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Cadernos do CHDD Nº 04 - Funag

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<strong>Cadernos</strong> <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong>ANO III - NÚMERO 41º Semestre20<strong>04</strong>


SUMÁRIOCARTA DO EDITOR ........................................................................... 5A VERSÃO OFICIAL:CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOSNEGÓCIOS ESTRANGEIROS 1815-1870 .............................................. 7ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS (III)BARÃO DO RIO BRANCO ........................................................359TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕESINTERAMERICANAS PUBLICADOS NAREVISTA DE DERECHO, HISTORIA Y LETRAS ......................................461UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO:A REAÇÃO DE PORTUGAL À RESTAURAÇÃO DA ORDEM DOS JESUÍTAS ..........497


CARTA DO EDITOREste número <strong>do</strong>s <strong>Cadernos</strong> <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong> corresponde ao primeirosemestre de 20<strong>04</strong>, terceiro ano calendário em que se edita a publicação.A despeito das dificuldades institucionais, o <strong>CHDD</strong> tem podi<strong>do</strong>, graçasà cooperação de jovens estudantes de história, estagiários <strong>do</strong> Centro,dar continuidade ao seu trabalho de pesquisa e difusão de textosrelevantes para a história das relações internacionais <strong>do</strong> Brasil. Cabe,nesta oportunidade, agradecer a prestimosa colaboração <strong>do</strong> pessoal<strong>do</strong> Arquivo Histórico <strong>do</strong> Itamaraty, no Rio de Janeiro, que não poupouesforços para assegurar-nos o acesso à <strong>do</strong>cumentação pesquisada.Damos início, neste volume, à publicação de uma coletânea decirculares enviadas pela Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,fonte muito interessante e pouco consultada sobre a política exterior<strong>do</strong> Império.Em Artigos Anônimos e Pseudônimos (III), recolhemos ascrônicas publicadas pelo barão <strong>do</strong> Rio Branco, em 1891 e 1892, noJornal <strong>do</strong> Brasil, sob o pseudônimo de F.H. ou Ferdinand Hex.Ao relacionar os artigos e referências bibliográficas relativas aoBrasil e à política internacional <strong>do</strong>s países da América, publica<strong>do</strong>s naRevista de Derecho, Historia y Letras, editada de 1898 a 1923, porEstanislau Zeballos, procuramos alertar os estudiosos para o interessantematerial sobre o Brasil, a Argentina e suas relações políticas e culturais,que se pode encontrar naquele importante periódico portenho.Finalmente, cedemos à tentação de publicar uma circular àsmissões diplomáticas portuguesas, anterior à elevação <strong>do</strong> Brasil àcondição de reino uni<strong>do</strong>, porque relevante pelo conteú<strong>do</strong>, relativo àrestauração da ordem <strong>do</strong>s jesuítas, e pela forma, ilustrativa da naturezadas relações entre o Esta<strong>do</strong> e a Igreja sob o regime <strong>do</strong> padroa<strong>do</strong>.O Editor5


A VERSÃO OFICIALCIRCULARES DO MINISTÉRIODOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS1815 - 1870


APRESENTAÇÃOAs circulares são o instrumento da correspondência oficial <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros que permitia transmitir a mesmainformação simultaneamente a diversos postos no exterior, às missõesdiplomáticas junto a ele acreditadas ou ainda a toda uma categoria deagentes públicos, como os presidentes das províncias.Por esta característica, eram o veículo adequa<strong>do</strong> para, medianteuma informação uniforme, habilitar as missões diplomáticas a agir ereagir de maneira homogênea e coerente ante as circunstâncias davida internacional. Permitiam também uma ação uníssona nainterpretação e esclarecimento de fatos relevantes para a imageminternacional <strong>do</strong> país nos planos político, econômico ou social. São, porsua natureza, fonte autorizada para conhecer o pensamento <strong>do</strong>Ministério sobre as mais importantes questões internacionais e asinterpretações oficiais <strong>do</strong>s mais relevantes acontecimentos da políticainterna.Acreditamos que seria oportuno oferecer aos estudiosos de nossahistória diplomática uma seleção das circulares mais significativasemitidas pela Secretaria <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros para as missõesdiplomáticas brasileiras no exterior e, em alguns casos, para o corpodiplomático acredita<strong>do</strong> no Rio de Janeiro ou para os presidentes dasprovíncias. Publicamos neste número <strong>do</strong>s <strong>Cadernos</strong> as circularesenviadas da data da elevação <strong>do</strong> Brasil a reino uni<strong>do</strong>, em 1815, até1870, inclusive. Num próximo número, editaremos as circulares de 1871até 1889. Posteriormente, abordaremos as circulares <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>republicano, cuja pesquisa já foi iniciada.Na seleção feita, foram desconsideradas as circulares referentesa assuntos administrativos. Dentre as demais, nos ativemos às maisrelevantes para o conhecimento de nossa política externa, nelas incluídasas relativas à versão oficial sobre acontecimentos internos, transmitidaao exterior com o propósito de habilitar as missões diplomáticas aesclarecerem os governos e a opinião pública <strong>do</strong>s países onde estavamacreditadas sobre eventos que houvessem repercuti<strong>do</strong> no exterior.Trabalhou-se sobre o universo das coleções de circularesexpedidas pela Secretaria. Constatou-se, entretanto, que há lacunasnestas coleções. Assim, uma parte importante <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentostranscritos foi extraída de livros de minutas e, em alguns casos, foinecessário recorrer aos relatórios anuais <strong>do</strong> ministério, à9


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>correspondência recolhida das missões no exterior, a fim de, a partir<strong>do</strong>s despachos por elas recebi<strong>do</strong>s, recuperar o texto de circularesexpedidas pela Secretaria de Esta<strong>do</strong>. Foi, assim, por exemplo, que sepôde situar a circular relativa à abolição da escravatura. Mesmo comeste recurso, não foi possível, em alguns casos, encontrar circularessobre eventos políticos que poderiam ter origina<strong>do</strong> uma informaçãoaos agentes diplomáticos no estrangeiro. Não se pode, portanto,considerar exaustiva a pesquisa realizada, embora haja certamentecoberto a maior parte <strong>do</strong> universo das circulares expedidas.A transcrição foi feita com atualização da pontuação e daortografia, respeita<strong>do</strong>s, em certos casos, a prática de uso de maiúsculas<strong>do</strong>s originais, especialmente onde seu emprego parecia ter um valorsemântico, como nas referências ao soberano. A pesquisa e a transcriçãoforam feitas, sob supervisão <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong>, por Carlos Erich Krämer Neto,auxilia<strong>do</strong> por Rafael de Almeida Daltro Bosisio, Newman Di Carlo Caldeirae Brenda Coelho Fonseca, da UFRJ, e Vitor Bemvin<strong>do</strong> Vieira, da UFF,to<strong>do</strong>s alunos de história, estagiários no Centro.O Editor10


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 23/12/1815. Índice: “Participan<strong>do</strong> aelevação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil à dignidade deReino, e uni<strong>do</strong> aos de Portugal e <strong>do</strong>s Algarves,por Carta de Lei de 16 de Dezembro de 1815, daqual se incluíram alguns exemplares.”Circular para ministros residentesnas cortes estrangeirasO Príncipe Regente Meu Senhor haven<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong> não sóque os seus <strong>do</strong>mínios da América mereciam ser eleva<strong>do</strong>s a umagraduação mais correspondente à sua vastidão, localidade e riqueza,como também que o interesse geral da Monarquia Portuguesa, a a<strong>do</strong>çãode uma medida política que unisse e identificasse quanto fosse possívelas duas mais interessantes partes constituintes dela; e ten<strong>do</strong> ao mesmotempo ocorri<strong>do</strong> que tanto os seus como os demais plenipotenciáriosdas potências que formaram o Congresso de Viena obran<strong>do</strong> nestesenti<strong>do</strong> começaram a considerar debaixo de uma tal categoria os ditosseus <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Brasil: foi, portanto, servi<strong>do</strong> por carta de lei de 16 <strong>do</strong>corrente, de que transmito a V. ... alguns exemplares, elevar este Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Brasil ao predicamento e dignidade de Reino, e uni<strong>do</strong> aos seusReinos de Portugal e <strong>do</strong>s Algarves, de maneira que formem um só emesmo corpo político. O que de ordem de S. A. R. participo a V. ... parao levar ao conhecimento de S. M. Católica pelo intermédio <strong>do</strong> seuMinistério.D. G. V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1815.Marquês de Aguiar.Fecho desta circular:“O Príncipe Regente Meu Senhor está persuadi<strong>do</strong> que esta suaReal Resolução será considerada por S. M. Católica, não só como muitovantajosa para a Coroa Portuguesa em geral, mas como poden<strong>do</strong>especialmente contribuir para a tranqüilidade e segurança da MonarquiaEspanhola.”11


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Fecho desta mesma circular para Inglaterra:“O Príncipe Regente Meu Senhor está persuadi<strong>do</strong> que S. A. R. oPríncipe Regente <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> da Grã-Bretanha e Irlanda verá queesta Real Resolução consolida a Monarquia Portuguesa em utilidaderecíproca da feliz aliança existente entre as duas Coroas.D. G. V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1815.Marquês de Aguiar.”Fecho desta mesma circular para a Rússia:“O Príncipe Regente Meu Senhor está persuadi<strong>do</strong> que a menteesclarecida de S. M. Imperial reconhecerá não só os males que estamedida pode evitar para a humanidade em geral, mas os bens quedela podem resultar para aquelas potências que, como o Império daRússia, têm com Portugal e Brasil relações políticas e comerciais.D. G. V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1815.Marquês de Aguiar.”Fecho desta mesma circular para a Áustria:“O Príncipe Regente meu Senhor está persuadi<strong>do</strong> que esta medidaserá agradável a S. M. I. R. e Ap. não só por ser útil à MonarquiaPortuguesa, mas também àquelas potências que têm com ela relaçõespolíticas e comerciais.D. G. V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1815.Marquês de Aguiar.”O mesmo para Suécia, Nápoles e Roma.Em um P.S. para Francisco José Maria de Brito, se lhe encarregou ofazer esta comunicação aos ministros da Dinamarca, Países Baixos eSardenha, existentes em Paris, visto não haverem naquele tempoMinistros <strong>do</strong> Brasil residentes naquelas cortes.Nomes <strong>do</strong>s ministros aos quais se dirigiram as circulares que ficamregistradas:Inglaterra Cipriano Ribeiro Freire n. 25Espanha d. José Luís de Sousa n. 21França Francisco José Maria de Brito n. 17ÁustriaJoaquim José de Miranda RebelloPrússiad. Joaquim Lobo da SilveiraRússiaAntônio de Saldanha da GamaRomaJosé Manoel Pinto12


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Nápoles João Pedro Quinn n. 12Sardenha Rodrigo Navarro de AndradeSuéciao cônsul-geral Gustavo BeyerEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s José Rademaker** *AHI 317/03/06Circular de 17/02/1817. Índice: “Para o marquêsestribeiro-mor Antônio de Saldanha da Gama,Francisco José Maria de Brito e d. Joaquim Loboda Silveira – Sobre a entrada das tropasportuguesas no território d’aquém <strong>do</strong> Uruguai.”Para o marquês estribeiro-morIlmo. e Exmo. senhorConstan<strong>do</strong> a S. M. que o Gabinete de Madrid qualifica de agressãoa entrada que em justa defesa deste Reino fizeram as tropas portuguesasno território d’aquém <strong>do</strong> Uruguai, que se acha ocupa<strong>do</strong> e regi<strong>do</strong> porArtigas e seus aderentes; e que outrossim o dito Gabinete e os ministrosespanhóis residentes em algumas das principais cortes da Europa têmchega<strong>do</strong> ao excesso de publicarem e afirmarem que S. M. F. nãoprevenira a El Rei Católico sobre os destinos das forças mandadas virde Portugal para este Reino, e tem vistas de conquistas sobre asprovíncias <strong>do</strong> Rio da Prata, e constan<strong>do</strong> por último que o Ministérioespanhol tomara a precipitada resolução de recorrer às cortes deLondres, Paris, Viena, Berlim e Petersburgo para na qualidade de árbitroslhe traçarem a linha de conduta que a Espanha deve seguir caso quenão se possa persuadir a esta corte a renunciar às suas intenções eterminar, se possível for, esta questão sem efusão de sangue. Foi OMesmo Senhor Servi<strong>do</strong> ordenar-me que fizesse a V. Exa. e aos demaisministros seus, residentes nas cortes de Petersburgo, Berlim e Paris,uma fiel exposição <strong>do</strong> que tem ocorri<strong>do</strong> a este respeito, para que,fican<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s uniformemente instruí<strong>do</strong>s, possam convencer de menosverdadeiras as imputações acima especificadas, que são indecorosas13


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>ao Mesmo Senhor, e hajam de dissipar quaisquer suspeitas que asreferidas cortes tenham concebi<strong>do</strong> contra a lealdade da política de S.M. e tal é a matéria <strong>do</strong> presente despacho.Logo que se manifestou a revolução nas colônias espanholas <strong>do</strong>Rio da Prata, previu S. M. as fatais conseqüências deste acontecimentoe a necessidade de preveni-los.Foi para este efeito que S. M., apesar <strong>do</strong>s sacrifícios que entãofazia na Europa a favor da causa comum, man<strong>do</strong>u no ano de 1811avançar as suas tropas sobre o território espanhol aquém <strong>do</strong>Uruguai.Esta empresa teria sem dúvida um resulta<strong>do</strong> igualmente vantajosopara as duas coroas de Portugal e de Espanha, se o general Elio nãoconcluísse, à revelia <strong>do</strong> general <strong>do</strong> exército português, um convênio como governo de Buenos Aires em 22 de outubro <strong>do</strong> dito ano, e se os governosespanhol e britânico não tratassem de empecer a referida empresa, comoo provam os <strong>do</strong>cumentos inclusos por cópia sob n. 1 a 7.Por exuberante condescendência com as solicitações <strong>do</strong>smenciona<strong>do</strong>s governos, resolveu S. M. não renunciar à empresacomeçada, porém sobrestar nela, mediante um armistício concluí<strong>do</strong>com o governo provisional de Buenos Aires em 26 de maio de 1812,por cujo efeito retrocedeu o exército português para dentro das nossasfronteiras.Desde a conclusão <strong>do</strong> armistício começou S. M. a sentir as suasdesvantagens e no perío<strong>do</strong> que decorreu de 1812 a 1814 teve de tolerarnão somente que os insurgentes infestassem as fronteiras deste Reino,mas também que os vassalos de algumas nações amigas desta Coroaos fornecessem de armamentos e munições de guerra de todas asqualidades.O Mesmo Senhor via perfeitamente que a segurança desteReino perigava à medida que os insurgentes faziam massivaaquisição de maiores recursos e meios de ofender; reconheceu anecessidade de aumentar também as suas forças e concebeu logoo projeto de chamar tropas de Portugal para o Brasil. A discórdiaque então reinava entre os chefes <strong>do</strong>s rebeldes deu tempo àexecução desse projeto.Feita a paz, e restituí<strong>do</strong> El Rei Católico à sua corte, presumiu S.M. que o primeiro cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> Gabinete de Madri seria tratar de submeteras colônias rebeladas no Rio da Prata. O Mesmo Senhor julgou serrealizada esta sua presunção, quan<strong>do</strong> soube que se preparava em Cádisa expedição <strong>do</strong> general Morillo; e muito mais quan<strong>do</strong> o Ministérioespanhol recorreu oficialmente a esta corte, para se lhe permitir que adita expedição surgisse em algum <strong>do</strong>s portos deste Reino a fim deprover-se de mantimentos.14


