○ ○ ○ ○O que faz a diferença na ETSUS?As ETSUS são, hoje, o mecanismoque a saúde possui para responder àsnecessi<strong>da</strong>des de formação dos quadrospara o setor, na oferta <strong>da</strong> educaçãoprofissional para os níveis técnico ebásico, num primeiro momento,podendo avançar, posteriomente, atéa oferta de educação tecnológica.Em que pese essa concepção deescola tenha sido gera<strong>da</strong> há quaseduas déca<strong>da</strong>s, sua pertinência àsnecessi<strong>da</strong>des de preparação de pessoalpara o setor Saúde e aos princípios<strong>da</strong> educação profissional preconizadospela Lei de Diretrizes e Bases<strong>da</strong> Educação Nacional (LDB) de1996, fazem dela uma escola aberta,moderna e flexível, atendendo àsnecessi<strong>da</strong>des impostas pelo mundo dotrabalho, respeitando os princípios deuma educação ética e competente.A inclusão é o princípio norteadorque orienta as demais características.O trabalhador empregado, independentedo seu grau de escolari<strong>da</strong>de,tem acesso imediato, independente dequalquer seleção. Se ele prestaserviços, há que fazê-lo sem riscospara si e para os outros. Isso é o quelhe assegura o ingresso na escola. Paramantê-lo no processo, as ativi<strong>da</strong>descurriculares são organiza<strong>da</strong>s de formaintegra<strong>da</strong>, constituindo-se o que sedenomina currículo integrado,considerando a prática real dossujeitos <strong>da</strong> aprendizagem de modoque possam refletir sobre ela, teorizare acrescentar conhecimentos, sistematizaro que já se sabe, de modo quepossam voltar aos serviços com umaprática profissional totalmentereformula<strong>da</strong>. Essa é uma de suascaracterísticas.Currículo integrado é um planope<strong>da</strong>gógico que articula dinamicamentetrabalho e ensino, prática eteoria, serviço e comuni<strong>da</strong>de. Oconhecimento não é estático, acabado,definitivo. Sua renovação precisa estarconstantemente se inserindo naprática, e vice-versa, num movimentodialético, incessante de realimentaçãode idéias pelos fatos e dos fatos pelasidéias (Kramer, 1989). Nesse planope<strong>da</strong>gógico, os problemas e suashipóteses de solução devem tersempre, como pano de fundo, ascaracterísticas socioculturais do meioem que esse processo se desenvolve.Tal processo de formação se caracterizapela concepção pe<strong>da</strong>gógica deintegração ensino-serviço, em que areali<strong>da</strong>de se torna a referência problematizadorae as ações educativas consistentescom a proposta <strong>da</strong> reformasanitária, no sentido de reorientar equalificar a prática profissional.Moreira (1992), um estudioso <strong>da</strong>sprincipais tendências do pensamentocurricular no Brasil, defende “a idéiade se planejarem currículos que dêemaos estu<strong>da</strong>ntes voz ativa e crítica e quelhes forneçam o conhecimento e ashabili<strong>da</strong>des necessárias para asobrevivência e o crescimento domundo moderno. Essa concepção estáassocia<strong>da</strong> à ênfase na necessi<strong>da</strong>de dese trabalhar no sentido de levar oaluno a desenvolver força de vontade,disciplina, respeito ao trabalho,constância nos esforços e propósitos.Mas também se pretende formarci<strong>da</strong>dãos críticos, autônomos, participantes,ativos e possuidores deconhecimentos e habili<strong>da</strong>des que olevem a contribuir para a promoçãode