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Normalização, metrologia e avaliação da conformidade em 18 - CNI

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NORMALIZAÇÃO, METROLOGIAE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADEEM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS


© 2002 Confederação Nacional <strong>da</strong> IndústriaÉ autoriza<strong>da</strong> a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que cita<strong>da</strong> a fonte.Confederação Nacional <strong>da</strong> Indústria – <strong>CNI</strong>Uni<strong>da</strong>de de Competitivi<strong>da</strong>de Industrial –- COMPISBN Quadra 01 – Bloco C – 17º an<strong>da</strong>r 70040-903 – Brasília – DFTel.: (61) 317-9000 Fax: (61) 317-9500http://www.cni.org.bre-mail: sac@cni.org.brGrupo Gestor<strong>CNI</strong>Confederação Nacional <strong>da</strong> IndústriaSENAIServiço Nacional de Aprendizag<strong>em</strong> IndustrialSEBRAEServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasINMETROInstituto Nacional de Metrologia, Normalização e Quali<strong>da</strong>de IndustrialMCTMinistério <strong>da</strong> Ciência e TecnologiaMDICMinistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorABNTAssociação Brasileira de Normas TécnicasAPEXAgência de Promoção de Exportações<strong>CNI</strong>. COMPINormalização, <strong>metrologia</strong> e avaliação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de<strong>em</strong> <strong>18</strong> setores brasileiros : estudos de casos. 2. ed. rev.Brasília, 2002.135p.: il.ISBN 85-88566-03-6I. Confederação Nacional <strong>da</strong> Indústria (Brasil). Uni<strong>da</strong>dede Competitivi<strong>da</strong>de Industrial. 1. Controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.2. Quali<strong>da</strong>de do produto. 3. Avaliação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de.4. Normalização. 5. Certificação (Quali<strong>da</strong>de). 6. Indústria7. Brasil.CDD 658.562


SUMÁRIOApresentaçãoAlimentos 7Automotivo 15Brinquedos 23Couro e Calçados 29Confecção 35Construção 41Eletroeletrônico 47G<strong>em</strong>as e Jóias 53Gráfico 59Higiene e Limpeza 67Iluminação 73


Informática 81Mármores e Granitos 87Metalurgia 93Mobiliário 99Plásticos 105Siderurgia 113Têxtil 123Apoio Tecnológico à Exportação – O PROGEX 131


APRESENTAÇÃOA Confederação Nacional <strong>da</strong> Indústria – <strong>CNI</strong>, <strong>em</strong> parceria com o MCT, MDIC, ABNT,INMETRO, SENAI, SEBRAE e APEX, desenvolveu uma coletânea de 3 cartilhas –Normalização; Metrologia; e Avaliação <strong>da</strong> Conformi<strong>da</strong>de e a publicação Estudos deCasos – <strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> simples e direta, orienta<strong>da</strong>s a servir<strong>em</strong> de informação básica ecomo ferramenta de trabalho no âmbito <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas brasileiras.To<strong>da</strong>s as enti<strong>da</strong>des parceiras deste projeto reiteram o seu caráter estratégico e, nestesentido, esperam estar, com esta coletânea, efetivamente contribuindo para a construçãode um Brasil industrial mais competitivo.No atual cenário que v<strong>em</strong> sendo apontado pelo Governo brasileiro, de incentivo àsexportações, deparamo-nos com o fato de que a capaci<strong>da</strong>de de produzir, de acordo comnormas/regulamentos técnicos exigidos por importadores, constitui, para as <strong>em</strong>presas,um ativo muito importante para o sucesso de suas estratégias exportadoras.Nesse sentido, a <strong>CNI</strong> v<strong>em</strong> contribuindo para o estabelecimento, pelo setor industrial, de umpadrão de estratégias competitivas, com ênfase para a eliminação de ineficiências, a reduçãode custos, a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e a construção de relaçõesmais estáveis com fornecedores e clientes.Os dezoito Estudos de Casos desta publicação refer<strong>em</strong>-se a setores industriais, tais comode Alimentos, Automotivo, Brinquedos, Couro e Calçados, Confecção, Construção,Eletroeletrônico, G<strong>em</strong>as e Jóias, Gráfico, Higiene e Limpeza, Iluminação, Informática,Mármores e Granitos, Metalurgia, Mobiliário, Plásticos, Siderurgia e Têxtil.É interessante verificar, no conteúdo dos casos relatados pelos setores industriais, comoa Normalização, a Metrologia e a Avaliação <strong>da</strong> Conformi<strong>da</strong>de são instrumentos portadoresde futuro para a indústria. Esperamos que estes casos possam servir de ex<strong>em</strong>plos deboas práticas a ser<strong>em</strong> segui<strong>da</strong>s.Apresentamos, também, o caso de PROGEX – Apoio Tecnológico à Exportação, programagovernamental que visa <strong>da</strong>r apoio tecnológico para preparar produtos para atenderàs exigências do mercado internacional.Fernando BezerraPresidente <strong>da</strong> <strong>CNI</strong>


ALIMENTOS


ALIMENTOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS8O Programa Selo de Garantia <strong>da</strong> ABIMA(Associação Brasileira <strong>da</strong> Indústriade Massas Alimentícias)Situação inicial: o <strong>em</strong>presário adormecidoO controle de preços e o sist<strong>em</strong>a oficial de quotas de ven<strong>da</strong>s para os moinhos detrigo que foi política oficial por déca<strong>da</strong>s colocavam o setor do trigo e seusderivados sob uma irrestrita tutela governamental. Era um sist<strong>em</strong>a cartorial.Não havia incentivos para melhorar ou diferenciar produtos <strong>da</strong> cadeiaagroindustrial do trigo, como as massas alimentícias. O consumo per capita eramuito baixo, <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de 4,4 kg de massa alimentícia por ano por habitante.Forças para mu<strong>da</strong>nçaO ambiente para o setor do trigo mudou dramaticamente no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>de 90. Aconteceram a total desregulamentação do setor e a extinção domonopólio do trigo, seguidos <strong>da</strong> abertura do mercado para os produtosimportados. Oportuni<strong>da</strong>des se abriram com a desregulamentação. Mas aomesmo t<strong>em</strong>po, os fabricantes de produtos "importáveis" – de que as massasalimentícias são um bom ex<strong>em</strong>plo – foram surpreendidos com a entra<strong>da</strong> nomercado de produtos importados, muito diferenciados e de quali<strong>da</strong>de superior.O consumidor, com acesso aos produtos de todo o mundo e que ampliaramenorm<strong>em</strong>ente as suas alternativas, mudou radicalmente o seu comportamentode compra, tornando-se exigente <strong>em</strong> termos de quali<strong>da</strong>de, preço e serviço.O setor de massas alimentícias foi especialmente atingido pelas mu<strong>da</strong>nças,<strong>da</strong><strong>da</strong>s as características do seu produto. Modificou-se o panoramamercadológico, consoli<strong>da</strong>ndo uma tendência à especialização. Iniciou-se umprocesso seletivo, garantindo espaço somente às marcas com quali<strong>da</strong>deacima de qualquer dúvi<strong>da</strong>.Comenta um <strong>em</strong>presário do setor: "Nessa época, a ABIMA (Associação Brasileira<strong>da</strong> Indústria de Massas Alimentícias) já era uma enti<strong>da</strong>de forte, que representavatodo o setor na negociação de preços com os órgãos do Governo. Mas teve qu<strong>em</strong>u<strong>da</strong>r muito rapi<strong>da</strong>mente de postura, começando a atentar para a quali<strong>da</strong>de dosprodutos e voltando o seu foco para o marketing e a técnica."


ALIMENTOSPrimeiras iniciativas de defesaOs fabricantes congregados na ABIMA definiram os seguintes objetivos delongo prazo:Aumentar o consumo per capita de massas alimentícias no Brasil ePreparar o fabricante nacional para a concorrência com o produto importado.Para o primeiro objetivo (aumentar o consumo per capita de massas alimentíciasno Brasil), foi fixa<strong>da</strong> a meta de aumentar o consumo de 4,4 kg/ano para7,2 kg/ano por habitante até 2002.Iniciou-se um planejamento de marketing, fazendo levantamentos de hábitose atitudes de consumo, que mostraram existir importantes diferenças culturaiscom relação à forma como eram elaborados os pratos à base de massasalimentícias nas diversas regiões do país. Com base nesses <strong>da</strong>dos, procurouseagregar valor e diferenciar o produto "massa alimentícia". Para trabalharsobre as variáveis culturais e buscar mu<strong>da</strong>r comportamentos, desenvolveu-seum plano de comunicação dirigido para segmentos específicos de formadoresde opinião, desde médicos a nutricionistas.Para o segundo objetivo (preparar o fabricante nacional para a concorrênciacom o produto importado), as <strong>em</strong>presas participantes <strong>da</strong> ABIMA traçaram umaestratégia de buscar a satisfação do consumidor, garantindo a oferta deprodutos idôneos, fabricados por <strong>em</strong>presas comprometi<strong>da</strong>s eticamente <strong>em</strong>produzir dentro dos preceitos <strong>da</strong> legislação. A garantia ficaria visível aoconsumidor, criando-se um atestado de conformi<strong>da</strong>de de produto.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS9Comenta o mesmo <strong>em</strong>presário, que é diretor <strong>da</strong> ABIMA e participa desde oinício desse movimento: "A motivação principal foi tirar o concorrente deslealde campo. Muitos não acreditavam que isto seria possível. Por isso entend<strong>em</strong>oslogo que, para <strong>da</strong>r crédito a esse programa de certificação, teríamos queser muito rigorosos na fiscalização. E criamos logo um Conselho de Ética eDisciplina com autori<strong>da</strong>de total sobre o programa. Na ver<strong>da</strong>de, ninguémesperava que o assunto fosse tratado com tanto profissionalismo."Nasce um programa de normalização e certificação de conformi<strong>da</strong>deA primeira iniciativa <strong>da</strong> ABIMA de estabelecer um padrão de quali<strong>da</strong>de no setorfoi <strong>em</strong> 1993 com a criação do "Selo de Quali<strong>da</strong>de" como uma garantia dequali<strong>da</strong>de para o mercado de compras governamentais, realiza<strong>da</strong>s pela CONAB


ALIMENTOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS10(Companhia Nacional de Abastecimento). Era um selo que <strong>da</strong>va um certificadopara a amostra do produto "massa alimentícia", que entrava na cesta básica dealimentos. Por meio dessa qualificação, a ABIMA alijou dessas licitações aconcorrência desleal, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na prática <strong>da</strong> "não-conformi<strong>da</strong>de intencional".Esta foi uma experiência realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> um universo limitado de fornecedorese produtos que serviu de base para o passo seguinte.Seguindo o mesmo modelo, foi desenvolvido a partir de 1996 um programa deauto-regulamentação de produto que recebeu o nome de Programa Selo deGarantia ABIMA (PSGA).O Selo de Garantia ABIMA é um certificado de garantia do atendimento aosrequisitos mínimos exigidos pela legislação para o produto. Não é um selo dequali<strong>da</strong>de, é um selo de conformi<strong>da</strong>de com os requisitos mínimos estabelecidosna legislação para massas alimentícias. Seu objetivo final é garantir aconfiança do consumidor no produtor nacional.Para ser b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong> nesse programa de qualificação voluntária, a ABIMAbuscou a adesão de to<strong>da</strong>s as indústrias ao projeto, trabalhando intensamente acultura <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas, preparando-as para participar<strong>em</strong> do Programa. A grandedificul<strong>da</strong>de era que os <strong>em</strong>presários precisavam abrir suas fábricas para auditoriasexternas e t<strong>em</strong>iam a quebra de sigilo às <strong>em</strong>presas concorrentes.As bases do Programa Selo de Garantia ABIMAInicialmente foi convocado um encontro de fabricantes para o lançamento <strong>da</strong>idéia e a busca de pré-adesões <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas, para constituir um grupo de"patrocinadores" do Programa.Os requisitos de qualificação foram elaborados pelas próprias <strong>em</strong>presas,<strong>em</strong> parceria com a SGS do Brasil Lt<strong>da</strong>., um organismo de certificação deprodutos e de sist<strong>em</strong>as de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de. Efetivamente, foi um trabalhode auto-regulamentação <strong>em</strong> que o próprio grupo de <strong>em</strong>presas definiu asregras pelas quais as <strong>em</strong>presas queriam ser audita<strong>da</strong>s. Elaborou-se uma listade verificação dos requisitos técnicos de processo e produto. Essa lista deverificação foi fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>, inicialmente, nas Boas Práticas de Fabricação(BPF), regras internacionalmente aceitas pelo setor de alimentos e adota<strong>da</strong>s<strong>em</strong> nível nacional por portarias do Ministério <strong>da</strong> Saúde.


ALIMENTOSComenta o industrial, diretor <strong>da</strong> ABIMA: "Este é um processo seletivo. Ain<strong>da</strong> exist<strong>em</strong>uito espaço para <strong>em</strong>presas que não estão na ABIMA seguir<strong>em</strong> vendendo. Elasvend<strong>em</strong>, e muito, principalmente na periferia. Mas já não entram nas grandescadeias de distribuição. E a nossa auditoria de produtos feita nos pontos-de-ven<strong>da</strong>identifica os transgressores, que oferec<strong>em</strong> produtos deficientes."Os critérios de atribuição do Selo são enviados a um grupo de trabalho <strong>da</strong>Agência Nacional de Vigilância Sanitária, cuja missão é estu<strong>da</strong>r alterações nalegislação governamental para o setor.A SGS faz a coleta de amostras do produto nos depósitos <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas e nospontos de consumo final, na prateleira dos supermercados. A amostrag<strong>em</strong> novarejo é feita comprando no varejo produtos <strong>da</strong>s marcas participantes doPrograma e também dos não-participantes no programa para poder fazer umtrabalho de monitoramento do setor.O ensaio de laboratório <strong>da</strong>s amostras de massas alimentícias é centralizadono Cerelab Laboratório Químico S/C, <strong>em</strong> São Paulo – SP, que está credenciadopelo Ministério <strong>da</strong> Agricultura <strong>em</strong> Boas Práticas de Laboratório (BPL) epreparado para fazer a análise de todos os parâmetros de des<strong>em</strong>penhodefinidos na especificação.A ABIMA se encarrega de promover os treinamentos necessários à preparação<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa para receber a auditoria.Para ganhar o direito ao uso do Selo de Garantia, a <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> que atingiruma pontuação mínima na auditoria. Conforme a pontuação atingi<strong>da</strong>, seudes<strong>em</strong>penho é classificado como regular, bom ou excelente. Esta classificaçãoé vincula<strong>da</strong> a um plano de ação, ou seja, espera-se que a <strong>em</strong>presaevidencie que promoveu melhoria, de uma auditoria para a seguinte. A própriaperiodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s auditorias varia com a pontuação obti<strong>da</strong> na última auditoria,ou seja, a <strong>em</strong>presa regular é audita<strong>da</strong> de 6 <strong>em</strong> 6 meses, a boa de 8 <strong>em</strong> 8 mesese a excelente de 12 <strong>em</strong> 12 meses.Um Conselho de Ética e Disciplina composto por 10 <strong>em</strong>presários, assessoradopor uma Comissão Técnica permanente forma<strong>da</strong> com pessoal técnico <strong>da</strong>s<strong>em</strong>presas, se incumbe <strong>da</strong> supervisão geral do Programa. Se for constatado quea <strong>em</strong>presa apresenta uma não-conformi<strong>da</strong>de crítica (uma deficiência quecompromete grav<strong>em</strong>ente a quali<strong>da</strong>de ou o consumo do produto), é aberto umprocesso administrativo. A ausência de impl<strong>em</strong>entação de ações corretivassatisfatórias pode implicar a suspensão ou exclusão <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa do Programa.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS11


ALIMENTOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS12Todo o trabalho de melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de desenvolvido pelo setor é, portanto,baseado <strong>em</strong> normas técnicas de processo, práticas de fabricação e parâmetrossanitários do produto especificados pelo Ministério <strong>da</strong> Saúde. Havendoconsenso a respeito <strong>da</strong>s normas, o setor consegue ter uma visão b<strong>em</strong> clarade sua situação <strong>em</strong> termos de quali<strong>da</strong>de e ca<strong>da</strong> fabricante t<strong>em</strong> uma basesóli<strong>da</strong> para fazer seu programa de melhoria.O Programa é financiado pelas <strong>em</strong>presas participantes, que contribu<strong>em</strong> com0,25% de seu faturamento líquido para manter o sist<strong>em</strong>a. Desse modo, independent<strong>em</strong>entede seu porte, todos os fabricantes pod<strong>em</strong> participar.Os critérios do Selo de Garantiapromov<strong>em</strong> a melhoria contínua <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do setorA primeira revisão <strong>da</strong> lista de verificação incluiu também as regras <strong>da</strong> APPCC(Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), um elenco de regras sobresegurança alimentar adota<strong>da</strong>s pela FAO (a Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s paraa Agricultura e Alimentos) e que muitos órgãos reguladores exig<strong>em</strong> para a áreade alimentos, como a FDA (Food and Drug Administration) americana. Nessaprimeira revisão dos requisitos também foram incluídos os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong>snormas ISO série 9000, especialmente no que se refere a controle de processo.A segun<strong>da</strong> revisão dos critérios está reforçando esta ênfase na APPCC. De umaforma geral, as mu<strong>da</strong>nças reflet<strong>em</strong> um constante diálogo técnico do grupo de<strong>em</strong>presas, que quer ver uma melhoria contínua acontecendo.Comenta o diretor <strong>da</strong> ABIMA: "O primeiro impacto <strong>da</strong> revisão dos critérios foique a pontuação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas avalia<strong>da</strong>s caiu, devido às novas exigências.As <strong>em</strong>presas viram que agora é preciso fazer seu t<strong>em</strong>a de casa, melhorar aonível dos processos, lançando um olhar profundo sobre os seus recursoshumanos, <strong>em</strong> termos <strong>da</strong> sua seleção, formação e treinamento."Resultados:O Programa já conta com a participação de 60 <strong>em</strong>presas com64 uni<strong>da</strong>des fabris qualifica<strong>da</strong>s e submeti<strong>da</strong>s a auditoriasperiódicas, podendo exibir na sua rotulag<strong>em</strong> o Selo de GarantiaABIMA. Em termos de volume, os produtos certificados já


ALIMENTOSrepresentam 82% <strong>da</strong> produção nacional de massas alimentícias.O Selo de Garantia é promovido entre os supermercadose outros grandes compradores como um certificado de conformi<strong>da</strong>dee que, portanto, t<strong>em</strong> a credencial para assegurar aquali<strong>da</strong>de ao produto adquirido.O sucesso do Programa é evidenciado pelo êxito <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presasnacionais na contenção dos produtos importados <strong>em</strong> umperíodo de abertura comercial <strong>em</strong> que a sobrevalorização docâmbio favoreceu a concorrência externa. Em 1999 a participaçãodos produtos importados se manteve abaixo de 5% doconsumo nacional. Por outro lado, o consumo per capita d<strong>em</strong>assas alimentícias aumentou de 4,4 kg <strong>em</strong> 1990 para 6,1 kg<strong>em</strong> 1998, viabilizando a meta de atingir 7,2 kg per capita ano<strong>em</strong> 2002.O principal executivo de Massas COROA S.A., uma <strong>em</strong>presade porte médio com alcance nacional que participa doprograma desde suas origens, entusiasma-se:"Todo projeto deve se autofinanciar e d<strong>em</strong>onstrar que t<strong>em</strong>retorno. Os resultados do Selo ABIMA foram excelentes.Junto com a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, ganhamos <strong>em</strong> produtivi<strong>da</strong>de,reduzindo drasticamente o desperdício, as per<strong>da</strong>s e oreprocesso. Houve um aprimoramento geral do pessoal eestend<strong>em</strong>os os princípios e a postura de quali<strong>da</strong>de àsnossas outras linhas de produto, multiplicando os benefíciosdo programa."NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS13A estatística <strong>da</strong>s auditorias mostra que houve realmenteuma evolução do nível de quali<strong>da</strong>de do grupo de <strong>em</strong>presasqualifica<strong>da</strong>s. De junho de 1998 a junho de 1999 nota-se umaumento de 11 para 25 <strong>em</strong>presas com classificação "Excelente".Das 60 <strong>em</strong>presas audita<strong>da</strong>s, diminuiu de 8 para 3 onúmero de <strong>em</strong>presas reprova<strong>da</strong>s. Os números d<strong>em</strong>onstramque o processo de qualificação colocou as <strong>em</strong>presas narota <strong>da</strong> melhoria contínua.


AUTOMOTIVO


AUTOMOTIVONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS16Certificação do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>deGlobalização e mu<strong>da</strong>nçaA indústria de autopeças brasileira foi provavelmente o setor industrial que maiscedo sentiu o impacto <strong>da</strong> abertura no início dos anos 90. Os fornecedoresnacionais de autopeças, tendo como clientes as montadoras multinacionais deatuação global, saíram de uma situação na qual os preços eram negociadosentre as partes para uma posição de concorrência com os fornecedoresinternacionais. Na melhor hipótese, a vigorosa investi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s montadoras <strong>em</strong>global sourcing (integração de compras <strong>em</strong> nível global, com busca <strong>da</strong> melhorfonte de suprimento, independente de fronteiras) obrigou o fornecedor local aaceitar metas de preço basea<strong>da</strong>s no preço internacional. Em muitos casos,aconteceu a pior hipótese: a desnacionalização do fornecimento <strong>em</strong> razão dopreço. Isso ocorreu especialmente na introdução de novos modelos do veículos,<strong>em</strong> que foram praticados índices de nacionalização de componentes b<strong>em</strong>mais baixos que os habituais.A sobrevalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> brasileira a partir de 1994 representou umaumento quase insuportável <strong>da</strong> pressão sobre os preços. Ao mesmo t<strong>em</strong>po,as políticas de follow-source (concentração <strong>da</strong>s compras de um it<strong>em</strong> exclusivamentecom o fornecedor original na matriz <strong>da</strong> montadora) adota<strong>da</strong>s poralgumas montadoras, privilegiando seus fornecedores de base mundial parao fornecimento no Brasil, fizeram ingressar no mercado local novos concorrentesaltamente qualificados e de grande poder de fogo.Também os requisitos de quali<strong>da</strong>de passaram a ser orientados por benchmarks(índice de excelência de des<strong>em</strong>penho) globais, trazendo uma pressão fortíssimapela imediata melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção local. As montadoraspassaram a exigir o cumprimento de metas anuais para os índices de defeito(expressos <strong>em</strong> ppm – partes por milhão) e a certificação dos seus fornecedorespela norma QS 9000 (Quality Syst<strong>em</strong> Requir<strong>em</strong>ents) <strong>em</strong> prazo extr<strong>em</strong>amenteapertado.


AUTOMOTIVOA busca de competitivi<strong>da</strong>deO setor de autopeças é composto especialmente por pequenas e médias<strong>em</strong>presas nacionais. Submeti<strong>da</strong>s às intensas pressões externas para melhoriade custo e quali<strong>da</strong>de, estas ficaram ameaça<strong>da</strong>s de extinção. A única viapossível para a sua sobrevivência foi a busca de melhoria consistente dequali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de. Iniciou-se um período de intensos esforços deracionalização e de introdução de novos métodos de manufatura e degestão, compl<strong>em</strong>entados pela preparação para a certificação formal do seusist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.Uma tese de mestrado (Diógenes de Souza Bido – "Impl<strong>em</strong>entação deSist<strong>em</strong>as <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de para a Busca de Certificação <strong>em</strong> Pequenas e MédiasEmpresas do Ramo Automotivo" – Facul<strong>da</strong>de de Economia, Administração eContabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo – 1999) traz <strong>da</strong>dos muitoimportantes sobre esse processo de transformação. O autor acompanhou oprocesso de certificação do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> 8 <strong>em</strong>presas fabricantesde autopeças de São Paulo, sendo que metade era de <strong>em</strong>presas de portepequeno e a outra metade de porte médio. Sua amostra também se dividiu:metade buscando certificação pelas normas NBR ISO série 9000 e metadepela norma QS 9000. O estudo comparativo feito nessa tese t<strong>em</strong> muitarelevância para to<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas que buscam a competitivi<strong>da</strong>de, oferecendoex<strong>em</strong>plos e apontando dificul<strong>da</strong>des. A comparação <strong>da</strong> pequena com amédia <strong>em</strong>presa, b<strong>em</strong> como de processos de certificação pelas normas NBRISO série 9000 <strong>em</strong> confronto com certificação pela norma QS 9000, tambémé muito ilustrativa.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS17Com exceção de uma, to<strong>da</strong>s são <strong>em</strong>presas de capital nacional. To<strong>da</strong>s sãofornecedoras de montadoras e conseguiram manter e até melhorar suaposição dentro do ambiente competitivo extr<strong>em</strong>amente adverso. Assim sendo,esses são casos claros de sucesso na busca de competitivi<strong>da</strong>de por meio<strong>da</strong> impl<strong>em</strong>entação e <strong>da</strong> certificação de sist<strong>em</strong>as de gestão.Panorama atual do setor de autopeçasPara escolha <strong>da</strong> sua amostra, o autor <strong>da</strong> tese pesquisou os <strong>da</strong>dos sobre asituação de certificação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas paulistas do setor de autopeças:


AUTOMOTIVONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS<strong>18</strong>Situação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas paulistas ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no SINDIPEÇAS <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de 1998.PEQUENA MÉDIA GRANDE SEM INFORMAÇÃO TOTALCertificação ISO 9000 5 37 1 0 43 (28,9%)Certificação QS 9000 3 0 0 1 4 (2,7%)CertificaçãoISO 9000 e QS 9000 3 21 7 0 31 (20,8%)Não certifica<strong>da</strong>s 32 34 1 0 67 (45%)S<strong>em</strong> informação 0 0 0 4 4TOTAL 43 (28,0%) 92 (61,7%) 9 (6,0%) 5 14989,7%O quadro mostra que 90% do total de <strong>em</strong>presas do setor é de pequenas oumédias. Mostra também que, mesmo no Estado de São Paulo, junto à maiorconcentração <strong>da</strong> indústria automobilística brasileira, as <strong>em</strong>presas de autopeçasain<strong>da</strong> lutam com sérias dificul<strong>da</strong>des para alcançar<strong>em</strong> a certificação. Olhandopara este quadro é preciso levar <strong>em</strong> conta que <strong>em</strong> julho de 1998 venceu oprazo <strong>da</strong>do pela GM do Brasil para que seus fornecedores obtivess<strong>em</strong> acertificação QS 9000. O levantamento do SINDIPEÇAS, realizado <strong>em</strong> 1998 jácom o primeiro prazo expirado, nos mostra que quase metade (45%) <strong>da</strong>s<strong>em</strong>presas ain<strong>da</strong> não tinha alcançado nenhum tipo de certificação e que somente23,5% (ou seja, 1 <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> 4) já haviam obtido a certificação conforme aNorma QS 9000, que seria o requisito indispensável para continuar<strong>em</strong> nomercado. É b<strong>em</strong> visível que a dificul<strong>da</strong>de maior é <strong>da</strong>s pequenas <strong>em</strong>presas,grupo que tinha o maior percentual de <strong>em</strong>presas não certifica<strong>da</strong>s (75%).Por essa razão, é muito animador ver o resultado alcançado pelas 8 pequenase médias <strong>em</strong>presas nacionais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, que d<strong>em</strong>onstra que o esforço decertificação foi altamente compensador.Observações do estudoT<strong>em</strong>po despendido: o t<strong>em</strong>po médio para alcançar a certificação nas <strong>em</strong>presasque buscavam a certificação ISO 9000 foi de 2 anos e 9 meses. As <strong>em</strong>presas


AUTOMOTIVOque buscavam a certificação QS 9000 despenderam <strong>em</strong> média 1 ano e 11 meses.Explica-se o menor t<strong>em</strong>po para a certificação mais complexa porque estasúltimas já tinham um sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e procedimentos documentadosdevido ao seu certificado ISO 9000 anteriormente obtido. Também, o comprometimento<strong>da</strong> diretoria e <strong>da</strong> gerência de nível médio foi maior: havia um senso deurgência, o cliente (General Motors do Brasil) estava impondo um prazo paracertificação, e as conseqüências do insucesso eram claras.Volume de treinamento: houve maior quanti<strong>da</strong>de de treinamentos externospara impl<strong>em</strong>entação <strong>da</strong> QS 9000. Essa norma, pelo fato de ter sido desenvolvi<strong>da</strong>pelas <strong>em</strong>presas Ford, GM e Chrysler para padronização dos métodos dosseus fornecedores, é impositiva na aplicação de ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de,especificando claramente to<strong>da</strong>s aquelas que a <strong>em</strong>presa obrigatoriamentedeve implantar e utilizar. Fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na norma ISO 9000, a norma QS9000 estabelece de que forma os requisitos do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de dev<strong>em</strong>ser cumpridos, especificando, detalha<strong>da</strong>mente, até o nível dos formatos dosformulários e relatórios, procedimentos complexos que precisam ser assimiladospor todos os setores <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, exigindo treinamento intensivo.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSDestacam-se os procedimentos:19APQP (Advanced Production Quality Planning and Control Plan – PlanejamentoAvançado <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de do Produto e Plano de Controle),PPAP (Production Part Approval Process – Processo de Aprovação de Peçade Produção) e MSA (Measur<strong>em</strong>ent Syst<strong>em</strong> Analysis – Análise do Sist<strong>em</strong>ade Medição),FMEA (Potential Failure Mode and Effect Analysis – Análise dos Modos deFalha Potenciais e seu Efeito), eCEP (Controle Estatístico de Processo).A dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong> norma QS 9000 se concentra na impl<strong>em</strong>entaçãodesses procedimentos extr<strong>em</strong>amente abrangentes, anexos à norma.Resultados alcançados com a certificaçãoTo<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas registraram sensíveis ganhos com a certificação dosist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de. Houve diferenças, conforme a norma, onde essesganhos mais se manifestaram:


AUTOMOTIVONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS20ISO 9000: de uma forma geral, os ganhos obtidos com a certificação estãoligados à padronização dos processos e rotinas internas <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.QS 9000: os ganhos com a certificação QS 9000, para as <strong>em</strong>presas queanteriormente já tinham sido certifica<strong>da</strong>s pela ISO 9000, estão ligados àprevenção de não-conformi<strong>da</strong>des e à eficácia <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des.To<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas relataram uma diminuição do retrabalho e refugo devidoà melhoria do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e melhor controle de ações preventivas ecorretivas. Duas <strong>da</strong>s quatro <strong>em</strong>presas certifica<strong>da</strong>s pela QS 9000 melhoraramsensivelmente o seu índice de quali<strong>da</strong>de com o principal cliente.To<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas mantiveram os seus clientes, até aumentaram o volumede negócios – especificamente, as <strong>em</strong>presas certifica<strong>da</strong>s com QS 9000cresceram como fornecedoras <strong>da</strong> General Motors do Brasil –, e estão conquistandonovos clientes.As quatro <strong>em</strong>presas que se certificaram pela norma ISO 9000 planejam seguircom seu trabalho, e estão se preparando para conquistar a certificação QS 9000.Em três <strong>da</strong>s quatro <strong>em</strong>presas que já obtiveram o certificado QS 9000 estásendo desenvolvido um trabalho de reduzir o número de procedimentos esimplificar o sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.Um caso de sucessoO estudo realizado sobre o processo de certificação dosist<strong>em</strong>a de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de nessas 8 <strong>em</strong>presas do setorde autopeças evidenciou um efeito altamente positivo sobreo des<strong>em</strong>penho geral <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa e a melhoria <strong>da</strong> suacompetitivi<strong>da</strong>de pela introdução de procedimentos e a suacertificação de conformi<strong>da</strong>de com a norma internacional.Mais uma vez: estamos falando de 8 <strong>em</strong>presas nacionais depequeno e médio portes, d<strong>em</strong>onstrando, assim, que acertificação, longe de ser uma dificul<strong>da</strong>de imposta porgrandes clientes, representou uma oportuni<strong>da</strong>de para ocrescimento e a consoli<strong>da</strong>ção dessas <strong>em</strong>presas no mercado.Em particular, a certificação pela norma QS 9000 foiperfeitamente possível para as quatro <strong>em</strong>presas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s,


AUTOMOTIVOpartindo do seu patamar já atingido de padronização dosprocessos pela ISO 9000.A certificação foi conquista<strong>da</strong> <strong>em</strong> prazo razoável e a um custosuportável pelas <strong>em</strong>presas, e a impl<strong>em</strong>entação de novosprocedimentos padronizados altamente eficazes agregou muitovalor ao seu processo produtivo.Ao mesmo t<strong>em</strong>po, a certificação QS 9000 garantiu às<strong>em</strong>presas um status definitivo como m<strong>em</strong>bros certificados<strong>da</strong> cadeia de fornecedores <strong>da</strong> indústria automotiva, e oacesso a novas oportuni<strong>da</strong>des de fornecimento dentro dessacadeia.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS21


BRINQUEDOS


BRINQUEDOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS24No princípio era o caos.Na falta de qualquer critério a ser observado para fabricaçãode um brinquedo, tudo era permitido. Fabricantes praticavama concorrência desleal e mesmo pre<strong>da</strong>tória no setor pelo usode matérias-primas de baixa quali<strong>da</strong>de. Até por ignorânciados efeitos nocivos à criança aplicava-se tintas tóxicas,usava-se chumbo reciclado, fazia-se tratamento tóxico d<strong>em</strong>adeiras. O design do brinquedo não respeitava as regrasbásicas de segurança.A exportação de brinquedos impôs um novo padrão de quali<strong>da</strong>deO processo de desenvolvimento de produtos seguros foi iniciado pelas grandes<strong>em</strong>presas, líderes do setor – Estrela, Grow, Bandeirantes –, que viriam aconstituir a ABRINQ, para reunir todos os fabricantes. Seu objetivo inicial foiatestar a conformi<strong>da</strong>de de brinquedos brasileiros com as normas de segurançade brinquedos <strong>em</strong> vigor nos EUA (normas ASTM) e na Europa (normas EN).Essas normas representavam uma barreira técnica à exportação de produtosbrasileiros para aqueles mercados. A capacitação para desenvolver produtosconformes às normas internacionais foi indispensável para abrir a exportaçãopara esses países.A Estrela foi pioneira <strong>em</strong> testar produtos <strong>em</strong> laboratório próprio. A certificaçãode produto por laboratórios de terceira parte, atestando sua conformi<strong>da</strong>decom as normas internacionais, foi inicia<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1986. O esforço de atender àsnormas pôs <strong>em</strong> evidência o baixo nível de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção nacional,a começar pelo uso generalizado de insumos inadequados, e mostrou odespreparo dos pequenos fabricantes s<strong>em</strong> acesso à informação.Des<strong>em</strong>barcam no Brasil os direitos do consumidorA partir de 1990 a fabricação s<strong>em</strong> critérios uniformes de segurança debrinquedos não poderia mais persistir porque entrou <strong>em</strong> vigor o Código deDefesa do Consumidor (Lei nº 8.072), que definiu o quadro de responsabili-


BRINQUEDOS<strong>da</strong>de civil e mesmo penal dos fabricantes pelos seus produtos. A normalizaçãopassou a ter o objetivo de combater o produto de má quali<strong>da</strong>de no mercadonacional e de consensar por intermédio de todo o setor os requisitos desegurança necessários para seus produtos.A parceria entre fabricantes, Governo e enti<strong>da</strong>des técnicas independentesconstruiu uma base sóli<strong>da</strong> para o processo de certificaçãoA indústria se reuniu e constituiu uma comissão de estudos na ABNT (ABNT/CEET-00:001.<strong>18</strong>) com a participação dos fabricantes, do INMETRO e deenti<strong>da</strong>des técnicas, para elaborar uma norma nacional de segurança dosbrinquedos, tendo como ponto de parti<strong>da</strong> a norma européia EN 71. Surgiu anorma NBR 11786 "Segurança do Brinquedo", que define <strong>em</strong> detalhes todosos requisitos de segurança que dev<strong>em</strong> ser cumpridos por to<strong>da</strong>s as categoriasde brinquedos, inclusive elétricos.Seguiu-se a etapa de certificação dos produtos, para confirmar a sua conformi<strong>da</strong>decom as exigências feitas na norma técnica. Obedecendo a procedimentosaceitos internacionalmente, ca<strong>da</strong> novo produto passa pelos testes de avaliaçãode conformi<strong>da</strong>de, de acordo com a Norma Técnica NBR 11786 <strong>da</strong> ABNT.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS25Para fazer<strong>em</strong> a avaliação, prepararam-se e foram credenciados pelo INMETROcomo Organismos de Certificação de Produto dois laboratórios situados <strong>em</strong> SãoPaulo: o Instituto <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de Falcão Bauer e o IQB – Instituto <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de deBrinquedos e Artigos Infantis. Além <strong>da</strong> inspeção e de teste de conformi<strong>da</strong>de paraaprovação no Ensaio de Tipo, esses organismos certificadores recolh<strong>em</strong> periodicamenteamostras do produto na linha de produção e diretamente nos pontosde-ven<strong>da</strong>para verificar a manutenção <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de.Os fabricantes entraram <strong>em</strong> um novo ambiente,regido por normas aceitas por todosO processo formal de avaliação e certificação de conformi<strong>da</strong>de à primeira vistaparece que impõe um ônus para os fabricantes, pela constante monitoração <strong>da</strong>sua produção por um organismo externo de terceira parte, e pela per<strong>da</strong> <strong>da</strong>liber<strong>da</strong>de de lançar produtos com o design que lhes pareça mais adequado.Além disso, o setor de Brinquedos é um dos setores industriais cujos produtossão sujeitos compulsoriamente à certificação.


BRINQUEDOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS26Essa condição foi imposta por pressão política <strong>da</strong> própria indústria de brinquedos,interessa<strong>da</strong> <strong>em</strong> assegurar um padrão mínimo aceitável de quali<strong>da</strong>de parato<strong>da</strong> a indústria brasileira, sob a égide do INMETRO. Todo esse processoformal, que parte <strong>da</strong> preparação dos meios necessários de teste nos laboratóriosde ensaio, a adequação de projeto dos produtos para cumprir<strong>em</strong> osrequisitos <strong>da</strong> norma para finalmente poder acontecer a avaliação de conformi<strong>da</strong>dee certificação dos produtos, foi extr<strong>em</strong>amente benéfico para o setor efun<strong>da</strong>mental para a manutenção <strong>da</strong> sua competitivi<strong>da</strong>de no mundo <strong>da</strong> concorrênciaglobal.A normalização desencadeou uma mu<strong>da</strong>nça profun<strong>da</strong>de concepção e projeto do brinquedo nacionalA especificação <strong>da</strong> faixa etária na etiquetag<strong>em</strong> forçou as <strong>em</strong>presas a investigar<strong>em</strong>a percepção que a criança t<strong>em</strong> do brinquedo, redesenhando os produtoscom eliminação ou agregação de detalhes. Ao mesmo o t<strong>em</strong>po, o design dobrinquedo passou a considerar todos os requisitos de segurança <strong>da</strong> norma:eliminação de cantos, pontas agu<strong>da</strong>s, retenção positiva de componentes(ro<strong>da</strong>s, botões, olhos), projeto de segurança para circuitos elétricos, caixasde bateria, etc.O brinquedo brasileiro ganhou <strong>em</strong> quali<strong>da</strong>de com o esforço de a<strong>da</strong>ptação ànorma que to<strong>da</strong> a cadeia produtiva se viu obriga<strong>da</strong> a realizar. Os produtores deinsumos de brinquedos tiveram que desenvolver outros com um padrão técnicoadequado à norma, num trabalho muito prolongado que trouxe grande agregaçãode tecnologia para o setor: tintas não-tóxicas, madeiras com alta resistênciaambiental e trata<strong>da</strong>s com produtos de cura não-tóxicos, tecidos e materiaispara enchimento à prova de chama, meios de fixação segura de componentese máquinas para sua aplicação, <strong>em</strong>balagens seguras e não-tóxicas.As "barreiras técnicas" passaram a funcionar<strong>em</strong> defesa do produto brasileiroApós a abertura <strong>da</strong> importação, inicia<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1990, o setor ficou muito vulnerávelà concorrência com o produto importado. Por meio <strong>da</strong> normalizaçãodesenvolveu-se o mecanismo necessário para bloquear a importação deprodutos de quali<strong>da</strong>de inferior. A existência <strong>da</strong> norma brasileira, afina<strong>da</strong> com


BRINQUEDOSos padrões internacionais e de organismos certificadores de produto capacitadosa fazer a avaliação de conformi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a extensão <strong>da</strong> norma, permitiuao Brasil colocar uma barreira técnica à importação de brinquedos de quali<strong>da</strong>deinferior. Não se aceita mais um certificado <strong>da</strong> orig<strong>em</strong>. Todos os importadoresde brinquedo são registrados e têm que apresentar ca<strong>da</strong> produto importado paraavaliação de conformi<strong>da</strong>de com a norma brasileira.Concluído o ciclo, os resultados são muitopositivos para a indústria e o PaísCom a norma e o processo de certificação já amadurecidos,foi deflagra<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1992 uma intensa campanha publicitáriapara conscientizar o consumidor para a importância <strong>da</strong>certificação de brinquedos quanto à segurança, divulgandoseo selo de conformi<strong>da</strong>de. Como resultados diretos, a indústriafornecedora de insumos se fortaleceu e se especializou,o brinquedo brasileiro ficou competitivo no mercado internacional,os fabricantes de produtos inadequados foram alijadosdo mercado. Os resultados alcançados também inclu<strong>em</strong>ganhos de quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de e ganhos mercadológicos,orientando e educando os pais para comprar obrinquedo adequado.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS27O setor ingressou <strong>em</strong> um ambiente de "melhoria contínua",continuando a discutir a sua norma técnica e atualizando-aperiodicamente para levar <strong>em</strong> conta a evolução tecnológica<strong>em</strong> nível mundial.


COURO E CALÇADOS


COURO E CALÇADOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS30Calçados Reifer Lt<strong>da</strong>.Reifer é uma <strong>em</strong>presa do setor de calçado f<strong>em</strong>inino com sede<strong>em</strong> Teutônia, Rio Grande do Sul, que produz exclusivamentepara exportação. Com curtume próprio para industrialização <strong>da</strong>sua principal matéria-prima, a <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> operações <strong>em</strong>cinco uni<strong>da</strong>des industriais no Rio Grande do Sul e uma noCeará, <strong>em</strong>pregando no total 2.300 colaboradores.O cenário: t<strong>em</strong>pos difíceis para o setor calçadistaDepois de um período de rápido crescimento do mercado na déca<strong>da</strong> de 80,os negócios de exportação <strong>da</strong> indústria calçadista se viram ameaçados a partir<strong>da</strong> abertura de mercado do início dos anos 90 por uma combinação de fatoresadversos: a entra<strong>da</strong> agressiva <strong>da</strong> China <strong>em</strong> todos os mercados (especialmentenos Estados Unidos <strong>da</strong> América, destino <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong> produção brasileira),segui<strong>da</strong> pela sobrevalorização do Real. Os efeitos abalaram seriamente aposição competitiva <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas calçadistas nacionais, quando não asalijaram totalmente do mercado internacional.Estratégia <strong>da</strong> <strong>em</strong>presaPara manter a sua posição, era preciso que a <strong>em</strong>presa diferenciasse seuproduto <strong>em</strong> relação aos calçados chineses, fugindo <strong>da</strong> concorrência pelopreço mais barato. Firmar um novo conceito do calçado brasileiro comoproduto de quali<strong>da</strong>de passou a ser, assim, uma estratégia de sobrevivênciapara as <strong>em</strong>presas que atuam no mercado externo.Na Reifer, o trabalho de padronização dos processos e materiais, com aplicaçãorigorosa de normas técnicas, faz parte de uma gestão volta<strong>da</strong> para a continui<strong>da</strong>dedo negócio. Todo esse esforço é sentido como absolutamente imprescindívelpara perenizar, <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de no t<strong>em</strong>po ao seu negócio.O grande esforço para padronizaçãoA padronização e normalização, para a garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de que permeia afábrica, vêm desde os fornecedores e vão até os clientes. Há um envolvimento


COURO E CALÇADOSde todos no negócio <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. Todos os gerentes se reún<strong>em</strong> s<strong>em</strong>analmenteformando um Conselho, que discute todos os aspectos <strong>da</strong> gestão dos processos,s<strong>em</strong> existir fronteira entre os cargos. Não há assuntos que não exijam oenvolvimento e a participação efetiva de todos os setores.A padronização do processo produtivo t<strong>em</strong> como principal objetivo a diminuição<strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de, reduzindo o "ruído" na produção e aumentando a segurança.As normas e a padronização imprim<strong>em</strong> uma personali<strong>da</strong>de uniforme a to<strong>da</strong>s asfiliais; e a definição do padrão facilita o treinamento de pessoal. Existe umabase predetermina<strong>da</strong> para to<strong>da</strong>s as tarefas. Em qualquer planta as operaçõessão executa<strong>da</strong>s de forma rigorosamente idêntica, possibilitando a transferênciade experiência e ação conjunta <strong>em</strong> melhorias. No momento está entrando <strong>em</strong>operação uma uni<strong>da</strong>de no interior do Ceará, <strong>em</strong> Mora<strong>da</strong> Nova, que obedeceexatamente aos mesmos requisitos. Procura-se especificar todos os materiaise todos os processos, b<strong>em</strong> como padronizar as máquinas entre as diversasuni<strong>da</strong>des.Como começouO marco inicial desse trabalho foi uma palestra proferi<strong>da</strong> pela Dra. DorotheaWerneck <strong>em</strong> 1988, na qual apresentou os conceitos de quali<strong>da</strong>de total quecomeçavam a se difundir pelo Brasil a partir do trabalho <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>çãoChristiano Ottoni. A partir desse momento de motivação, a Reifer entrou <strong>em</strong>um projeto de longo prazo de formalizar os seus processos, procurandoelaborar um manual de padronização do processo e, eventualmente, obter asua certificação conforme as normas ISO série 9000 (normas de gestão egarantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de). Note-se que <strong>em</strong> 1986 o Governo lançou o PEGQ –Projeto de Especialização <strong>em</strong> Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, ano <strong>em</strong> que D<strong>em</strong>ingesteve no Brasil para uma série de palestras sobre Quali<strong>da</strong>de. O ano seguinte,1987, foi o ano de publicação <strong>da</strong>s normas ISO série 9000 pela ISO (InternationalOrganization for Stan<strong>da</strong>rdization).NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS31Em 1989 foi certifica<strong>da</strong> a primeira <strong>em</strong>presa no Brasil com base nas normas ISOsérie 9000. Também <strong>em</strong> 1989 o INMETRO criou a sua Marca de Conformi<strong>da</strong>de.Ao longo de todo esse trabalho estabeleceu-se uma parceria com o SENAI(Serviço Nacional de Aprendizag<strong>em</strong> Industrial), <strong>em</strong> especial com o CentroTecnológico do Calçado.


COURO E CALÇADOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS32Para elaborar o trabalho de padronização dos processos, começou-se selecionandopontos críticos na fábrica, <strong>da</strong>ndo priori<strong>da</strong>de ao estudo <strong>da</strong>s operações queeram vistas como fun<strong>da</strong>mentais para o resultado do processo. O processo <strong>da</strong>colag<strong>em</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, deu orig<strong>em</strong> a uma série de ensaios tecnológicos e a umconjunto de procedimentos. Dessa forma, a rotina de colag<strong>em</strong> foi descrita evali<strong>da</strong><strong>da</strong>.A experiência <strong>da</strong> práticaAo se fazer a vali<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s tarefas analisa<strong>da</strong>s pelos técnicos, verificou-se que oassunto era muito mais complexo do que parecia inicialmente. Foi nesse momentoque os m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> equipe técnica seguiram os ensinamentos <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de Totale partiram para reunir os operários e definir, entre outros aspectos:o equipamento mais adequado à tarefa;a situação de uso <strong>da</strong>s ferramentas;os parâmetros de quali<strong>da</strong>de a ser<strong>em</strong> observados <strong>em</strong> uma lixa;as condições ideais de estocag<strong>em</strong> dos insumos;a melhor técnica de <strong>em</strong>en<strong>da</strong>s;a rotação certa <strong>da</strong> máquina de lixar para ca<strong>da</strong> situação específica, etc.A prática do trabalho de padronização mostrou que uma simples tarefa decolar uma tira de couro no calçado "explode" <strong>em</strong> até uma centena de itens depadronização. Quanto mais o processo é estu<strong>da</strong>do neste nível, mais se reduza sua variabili<strong>da</strong>de.A participação do operário foi fun<strong>da</strong>mental. Esse trabalho participativo permitiuque o padrão estabelecido fosse facilmente assimilado, pois o operário compreendeua importância do padrão. Quando um probl<strong>em</strong>a acontece, "o pessoal sereúne e discute a melhor solução".Os procedimentosTo<strong>da</strong> a documentação sobre o processo foi redigi<strong>da</strong> de forma explicativa e comfotografias, sendo torna<strong>da</strong> disponível no local de trabalho. To<strong>da</strong> pessoa admiti<strong>da</strong>na <strong>em</strong>presa é treina<strong>da</strong> nos procedimentos relativos ao processo <strong>em</strong> que irá atuar.A equipe de processo e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de t<strong>em</strong> uma pessoa na linha de produçãoauditando o sist<strong>em</strong>a e fazendo as revisões. O grupo de operação discute eaprova o novo procedimento, buscando um consenso de to<strong>da</strong>s as fábricas.


COURO E CALÇADOSHoje os procedimentos escritos estão sendo gradualmente substituídos porindicações visuais, por meio de cartazes ou video tape. Monitores de TV sãodeslocados para ca<strong>da</strong> posto de trabalho específico para treinamento ouverificação de um padrão.Em 1999 a Reifer recebeu o certificado com base na norma NBR ISO 9002.Essa certificação representa a vali<strong>da</strong>ção do trabalho de elaboração denormas internas, realizado ao longo de to<strong>da</strong> a déca<strong>da</strong>. Tratou-se apenas dea<strong>da</strong>ptar os procedimentos padronizados já <strong>em</strong> uso na <strong>em</strong>presa ao formatoexigido pela norma NBR ISO 9002.Especificação dos materiaisQuanto aos materiais, todo o sist<strong>em</strong>a de couro foi padronizado comespecificações detalha<strong>da</strong>s sobre as varie<strong>da</strong>des de couros aplica<strong>da</strong>s naprodução. Para ter o controle técnico sobre o seu insumo crítico – o couro –a <strong>em</strong>presa adicionou ao processo uma uni<strong>da</strong>de de curtimento, passando afazer internamente as operações de acabamento para a maioria <strong>da</strong>s aplicações,comprando de fora somente tipos muito especiais do produto.A partir <strong>da</strong> especificação do couro, a Reifer padronizou os insumos do couro.Foi possível, por ex<strong>em</strong>plo, reduzir para um terço a gama de corantes e trabalharcom os fabricantes na definição dos critérios mais adequados para ca<strong>da</strong> couroespecificado. Dessa forma, a estrutura tecnológica do couro está sendo trabalha<strong>da</strong>desde a orig<strong>em</strong>. Com base nos procedimentos são executados todos osensaios de recebimento de couro. O mesmo ocorre para forros, palmilhas, etc.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS33A variabili<strong>da</strong>de também foi reduzi<strong>da</strong> no produto final. Por intermédio do CAD(Computer Aided Design) se montou um banco de <strong>da</strong>dos para padronizarcomponentes de calçados. As palmilhas, por ex<strong>em</strong>plo, foram padroniza<strong>da</strong>s <strong>em</strong>razão de algumas variáveis. Todo projeto de calçado especifica uma <strong>da</strong>s fôrmase palmilhas padroniza<strong>da</strong>s no banco de <strong>da</strong>dos. Então, com base <strong>em</strong> uma <strong>da</strong>sespecificações de palmilha, é defini<strong>da</strong> a estrutura dos componentes respectivos.Normas técnicas e testes de conformi<strong>da</strong>deNa padronização dos materiais a Reifer recebeu muito suporte do SENAI e doCTCCA (Centro Tecnológico do Couro, Calçado e Afins). Todos os fornecedorespassaram a ter padrões definidos por Fichas Técnicas, que se refer<strong>em</strong>


COURO E CALÇADOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS34às normas técnicas aplicáveis. A Reifer possui laboratório próprio para ensaiosde materiais desde 1982, no qual são realizados os ensaios de recebimento.O laboratório está qualificado para fazer 30 tipos de ensaio de recebimento decouro. Faz ensaios normalizados pela IU (International Union), ASTM (AmericanSociety for Testing of Materials), DIN (Deutsche Industrie-Normen), PFI(Professional Footwear Institute) e pela ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas) <strong>em</strong> todos os insumos do calçado e no produto final. Quandonecessário, usa os laboratórios do Centro Tecnológico de Calçado do SENAI edo CTCCA.Quali<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong> e satisfação do clienteAlém de assegurar um padrão uniforme dos seus insumos,o objetivo dos ensaios de laboratório é oferecer produtoscom certificado de conformi<strong>da</strong>de aos seus clientes noexterior, o que dá à Reifer a condição de fornecedor dequali<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong>.A estratégia <strong>da</strong> Reifer de assegurar a continui<strong>da</strong>de do seunegócio por meio de um trabalho rigoroso de padronizaçãode processos e insumos foi eficaz para sobreviver e,mesmo, crescer na crise que atravessa o setor desde oinício <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, com a conjugação perversa <strong>da</strong>abertura de mercado com a sobrevalorização cambial.Graças à padronização dos processos, a produtivi<strong>da</strong>decresceu 57% entre 1989 – primeiro ano do trabalho querelatamos acima – e 1995. E as ven<strong>da</strong>s no mercadointernacional não pararam de crescer. No período 1994-1998 a Reifer aumentou o volume físico produzido (paraexportação) <strong>em</strong> 14,6%. E o valor exportado cresceu 54%nesse período, o que significa que, graças ao seu padrãode quali<strong>da</strong>de, a <strong>em</strong>presa conseguiu agregar 34% mais devalor ao seu produto, um indicador do pleno sucesso <strong>da</strong>estratégia traça<strong>da</strong> pela <strong>em</strong>presa para o período, visandoreposicionar os seus produtos no mercado <strong>em</strong> um nívelmenos vulnerável à concorrência dos produtos orientais.


CONFECÇÃO


CONFECÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSO setor <strong>da</strong> confecção é estratégico para o desenvolvimentodo Brasil <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua capaci<strong>da</strong>de de geração de <strong>em</strong>prego eren<strong>da</strong>. Dados do setor, de 1997, registram <strong>18</strong>.000 <strong>em</strong>presase mais de um milhão de <strong>em</strong>pregos diretos.Os t<strong>em</strong>pos de criseO setor está se recuperando <strong>da</strong> crise industrial que caracterizou a déca<strong>da</strong> de 90.A abertura irrestrita do mercado nacional às importações encontrou um setortecnologicamente defasado, que teve muita dificul<strong>da</strong>de <strong>em</strong> reagir à concorrênciade preços extr<strong>em</strong>amente baixos praticados por concorrentes do exterior,principalmente <strong>da</strong> China.A conjugação dessa abertura com a sobrevalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> brasileiradesde 1994 atingiu duramente to<strong>da</strong> a cadeia produtiva têxtil brasileira.36Os desafios <strong>da</strong> recuperaçãoO confeccionista não conseguia atingir o preço do produto importado. Nesseesforço de acompanhar a que<strong>da</strong> dos preços, a quali<strong>da</strong>de foi sacrifica<strong>da</strong>. A partirdo ajuste cambial do início do ano de 1999, o quadro comercial melhorou,devolvendo à indústria nacional de confecção condições de competitivi<strong>da</strong>de <strong>em</strong>preço com o produto importado.Por outro lado, ficou mais evidente o baixo nível de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nossaconfecção, <strong>em</strong> comparação com produtos importados. Elevar o nível dequali<strong>da</strong>de do produto nacional e conquistar credibili<strong>da</strong>de com seu clientepassaram a ser o desafio do setor para alavancar a recuperação.As primeiras iniciativasSurgiram ex<strong>em</strong>plos de boas práticas de caráter associativo (isto é, <strong>em</strong> que umgrupo de <strong>em</strong>presas se reúne para atacar probl<strong>em</strong>as comuns de quali<strong>da</strong>de)que poderiam mostrar os caminhos para recuperar a credibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dedo produto nacional.


CONFECÇÃOUm ex<strong>em</strong>plo foi <strong>da</strong>do pelo grupo setorial constituído dentro <strong>da</strong> ABRAVEST(Associação Brasileira <strong>da</strong> Indústria do Vestuário), que reuniu 16 fabricantesde uniformes escolares <strong>da</strong> região de São Paulo. Esse grupo fez um trabalhoconjunto de especificação de tecidos especiais para uniformes escolares e depadronização de uma cartela de cores para tecidos.O grupo de fabricantes de uniformes escolares se aproximou dos seus clientespara definir um padrão aceitável de quali<strong>da</strong>de para o tecido e para consensaras cores e a modelag<strong>em</strong> padrão para uniformes. Como suporte a esse trabalhode aproximação com o cliente, o grupo se uniu, fazendo promoção comercialconjunta <strong>em</strong> feiras e campanhas de divulgação. Os resultados <strong>em</strong> termos dosganhos de quali<strong>da</strong>de e de produtivi<strong>da</strong>de foram excelentes. Esses ganhospuderam ser repassados aos preços. A parceria dos fabricantes com seusclientes e a mobilização <strong>da</strong> cadeia produtiva para padronizar o produto deramresultado, apontando o caminho a seguir.É interessante observar que todo o trabalho foi desenvolvido de formabastante informal, s<strong>em</strong> respaldo de um sist<strong>em</strong>a com regras de certificação <strong>da</strong>conformi<strong>da</strong>de basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> normas técnicas, d<strong>em</strong>onstrando o fenômeno deuma "geração espontânea" de norma.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS37A ampla aplicação do conceitoA ABRAVEST, como associação técnica de todo o universo de <strong>em</strong>presas dosetor de confecções no Brasil, foi o local que abrigou essa primeira experiênciavivi<strong>da</strong>. Seus m<strong>em</strong>bros obtiveram um importante "efeito de d<strong>em</strong>onstração"desse programa. Uma iniciativa simples de normalização e certificação <strong>da</strong>conformi<strong>da</strong>de tinha colhido resultados muito positivos. Por que não fazer algomais abrangente?As regras básicas são defini<strong>da</strong>sVárias experiências anteriores <strong>da</strong> ABRAVEST com certificação de conformi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> confecção tinham esbarrado na barreira <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de e varie<strong>da</strong>dede produtos de vestuário. A certificação tinha que ser centra<strong>da</strong> <strong>em</strong> poucosrequisitos básicos de des<strong>em</strong>penho, que o consumidor observa e julga indispensáveiscom relação à quali<strong>da</strong>de de uma peça de vestuário.


CONFECÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS38Os critérios básicos foram definidos então com base na pergunta: "Qual é aexpectativa mínima do consumidor <strong>em</strong> relação à roupa?" A partir <strong>da</strong>í foramfixados os seguintes critérios básicos de des<strong>em</strong>penho do produto:Tamanho: medi<strong>da</strong>s referenciaisComposição <strong>da</strong> fibraEncolhimento/deformaçãoDesbotamentoUma grande virtude desses parâmetros é que, além de ser<strong>em</strong> de aplicação muitoampla (qualquer peça de vestuário pode ser avalia<strong>da</strong> sob esses critérios), todosjá estão plenamente especificados por normas técnicas <strong>em</strong> vigor no Brasil.As medi<strong>da</strong>s referenciais de tamanho já são fixa<strong>da</strong>s <strong>em</strong> normas <strong>da</strong> ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas).A composição <strong>da</strong> fibra é obrigatoriamente indica<strong>da</strong> por etiqueta, conforme aResolução 01/2001 do CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia,Normalização e Quali<strong>da</strong>de Industrial), que substituiu a Resolução 04/92 domesmo Conselho.Os padrões de encolhimento e desbotamento já têm métodos de ensaionormalizados pela ABNT.Então já exist<strong>em</strong> as normas técnicas necessárias para padronizar os produtossegundo os critérios básicos propostos, b<strong>em</strong> como as normas de ensaio paraque os laboratórios possam proceder à certificação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de.A criação do programa de marcaçãoCom base na definição dos critérios, foi elaborado um programa de marcaçãovoluntária para os produtos <strong>da</strong> confecção. Os produtos marcados por esseprograma são identificados por uma Etiqueta de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>deABRAVEST para Produto Nacional.No regulamento para concessão <strong>da</strong> Etiqueta, a ABRAVEST identifica to<strong>da</strong>s asnormas brasileiras aplicáveis para divulgação aos interessados. Uma campanhade adesão foi deflagra<strong>da</strong> como parte <strong>da</strong> programação <strong>da</strong> Feira Nacional<strong>da</strong> Indústria Têxtil. Os confeccionistas receberam formulários com um Termode Adesão ao programa e, como primeiro passo, foram estimulados a adquiriras normas técnicas necessárias.


CONFECÇÃOOs ensaios de conformi<strong>da</strong>dePara garantir que haja disponibili<strong>da</strong>de de laboratórios capacitados a executar osensaios necessários, foram credenciados pela ABRAVEST todos os laboratóriostêxteis vinculados a uma enti<strong>da</strong>de técnica, b<strong>em</strong> como os laboratóriosprivados com mais de 2 anos de experiência. O laboratório realiza os ensaiose <strong>em</strong>ite um relatório dos resultados. Compete ao setor técnico <strong>da</strong> ABRAVESTanalisar os relatórios e <strong>em</strong>itir as autorizações para o uso <strong>da</strong> Etiqueta.A solução para a amostrag<strong>em</strong> no varejoO setor de vestuário t<strong>em</strong> uma rede de distribuição e de comércio de varejoextr<strong>em</strong>amente complexa e diss<strong>em</strong>ina<strong>da</strong>. Assim sendo, é um desafio encontraruma forma de controlar a conformi<strong>da</strong>de do produto por coleta de amostras nomercado consumidor.A solução encontra<strong>da</strong> para o controle de conformi<strong>da</strong>de de produto no varejo foiincluir o próprio cliente final no sist<strong>em</strong>a de controle. Para esse fim, a ABRAVESTfez um convênio com órgãos de defesa estaduais para que lhe sejam encaminha<strong>da</strong>sto<strong>da</strong>s as reclamações do consumidor.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS39O programa <strong>em</strong> açãoO Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de ABRAVEST para ProdutoNacional já conta com a adesão de 60 <strong>em</strong>presas, a maioriade grande porte, o que assegura a rápi<strong>da</strong> diss<strong>em</strong>inação do Selode Garantia. To<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas já estão com produtosavaliados por laboratórios credenciados. O programa está nafase de avaliação, pela ABRAVEST, dos relatórios de ensaiose certificação dos produtos aprovados.


CONSTRUÇÃO


CONSTRUÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS42Cerâmica de revestimentoA fase de associaçãoOs fabricantes de ladrilhos cerâmicos fun<strong>da</strong>ram uma associação técnica –a ANFLACER (Associação Nacional de Fabricantes de Ladrilhos Cerâmicos) –<strong>em</strong> 1976. Os fabricantes de azulejos seguiram o mesmo caminho, congregandosena ANFA (Associação Nacional de Fabricantes de Azulejos). Em 1984,as duas associações se fundiram na ANFACER (Associação Nacional deFabricantes de Cerâmica de Revestimento), reunindo o setor de fabricação deplacas cerâmicas para construção, num total de 30 <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> todo o Brasil.Compromisso do setor com a normalizaçãoDesde o início, há vinte anos, o setor de placas cerâmicas participou comrepresentantes <strong>da</strong>s discussões de normalização dos produtos cerâmicos <strong>em</strong>nível internacional. Teve assento no Comitê ISO (International Organizationfor Stan<strong>da</strong>rdization) dessa área desde a sua primeira reunião, <strong>em</strong> 1979, com aparticipação <strong>da</strong> Itália, Espanha e Estados Unidos <strong>da</strong> América. O grand<strong>em</strong>otivador do seu interesse pela normalização era a exportação de produtoscerâmicos. Na déca<strong>da</strong> de 80, a indústria cerâmica brasileira já conquistarauma posição boa no mercado internacional graças ao seu preço muitocompetitivo. Era preciso estar atento às normas técnicas internacionais queestavam <strong>em</strong>ergindo.Necessi<strong>da</strong>de de uniformizar a quali<strong>da</strong>deA abertura <strong>da</strong> economia brasileira no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90 teve um reflexoimportante sobre as expectativas do consumidor. A imag<strong>em</strong> do produto internacionalpassou a ser o modelo de quali<strong>da</strong>de. Além <strong>da</strong>s exigências maiores dedesign, também passou a ser exigido um nível de quali<strong>da</strong>de elevado.As <strong>em</strong>presas nacionais apresentavam um padrão de quali<strong>da</strong>de desigual. A imag<strong>em</strong>de todo o setor era comprometi<strong>da</strong> pela má quali<strong>da</strong>de de alguns produtos nomercado. Estatísticas de ven<strong>da</strong>s revelam que a maior parte <strong>da</strong> produção deplacas cerâmicas (70% do total) é comercializa<strong>da</strong> no varejo, diretamente com o


CONSTRUÇÃOconsumidor final. Esse consumidor, na maioria <strong>da</strong>s vezes, decide a comprabaseado apenas <strong>em</strong> preço, colocando a quali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> segundo plano e facilitandoa ação dos fabricantes dispostos a praticar "não-conformi<strong>da</strong>des intencionais"como forma de baixar preços.O grupo de <strong>em</strong>presas reuni<strong>da</strong>s na ANFACER percebeu o impacto negativo <strong>da</strong>má quali<strong>da</strong>de e decidiu criar um órgão técnico que fosse capaz de certificara quali<strong>da</strong>de dos produtos cerâmicos, tornando-se um diferencial para as boas<strong>em</strong>presas e conscientizando o consumidor para que exigisse produtos conformesàs normas técnicas.Em 1993 foi criado o CCB (Centro Cerâmico do Brasil), com base nos modelospraticados <strong>em</strong> países de mais avança<strong>da</strong> tecnologia no setor, Espanha e Itália.A fase de organizaçãoO grupo de <strong>em</strong>presas do setor deu um significativo ex<strong>em</strong>plo de "cooperaçãopré-competitiva", assumindo todos os custos e tornando disponível pessoaschavedos seus quadros, com liderança reconheci<strong>da</strong> no seu meio, para aestruturação do Centro Cerâmico. Uma <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas líderes do setor cedeuo seu diretor industrial por 15 dias ao mês durante um ano, para participardo planejamento.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS43Foi fun<strong>da</strong>mental para o sucesso do projeto a parceria estabeleci<strong>da</strong> com oSENAI (Serviço Nacional de Aprendizag<strong>em</strong> Industrial). O CCB iniciou suasativi<strong>da</strong>des alojado na Escola SENAI "Mario Amato" de São Paulo. O SENAIinvestiu na causa <strong>da</strong> qualificação tecnológica do setor capacitando laboratóriospara realizar<strong>em</strong> os ensaios requeridos pelas Normas Técnicas. Desdeentão, os laboratórios dessa Escola e do Centro de Tecnologia Cerâmica deSanta Catarina são os laboratórios, credenciados pelo INMETRO (InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Quali<strong>da</strong>de Industrial), utilizadospara efetuar os ensaios de avaliação <strong>da</strong>s amostras de produtos certificadospelo CCB.A busca do credenciamentoPara estruturar o CCB como Organismo de Certificação de Produto (OCP),todos os procedimentos do seu sist<strong>em</strong>a de gestão seguiram os requisitos


CONSTRUÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS44técnicos do ABNT ISO/IEC Guia 65 (requisitos gerais para organismos queoperam sist<strong>em</strong>as de certificação de produtos), com o objetivo de obter ocredenciamento pelo INMETRO. Esse credenciamento do Centro foi obtido <strong>em</strong>1995. Em 1998, o Centro obteve novo credenciamento pelo INMETRO comoorganismo de certificação de sist<strong>em</strong>as de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de (OCS).O próprio CCB obteve a certificação de seu sist<strong>em</strong>a de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>deconforme a norma NBR ISO 9001.Como organismo de certificação de produtos, o CCB atribui a sua Marca deConformi<strong>da</strong>de aos produtos que são certificados. Dessa forma, as <strong>em</strong>presaspod<strong>em</strong> aplicar nos seus produtos a marca de Quali<strong>da</strong>de Certifica<strong>da</strong> CCB.Certificação de conformi<strong>da</strong>de com normas técnicas internacionaisEm dez<strong>em</strong>bro de 1994, ao fim do segundo ano do projeto de montag<strong>em</strong> dosist<strong>em</strong>a de certificação de produto, as primeiras 9 <strong>em</strong>presas receberamcertificados de conformi<strong>da</strong>de para seus produtos. Inicialmente as normastécnicas aplicáveis eram normas ISO DIS 13006 e ISO 1054 (Terminologia,classificação/especificação e procedimentos de ensaios de pisos e azulejos).O setor trabalhou no âmbito <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de NormasTécnicas) na definição de normas brasileiras correspondentes às ISO. Em1997 foram publica<strong>da</strong>s as Normas Brasileiras para placas cerâmicas:NBR 13816NBR 13817NBR 138<strong>18</strong>Placa Cerâmica para Revestimento – TerminologiaPlaca Cerâmica para Revestimento – ClassificaçãoPlaca Cerâmica para Revestimento – Especificação e métodosde ensaio.Padronização é a base para o processo de melhoria contínuaEm 2001, já são 33 <strong>em</strong>presas que imprim<strong>em</strong> o selo de Quali<strong>da</strong>de Certifica<strong>da</strong> <strong>em</strong>50 produtos. A uniformização do nível de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria já aconteceu.Isso torna possível elevar o nível de exigência <strong>da</strong> norma técnica, o que será opróximo passo <strong>em</strong> um processo de melhoria contínua <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.


CONSTRUÇÃOFoco na quali<strong>da</strong>de do produto finalA satisfação do consumidor depende <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de percebi<strong>da</strong> durante a aplicação<strong>da</strong>s placas cerâmicas na obra. Não basta a placa <strong>em</strong> si ter boa quali<strong>da</strong>de. A máaplicação compromete a durabili<strong>da</strong>de e, certamente, desacreditará o produto.Por essa razão, o CCB está estendendo o processo de certificação para aargamassa de assentamento. Outra iniciativa que v<strong>em</strong> sendo desenvolvi<strong>da</strong>pelo CCB é a certificação <strong>da</strong> mão-de-obra para colocação de placas cerâmicas.A ANAMACO (Associação Brasileira de Material <strong>da</strong> Construção Civil) está colocandoà disposição dos clientes o ca<strong>da</strong>stro de colocadores de placas cerâmicascertificados. O objetivo é diss<strong>em</strong>inar para o construtor o conceito <strong>da</strong> contrataçãode pessoal certificado para aplicação de material também certificado.Um caso de sucessoO caso relatado apresenta um grupo de <strong>em</strong>presas que,reuni<strong>da</strong>s <strong>em</strong> uma associação técnica com representativi<strong>da</strong>deno seu setor, decidiu partir para a normalização e certificação<strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de do seu produto. A certificação é absolutamentevoluntária: o seu incentivo é o diferencial de quali<strong>da</strong>deque marginaliza o fabricante não-conforme. O sist<strong>em</strong>a foidesenvolvido exclusivamente com recursos dos própriosparticipantes, tanto financeiros como humanos, chegandoaos primeiros certificados <strong>em</strong> menos de dois anos, e está noseu sétimo ano de operação continua<strong>da</strong>. As 42 <strong>em</strong>presasatualmente associa<strong>da</strong>s assum<strong>em</strong> o custo <strong>da</strong>s certificações.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS45O sist<strong>em</strong>a de certificação foi organizado rigorosamentedentro <strong>da</strong>s normas internacionais e o CCB está credenciadopelo INMETRO, o organismo credenciador oficial brasileiro.Assim, os produtores dos produtos certificados têm a condiçãode fornecedores com quali<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong>, com umacertificação de aceitação internacional.


CONSTRUÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSO trabalho se mede por seus resultadosA quali<strong>da</strong>de dos produtos do setor se reflete no sucesso doesforço de exportação: no período de 1995 a 1998, diante<strong>da</strong>s condições adversas jamais enfrenta<strong>da</strong>s pela indústriabrasileira, o setor de placas cerâmicas aumentou o volumeexportado <strong>em</strong> 17,7%, colocando no exterior cerca de 10% <strong>da</strong>produção total.A correção cambial ocorri<strong>da</strong> <strong>em</strong> janeiro de 1999 permitiu àindústria nacional competir <strong>em</strong> igual<strong>da</strong>de de condições comseus concorrentes no mercado internacional. O trabalhorealizado na qualificação dos seus produtos trouxe os seusbenefícios para a indústria cerâmica brasileira. Assim, <strong>da</strong>dos<strong>da</strong> ANFACER apontam para um crescimento <strong>da</strong>s exportaçõesdesde 1999.46


ELETROELETRÔNICO


ELETROELETRÔNICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS48O setor eletroeletrônico abrange uma grande diversi<strong>da</strong>de deprodutos, todos <strong>em</strong> evolução tecnológica acelera<strong>da</strong> e submetidosa uma competição de caráter global <strong>em</strong> que predominamgrandes grupos internacionais. A déca<strong>da</strong> de 90 foi particularmentedifícil para os fabricantes brasileiros, devido à aberturade mercado, agrava<strong>da</strong> a partir de 1994 pela desvantag<strong>em</strong>competitiva <strong>da</strong> sobrevalorização cambial. Apresentamos oscasos de duas <strong>em</strong>presas de capital nacional que, atuando <strong>em</strong>áreas diferentes, cresceram na crise. O foco estratégico <strong>em</strong>quali<strong>da</strong>de e normalização de produtos contribuiu decisivamentepara esse sucesso.O ambiente normativo do setorO setor eletroeletrônico conta com um elenco muito amplo de normas técnicasinternacionais para especificação e ensaio, tanto de hardware como desoftware. Os produtos brasileiros nesse setor normalmente têm seu projetoreferido a essas normas internacionais, mas <strong>em</strong> muitos casos exist<strong>em</strong> váriasnormas internacionais ain<strong>da</strong> não consensa<strong>da</strong>s. A adoção <strong>da</strong> norma brasileiracomo norma preferencial se formaliza por meio do trabalho <strong>em</strong> Comitês <strong>da</strong>ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de90, as normas brasileiras do setor eletroeletrônico nasceram de um trabalhode grupo no âmbito <strong>da</strong> ABNT, coordenado pela ABINEE (Associação Brasileira<strong>da</strong> Indústria Eletro-Eletrônica), reunindo grandes clientes <strong>da</strong> indústriaeletroeletrônica como Petrobras, Eletrobrás, Cesp, de organismos do governocomo FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (ConselhoNacional de Pesquisa Científica) e de associações técnicas, como a ABILUX(Associação Brasileira <strong>da</strong> Indústria de Iluminação).Paralelamente ao desenvolvimento <strong>da</strong>s normas brasileiras, foi criado umorganismo de certificação de produto, que foi credenciado no âmbito doSist<strong>em</strong>a Brasileiro de Certificação, voltado especificamente para a certificaçãodo setor eletroeletrônico. A UCIEE (União Certificadora) para o Controle deConformi<strong>da</strong>de de Produtos, Processos ou Serviços, constituí<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1993,conta com um Conselho Técnico composto de representantes:<strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas fabricantes;


ELETROELETRÔNICOdos organismos de defesa do consumidor;<strong>da</strong> ABINEE;dos clientes <strong>da</strong> indústria eletroeletrônica, representados por Petrobras,Eletrobrás e outros.Esse Conselho Técnico é responsável pela aprovação ou não <strong>da</strong> recomen<strong>da</strong>çãode certificação de um <strong>da</strong>do produto.Normalmente a certificação de produto é voluntária, isto é, só acontece porsolicitação do próprio fabricante, para atender a um requisito de quali<strong>da</strong>deassegura<strong>da</strong> estipulado por seu cliente.Entra <strong>em</strong> cena a certificação compulsóriaHá produtos aos quais se aplicam normas de segurança que, por suascaracterísticas de risco, exig<strong>em</strong> a certificação compulsória. É o caso <strong>da</strong>segurança elétrica para equipamentos eletromédicos. Na ABNT foi constituídoo comitê ABNT/CB-26 – Comitê Brasileiro de Normalização Odonto-Médico-Hospitalar para os produtos com essa aplicação. Em 1994, o ABNT/CB-26 fez a tradução e adequação do texto <strong>da</strong> norma IEC 60601-1 MedicalElectrical Equipment – general requir<strong>em</strong>ents for safety, <strong>da</strong> InternationalElectrotechnical Comission, publicando a norma brasileira NBR/IEC 601.1 –Equipamento eletromédico – requisitos gerais para segurança correspondente.A seguir, foram cria<strong>da</strong>s comissões de estudos para definição <strong>da</strong>s normasdos grupos específicos de produtos, to<strong>da</strong>s subordina<strong>da</strong>s à norma geral.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS49Os produtos eletromédicos estão submetidos a registro obrigatório no Ministério<strong>da</strong> Saúde. A Portaria nº 2.663, de 22 de dez<strong>em</strong>bro de 1995, estabeleceuuma classificação de risco para os produtos eletromédicos. Para produtosclassificados nos níveis de risco 2 ou 3, é exigi<strong>da</strong> a certificação compulsóriade conformi<strong>da</strong>de com a norma técnica.O prazo limite para certificação variava, de acordo com o produto, entre 12 e <strong>18</strong>meses a partir <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta de publicação <strong>da</strong> Portaria. Em conseqüência, as <strong>em</strong>presasdo setor eletromédico se defrontaram com a pr<strong>em</strong>ente necessi<strong>da</strong>de de adequar<strong>em</strong>os seus produtos à norma técnica e de submetê-los à certificação por umorganismo de certificação credenciado.Cinco organismos de certificação de produto estão credenciados pelo INMETROpara a certificação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de de equipamentos eletromédicos: UCIEE


ELETROELETRÔNICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS50(União Certificadora), CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), IBQN(Instituto Brasileiro de Quali<strong>da</strong>de Nuclear), IEE (Instituto de Eletrotécnica eEnergia) e BRTÜV (BRTÜV Avaliações de Quali<strong>da</strong>de).A experiência <strong>da</strong> GNATUS – certificação do aparelho de raios X odontológicoA GNATUS Equipamentos Médico-Odontológicos Lt<strong>da</strong>., sedia<strong>da</strong> <strong>em</strong> RibeirãoPreto – SP, é a segun<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa no ranking mundial de fabricantes deequipamentos odontológicos, com uma produção mensal de cerca de 1.000equipamentos, dos quais 50% se destinam ao mercado de exportação.A GNATUS iniciou um trabalho de implantação de sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> 1991/92 com base na norma NBR ISO 9001. O raio-X odontológico, que integra oconjunto produzido pela <strong>em</strong>presa, foi registrado no Ministério <strong>da</strong> Saúde eclassificado no nível de risco 3, que exige certificação compulsória. Em paralelocom a implantação do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, a GNATUS preparou-se para oprocesso de certificação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de desse produto de acordo com a normaIEC 60601-2-28 – Medical Electrical Equipment – Part 2 – Particular requir<strong>em</strong>entsfor the safety of X-ray source ass<strong>em</strong>blies and X-ray tube ass<strong>em</strong>blies, sendo aprimeira <strong>em</strong>presa a receber a certificação, <strong>em</strong> junho de 1997, e habilitando-se aoregistro no Ministério <strong>da</strong> Saúde dentro do prazo fixado pela Portaria nº 2.663.Seguiu-se a certificação do Sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, obti<strong>da</strong> <strong>em</strong> outubro de 1997.O processo de certificação de produto foi percebido pela <strong>em</strong>presa como umfator muito importante de melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e competitivi<strong>da</strong>de. Nas palavrasdo seu coordenador <strong>da</strong> Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de:"Pod<strong>em</strong>os afirmar que a preparação do produto para certificação trouxe evoluçãopara diversos setores <strong>da</strong> fábrica, trazendo novos conceitos desde o desenvolvimentoaté a instalação do produto, inclusive incorporando o hábito de s<strong>em</strong>pre quedesenvolver ou revisar um produto recorrer às normas particulares. Além do queesta metodologia é a priori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alta administração <strong>da</strong> nossa <strong>em</strong>presa, ou seja,de incorporar novos conceitos e tecnologia aos produtos GNATUS.A mu<strong>da</strong>nça, s<strong>em</strong> sombra de dúvi<strong>da</strong>s, forneceu novos subsídios técnicos e oportuni<strong>da</strong>dede melhoria a todo o corpo operacional <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.Pela metodologia de trabalho impl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong> na GNATUS, a busca <strong>da</strong> melhoriacontínua <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de nos r<strong>em</strong>ete a constante procura de incr<strong>em</strong>entostécnicos para ser<strong>em</strong> incorporados aos nossos produtos, <strong>da</strong>í que já iniciamos


ELETROELETRÔNICOo processo de certificação voluntária <strong>em</strong> alguns de nossos outros produtos.Para alguns desses produtos já exist<strong>em</strong> normas ABNT, e <strong>em</strong> outros produtosutilizamos normas internacionais <strong>da</strong> ISO, IEC, EN, etc.É claro que para a área de marketing isso foi ótimo, pois um produto certificadot<strong>em</strong> fortes argumentos de ven<strong>da</strong>, onde a quali<strong>da</strong>de do produto é enfoca<strong>da</strong>.É importante, até porque <strong>em</strong> alguns países a certificação é compulsória, e <strong>em</strong>outros é utiliza<strong>da</strong> como recurso de marketing, representando uma vantag<strong>em</strong>tanto tecnológica quanto mercadológica. O cliente percebeu isso através decampanha publicitária e também por informações do próprio mercado.Olhando o resultado se comprova totalmente um custo/benefício favorável <strong>em</strong>investimentos <strong>em</strong> padronização, normalização e certificação de conformi<strong>da</strong>dede produto. A direção <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa acredita nisso, incentiva e investe."A experiência <strong>da</strong> ALTUS <strong>em</strong> Controladores Lógicos ProgramáveisA ALTUS Sist<strong>em</strong>as de Informática S.A. é uma <strong>em</strong>presa de capital nacionalfun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1982, <strong>em</strong> Porto Alegre – RS, por três engenheiros eletrônicos,professores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do Sul. A <strong>em</strong>presadesenvolveu uma linha de controladores lógicos programáveis com tecnologiasde hardware e software próprias, oferecendo soluções integra<strong>da</strong>s deautomação, desde o projeto até a implantação de sist<strong>em</strong>as e serviços deintegração de equipamentos para a área de manufatura e controle de processosde diversos setores industriais, tais como siderurgia, petroquímica,automobilístico, etc. Seus concorrentes diretos são grandes <strong>em</strong>presas globaiscomo Allen-Bradley e Si<strong>em</strong>ens.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS51Como <strong>em</strong>presa altamente técnica, a ALTUS s<strong>em</strong>pre privilegiou a normalizaçãodo projeto dos seus produtos, referindo-os às normas técnicas internacionais.A especificação dos produtos desde o início foi formaliza<strong>da</strong> no Manual deCaracterísticas Técnicas, que expressa ca<strong>da</strong> <strong>da</strong>do de saí<strong>da</strong> do projeto <strong>em</strong>termos de uma norma técnica internacional. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, o des<strong>em</strong>penhodo produto conforme ca<strong>da</strong> parâmetro especificado é vali<strong>da</strong>do por ensaios <strong>em</strong>laboratório próprio ou externo.As características técnicas dos controladores continuam sendo referi<strong>da</strong>s anormas internacionais, já que ain<strong>da</strong> não foi elabora<strong>da</strong> a norma brasileira queespecifica Controladores Lógicos Programáveis.


ELETROELETRÔNICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS52Com a atenção <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa volta<strong>da</strong> para o desenvolvimento do produto,a padronização do processo, como ordenar e inserir o componente, como sol<strong>da</strong>r,como verificar, etc. ficou <strong>em</strong> segundo plano. Em 1992, uma auditoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> Petrobras "intimou" a <strong>em</strong>presa a padronizar o seu sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de eobter sua certificação conforme a norma NBR ISO 9001 no prazo de 12 meses.Ante esse desafio colocado por seu maior cliente, a <strong>em</strong>presa mobilizou-se paraa padronização dos processos e conquistou o certificado NBR ISO 9001 <strong>em</strong>dez<strong>em</strong>bro de 1993, como uma <strong>da</strong>s primeiras <strong>em</strong>presas gaúchas.A normalização do produto também foi beneficia<strong>da</strong> pela certificação do sist<strong>em</strong>a,pois foram elaborados os procedimentos de controle de processo e vali<strong>da</strong>ção doproduto, tanto <strong>em</strong> hardware como <strong>em</strong> software, baseados no Manual deRequisitos Técnicos e nas normas técnicas respectivas.A partir de 1995, a <strong>em</strong>presa deu maior abrangência ao seu sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>deprocurando impl<strong>em</strong>entar os conceitos de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de apoia<strong>da</strong> nos 7critérios de excelência do PNQ (Prêmio Nacional <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de). Participou, por5 anos sucessivos, do sist<strong>em</strong>a de avaliações anuais do PGQP (ProgramaGaúcho de Quali<strong>da</strong>de e Produtivi<strong>da</strong>de), fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s nesses critérios. Em1998, conquistou o troféu Prata do PGQP, reservado às <strong>em</strong>presas com mais de450 pontos na avaliação que d<strong>em</strong>onstrass<strong>em</strong> progresso <strong>em</strong> seu sist<strong>em</strong>a degestão e tivess<strong>em</strong> foco <strong>em</strong> Liderança e Gestão de Processos. Seu objetivo éatingir o patamar <strong>da</strong> indicação para concorrer ao Prêmio Nacional <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de.Dois casos de sucessoAcabamos de apresentar dois casos de <strong>em</strong>presas nacionais,com linhas de produto muito diversas, que têm <strong>em</strong> comum umesforço para desenvolver tecnologia própria e uma forte atençãopara a quali<strong>da</strong>de. A certificação dos seus sist<strong>em</strong>as eprodutos <strong>em</strong> conformi<strong>da</strong>de com normas técnicas brasileiras einternacionais como parte desse esforço, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> nenhuma,dá uma contribuição fun<strong>da</strong>mental para a eleva<strong>da</strong>competitivi<strong>da</strong>de dessas <strong>em</strong>presas. O sucesso do seu trabalhose manifesta na evolução positiva dessas <strong>em</strong>presas nos últimosanos: ambas dobraram o faturamento entre 1994 e 1998.