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870S. M. levou muito a bem esta vigorosa medida <strong>do</strong> governoespanhol e ordenou ao seu ministro residente em Madri que fizesseconstante àquele Ministério assim a boa vontade com que O MesmoSenhor dera a permissão solicitada e com que fizera antecipar aosgoverna<strong>do</strong>res das províncias marítimas, e em especial ao de SantaCatarina, as ordens necessárias para a admissão da mencionadaexpedição e prontificação <strong>do</strong>s víveres; como a resolução que haviatoma<strong>do</strong> de mandar vir de Portugal um Corpo de 4 a 5.000 homens,para serem emprega<strong>do</strong>s em um conveniente sistema de defesa. Oministro de S. M. assim o fez em sua nota oficial de 25 de maio de 1815inclusa por cópia sob o n. 8.A franqueza de S. M. não se limitou a fazer esta participaçãosomente à corte de Madrid; man<strong>do</strong>u também comunicar ao governobritânico a vinda das referidas tropas. O embaixa<strong>do</strong>r de S. M. residenteem Londres passou para esse efeito àquele Ministério a nota oficial emdata de 24 <strong>do</strong> dito mês e ano, que vai junta por cópia debaixo <strong>do</strong> n. 9.Contou posteriormente a S. M. que a expedição <strong>do</strong> general Morillotivera destino mui diverso daquele que oficialmente Lhe havia si<strong>do</strong>noticia<strong>do</strong>. E O Mesmo Senhor, ressentin<strong>do</strong>-se como devia deste deslealprocedimento <strong>do</strong> Ministério espanhol, reconheceu que a segurança desteReino não devia por mais tempo estar à mercê das procrastinações eda versatilidade <strong>do</strong> sobredito ministro, porém, sim, que era urgentecontar com as suas próprias forças e empreender com elas somente, oquanto antes, a defesa deste Reino, que se dificultava tanto mais, quantomais se diferia.Ocorreu logo depois cessar a discórdia entre os chefes <strong>do</strong>srebeldes, e reconhecer o governo de Buenos Aires a separação e aindependência das províncias orientais <strong>do</strong> Rio da Prata, de que Artigasassumiu o coman<strong>do</strong>. O caráter audacioso e turbulento deste chefeincitou a vigilância de S. M.Apenas O Mesmo Senhor teve o conhecimento das devastaçõesque este chefe começou a fazer nas nossas fronteiras, das forças quereunia para invadir a capitania de S. Pedro <strong>do</strong> Sul, das maquinaçõesque fazia para revoltar o povo das Sete Missões, que conquistamos naguerra que a Espanha nos fez no ano de 1801, e das vistas que tinhade futura grandeza, firmou-se S. M. no propósito de não tardar maistempo em defender-se contra tão perniciosos vizinhos. E estes projetoshostis acham-se prova<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>cumentos autógrafos inclusos por cópiasob o n. 10.No momento, pois, em que O Mesmo Senhor mandara partirdeste porto para o de Santa Catarina as últimas tropas chegadas dePortugal, passou o encarrega<strong>do</strong> de negócios de S. M. Britânica a esteMinistério a nota oficial junta por cópia sob n. 11, em que, alegan<strong>do</strong>,15


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>de falso, que o seu Soberano fosse media<strong>do</strong>r ou garante <strong>do</strong> armistíciofeito com o governo de Buenos Aires, pretendia protestar contraqualquer tentativa de S. M. Fidelíssima sobre as províncias <strong>do</strong> Rio daPrata, por isso que – Les interêts britanniques s’y trouvent impliqués.S. M. estranhou sobremaneira esta extravagante pretensão <strong>do</strong> referi<strong>do</strong>encarrega<strong>do</strong> de negócios. E não poden<strong>do</strong> jamais admitir nem a hipótesede uma mediação ou garantia, que nunca existiu, nem a prejudicial<strong>do</strong>utrina de que os interesses comerciais da Grã-Bretanha devemprevalecer ao sagra<strong>do</strong> e irrestrito direito que tem O Mesmo Senhor,assim como to<strong>do</strong>s os Soberanos, de defender os seus Esta<strong>do</strong>s evassalos, conceituou como devia a referida nota e lhe man<strong>do</strong>u respostaque vai junta por cópia sob n. 12, em que se lhe segurou que osinteresses da nação britânica em nada perigavam.Recrescen<strong>do</strong> a urgência da nossa defesa, já pelo número eposição das forças de Artigas, já pelas hostilidades que ele rompeucontra os vassalos portugueses, man<strong>do</strong>u S. M. que as suas tropasentrassem no território ocupa<strong>do</strong> pelo dito chefe, que o perseguissematé arrojá-lo para além <strong>do</strong> Uruguai, e que ocupassem to<strong>do</strong> o territórioaquém <strong>do</strong> dito rio.Tal é a série <strong>do</strong>s fatos até a entrada das tropas de S. M. noterritório inimigo.Agora tenho de comunicar à V. Exa., para seu cabal conhecimentoque S. M., haven<strong>do</strong> manda<strong>do</strong> ocupar to<strong>do</strong> o território aquém <strong>do</strong> Uruguai,não teve, nem tem em vista, senão sufocar o espírito revolucionárioem um país que limita com este Reino e tomar uma linha natural dedefesa que preserve o território português <strong>do</strong>s ataques das forças deArtigas, e em que as tropas portuguesas hajam de permanecer até quese finalize a contenda entre as ex-colônias <strong>do</strong> Rio da Prata e a suaMãe-Pátria. Porque somente então poderá O Mesmo Senhor confiar naduração da tranqüilidade nas referidas colônias e reclamar, de quemdireito for, a indenização <strong>do</strong> dano que os seus vassalos têm sofri<strong>do</strong> edas despesas da guerra a que os insurgentes o provocaram e a que anegligência <strong>do</strong> Ministério espanhol o decidiu.Esta regular e previdente medida de S. M. – que interessa aoBrasil por contribuir à sua segurança e juntamente à Espanha, pordispensá-la de fazer esforços e despesas para subjugar os habitantes<strong>do</strong> território ocupa<strong>do</strong> pelas tropas portuguesas – foi diversamenteavaliada pelo Gabinete de Madri, que não é a primeira vez que seengana no cálculo <strong>do</strong>s seus verdadeiros interesses.Não obstante haver este Ministério segura<strong>do</strong> oficialmente aoencarrega<strong>do</strong> de negócios de Espanha, residente nesta corte, asinceridade das intenções de S. M., passou, todavia, o referi<strong>do</strong>encarrega<strong>do</strong> de negócios uma nota em data de 8 de novembro <strong>do</strong> ano16


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870passa<strong>do</strong>, pretenden<strong>do</strong> protestar contra a entrada das tropasportuguesas no território inimigo d’aquém <strong>do</strong> Uruguai, pelos frívolosmotivos de S. M. F. não se haver entendi<strong>do</strong> com S. M. Católica sobrea entrada em questão e de ter El Rei, seu Amo, ignora<strong>do</strong> o destinodas tropas chamadas de Portugal, até ao momento em que partiramde Lisboa.Tão inadmissível pretensão foi repelida, como devia ser, por S.M. porque o Ministério espanhol pode mui bem deixar progredir arebelião nas colônias <strong>do</strong> Rio da Prata; porém não tem direito deembaraçar a uma outra potência que se defenda contra as fataisconseqüências dessa mesma rebelião, que o governo espanhol ou nãoquer ou não pode retaliar. O quanto se questionou sobre este objetoverá V. Exa. na correspondência que vai junta por cópia desde número13 até 16.O governo de Buenos Aires, pelo seu la<strong>do</strong> também receoso damarcha das tropas de S. M., dirigiu ao general Lecór a carta oficial den. 17, a que este general deu a resposta junta por cópia sob n. 18,seguran<strong>do</strong>-lhe que as tropas <strong>do</strong> seu coman<strong>do</strong> se dirigiam somente aafastar das fronteiras <strong>do</strong> Brasil o gérmen da discórdia e a ocupar umpaís que se acha entregue à anarquia. Posso confirmar à V. Exa. queesta resposta é em tu<strong>do</strong> conforme às Reais Intenções, porque S. M.não pretende passar além <strong>do</strong>s limites convenientes para uma seguradefesa e não tem vistas algumas de conquista.Posso outrossim certificar a V. Exa. que S. M. também não pretendeocupar o território aquém <strong>do</strong> Uruguai, como hipoteca das importantesretribuições que o governo espanhol lhe deve fazer e que são as seguintes:1ª) A <strong>do</strong> valor da artilharia, petrechos, embarcações de guerra emercantes, etc. etc., estipulada no artigo 2º <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> Preliminarde limites de 1777 e ainda até hoje não efetuada pela corte deMadri, quan<strong>do</strong> o foi logo por parte da nossa corte.2ª) A <strong>do</strong> valor das presas feitas aos vassalos portugueses, deque faz menção o art. 1º <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Badajós de 6 de junhode 1801, que nesta parte se está ainda por cumprir pela cortede Madri.3ª) A da vila e território de Olivença que o governo espanhol retémcom notável escândalo, depois <strong>do</strong> prestante e gratuito auxílioque S. M. ultimamente prestou para a restauração da MonarquiaEspanhola, e depois <strong>do</strong> voto emiti<strong>do</strong> pelas potências no art. 105<strong>do</strong> ato final <strong>do</strong> Congresso de Viena.S. M., porém, não se recusará jamais a uma negociação paraultimar com S. M. Católica to<strong>do</strong>s estes negócios e, bem assim, convir17


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>sobre uma demarcação que não dê lugar no futuro a contestaçõesentre duas Coroas tão estreitamente ligadas entre si.Ordena, portanto, S. M. que V. Exa., inteira<strong>do</strong> das verdadeirasnoções conteúdas neste despacho e ten<strong>do</strong> primeiro verifica<strong>do</strong> quaissejam as queixas que o ministro espanhol aí tenha feito sobre a entradadas tropas portuguesas no território aquém <strong>do</strong> Uruguai, e qual seja ograu de interesse que esse ministro tenha toma<strong>do</strong> a favor da Espanha,busque ter conferências com o respectivo ministro d’Esta<strong>do</strong>, paradesvanecer qualquer prevenção que essa corte tenha concebi<strong>do</strong> contrao fato da referida entrada e para convencê-la da justiça com que OMesmo Senhor empreendeu e promove a defesa em que estáempenha<strong>do</strong>. O que tu<strong>do</strong> participo a V. Exa. para sua inteligência eexecução.Deus Guarde a Vossa ExcelênciaPalácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro em 17 de fevereiro de 1817.Conde da Barca.N.B. – Este despacho é comum a Antônio de Saldanha, d. JoaquimLobo, e Francisco José Maria de Brito.** *AHI 317/03/06Circular de 30/03/1817. Índice: “Participan<strong>do</strong> arebelião em Pernambuco.”Circular para os ministros nascortes estrangeirasÉ <strong>do</strong> meu dever comunicar a V. ... um fato que lhe fará tantasurpresa, como causou em geral nos vassalos de S. M. El Rei NossoSenhor.Alguns malévolos na capitania de Pernambuco vinham, pelo quese mostrou, procuran<strong>do</strong> há tempos nesta parte semear a discórdia18


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870entre os habitantes, excitan<strong>do</strong> mal entendidas rivalidades de brasileirose europeus e propagan<strong>do</strong> a insubordinação na pequena força militarque ali existia. O governa<strong>do</strong>r e capitão-general Caetano Pinto de MirandaMonte Negro, que no princípio não se fez grande cargo de alguns indíciosque teve a esse respeito – pela futilidade da coisa em si mesma e pelapouca importância das pessoas envolvidas – julgou a propósito publicaruma proclamação, recomendan<strong>do</strong> a ordem e o sossego; mas não sen<strong>do</strong>esta acompanhada de outras providências mais fortes, não produziuefeito, em conseqüência <strong>do</strong> que o sobredito governa<strong>do</strong>r, daí a <strong>do</strong>isdias, prender o principal cabeça <strong>do</strong>s sediciosos, Domingos José Martins,o que se efetuou. E tratan<strong>do</strong> com os comandantes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is regimentosde linha sobre a maneira de pacificar os seus respectivos corpos, queestavam em desordem, tomaram eles sobre si a irem prender os oficiaisrevoltosos; e foram a esta diligência. Mas dirigin<strong>do</strong>-se o brigadeiroManoel Joaquim, que gozava de mui bom conceito entre to<strong>do</strong>s noquartel, onde o seu regimento estava em sublevação, foi com a maioratrocidade assassina<strong>do</strong> por um capitão a quem dera a voz de preso; eten<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r manda<strong>do</strong> o ajudante-de-ordem Alexandre Thomás,que era geralmente estima<strong>do</strong>, desfecharam com ele os solda<strong>do</strong>s aoapontar na porta <strong>do</strong> quartel e ficou logo morto. Cometi<strong>do</strong>s estesnefan<strong>do</strong>s crimes, a tropa revoltosa saiu pelas ruas e, arrastan<strong>do</strong> àsedição a outro corpo e a plebe mais ignóbil, fez outros assassínios depessoas inermes, principalmente europeus, que seriam dezesseis pelomenos. Arromban<strong>do</strong> a cadeia, associou ao seu parti<strong>do</strong> os facínoras; enão encontran<strong>do</strong> resistência alguma, se encaminharam à casa <strong>do</strong>governa<strong>do</strong>r, o qual a custo pôde evadir-se para um pequeno forte comvinte pessoas que o quiseram acompanhar; mas não haven<strong>do</strong> ali nemvíveres nem meios de defesa, foi obriga<strong>do</strong> a capitular com os rebeldes,que o deixaram recolher nesta corte, ten<strong>do</strong> a inaudita insolência demandarem para isto uma sumaca com bandeira branca a título deparlamentaria, que entrou no dia 25 <strong>do</strong> corrente. Cinco <strong>do</strong>s cabeças –que são o cita<strong>do</strong> Martins, um capitão de artilharia, um padre, umadvoga<strong>do</strong> e um coronel de milícias – se apoderaram depois daadministração, assumin<strong>do</strong> o nome de governo provisional.Consterna<strong>do</strong> o Coração Benéfico de S. M., por ver-seconstrangi<strong>do</strong> a usar de meios de rigor como Soberano, quan<strong>do</strong> seusvassalos o têm conheci<strong>do</strong> somente como Pai, ainda que não confundacom os malva<strong>do</strong>s a maioridade da povoação de Pernambuco – cujossentimentos de lealdade foram e são sufoca<strong>do</strong>s por uma força militarindisciplinada – tem manda<strong>do</strong> já não só cortar toda a comunicaçãodesta com as capitanias limítrofes, mas até fechar-lhe por mar obloqueio com seus navios de guerra, para o que vai sair daquiimediatamente uma divisão; o que V. ... fará constar a essa corte/esse19