melhores e mais justas condiçõesde vi<strong>da</strong> para todos” (Moreira, 1992apud Sá, 2000).Essa é a razão pela qual a ETSUSfaz a opção pelo currículo integrado?Isso não está <strong>da</strong>do. Inclusive poucashoje adotam o currículo integrado.Nessa concepção foram elaborados osguias curriculares para a formação doauxiliar de enfermagem para atuar narede básica do SUS (Brasil, 1994),para a formação do auxiliar deenfermagem para atuar na redehospitalar do SUS (Brasil, 1994), paraa formação do técnico em higienedental para atuar na rede básica doSUS (Brasil, 1994), para a formaçãodo atendente de consultório dentáriopara atuar na rede básica do SUS(Brasil, 1998). Foram ain<strong>da</strong> construídosos currículos integrados paraa formação do técnico em patologiaclínica e técnico em farmácia, ain<strong>da</strong>não publicados.Formação53
○ ○ ○ ○A elaboração desse materialdidático sob a forma de currículosintegrados levou em conta aimportância de estimular a aquisiçãode conhecimentos, habili<strong>da</strong>des eatitudes, pois eles são o elementochavepara o alcance <strong>da</strong>scompetências.O currículo integrado é umaproposta que permite:- efetiva integração entre ensinoe prática profissional;- avanço na construção de teoriasa partir <strong>da</strong> anterior;- a busca de soluções específicase originais para as diferentessituações;- a integração ensino-trabalhocomuni<strong>da</strong>de;e- a a<strong>da</strong>ptação a ca<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>delocal e aos padrões culturais própriosde uma determina<strong>da</strong> estrutura social.Outra opção pe<strong>da</strong>gógica é ocurrículo correlacionado, que temcomo características principais aidentificação e definição dos problemasde reali<strong>da</strong>de, organizando-seos assuntos em torno de um temacentral.A ETSUS que adota o currículointegrado para o ensino profissionalizantetambém estimula seusalunos a buscarem a complementação<strong>da</strong> educação geral como parte doresgate <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, na busca dodireito constitucional de escolari<strong>da</strong>demínima de oito anos para todos osbrasileiros. Com a inserção detrabalhadores em to<strong>da</strong>s as áreas, outracaracterística que se destaca é a oferta<strong>da</strong> educação multiprofissional dentrodo setor Saúde.O Conselho Nacional de Educaçãoaprovou habilitações profissionais nasseguintes subáreas: biodiagnóstico,enfermagem, estética, farmácia,hemoterapia, nutrição e dietética,radiologia e diagnóstico por imagemem saúde, reabilitação, saúde bucal,saúde visual, saúde e segurança notrabalho e vigilância sanitária. PeloCenso de Educação Profissionalrealizado em 1999, pelo MEC/INEP,a rede convencional de ensino ofereceprincipalmente cursos na área deEnfermagem, patologia clínica enutrição e dietética. A habilitação ea qualificação nas demais áreasnecessárias à operacionalização doSUS é oferta<strong>da</strong> quase que exclusivamentena rede <strong>da</strong>s escolas técnicasde saúde, com exceção <strong>da</strong> estética quefoi recentemente incorpora<strong>da</strong> ao setorSaúde.Estando os trabalhadores dispersose distribuídos nos serviços de saúdede diferentes complexi<strong>da</strong>des, aETSUS possui outra característicabásica: a descentralização. Paraatingir o fim para o qual foi cria<strong>da</strong>,buscou-se