GEMAS E JÓIAS


GEMAS E JÓIASNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS54Relatamos a seguir o caso de um grupo de <strong>em</strong>presas produtorasde jóias banha<strong>da</strong>s a ouro ou prata do pólo industrialsituado <strong>em</strong> Guaporé, Rio Grande do Sul. Esse grupo se uniupara instalar um laboratório de ensaios, com o objetivo decertificar a cama<strong>da</strong> de metal precioso deposita<strong>da</strong> <strong>em</strong> seusprodutos. Para isso, o grupo fez parcerias com outras enti<strong>da</strong>des,mobilizando todos os el<strong>em</strong>entos indispensáveis parachegar ao seu objetivo. O caso é um bom ex<strong>em</strong>plo de"cooperação pré-competitiva", <strong>em</strong> que <strong>em</strong>presas concorrentesse aliam para buscar vantag<strong>em</strong> competitiva para todo ogrupo dos participantes.Um "cluster" produtor de jóiasA região de Guaporé, ci<strong>da</strong>de situa<strong>da</strong> a cerca de 200 km de Porto Alegre, naSerra Gaúcha, reúne cerca de 60 pequenas <strong>em</strong>presas produtoras de jóiasbanha<strong>da</strong>s <strong>em</strong> ouro ou prata. É um pólo industrial com as características de um"cluster", termo que define um aglomerado de <strong>em</strong>presas de mesma naturezaou correlatas, criando uma massa crítica de recursos humanos, conhecimentostecnológicos e comerciais que atribui uma níti<strong>da</strong> vantag<strong>em</strong> competitivaaos produtores <strong>da</strong> região.As <strong>em</strong>presas de Guaporé produz<strong>em</strong> as mais varia<strong>da</strong>s jóias banha<strong>da</strong>s <strong>em</strong> ouroou prata e <strong>em</strong> ouro <strong>18</strong> quilates, desde simples argolas até anéis com grandesofisticação, utilizando processos tecnológicos modernos.A quali<strong>da</strong>de do produto depende <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> deposita<strong>da</strong>As <strong>em</strong>presas do setor utilizam-se de processo de pesag<strong>em</strong>, para garantir aquali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de ouro ou prata deposita<strong>da</strong> nas peças. De acordo coma massa do lote, sab<strong>em</strong> quanto deve ser depositado <strong>em</strong> gramas de ouro paraobter a cama<strong>da</strong> com a espessura correta. O processo utilizado não leva <strong>em</strong>conta a uniformi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> deposita<strong>da</strong>, que pode variar <strong>em</strong> função <strong>da</strong>geometria de ca<strong>da</strong> peça. Para se ter um nível de confiança aceitável egarantir a cama<strong>da</strong> dentro de um grau de incerteza aceitável, é preciso ter o


GEMAS E JÓIAShistórico <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s deposita<strong>da</strong>s, confirma<strong>da</strong>s <strong>em</strong> amostragensrepresentativas, observando a geometria, espécie, tipos, etc. A certificação<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> por esse método, hoje adotado por to<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas <strong>da</strong> região,é muito <strong>em</strong>pírica e sujeita a falhas.A medição direta <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> deposita<strong>da</strong> de metal nobre sobre a peça pode serefetua<strong>da</strong> pela microscopia universal (utilização de sist<strong>em</strong>as de mediçãoóticos, necessitando preparar um corpo-de-prova para medição <strong>da</strong> cama<strong>da</strong>,com destruição <strong>da</strong> peça) ou por raios X ou ultra-som (um processo muito maisrápido e não-destrutivo). Os equipamentos necessários para teste nãodestrutivosão caros, inviabilizando a aquisição por ca<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. Por outrolado, na região não exist<strong>em</strong> laboratórios independentes que realiz<strong>em</strong> essetipo de medição (até 1999 somente o fornecedor de metais preciosos <strong>da</strong><strong>em</strong>presa Degussa possuía laboratório). Todos na região sofr<strong>em</strong> com essafalta de serviços tecnológicos apropriados.Pressões conjuga<strong>da</strong>s: norma e exportaçãoO IBGM (Instituto Brasileiro de G<strong>em</strong>as e Metais Preciosos) é o responsávelpela secretaria técnica <strong>da</strong> ABNT/CB – 33 Joalheria, g<strong>em</strong>as, metais preciosose bijuteria no âmbito <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)para a elaboração <strong>da</strong>s normas técnicas do setor.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS55Em 1997, o IBGM apresentou proposta para uma norma – Norma IBGM 09/97– Revestimento de ouro e suas ligas para artigos de joalheria, bijuterias e afins,definindo cama<strong>da</strong>s de metais preciosos e a nomenclatura de jóias conforme anatureza <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> aplica<strong>da</strong>. A proposta foi aprova<strong>da</strong> <strong>em</strong> reunião dos fabricantes,e a partir <strong>da</strong>í passou a representar um compromisso formal dos fabricantescom a fideli<strong>da</strong>de <strong>da</strong> nomenclatura atribuí<strong>da</strong> à jóia. Como conseqüência diretasurgiu a necessi<strong>da</strong>de de certificação de conformi<strong>da</strong>de do produto, por métodosconfiáveis e de preferência realiza<strong>da</strong> por organismo independente.Na mesma época começaram a reunir-se 13 <strong>em</strong>presas <strong>da</strong> região para discutir<strong>em</strong>os probl<strong>em</strong>as do desenvolvimento do mercado exportador. Iniciou-se aíum projeto de capacitação para exportação e promoção <strong>da</strong>s jóias <strong>da</strong> regiãoSul do Brasil, com a participação do SEBRAE-RS (Serviço de Apoio às Microe Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul), cujo objetivo é difundir noexterior uma imag<strong>em</strong> de "South-Brazilian Jewelry."


GEMAS E JÓIASNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS56Para se firmar no mercado internacional é fun<strong>da</strong>mental oferecer aos compradoresprodutos com quali<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong>. A norma IBGM 09/97 reflete normasinternacionais. Foi por isso que o grupo de 13 <strong>em</strong>presas priorizou a certificação<strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de dos seus produtos com base na norma técnica. Assim, nasceu<strong>em</strong> Guaporé o projeto do Laboratório de Análise de Cama<strong>da</strong>s, que está <strong>em</strong> plenaexecução, com previsão de início de operação do laboratório já no primeiros<strong>em</strong>estre de 2000.Parcerias para viabilização do LaboratórioO objetivo do projeto é montar um Laboratório de Análise de Cama<strong>da</strong>s comtecnologia de medição por raios X, capacitado para ser credenciado peloINMETRO e integrar-se à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE).O grupo montou um projeto no qual participam como parceiros: SEBRAE-RS,IBGM, Câmara <strong>da</strong> Indústria e Comércio (CIC) de Guaporé, o Sindijóias/RS(sindicato representativo do setor de g<strong>em</strong>as e jóias), o SENAI-RS (ServiçoNacional de Aprendizag<strong>em</strong> Industrial) e a Rede Metrológica-RS.Os primeiros quatro parceiros se cotizaram para constituir o investimentonecessário. O SENAI-RS, que já mantinha uma uni<strong>da</strong>de de treinamento d<strong>em</strong>ão-de-obra para os fabricantes de joalheria na região, ofereceu a infraestruturafísica. Coube à Rede Metrológica – uma enti<strong>da</strong>de que congrega 130laboratórios de calibração e ensaios no Estado do Rio Grande do Sul – <strong>da</strong>rassessoria na instalação do laboratório, apoiá-lo na preparação dos procedimentosdo sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> documentação técnica, b<strong>em</strong> comotreinar o pessoal especializado na operação do laboratório, capacitando-o aocredenciamento pelo INMETRO.Requisitos técnicos para certificaçãoO trabalho de montag<strong>em</strong> do laboratório não deve se resumir à instalação dosequipamentos. Será necessário implantar um sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de obedecendoaos requisitos do ABNT ISO/IEC Guia 25 – Requisitos gerais para acompetência de laboratórios de calibração e teste.Todo o sist<strong>em</strong>a de gestão do laboratório t<strong>em</strong> que estar descrito <strong>em</strong> Procedimentosreferidos a um Manual <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, obedecendo aos requisitos doGuia 25. A título de ilustração, o Guia 25 contém requisitos tratando de:


GEMAS E JÓIASorganização e gerenciamento;sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, auditoria e análise crítica;pessoal;acomo<strong>da</strong>ções e ambiente;equipamentos e materiais de referência;rastreabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> medição e calibração;calibração e métodos de ensaio;manuseio de itens submetidos a calibração e ensaio;registros;certificados e relatórios;subcontratação de calibração ou ensaio;serviços de apoio e fornecimentos externos;reclamações.Da mesma forma, os procedimentos de ensaio dev<strong>em</strong> ser documentados e opessoal técnico deve estar devi<strong>da</strong>mente treinado na execução dos ensaios,b<strong>em</strong> como <strong>em</strong> todos os detalhes do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.A capacitação plena do laboratório é alcança<strong>da</strong> por um processo evolutivoque envolve a padronização <strong>da</strong>s tarefas e a auditoria interna para identificaçãoe correção de não-conformi<strong>da</strong>des.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS57A Rede Metrológica-RS apóia esse processo por meio de avaliações periódicasdo sist<strong>em</strong>a de quali<strong>da</strong>de do laboratório, realiza<strong>da</strong>s por sua equipe de avaliadorescredenciados. A avaliação é feita obedecendo rigorosamente aos requisitosdo Guia 25. A ca<strong>da</strong> avaliação o laboratório se compromete com um plano d<strong>em</strong>elhoria, para eliminação <strong>da</strong>s não-conformi<strong>da</strong>des. Dessa forma, há umapreparação evolutiva para a avaliação por avaliadores do organismo certificadoroficial brasileiro – o INMETRO –, que conduzirá à certificação pelo INMETROe à inclusão do laboratório na Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio.Um caso de sucessoEsse caso reúne todos os ingredientes para o sucesso parauma norma técnica brasileira, facilitadora para os negóciosinternacionais, junto com:


GEMAS E JÓIASNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS! a mobilização de um grupo de <strong>em</strong>presas para fazer acertificação de conformi<strong>da</strong>de dos seus produtos com base nanorma; mais:! um elenco de parceiros institucionais para viabilizar ainstalação de um laboratório de ensaios à altura dos requisitosinternacionais; e finalmente:! a possibili<strong>da</strong>de de certificação do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de dolaboratório pela Rede Metrológica-RS.S<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, o sucesso na certificação de cama<strong>da</strong>s melhoraráa competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas <strong>da</strong> região, e abriráamplos acessos aos mercados, tanto no Brasil como noexterior. O caso mostra b<strong>em</strong> como a união, mesmo depequenas <strong>em</strong>presas, pode levar a importantes resultadospara o benefício de todos.58


GRÁFICO


GRÁFICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSNo setor gráfico pod<strong>em</strong>os apresentar bons ex<strong>em</strong>plos dosganhos obtidos com normalização, como produto de negociaçõesentre cliente e fornecedor.Especificações de compra pod<strong>em</strong> ser vincula<strong>da</strong>s à conformi<strong>da</strong>decom normas técnicas, e isso pode acontecer <strong>em</strong>vários estágios ao longo <strong>da</strong> cadeia produtiva. Ver<strong>em</strong>os aseguir alguns casos de normalização na indústria gráfica.Em primeiro lugar, apresentamos o caso <strong>da</strong> padronizaçãode envelopes pelos Correios. Neste caso, a exigência <strong>da</strong>normalização não partiu do cliente final do produto gráficoe sim de um prestador de serviços a esse cliente. A seguir,discutir<strong>em</strong>os um caso de normalização <strong>da</strong> matéria-prima –o papel para a impressão pelo processo offset. E, finalmente,apresentar<strong>em</strong>os um caso de padronização de um produtointermediário na cadeia produtiva – o papel para formulárioscontínuos.60O caso dos Correios: a padronização de envelopesMotivação para padronizarEm todos os correios do mundo o processo produtivo se apóia fort<strong>em</strong>ente nasdimensões e formatos <strong>da</strong>s <strong>em</strong>balagens. Portanto, a sua padronização éfun<strong>da</strong>mental para que se alcance índices de quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de,interferindo decisivamente na composição de custos, preços e tarifas dosserviços postais.Esses padrões de quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de são determinados pelos equipamentose máquinas utilizados no processo postal, dimensionados de acordocom as características <strong>da</strong>s <strong>em</strong>balagens (dimensão, formato, peso, consistência,acabamento, etc.).O segmento industrial que produz o papel, o segmento que o processa paraproduzir o envelope, a gráfica que imprime figuras e textos no envelope e a


GRÁFICO<strong>em</strong>presa ou o ci<strong>da</strong>dão que se utiliza do serviço postal são diretamentebeneficiados pela padronização, uma vez que as normas especificam o papel,defin<strong>em</strong> os seus formatos e estabelec<strong>em</strong> os campos de endereçamento,el<strong>em</strong>entos que orientam todo o sist<strong>em</strong>a econômico que envolve o envelope.Ao mesmo t<strong>em</strong>po, assegura condições de competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria nacional<strong>em</strong> mercados internacionais.Elenco de normas técnicas <strong>em</strong> vigor:NBR 13314 padroniza envelopes tipo saco para correspondências (1995)NBR 12699 classifica os envelopes de papel para correspondência (1972)NBR 1972padroniza os envelopes de papel para correspondência deformato normal, categoria comum e s<strong>em</strong> janela (1993)NBR 1973padroniza os envelopes de papel para correspondência,de formato normal, categoria comum e com janela (1993)NBR 1974padroniza os envelopes de papel para correspondência,de formato normal, categoria especial e s<strong>em</strong> janela (1993)NBR 1975padroniza os envelopes de papel para correspondência,de formato normal, categoria especial e com janela (1993)NBR 13131 padroniza os cartões-postais (1994)NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS61Ganhos <strong>da</strong> normalização para o sist<strong>em</strong>a postalA padronização de envelopes v<strong>em</strong> permitindo um aumento constante <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>dedos Correios, a redução de custos de processo e ganhos de quali<strong>da</strong>de.No período de 1980 a 1998, a produtivi<strong>da</strong>de média dos Correios (objetos/<strong>em</strong>pregado) subiu 42%, aumentando de 59 para 84. Um dos fatores quedeterminaram esse aumento de produtivi<strong>da</strong>de foi o estabelecimento de padrõespara os objetos postais (envelopes para cartas e caixas para encomen<strong>da</strong>s),permitindo uma completa racionalização do processo industrial, otimização dosist<strong>em</strong>a de transporte (intermo<strong>da</strong>lização) e de carga/descarga de veículos,manipulação e movimentação de carga bruta e de objetos avulsos <strong>em</strong> menort<strong>em</strong>po e por meios automatizados . Além disso, a padronização de <strong>em</strong>balagenspermite o estabelecimento de padrões de produtivi<strong>da</strong>de que são fun<strong>da</strong>mentaispara o dimensionamento de centros de produção, para projetos de equipamentos,de máquinas, móveis e ferramentas utilizados no tratamento <strong>da</strong> correspon-


GRÁFICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS62dência, para padronização <strong>da</strong> frota de veículos, para redução dos t<strong>em</strong>pos detratamento nas uni<strong>da</strong>des de produção, para treinamento de trabalhadores, para aapropriação de custos e definição de preços/tarifas, enfim, para a melhoria dosist<strong>em</strong>a postal como um todo.Os benefíciosConclui-se que a padronização dos envelopes postais por meio <strong>da</strong> aplicação denormas técnicas nos produtos gráficos foi fun<strong>da</strong>mental para a racionalização eredução de custos dos processos produtivos, para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de,para a eliminação de desperdícios, para a proteção e preservação do meioambiente, para a melhoria <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>de e, <strong>em</strong> última instância, para amelhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> do ci<strong>da</strong>dão.O caso IMESP (Imprensa Oficial do Estado S.A.):a especificação de papel para impressão <strong>em</strong> offsetEste é um bom ex<strong>em</strong>plo de como t<strong>em</strong> início um processo de normalização.O que mobiliza as pessoas a estu<strong>da</strong>r<strong>em</strong> a adoção de uma especificaçãotécnica para um produto?A indústria gráfica observa padrões <strong>em</strong>píricos de quali<strong>da</strong>de, isto é, os técnicosgráficos avaliam a adequação dos materiais que entram no processo <strong>da</strong>impressão principalmente com base <strong>em</strong> fatores ditados por sua experiência.Como ex<strong>em</strong>plo disso, não se t<strong>em</strong>, hoje, uma especificação para papel offset.As grandes indústrias fabricantes de papel produz<strong>em</strong> padrões que lhes sãopróprios, variando entre si dentro de certos limites. Acontece então que, noscasos de divergência entre cliente e fornecedor, não há uma norma técnicaque especifique o des<strong>em</strong>penho padrão do produto fornecido, levando a atritosao longo <strong>da</strong> cadeia de fornecimento e causando desperdícios. No caso quedescrev<strong>em</strong>os, qu<strong>em</strong> se mobilizou para desenvolver uma especificação para oproduto foi o cliente, a indústria gráfica IMESP, de São Paulo.Motivação para a especificaçãoA IMESP consome aproxima<strong>da</strong>mente 12 mil tonela<strong>da</strong>s de papel/cartão porano. Até 1996, a <strong>em</strong>presa não dispunha de um controle sist<strong>em</strong>ático dos papéis


GRÁFICOadquiridos e também não comprava com base <strong>em</strong> qualquer especificação,utilizando para tal apenas o parâmetro de menor preço. Eram freqüentes osprobl<strong>em</strong>as durante o processo de impressão causados pela má quali<strong>da</strong>de dopapel. Era urgente a necessi<strong>da</strong>de de desenvolver especificações para comprade papéis, a ser utiliza<strong>da</strong> para inspeção no recebimento dos materiais adquiridos.Foi estabeleci<strong>da</strong> uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas(IPT) de São Paulo, visando desenvolver a especificação de papel para offset.Metodologia aplica<strong>da</strong> pelo IPTPara desenvolver a especificação, o IPT procurou conhecer as características dopapel fornecido no mercado, fazendo a caracterização de papéis offset brasileirose determinando a faixa de variação <strong>da</strong>s suas proprie<strong>da</strong>des. Paralelamente, o IPTprocurou conhecer o ambiente no qual o papel será utilizado e a sua interação commateriais e fatores envolvidos no uso, especialmente a sua interação com a tintade impressão e a máquina impressora. Foi necessário conhecer os probl<strong>em</strong>asenvolvidos na aplicação destes papéis, considerando sua interface com a tinta deimpressão, com a máquina impressora e com o produto acabado. Essesprobl<strong>em</strong>as foram levantados pela IMESP por meio de questionários preenchidospelos encarregados de operações nas máquinas. Finalmente, a metodologiapreviu fazer o ajuste <strong>da</strong> especificação desenvolvi<strong>da</strong>, observando o comportamentodo papel fabricado dentro <strong>da</strong>s especificações no processo de impressão.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS63Caracterização dos papéisForam caracterizados papéis de 6 gramaturas, desde 63 g/m 2 até <strong>18</strong>0 g/m 2 .Os técnicos gráficos foram consultados sobre as características que um papelpara impressão deve reunir, sendo destaca<strong>da</strong>s as seguintes: estabili<strong>da</strong>dedimensional, ausência de pó ou imperfeições, bom contato com a superfícieimpressora, acabamento igual nos dois lados, absorção compatível com o tipode tinta, opaci<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong>, resistência adequa<strong>da</strong>, boa formação e cor neutra.Essas características de uso foram relaciona<strong>da</strong>s com proprie<strong>da</strong>des físicasmensuráveis do papel. Foi então elabora<strong>da</strong> uma tabulação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>desfísicas, indicando a sua influência no processo de impressão e a norma deensaio para a determinação.


GRÁFICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSDeterminação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>desPara ca<strong>da</strong> gramatura, foram coleta<strong>da</strong>s amostras de vários lotes fabricadospelos principais fabricantes <strong>em</strong> dias diferentes. As amostras foram submeti<strong>da</strong>sa ensaios pelo IPT para determinação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des físicasespecifica<strong>da</strong>s. As normas técnicas de ensaio para ca<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de játinham sido desenvolvi<strong>da</strong>s pelo IPT num trabalho anterior, <strong>em</strong> parceria coma ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel), na série denormas ABTCP/IPT.Vali<strong>da</strong>çãoPara a vali<strong>da</strong>ção dos valores especificados, elaborou-se uma ficha de acompanhamentoregistrando os probl<strong>em</strong>as que se verificaram ao longo do processo deimpressão. As fichas aplica<strong>da</strong>s confirmaram a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> especificação desenvolvi<strong>da</strong>.Os papéis que tinham proprie<strong>da</strong>des fora <strong>da</strong> faixa recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> prejudicavamo produto e o an<strong>da</strong>mento do serviço.64Um caso de sucessoO caso relatado d<strong>em</strong>onstra o desenvolvimento b<strong>em</strong>-sucedidode uma norma para recebimento de materiais adquiridos.A existência prévia de procedimentos de ensaio vali<strong>da</strong>dosfoi um grande facilitador. A IMESP já pode adquirir seuspapéis com base <strong>em</strong> especificações, elevando o patamartécnico do seu relacionamento com os fornecedores. Essesfornecedores só têm a ganhar com a especificação desenvolvi<strong>da</strong>,uma vez que ela não é arbitrária: foi desenvolvi<strong>da</strong>com base nas características dos papéis oferecidos nomercado. Será útil a todos para redução <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de <strong>em</strong>anutenção do produto dentro dos parâmetros que satisfaçamo cliente.


GRÁFICOO caso dos formulários contínuos:uma aliança entre fornecedores e clientesO inícioGrandes clientes como BANESPA, Banco do Brasil e <strong>em</strong>presas especializa<strong>da</strong>sno setor gráfico, como XEROX e MOORE Formulários, já têm suas própriasespecificações de compra para formulários e respectivos papéis.O espaço institucional <strong>da</strong> ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas)No âmbito <strong>da</strong> ABNT está constituído o ABNT/CB-29 – Comitê Brasileiro deNormalização de Celulose e Papel. A Secretaria Técnica desse Comitê estáconfia<strong>da</strong> à ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel). Poroutro lado, está constituído o Organismo de Normalização Setorial de TecnologiaGráfica ABNT/ONS-27, que foi o primeiro ONS a ser credenciado pela ABNT,<strong>em</strong> 1995. O esforço conjunto entre a ABIGRAF (Associação Brasileira <strong>da</strong>Indústria Gráfica) e a ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) paraviabilizar o desenvolvimento de Normas Técnicas para a indústria gráfica tornouNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSo credenciamento <strong>da</strong> ABTG como ABNT/ONS-27 possível.65Para discutir a normalização dos formulários, foi constituído um Grupo deTrabalho – Formulários no âmbito do ABNT/ONS-27, tendo como m<strong>em</strong>brosrepresentantes <strong>da</strong>s seguintes enti<strong>da</strong>des e <strong>em</strong>presas: ABTCP, ABNT/CB-29,ABTG, MOORE Brasil, Interprint, Tiliform, XEROX, Banco do Brasil, BANESPAGráfica, Champion, VCP, Bahia Sul e RIPASA. Constatando-se que aíestavam representa<strong>da</strong>s as principais organizações <strong>da</strong> cadeia produtiva doformulário. As decisões toma<strong>da</strong>s dentro do grupo certamente representariamo consenso <strong>da</strong>s opiniões dos seus setores.Desenvolvimento <strong>da</strong> normaA agen<strong>da</strong> de discussão do grupo de trabalho incluiu:Revisão e atualização de terminologias;Definição de tolerâncias;Limites de umi<strong>da</strong>de absoluta do papel; eDefinição do papel para formulário.


GRÁFICONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSDesse trabalho, resultou a atualização <strong>da</strong>s normas:NBR 12532Tecnologia Gráfica – Formulários – TerminologiaNBR 12328Tecnologia Gráfica – Formulários – EspecificaçõesNBR 11721Tecnologia Gráfica – Formulários – Proprie<strong>da</strong>des Físicas,Acondicionamento e Estocag<strong>em</strong>Um caso de sucessoA <strong>em</strong>issão de normas técnicas de aplicação uniforme,consensa<strong>da</strong>s por todos os interessados, certamente é umasignificativa conquista do setor. Racionaliza, melhora a produtivi<strong>da</strong>de,permite fornecer com quali<strong>da</strong>de assegura<strong>da</strong>. Deuma forma geral, resultará <strong>em</strong> mais lucro e maiorcompetitivi<strong>da</strong>de para to<strong>da</strong> a cadeia produtiva.66


HIGIENE E LIMPEZA


HIGIENE E LIMPEZANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSO processo formal de certificação se justifica?As normas NBR ISO série 9000 sist<strong>em</strong>atizam a garantia <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de do produto na cadeia de fornecimento. Seu objetivoé assegurar à <strong>em</strong>presa-cliente que os insumos adquiridos deum fornecedor são produzidos segundo processos uniformes,e que manterão a conformi<strong>da</strong>de dos produtos com a respectivaespecificação. O setor de Higiene Pessoal e Limpezaproduz uma gama de produtos destinados exclusivamente àven<strong>da</strong> no varejo, sendo, assim, um setor voltado para asatisfação dos consumidores.No varejo, a grande massa de consumidores certamente nãov<strong>em</strong> privilegiando a certificação ISO 9000 como definidor <strong>da</strong>sua opção de compra, especialmente <strong>em</strong> produtos na área dehigiene pessoal e beleza, nos quais os critérios decisivos sãomuito mais subjetivos, influenciados por um marketing extr<strong>em</strong>amentesofisticado.68Por essa razão, é interessante examinarmos o caso de uma<strong>em</strong>presa média nacional que atua nesse setor de produtosde consumo e que buscou a certificação do seu sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de conforme as normas NBR ISO série 9000, paraverificarmos que o processo de certificação do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de pode trazer à <strong>em</strong>presa outras vantagens competitivas.Apresentamos a M<strong>em</strong>phisM<strong>em</strong>phis S.A. é um <strong>em</strong>presa média de capital nacional que se mantémcompetitiva <strong>em</strong> um mercado dominado por gigantes multinacionais, comoGessy Lever, Colgate-Palmolive e Procter&Gamble. Sua participação nomercado brasileiro de produtos de higiene pessoal é cerca de 4% <strong>em</strong> sabonetese 6% <strong>em</strong> desodorantes. A consultoria Arthur Andersen realizou umapesquisa sobre as 100 maiores <strong>em</strong>presas no Rio Grande do Sul (in: RevistaAMANHÃ, julho de 1999), que caracterizou a <strong>em</strong>presa como se segue:


HIGIENE E LIMPEZA"Ain<strong>da</strong> na categoria <strong>da</strong>s pequenas notáveis, desponta a M<strong>em</strong>phis (95ª posição),que figura entre as <strong>em</strong>presas mais capitaliza<strong>da</strong>s, de melhor liquidez e de menorendivi<strong>da</strong>mento. Apesar <strong>da</strong>s credenciais, o ano não foi fácil para a fabricante <strong>da</strong>linha de sabonetes Quatro Estações. As ven<strong>da</strong>s <strong>em</strong>pacaram no mesmo nível de1997. O que faz a diferença entre a M<strong>em</strong>phis e tantas outras <strong>em</strong>presas <strong>em</strong>situação s<strong>em</strong>elhante é a capaci<strong>da</strong>de de gestão. Mesmo patinando comercialmente,a cinqüentona soube controlar seus custos e terminou o ano com umlucro equivalente a 15% <strong>da</strong>s suas ven<strong>da</strong>s, o que a coloca entre as dez maisrentáveis do Rio Grande do Sul."O início: busca de uma nova culturaA <strong>em</strong>presa, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1949, tinha uma cultura muito ancora<strong>da</strong> na tradição. Atecnologia repousava nos conhecimentos e na experiência de pessoas, queeram a garantia <strong>da</strong> uniformi<strong>da</strong>de dos processos. Em 1993 iniciou-se aimplantação de um programa de quali<strong>da</strong>de total, com o objetivo de promovera mu<strong>da</strong>nça <strong>em</strong> direção à gestão dos processos. Iniciou-se pela impl<strong>em</strong>entaçãode programas "5S" e de Círculos de Controle de Quali<strong>da</strong>de – CCQ, <strong>em</strong> queforam coloca<strong>da</strong>s <strong>em</strong> discussão to<strong>da</strong>s as rotinas <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, para definir osprocedimentos padronizados.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS69Em 1993, a M<strong>em</strong>phis fez um convênio com o Governo do Estado implantandona própria fábrica uma escola de primeiro e segundo graus, para a melhoria<strong>da</strong> qualificação dos seus <strong>em</strong>pregados. Adicionalmente, os programas detreinamento funcional investiram acima de 40 horas por <strong>em</strong>pregado por ano.A sist<strong>em</strong>atização por meio <strong>da</strong> normaA partir do terceiro ano de impl<strong>em</strong>entação de métodos de quali<strong>da</strong>de total ficouevidente a necessi<strong>da</strong>de de se montar um sist<strong>em</strong>a para garantir que os processos,agora padronizados, foss<strong>em</strong> efetivamente obedecidos e que houvessesustentação para a melhoria contínua desses. Foi decidido, então, estruturaro sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de acordo com os requisitos <strong>da</strong> norma NBR ISO 9002e buscar a certificação do sist<strong>em</strong>a, a fim de sist<strong>em</strong>atizar todo o trabalho járealizado e formalizar os mecanismos de controle. A certificação foi vistacomo uma conseqüência do trabalho de implantação de um sist<strong>em</strong>a dequali<strong>da</strong>de total.