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>governo pelo mo<strong>do</strong> que julgar mais conveniente para serem preveni<strong>do</strong>sos navios que comerciam com aquele porto. Além destas medidas, nasquais se procederá com to<strong>do</strong> o rigor que o caso pede, tem S. M.manda<strong>do</strong> dar as mais enérgicas providências, para que dentro de muipouco tempo vá uma força suficiente para castigar os mal intenciona<strong>do</strong>se restituir as coisas à ordem.Entre os sentimentos desagradáveis com que o desvario e crimesdaqueles malfeitores têm magoa<strong>do</strong> o extremoso e paternal coração deEl Rei Nosso Senhor, tem ti<strong>do</strong> ao mesmo tempo a mais viva satisfaçãode testemunhar o amor e adesão <strong>do</strong>s seus fiéis vassalos; os quais porofertas de pessoas e bens, por meio de subscrições não solicitadas epor demonstrações de toda a qualidade, têm manifesta<strong>do</strong> o horror quelhes causa semelhante delito, cuja nó<strong>do</strong>a nunca vista na MonarquiaPortuguesa quereriam apagar à custa de to<strong>do</strong>s os sacrifícios. Certo <strong>do</strong>abalo que tão inesperada notícia fará no ânimo de V. ... eu me apressareia comunicar-lhe a extinção deste funesto desar, que acontecerá comtoda a brevidade segun<strong>do</strong> a esperança geral ou para melhor dizer,quase com certeza.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em trinta demarço de mil oitocentos e dezessete.Conde da Barca.Londres conde de Palmela n.11Viena marquês de Marialva n. 24Romaconde de FunchalPetersburgo Antônio de Saldanha da GamaBerlim d. Joaquim Lobo da Silveira n. 16Madri d. José Luís de Sousa n. 57Paris Francisco José Maria de Brito n. 64RomaJosé Manuel PintoFiladélfia José Corrêa da SerraNápoles João Pedro QuinnEstocolmo Gustavo Beyer** *20


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 23/05/1817. Índice: “Remeten<strong>do</strong>-lhevários <strong>do</strong>cumentos, relativos ao antecedentedespacho circular de 17 de fevereiro próximopassa<strong>do</strong>.”Circular para os ministros nas cortes de Paris, Viena,Berlim, Londres, Madri e PetersburgoEl Rei Nosso Senhor manda remeter a V. Exa. (ou V. S.) os<strong>do</strong>cumentos inclusos que corroboram as provas de algumas dasasserções conteúdas no meu antecedente despacho circular de 17 defevereiro p.p., como V. Exa. (ou V. S.) reconhecerá pela breve análiseque passo a fazer de cada um deles.Os de n. 1 a 4 são notas de lorde Strangford, ministro que foi deS. M. B. nesta corte, e servem para provar o seguinte: 1º) as diligênciase sugestões que fez o dito ministro para a conclusão <strong>do</strong> armistíciosubsistente com o governo de Buenos Aires; 2º) as intrigas que faziapara que as tropas de S. M. não se combinassem com as de S. M.Católica que estavam debaixo das ordens <strong>do</strong> general Vigodes,governa<strong>do</strong>r que antes era de Montevidéu; 3º) as instâncias queempregou para que S. M. se decidisse a aprovar o referi<strong>do</strong> armistício,que havia si<strong>do</strong> ajusta<strong>do</strong> com alteração notável de Suas Ordens eInstruções, como se verifica pelo contexto da nota de 11 de setembrode 1812; 4º) o demasia<strong>do</strong> interesse que tomou pelos habitantes deBuenos Aires, chegan<strong>do</strong> ao excesso de fazer-se de seu procura<strong>do</strong>r nestacorte, para resguardá-los da vigilância da polícia, a quem sempre foramsuspeitos pelos princípios revolucionários; 5º) as traças de que usavaperante este ministro para conseguir a duração <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong>armistício, ora disfarçan<strong>do</strong> o perigo que corria a segurança deste Reinopelo rendimento da praça de Montevidéu aos insurgentes, oraaban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> as intenções pacíficas <strong>do</strong>s que então exerciam o governoem Buenos Aires e chegan<strong>do</strong> ao extremo de declarar que, naeventualidade de renovar-se a guerra entre este Reino e o governo deBuenos Aires, a corte de Londres se julgaria desobrigada da garantia esocorros estipula<strong>do</strong>s pelo Trata<strong>do</strong> de Aliança de 1810.Pelos <strong>do</strong>cumentos de n. 5 e 6 – que são notas <strong>do</strong> ministro eencarrega<strong>do</strong> de negócios de S. M. Católica – se verifica o seguinte:1º) que apesar <strong>do</strong> abono <strong>do</strong> ministro inglês e apesar <strong>do</strong> armistíciocelebra<strong>do</strong>, os habitantes de Buenos Aires hostilizaram constantementea navegação e o comércio neutral <strong>do</strong>s vassalos portugueses no Rio da21


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Prata e 2º) que sem embargo de tais hostilidades, prestamos à praçade Montevidéu to<strong>do</strong>s os inocentes socorros.O de n. 7 é a nota que o duque de S. Carlos – então ministrod’Esta<strong>do</strong> de S. M. Católica – passou ao ministro de S. M. residente emMadri, anuncian<strong>do</strong>-lhe a próxima partida da expedição <strong>do</strong> general Morillopara Buenos Aires; e pedin<strong>do</strong> que nos portos deste Reino, onde a referidaexpedição aportasse, se lhe prestassem to<strong>do</strong>s os socorros de quecarecesse. Esta peça é notável pelo fun<strong>do</strong> de sinceridade que contém.O <strong>do</strong>cumento n. 8 é uma nota oficial que o referi<strong>do</strong> ministro de S.M. passou ao ministro Espanhol, reclaman<strong>do</strong> a restituição de Olivençae declaran<strong>do</strong> que S. M. prescindia da intervenção das potências e queriahaver aquela restituição como um penhor da justiça e <strong>do</strong> reconhecimentode S. M. Católica.O de n. 9 é a resposta que o duque de S. Carlos deu à sobreditanota, confirman<strong>do</strong> que Olivença, um objeto de interesse exclusivo dePortugal e de Espanha, devia ser trata<strong>do</strong> entre as duas cortesexclusivamente e sem ingerência das potências estrangeiras; e dan<strong>do</strong>a entender que a entrega da sobredita vila ainda ficava dependente <strong>do</strong>acolhimento e proteção que a dita expedição de Morillo encontrasse noRio de Janeiro.A sinceridade desta nota é igual à da outra <strong>do</strong> mesmo ministrode Esta<strong>do</strong> de que acima fiz menção.Finalmente, a de n. 10 é a representação que o cabil<strong>do</strong> deMontevidéu enviou por uma deputação a S. M. pedin<strong>do</strong> a elevaçãodaquela província à dignidade de Reino e a sua incorporação ao ReinoUni<strong>do</strong> de Portugal, Brasil e Algarves. Esta peça remetoconfidencialmente a V. Exa. (ou V. S.) para o seu particularconhecimento.Depois desta análise, estou bem certo de que V. Exa. (ou V. S.)fará uma justa idéia da importância e aplicação de to<strong>do</strong>s estes<strong>do</strong>cumentos; e excuso, portanto, de recomendar a V. Exa. (ou V. S.) adesteridade e prudência com que deles se deve servir.Deus Guarde a V. Exa.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1817.Conde da Barca.N. B. – Na circular para Madri omitiram-se os §§ que tratam <strong>do</strong>s<strong>do</strong>cumentos de n. 7, 8 e 9 passou-se logo ao § que trata <strong>do</strong> n. 10 quena dita circular é n. 7.22


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Para:Antônio de Saldanha da GamaMarquês de Marialva n. 33Francisco José Maria de Brito n. 70Conde de Palmela n. 21D. Joaquim Lobo da Silveira n. 20D. José Luís de Sousa n. 60** *AHI 317/03/06Circular de 02/08/1817. Índice: “Comunican<strong>do</strong>lhesa nova <strong>do</strong> inteiro restabelecimento da ordemem Pernambuco.”Circular para os ministros nascortes estrangeirasPelos <strong>do</strong>is exemplares inclusos da gazeta desta cidade será V. ...completamente informa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sucessos rápi<strong>do</strong>s que tiveram as tropasde S. Majestade sobre os infames rebeldes de Pernambuco e <strong>do</strong> inteirorestabelecimento da ordem naquela capitania, onde o maior número<strong>do</strong>s habitantes mostrou a sua invariável fidelidade ao Seu Soberano,logo que teve apoio e meios para sacudir o jugo <strong>do</strong>s perversos que,ten<strong>do</strong> podi<strong>do</strong> apoderar-se da força armada, pretendiam <strong>do</strong>miná-los. Aesta hora, segun<strong>do</strong> as últimas notícias da Bahia, terá já chega<strong>do</strong> noporto <strong>do</strong> Recife o general Luís <strong>do</strong> Rego Barreto, nomea<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r ecapitão-general de Pernambuco, com a expedição militar que levoudebaixo das suas ordens, e, portanto, cessaram os motivos que fizeramnecessário proibir-se a comunicação com a sobredita capitania.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1817.João Paulo de Bezerra.23


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Pessoas a quem se escreveu:Conde de Palmela Londres n. 28Marquês de Marialva Viena n. 37D. Joaquim Lobo da Silveira Berlim n. 24Francisco José Maria de Brito Paris n. 76Antônio de Saldanha da Gama PetersburgoD. José Luís de Sousa n. 66Conde de FunchalJosé Corrêa da SerraJoão Pedro QuinnGustavo BeyerJosé Manoel Pinto** *AHI 317/03/06Circular de 17/05/1821. Índice: “Participan<strong>do</strong>-lhesa partida d’El Rei O Senhor D. João VI paraPortugal – com remessa de exemplares <strong>do</strong>decreto de 22 de abril deste ano, pelo qual seestabeleceu o governo que devia reger o Reino<strong>do</strong> Brasil.”Circular para os ministros de Sua Majestadenas diversas cortes estrangeirasTen<strong>do</strong> El Rei Nosso Senhor resolvi<strong>do</strong> voltar para Portugal, julgan<strong>do</strong>necessária esta importante medida ao bem da Monarquia nas atuaiscircunstâncias políticas, determinou estabelecer, antes de partir, ogoverno que devia reger este Reino <strong>do</strong> Brasil na Sua ausência e enquantonão chegasse a Constituição; e para este fim foi servi<strong>do</strong> mandar expedire publicar o decreto e instruções de 22 de abril p.p.. O que de ordemde S. A. R. O Príncipe Regente participo à V. ... remeten<strong>do</strong>-lhe osexemplares inclusos para sua devida inteligência.Por esta ocasião, devo também anunciar a V. ... que, pela mala<strong>do</strong> paquete inglês Salisbury, aqui se receberam a 5 <strong>do</strong> corrente mês osseus ofícios – n. ... – e que S. A. R. os enviará a El Rei seu Augusto Pai;mas tornan<strong>do</strong>-se muito conveniente que no presente esta<strong>do</strong> das coisas24


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O Príncipe Regente continue a receber aqui oportuna e regularmenteas precisas informações <strong>do</strong> que se passar e possa acontecer deimportante na Europa. Entenden<strong>do</strong> S. A. R. que será <strong>do</strong> agra<strong>do</strong>, e daaprovação de El Rei que os seus ministros nas diversas cortesestrangeiras, além da correspondência que devem dirigir à corte deSua Majestade em Lisboa, participem diretamente a este governo, queO Mesmo Senhor deixou estabeleci<strong>do</strong> no Brasil, as notícias importantesque possam ocorrer, manda-me S. A. R. prevenir a V. ... que assim ohaja de praticar, remeten<strong>do</strong>-me os seus ofícios e papéis públicos pelamesma via <strong>do</strong> paquete inglês, ou por outro mais que se ofereça regular,até novas ordens de Sua Majestade, a que S. A. R. dá conta destaprovidência, que julgou indispensável recomendar interinamente,enquanto não recebe suas Soberanas Decisões, para as seguirpontualmente e dar-lhe em tu<strong>do</strong> a mais completa execução.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1821.Conde <strong>do</strong>s Arcos.Nesta conformidade se escreveu ao marquês estribeiro-mor, com estaalteração no segun<strong>do</strong> parágrafo: “Por esta ocasião devo tambémanunciar a V. Exa. que, pela mala <strong>do</strong> paquete inglês Salisbury, aqui sereceberam a 5 <strong>do</strong> corrente mês os seus ofícios desde n. 272 até 277,faltan<strong>do</strong> nesta série o de n. 273 – e” (segue o mais)A Antônio de Saldanha, o mesmo: “aqui se receberam, a 5 <strong>do</strong> correntemês, os seus ofícios desde n. 1 até n. 6, inclusive – e” (segue)A d. José Luís de Sousa, o mesmo: “os seus ofícios – n. 11 e n. 17 e 18,reserva<strong>do</strong>s, e as 2 as vias de n. 12 até 16, inclusive, reservadas; e o n.12, bem como a 2ª via de um ofício secretíssimo, sem n., e o n. IV <strong>do</strong>Real Erário – e” (segue)Ao conde de Oriola, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 252 até 255,inclusive – e” (segue)A Francisco José Maria de Brito, o mesmo: “o seu ofício n. 40 e que” (segue)Ao visconde de Torre Bela, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 76 até80, inclusive – e que” (segue)25