implantar a escola-função,que vai até o aluno, levando a ele aoportuni<strong>da</strong>de educacional, mesmoque ele resi<strong>da</strong> num município distante<strong>da</strong> sede <strong>da</strong> escola. Se to<strong>da</strong> a execuçãocurricular é descentraliza<strong>da</strong>, os processosadministrativos dos registrosescolares são centralizados na escolapara assegurar ao serviço de inspeçãoescolar o controle do processoburocrático.Para que a escola possa atuar deforma descentraliza<strong>da</strong> nos municípiosque deman<strong>da</strong>m a formação dostrabalhadores, a ETSUS apresentaoutra característica impar naeducação profissional em saúde:preparar o profissional de nívelsuperior, dos serviços, para assumirtambém a função docente.Ain<strong>da</strong> volta<strong>da</strong> para garantir aquali<strong>da</strong>de do processo educativo efacilitar a aprendizagem, desenvolveusenova característica volta<strong>da</strong> para oprocesso metodológico, privilegiandoos conhecimentos, experiências eexpectativas do aluno como ponto departi<strong>da</strong> do processo ensino-aprendizagem.A seleção dos conteúdosprogramáticos deve guar<strong>da</strong>r umarelação direta com os problemasvivenciados pelo aluno, sendo aprática em situação real tambémconsidera<strong>da</strong> como experiência deensino e o ambiente de trabalho comolocal preferencial <strong>da</strong> formaçãoprofissional. Essa forma metodológica54Nº 05 MAIO DE 2002
- Page 1 and 2:
05FormaçãoFormação Técnica em
- Page 3 and 4: SumárioEditorial3Recursos Humanos
- Page 6: ○ ○ ○ ○AnálisePolítica de
- Page 9 and 10: ○ ○ ○ ○· difusão, com rel
- Page 11 and 12: ○ ○ ○ ○para fortalecimento
- Page 13 and 14: ○ ○ ○ ○A reforma educaciona
- Page 15 and 16: ○ ○ ○ ○Nos hospitais, o env
- Page 17 and 18: ○ ○ ○ ○da qualidade técnic
- Page 20 and 21: ○ ○ ○ ○O paradigma polític
- Page 22 and 23: ○ ○ ○ ○profissional, indepe
- Page 24 and 25: ○ ○ ○ ○institucional do Min
- Page 26 and 27: ○ ○ ○ ○Diante do exposto, o
- Page 28: ○ ○ ○ ○BibliografiaBRASIL.
- Page 32 and 33: ○ ○ ○ ○IntroduçãoO perío
- Page 34 and 35: ○ ○ ○ ○Considerando a regul
- Page 36 and 37: ○ ○ ○ ○palavra, os signatá
- Page 38 and 39: ○ ○ ○ ○De modo geral, esses
- Page 40 and 41: ○ ○ ○ ○nenhuma outra. Escop
- Page 42 and 43: ○ ○ ○ ○Não é o propósito
- Page 44: ○ ○ ○ ○HABERMAS, J. The The
- Page 48 and 49: ○ ○ ○ ○IntroduçãoPensar a
- Page 50 and 51: ○ ○ ○ ○- a matrícula nos 7
- Page 52 and 53: ○ ○ ○ ○Tabela 1UF/RegiãoIn
- Page 56 and 57: ○ ○ ○ ○de conduzir o currí
- Page 58 and 59: ○ ○ ○ ○municipais de saúde
- Page 60: ○ ○ ○ ○AnáliseFormação p
- Page 63 and 64: ○ ○ ○ ○o sujeito e a comuni
- Page 65 and 66: ○ ○ ○ ○desse espetáculo da
- Page 67 and 68: ○ ○ ○ ○Na fase I (1995/1998
- Page 69 and 70: ○ ○ ○ ○Estruturante de Exte
- Page 71 and 72: ○ ○ ○ ○buições, dos membr
- Page 73 and 74: ○ ○ ○ ○saber que todo saber
- Page 75 and 76: ○ ○ ○ ○CASTIEL, Luís David
- Page 78 and 79: ○ ○ ○ ○IntroduçãoO objeti
- Page 80 and 81: ○ ○ ○ ○ceirização de serv
- Page 82 and 83: ○ ○ ○ ○regulamentado pela E
- Page 84 and 85: ○ ○ ○ ○Tabela 3Despesa Real
- Page 86: ○ ○ ○ ○BibliografiaARRETCHE
- Page 90 and 91: ○ ○ ○ ○Formação - As Esco
- Page 92 and 93: ○ ○ ○ ○introduzir um curso
- Page 94: ○ ○ ○ ○Entrevista Marli Apa
- Page 97 and 98: ○ ○ ○ ○pois foram iniciadas
- Page 99 and 100: ○ ○ ○ ○nova LDB, são eles:
- Page 101: ○ ○ ○ ○“escola-função