HIGIENE E LIMPEZANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS70A função de auditoria interna foi implanta<strong>da</strong> com atuação muito ampla. Chama<strong>da</strong>de "Auditoria do Presidente", ela audita o sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de certificadoconforme a norma NBR ISO 9002, abrangendo os padrões dos processos, todosos el<strong>em</strong>entos do programa de quali<strong>da</strong>de total implantado na <strong>em</strong>presa e oatendimento aos requisitos <strong>da</strong> Vigilância Sanitária prescritos pelo Ministério <strong>da</strong>Saúde. A norma é uma ferramenta aplica<strong>da</strong> para promover a melhoria contínuade to<strong>da</strong> a <strong>em</strong>presa. Para um controle eficiente de ações corretivas e preventivasforam criados "cartões de não-conformi<strong>da</strong>de". Ao se constatar qualquer irregulari<strong>da</strong>dedo processo, seja pelo próprio pessoal ou detecta<strong>da</strong> por um it<strong>em</strong> deauditoria, b<strong>em</strong> como ao receber qualquer reclamação de cliente, é <strong>em</strong>itido umcartão, que deflagra o trabalho de equipe, de análise e solução de probl<strong>em</strong>as.Para sist<strong>em</strong>atizar a gestão <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa foi implantado o gerenciamento pordiretrizes, com indicadores de acompanhamento mensal para: Quali<strong>da</strong>de doProduto, Custo, Produtivi<strong>da</strong>de, Resultado, Ven<strong>da</strong>s, Fatia de Mercado, Treinamento,Acidentes de Trabalho, Participação <strong>em</strong> CCQ e Quali<strong>da</strong>de do Processo.O desdobramento <strong>da</strong>s diretrizes até o nível <strong>da</strong> operação gera 1.700 itens decontrole distribuídos por todos os setores <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. As metas são fixa<strong>da</strong>scom base <strong>em</strong> um benchmark (um índice de excelência) para ca<strong>da</strong> indicador,que é determinado pesquisando o des<strong>em</strong>penho de <strong>em</strong>presas líderes segundoos diversos indicadores. Por ex<strong>em</strong>plo, foram aproveitados indicadores depesquisa publica<strong>da</strong> na Revista EXAME sobre "As 50 melhores <strong>em</strong>presas doPaís". O funcionamento desse sist<strong>em</strong>a também está plenamente padronizadoe documentado por procedimentos, e é periodicamente auditado. O cálculo <strong>da</strong>participação dos <strong>em</strong>pregados nos lucros <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa está diretamente vinculadoaos indicadores.Em direção ao ideal <strong>da</strong> "<strong>em</strong>presa ágil"Vimos acima a contribuição <strong>da</strong> padronização para a melhoria contínua dosprocessos e para o sist<strong>em</strong>a de gestão <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. Outro objetivo, de fun<strong>da</strong>mentalimportância estratégica, foi viabilizado tendo a padronização dos processoscomo ferramenta imprescindível: conquistar o paradigma <strong>da</strong> rapidez.Explicamos: a estratégia de mercado adota<strong>da</strong> pela M<strong>em</strong>phis é uma estratégia"seguidora". Sendo uma <strong>em</strong>presa pequena <strong>em</strong> um setor dominado por grandesmultinacionais e s<strong>em</strong> poder para o marketing intenso, a M<strong>em</strong>phis procura


HIGIENE E LIMPEZAseguir os lançamentos do mercado, introduzindo produtos equivalentes <strong>em</strong>quali<strong>da</strong>de e atrativi<strong>da</strong>de ao consumidor, com menor preço.Mas "seguidora" não significa "copiadora". Pelo contrário, exige <strong>em</strong> primeirolugar capaci<strong>da</strong>de própria de desenvolvimento. A M<strong>em</strong>phis t<strong>em</strong> essa capaci<strong>da</strong>depor possuir, desde suas origens, uma perfumaria própria, capaz dedesenvolver formulações. Outro fator que está no mesmo nível de importânciaé a rapidez, ou seja, a capaci<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>r respostas rápi<strong>da</strong>s às novasd<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s que se criam no mercado a partir dos lançamentos feitos pelas<strong>em</strong>presas líderes.A partir <strong>da</strong> padronização dos processos, o desenvolvimento de produtostornou-se ágil, chegando rapi<strong>da</strong>mente aos resultados. Um ex<strong>em</strong>plo: na esteirado lançamento por um grande concorrente multinacional de um novoconceito de sabonete hidratante, a M<strong>em</strong>phis desenvolveu um produto replicandoo conceito, lançando o seu sabonete "Biocr<strong>em</strong>a" para concorrer comexclusivi<strong>da</strong>de na faixa do produto mundial que acabara de ser lançado. No seusegundo ano no mercado, esse novo produto já responde por 10% dofaturamento total <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSComo indicador de controle dos ganhos de agili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa acompanha onúmero anual de lançamentos de novos produtos. Em 1998, a <strong>em</strong>presa fez seislançamentos. Até set<strong>em</strong>bro de 1999, já tinham sido lançados 10 novos produtos.71Um caso de sucessoRelatamos a experiência de uma <strong>em</strong>presa média (a M<strong>em</strong>phist<strong>em</strong> 300 <strong>em</strong>pregados diretos) de capital nacional, que s<strong>em</strong>antém competitiva <strong>em</strong> um ambiente de intensa concorrênciacom grandes <strong>em</strong>presas multinacionais. A <strong>em</strong>presa consideraque a implantação do programa de quali<strong>da</strong>de total, alia<strong>da</strong>a uma rigorosa padronização dos processos e à certificaçãoISO 9002 por organismo de terceira parte são ferramentasimprescindíveis para o sucesso do seu trabalho.


ILUMINAÇÃO


ILUMINAÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSO caso relatado trata <strong>da</strong> indústria de reatores para iluminaçãode descarga (lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes).Este será um caso de pleno sucesso na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que o setorde iluminação conseguir reunir todos os interesses para concluiro seu trabalho de normalização, compl<strong>em</strong>entando asnormas técnicas brasileiras já publica<strong>da</strong>s.Um apoio <strong>em</strong> direção à normalização é <strong>da</strong>do pelo ProgramaBrasileiro de Etiquetag<strong>em</strong>. No caso de lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes,o Selo PROCEL de Economia de Energia atesta produtoscom base <strong>em</strong> requisitos mínimos de des<strong>em</strong>penho, representandoum passo no caminho certo.Ilustramos o caso pela perspectiva de uma <strong>em</strong>presa líder nomercado de reatores descrevendo os seus desafios, que sãocomuns aos d<strong>em</strong>ais fabricantes do setor.74Apresentamos a INTRAL S.A.A INTRAL S.A. é uma <strong>em</strong>presa de capital nacional de porte médio, com aproxima<strong>da</strong>mente900 colaboradores. T<strong>em</strong> a matriz <strong>em</strong> Caxias do Sul – RS, ondefabrica reatores para lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes, e uma planta <strong>em</strong> Iperó – SP,onde fabrica reatores para iluminação pública (mercúrio, sódio e metálico).Com sua orig<strong>em</strong> liga<strong>da</strong> diretamente ao produto "reatores para lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes",a INTRAL detém, hoje, uma participação de cerca de 40% do mercado.A <strong>em</strong>presa, desde o início, desenvolveu produtos por seus próprios meios,tendo domínio <strong>da</strong> tecnologia do reator magnético, juntamente com a modernizaçãoconstante dos processos. Assim sendo, a <strong>em</strong>presa teve condições debaixar progressivamente os seus preços, com o aumento de volume deprodução, conquistando uma posição competitiva muito forte. Essa posição éain<strong>da</strong> reforça<strong>da</strong> pela qualificação técnica alcança<strong>da</strong>.Em 1995, a <strong>em</strong>presa foi certifica<strong>da</strong> segundo a Norma NBR ISO 9001. A linhade produtos, por sua vez, t<strong>em</strong> conformi<strong>da</strong>de certifica<strong>da</strong> com as normas técnicas<strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), respectivamente a


ILUMINAÇÃONBR 5114 (Reator Magnético – Especificação) e NBR 5172 (Métodos de Ensaiopara Reator Magnético).Panorama do mercado brasileiro de reatoresNo Brasil, a produção do reator magnético se concentra <strong>em</strong> cinco grandes<strong>em</strong>presas (sendo a PHILLIPS a principal concorrente <strong>da</strong> INTRAL nesse produto).Na fabricação de reatores eletrônicos – uma tecnologia de reatores para lâmpa<strong>da</strong>sfluorescentes introduzi<strong>da</strong> no Brasil há mais ou menos cinco anos –,o mercado está pulverizado entre dezenas de pequenos fabricantes. O reatoreletrônico, apesar de ser cerca de 30% mais caro, está sendo b<strong>em</strong> aceito e jádetém uma participação de 10 a 15% do mercado brasileiro.Quais são as vantagens <strong>da</strong> nova tecnologia e o que permitiu que tantas<strong>em</strong>presas novas ingressass<strong>em</strong> no setor?A tecnologia do reator eletrônico proporciona um significativo ganho deenergia, medido <strong>em</strong> lumens/watt, porque alimenta a lâmpa<strong>da</strong> <strong>em</strong> alta freqüência,<strong>em</strong> contraste com os 60 Hz do reator magnético. A alta freqüência t<strong>em</strong> umlado negativo: o reator eletrônico pode induzir na rede elétrica uma "distorçãoharmônica" que prejudica o des<strong>em</strong>penho <strong>da</strong> rede. Além disso, ela é uma fontepotencial de interferência eletromagnética, tanto conduzi<strong>da</strong> através <strong>da</strong> redecomo <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> para o espaço. Para controlar esses efeitos negativos, mantendo-osdentro de limites aceitáveis, o projeto dos reatores eletrônicos precisaprever circuitos especiais de filtrag<strong>em</strong>. Por isso os reatores que utilizam essatecnologia têm o dobro do custo de produção de reatores magnéticos equivalentes,e a sua aplicação fica restrita a nichos de mercado que exig<strong>em</strong> altodes<strong>em</strong>penho. A INTRAL desenvolveu um reator eletrônico dentro dos requisitos<strong>da</strong> norma ANSI (American National Stan<strong>da</strong>rds Institute) C82.11 High-Frequency Fluorescent Ballasts e comercializa este produto dentro do nichode grandes clientes, com alta consciência <strong>em</strong> questões de conservação deenergia (por ex<strong>em</strong>plo, para universi<strong>da</strong>des).NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS75Surge um reator eletrônico barateado, "modelo brasileiro"Ao contrário do reator magnético, que exige altos investimentos <strong>em</strong> ferramental,a fabricação de um reator eletrônico se resume à montag<strong>em</strong> de uma placa de


ILUMINAÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS76circuito impresso, com componentes amplamente disponíveis no mercado.Qualquer oficina eletrônica está apta para fabricar o reator, com reduzidoinvestimento e s<strong>em</strong> necessi<strong>da</strong>de de grande escala de fabricação. A únicabarreira é o elevado custo dos componentes. Surge então no mercadobrasileiro um reator "básico" <strong>em</strong> que foram eliminados os circuitos de filtrag<strong>em</strong>.Esse reator entra numa faixa competitiva de preço, oferecendo ao consumidorfinal exclusivamente a função que ele procura (acender a lâmpa<strong>da</strong>), com avantag<strong>em</strong> do menor consumo de energia. Os efeitos prejudiciais para a redeelétrica e o meio ambiente não são percebidos pelo consumidor, atingindodiretamente os distribuidores de energia.O esforço para normalização dos reatoresA especificação e os métodos de ensaio para os reatores magnéticos já têmnorma brasileira publica<strong>da</strong> pela ABNT. São as normas NBR 5114 (ReatorMagnético – Especificação) e NBR 5172 (Métodos de Ensaio para ReatorMagnético), fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s <strong>em</strong> normas internacionais <strong>da</strong> IEC (InternationalElectrotechnical Comission).Para os reatores eletrônicos, estão sendo discuti<strong>da</strong>s no âmbito <strong>da</strong> CE-03:034.21– Comissão de Estudo de Reatores, Ignitores, Transformadores e Controles doComitê Brasileiro de Normalização ABNT/CB-03 – Eletrici<strong>da</strong>de, com base <strong>em</strong>normas equivalentes <strong>da</strong> IEC, respectivamente IEC 60928 – Electronic Ballastsfor Tubular Fluorescent Lamps-General and Safety Requir<strong>em</strong>ents e IEC 60929– Electronic Ballasts for Tubular Fluorescent Lamps – PerformanceRequir<strong>em</strong>ents. Mais duas normas brasileiras foram recent<strong>em</strong>ente aprova<strong>da</strong>s:a NBR14417 Reatores eletrônicos alimentados <strong>em</strong> corrente alterna<strong>da</strong> paralâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes tubulares – Prescrições gerais e de segurança e aNBR144<strong>18</strong> Reatores eletrônicos alimentados <strong>em</strong> corrente alterna<strong>da</strong> para lâmpa<strong>da</strong>sfluorescentes tubulares – Prescrições de des<strong>em</strong>penho.To<strong>da</strong> norma técnica deve estabelecer padrões mínimos que lev<strong>em</strong> <strong>em</strong> contaos interesses de todos os segmentos interessados. No caso, a norma dizrespeito não só aos próprios fabricantes de reatores e aos consumidoresfinais. Também a Eletrobrás e as concessionárias de energia elétrica brasileirassão diretamente afeta<strong>da</strong>s pelo des<strong>em</strong>penho elétrico dos reatores, um it<strong>em</strong>de larguíssimo uso <strong>em</strong> to<strong>da</strong> rede elétrica.


ILUMINAÇÃOA norma brasileira <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> pela ABNT é um instrumento poderoso para impor umpadrão mínimo de des<strong>em</strong>penho aos fabricantes. A norma t<strong>em</strong> força de lei no quetange à defesa do consumidor, estendendo importante proteção legal tambémpara o fabricante que t<strong>em</strong> seus produtos certificados <strong>em</strong> conformi<strong>da</strong>de com anorma. Por outro lado, a existência <strong>da</strong> norma obriga o Poder Público aespecificar os produtos fazendo referência à norma nas licitações públicas, oque também se constitui <strong>em</strong> poderoso incentivo para os fabricantes.Como a permanência no mercado de um grande número de fabricantes de reatoreletrônico depende de poder<strong>em</strong> continuar a fabricar o modelo "simplificado" quenão atende aos padrões propostos, isso leva a um impasse no âmbito <strong>da</strong> ABNT.O setor acaba sendo nivelado por baixo, com prejuízo para a socie<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>ndoum ex<strong>em</strong>plo de como a falta <strong>da</strong> norma técnica brasileira gera um "custo Brasil".Conscientizando o consumidor: o Selo PROCEL de Economia de EnergiaMas há outros caminhos possíveis, que passam pela conscientização do consumidor.Quando o consumidor começar a exigir produtos certificados, as <strong>em</strong>presasterão uma forte motivação para aderir<strong>em</strong> à norma técnica. No caso queestamos descrevendo, entra <strong>em</strong> cena o PROCEL.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS77O Programa de Combate ao Desperdício de Energia (PROCEL) é umprograma governamental administrado pela Eletrobrás. Seu objetivo é racionalizaro consumo de energia elétrica, maximizando a eficácia dos investimentosno sist<strong>em</strong>a de geração e distribuição de energia, o que reduz oscustos para o País e para o consumidor e melhora a competitivi<strong>da</strong>deinternacional dos produtos elétricos de consumo e bens duráveis. Em dez<strong>em</strong>brode 1993 foi criado, por decreto presidencial, o Selo PROCEL deEconomia de Energia para estimular a oferta ao consumidor de produtosenergeticamente eficientes e elevando, <strong>em</strong> conseqüência, a quali<strong>da</strong>de dosprodutos <strong>em</strong> nível internacional.Os critérios para a concessão deste selo são estabelecidos por uma Comissãode Análise Técnica, cujo trabalho é coordenado pelo PROCEL e articuladocom o Programa Brasileiro de Etiquetag<strong>em</strong> do INMETRO. A operacionalização<strong>da</strong> concessão do selo apóia-se <strong>em</strong> Grupos Técnicos que contam


ILUMINAÇÃONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS78com a participação de todos os interessados no assunto – laboratórios deensaios, enti<strong>da</strong>des de defesa do consumidor, enti<strong>da</strong>des governamentais,associações de classe e fabricantes do produto. O INMETRO excerce acoordenação técnica dos grupos. As regras e os critérios para a concessão doselo tomam a forma de regras específicas dos produtos.Present<strong>em</strong>ente, to<strong>da</strong> a sist<strong>em</strong>ática de etiquetag<strong>em</strong> b<strong>em</strong> como as regras estãosendo revistas para atender e adequar-se ao modelo do SBC – Sist<strong>em</strong>aBrasileiro de Certificação. Dessa forma, a concessão do selo passa a satisfazeraos requisitos de um certificado de conformi<strong>da</strong>de <strong>em</strong>itido por um OCC– Organismo de Certificação Credenciado.O Selo PROCEL dá um passo decisivo <strong>em</strong> direção à norma técnicaJá está <strong>em</strong> vigor uma regra específica que trata de um produto de iluminação:o selo para Lâmpa<strong>da</strong> Eficiente, que é o conjunto reator e lâmpa<strong>da</strong>fluorescente compacta, para instalação doméstica <strong>em</strong> substituição à lâmpa<strong>da</strong>incandescente. Nesse conjunto, o reator t<strong>em</strong> um soquete que é atarraxadona mesma base <strong>da</strong> lâmpa<strong>da</strong> incandescente, sendo, portanto, diretamenteintercambiável. Nas regras estabeleci<strong>da</strong>s foi incluído como requisitoman<strong>da</strong>tório que a distorção harmônica total (THD) seja inferior a 30%. Esselimite é ligeiramente mais rigoroso que a norma internacional IEC 60929 <strong>da</strong>IEC (International Electrotechnical Comission), que estipula THD máximo de32%. Dessa forma, o fabricante de reatores eletrônicos para essa aplicaçãoterá que adequar o seu produto à norma técnica internacional para sehabilitar ao Selo PROCEL.Esse é um grande passo <strong>em</strong> direção à norma técnica, por um caminhodiferente. O Selo PROCEL estimula a conscientização do consumidor paraos benefícios do produto certificado. Ele promove o conceito de que produtosque satisfaçam os requisitos de des<strong>em</strong>penho certificados pelo Selodev<strong>em</strong> ser preferidos porque são benéficos para o consumidor e para asocie<strong>da</strong>de. Na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que campanhas promocionais puder<strong>em</strong> realizaressa conscientização, as próprias forças de mercado vão impelir os fabricantes<strong>em</strong> direção a produtos conformes.


ILUMINAÇÃOUm caso de sucessoSeis fabricantes do conjunto reator-lâmpa<strong>da</strong> compacto, entreeles a INTRAL, já tiveram os seus produtos certificados eestão habilitados a exibir o Selo PROCEL nesses produtos.De qualquer forma, este é um caso de sucesso porqued<strong>em</strong>onstra que, mesmo <strong>em</strong> um ambiente repleto de obstáculospara a definição de critérios técnicos, um Selo de Conformi<strong>da</strong>de(o Selo PROCEL) abriu um caminho alternativo parase fazer avançar o nível tecnológico dos produtos <strong>em</strong> direçãoa um padrão técnico aceitável. Os beneficiados com esseprocesso são o consumidor e a economia do País.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS79


INFORMÁTICA


INFORMÁTICANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS82Ao contrário de outros setores industriais que desenvolv<strong>em</strong>suas normas técnicas para padronizar produtos existentesno mercado, o setor de informática mostra que épossível desenvolver uma norma para apoiar o desenvolvimentode produtos ain<strong>da</strong> inéditos, incorporando novastecnologias.Ex<strong>em</strong>plo disso é o caso do desenvolvimento, <strong>em</strong> 1993, deuma norma internacional para a tecnologia de compressãodigital de som, anos antes <strong>da</strong> explosão <strong>da</strong>s aplicaçõesdessa tecnologia no universo <strong>da</strong> Internet, que só viria aocorrer <strong>em</strong> 1999.O caso também mostra a importância que t<strong>em</strong> a ISO(International Organization for Stan<strong>da</strong>rdization), com seupoder de impor um padrão técnico <strong>em</strong> nível mundial.E também d<strong>em</strong>onstra como é importante a participação doBrasil nos diversos comitês técnicos <strong>da</strong> ISO, pois só assimpoder<strong>em</strong>os conhecer e antecipar os rumos que tomam asnovas tecnologias.A antecipação tecnológica consoli<strong>da</strong> os seus rumos <strong>em</strong> uma norma técnicaO setor de Informática avança a grande veloci<strong>da</strong>de. Alguns produtos mu<strong>da</strong>m degeração várias vezes ao ano. Surg<strong>em</strong> produtos para usos absolutamente novos,criando um mercado próprio que se expande exponencialmente, numa ver<strong>da</strong>deira"avalanche do novo".O surgimento de um produto inédito s<strong>em</strong>pre é precedido de um trabalho deantecipação tecnológica de longa e árdua maturação. A antecipação tecnológicaé necessariamente visionária.O projetista aposta no avanço <strong>da</strong> tecnologia <strong>em</strong> outras áreas, críticas parao sucesso do seu produto. Por ex<strong>em</strong>plo, um projeto de software pode exigiruma capaci<strong>da</strong>de de processamento superior à ofereci<strong>da</strong> pelos microprocessadoresdisponíveis.


INFORMÁTICAA inovação também deve reunir condições de ser universalmente adota<strong>da</strong>, oque obriga o projetista a antecipar um "padrão", que possa ser seguido por todosos desenvolvedores de suas aplicações. Esse padrão t<strong>em</strong> que ser consensadopelos participantes no desenvolvimento para poder ser formalizado <strong>em</strong> umanorma técnica de aceitação geral. No caso que relatamos, a norma técnicafixou o padrão de um formato de compactação de áudio, anos antes <strong>da</strong> suaintrodução no mercado.Conheça o MP3O MPEG Layer 3, popularmente conhecido como MP3, é um formato de áudiode aplicação universal, compatível com todos os grandes sist<strong>em</strong>as operacionaisde processamento de <strong>da</strong>dos. Qual a sua vantag<strong>em</strong>? O MP3 reduz o tamanhodos arquivos de áudio a cerca de 1/12 do original, eliminando partes imperceptíveisao ouvido humano. Isso se traduz <strong>em</strong> arquivos que pod<strong>em</strong> serfacilmente transferidos, s<strong>em</strong> per<strong>da</strong>s notáveis de quali<strong>da</strong>de.Nos últimos <strong>18</strong> meses houve uma explosão do uso do MP3 para transmitirarquivos de música pela Internet, operando uma ver<strong>da</strong>deira revolução nomercado fonográfico. O downloading <strong>da</strong> Internet tornou imediatamente acessívelum imenso acervo de gravações, muitas delas esgota<strong>da</strong>s <strong>em</strong> suasedições <strong>em</strong> disco CD, abalando até os alicerces de to<strong>da</strong> a indústria fonográficae de entretenimento. Nossos jovens já assimilaram o MP3 como parte do seucotidiano. Mas poucos sab<strong>em</strong> a tecnologia que se oculta atrás do seudes<strong>em</strong>penho, e muito menos ain<strong>da</strong> a importância que teve a normalizaçãopara acelerar o seu sucesso. Vamos olhar mais de perto para isso.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS83MPEG é um acrônimo que significa Moving Picture Experts Group (Grupo deEspecialistas de Imagens <strong>em</strong> Movimento). É um grupo técnico que produzespecificações (normas) genéricas para compressão de vídeo e áudio digitais,reunido dentro do comitê JTC1 (Joint Technical Committee 1) <strong>da</strong> ISO.Tecnicamente falando, o MPEG se chama ISO/IEC JTC1/SC29/WG11, ou seja,o Grupo de Trabalho 11 do Subcomitê 29 do Comitê Conjunto <strong>em</strong> Tecnologia<strong>da</strong> Informação <strong>da</strong> ISO e IEC (International Electrotechnical Commission).Então esse é um dos numerosos grupos de especialistas vindos de <strong>em</strong>presase laboratórios de pesquisa e desenvolvimento que se reún<strong>em</strong> permanent<strong>em</strong>entedentro <strong>da</strong> organização ISO para discutir e consensar novos padrões de


INFORMÁTICANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS84aceitação internacional para produtos. No caso presente, esse grupo discutia– e continua discutindo – os esqu<strong>em</strong>as de compressão de <strong>da</strong>dos para facilitara transmissão digital de imagens e sons.S<strong>em</strong> a utilização de esqu<strong>em</strong>as de compressão são necessários, normalmente,1.400 bits para representar um único segundo de música estéreo comquali<strong>da</strong>de de CD. A compressão MPEG utiliza técnicas de codificaçãoperceptivas, eliminando as on<strong>da</strong>s sonoras que não sensibiliz<strong>em</strong> o ouvidohumano. Com a codificação MPEG, pode-se comprimir os <strong>da</strong>dos originaisdo CD com o fator de 1/12, s<strong>em</strong> per<strong>da</strong> notável de quali<strong>da</strong>de sonora. Mesmofatores iguais ou superiores a 24 mantêm uma boa quali<strong>da</strong>de de reproduçãodo som.Como aconteceuEm 1987, o laboratório de pesquisas Fraunhofer Institut für IntegrierteSchaltungen (IIS) <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha começou a trabalhar no projeto EUREKAEU147 – Digital Audio Broadcasting (DAB). Trabalhando <strong>em</strong> cooperação coma Universi<strong>da</strong>de de Erlangen (Al<strong>em</strong>anha), o IIS concebeu um algoritmo extr<strong>em</strong>amentepoderoso. O trabalho realizado pelo Instituto Fraunhofer foi adotadopela ISO como padrão para áudio digital e transformado <strong>em</strong> norma pelo comitêMPEG. As ativi<strong>da</strong>des de áudio <strong>da</strong> primeira fase (MPEG-1) foram concluí<strong>da</strong>s<strong>em</strong> 1992 e resultaram na norma internacional ISO/IEC 11172, publica<strong>da</strong> <strong>em</strong>1993. Essa primeira fase li<strong>da</strong>va com um esqu<strong>em</strong>a de codificação de som monoe estéreo, <strong>em</strong> freqüências normalmente utiliza<strong>da</strong>s para áudio de alta quali<strong>da</strong>de(48, 44.1 e 32 kHz), especificamente <strong>em</strong> mídias de armazenamento. Então,já <strong>em</strong> 1993 o MP3 estava pronto, esperando que a Internet "decolasse" e quese popularizass<strong>em</strong> os microcomputadores com processadores rápidos, acimade 100 MHz.A parte de áudio <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fase (MPEG-2) foi finaliza<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1994, resultandona norma internacional ISO/IEC 138<strong>18</strong>-3, publica<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1995, estabelecendopadrões para a televisão digital. Essa norma ain<strong>da</strong> está esperando que atecnologia <strong>da</strong> TV evolua de analógica para digital.A especificação MPEG-4, concluí<strong>da</strong> <strong>em</strong> outubro de 1998, inseriu novosconceitos para aplicações multimídia.


INFORMÁTICAO boom do MP3O comitê MPEG sancionou o “layer 3” <strong>em</strong> 1993 e seus esforços para produzir umanorma começaram nos idos de 1987. Só 11 anos depois <strong>da</strong> sua concepção, ecinco anos após sua normalização, pod<strong>em</strong>os afirmar que esse formato estápopularizado. Hoje <strong>em</strong> dia, com alguns minutos de procura na Internet, achamosprogramas que comprim<strong>em</strong>, reproduz<strong>em</strong> e extra<strong>em</strong> músicas de CDs.Pod<strong>em</strong>os considerar essa explosão <strong>da</strong> populari<strong>da</strong>de do MP3 como um reflexo<strong>da</strong> própria explosão <strong>da</strong> populari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Internet. Outro fator importante é aveloci<strong>da</strong>de dos equipamentos – computadores e mod<strong>em</strong>s. Em 1993, oprocessador Pentium foi lançado, nas versões de 60 MHz e 66 MHz. A d<strong>em</strong>orapara compactar 60 minutos de música era inaceitável. Atualmente, comprocessadores chegando a 500 MHz, o t<strong>em</strong>po de criação foi reduzido,aproximando-se basicamente do t<strong>em</strong>po necessário para a leitura <strong>da</strong> músicado CD. A veloci<strong>da</strong>de do processador também permite a reprodução <strong>em</strong> t<strong>em</strong>poreal <strong>da</strong> música, s<strong>em</strong> uma espera para descomprimir o arquivo MP3.O sucesso <strong>da</strong> norma antecipadoraA aceitação do padrão MPEG fez com que ele se tornasseuma <strong>da</strong>s mais amplas aplicações conheci<strong>da</strong>s de uma normaISO. Estima-se que existam milhares de decodificadores nomercado utilizando o padrão <strong>da</strong> norma. Além disso, diversasoutras normas, como a ITU (International TelecommunicationUnion) BS.1115 e a ETSI (European TelecommunicationStan<strong>da</strong>rdization Institute) ETS 300 401, utilizam a normaMPEG como base.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS85Este caso nos d<strong>em</strong>onstra que a existência <strong>da</strong> norma técnicaabre o caminho para o desenvolvimento tecnológico. E que,<strong>em</strong> qualquer setor, o acervo de normas técnicas é um ativovalioso de que dispõ<strong>em</strong> as <strong>em</strong>presas para promover<strong>em</strong> a suaatualização tecnológica.Referência:MP3 A revolução do Som via Internet – A. Valle, C. Guimarães, F. Chalub– Reichmann&Affonso Editores – 1999.


MÁRMORES E GRANITOS


MÁRMORES E GRANITOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSRelatamos nesse caso a mobilização de <strong>em</strong>presas, associaçõesde classe e enti<strong>da</strong>des públicas para um projeto decaracterização <strong>da</strong>s rochas ornamentais (mármores e granitos)extraí<strong>da</strong>s no Estado do Espírito Santo, culminando napublicação de um Catálogo de Rochas Ornamentais. Estetrabalho, altamente técnico, teve o objetivo de dotar asindústrias de um recurso indispensável para o sucesso do seuesforço de exportação.Um setor e uma região com grande potencial exportadorO setor de extração e beneficiamento de mármores e granitos é muito desenvolvidono Espírito Santo, graças às importantes jazi<strong>da</strong>s de rochas ornamentaisde alta quali<strong>da</strong>de que se encontram nesse Estado. A beleza e varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>scores e desenhos do produto têm um grande potencial de exportação.88São pontos fortes <strong>da</strong> região a existência de:grandes reservas de materiais com excelente potencial ornamental;um parque industrial voltado para a extração e beneficiamento de rochasornamentais.Em comparação com os concorrentes exportadores <strong>da</strong> Ásia e África, a regiãopossui localização geográfica privilegia<strong>da</strong> pela proximi<strong>da</strong>de dos EstadosUnidos, que é um país que possui uma grande d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de ladrilhos prontose chapas poli<strong>da</strong>s (itens de valor agregado alto).Com o surgimento do MERCOSUL abriu-se um mercado <strong>em</strong> que a penetração<strong>da</strong>s rochas ornamentais elabora<strong>da</strong>s <strong>em</strong> chapas lustra<strong>da</strong>s é crescente.Obstáculos ou barreiras que deflagraram o processoNo ambiente internacional, as indústrias se defrontavam com exigências dosimportadores quanto à comprovação <strong>da</strong> orig<strong>em</strong> do material a ser comercializadoe à realização dos ensaios físicos para tipificação <strong>da</strong>s rochas extraí<strong>da</strong>sdesses locais.