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A Rodrigo Navarro de Andrade, o mesmo: “os seus ofícios – desde n.146 até 149, inclusive, e as 2 as vias de n. 139 até 145 – e que” (segue)A Pedro de Mello Breyner, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 42 até44, inclusive, assim como o n. 32 – e outro com o n. 43 – e que”(segue)Ao visconde da Lapa, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 72 até 78inclusive, e as 2 as vias de n. 68 até 77 – e que” (segue)A Joaquim Severino Gomes, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 19até 29, inclusive, faltan<strong>do</strong> nesta série o n. 25 – e que” (segue)Ao conde de Linhares, o mesmo: “o seu ofício n. 9 – e que” (segue)A Gustavo Beyer, o mesmo: “os seus ofícios – desde n. 205 até 210,inclusive, bem como as 2 as vias de n. 2<strong>04</strong> e 205 – e que” (segue)Ao visconde de Santarém: “Por esta ocasião, devo também anunciar aV. S. que, tornan<strong>do</strong>-se muito conveniente que, no presente esta<strong>do</strong> dascoisas, O Príncipe Regente continue a receber aqui oportuna eregularmente as precisas informações <strong>do</strong> que se passar e possaacontecer de importante na Europa.” (e segue em tu<strong>do</strong>)** *AHI 317/03/06Circular de 18/10/1822. Índice: “Anuncian<strong>do</strong>-lheshaverem os povos <strong>do</strong> Brasil, no glorioso dia 12<strong>do</strong> corrente, aclama<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r Constitucional<strong>do</strong> Brasil ao Senhor D. Pedro, Seu RegenteDefensor Perpétuo.”CircularA estreiteza <strong>do</strong> tempo apenas me dá lugar para comunicarresumidamente a V. S. o mais importante e majestoso acontecimentoque acaba de ocorrer nesta capital.26


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Os povos, sensíveis aos grandes benefícios que deviam ao seuMagnânimo e Augusto Defensor Perpétuo, O aclamaram legal esolenemente, no glorioso dia 12 de outubro corrente, Impera<strong>do</strong>rConstitucional <strong>do</strong> Brasil, da forma que V. S. verá nos impressos inclusos.S. M. I. bem conheceu que, uma vez que havia aceita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s brasileiroso título e encargo de Seu Defensor Perpétuo e uma vez que havia da<strong>do</strong>a Sua Régia Palavra de formar e defender a independência e direitos<strong>do</strong> Brasil, Lhe cumpria conseguintemente não recusar a nova epreeminente dignidade que só Lhe podia dar a força e recursosnecessários para a defesa e prosperidade deste Império, tãoatraiçoadamente ameaça<strong>do</strong> pelos furores da anarquia. O que tu<strong>do</strong>participo a V. S. para que, assim inteligencia<strong>do</strong>, se considere em amplaesfera de ação e possa tirar to<strong>do</strong> o parti<strong>do</strong> das circunstâncias presentes.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1822.José Bonifácio de Andrada e Silva.Ao sr. Manoel Roiz Gameiro Pessôa.Nesta conformidade se escreveu:A Felisberto Caldeira Brant Londres n. 5A Jorge Antônio Schaeffer Alemanha n. 2A Antônio Manoel Corrêa da Câmara Buenos Aires n. 7** *AHI 317/03/06Circular de 19/07/1823. Índice: “Participan<strong>do</strong> ademissão <strong>do</strong>s Exmos. José Bonifácio de Andradae Silva e Martim Francisco Ribeiro de Andrada ea nomeação <strong>do</strong>s Exmos. José Joaquim Carneirode Campos e Manoel Jacinto Nogueira da Gama.”Circular aos nossos ministrosHaven<strong>do</strong> Sua Majestade o Impera<strong>do</strong>r, por decreto de 17 <strong>do</strong>corrente mês, anuí<strong>do</strong> às suplicas que lhe fizeram os ministros e o27


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios deste Império e Estrangeiros, o Exmo.José Bonifácio de Andrada e Silva, e <strong>do</strong>s Negócios da Fazenda ePresidente <strong>do</strong> Tesouro Público, o Exmo. Martim Francisco Ribeiro deAndrada, aceitan<strong>do</strong>-lhes as demissões de seus empregos, visto que aopinião pública se tinha algum tanto declara<strong>do</strong> contra estes ministros,sem que por isso os negócios deste Império tivessem sofri<strong>do</strong>retrogradação alguma, houve Sua Majestade Imperial por bem, porseu decreto da mesma data, nomear-me ministro e secretário de Esta<strong>do</strong><strong>do</strong>s Negócios <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros; assimcomo para a repartição da Fazenda e presidência <strong>do</strong> Tesouro Públicoao Exmo. Manoel Jacinto Nogueira da Gama; o que participo a V. S. deordem de Sua Majestade Imperial, para seu governo na direção <strong>do</strong>snegócios ocorrentes, relativos àquela repartição e na execução deImperiais ordens, que semelhantemente por mim lhe foremcomunicadas.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro em 19 de julho de 1823.José Joaquim Carneiro de Campos.Sr. Felisberto Caldeira Brant Pontes.N. B. – Nesta conformidade se escreveu com tratamento de Mercê aoencarrega<strong>do</strong> de negócios em Paris, Manoel Rodrigues Gameiro Pessoa,e ao cônsul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Antônio Gonçalves da Cruz.** *AHI 317/03/06Circular de 29/08/1824. Índice: “Participan<strong>do</strong>haver o governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s d’Américareconheci<strong>do</strong> a independência e Império <strong>do</strong>Brasil.”Ilmo. e Exmo. senhorHaven<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> ontem a fausta notícia de ter si<strong>do</strong> reconhecida aindependência e Império <strong>do</strong> Brasil pelo governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s daAmérica setentrional, por ter José Silvestre Rabello si<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> e28


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870reconheci<strong>do</strong> pelo presidente no caráter com que daqui partiu, deencarrega<strong>do</strong> de negócios, e estan<strong>do</strong> a largar deste porto o paquete,apenas me sobra tempo para antecipar a V. Exa. a notícia de tão importanteacontecimento, remeten<strong>do</strong>-lhe inclusa a gazeta em que ela já foi publicadapara contentamento geral da nação, que vê por este passo aproximar-sea feliz época de ser ele imita<strong>do</strong> pelas demais nações. Ao zelo e desteridadede V. Exa. torna-se desnecessária qualquer recomendação sobre a matéria,pois S. M. I. confia que V. Exa. não deixará de a fazer valer como cumpre,no trato das negociações de que se acha encarrega<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. Exa.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 29 de agosto de 1824.Sr. Antônio Telles da Silva.Nesta conformidade se escreveu a:Felisberto Caldeira Brant Pontes Londres n. 22Manoel Roiz Gameiro Pessoa Londres n. 22Domingos Borges de Barros Paris n. 18** *AHI 317/03/06Circular de <strong>04</strong>/10/1824. Índice: “Participan<strong>do</strong> tersi<strong>do</strong> completamente aniquilada a rebelião emPernambuco.”Circular aos nossos ministros nas cortes estrangeirasA V.V. S.S. não é desconheci<strong>do</strong> que S. M. O Impera<strong>do</strong>r, depoisde ter leva<strong>do</strong> ao último apuro o seu sofrimento com o parti<strong>do</strong>demagógico – que infelizmente reinava na capital de Pernambuco –,procuran<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os meios suaves trazê-lo à ordem e obediência,não surtiram estas medidas outro efeito mais, senão continuarem osmalva<strong>do</strong>s no seu sistema de rebelião, alucinan<strong>do</strong> os povos incautos; epor isso viu-se O Mesmo Augusto Senhor obriga<strong>do</strong> a pôr em prática osmeios que teve à sua disposição, para fazer respeitar a sua autoridade,29


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>mandan<strong>do</strong> aprontar uma esquadra e uma brigada de 2.000 homenscomandada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva, o qual partiu empoucos dias.Agora, porém, é para mim extremamente agradável ter decomunicar a V.V. S.S. para sua inteligência e satisfação que aquelasforças de S. M. I., ten<strong>do</strong>-se uni<strong>do</strong> às fiéis tropas pernambucanas,aniquilaram inteiramente todas as forças <strong>do</strong>s rebeldes, haven<strong>do</strong>antecipadamente fugi<strong>do</strong> com a maior vilania para bor<strong>do</strong> de uma fragatainglesa o indigno, intruso presidente Manoel de Carvalho Paes deAndrade. E, conseguintemente, está aquela província restituída àunidade <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil, fican<strong>do</strong> assim corta<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os fios dasmaquinações revolucionárias, de que a capital da dita província eradesgraçadamente o foco.Este importantíssimo sucesso, cujos detalhes verão V.V. S.S. bemexpendi<strong>do</strong>s no ofício <strong>do</strong> general Lima – que vêm transcritos no DiárioFluminense n. 81 –, ao mesmo tempo que prova que o Império <strong>do</strong>Brasil tem forças suficientes para sufocar qualquer parti<strong>do</strong> dissidenteda boa causa, não poderá deixar de aumentar na Europa a nossa forçamoral, dan<strong>do</strong> grande peso ao bom resulta<strong>do</strong> das negociações pendentes.E, portanto, S. M. I. espera que V.V. S.S., empregan<strong>do</strong> toda a suadesteridade e zelo, saberão tirar to<strong>do</strong> o parti<strong>do</strong> deste feliz acontecimento,procuran<strong>do</strong> desvanecer quaisquer sinistras sugestões <strong>do</strong>s inimigos daprosperidade e independência deste Império.Deus Guarde a V.V. S.S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro em 4 de outubro de 1824.Luís José de Carvalho e Melo.Senhores Felisberto Caldeira Brant Pontes e Manoel Rodrigues GameiroPessôa.Nesta conformidade se escreveu aos seguintes:Antônio Telles da SilvaAlemanhaDomingos Borges de Barros França n. 22José Silvestre RebelloEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s** *30


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 01/09/1825. Índice: “Comunican<strong>do</strong>haver-se assina<strong>do</strong> nesta corte em 29 de agostoúltimo um Trata<strong>do</strong> de Paz e Aliança entre o Brasile Portugal, em que ficou reconhecida aindependência e Império <strong>do</strong> Brasil.”CircularHaven<strong>do</strong>-se assina<strong>do</strong> nesta corte, pelos plenipotenciários de S.M. O Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil e de S. M. El Rei de Portugal e Algarves, emdata de 29 de agosto próximo passa<strong>do</strong>, um Trata<strong>do</strong> de Paz e Aliançaentre os Mesmos Augustos Senhores, fican<strong>do</strong> expressamentereconhecida a plena independência <strong>do</strong> Brasil na categoria de Impérioe a Dignidade Imperial na Pessoa <strong>do</strong> Nosso atual Impera<strong>do</strong>r e nosseus legítimos descendentes, com total separação <strong>do</strong>s Reinos dePortugal e Algarves; tenho a mais viva satisfação em fazer estaparticipação a V. ... que a receberá com aquele prazer próprio <strong>do</strong>ssentimentos de patriotismo que nessa missão tem por sua partemanifesta<strong>do</strong> para o conseguimento de tão importante resulta<strong>do</strong>. Oreferi<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> foi logo ratifica<strong>do</strong> por S. M. I. em o dia seguinte à suaassinatura, e vai ser remetida a ratificação a S. M. F. para ser trocadana corte de Lisboa. E O Mesmo Augusto Senhor, não duvidan<strong>do</strong> deratificação de S. M. F. à vista <strong>do</strong>s sentimentos de conciliação que temmanifesta<strong>do</strong> e da mediação de S. M. Britânica, além disto haven<strong>do</strong>to<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> em se guardarem os recíprocos interesses e decorode ambos os Esta<strong>do</strong>s, espera outrossim que V. ..., participan<strong>do</strong> estefeliz sucesso ao governo junto ao qual foi envia<strong>do</strong>, haja de cooperarpara final arranjo de quaisquer dúvidas que ainda por acaso se possamsuscitar, assim para a ratificação de S. M. F. como para seu imediatorecebimento público nessa corte.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 1º de setembro de 1825.Luís José de Carvalho e Mello.Nesta conformidade se escreveu:A Antônio Telles da Silva com o n. 29A Domingos Borges de Barros com o n. 9331


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A monsenhor Vidigal com o n. 11A José Silvestre com o n. 38A Luís de Sousa Dias com o n. 5N.B. – A Antônio Telles se acresce no fim: “poden<strong>do</strong> acrescentar aqui aV. Exa. que o barão de Mareschal 1 insinuou que V. Exa. podia apresentar-sena corte, pois tinha motivos para crer que seria recebi<strong>do</strong>”.Para José Silvestre, até “na corte de Lisboa”, acaban<strong>do</strong> com as seguintespalavras: “o que assim participo a V. Mercê para que haja de assim ocomunicar ao governo junto <strong>do</strong> qual se acha”.A Luís de Sousa Dias, omitin<strong>do</strong> as seguintes palavras: “que nessamissão” até “resulta<strong>do</strong>”.** *AHI 317/03/06Circular de 22/12/1825. Índice: “Participan<strong>do</strong> ter-semanda<strong>do</strong> aprontar uma força naval, com odestino de pôr em efetivo bloqueio to<strong>do</strong>s osportos pertencentes ao governo das ProvínciasUnidas <strong>do</strong> Rio da Prata.”CircularHaven<strong>do</strong> S. M. O Impera<strong>do</strong>r manda<strong>do</strong> aprontar uma força navalcom o destino de pôr em efetivo bloqueio to<strong>do</strong>s os portos pertencentesao governo das Províncias Unidas <strong>do</strong> Rio da Prata, tenho de assim oparticipar a V. ... para sua devida inteligência e a fim de o fazer constara esse governo e aos súditos <strong>do</strong> Império a quem esta Imperial Resoluçãopossa interessar.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1825.Visconde de Santo Amaro.1N. E. – Filipe Leopol<strong>do</strong> Wenzel, barão de Mareschal, ministro da Áustria no Rio. Esteve no Brasilde 1818 até 1830.32


