresenta um nível decomprometimento baixíssimo. Noconjunto, os estados <strong>da</strong> região terão queaplicar mais R$ 910 milhões em saúdeaté 2004.A Tabela 3 mostra a situação <strong>da</strong>sRegiões Sudeste, Sul e Centro-oeste.No Sudeste, as situações são bastantediferencia<strong>da</strong>s, porém a mais precáriaé a de Minas Gerais, no qual o gastocom recursos próprios, em saúde,situou-se em apenas 3,74% <strong>da</strong> receitavinculável. No caso do EspíritoSanto, esse indicador apontou para10,37%. O estado de São Paulo,embora tenha se situado acima dopiso fixado para 2000 (7%), com amarca de 7,8%, deverá, para cumpriros requisitos <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> até 2004,ampliar seu gasto, no mesmo ano, emR$ 1,1 bilhão. Na soma dos quatroestados <strong>da</strong> Região Sudeste, a evoluçãoanual de gastos culminará, em 2004,com despesas superiores ao ano 2000,em na<strong>da</strong> menos que R$ 2,3 bilhões.Na Região Sul, a situação ébastante heterogênea. O estado deSanta Catarina apresenta o maiorcomprometimento, com mais de 8%.O Rio Grande do Sul não chegou, em2000, ao piso estabelecido pelaEmen<strong>da</strong>, mas não está distante, <strong>da</strong>doque a participação chega a 6,6%. Jáo caso do Paraná é o mais grave, <strong>da</strong>doque ele gastou, em 2000, apenas 2,4%de sua receita vinculável. O plenoatendimento aos requisitos <strong>da</strong>Emen<strong>da</strong> envolverá gastos adicionaisde R$ 800 milhões para os trêsestados, sendo que, apenas o Paranáterá que aumentar em R$ 428 milhõessuas despesas.No caso <strong>da</strong> Região Centro-oeste,a Tabela 3 mostra que o DistritoFederal e o estado de Goiás, jádemonstram alto grau de comprometimentocom as despesas comsaúde. Ao contrário, Mato Grosso eMato Grosso do Sul mostram níveismuito inferiores ao piso estabelecidona Emen<strong>da</strong> para 2000. No conjuntodos três estados, mais o DF, os gastosdeverão subir cerca de R$ 340milhões.No conjunto <strong>da</strong>s administraçõesestaduais, os gastos com saúde, semcontar a expansão de receitas decorrentedo crescimento <strong>da</strong> economia oude alterações na legislação tributária,deverão ter uma expansão paulatinaaté chegar a R$ 4,5 bilhões em 2004.O uso desse recurso não foi80Nº 05 MAIO DE 2002

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