MÁRMORES E GRANITOSEra generalizado, no mercado internacional, o desconhecimento e descrédito doBrasil como fornecedor de rochas ornamentais. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, fortaleciamseos concorrentes com grande potencial de fornecimento de mármores egranitos para o mundo, tais como China, Índia e países <strong>da</strong> África.Por outro lado, havia a dificul<strong>da</strong>de dos <strong>em</strong>presários isola<strong>da</strong>mente conseguir<strong>em</strong>realizar os ensaios de tipificação <strong>em</strong> seus materiais, mantendo-se uma situaçãode grande falta de conhecimento deles.O setor se movimenta para realizar o trabalhoEm janeiro de 1989, alguns <strong>em</strong>presários do setor reuniram-se para discutir osprobl<strong>em</strong>as gerados pela existência de vários nomes comerciais no mercadopara o material extraído de uma mesma jazi<strong>da</strong>, b<strong>em</strong> como a necessi<strong>da</strong>de decontar com padrões confiáveis que permitiss<strong>em</strong> <strong>em</strong>itir uma espécie de "Laudode Idonei<strong>da</strong>de" (Certidão de Aplicabili<strong>da</strong>de) para o material a ser comercializadono exterior.Seria necessário um trabalho conjunto para fazer o levantamento, a classificaçãoe os ensaios necessários para catalogar as rochas ornamentais <strong>da</strong>região. Os desafios a ser<strong>em</strong> vencidos eram:conseguir a participação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas que tivess<strong>em</strong> grande representativi<strong>da</strong>denas exportações de rochas ornamentais, <strong>em</strong> bruto ou beneficia<strong>da</strong>s. Um altoíndice de adesão entre as médias e grandes <strong>em</strong>presas foi obtido. Mesmoassim a quanti<strong>da</strong>de de material que foi incluí<strong>da</strong> no projeto não abrangeu to<strong>da</strong>a varie<strong>da</strong>de de rochas ornamentais existentes no Espírito Santo;sensibilizar o Governo Estadual para a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criação de umcatálogo de produtos que fosse elaborado <strong>em</strong> bases técnicas que permitiss<strong>em</strong>a sua aceitação internacional;buscar um laboratório de ensaios capacitado, com credibili<strong>da</strong>de internacional.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS89Nasce um projeto de parceriaEm março de 1991, os <strong>em</strong>presários, com o CETEMAG – Centro Tecnológico doMármore e Granito, entraram <strong>em</strong> contato com a Universi<strong>da</strong>de Federal doEspírito Santo (UFES) para que ela realizasse os estudos que originariam oCatálogo de Rochas Ornamentais do Espírito Santo.


MÁRMORES E GRANITOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS90A partir de 1992, a SEDES (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômicoe Social) assumiu a elaboração do Catálogo de Rochas Ornamentais doEspírito Santo, garantindo os recursos para execução do projeto.Foi identificado o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de SãoPaulo S.A.) como organismo capacitado a proceder a todos os ensaiosnecessários à tipificação <strong>da</strong>s rochas ornamentais.Participaram do projeto: o CETEMAG de Cachoeiro de Itap<strong>em</strong>irim – ES e as<strong>em</strong>presas: Itap<strong>em</strong>irim, Marbrasa, N<strong>em</strong>er, Granasa, Santo Antônio, Braminex,Gramil, Marcap e Sermagral.Principais etapas desenvolvi<strong>da</strong>s e metodologiaSeleção de materiaisPreferencialmente foram escolhidos os 25 tipos de rochas cujas jazi<strong>da</strong>s apresentavamum potencial de vi<strong>da</strong> útil maior do material com a mesma padronização.Obtenção e coleta <strong>da</strong>s amostrasQuanti<strong>da</strong>des e tamanhos <strong>da</strong>s amostras coleta<strong>da</strong>s segundo as normas <strong>da</strong> ABNT.Realização dos ensaios pelo IPT – São Paulo.As seguintes normas técnicas foram utiliza<strong>da</strong>s na aplicação dos ensaios:NBR 12765NBR 12767NBR 12769NBR 12763NBR 12042NBR 12766NBR 12764Rochas para Revestimento – Determinação do Coeficiente deDilatação Térmica LinearRochas para Revestimento – Determinação de Resistência àCompressão UniaxialRochas para Revestimento – Ensaio de Congelamento e DegeloConjugado à Verificação <strong>da</strong> Resistência à CompressãoRochas para Revestimento – Determinação <strong>da</strong> Resistência àFlexãoMateriais Inorgânicos – Determinação do Desgaste por AbrasãoRochas para Revestimento – Determinação <strong>da</strong> Massa EspecíficaAparente e Porosi<strong>da</strong>de AparenteRochas para Revestimento – Determinação <strong>da</strong> Resistência aoImpacto de Corpo Duro.


MÁRMORES E GRANITOSForam examina<strong>da</strong>s as seguintes características físicas para ca<strong>da</strong> amostra derocha:Análise petrográfica;Índices físicos;Resistência ao desgaste;Resistência ao impacto;Resistência à compressão uniaxial;Resistência à flexão;Deformabili<strong>da</strong>de estática;Dilatação térmica linear; eAlterabili<strong>da</strong>de.Elaboração do CatálogoTodos os materiais foram catalogados, com indicação <strong>da</strong> localização <strong>da</strong> jazi<strong>da</strong>e de seu nome comercial, b<strong>em</strong> como a aplicação recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>. Com esses<strong>da</strong>dos se confere uma "certidão de aplicabili<strong>da</strong>de" a ca<strong>da</strong> material, cominformações úteis para os clientes – construtoras, arquitetos e decoradores –nacionais e estrangeiros.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS91Próximas etapasO projeto deve prosseguir com a realização de ensaios <strong>em</strong> outros materiais dealto potencial de exportação, ampliando a gama de rochas certifica<strong>da</strong>s queconstam do catálogo. Também será estu<strong>da</strong><strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de inclusão denovos tipos de ensaio, para atender às exigências do mercado.Por outro lado, o Catálogo construiu a base necessária para a montag<strong>em</strong> deum programa formal de certificação de conformi<strong>da</strong>de de produto.Resultados alcançadosO projeto atingiu o seu objetivo, realizando a caracterizaçãodos materiais segundo as normas técnicas <strong>da</strong> ABNT. Houveuma padronização de nomenclatura para o produto extraídona região, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na referência ao Catálogo de RochasOrnamentais do Espírito Santo.


MÁRMORES E GRANITOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS92O fornecimento de produtos de rochas ornamentais referidosa um catálogo oficial do setor, caracterizados <strong>em</strong> ensaios porlaboratório qualificado observando as normas técnicas oficiais,e ain<strong>da</strong> classificados conforme uma nomenclatura padroniza<strong>da</strong>que é referi<strong>da</strong> à localização geográfica <strong>da</strong> extração,deu aos importadores a segurança que procuravam, favorecendoa exportação de materiais brasileiros <strong>em</strong> blocos (innatura) para a Itália e de materiais beneficiados (chapaslustra<strong>da</strong>s, ladrilhos e produtos acabados) para os EstadosUnidos e o MERCOSUL.Um indicador de sucesso muito significativo é a atualexpansão <strong>da</strong> exportação de produtos beneficiados pelaspequenas <strong>em</strong>presas <strong>da</strong> região, que antes ficava restrita àsmédias e grandes <strong>em</strong>presas. O acesso <strong>da</strong>s pequenas <strong>em</strong>presasao mercado internacional é um resultado direto dessetrabalho. A elaboração do Catálogo de Rochas Ornamentaisé uma vantag<strong>em</strong> competitiva para a indústria do Estado doEspírito Santo.


METALURGIA


METALURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS94Apresentando este caso do setor de fundição, quer<strong>em</strong>osd<strong>em</strong>onstrar como um setor industrial pode contribuir decisivamentepara a melhoria <strong>da</strong> sua quali<strong>da</strong>de e competitivi<strong>da</strong>dedesenvolvendo normas técnicas, e respectivos ensaios deconformi<strong>da</strong>de, para os materiais básicos do seu processo.A união de um grupo de fundições com os seus fornecedoressob o patrocínio <strong>da</strong> associação técnica do setor consolidouuma base tecnológica que é a garantia <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>deinternacional do setor.Motivação para iniciar um trabalho de normalizaçãoO setor de fundição é um setor industrial que está representado <strong>em</strong> todos osestados do Brasil. São 1.000 fundições <strong>em</strong> todo o país. O seu principal clienteé a indústria automobilística, que absorve 50% <strong>da</strong> produção e representa 60%<strong>da</strong>s exportações. Uma associação técnica, a ABIFA (Associação Brasileira <strong>da</strong>sIndústrias de Fundição), reúne as <strong>em</strong>presas do setor.Em fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70, a indústria de fundição já era um setor tecnologicamenteavançado, que fornecia todos os fundidos consumidos pela indústria automobilística,cujas cifras de produção excediam 1 milhão de veículos por ano.To<strong>da</strong>via, a quali<strong>da</strong>de dos fundidos deixava a desejar; o índice de rejeição eramuito alto.Por pressão dos seus clientes, as fundições de produtos tecnicamenteexigentes – principalmente para a indústria automobilística – se preocuparamcom a garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do produto. Um grande obstáculo para a reduçãode defeitos era a má quali<strong>da</strong>de dos materiais que entravam no processo defundição. Havia grande variabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s características, como por ex<strong>em</strong>plo,<strong>da</strong> areia de fundição e de todos os produtos que se un<strong>em</strong> à areia no processode mol<strong>da</strong>g<strong>em</strong>. A falta de uniformi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mol<strong>da</strong>g<strong>em</strong> se refletia <strong>em</strong> defeitos noproduto. As fundições procuravam fazer uma seleção de bons fornecedores ebons materiais, mas não havia um consenso entre elas sobre as normastécnicas que permitiss<strong>em</strong> padronizar os insumos oferecidos no mercado <strong>em</strong>um padrão técnico aceitável por todos.


METALURGIAReúne-se um grupo técnico, destinado a ter vi<strong>da</strong> longaAs <strong>em</strong>presas líderes – grandes fundições que atendiam ao setor automotivo –formaram <strong>em</strong> 1978 a Comissão de Estudos de Matéria-Prima (CEMP) reunindoperiodicamente os melhores técnicos para achar<strong>em</strong> soluções conjuntas para osseus probl<strong>em</strong>as. O grupo pioneiro foi composto pelas <strong>em</strong>presas Tupy, SOFUNGE,Ford, GMB, Chrysler e COFAP. Essa comissão, <strong>da</strong> qual participam atualmente30 fundições, ostenta mais de 20 anos de funcionamento ininterrupto. Iniciandocom a postura de disciplinar o fornecedor, mais adiante a Comissão evoluiu paraa participação efetiva dos fornecedores de to<strong>da</strong> a cadeia produtiva. Tornou-seum grupo diversificado, formado por técnicos nas áreas de laboratório químicoe de areias, processos de mol<strong>da</strong>g<strong>em</strong> e macharia, fabricantes de equipamentospara controle de quali<strong>da</strong>de e enti<strong>da</strong>des de ensino técnico de fundição.Objetivos do trabalho de especificaçãoNos primeiros anos de funcionamento, o objetivo do grupo foi elaborarespecificações padroniza<strong>da</strong>s que permitiss<strong>em</strong> às <strong>em</strong>presas ter uma uniformi<strong>da</strong>de,controlando, dentro de certos limites, a variabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s matériasprimasdo processo, tais como areia padrão, resinas, pó de carvão, bentonita,amidos. Também foram elabora<strong>da</strong>s normas para os principais processos –Caixa-Fria, Gás Carbônico, Shell Molding, Caixa-Quente, Cura a Frio e Areiaa Verde – para se poder referenciar as matérias-primas com a sua aplicaçãono processo.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS95Além <strong>da</strong> elaboração de especificações váli<strong>da</strong>s, <strong>em</strong> nível nacional para essesmateriais, procurou-se desenvolver certos materiais de referência a ser<strong>em</strong>utilizados nos ensaios de laboratório. Por ex<strong>em</strong>plo, foi desenvolvi<strong>da</strong> umaareia padrão brasileira s<strong>em</strong>elhante à areia padrão internacional com o IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicas) de São Paulo, para ser utiliza<strong>da</strong> nosensaios tecnológicos dos aglomerantes.Vali<strong>da</strong>ção: ensaios de conformi<strong>da</strong>de dos materiaisPara ser m<strong>em</strong>bro do grupo <strong>da</strong> CEMP era necessário que a <strong>em</strong>presa tivesselaboratório próprio, a fim de poder participar ativamente no desenvolvimento<strong>da</strong> avaliação de materiais.


METALURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS96Foram calibrados os equipamentos dos laboratórios e promovidos ensaios decomparação interlaboratorial, de modo a padronizar o resultado dos ensaios. Ogrupo trabalhou então na definição dos métodos de ensaios, na padronização decorpos de prova e desenvolveu um copo de escoamento brasileiro, à s<strong>em</strong>elhançados copos padronizados pelos organismos de normalização DIN (DeutscheIndustrie Normen) e ISO (International Organization for Stan<strong>da</strong>rdization).Todo esse trabalho técnico de desenvolvimento de procedimentos de ensaio etreinamento <strong>da</strong> mão-de-obra foi feito <strong>em</strong> uma parceria muito estreita com asescolas técnicas (Escola Técnica Tupy, as escolas de fundição do SENAI –Serviço Nacional de Aprendizag<strong>em</strong> Industrial) e seus respectivos laboratórios.Adoção <strong>da</strong>s especificações como norma do setorAos poucos, foi surgindo um manual de recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> CEMP, reunindoto<strong>da</strong>s as normas técnicas elabora<strong>da</strong>s, para servir como manual de referênciana relação com os fornecedores. Até o fim de 1999, já existiam 237 Recomen<strong>da</strong>çõesTécnicas, sendo aplica<strong>da</strong>s pelos laboratórios <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas ao proceder<strong>em</strong>a aceitação dos materiais para aplicação no processo de fundição.A partir de 1988, o ABNT/CB-01 (Comitê Brasileiro de Normalização deMineração e Metalurgia) <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)realizou o trabalho de transformação <strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções técnicas <strong>em</strong>Norma Brasileira (NBR). Nos casos ain<strong>da</strong> não cobertos pelas normas brasileiras,continuam valendo as Recomen<strong>da</strong>ções Técnicas <strong>da</strong> Comissão de Estudosde Matéria-Prima.Um caso de sucessoGraças a essas recomen<strong>da</strong>ções, a quali<strong>da</strong>de do setorevoluiu. Um test<strong>em</strong>unho eloqüente é <strong>da</strong>do pelo crescimento<strong>da</strong> exportação, que se manteve no ritmo de 10% ao anodurante to<strong>da</strong> a déca<strong>da</strong> de 90, <strong>em</strong> período extr<strong>em</strong>amentedesfavorável à exportação de produtos brasileiros, especialmentea partir de 1994, devido à sobrevalorização <strong>da</strong>moe<strong>da</strong> brasileira. Forçosamente, t<strong>em</strong>os que atribuir a evo-


METALURGIAlução nas exportações de fundidos, partindo de um volumede 200.000 tonela<strong>da</strong>s/ano (1991) para 400.000 tonela<strong>da</strong>s/ano (1998), aos ganhos de quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de dosprocessos de fundição. Na base desses ganhos está otrabalho de normalização dos materiais e processos que osetor, com grande perseverança, realizou no Centro deEstudos de Matérias-Primas.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS97


MOBILIÁRIO


MOBILIÁRIONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS100Relatamos as dificul<strong>da</strong>des que as <strong>em</strong>presas encontram quandoé exigi<strong>da</strong> certificação de conformi<strong>da</strong>de de móveis deescritório com base <strong>em</strong> normas <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileirade Normas Técnicas). Apresentamos um caso real deuma licitação do SEBRAE-RS (Serviço de Apoio às Micro ePequenas Empresas no Rio Grande do Sul) que causoudificul<strong>da</strong>des técnicas às <strong>em</strong>presas concorrentes. E relatamoso trabalho realizado por uma pequena <strong>em</strong>presa para seadequar aos requisitos <strong>da</strong> norma referidos no Edital.Situação atual <strong>da</strong>s normas brasileiras para o setor moveleiroO Comitê Brasileiro de Normalização ABNT/CB-15 – Mobiliário – é responsávelpela elaboração <strong>da</strong>s normas técnicas brasileiras no setor de móveis. O Comitêse subdivide <strong>em</strong> várias Comissões de Estudos, de acordo com diversas famíliasde produto. Há relativamente poucas normas publica<strong>da</strong>s. A família de produtoscobertos por normas técnicas brasileiras é a dos móveis de escritório, para osquais a Comissão de Estudos CE 15:301.01 – Móveis de Escritório já concluiu oseu projeto de normalização, abrangendo o trabalho <strong>da</strong>s seguintes subcomissões:CE 15:301.01.001 – MesasCE 15:301.01.002 – CadeirasCE 15:301.01.003 – Armários, Arquivos e EstantesCE 15:301.01.004 – Sist<strong>em</strong>as de Estação de TrabalhoCE 15:301.01.005 – Móveis para DesenhoCE 15:301.01.006 – DivisóriasCE 15:301.01.007 – Móveis para InformáticaExplica-se o avanço <strong>da</strong> normalização nesse setor pela grande d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> d<strong>em</strong>óveis de escritório por órgãos públicos, <strong>em</strong> que a especificação dos produtos(objeto <strong>da</strong> licitação) obrigatoriamente faz referência à norma brasileira.Como resultado do trabalho de normalização já realizado, as seguintesnormas brasileiras estão <strong>em</strong> vigor:NBR 13961/98Móveis para Escritório – Armários – Classificação e CaracterísticasFísicas e DimensionaisNBR 14109/98Móveis para Escritório – Armários – Ensaios de Estabili<strong>da</strong>de,Resistência e Durabili<strong>da</strong>de


MOBILIÁRIONBR 13962/98NBR 14110/98NBR 13964/98NBR 14112/98NBR 13966/97NBR 14111/98NBR 13963/97NBR 13965/97NBR 13967/97NBR 14113/98NBR 13960/97Móveis para Escritório – Cadeiras – Classificação e CaracterísticasFísicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Cadeiras – Ensaios de Estabili<strong>da</strong>de,Resistência e Durabili<strong>da</strong>deMóveis para Escritório – Divisórias – Classificação e CaracterísticasFísicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Divisórias – Ensaios de Estabili<strong>da</strong>de,Resistência e Durabili<strong>da</strong>deMóveis para Escritório – Mesas – Classificação e CaracterísticasFísicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Mesas – Ensaios de Estabili<strong>da</strong>de,Resistência e Durabili<strong>da</strong>deMóveis para Escritório – Móveis para Desenho – Classificaçãoe Características Físicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Móveis para Informática – Classificaçãoe Características Físicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Sist<strong>em</strong>as de Estação de Trabalho– Classificação e Características Físicas e DimensionaisMóveis para Escritório – Sist<strong>em</strong>as de Estação de Trabalho– Ensaios de Estabili<strong>da</strong>de, Resistência e Durabili<strong>da</strong>deMóveis para Escritório – TerminologiaNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS101A publicação <strong>da</strong>s normas é relativamente recente e ain<strong>da</strong> não há rigor na suaobservância, sendo comum que as licitações realiza<strong>da</strong>s por órgãos públicoscontenham especificações fazendo referência a modelos <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa líder domercado "ou similar", ou exigindo a norma, porém dispensando a apresentaçãodo laudo de ensaio de amostra.Estão <strong>em</strong> estudos as regras específicas que estabelecerão o processo decertificação para os móveis de escritório que permitirão conferir aos móveiscertificados o direito ao uso <strong>da</strong> Marca de Conformi<strong>da</strong>de ABNT. Nesse estágio,o uso do Selo criará uma níti<strong>da</strong> diferenciação do produto, promovendofort<strong>em</strong>ente a adequação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas às normas.Infra-estrutura para os ensaios de conformi<strong>da</strong>deA infra-estrutura para assistência técnica às <strong>em</strong>presas e realização deensaios <strong>em</strong> componentes e produtos completos é bastante adequa<strong>da</strong>, graças


MOBILIÁRIONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS102à localização de Centros Tecnológicos do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizag<strong>em</strong>Industrial) junto aos principais pólos moveleiros do país.Para este caso, recorr<strong>em</strong>os ao CETEMO (Centro Tecnológico do Mobiliário),uma uni<strong>da</strong>de do SENAI localiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Bento Gonçalves-RS. O pólo moveleiro<strong>da</strong> região <strong>da</strong> Serra Gaúcha é composto por mais de 200 <strong>em</strong>presas queproporcionam mais de 10.000 <strong>em</strong>pregos diretos.O CETEMO t<strong>em</strong> seu sist<strong>em</strong>a de gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de certificado segundo anorma NBR ISO 9001 – Requisitos do Sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de. Possui umlaboratório de ensaios para materiais de mobiliário que é filiado à RedeMetrológica-RS e está <strong>em</strong> preparação para integrar a RBLE (Rede Brasileirade Laboratórios de Ensaio) através do credenciamento pelo INMETRO (InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Quali<strong>da</strong>de Industrial).Até 1998, o laboratório de ensaios de materiais do CETEMO teve sua maiorativi<strong>da</strong>de no ensaio de insumos para a indústria: madeiras naturais e aglomeradosde madeira, colas, espuma flexível de poliuretano, tintas, acabamentos,componentes e acessórios. A d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> por esses ensaios é crescente <strong>em</strong> razão<strong>da</strong> gra<strong>da</strong>tiva certificação dos fabricantes de móveis pelas normas NBR ISO série9000, que exige controles de recebimento de matérias-primas e componentes.O foco agora está se deslocando para ensaios de produto, devido à d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> deensaios na área de móveis para escritório. O CETEMO está capacitando seulaboratório para realizar to<strong>da</strong> a gama de ensaios previstos nas normas.O caso <strong>da</strong> licitação cancela<strong>da</strong>Em meados de 1999, o SEBRAE-RS lançou um edital de licitação para comprade uma quanti<strong>da</strong>de substancial de vários modelos de cadeiras para escritório,destina<strong>da</strong> a uma nova uni<strong>da</strong>de: a Universi<strong>da</strong>de SEBRAE de Negócios, <strong>em</strong> instalação<strong>em</strong> Porto Alegre. O edital continha uma especificação definindo asprincipais características dos modelos desejados e fazendo referência àsnormas técnicas brasileiras aplicáveis. O edital também exigiu que, com aproposta, o fabricante fornecesse amostras de ca<strong>da</strong> modelo oferecido.Nove <strong>em</strong>presas de vários pólos moveleiros do país entregaram propostas.O exame <strong>da</strong>s amostras foi confiado ao CETEMO. No exame físico <strong>da</strong>s amostras,foram reprova<strong>da</strong>s as amostras de 8 <strong>da</strong>s 9 <strong>em</strong>presas participantes <strong>da</strong>licitação, por apresentar<strong>em</strong> não-conformi<strong>da</strong>des <strong>em</strong> relação aos requisitos <strong>da</strong>


MOBILIÁRIOnorma. Em conseqüência, as propostas dessas <strong>em</strong>presas foram desqualifica<strong>da</strong>s,restando uma única <strong>em</strong>presa. Várias <strong>em</strong>presas que foram desqualifica<strong>da</strong>s nalicitação recorreram <strong>da</strong> decisão. Uma pequena <strong>em</strong>presa argumentou que oSEBRAE estava decidindo contra os seus próprios objetivos de fomento àpequena <strong>em</strong>presa, <strong>da</strong>ndo a entender que o cumprimento <strong>da</strong> norma era uma"manobra" para favorecimento <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa de grande porte e vencedora. (Nota:é freqüente essa visão de que a norma técnica é um complô <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presaspoderosas para afastar os pequenos concorrentes do mercado. Essa visão sefun<strong>da</strong>menta na crença de que a norma técnica impõe padrões inatingíveis por<strong>em</strong>presas comuns.) No caso, esse argumento não fazia sentido porque tambémgrandes <strong>em</strong>presas do setor tinham concorrido e foram desqualifica<strong>da</strong>s.Considerando a controvérsia gera<strong>da</strong>, a direção do SEBRAE-RS decidiucancelar a licitação e iniciar novo processo licitatório. Desta vez, o edital foielaborado incluindo o dimensionamento exigido pela norma <strong>em</strong> umaespecificação técnica muito detalha<strong>da</strong>, no corpo do edital, estipulando asetapas do processo de exame e ensaio <strong>da</strong>s amostras. Ao mesmo t<strong>em</strong>po as<strong>em</strong>presas foram estimula<strong>da</strong>s a recorrer ao CETEMO para analisar e corrigirpreviamente as não-conformi<strong>da</strong>des dos seus produtos.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS103Adequação à norma: a experiência de uma pequena <strong>em</strong>presaMóveis RELAX Lt<strong>da</strong>. é uma pequena <strong>em</strong>presa com 23 <strong>em</strong>pregados, instala<strong>da</strong><strong>em</strong> Desvio Rizzo, um distrito do município de Caxias do Sul. Com o crescimentodo negócio, o proprietário contratou profissionais para administrar as áreas deprodução, financeira e ven<strong>da</strong>s. Ele próprio trabalha na linha de sol<strong>da</strong>, não sedistinguindo dos outros operários.A linha de produtos é constituí<strong>da</strong> por quatro modelos de cadeiras paraescritório. A <strong>em</strong>presa concorre com dezenas de outras pequenas <strong>em</strong>presas,to<strong>da</strong>s com produtos de design e características muito similares.Para diferenciar o seu produto e ganhar acesso ao mercado de licitaçõespúblicas, a Móveis RELAX decidiu adequar o produto para conformi<strong>da</strong>de comas normas <strong>da</strong> ABNT, e buscar o laudo técnico de conformi<strong>da</strong>de de amostra <strong>em</strong>um laboratório credenciado. Procurou, então, o CETEMO para obter a assistênciatécnica necessária e para ensaiar os produtos. A experiência é relata<strong>da</strong>nas palavras do gerente de produção:


MOBILIÁRIONORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS104"Primeiro o pessoal do CETEMO fez uma análise dimensional <strong>da</strong>s nossascadeiras. Mediu tudo de acordo com a norma, e apareceram algumas diferenças,e coisas a ser<strong>em</strong> modifica<strong>da</strong>s. Por ex<strong>em</strong>plo, as vigas <strong>da</strong> nossa baseestavam um pouco curtas. Então corrigimos isso e acertamos os gabaritos.Ficou tudo de acordo.Depois, fizeram os testes de impacto nas cadeiras. Também houve algunsprobl<strong>em</strong>as, coisas que não resistiram. Então, reforçamos nos pontos fracos eos probl<strong>em</strong>as que havia foram resolvidos. Os testes com os materiais que agente compra deram todos b<strong>em</strong>.Quando estava tudo acertado, o CETEMO nos deu o laudo de avaliação deamostra, que diz que o nosso produto está aprovado pela norma. O setor deVen<strong>da</strong>s anexa uma cópia a ca<strong>da</strong> proposta para o órgão público. Geralmenteisso é suficiente, eles não ped<strong>em</strong> aprovação de amostra.O custo ficou b<strong>em</strong> ao alcance, porque usamos o Bônus Metrologia (nota: o Bônusé um programa de incentivo ao uso de serviços de calibração e ensaios pelapequena <strong>em</strong>presa, administrado pela Rede Metrológica-RS com recursos doSEBRAE-RS. Ao realizar um ensaio, a pequena <strong>em</strong>presa recebe uma bonificaçãode 50% do custo cobrado pelo laboratório; para a <strong>em</strong>presa média esse valoré de 30%).Foi um trabalho muito bom, a gente fez uma boa relação com o pessoal doCETEMO e, hoje <strong>em</strong> dia, s<strong>em</strong>pre que tenho um probl<strong>em</strong>a com o produto, voulá para me aconselhar."Um caso de sucessoO caso relatado acima d<strong>em</strong>onstra que, efetivamente, a normalizaçãode produtos é benéfica. Melhora a quali<strong>da</strong>de do produto,beneficiando o consumidor, ao mesmo t<strong>em</strong>po que torna ofabricante mais competitivo. O caso também nos diz que, nosetor moveleiro como <strong>em</strong> muitos outros, a normalização e acertificação de produto estão ao alcance de qualquer <strong>em</strong>presa.A infra-estrutura técnica para <strong>da</strong>r assistência ao desenvolvimentotecnológico dos produtos e fazer os ensaios de vali<strong>da</strong>çãoestá disponível para as <strong>em</strong>presas, bastando que a <strong>em</strong>presasaia do seu isolamento para procurá-la.