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Nesta conformidade se escreveu aos senhores:Visconde de ResendeBarão de ItabaianaBarão da Pedra BrancaJosé Silvestre RebelloJorge Antônio SchaefferEustáquio A<strong>do</strong>lpho de MelloLuís de Sousa DiasMonsenhor VidigalÁustriaLondresParisEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sHamburgoMecklemburgoRússiaRoma** *AHI 317/03/06Circular de 22/12/1825. Índice: “Remeten<strong>do</strong>inclusos <strong>do</strong>is exemplares <strong>do</strong> manifesto dadeclaração de guerra ao governo das ProvínciasUnidas <strong>do</strong> Rio da Prata.”CircularS. M. O Impera<strong>do</strong>r manda remeter a V. S. <strong>do</strong>is exemplares <strong>do</strong>manifesto da declaração de guerra que houve por bem fazer aogoverno das Províncias Unidas <strong>do</strong> Rio da Prata para que V. S. o façachegar ao conhecimento desse governo; deven<strong>do</strong> V. S. empregarcom toda a desteridade o seu zelo pelo serviço de S. M. em convencerao mesmo governo <strong>do</strong>s fortes e urgentes motivos que impeliram OMesmo Augusto Senhor, bem contra os impulsos de Seu MagnânimoCoração, a dar um passo que julgou indispensável à dignidade danação e decoro de Seu Trono, procuran<strong>do</strong> V. S. colher a sensaçãoque tal acontecimento produzirá nesse país e dan<strong>do</strong> logo de tu<strong>do</strong>conta por esta Secretaria d’Esta<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1825.Visconde de Santo Amaro.33


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Nesta conformidade se escreveu aos senhores:Visconde de ResendeBarão de ItabaianaBarão da Pedra BrancaMonsenhor VidigalJosé Silvestre RebelloJorge Antônio SchaefferEustáquio A<strong>do</strong>lfo de MelloLuís de Sousa DiasÁustriaLondresParisRomaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sHamburgoMecklemburgoRússia** *AHI 317/03/06Circular de 06/05/1826. Índice: “Participan<strong>do</strong> queS. M. O Impera<strong>do</strong>r abdicou à Coroa de Portugalem Sua Augusta Filha a Senhora D. Maria daGlória.”CircularPara o barão de Itabaiana em [sic] n. 152Cumprin<strong>do</strong> a S. M. O Impera<strong>do</strong>r tomar uma resolução no gravee importante assunto da sucessão à Coroa Portuguesa, que acaba delhe ser devolvida pelo falecimento de S. M. Fidelíssima El Rei dePortugal e Algarves, Seu Augusto Pai, depois da mais séria e maduraconsideração, em que S. M. I., prescindin<strong>do</strong> de toda atenção pessoal,ponderou tão somente o que conviria à felicidade <strong>do</strong>s povos que aProvidência Divina dignara transferir à Sua suprema direção, entendeuque convinha abdicar à Coroa daqueles Reinos, salvas as modificaçõese concessões absolutamente indispensáveis ao efeito de um ato detamanha responsabilidade.Talvez pareça extraordinária a resolução de S. M. I., mormenterefletin<strong>do</strong>-se que se ela fosse diametralmente oposta, não podia deixarde ser seguida e respeitada, como é afiança<strong>do</strong> não só pela conhecidafidelidade portuguesa, como pela devida e ilimitada confiança que osbriosos brasileiros têm posto no Funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil e34


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Defensor Perpétuo de sua independência, que não podia sercomprometida. Mas S. M. I., fazen<strong>do</strong> justiça aos sentimentos de seussúditos de ambas as nações, não reconheceu menos, que a SupremaDignidade não deve ser para os Soberanos senão um meio depromoverem a felicidade pública, fundan<strong>do</strong> nela o amor e obediência<strong>do</strong>s povos. E, nesta inteligência, não podia S. M. I. considerar semprofunda mágoa que a reunião da Coroa em uma só pessoa, de <strong>do</strong>isEsta<strong>do</strong>s tão aparta<strong>do</strong>s entre si, deverá necessariamente opor-se, oudemorar o desempenho das suas vistas paternais, que se fitam emcontinuar o Paternal Reina<strong>do</strong> de Seu Augusto Pai, e deverá por issoredundar em futuro descontentamento e prejuízo daqueles <strong>do</strong>isEsta<strong>do</strong>s, onde O Mesmo Augusto Senhor não podia residirpessoalmente, em virtude da Constituição deste Império; fican<strong>do</strong> assimos portugueses na impossibilidade de terem em seu seio o Soberanopara mais prontamente acudir às suas necessidades. Esta consideraçãofoi de per si tão importante, que bastou a mover o Augusto Ânimo deS. M. I. que, quan<strong>do</strong> se trata da ventura de seus súditos, não hásacrifício que Lhe seja custoso, nem interesses que Lhe não sejamsubordina<strong>do</strong>s; e a abdicação, que é disto uma conseqüência, irádemonstrar aos nacionais e estrangeiros a pureza das intenções deS. M. I.Como, porém, este ato não fica completo sem que O MesmoAugusto Senhor simultaneamente haja de fixar e estabelecer os futurosdestinos de Portugal, fazen<strong>do</strong> quanto em si cabe para que eles sejamtão prósperos como deseja, há por bem outorgar à nação portuguesauma Carta Constitucional, conforme aos sãos e luminosos princípios<strong>do</strong>s principais governos da Europa e acomodada aos antigos elouváveis usos da Monarquia Portuguesa. E cumprin<strong>do</strong> outrossim quea abdicação espontânea de S. M. I. recaia em pessoa designada, epor maneira tal que o Impera<strong>do</strong>r deixa ilesos os imprescritíveis direitosde S. I. Casa, em justa conformidade com os princípios fundamentaisda sucessão, e ao mesmo tempo possa O Mesmo Augusto Senhor vergarantidas as suas disposições a bem <strong>do</strong>s povos, resolveu transferir eabdicar seus direitos em sua, sobre todas, muito Amada e PrezadaFilha a Sereníssima Senhora Princesa D. Maria da Glória, para casarcom seu Tio o Sereníssimo Senhor Infante de Portugal D. Miguel,com a condição de aceitarem, observarem e fazerem observar nosseus <strong>do</strong>mínios a Carta Constitucional, que S. M. I. há por bem acordarà nação portuguesa, sem o que não terá efeito a presente abdicação.S. M. I. me ordenou comunicar o referi<strong>do</strong> à V. S. para confidencialconhecimento de S. M. Britânica, a quem V. S. fará sentir outrossim oquanto será agradável ao Impera<strong>do</strong>r nosso Augusto Amo, que estasdisposições encontrem a aprovação e apoio de S. M. B., que tão35


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>interessa<strong>do</strong> se tem mostra<strong>do</strong> pela glória e prosperidade da AugustaCasa de Bragança.Deus Guarde a V. S.Senhor barão de Itabaiana.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 6 de maio de 1826.Visconde de Inhambupe.P. S. – Previno igualmente a V. S. que sir Charles Stuart é porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong>sdiplomas relativos às medidas tomadas por S. M. I. sobre Portugal e OMesmo Augusto Senhor o encarregou de ir a Lisboa tratar com aRegência.Na mesma conformidade:Ao barão da Pedra Branca, em n. 157.A monsenhor Vidigal, sem o P. S., em n. 31.Ao visconde de Resende, com o seguinte acréscimo: “da AugustaCasa de Bragança; e recomen<strong>do</strong> a V. Exa. que continue a freqüentara amizade <strong>do</strong> Senhor Infante D. Miguel, fazen<strong>do</strong> com respeito edesteridade conhecer as grandes vantagens individuais e de comuminteresse, que resultam a si e a Portugal, que S. A. a<strong>do</strong>te o planoproposto, efetuan<strong>do</strong> o casamento com sua Augusta Sobrinha,remeten<strong>do</strong> para este fim a competente procuração e sujeitan<strong>do</strong>-secordialmente à vontade e disposição de S. M. I., que tanto desejapromover o seu bem, de comum com o de sua Augusta Família e danação portuguesa, em n. 50”.** *AHI 317/03/06Circular de <strong>04</strong>/03/1828. Índice: “Remeten<strong>do</strong> cópia<strong>do</strong> decreto de 3 deste mês, pelo qual S. M. OImpera<strong>do</strong>r, como Rei de Portugal, completou oato de Sua Abdicação à Coroa daquele Reino”.36


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870CircularN. 4Para o visconde de ItabaianaTen<strong>do</strong> S. M. O Impera<strong>do</strong>r, como Rei de Portugal, considera<strong>do</strong>em sua Alta sabe<strong>do</strong>ria ser chega<strong>do</strong> o tempo em que designaracompletar a Sua Abdicação à Coroa daquele Reino, na forma da CartaRégia de 3 de Maio de 1826; houve por bem, de sua livre e espontâneavontade, ordenar, por decreto de 3 <strong>do</strong> corrente mês, que junto seremete, não só que o dito Reino de Portugal seja governa<strong>do</strong> em nomede Sua Muito Amada e Prezada Filha Senhora D. Maria II, mas tambémdeclarar que não tenha mais pretensão alguma à Coroa Portuguesa eseus <strong>do</strong>mínios. Tenho de assim o participar a V. S. para que, fican<strong>do</strong>na inteligência deste político passo de Sua Majestade Imperial, hajade fazer o conveniente uso deste despacho, fican<strong>do</strong> certo que igualparticipação se fez a to<strong>do</strong> o corpo diplomático aqui acredita<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 4 de março de 1828.Visconde de Itabaiana.Marquês de Aracati.Nesta conformidade ao:Marquês de Resende n. 4João Antônio Pereira da Cunha n. 3Luís de Sousa Dias n. 4Marquês de Taubaté n. 3Luís Moutinho de Lima Álvares e Silva n. 2José Silvestre Rebello n. 4** *37


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de <strong>04</strong>/03/1829. Índice: “Participan<strong>do</strong> ofato de uma pequena sedição de 40 homens,pouco mais ou menos, ocorrida nos subúrbiosda cidade <strong>do</strong> Recife.”Circular às legaçõesNo dia 1º <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong> reuniram-se nos subúrbios da cidade <strong>do</strong>Recife 40 homens, pouco mais ou menos, arma<strong>do</strong>s e com o fito dedestruir a atual forma <strong>do</strong> Governo Imperial. Estes sediciosos, cometen<strong>do</strong>em seu trânsito as maiores violências, se dirigiram para a vila de S.Antão, onde temerariamente tentaram convocar a Câmara Municipal eo capitão-mor, a fim de tomarem parte no seu atenta<strong>do</strong>. Estasautoridades, porém, reunin<strong>do</strong> a força que lhes foi possível, os fizeramimediatamente perseguir até a comarca <strong>do</strong> Sertão, para onde seretiraram; e igualmente vão em seu seguimento 300 homens, que ogoverno da província mandara para esse fim.O governo de Sua Majestade Imperial, logo que chegou ao seuconhecimento tão desagradável notícia, tomou as enérgicas medidasque V. ... verá no incluso Diário Fluminense n. 47, com as quais esperaque não progredirá qualquer plano combina<strong>do</strong> de rebelião que possaexistir naquela província onde, todavia, ainda não se desenvolveu; poisque os rebeldes de que trato são desprezíveis e sem crédito e nenhumapoio tinham acha<strong>do</strong>, nem acharão, visto que o Governo Imperial contacom to<strong>do</strong>s os fiéis e honra<strong>do</strong>s habitantes daquela província, que já têmda<strong>do</strong> todas as provas de indignação contra aqueles malva<strong>do</strong>s. O quetu<strong>do</strong> levo ao conhecimento de V. ... a fim de que, chegan<strong>do</strong> aídesfigura<strong>do</strong> este triste acontecimento, haja V. ... desmerecer a máimpressão que possa causar.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 4 de março de 1829.Senhor...Marquês de Aracati.Na mesma conformidade se escreveu a:Eustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello n. 638


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870João Antônio Pereira da Cunha n. 9Marquês de Resende n. 5Marquês de Maceió n. 2Marquês de Taubaté n. 5José Silvestre n. 5Pedro Afonso n. 3Muniz Tavares n. 1Rademaker n. 4** *AHI 317/03/06Circular de 11/11/1829. Índice: “Participan<strong>do</strong>haverem alguns indivíduos na província <strong>do</strong> Cearáatenta<strong>do</strong> contra o governo constitucional <strong>do</strong>Império, a fim de proclamar o governo absoluto,e as providências que a este respeito foramdadas.”Circular para os nossos ministros e cônsulesTen<strong>do</strong> o presidente da província <strong>do</strong> Ceará participa<strong>do</strong> quealguns indivíduos, esqueci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> juramento que prestaram,atentaram contra o governo constitucional – que felizmente regeeste Império – a fim de proclamarem ali o governo absoluto, nãopôde deixar de causar uma justa indignação no Ânimo de SuaMajestade o Impera<strong>do</strong>r este enorme atenta<strong>do</strong>. E ainda, que é deesperar que, pelas prontas providências que teria da<strong>do</strong> o presidenteda província já haveriam si<strong>do</strong> presos os autores de tão horren<strong>do</strong>crime, os quais teriam um pequeno número de aderentes, vista aloucura de semelhante empresa. Contu<strong>do</strong>, Sua Majestade Imperial,queren<strong>do</strong> da Sua parte testemunhar o Seu respeito à Constituição<strong>do</strong> Império – de que é o primeiro Zela<strong>do</strong>r, por estar convenci<strong>do</strong> quesó ela fará a felicidade <strong>do</strong>s seus súditos – houve por bem, ten<strong>do</strong>ouvi<strong>do</strong> o Seu Conselho de Esta<strong>do</strong> e na conformidade <strong>do</strong> artigo 179§ 35 da Constituição, ordenar que: no caso de se terdesgraçadamente realiza<strong>do</strong> tão detestável projeto, se suspendamprovisoriamente na dita província, por tempo de seis meses – se39


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>não tiver consegui<strong>do</strong> o restabelecimento da ordem e a perfeitatranqüilidade dela – os parágrafos 4, 6, 7, 8, 9 e 10 <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> artigo;para que, sem as formalidades neles marcadas, se possa procedercontra quaisquer pessoas complicadas neste delito, fican<strong>do</strong> to<strong>do</strong>sos mais em seu inteiro vigor. O que participo a V. ... para sua devidainteligência e para fazer desta comunicação o uso que for maisconveniente.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1829.No mesmo senti<strong>do</strong> aos senhores:Eustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello e MattosMarquês de ResendeFrancisco Muniz TavaresMarquês de MaceióMarquês de TaubatéJoão Antônio Pereira da CunhaMiguel José Roiz FeitalPedro Afonso de CarvalhoJosé Matheus NicolayFilio ArgentiA. MazzitelliAntônio da Silva CaldeiraVicente Ferreira da SilvaLuís Frederico KalckmannAntônio José RademakerJosé Ribeiro <strong>do</strong>s SantosJosé de Araújo RibeiroLuís de Sousa DiasJosé Agostinho Barbosa JúniorGonçalo Gomes de MelloDuarte da Ponte Ribeiro** *40


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 13/<strong>04</strong>/1831. Índice: “Participan<strong>do</strong> aespontânea abdicação <strong>do</strong> Senhor D. Pedro I, nodia 7 deste mês, e a eleição da RegênciaProvisória <strong>do</strong> Império.”Circular para os cônsules brasileiros na América e Europa,onde não existam ministrosTen<strong>do</strong> o Senhor D. Pedro I abdica<strong>do</strong> espontaneamente, no dia7 <strong>do</strong> corrente mês, à Coroa <strong>do</strong> Brasil em Seu Augusto Filho o SenhorD. Pedro II, que hoje ocupa o Trono deste Império, procederam osrepresentantes da nação, que se achavam nesta corte, cuida<strong>do</strong>sos emdar um remédio aos males que poderiam ameaçar o Império pela subdita[sic] cessação de to<strong>do</strong> o governo, a eleger uma Regência Provisória emNome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r, que deve governar enquanto a Assembléia Geralnão escolher a Regência Permanente que, na conformidade daConstituição, há de reger o Império durante a menoridade <strong>do</strong> Monarca.Os membros da Regência são os senhores marquês de Caravelas,Francisco de Lima Silva e Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, o queparticipo a V. Mercê para sua inteligência e a fim de que o faça constarao governo junto ao qual está acredita<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 13 de abril de 1831.Francisco Carneiro de Campos.** *AHI 317/03/06Circular de 26/<strong>04</strong>/1831. Índice: “Participan<strong>do</strong> queo ex-Impera<strong>do</strong>r o Senhor D. Pedro I efetuou asua saída deste porto no dia 13 deste mês; eenvian<strong>do</strong>-lhes as cartas da Regência Provisóriaem Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r, para diversosSoberanos.”41


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Para o marquês de ResendePelo nosso encarrega<strong>do</strong> de negócios em Londres teria já V.Exa. si<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s extraordinários e gloriosos sucessos <strong>do</strong>sdias 6 e 7 de abril ocorri<strong>do</strong>s nesta corte.Agora, cumpre-me participar a V. Exa., para sua inteligência,que o ex-Impera<strong>do</strong>r D. Pedro I efetuou a sua saída deste porto abor<strong>do</strong> da fragata inglesa Volage no dia 13 <strong>do</strong> corrente, in<strong>do</strong>acompanha<strong>do</strong> de uma fragata francesa; que as bravas tropas destaguarnição se retiraram para seus quartéis no dia 15, depon<strong>do</strong> asarmas os briosos cidadãos que, zelosos de defenderem as suasliberdades ameaçadas, se lhes tinham reuni<strong>do</strong>, sem que tivesseocorri<strong>do</strong> o menor desgosto, mas antes congratulan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>smutuamente de terem completa<strong>do</strong> uma obra tão arriscada e gloriosa,sem que tivesse havi<strong>do</strong> efusão de sangue. Como nos diáriosfluminenses, que se remetem nesta ocasião, se acham a proclamaçãoe mais atos da Regência e <strong>do</strong> governo, para eles refiro a V. Exa. ejulgo ocioso repetir neste despacho, mais individualmente, aquilo queneles se acha assaz especifica<strong>do</strong>.Junto achará V. Exa. a carta, com a sua competente cópia,que a Regência Provisória em Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r escreve a S. M.El Rei <strong>do</strong>s franceses, em que lhe participa a abdicação <strong>do</strong> ex-Impera<strong>do</strong>re a sua instalação, para que V. Exa. faça dela a devida entrega e,bem assim, os que vão para S.S. M.M. os Reis de Baviera, Saxônia,Wurtemberg, que V. Exa. entregará aos respectivos ministros nessacorte.Deus Guarde a V. Exa.Sr. marquês de Rezende.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 26 de abril de 1831.Francisco Carneiro de Campos.N.B. - Nesta conformidade se escreveu aos seguintes:Monsenhor Vidigal, José Marques Lisboa, Isi<strong>do</strong>ro da Costa eOliveira, Gaspar José Lisboa, Pedro Afonso de Carvalho, Antônio Joséda Silva Loureiro, Luís de Sousa Dias, José de Araújo Ribeiro, EustáquioA<strong>do</strong>lfo de Mello Mattos, substituin<strong>do</strong>-se ao 1º § o seguinte: “Pelo meudespacho n. 14, em data de 9 <strong>do</strong> corrente mês, informei a V. Mercê <strong>do</strong>sextraordinários e gloriosos sucessos <strong>do</strong>s dias 6 e 7 de abril ocorri<strong>do</strong>snesta corte.” E, ao último, este outro: “Junto achará V. Mercê as cartas,42


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870com as suas competentes cópias, que a Regência Provisória em Nome<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r escreve a S. M. Britânica, tanto nesta qualidade, comona de Rei de Hanover, para fazer delas a devida entrega. Igual entregafará aos ministros, acredita<strong>do</strong>s nessa corte, <strong>do</strong>s Soberanos El Rei <strong>do</strong>Reino das Duas Sicílias e o de Sardenha, das que se lhe dirigem”.** *AHI 317/03/06Circular de 21/06/1831. Índice: “Participan<strong>do</strong> aeleição da Regência Permanente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r, no dia 17 deste mês.”Circular para as legações <strong>do</strong> Império e para osconsula<strong>do</strong>s onde estas não existemHaven<strong>do</strong>-se reuni<strong>do</strong> a Assembléia Geral no dia 17 <strong>do</strong> correntepara, na conformidade <strong>do</strong> artigo 123 da Constituição <strong>do</strong> Império, elegera Regência Permanente, que deve governar segun<strong>do</strong> a lei, que lhemarca as suas atribuições, durante a menoridade de S. M. I. o SenhorD. Pedro II, obtiveram a maioria de votos os Senhores Francisco deLima e Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio Moniz. O queparticipo a V. ... para sua inteligência.A competente carta de chancelaria, em que a Regência participaráa sua eleição a S. M. – tal – ou presidente, irá pelo próximo paquete.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Governo, em 21 de junho de 1831.Francisco Carneiro de Campos.N.B. – Para os consula<strong>do</strong>s não foi o último § da circular.ColômbiaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sFrançaLuís de Sousa DiasJosé de Araújo RibeiroJosé Joaquim da Rocha43


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>InglaterraRomaViena d’ÁustriaPaíses BaixosDinamarcaRússiaPrússiaEustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello Mattosmonsenhor VidigalAmaro Guedes PintoJosé Marques LisboaPedro Afonso de Carvalho (e Suécia)Gaspar José LisboaAntônio de Menezes Vasconcelos de DrummondJosé Matheus NicolayNicolau ManteriJoaquim Pereira Viana de LimaVicente Ferreira da SilvaCarlos VanoltDuarte da Ponte RibeiroJosé Agostinho Barbosa Júnior** *AHI 317/03/06Circular de 22/07/1831. Índice: “Participan<strong>do</strong>lhesa alteração da tranqüilidade pública, queocorrera nesta corte na noite de 14 destemês.”Circular para as legações e consula<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ImpérioNa noite <strong>do</strong> dia 14 <strong>do</strong> corrente mês a tranqüilidade desta capitalfoi consideravelmente alterada pela insubordinação que se manifestouno corpo de polícia, a qual, comunican<strong>do</strong>-se rapidamente a umagrande parte <strong>do</strong>s outros corpos da guarnição, pôs to<strong>do</strong>s os habitantesem grande consternação e terror.Reuni<strong>do</strong>s os sobreditos corpos no Campo da Aclamação (quepresentemente se chama da Honra), e ajuntan<strong>do</strong>-se-lhes algunsgrupos de paisanos, trataram de organizar e dirigir à Regência umrequerimento em que pediam a expulsão para fora <strong>do</strong> Império de 89pessoas, sen<strong>do</strong> algumas destas grandes emprega<strong>do</strong>s públicos e daprimeira notabilidade da corte.A Regência com os ministros e as duas câmaras legislativas seocuparam imediatamente deste grave acontecimento e, constituin<strong>do</strong>-44


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870se em sessão permanente no Paço da Cidade, onde existe o JovemImpera<strong>do</strong>r, e as Princesas Suas Augustas Irmãs, têm constantementetrabalha<strong>do</strong> no restabelecimento da ordem e consegui<strong>do</strong>, por via desuas proclamações, chamar em torno de si to<strong>do</strong>s os militareshonra<strong>do</strong>s, que permaneceram fiéis às autoridades, e to<strong>do</strong>s os bonscidadãos de diversas classes, que, além de apresentarem uma súplicaem senti<strong>do</strong> contrário, protestan<strong>do</strong> pela guarda das garantiasconstitucionais e conservação das fórmulas protetoras da liberdade,pediram armas e se ofereceram para apoiar o governo e as câmarasno exercício de suas altas funções. E, com efeito, em conseqüênciadas providentes medidas que se têm toma<strong>do</strong>, e da eficaz cooperação<strong>do</strong>s sobreditos bons cidadãos e lealdade de alguns corpos e oficiaissuperiores avulsos – que se têm presta<strong>do</strong> até a formar um batalhãoe fazer o serviço de rondas e guardas nos lugares importantes,como simples solda<strong>do</strong>s – a tranqüilidade pública se acha hoje járestituída e o será ainda mais solidamente pela próxima chegada dasmilícias, que de toda a parte se vêm dirigin<strong>do</strong> à capital; cumprin<strong>do</strong>observar que, à exceção de um ou outro delito cometi<strong>do</strong> pelossolda<strong>do</strong>s dispersos e debanda<strong>do</strong>s, nunca os mesmos corposinsubordina<strong>do</strong>s obraram em massa, ainda no tempo de sua maiorefervescência, contra os cidadãos pacíficos.O que participo a V. ... para sua inteligência e a fim de queesteja habilita<strong>do</strong> a destruir quaisquer notícias indiscretas, que acasomal intenciona<strong>do</strong>s queiram propalar em prejuízo <strong>do</strong> crédito desteImpério.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Governo, em 22 de julho de 1831.Francisco Carneiro de Campos.Monsenhor Vidigal – com um P.S. para comunicar o mesmo aos nossoscônsules em Gênova, Livorno e Nápoles.José Joaquim da RochaEustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello MattosGaspar José LisboaAmaro Guedes PintoPedro Afonso de CarvalhoAntônio de Meneses Vasconcelos de DrummondAntônio José RademakerVicente Ferreira da Silva45


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>José de Araújo RibeiroJosé Agostinho Barbosa JúniorDuarte da Ponte Ribeiro** *AHI 317/03/06Circular de 17/09/1831. Índice: “Recomendan<strong>do</strong>lheso maior empenho e vigilância nodescobrimento <strong>do</strong>s indivíduos, sociedades ouclubes que nos respectivos países possam haver,com o fim de promover a ruína <strong>do</strong> Império.”Circular para as legações na EuropaSen<strong>do</strong> muito para temer que os inimigos da independência eprosperidade deste Império, aproveitan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> exaltamento [sic] daspaixões – que costumam sempre aparecer em to<strong>do</strong>s os países quan<strong>do</strong>ocorrem sucessos extraordinários, como aqueles que tiveram lugar nosmemoráveis dias 6 e 7 de abril último – , procurem por meio deintrigas e cabalas, espalhadas acintemente [sic] pelos seus agentes,promover a ruína deste Império, semean<strong>do</strong> a discórdia e a guerra civilentre cidadãos brasileiros; e merecen<strong>do</strong> este grave assunto to<strong>do</strong>s oscuida<strong>do</strong>s e desvelos da Regência em Nome de S. M. O Impera<strong>do</strong>r oSr. D. Pedro II, tenho de recomendar a V. ... que, com o maiorempenho e vigilância, haja de indagar se [há] nesse país algunsindivíduos, ou sociedades ou clubes, que se ocupam de pôr em práticatão detestável plano; em caso de receber informações certas, ouainda prováveis, declare quais sejam esses indivíduos ou sociedades,quais os membros influentes desses clubes, que ordem ocupam nasociedade, quais seus talentos e luzes, quais os capitais que tenham àsua disposição, e se eles recebem proteção desse governo ou dequalquer outro; não deven<strong>do</strong> V. ... omitir circunstância alguma em umobjeto de tanto melindre e de suma importância para a tranqüilidade esegurança deste Império. Quan<strong>do</strong> conste a V. ... que os menciona<strong>do</strong>sagentes tenham parti<strong>do</strong> para alguma das províncias <strong>do</strong> Império, nãoperderá tempo em dar as devidas informações com to<strong>do</strong> o detalheaos respectivos presidentes, para se tomarem as devidas cautelas. Oque participo a V. ... para a sua inteligência e execução.46


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Governo, em 17 de setembro de 1831.Senhores:Eustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello MattosJosé Joaquim da RochaGaspar José LisboaAntônio de Meneses VasconcelosAmaro Guedes Pinto** *AHI 317/03/06Circular de 10/10/1831. Índice: “Participan<strong>do</strong> odesagradável acontecimento ocorri<strong>do</strong> no teatrodesta corte: a rebelião <strong>do</strong> batalhão de Marinhana Ilha das Cobras, na noite de 6 deste mês, ea insubordinação da tropa de linha emPernambuco.”Circular para o corpo diplomáticoNo Diário <strong>do</strong> Governo n. 79 achará V. Mercê a circunstanciadanarração <strong>do</strong> desagradável acontecimento que teve lugar no dia 28 <strong>do</strong>mês passa<strong>do</strong> no teatro desta corte.Ainda não estava esta cidade bem restituída à sua tranqüilidade,quan<strong>do</strong> na noite de 6 <strong>do</strong> corrente rebentou uma rebelião no batalhãode Marinha aquartela<strong>do</strong> na Ilha das Cobras, a qual ameaçava de grandeperigo a esta capital. O governo, ten<strong>do</strong> tenta<strong>do</strong> em vão to<strong>do</strong>s os meiosde brandura para trazer à ordem os rebeldes, se viu, afinal, força<strong>do</strong> arecorrer a medidas vigorosas, as quais foram com efeito postas emexecução, aproveitan<strong>do</strong>-se o deno<strong>do</strong> que apresentaram tanto o batalhão<strong>do</strong>s oficiais Solda<strong>do</strong>s da Pátria como as guardas municipais, quemerecem to<strong>do</strong>s os elogios. A dita ilha foi assaltada por estes <strong>do</strong>iscorpos e os rebeldes, dan<strong>do</strong> apenas alguns tiros – de que foi vítimaum guarda municipal –, renderam-se imediatamente, sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>spresos para serem castiga<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong> o rigor das leis.47