PLÁSTICOS


PLÁSTICOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS106O caso dos fabricantes de produtos de PVCOs tubos e conexões de PVC começaram a ser utilizadosnas instalações hidráulicas prediais no início na déca<strong>da</strong> de60, sendo, atualmente, os materiais mais utilizados nestessist<strong>em</strong>as. A maior utilização <strong>da</strong>s tubulações de PVC durantea déca<strong>da</strong> de 70 implicou no aumento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de detransformadores, muitos dos quais fabricavam tubos dePVC <strong>em</strong> não-conformi<strong>da</strong>de com as Normas Técnicas Brasileiras<strong>em</strong> vigência na época. Durante a déca<strong>da</strong> de 80,a produção de tubos de PVC <strong>em</strong> não-conformi<strong>da</strong>de com asNormas Técnicas aumentou muito, passando de, aproxima<strong>da</strong>mente,15% <strong>em</strong> 1983 para 35% <strong>em</strong> 1989. É importantesalientar que diversos transformadores produziam tubos <strong>em</strong>não-conformi<strong>da</strong>de, mesmo possuindo capaci<strong>da</strong>detecnológica, o que implicava uma competição desleal comas indústrias que fabricavam tubos <strong>em</strong> conformi<strong>da</strong>de com asNormas Técnicas. Também é importante notar que grandeparte dos produtos não-conformes era comercializa<strong>da</strong> nasreven<strong>da</strong>s de materiais de construção. Os clientes destasreven<strong>da</strong>s geralmente não sab<strong>em</strong> exigir a quali<strong>da</strong>de pretendi<strong>da</strong>dos componentes.O panorama descrito acima prejudicava a aceitação dosprodutos entre os usuários. No fim <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80, o mercadode tubulações de PVC estava estagnado <strong>em</strong> <strong>18</strong>0.000 tonela<strong>da</strong>s/ano,e corria o risco de ser reduzido.Nasce o PGQ1-IP – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>dede tubos e conexões de PVC para instalações hidráulicas prediaisPreocupa<strong>da</strong>s com esta situação, a ASFAMAS-PVC (Associação Brasileira dosFabricantes de Materiais para Saneamento – Grupo Setorial PVC) e a ABIVINILA(Associação Brasileira <strong>da</strong>s Indústrias de Cloreto de Polivinila) impl<strong>em</strong>entaram<strong>em</strong> 1989 o PGQ1-IP – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de tubos e conexões


PLÁSTICOSde PVC para instalações hidráulicas prediais. O principal motivador para aimpl<strong>em</strong>entação deste Programa foi o combate à não-conformi<strong>da</strong>de intencional,típico <strong>da</strong> concorrência fraudulenta e que desestabilizava o mercado.Opção por um modelo de certificação de conformi<strong>da</strong>deA certificação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de dos produtos com a especificação respectiva noBrasil pode obedecer a um de 8 modelos descritos pela ISO (InternationalOrganization for Stan<strong>da</strong>rdization), e que são os adotados pelo Sist<strong>em</strong>aBrasileiro de Certificação – SBC. Esqu<strong>em</strong>aticamente, os modelos são combinaçõesde avaliação de tipo, <strong>em</strong> que são testa<strong>da</strong>s amostras do produto, coma realização de testes periódicos de produtos recolhidos <strong>da</strong> linha de produçãoou do comércio, observando-se critérios de amostrag<strong>em</strong>, e combinaçãodesses testes de produto com avaliações do sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do fabricante.Resultam os seguintes modelos de certificação:Modelo 1 – É o modelo mais simples, que faz um ensaio de tipo, oferecendouma aprovação de um it<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>da</strong>do instante.Modelo 2 – Ensaio de tipo seguido de verificação <strong>em</strong> amostras retira<strong>da</strong>s nocomércio.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS107Modelo 3 – Ensaio de tipo seguido de verificação <strong>em</strong> amostras retira<strong>da</strong>s nofabricante.Modelo 4 – Ensaio de tipo seguido de verificação <strong>em</strong> amostras retira<strong>da</strong>s nocomércio e no fabricante.Modelo 5 – Ensaio de tipo e avaliação do Sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de do fabricante,seguido de verificação <strong>em</strong> amostras retira<strong>da</strong>s no comércio e no fabricante e deauditorias periódicas no Sist<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de do fabricante.Modelo 7 – Ensaio de lote. Submete-se uma amostra toma<strong>da</strong> de um lote doproduto a um ensaio, <strong>em</strong>itindo-se um laudo sobre a sua conformi<strong>da</strong>de com aespecificação.Modelo 8 – Ensaio 100%. Modelo no qual ca<strong>da</strong> um dos artigos é submetido aensaio para verificar sua conformi<strong>da</strong>de com a especificação <strong>da</strong><strong>da</strong>.Nota: o modelo 6 não é referido na lista pois trata <strong>da</strong> certificação de Sist<strong>em</strong>as<strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de e não <strong>da</strong> certificação de produtos.No caso de certificação voluntária, cabe ao organismo certificador definir o


PLÁSTICOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSmodelo de certificação mais adequado, contando com isso com a participação<strong>da</strong>s partes interessa<strong>da</strong>s.No caso dos tubos de PVC, as enti<strong>da</strong>des menciona<strong>da</strong>s (ASFAMAS-PVC eABIVINILA) decidiram estabelecer um programa de avaliação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>dedos produtos no mercado, no âmbito do PGQ1-IP – Programa de Garantia <strong>da</strong>Quali<strong>da</strong>de de tubos e conexões de PVC para instalações hidráulicas prediais.Decidiram adotar o Modelo 4 para o programa, que prevê o teste de amostrasrecolhi<strong>da</strong>s tanto no fabricante como no comércio.Para a função de organismo independente na impl<strong>em</strong>entação do programa deavaliação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de foi convi<strong>da</strong><strong>da</strong> a <strong>em</strong>presa TESIS – Tecnologia deSist<strong>em</strong>as <strong>em</strong> Engenharia S/C Lt<strong>da</strong>. de São Paulo, SP. A TESIS mantém umarede para a compra de amostras <strong>em</strong> todo o território nacional.As amostragens no comércio ating<strong>em</strong> tanto o produto <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas participantesdo programa como o de não-participantes, produzindo um relatório trimestralde auditoria, informando os resultados dos testes dos produtos no que se refereà conformi<strong>da</strong>de com as normas técnicas.108A lei de defesa do consumidor e o combate à não-conformi<strong>da</strong>de intencionalO combate à não-conformi<strong>da</strong>de intencional ganhou um impulso adicional com alegislação de defesa do consumidor, que foi despertando os usuários para o seudireito de exigir quali<strong>da</strong>de na construção civil. O apoio <strong>da</strong> ANAMACO (AssociaçãoNacional do Comércio de Material de Construção) e de diversosSINDUSCONs (Sindicatos <strong>da</strong>s Indústrias <strong>da</strong> Construção Civil) também foiimportante para motivar o próprio setor <strong>da</strong> construção civil a considerar outroscritérios além do preço. Em maio de 1992, foram denunciados cinco grandesfabricantes de tubos de PVC que fabricavam <strong>em</strong> não-conformi<strong>da</strong>de com asNormas Técnicas. Estas <strong>em</strong>presas foram chama<strong>da</strong>s pela SNDE (SecretariaNacional de Direito Econômico) e, <strong>em</strong> curto espaço de t<strong>em</strong>po, ajustaram assuas produções. Tal fato ganhou destaque nacional, pois pela primeira vez umsetor industrial solicitava aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> SNDE para tal finali<strong>da</strong>de. Desde esta época,o Programa v<strong>em</strong> contando com o apoio dos Ministérios Públicos de diversosestados e dos CENACON (Centros de Apoio Operacionais <strong>da</strong> Justiça doConsumidor) para o combate à não-conformi<strong>da</strong>de intencional.


PLÁSTICOSA evolução <strong>da</strong> normalização nacionalNo início <strong>da</strong> impl<strong>em</strong>entação do Programa (julho/1989) já haviam sido publica<strong>da</strong>sas Normas Brasileiras pertinentes aos tubos de PVC para instalações hidráulicasprediais. Entretanto, estes documentos não especificavam todos osrequisitos necessários para se garantir o bom des<strong>em</strong>penho dos tubos econexões. Deve-se notar que a não-conformi<strong>da</strong>de de 35% (cita<strong>da</strong> anteriormente)era <strong>em</strong> relação às Normas Brasileiras vigentes no início do Programa. Destaforma, inicialmente, o Programa <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de adotou como referência estasNormas Brasileiras e, paralelamente, elaborou "projetos de especificação",os quais as <strong>em</strong>presas que aderiam ao Programa se comprometiam a respeitar.Dentre os requisitos apresentados nestes documentos, destacam-se:Introdução de controles sobre a matéria-prima (composto de PVC);Introdução de requisitos de des<strong>em</strong>penho mais adequados;Introdução dos requisitos dimensionais e de des<strong>em</strong>penho para as conexõesde PVC;Especificação <strong>da</strong>s dimensões dos tubos para esgoto DN 150;Introdução de verificação sist<strong>em</strong>ática dos requisitos especificados.Os "projetos de especificação" foram submetidos à ABNT e, <strong>em</strong> janeiro de 1999,tornaram-se Normas Brasileiras. Desta forma, atualmente, todos os fabricantesde tubos de PVC, participantes ou não do Programa <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de, estãoobrigados a respeitar estes documentos.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS109Surge uma nova enti<strong>da</strong>de técnica para coordenar o desenvolvimentoOs primeiros resultados do programa de garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de foram muitobons, com adesão de novos fabricantes, reduzindo o nível de não-conformi<strong>da</strong>depara valores entre 15 e 20% . Em 1994, <strong>da</strong>ndo um passo para a extensão<strong>da</strong> normalização a outras aplicações, o trabalho técnico foi consoli<strong>da</strong>do pelaconstituição do CEDIPLAC (Centro de Desenvolvimento e Documentação <strong>da</strong>Indústria de Plásticos para a Construção Civil). O CEDIPLAC passou aconcentrar o desenvolvimento <strong>da</strong>s normas e a sua integração com o sist<strong>em</strong>abrasileiro de normalização por meio <strong>da</strong> coordenação do Subcomitê SC111 –Plásticos para Construção Civil – do Comitê Brasileiro <strong>da</strong> Construção Civil –ABNT/CB-2 – <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).


PLÁSTICOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS110Os "projetos de especificação" consensados pelo setor receberam um códigoCEDIPLAC que é exibido no produto. Assim, os tubos de PVC que obedec<strong>em</strong>aos requisitos desenvolvidos pelas <strong>em</strong>presas no âmbito do CEDIPLAC exib<strong>em</strong>ao longo do seu comprimento a marca pe-CP<strong>18</strong>.Custos para impl<strong>em</strong>entação do Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>deTodo o trabalho de normalização, auditorias e inspeções é custeado pelasassociações. O custeio é proporcional ao faturamento <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas, o que éuma forma de assegurar a participação também <strong>da</strong> pequena <strong>em</strong>presa, umavez que ela não paga taxas excessivas. O programa de garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>detorna-se, assim, interessante também para o pequeno <strong>em</strong>presário.Os fabricantes de perfis de PVC ader<strong>em</strong> ao programaEm 1996, os fabricantes de perfis de PVC para forros e divisórias se sentiramatingidos pelo mesmo fenômeno <strong>da</strong> concorrência de produtos com "nãoconformi<strong>da</strong>deintencional" que afetavam a imag<strong>em</strong> de quali<strong>da</strong>de do setor.Seis fabricantes, responsáveis por aproxima<strong>da</strong>mente 50% <strong>da</strong> produção brasileirade perfis de PVC (Petroll, MEDABIL, Multiplast, Tigre, Candi e Araforros),reuniram-se na AFAPP (Associação de Fabricantes de Perfis de PVC) <strong>em</strong>ontaram um programa de garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de para o setor, com o objetivode estabelecer uma "isonomia competitiva" entre os fabricantes, baseado nacertificação voluntária dos produtos.Ao contrário dos tubos de PVC, os forros de PVC não tinham norma técnicanacional. Em 1995, iniciou-se um programa de normalização, a partir <strong>da</strong>elaboração dos "projetos de especificação". O grupo técnico foi formadodentro <strong>da</strong> estrutura do CEDIPLAC, gerando o projeto de especificação pe-CP27. A certificação de conformi<strong>da</strong>de de produto também seguiu o Modelo 4e foi conduzi<strong>da</strong> aproveitando a metodologia já aplica<strong>da</strong> para certificação detubos, tendo como organismo de inspeção a mesma TESIS.Dessa forma, o trabalho pioneiro realizado pelo grupo de tubos e conexões estáse multiplicando e alavancando a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s outras aplicações.


PLÁSTICOSOutros setores <strong>da</strong> indústria plástica impl<strong>em</strong>entamProgramas Setoriais <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>deO sucesso verificado pelo Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de tubos econexões de PVC motivou outros setores <strong>da</strong> indústria plástica a impl<strong>em</strong>entar<strong>em</strong>seus Programas Setoriais <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de. Todos estes programas procuramassegurar a isonomia competitiva e o bom des<strong>em</strong>penho dos sist<strong>em</strong>as abor<strong>da</strong>dos.Dentre estes programas, destacam-se:PGQ2-JA – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de Esquadrias de PVCrígido – impl<strong>em</strong>entado desde 1990 pelo CEDIPLAC e AFAP-PVC-SetorialJanelas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Perfis de PVC paraConstrução Civil);PGQ2-FO – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de Componentes paraConstrução Civil fabricados com Perfis de PVC – Setorial Forros –impl<strong>em</strong>entado desde 1995 pelo CEDIPLAC e AFAP-PVC – Setorial Forros;PGQ3 – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de tubulações de polietilenopara distribuição de gás combustível – impl<strong>em</strong>entado pelo CEDIPLAC desde1991;PGQ4-LP – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de sist<strong>em</strong>as <strong>em</strong> plásticospara o controle de per<strong>da</strong>s e o uso racional <strong>da</strong> água: 1º módulo: tubulaçõesde polietileno – impl<strong>em</strong>entado desde 1995 pelo CEDIPLAC e ASFAMAS-LP;PGQ6-ET – Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de eletrodutos e dutos parainfra-estrutura e eletrici<strong>da</strong>de e telecomunicações – Módulo dutos de PE parainfra-estrutura – impl<strong>em</strong>entado pelo CEDIPLAC desde 1999;Programa de Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong>de de telhas de polipropileno – impl<strong>em</strong>entadopelo CEDIPLAC desde 1999.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS111Um caso de sucessoNo período de 1994 até 1998, o número de indústrias de tubose conexões participantes do programa aumentou de 7 para 21<strong>em</strong>presas.No início do programa, a produção de tubos e conexões nãoconformesera de 35-40%. Hoje está perto de 5%, ou seja,95% dos tubos e conexões estão sendo fabricados dentro <strong>da</strong>s


PLÁSTICOSNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSnormas técnicas que foram desenvolvi<strong>da</strong>s. Vale l<strong>em</strong>brar quea não-conformi<strong>da</strong>de de 35-40% <strong>da</strong> produção era <strong>em</strong> relação àsNormas Técnicas vigentes no início do Programa, muito mais"bran<strong>da</strong>s" do que as atuais Normas Brasileiras.O setor, como um todo, resgatou a credibili<strong>da</strong>de entre osusuários. Em 1989, o consumo de tubulações de PVC era de<strong>18</strong>0.000 tonela<strong>da</strong>s/ano, e estava estagnado. A utilização detubulações de PVC <strong>em</strong> redes de saneamento básico era muitopequena (motiva<strong>da</strong> pelo descrédito dos usuários <strong>em</strong> relaçãoà quali<strong>da</strong>de dos componentes). Em 1998, este mercadoaumentou para 450.000 tonela<strong>da</strong>s/ano e é ca<strong>da</strong> vez maior opercentual de redes de saneamento executa<strong>da</strong>s com tubulaçõesde PVC.Também é importante destacar a consoli<strong>da</strong>ção de um centrotecnológico para o setor, o CEDIPLAC, que <strong>em</strong> 1999 já reunia39 <strong>em</strong>presas e 130 profissionais associados.112


SIDERURGIA


SIDERURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS114O setor siderúrgico se movimenta para a Normalização e a CertificaçãoEm um mundo ca<strong>da</strong> vez mais competitivo, de mercados globais, são vários osbenefícios advindos <strong>da</strong> normalização e <strong>da</strong> certificação, entre os quais destaca-seo estabelecimento de uma linguag<strong>em</strong> comum entre fornecedores econsumidores, através <strong>da</strong> padronização de requisitos e especificações,sejam de produtos ou de sist<strong>em</strong>as de quali<strong>da</strong>de.Portanto, a normalização e a certificação de produtos e processos constitu<strong>em</strong>bases para aumentos de produtivi<strong>da</strong>de, redução de custos e acesso amercados, além de propiciar<strong>em</strong> ao consumidor maior segurança e confiabili<strong>da</strong>deno produto.Foi dentro dessa visão que foi constituído, <strong>em</strong> 1995, o ABNT/CB-28 – ComitêBrasileiro de Siderurgia, sob o patrocínio e coordenação do IBS – InstitutoBrasileiro de Siderurgia, com o objetivo de promover a normalização do açoe de produtos siderúrgicos, considerando as condições mais estritas dequali<strong>da</strong>de e visando atender às d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s de seu mercado consumidor.A seguir, são apresentados dois ex<strong>em</strong>plos de sucesso do uso de normas ede implantação de programas de certificação de produtos do setor.Barras e fios de aço para armaduras de concreto (vergalhões)A Norma Brasileira NBR 7480 e a Marca de Conformi<strong>da</strong>deAs normas técnicas de especificação de barras e fios de aço para armadurade concreto apresentam características distintas <strong>em</strong> outros países <strong>da</strong>quelasespecifica<strong>da</strong>s na norma brasileira.A Norma Brasileira NBR 7480/96 abrange três categorias de barras e fios deaço para concreto armado (<strong>em</strong> função do nível de resistência do material aoescoamento): CA-25, CA-50 e CA-60. A Norma Brasileira deixou de consideraro CA-40 <strong>em</strong> face <strong>da</strong> sua similari<strong>da</strong>de visual com o CA-50, o que podia gerarinadverti<strong>da</strong>mente uso inadequado devido ao limite de escoamento 25% menor.A Norma Brasileira para vergalhões evoluiu do CA-40 (amplamente utilizado<strong>em</strong> outros países) para o CA-50 como resultado de um avanço tecnológico,que inclusive economiza aço, o que levou as <strong>em</strong>presas construtoras aabandonar<strong>em</strong> o uso <strong>da</strong>s especificações anteriores. A partir <strong>da</strong>í, os projetistaspassaram a desenvolver os cálculos <strong>da</strong>s estruturas de qualquer edificaçãocom as novas especificações.


SIDERURGIAA utilização no mercado brasileiro do vergalhão CA-50 atendeu, portanto, a umad<strong>em</strong>an<strong>da</strong> dos consumidores no sentido de reduzir o consumo de aço nasconstruções <strong>em</strong> até 25%, s<strong>em</strong> comprometer as outras características técnicas,como dutili<strong>da</strong>de e aderência, necessárias às construção civil.Para a segurança <strong>da</strong>s edificações e <strong>da</strong>s pessoas que nelas moram ou trabalham,é essencial que o aço usado nas estruturas de concreto armado aten<strong>da</strong>às proprie<strong>da</strong>des e requisitos estabelecidos na Norma Brasileira.No comércio pode ocorrer a mistura de materiais de diversas procedências,inclusive aços importados, <strong>em</strong>bora a norma NBR 7480/96 preconize a claramarcação do material com identificação do produtor, categoria do material ediâmetro nominal.É usual que os grandes contratantes efetu<strong>em</strong> programas elaborados de qualificaçãoe controle de recebimento que são onerosos e dispendiosos <strong>em</strong> termos derecursos e t<strong>em</strong>po. As construtoras também efetuam os seus controles, mas namaioria <strong>da</strong>s vezes compram dos distribuidores e não diretamente <strong>da</strong>s siderúrgicas.Os revendedores e o pequeno consumidor, por outro lado, não têmcondições de efetuar nenhum tipo de qualificação ou controle.Embora os produtos ofertados no mercado tenham efetivamente quali<strong>da</strong>de esejam fornecidos por <strong>em</strong>presas estrutura<strong>da</strong>s, é sabido que exist<strong>em</strong> produtosprovenientes de relaminadoras s<strong>em</strong> nenhuma estrutura de controle de processoe produção que constitu<strong>em</strong> uma concorrência desleal. Por outro lado,t<strong>em</strong>-se notícias de algumas importações que potencialmente não atend<strong>em</strong> àNorma Brasileira.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS115Atualmente, <strong>da</strong>s barras e fios de aço produzidos pelas usinas siderúrgicasbrasileiras, apenas 30% são comercializados diretamente com os construtores,para obras de grande porte. A maior parte <strong>da</strong> produção escoa por uma rede dedistribuição para atender o comércio varejista, destinando-se a obras depequeno e médio porte, sendo que o construtor "formiga" representa cerca de72% do mercado.Considerando fun<strong>da</strong>mentalmente o aspecto de segurança e proteção do consumidor,os produtores decidiram pela obtenção <strong>da</strong> Marca de Conformi<strong>da</strong>de<strong>em</strong>iti<strong>da</strong> por organismo de terceira parte credenciado no âmbito do SBC (Sist<strong>em</strong>aBrasileiro de Certificação) pelo INMETRO, com finali<strong>da</strong>de de assegurar aconformi<strong>da</strong>de do aço com as exigências <strong>da</strong> respectiva Norma Brasileira, e desta


SIDERURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS116forma permitindo que o mercado fosse saneado <strong>em</strong> relação aos produtos nãoconformes.O setor escolheu a ABNT (Associação Brasileira de NormasTécnicas) como o organismo de certificação de produtos.Estruturação <strong>da</strong> Certificação de Aços para a ConstruçãoAté nov<strong>em</strong>bro de 1998, a maioria <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas siderúrgicas já havia implantado<strong>em</strong> suas uni<strong>da</strong>des Programas de Quali<strong>da</strong>de, com certificação segundo asnormas <strong>da</strong> série NBR ISO 9000. Em paralelo, foi efetua<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996 a revisão <strong>da</strong>norma NBR 7480/85 com o propósito de atualizá-la, com intensa participação<strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas do setor.Com o objetivo de <strong>da</strong>r transparência ao processo de certificação <strong>da</strong>s barras efios de aço para armadura de concreto segundo a norma técnica NBR 7480, cujarevisão foi publica<strong>da</strong> <strong>em</strong> fevereiro de 1996, foi criado <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro de 1996 oComitê Técnico de Certificação de Aços Longos (CTC-04) no âmbito <strong>da</strong> ABNT,com participação paritária dos setores produtor, consumidor e de instituiçõestécnicas especializa<strong>da</strong>s e órgãos afins do governo.Neste Comitê foram elabora<strong>da</strong>s e aprova<strong>da</strong>s regras específicas para a concessãoe manutenção do direito de uso <strong>da</strong> Marca de Conformi<strong>da</strong>de ABNT para acertificação de barras e fios de aço.Em abril de 1997, o INMETRO instalou a Comissão Técnica <strong>da</strong> Construção Civilcom o objetivo de analisar a impl<strong>em</strong>entação <strong>da</strong> certificação no Sist<strong>em</strong>aBrasileiro de Certificação (SBC). No âmbito <strong>da</strong>quele fórum foi amplamentediscuti<strong>da</strong> e aprova<strong>da</strong> a certificação compulsória, finalmente estabeleci<strong>da</strong>através <strong>da</strong> Portaria INMETRO 46, publica<strong>da</strong> no DOU, de 9/4/1999.A ABNT obteve seu credenciamento junto ao INMETRO como OCC (Organismode Certificação Credenciado) para a certificação de barras e fios de aço(NBR 7480) <strong>em</strong> 10/6/1997.Resultados AlcançadosIndicador de Conformi<strong>da</strong>de: a impl<strong>em</strong>entação dos programas de quali<strong>da</strong>de ea certificação <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas contribuíram para o atual índice de conformi<strong>da</strong>dede 97,3%, já superando a meta de 90% do PBQP-H, a ser alcança<strong>da</strong> até 2002;Redução de custos nas construções;Quali<strong>da</strong>de nas obras;


SIDERURGIAA quali<strong>da</strong>de do aço usado na construção é avalia<strong>da</strong> somente através <strong>da</strong>realização de ensaios de proprie<strong>da</strong>des mecânicas relativamente complexos,não acessíveis e, <strong>em</strong> alguns casos, até mesmo desconhecidos de grandenúmero de pequenos construtores <strong>em</strong> todo o país. A marca de conformi<strong>da</strong>deassegura ao consumidor a quali<strong>da</strong>de do produto.Empresas e produtos certificadosNo quadro a seguir são apresenta<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas concessionárias <strong>da</strong> Marcade Conformi<strong>da</strong>de ABNT e respectivos produtos certificados.EMPRESAPRODUTOS(NORMA DE REFERÊNCIA:NBR 7480)AÇOMINAS – SPBarras de aço – CA-50BELGO-MINEIRA PARTICIPAÇÃOBarras e fios – CA-25, CA-50 e CA-60BELGO-MINEIRABarras de aço – CA-50USINA SID. GRANDE VITÓRIABELGO-MINEIRA PIRACICABABarras de aço – CA-25 e CA-50BELGO-MINEIRA – USINA DE SABARÁ Fios de aço – CA-60GERDAU S.A. – RIO DE JANEIROBarras e fios – CA-25, CA-50 e CA-60GERDAU S.A. – VILA GUAÍRABarras de aço – CA-50NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS117GERDAU S.A. – DIVINÓPOLISGERDAU S.A. – USIBAGERDAU S.A. – RIOGRANDENSEGERDAU S.A. – AÇONORTEGERDAU S.A. – CEARENSEGERDAU S.A. – S. J. DOS CAMPOSSIDERÚRGICA BARRA MANSAITAÚNA SIDERÚRGICA LTDA.Barras de aço – CA-25 e CA-50Barras e fios – CA-25, CA-50 e CA-60Barras e fios – CA-25, CA-50 e CA-60Barras e fios – CA-25, CA-50 e CA-60Barras de aço – CA-50Fios de aço – CA-60Barras e fios de aço – CA-50 e CA-60Barras de aço – CA-25 e CA-50Tubos de aço e conexões de ferro para condução de fluidosO setor se movimenta para obtenção <strong>da</strong> Marca de Conformi<strong>da</strong>deApesar <strong>da</strong> maioria dos produtos ofertados no mercado ser<strong>em</strong> feitos por<strong>em</strong>presas estrutura<strong>da</strong>s e ter<strong>em</strong> quali<strong>da</strong>de, é de conhecimento do setor que nomercado exist<strong>em</strong> produtos não-conformes provenientes de importações e defabricantes, revendedores e distribuidores que não possu<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de


SIDERURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS1<strong>18</strong>garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de, ou seja, não identificam seus produtos, não possu<strong>em</strong>estrutura de controle de processo e produção, constituindo, então, tal práticanuma concorrência desleal.Na norma NBR 5580 é especificado que os tubos dev<strong>em</strong> ser submetidos aoensaio de pressão hidrostática ou ensaio eletromagnético. Esses ensaiosd<strong>em</strong>an<strong>da</strong>m que o fabricante do tubo disponha de equipamentos adequadospara sua realização. Destaca-se que, para os tubos utilizados na condução degás <strong>em</strong> instalações prediais, o cumprimento <strong>da</strong> exigência do ensaio depressão hidrostática é vital para a segurança do consumidor.A NBR 6943 especifica as conexões de ferro fundido maleável e fixa ascondições para a fabricação, aceitação e recebimento do produto para uso <strong>em</strong>instalações de água, gás, vapor, óleo e hidráulica <strong>em</strong> geral. Estabelece osensaios de quali<strong>da</strong>de onde o fabricante deve assegurar que as conexõesaten<strong>da</strong>m aos requisitos estabelecidos através de controles e ensaios durantea fabricação. Destacam-se os ensaios de resistência hidrostática, alinhamento<strong>da</strong>s roscas e dimensional.Considerando que:apesar <strong>da</strong>s construtoras ter<strong>em</strong> algum tipo de controle, na maioria <strong>da</strong>s vezes,compram dos distribuidores e não diretamente dos fabricantes de tubos, nãoconhecendo a quali<strong>da</strong>de dos produtos adquiridos;os revendedores e o pequeno consumidor não têm condições de efetuarnenhum tipo de análise ou controle;há necessi<strong>da</strong>de de eliminar a não-conformi<strong>da</strong>de do mercado por questões desegurança e de proteção do consumidor,os produtores pretend<strong>em</strong>, através <strong>da</strong> marca de conformi<strong>da</strong>de <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> porórgão credenciado pelo INMETRO, assegurar a quali<strong>da</strong>de dos tubos de aço e<strong>da</strong>s conexões de ferro fundido segundo as exigências <strong>da</strong>s normas técnicasbrasileiras, além de sanear o mercado, combatendo a concorrência deslealdos fornecedores de produtos não-conformes.Estratégias do setorRealizar um monitoramento constante e eficiente dos produtos oferecidos aomercado, com a finali<strong>da</strong>de de checar a conformi<strong>da</strong>de ou não destes produtos<strong>em</strong> relação ao estabelecido pelas normas;Manter as normas de tubos e conexões atualiza<strong>da</strong>s;


SIDERURGIAAumentar o número de <strong>em</strong>presas que possu<strong>em</strong> certificação para a melhoria<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de seus produtos, visando o usuário final e o Código de Defesado Consumidor;Treinar mão-de-obra;Apoiar o governo no combate à não-conformi<strong>da</strong>de.BenefíciosReduzir os probl<strong>em</strong>as na construção provocados não só pelo uso de produtosnão-conformes, como também pela aplicação inadequa<strong>da</strong> do produto;Reduzir os custos nas construções;Resgatar a imag<strong>em</strong> do produto;Prover a segurança do consumidor.Situação atual do mercado de tubos e conexõesA ABITAM (Associação Brasileira de Indústria de Tubos e Acessórios de Metal)dispõe <strong>da</strong>s seguintes informações <strong>em</strong> relação ao mercado de tubos de condução:NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSEmpresas Produtoras <strong>em</strong> condiçõesde atender à NBR 5580 –Tubos de Aço para Condução deFluidosApolo Produtos de Aço S.A.Zamprogna S.A.Tubonal S.A. – Divisão FornasaWiest S.A. – Divisão Tubos119Dessas <strong>em</strong>presas, a Apolo Produtos de Aço S.A. e a Wiest S.A. – DivisãoTubos já obtiveram a Marca de Conformi<strong>da</strong>de ABNT para a Certificação deTubos para Condução de Fluidos segundo a NBR 5580.Por outro lado, estima-se que a oferta de fabricantes pouco industrializados edistribuidores, que utilizam instalações de terceiros s<strong>em</strong> nenhuma preocupaçãocom a execução de ensaios de pressão hidrostática ou eletromagnético,represente cerca de 30% do mercado <strong>em</strong> tonelag<strong>em</strong>.O único produtor brasileiro de conexões de ferro maleável é a Tupy FundiçõesLt<strong>da</strong>. Em agosto de 2000, a Tupy obteve Marca de Conformi<strong>da</strong>de ABNT para sualinha produzi<strong>da</strong> segundo a NBR 6943.


SIDERURGIANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSAs conexões de ferro maleável alternativas são importa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Ásia, principalmente<strong>da</strong> China. Os importadores não possu<strong>em</strong> estrutura para a realização dosensaios de quali<strong>da</strong>de estabelecidos na norma (esse é um fato importante, já queo importador se equipara a um fabricante, segundo o Código de Defesa doConsumidor) e muitas vezes usam subterfúgios para convencer o público.Como ex<strong>em</strong>plo, pode-se dizer que <strong>em</strong> alguns casos realizam um ou outro ensaio<strong>em</strong> laboratório independente e informam que o laboratório aprovou o produto.O desconhecimento <strong>da</strong>s exigências estabeleci<strong>da</strong>s na norma técnica faz com queo leigo não questione, <strong>em</strong>bora não tenha a qu<strong>em</strong> recorrer <strong>em</strong> caso de algumprobl<strong>em</strong>a com o produto. Estima-se que as conexões importa<strong>da</strong>s represent<strong>em</strong> 20%do mercado. Suas ven<strong>da</strong>s concentram-se nos setores <strong>da</strong> construção civil, órgãosde saneamento (principalmente aqueles que não possu<strong>em</strong> uma estrutura paraqualificar os fornecedores) e pequenos revendedores de material de construção.O principal argumento de ven<strong>da</strong> é o preço – principalmente no caso <strong>da</strong> construçãocivil e pequeno varejo. No período de 1995 a 2000, 15 <strong>em</strong>presas importaramconexões, sendo que atualmente 2 ou 3 estão mantendo essa ativi<strong>da</strong>de.120Resultados AlcançadosRealizado no decorrer de 2000, o 1 o Plano de Avaliação de Conformi<strong>da</strong>de paraTubos de Aço para Condução de Fluidos obteve os seguintes resultados:! O ensaio de pressão hidrostática ou eletromagnética para verificar odes<strong>em</strong>penho dos tubos de aço não foi realizado neste primeiro plano deavaliação que objetivou verificar <strong>em</strong> que condições o produto vinha sendooferecido no comércio. De uma forma geral não foram detectados probl<strong>em</strong>asgraves nas amostras ensaia<strong>da</strong>s. A inspeção visual foi a principal característicanão-conforme;! Foi identificado, para duas marcas encontra<strong>da</strong>s, que o produto fornecido nãofora fabricado para uso <strong>em</strong> condução de fluidos, apesar do comerciantedeclarar que as amostras compra<strong>da</strong>s atendiam à norma NBR 5580;! Identificou-se a necessi<strong>da</strong>de de revisão <strong>da</strong> NBR 5580, visando incluir aobrigatorie<strong>da</strong>de de identificação do produto com o nome do fabricante (logomarca).Revisão <strong>da</strong> norma NBR 5580 com a inclusão <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> identificaçãodo produto com o nome do fabricante.


SIDERURGIAAumento <strong>da</strong> conscientização e sensibilização do setor para as vantagens <strong>da</strong> Marcade Conformi<strong>da</strong>de para os Tubos e Conexões.Empresas e produtos certificadosAté a presente <strong>da</strong>ta três <strong>em</strong>presas são concessionárias <strong>da</strong> Marca de Conformi<strong>da</strong>deABNT nos produtos, conforme o quadro a seguir. As d<strong>em</strong>ais <strong>em</strong>presasestão se estruturando visando à certificação de seus produtos.EmpresaProdutoApolo Produtos Tubo de aço para NBR 5580de Aço S.A.condução de fluidosWiest S.A. Tubo de aço para NBR 5580Divisão Tuboscondução de fluidosTupy Fundições Lt<strong>da</strong>. Conexões NBR 6943Norma de ReferênciaNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS121


TÊXTIL


TÊXTILNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS124O cenário econômico:situação <strong>da</strong> indústria têxtil brasileiraO setor têxtil procura se recuperar <strong>da</strong> profun<strong>da</strong> crise dosanos 90, <strong>em</strong> que a abertura brusca do mercado nacionalexpôs a indústria local à concorrência irrestrita – e muitasvezes pre<strong>da</strong>tória – do exterior. A abertura encontrou umsetor industrial muito pouco dinâmico, dotado de um parqueindustrial obsoleto e por isso incapaz de resistir ao "choquetecnológico" a que foi submetido. A conjugação dessaabertura com a sobrevalorização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> brasileira desde1994 arrasou com a cadeia produtiva têxtil brasileira. Paramedir o impacto negativo dessa conjuntura adversa ésuficiente registrar a trajetória <strong>da</strong> produção do setor nesseperíodo. Entre 1990 e 1997, encerraram suas ativi<strong>da</strong>des noBrasil 75% <strong>da</strong>s fiações, 52% <strong>da</strong>s tecelagens, 54% <strong>da</strong>s<strong>em</strong>presas de beneficiamento e 21% <strong>da</strong>s malharias instala<strong>da</strong>s,perdendo-se perto de 700 mil <strong>em</strong>pregos. Em termosfísicos, a produção de fibras e filamentos têxteis caiu 28%entre 1989 (último ano do regime de reserva de mercadopara a indústria nacional) e 1998, sendo que a produção defio de algodão recuou 52% com a entra<strong>da</strong> de fio de algodãoimportado no mercado brasileiro, que <strong>em</strong> 1998 atingiu 371mil tonela<strong>da</strong>s (fonte: ABIT – Associação Brasileira <strong>da</strong>Indústria Têxtil – Série Estatística <strong>da</strong> Cadeia ProdutivaTêxtil e do Vestuário, 1999).Os caminhos <strong>da</strong> recuperaçãoA partir do ajuste cambial do início de 1999 o quadro comercial melhorou,devolvendo à indústria têxtil nacional condições de competitivi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> preçocom o produto importado. Certamente foram atingi<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas poucocompetitivas, de baixa quali<strong>da</strong>de e produtivi<strong>da</strong>de. Elevar o nível de quali<strong>da</strong>de


TÊXTILdo produto nacional e conquistar credibili<strong>da</strong>de entre os clientes tornou-se odesafio a ser vencido pelas <strong>em</strong>presas do setor. Apresentamos a seguir doiscasos que d<strong>em</strong>onstram como a avaliação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de dos produtos comnormas técnicas consagra<strong>da</strong>s é um caminho adequado a ser seguido paraconquistar um novo patamar de relacionamento com o mercado.Situação <strong>da</strong>s normas técnicas para o setor têxtilO Comitê Brasileiro de Têxteis e Vestuário – ABNT/CB-17 – <strong>da</strong> ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas) é mantido pela cadeia têxtil,que já produziu numerosas Normas Técnicas Brasileiras (NBR). Comissõesde Estudos, <strong>em</strong> que se reún<strong>em</strong> especialistas representando fabricantes,laboratórios, centros técnicos têxteis, representantes do INMETRO (InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Quali<strong>da</strong>de Industrial) e de outrosórgãos governamentais, b<strong>em</strong> como consumidores do produto <strong>em</strong> questão,trabalham <strong>em</strong> grupos específicos de normas. Essas comissões <strong>em</strong>itiram umelenco completo de normas sobre métodos de ensaio. Por ex<strong>em</strong>plo, os métodosde ensaio sobre "Solidez de cor <strong>em</strong> produtos têxteis" foram desenvolvidospela Comissão de Estudos CE:17:100-03. Já exist<strong>em</strong> 28 normas publica<strong>da</strong>sversando exclusivamente sobre esse grupo de métodos de ensaio. Da mesmaforma, outra Comissão de Estudos, a CE:17:500-02, desenvolveu e publicou16 normas sobre métodos de ensaio de tecidos planos. Um financiamentocom recursos do PADCT (Plano de Apoio ao Desenvolvimento Científico eTecnológico), um convênio do Ministério <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia com oBanco Mundial, deu apoio ao trabalho de elaboração de 10 normas técnicasdo setor.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS125Contrastando com a diversi<strong>da</strong>de e cobertura ampla <strong>da</strong>s normas sobre métodos deensaio, são relativamente raras as normas já publica<strong>da</strong>s sobre des<strong>em</strong>penho deprodutos de vestuário, talvez porque tanto a gama de produtos como o mercadoconsumidor são extr<strong>em</strong>amente diversificados. O caminho para a melhoria <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> confecção brasileira passa, por isso, pelo desenvolvimento deespecificações de compra de produtos têxteis para nichos b<strong>em</strong> definidos domercado de confecções. Esse caminho já é trilhado com sucesso por algunssegmentos, como ver<strong>em</strong>os a seguir.


TÊXTILNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS126O caso dos tecidos DenimUm probl<strong>em</strong>a de quali<strong>da</strong>de e constantes discussõesGrandes fornecedores de tecido Denim, tais como Cedro, Ferreira Guimarães,Vicunha, Alpargatas-Santista e Canatiba, se uniram para especificar um padrãode fornecimento do produto aos seus clientes – as grandes confecções de jeansno Brasil. A existência de probl<strong>em</strong>as de quali<strong>da</strong>de no produto final criava umasituação permanente de confronto entre a indústria de confecção e os seusfornecedores de matéria-prima.As confecções reclamavam de uma forma <strong>em</strong>pírica sobre probl<strong>em</strong>as de quali<strong>da</strong>decom seus produtos, que eram s<strong>em</strong>pre atribuídos ao tecido. Não existe umanorma internacional para tecido plano Denim <strong>em</strong> que os fabricantes pudess<strong>em</strong>se basear para caracterizar o des<strong>em</strong>penho esperado do tecido. Tambéminexist<strong>em</strong> normas técnicas para o des<strong>em</strong>penho do produto acabado – calçasjeans. Então, todos os defeitos <strong>da</strong> peça confecciona<strong>da</strong> (a calça encolhe,desbota, deforma com o uso) podiam ser atribuídos à má quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>tecelag<strong>em</strong>. Acresce que os confeccionistas não têm laboratório próprio paraensaios de seus produtos.Nasce a norma técnica de caracterização do produtoA norma técnica resolverá o probl<strong>em</strong>a porque caracteriza o produto, permitindoa especificação do des<strong>em</strong>penho esperado pelo comprador e o recebimentodo tecido vendido por meio de ensaios realizados de acordo com a norma.Estabelecido o padrão, o próprio fornecedor pode garantir a quali<strong>da</strong>de do seuproduto por meio de um certificado <strong>em</strong>itido por organismo de terceira parte,baseado <strong>em</strong> ensaios de laboratório.Na Comissão CE 17.500-02 <strong>da</strong> ABNT se reuniram os fabricantes de Denim eos confeccionistas de artigos de vestuário que utilizam esse tecido, com aparticipação de alguns especialistas de laboratórios de ensaio <strong>da</strong> área têxtil(CETIQT – Centro de Tecnologia <strong>da</strong> Indústria Química e Têxtil, IPT – Institutode Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Escola SENAI “FranciscoMatarazzo”). Foram defini<strong>da</strong>s três faixas de gramatura de tecido: leve,médio e pesado. Para caracterizar os parâmetros de des<strong>em</strong>penho significativose definir os limites, foram feitos ensaios <strong>em</strong> amostras representativas dos


TÊXTILtecidos disponíveis no mercado nacional, aplicando os métodos já definidos nanorma técnica brasileira. Com base nos resultados <strong>em</strong> amostras considera<strong>da</strong>sboas, são elaborados os critérios de des<strong>em</strong>penho.A fase de vali<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> proposta de normaAtualmente as tecelagens estão produzindo tecidos Denim dentro dos limites <strong>da</strong>proposta de norma. As grandes <strong>em</strong>presas têxteis têm laboratório próprio e secomparam com os laboratórios independentes através de ensaios de proficiênciapor comparações interlaboratoriais. Por meio dessas comparações, que sãosubmeti<strong>da</strong>s a uma análise estatística, é possível determinar a marg<strong>em</strong> deincerteza <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> realiza<strong>da</strong> por um determinado laboratório. Dessa forma, háum efetivo controle sobre a consistência do trabalho realizado pelos laboratórios,ao mesmo t<strong>em</strong>po que se realiza um trabalho de melhoria contínua <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dedo conjunto. Os resultados permitiram até um pequeno programa de comparaçãointerlaboratorial para balizar os resultados técnicos.Os confeccionistas estão aplicando tecidos certificados para vali<strong>da</strong>r os parâmetrosespecificados na norma. Deverá se confirmar uma correlação suficient<strong>em</strong>enteforte entre o uso de tecidos que foram aprovados dentro dos critérios <strong>da</strong> propostade norma e a ausência de defeitos advindos do uso do produto final.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS127Por fim, como resultado desse trabalho, <strong>em</strong> 2000 foi aprova<strong>da</strong> e publica<strong>da</strong> pelaABNT a norma NBR 14634 – Tecido plano de 100% algodão – Denim – Requisitose métodos de ensaio.O passo seguinteSerá definir normas de des<strong>em</strong>penho para o produto final, por ex<strong>em</strong>plo, umanorma para confecção <strong>da</strong> calça tipo jeans. Aplicando insumos certificados,os defeitos de des<strong>em</strong>penho passarão a se localizar claramente no processo<strong>da</strong> confecção do produto final, permitindo a caracterização dos atributos deum produto de quali<strong>da</strong>de.A necessi<strong>da</strong>de de garantir uma "isonomia competitiva"Um mercado muito importante para a indústria do vestuário é o de uniformes paragrandes clientes estatais, tais como as Forças Arma<strong>da</strong>s, Polícias e Prefeituras.


TÊXTILNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS128As compras são efetua<strong>da</strong>s por meio de licitação pública, <strong>em</strong> volumes muitograndes. Também <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas priva<strong>da</strong>s a adoção crescente de vestuárioprofissional enseja grandes volumes de compra. S<strong>em</strong>pre há o conflito preço/quali<strong>da</strong>de, no qual o menor preço t<strong>em</strong> vantag<strong>em</strong> na licitação, independente <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de do produto. O fornecedor que pratica a baixa quali<strong>da</strong>de, a qualsomente pode ser evidencia<strong>da</strong> com o uso do produto, fica favorecido pelaausência de uma especificação rigorosa, capaz de caracterizar o des<strong>em</strong>penhodo produto pela conformi<strong>da</strong>de com as normas técnicas. Há probl<strong>em</strong>as sérios,como, por ex<strong>em</strong>plo, a degra<strong>da</strong>ção (solidez) <strong>da</strong> cor, que compromete fort<strong>em</strong>entea vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong> peça de vestuário profissional, pela per<strong>da</strong> de seu aspecto visualou encolhimento que prejudica as características de uso e conforto.Para criar um ambiente concorrencial de "isonomia competitiva", o uso denormas pode garantir a concorrência <strong>em</strong> níveis iguais, com a garantia <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de do produto adquirido. Dessa forma, estende-se o benefício aocliente final.Nasce a norma técnica de caracterização do produtoNa déca<strong>da</strong> de 80, iniciou-se um trabalho do CETIQT (Centro de Tecnologia <strong>da</strong>Indústria Química e Têxtil, um Centro do SENAI – Serviço Nacional deAprendizag<strong>em</strong> Industrial) para a especificação de padrões para far<strong>da</strong>mentos,primeiramente para o Exército Brasileiro e, posteriormente, também para aMarinha do Brasil. A partir de 1995, esse trabalho foi metodizado pelo CETIQT<strong>em</strong> "Fichas de Especificação Técnica", um documento técnico muito simplificado<strong>em</strong> relação à Norma Técnica Brasileira, descrevendo o far<strong>da</strong>mento deforma sucinta, com tabelas de costura, montag<strong>em</strong> e medi<strong>da</strong>s padrões.Esse trabalho de padronização foi estendido às roupas profissionais, servindode fun<strong>da</strong>mento para a especificação dos produtos <strong>em</strong> licitações públicas.A especificação do produto final de vestuário profissional necessariamente sevincula a uma especificação do tecido, que, por sua vez, t<strong>em</strong> que ser referi<strong>da</strong>a uma norma técnica formaliza<strong>da</strong> como Norma Brasileira (NBR).Mais uma vez a discussão <strong>da</strong> norma se deu na Comissão CE 17:500-02 – TecidosPlanos, <strong>da</strong> ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). As <strong>em</strong>presasinteressa<strong>da</strong>s, tanto fornecedores de tecido com as confecções, reuniram-se com


TÊXTILparticipação também dos grandes clientes governamentais para definir critériostécnicos de aceitação para o brim de roupas profissionais.O brim Alpargatas-Santista foi adotado como o padrão de referência para definira norma. Os ensaios foram feitos aplicando-se os métodos já definidos <strong>em</strong>normas técnicas brasileiras. Por ex<strong>em</strong>plo, os ensaios de solidez de cor foramefetuados de acordo com as normas brasileiras <strong>da</strong> ABNT (o elenco de 28 normasjá citado), iniciando com a NBR 10<strong>18</strong>7 – Regras Gerais para Ensaios de Solidezde Cor. A partir de resultados com amostras considera<strong>da</strong>s boas, foram elaboradosos critérios de des<strong>em</strong>penho. Nasceu, assim, a NBR 13917 – Tecido Plano100% Algodão para Roupas Profissionais e Uniformes.A norma brasileira passou a ser exigi<strong>da</strong> nos editais de licitação <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>despúblicas. Isso obriga os participantes a apresentar<strong>em</strong> laudo do ensaio doproduto para se habilitar<strong>em</strong> tecnicamente à licitação, garantindo a equivalência<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.Casos de sucessoNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROSOs dois casos relatados d<strong>em</strong>onstram a utili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s normastécnicas como ferramentas <strong>da</strong> melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ecompetitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria. Os fabricantes de calças jeanscertamente oferec<strong>em</strong> maior satisfação ao consumidor, fabricandoprodutos exclusivamente com tecidos de quali<strong>da</strong>deassegura<strong>da</strong>, com isso as exportações brasileiras dessesetor também ganham competitivi<strong>da</strong>de.129Os uniformes profissionais ficaram homogêneos no que serefere à quali<strong>da</strong>de e, graças a isso, são mais duráveis.A imag<strong>em</strong> <strong>da</strong> indústria têxtil se beneficiou pela eliminaçãodo fornecimento de produtos de quali<strong>da</strong>de inferior, por meiode critérios exclusivamente técnicos.O esforço de recuperação <strong>da</strong> indústria têxtil brasileira seevidencia nesses dois ex<strong>em</strong>plos de boas práticas de normalização,que elevam a quali<strong>da</strong>de do produto ao patamar <strong>da</strong>concorrência internacional.


APOIO TECNOLÓGICO À EXPORTAÇÃO –O PROGEX


PROGEXNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS132O probl<strong>em</strong>aExportar produto nacional para o mercado externo pode ser extr<strong>em</strong>amenteatrativo e vantajoso para os <strong>em</strong>presários brasileiros. Muitos, porém, sãovencidos por dificul<strong>da</strong>des de diversas ordens, incluindo a questão tecnológica.As barreiras técnicas impostas pelos países mais avançados estão ca<strong>da</strong> vezmaiores e, para <strong>da</strong>r início ou continui<strong>da</strong>de às exportações, o <strong>em</strong>presáriobrasileiro deve estar atento às necessi<strong>da</strong>des de certificações e conformi<strong>da</strong>dedos produtos exigidos por esses mercados. O <strong>em</strong>presário, porém, não estásozinho, podendo contar com um importante aliado, o PROGEX (Programa deApoio Tecnológico à Exportação), que pode <strong>da</strong>r o apoio tecnológico parapreparar produtos para atender às exigências do mercado internacional.A Marcação CEAs letras "CE" são abreviatura <strong>da</strong>s palavras "Conformité Européene",que significa "A Conformi<strong>da</strong>de Européia". A marcação CE afixa<strong>da</strong> <strong>em</strong> um produtoé a declaração de um fabricante que o produto está de acordo com os requisitosessenciais <strong>da</strong>s legislações européias pertinentes à saúde, à segurança e àproteção ambiental, estabeleci<strong>da</strong>s nas Diretivas Européias. Aos oficiais governamentais,ela indica que o produto pode legalmente ser oferecido para a ven<strong>da</strong> <strong>em</strong>seu país. A marcação CE é uma medi<strong>da</strong> importante que a União Européia (UE)adotou para estabelecer o mercado único e para promover o desenvolvimentoeconômico para os estados m<strong>em</strong>bros. O objetivo é simplificar o movimento dosprodutos dentro <strong>da</strong> UE. A Comissão Européia considera, assim, a marcação CEcomo um passaporte que permite que os produtos circul<strong>em</strong> livr<strong>em</strong>ente nomercado único <strong>da</strong> UE.Como o Progex atuaTendo <strong>em</strong> vista o potencial do produto brasileiro para a exportação, foi criadohá dois anos o PROGEX – Programa de Apoio Tecnológico à Exportação,fruto <strong>da</strong> parceria entre o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas e oSEBRAE – SP, com a finali<strong>da</strong>de de prestar assistência tecnológica visandoà capacitação de <strong>em</strong>presas para participar<strong>em</strong> <strong>da</strong> acirra<strong>da</strong> disputa comercialinternacional. O Programa de Apoio Tecnológico à Exportação gerou resultadosmuito positivos nas mais de 150 <strong>em</strong>presas atendi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> São Paulo.


PROGEXAssim, foi credenciado para atuar também <strong>em</strong> âmbito nacional, através dolançamento do PROGEX Nacional, pelo Ministro <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia,Ronaldo Sardenberg. O IPT deverá repassar a metodologia do PROGEX para até30 enti<strong>da</strong>des de pesquisa, e a meta é realizar, <strong>em</strong> 3 anos, 6.000 adequações deprodutos. Os primeiros 5 institutos a ser<strong>em</strong> credenciados no PROGEX Nacionalsão: INT (RJ), TECPAR (PR), CETEC (MG), ITEP (PE) e FUCAPI (AM).Atendendo praticamente a todos os setores, o PROGEX funciona <strong>em</strong> duas etapas:Na primeira fase é feito o estudo de viabili<strong>da</strong>de técnica, ou seja, técnicosanalisam e verificam se as a<strong>da</strong>ptações necessárias são possíveis de ser<strong>em</strong>feitas, indicando a continui<strong>da</strong>de ou não do trabalho. Do estudo de viabili<strong>da</strong>detécnica resulta um diagnóstico do qual constam análises do produto e doprocesso produtivo, identificação dos principais probl<strong>em</strong>as técnicos a ser<strong>em</strong>resolvidos, estimativas dos custos e investimentos necessários paraimpl<strong>em</strong>entar as soluções sugeri<strong>da</strong>s.Caso o diagnóstico seja positivo e o <strong>em</strong>presário concor<strong>da</strong>r, passa-se paraa segun<strong>da</strong> fase, a mais longa, com duração de cerca de três meses. Efetuaseuma ação <strong>em</strong> conjunto com a <strong>em</strong>presa, na qual são feitas as modificaçõesnecessárias para o produto se tornar exportável. O trabalho vai desdeaumento de produtivi<strong>da</strong>de, melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de atendendo a normastécnicas internacionais, redução de custos e adequação de design e<strong>em</strong>balag<strong>em</strong> ao mercado importador. Para o <strong>em</strong>presário, o investimentonecessário para a primeira fase do atendimento é de R$ 900,00, e para asegun<strong>da</strong> fase, o valor depende <strong>da</strong>s a<strong>da</strong>ptações necessárias, sendo o valormínimo R$ 2.500,00.NORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS133O Programa, na fase atual, está concebido para apoiar as médias, pequenase micro<strong>em</strong>presas (até 100 funcionários) no seu esforço de exportação.A seguir são apresentados três ex<strong>em</strong>plos de sucesso no auxílio do PROGEXa pequenas e médias <strong>em</strong>presas exportadoras.MegabrásA <strong>em</strong>presa Megabrás, tradicional fabricante de equipamentos portáteis de mediçãoelétrica, com sóli<strong>da</strong> posição no mercado nacional e parte do MERCOSUL,procurou o PROGEX para ajudá-los a adequar seus produtos para exportar parao mercado europeu.


PROGEXNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS134O produto já havia sido apresentado na feira de materiais elétricos <strong>em</strong> outubrode 2000 na Espanha. Apesar <strong>da</strong> boa recepção, o produto acabou não sendocomercializado por não possuir a marcação CE. Depois do atendimento doPROGEX e <strong>da</strong> obtenção <strong>da</strong> marcação CE, a <strong>em</strong>presa conseguiu parceria comuma <strong>em</strong>presa européia e iniciou suas exportações. Neste ano, a <strong>em</strong>presaparticipou <strong>da</strong> Feira de Hannover (Hannover Messe 2001) e a expectativa é deaumentar <strong>em</strong> 70% as exportações até o final de 2001 para vários países <strong>da</strong>Europa, Oriente Médio e Índia.Able EletrônicaA <strong>em</strong>presa Able atua no setor de montag<strong>em</strong> de componentes, equipamentose aparelhos eletroeletrônicos para as áreas de informática e telefonia há maisde 17 anos. Conquistou uma posição sóli<strong>da</strong> quanto ao fornecimento destesequipamentos, sendo hoje vice-líder no mercado interno.Com o objetivo de atender seus clientes, consoli<strong>da</strong>r sua posição no mercadointerno e exportar para o MERCOSUL, a Able procurou o PROGEX pelaprimeira vez <strong>em</strong> 1999 e depois <strong>em</strong> 2000. A ca<strong>da</strong> atendimento do PROGEXà <strong>em</strong>presa, foi adequado um produto para a exportação.Com a globalização dos mercados, seus clientes, que são na maioria <strong>em</strong>presasde grande porte, passaram a exigir que seus produtos atendess<strong>em</strong> arequisitos técnicos estabelecidos pelo mercado internacional, particularmentepela União Européia e mercado norte-americano. Tais requisitos estãoconsubstanciados nas Normas IEC aplicáveis a seu produto.Com a obtenção do certificado necessário, a <strong>em</strong>presa mostrou a seus clientes queestava de acordo com as conformi<strong>da</strong>des exigi<strong>da</strong>s e seguiu conquistando maisespaço no mercado. Com um de seus produtos ela se tornou fornecedora de umamultinacional, totalizando o montante <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de 15.000 uni<strong>da</strong>des por mês.Marc Mil Indústria e Comércio de Artigos HospitalaresA Marc Mil atua há mais de 15 anos no mercado fabricando produtos paramobiliário hospitalar, particularmente camas, macas e carros. Em 1998iniciou o desenvolvimento de um conjunto odontológico, e <strong>em</strong> 2000, <strong>em</strong> fasefinal de desenvolvimento, visando a sua qualificação para atender aos requisitostécnicos internacionais, recorreu ao PROGEX para auxiliá-la.


PROGEXAs medi<strong>da</strong>s adota<strong>da</strong>s, que consistiram tanto <strong>em</strong> alterações construtivascomo na troca de componentes, além de orientação para to<strong>da</strong>s asmarcações de segurança e treinamento dos técnicos, entre outrasmedi<strong>da</strong>s, possibilitaram que a Marc Mil iniciasse sua produção ecomercializasse o conjunto odontológico atendendo a todos os requisitos<strong>da</strong>s normas técnicas internacionais. Desta forma o produto estáqualificado tanto para a certificação pelo Ministério <strong>da</strong> Saúde no Brasilquanto para obtenção de certificação <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> mercadosmais rigorosos, como a marcação CE. Um dos resultados alcançados foique, a partir de dez<strong>em</strong>bro de 2000, a <strong>em</strong>presa passou a exportarconjuntos odontológicos regularmente para a Argentina.Contato com o PROGEX poderá ser feito pelo telefone0800-555478 ou pelo e-mail progex@ipt.brNORMALIZAÇÃO, METROLOGIA E AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE EM <strong>18</strong> SETORES BRASILEIROS135


GRUPO GESTORCoordenaçãoSusana Kakuta e-mail: skakuta@cni.org.brVicente Colacino e-mail: vcolacino@cni.org.br<strong>CNI</strong>SBN Quadra 01 – Bloco C – 17º an<strong>da</strong>r – 70040-903 – Brasília – DFTel.: (61) 317-9000 Fax: (61) 317-9500SENAISBN - Quadra 01 - Bloco C - 4º an<strong>da</strong>r - Ed. Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DFTel.: (61) 317-9771 Fax: (61) 317-9149 e-mail: mfonseca@dn.senai.brSEBRAESEPN - Quadra 515 - Lj. 32 – Bloco C – 70770-530 – Brasília – DFTel.: (61) 348-7423 Fax: (61) 349-7977 e-mail: pauloiris@sebrae.com.brINMETRORua Santa Alexandrina, 416 – 10º an<strong>da</strong>r – 20261-232 – Rio de Janeiro – RJTel.: (21) 2563-2908 Fax: (21) 2502-0415 e-mail: jjvinge@inmetro.gov.brMCTEsplana<strong>da</strong> dos Ministérios – Bloco E – 70067-900 – Brasília – DFTel.: (61) 317-7806 Fax: (61) 225-6039 e-mail: rferraz@mct.gov.brMDICEsplana<strong>da</strong> dos Ministérios – Bloco J – 5º an<strong>da</strong>r – 70056-900 – Brasília – DFTel.: (61) 329-7110 Fax: (61) 329-7094 e-mail: mprates@mdic.gov.brABNTAv. Treze de Maio, 13 – 28º an<strong>da</strong>r – 20003-900 – Rio de Janeiro – RJTel.: (21) 3974-2300 Fax: (21) 2220-6436 e-mail: abnt@abnt.org.brAPEXAgência de Promoção de ExportaçõesSBN Quadra 01 – Bloco B – Edifício CNC – 10º an<strong>da</strong>r – 70041-902 – Brasília – DFTel.: (61) 426-0202 Fax: (61) 426-0222 e-mail: bellini@apexbrasil.com.brNormalização Bibliográfica<strong>CNI</strong>/UPET- Núcleo de InformaçãoSupervisão Gráfica<strong>CNI</strong>/ADM - Produção GráficaConsultoria TécnicaAlexandre Eliasquevitch GarridoFrederico RitterJosé Augusto Pinto de AbreuPedro Paulo N. do RosárioSAC - Serviço de Atendimento ao ClienteRM/Uni<strong>da</strong>de de Relações com o MercadoAv. Mariz e Barros, 678 - 2º an<strong>da</strong>r20270-002 - Rio de Janeiro - RJTels.: (21) 2204-9513 / 9514 Fax: (21) 2204-9522e-mail: sac@cni.org.br home page: http://www.cni.org.brProjeto Gráfico • Grevy • ContiRevisão Gramatical • A<strong>da</strong> GonçalvesIlustrações • TibúrcioFotolito • ProspecImpressão • EGB – Serviços Gráficos e Editoras

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