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Não só foi nesta corte que se tem passa<strong>do</strong> acontecimentos quedevem consternar a to<strong>do</strong>s os bons brasileiros. De Pernambuco acabamde receber-se notícias tristes: a tropa de linha insubordinou-se e cometeuos maiores atenta<strong>do</strong>s, saquean<strong>do</strong> casas e perpetran<strong>do</strong> assassíniosdurante trinta e seis horas. Para pôr termo a tantos horrores, opresidente da província, ten<strong>do</strong> reuni<strong>do</strong> as tropas de milícias, as guardasmunicipais e estudantes <strong>do</strong> curso jurídico, conseguiu prender to<strong>do</strong>s ossolda<strong>do</strong>s e revoltosos, que sofreram alguma mortandade, achan<strong>do</strong>-sefelizmente restabelecida hoje a ordem na província.No meio de objetos de tanta <strong>do</strong>r para os corações brasileiros, háuma consolação que nos deve muito animar e é que o número <strong>do</strong>sanarquistas é mui pequeno, entretanto que to<strong>do</strong>s os bons cidadãos seacham identifica<strong>do</strong>s com o governo, que possui bastante força pararestabelecer a ordem pública; o que participo a V. Mercê para suainteligência e a fim de fazer desta comunicação o mais discreto uso.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Governo, em 10 de outubro de 1831.Francisco Carneiro de Campos.** *AHI 317/03/06Circular de 12/<strong>04</strong>/1832. Índice: “Participan<strong>do</strong> aconspiração que apareceu nesta corte no dia 3deste mês e foi debelada pelo governo”.Circular para os corpos diplomático e consularA tranqüilidade pública foi perturbada nesta corte, no dia 3 <strong>do</strong>corrente mês, por homens ambiciosos, degenera<strong>do</strong>s e inimigos desua pátria. Antecedentemente se havia divulga<strong>do</strong> a existência deplanos tenebrosos de conspiração por facções diversas que, ten<strong>do</strong>em vista fins muito opostos de republicanismo e restauração,pareciam combinar-se para um só, comum, de acabar com a Regênciae atual Ministério, pretenden<strong>do</strong> substituir-lhes indivíduos de sua48


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870confiança. Os conspira<strong>do</strong>res principiaram por sublevar as guarnições epresos existentes nas fortalezas de Villegaignon e S. Cruz, de que seapoderaram, e chegaram no referi<strong>do</strong> dia 3 a desembarcar, com omajor Frias à frente, na praia de Botafogo, em número de cem homens– a maior parte das últimas classes – com uma peça de campanha; e,seguin<strong>do</strong> para o Campo da Honra, apesar <strong>do</strong>s clamores com que iamconvocan<strong>do</strong> gente a seu parti<strong>do</strong> e de um manifesto que espalhavamimpresso sem declaração de tipografia, acharam-se desampara<strong>do</strong>s; e,sen<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong>s pelo corpo <strong>do</strong>s guardas municipais permanentes, ficaramderrota<strong>do</strong>s, perden<strong>do</strong> com a peça d’artilharia 10 mortos e sen<strong>do</strong> maisde oitenta os presos, além de muitos feri<strong>do</strong>s; haven<strong>do</strong> um só morto ealguns feri<strong>do</strong>s da parte <strong>do</strong>s ditos guardas permanentes.Na fortaleza de Villegaignon ficaram alguns <strong>do</strong>s rebeldes emnúmero de perto de quarenta, ten<strong>do</strong> por comandante ao capitão JoséCustódio, aquele mesmo que já se tinha envolvi<strong>do</strong> no tristeacontecimento da Ilha das Cobras. Eles mostraram alguma obstinaçãoem renderem-se, mas, à vista das medidas enérgicas <strong>do</strong> governo,obedeceram, sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s presos. A fortaleza de S. Cruz já se achavasujeita às ordens <strong>do</strong> governo no dia 4.Ainda que, para felicidade <strong>do</strong> Brasil, este negro [sic] tramaabortasse, contu<strong>do</strong> devo informar a V. Mercê, para sua inteligência,que o governo sabe da existência de uma conspiração contra ele, àtesta da qual se acham, para vergonha nossa, brasileiros ambiciosos edescontentes, que iludem os incautos, fazen<strong>do</strong>-lhes belas promessas;mas o governo, contan<strong>do</strong> com a grande massa <strong>do</strong>s brasileiros sensatose amigos da ordem, tem a mais bem fundada esperança, com o auxílio<strong>do</strong> Onipotente, de fazer malograr to<strong>do</strong>s os seus planos, da mesmasorte que já o tem consegui<strong>do</strong> fazer em outras crises arriscadas porque temos passa<strong>do</strong>. O que participo a V. ... de ordem da Regência,para fazer destas notícias o uso mais acerta<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 12 de abril de 1832.Francisco Carneiro de Campos.Senhores:J. J. da RochaE. A. de M. Mattosde M. Vasconcellos49


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>P. A. de CarvalhoG. J. LisboaF. M. TavaresJ. RademakerJ. M. NicolaiA. de S. DiasAntônio ManitelliN. ManteriV. F. Da SilvaJ. P. V. de LimaJ. A. de BritoJ. de A. RibeiroM. de V. AlmeidaA. de C. FerreiraA. G. da Cruz** *AHI 317/03/06Circular de 25/<strong>04</strong>/1832. Índice: “Participan<strong>do</strong>uma nova conspiração no dia 17 <strong>do</strong> corrente,que foi igualmente derrotada pelo governo.”Circular para o corpo diplomáticoQuan<strong>do</strong> no meu despacho circular de 12 <strong>do</strong> corrente, relatan<strong>do</strong>a V. ... os tristes acontecimentos <strong>do</strong> dia 3 <strong>do</strong> mesmo mês, lhe declareique o governo sabia de uma conspiração que contra ele se tramava,não julguei que tão depressa teria de anunciar-lhe que alguns sóciosda Sociedade Conserva<strong>do</strong>ra, vulgarmente chamada de Caramuru,teriam o arrojo de quererem derribar o governo atual, como comefeito pretenderam na noite de 16 para a madrugada de 17 <strong>do</strong> corrente.Mas conheceram que, em lugar de acharem aderentes a seu loucoparti<strong>do</strong>, encontraram de parte <strong>do</strong>s municipais permanentes e guardasnacionais a mais decidida e corajosa resistência, fazen<strong>do</strong> fugirvergonhosamente o general da sua chamada expedição, umaventureiro que se intitulava barão de Bulom, o qual, acompanha<strong>do</strong><strong>do</strong> coronel Gavião e <strong>do</strong> redator <strong>do</strong> Caramuru, David, à testa de vários50


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870desprezíveis estrangeiros e de cria<strong>do</strong>s de libré <strong>do</strong> Palácio de S.Cristóvão, to<strong>do</strong>s no número de trezentos, dan<strong>do</strong> vivas ao ex-Impera<strong>do</strong>rD. Pedro, foram completamente derrota<strong>do</strong>s ao pé da Chácara <strong>do</strong>Siqueira, sita na entrada de Mataporcos, deixan<strong>do</strong> no campo vintemortos, além <strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s, e de muitos prisioneiros. O tenente-coronelConra<strong>do</strong>, capitão Tota e Bricio, sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s em um escaler poruma lancha <strong>do</strong> arsenal da Marinha, foram presos.No Diário <strong>do</strong> Governo junto achará V. ... mais completos detalhesdeste lamentável sucesso, sen<strong>do</strong> muito <strong>do</strong>lorosa a perda de um guardamunicipal permanente, e o ferimento <strong>do</strong> coronel Sanches Brandão e <strong>do</strong>capitão Pessanha.O sumo pesar que sentem to<strong>do</strong>s os bons brasileiros com tãotristes ocorrências, pode só ser suaviza<strong>do</strong>, refletin<strong>do</strong>-se que o governoatual ganha cada vez maior força, conseguin<strong>do</strong>-se destruir to<strong>do</strong>s [sic]os tramas de homens perversos e ambiciosos; e, seguramente, tãofeliz resulta<strong>do</strong> se não obteria se a maioria da nação, composta <strong>do</strong>shomens industriosos e proprietários, não estivesse justamenteconvencida da utilidade de se conservar o mesmo governo legalmenteconstituí<strong>do</strong>, pois que, derriba<strong>do</strong> ele, a anarquia se estenderia por to<strong>do</strong>o Império e daríamos ao mun<strong>do</strong> o mesmo mísero espetáculo que seobserva nas repúblicas espanholas da América.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Governo, 25 de abril de 1832.Francisco Carneiro de Campos.Senhor E. A. de Mello e Mattos.Senhores:J. J. da RochaJ. de A. RibeiroF. M. TavaresG. J. Lisboa** *51


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 27/<strong>04</strong>/1832. Índice: “Transmitin<strong>do</strong> oaviso da repartição da Justiça, sobre as medidasda polícia para acautelar a vinda de mausestrangeiros para o Brasil.”CircularNo Diário <strong>do</strong> Governo junto achará V. S. o aviso que me dirigiu osenhor ministro da Justiça, no qual V. S. verá as medidas de polícia queele man<strong>do</strong>u tomar para acautelar a vinda de estrangeiros vadios eviciosos ao Brasil; a fim de que V. S., dan<strong>do</strong> a devida publicidade aodito aviso nesse país, o haja de executar pela sua parte.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Governo, 27 de abril de 1832.Francisco Carneiro de Campos.Senhores:Eustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello e MattosJ. J. da RochaG. J. LisboaJ. de A. Ribeiro** *AHI 317/03/06Circular de 15/05/1832. Índice: “Participan<strong>do</strong>uma conspiração que rebentara na cidade <strong>do</strong>Recife em Pernambuco no dia 14 de abril último,a qual fora derrotada pelo governo daquelaprovíncia.”Circular para o corpo diplomático52


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Depois de ter anuncia<strong>do</strong> a V. ... os tristes sucessos que houveramnesta corte no dia 17 <strong>do</strong> mês de abril passa<strong>do</strong>, recebeu o governoparticipações <strong>do</strong> presidente da província de Pernambuco, pelas quaisse soube que um parti<strong>do</strong>, proclaman<strong>do</strong> a restauração <strong>do</strong> ex-Impera<strong>do</strong>rD. Pedro, ten<strong>do</strong> à sua testa o tenente-coronel Martins e Mayer, apareceunaquela província no dia 14 <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> mês, e depois de ter revolta<strong>do</strong>o batalhão n. 53 e apossar-se da fortaleza <strong>do</strong> Brum, cortaram a ponte<strong>do</strong> Recife, pon<strong>do</strong>-se em atitude hostil. O presidente da província,auxilia<strong>do</strong> pelo intendente da Marinha e pelo bravo capitão Campelocom parte <strong>do</strong> batalhão n. 54, ao qual se reuniram logo perto deseiscentas pessoas, conseguiu restabelecer a ordem e fazer fugir osrevolta<strong>do</strong>s, que se bateram com intervalos durante trinta e seis horas.A nossa perda constou de um morto em terra e <strong>do</strong>is na escuna Rio daPrata, além de outros feri<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> vierem os detalhes destelamentável sucesso, eu não deixarei de os comunicar a V. ... para suainteligência e para poder desfazer todas as exagerações que porventurase façam desta triste ocorrência.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Governo, 15 de maio de 1832.Francisco Carneiro de Campos.** *AHI 317/03/06Circular de 06/08/1832. Índice: “Participan<strong>do</strong> anomeação <strong>do</strong> Ilmo. e Exmo. senhor Pedro deAraújo Lima para ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong><strong>do</strong>s Negócios da Justiça e interinamente <strong>do</strong>sNegócios Estrangeiros.”Circular para os nossos ministros e cônsulesjunto às cortes da Europa e AméricaHaven<strong>do</strong>-me a Regência em Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r nomea<strong>do</strong>ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios da Justiça, encarregan<strong>do</strong>-53


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>me interinamente <strong>do</strong>s Estrangeiros pela demissão que concedeu aoconselheiro Francisco Carneiro de Campos, o participo a V. Mercê parasua devida inteligência.Igualmente, devo comunicar a V. Mercê que logo que seespalhou a notícia de que os membros <strong>do</strong> ministério passa<strong>do</strong> haviamrequeri<strong>do</strong> a sua demissão, começou a haver grande inquietação nestacorte, inquietação que subiu ao maior auge quan<strong>do</strong> se soube que aRegência em Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r enviara à Câmara <strong>do</strong>s senhoresdeputa<strong>do</strong>s uma mensagem pedin<strong>do</strong> a sua demissão, pelaimpossibilidade que encontrara de organizar um ministério de suaconfiança.A mesma Câmara assim como o Sena<strong>do</strong> puseram-se em sessãopermanente por <strong>do</strong>is dias; e depois de ter a dita Câmara pondera<strong>do</strong>com toda a madureza aquele grave negócio, decidiu que se convidasseos membros da Regência a continuar a exercer as suas funções, aoque eles se prestaram. Entretanto, tem-se manti<strong>do</strong> a tranqüilidadepública, a qual o governo imperial julga não será perturbada. Os outrosministros comigo nomea<strong>do</strong>s são os senhores Antônio Francisco de Paulae Holanda Cavalcanti de Albuquerque – para Fazenda e Império – BentoBarroso Pereira – para Guerra e Marinha.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Governo, em 6 de agosto de 1832.Pedro de Araújo Lima.Eustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello e MattosJosé Joaquim da RochaLuiz Moutinho Lima Álvares e SilvaJoão Alves de BritoGaspar José LisboaJosé de Araújo RibeiroAntônio de Menezes Vasconcellos DrummondPedro Afonso de CarvalhoJoaquim Pereira Viana de LimaAntônio José RademakerManoel de Almeida e VasconcellosAntônio Candi<strong>do</strong> FerreiraAntônio Gonsalves da CruzAntônio de Souza Dias54


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Vicente Ferreira da SilvaJosé Matheus NicolayNicolau Manteri** *AHI 317/03/06Circular de 13/<strong>04</strong>/1833. Índice: “Participan<strong>do</strong> asedição militar, que rebentara na capital daprovíncia de Minas Gerais e a aberturaextraordinária da Assembléia Geral Legislativa em10 deste mês.”CircularTenho o desgosto de participar a V. ... que no dia 22 de marçopassa<strong>do</strong> rebentou na cidade <strong>do</strong> Ouro Preto, capital de Minas Gerais,uma sedição militar acompanhada de alguma reunião de povo, a qualpedia a demissão <strong>do</strong> presidente que se achava em Mariana e, bemassim, a expulsão <strong>do</strong>s conselheiros <strong>do</strong> governo Bernar<strong>do</strong> Pereira deVasconcelos e o cônego José Bento Leite Ferreira de Mello. Logo quechegou esta noticia à corte, a Regência em Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r dirigiuas duas proclamações, que inclusas se remetem, e deu a providênciade enviar para Minas com toda a prontidão o marechal-de-campo JoséMaria Pinto Peixoto, comandante-geral das guardas nacionais destacorte, levan<strong>do</strong> em sua companhia alguns oficiais de confiança, a fim deque empossasse o presidente legítimo e executasse as outras medidasde que foi encarrega<strong>do</strong>.O intruso presidente, que era um <strong>do</strong>s conselheiros suplentes <strong>do</strong>governo, Manoel Soares <strong>do</strong> Couto, oficiou à Regência dan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong>acontecimento e requeren<strong>do</strong> providências. Como a sedição não seestendeu além da cidade de Ouro Preto e toda a província nela nãotomou parte, não pode haver dúvida de que a esta hora a ordem estejarestabelecida.No dia 10 <strong>do</strong> corrente se abriu a assembléia extraordinária, ejunto achará V. ... o discurso que fez a Regência. A corte se acha emtranqüilidade; e da Bahia e Pernambuco se têm recebi<strong>do</strong> as agradáveis55


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>notícias de que aquelas províncias continuam a gozar de sossego, nãoobstante os parti<strong>do</strong>s, que têm apareci<strong>do</strong> por causa das eleições.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 13 de abril de 1833.Bento da Silva Lisboa.** *AHI 317/03/06Circular de 21/05/1833. Índice: “Transmitin<strong>do</strong>-lhesexemplares <strong>do</strong>s diários <strong>do</strong> governo, que referemas últimas notícias sobre a sublevação em o Forte<strong>do</strong> Mar na cidade da Bahia e sobre a de MinasGerais. E, bem assim, exemplares <strong>do</strong> relatóriodesta repartição ao Poder Legislativo.”CircularN. 9Em os inclusos n. ... <strong>do</strong> Diário <strong>do</strong> Governo achará V. ... transcritosos <strong>do</strong>cumentos que o Ministério há recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> presidente da provínciada Bahia acerca da sublevação que ali rebentara no Forte <strong>do</strong> Mar em.... <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong> e, bem assim, as mais recentes notícias chegadas daprovíncia de Minas Gerais: em um outro ponto tiveram os subleva<strong>do</strong>s oarrojo de romper as hostilidades; porém, se tais ocorrências entristecemsempre o coração brasileiro, que só anela ver estreita<strong>do</strong>s os laços decordial união que devem prender a nossa grande família, é, contu<strong>do</strong>,consola<strong>do</strong>ra a lembrança de que a maioria da nação não pactua comesses desordeiros desalma<strong>do</strong>s e que o governo nunca reclama em vãoo apoio <strong>do</strong>s bons, quan<strong>do</strong> se empenha no restabelecimento da ordem.Pelos cita<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos terá V. ... a grata notícia de que alouca tentativa <strong>do</strong> Forte <strong>do</strong> Mar só serviu para escarmento <strong>do</strong>s miseráveisintrigantes que a delinearam e que a situação <strong>do</strong>s que em Minas56


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870perturbaram o sossego público não é de forma alguma mais vantajosa,ou temível.Tenho infelizmente de noticiar a V. ... outros acontecimentos quepodem acarretar-nos sérios embaraços e, porventura, alterar a boainteligência em que o Governo Imperial desveladamente procura vivercom os seus vizinhos. Quero aludir à invasão <strong>do</strong> nosso território naprovíncia de S. Pedro, efetuada pela força, ao man<strong>do</strong> de um JoãoAugusto Passalo 2 , coronel ao serviço <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai. Ecomo em meu Relatório à Assembléia Geral Legislativa mencionei estegrave negócio – e convenha que V. ... dele tenha conhecimento, assimcomo <strong>do</strong>s outros mais sobre que ministrei informações ao PoderLegislativo –, a V. ... envio o incluso exemplar <strong>do</strong> meu cita<strong>do</strong> Relatório.É quanto me ocorre desta vez comunicar a V. ... a quem tenho oprazer de certificar que S. M. O Impera<strong>do</strong>r e Sua Augusta Famíliacontinuam a desfrutar a mais perfeita saúde.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 21 de maio de 1833.Bento da Silva Lisboa.** *AHI 317/03/06Circular de 15/06/1833. Índice: “Transmitin<strong>do</strong>lhesos diários <strong>do</strong> governo, em que vaitranscrita a mensagem <strong>do</strong> governo ao CorpoLegislativo sobre a existência <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> queintenta a restauração <strong>do</strong> senhor duque deBragança ao Trono <strong>do</strong> Império; e dan<strong>do</strong>-lhesordens a este respeito.”CircularN. 112N.E. – Asterisco, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> nome, remete a nota com os seguintes dizeres: “Ver Relatórioapresenta<strong>do</strong> à Assembléia Geral Legislativa pelo Ministro e Secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros em a Sessão Ordinária de 1833. Rio de Janeiro na Typographia Nacional, 1833. p.13 e 14".57


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A confrontação das participações oficiais que o Governo Imperialtem recebi<strong>do</strong> de diversos agentes seus no exterior com osacontecimentos que temos presencia<strong>do</strong> nesta capital e se hão reproduzi<strong>do</strong>em diferentes pontos <strong>do</strong> Império, não deixan<strong>do</strong> a menor dúvida sobrea existência de um parti<strong>do</strong> cujo fito é a restauração <strong>do</strong> duque de Bragançano trono deste Império, julgou o Governo Imperial <strong>do</strong> seu rigorosodever e responsabilidade submeter ao corpo legislativo e à nação inteirauma franca exposição de tu<strong>do</strong> quanto tem chega<strong>do</strong> ao seu conhecimento,relativamente a um negócio de tão grave natureza.A Regência em Nome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r dignou-se, em conseqüência,incumbir-me de uma mensagem sobre este melindroso assunto; e peloDiário <strong>do</strong> Governo que junto envio, ficará V. ... ciente <strong>do</strong> cumprimentoque dei em 7 <strong>do</strong> corrente às ordens da Regência. Inteiran<strong>do</strong>-secompletamente de tu<strong>do</strong> quanto se refere neste <strong>do</strong>cumento, deverá V.... com oportunidade levá-lo ao conhecimento desse governo, amplian<strong>do</strong>a segurança oficial que dei à respectiva legação nesta corte – Diário <strong>do</strong>Governo n. ... – sobre a interna convicção em que estou, de que oparti<strong>do</strong> restaura<strong>do</strong>r, longe de achar nessa capital o menor apoio, serádevidamente repeli<strong>do</strong>, como imperiosamente reclamam as relações deboa inteligência, que felizmente subsistem entre ambos os Esta<strong>do</strong>s.Não perco ocasião de patentear à Regência em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r o acrisola<strong>do</strong> patriotismo que distingue a corporação à cujafrente me honro de estar coloca<strong>do</strong> e lisonjeio-me de que V. ..., re<strong>do</strong>bran<strong>do</strong>de zelo e não se poupan<strong>do</strong> a diligências algumas para constatar qualquerfato que tenha com o sinistro plano que lhe aponto, cabalmente justificaráo lisonjeiro conceito com que o governo o favorece, dan<strong>do</strong> ao mesmotempo um novo testemunho de quanto interessa ao Império amanutenção <strong>do</strong> seu corpo diplomático.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 15 de junho de 1833.Bento da Silva Lisboa.N.B. – Para as legações imperiais na América foi suprimi<strong>do</strong> o resto <strong>do</strong> §que segue: “deverá V. ... com oportunidade levá-lo ao conhecimentodesse governo”, até o fim <strong>do</strong> despacho.** *58


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 14/12/1833. Índice: “Participan<strong>do</strong> osalegres festejos pelo aniversário natalício <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r e os fatos desagradáveis, a que deumotivo o comportamento repreensível dadenominada Sociedade Militar.”Circular para as legações na EuropaN. 17O faustíssimo dia 2 de dezembro, aniversário natalício de SuaMajestade O Impera<strong>do</strong>r, foi festeja<strong>do</strong> nesta corte com as maioresdemonstrações de alegria, regozijan<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s os bons brasileirosde ver o seu jovem Monarca crescer em idade, inteiramenterestabeleci<strong>do</strong> de sua enfermidade, que tantos sustos nos causou.À noite, iluminaram-se espontaneamente todas as casas e S.M. Imperial, acompanha<strong>do</strong> de Suas Augustas Irmãs, Regência eministros d’Esta<strong>do</strong>, se dirigiu ao teatro. Ainda se lhe deram vivascom o maior entusiasmo.O júbilo teria si<strong>do</strong> completo, a não ser o acontecimento queteve lugar na casa em que faz as suas sessões a Sociedade Militar, aqual, não se contentan<strong>do</strong> em pôr luminárias, colocou também umquadro em que havia um emblema que, parecen<strong>do</strong> ofender anacionalidade brasileira, motivou que um grupo de pessoas quehaviam saí<strong>do</strong> <strong>do</strong> teatro, passan<strong>do</strong> pela dita casa, pediram [sic] queo quadro fosse tira<strong>do</strong> e leva<strong>do</strong> a casa <strong>do</strong> juiz-de-paz para serexamina<strong>do</strong>; o que se verificou. Constou que no dia 4 a SociedadeMilitar se reunia em sessão extraordinária para deliberar sobre oinsulto que haviam sofri<strong>do</strong>. As suspeitas que desde o princípio dasua instalação esta sociedade tem causa<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os bons brasileirossobre serem sinistros os seus fins, acompanhadas daquelasconvocações extraordinárias e da coincidência de se ter publica<strong>do</strong>nesse mesmo dia na Tipografia Paraguaçu – onde se imprimemquase todas as folhas hostis ao governo – um jornal intitula<strong>do</strong> Fa<strong>do</strong><strong>do</strong>s Chimangos – que pela sua imoralidade excede a tu<strong>do</strong> quantode vergonhoso e indigno se tem da<strong>do</strong> à luz no Brasil –, exasperaramos ânimos e deram causa a que na noite de 5 <strong>do</strong> corrente sereunissem no largo de S. Francisco de Paula perto de mil pessoas.Algumas destas, não obstante as reiteradas admoestações <strong>do</strong>s59


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>juízes-de-paz, cometeram mui repreensíveis excessos, tanto nadita casa da Sociedade Militar como nas tipografias Paraguaçu, Diário<strong>do</strong> Rio e em mais cinco ou seis casas.O governo, como V. S. verá <strong>do</strong>s correios oficiais, procuroudar logo todas as providências, para manter a tranqüilidade pública,que felizmente se acha restabelecida, sen<strong>do</strong> para mim de muitasatisfação comunicar à V. S. que não houve um só assassínio nestemovimento popular.V. S. fará o uso conveniente desta comunicação para desmentirqualquer notícia exagerada que se publique a este respeito.Deus Guarde a V. S.14 de dezembro de 1833.Bento da Silva Lisboa.** *AHI 317/03/06Circular de 16/12/1833. Índice: “Participan<strong>do</strong> asuspensão <strong>do</strong> tutor de S. M. O Impera<strong>do</strong>r e deSuas Augustas Irmãs, até ulterior determinaçãoda Assembléia Geral Legislativa, pelos motivosocorri<strong>do</strong>s”.Circular para o corpo diplomático e consularN. 18Depois <strong>do</strong> acontecimento <strong>do</strong> dia 5 <strong>do</strong> corrente, que já noticieia V. S., era de se esperar alguma reação da parte <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>antinacional. O Governo Imperial, sempre vigilante em salvar apátria, não poupou esforços para descobrir to<strong>do</strong>s os fios das tramas,que se urdiam, e com efeito não foram baldadas as suas diligências.No dia 14 <strong>do</strong> corrente recebeu o governo denúncias de váriosagentes seus, que entre si combinavam, de que o parti<strong>do</strong> retrógra<strong>do</strong>tentava sair a campo para derrubar a Regência atual e nomear60


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870outra em seu lugar, e que o foco das suas reuniões era no próprioPalácio de S. Cristóvão e suas imediações, vista a proteção queencontravam no tutor de S. M. O Impera<strong>do</strong>r e de Suas AugustasIrmãs, o <strong>do</strong>utor José Bonifácio de Andrada e Silva. Demais constouao governo que já o armamento e cartuchame se haviam distribuí<strong>do</strong>pelos conspira<strong>do</strong>res, haven<strong>do</strong> si<strong>do</strong> apreendida uma porção desteúltimo, que se acha em poder <strong>do</strong> senhor ministro da Justiça. Emtais circunstâncias, julgou o governo que devia dar um golpe queacabasse por uma vez com estas tramas, lançan<strong>do</strong> mão de medidasfortes; e tal foi a de suspender o referi<strong>do</strong> tutor José Bonifácio deAndrada e Silva, nomean<strong>do</strong> para substituí-lo, enquanto pelaAssembléia Geral Legislativa se não determinar o contrário, omarquês de Itanhaém, brasileiro distinto e que já exerceradignamente as funções de tutor <strong>do</strong> Jovem Monarca e de SuasAugustas Irmãs.O tutor José Bonifácio de Andrada não quis obedecer aodecreto da Regência, que lhe foi intima<strong>do</strong> pelos juízes-de-paz, edisse que cederia à força, por não ter outra que opor, e que sódebaixo de prisão se entregaria, a qual se verificou, sen<strong>do</strong> envia<strong>do</strong>para a sua casa de campo em Paquetá. O tutor nomea<strong>do</strong> conduziuontem pelas 5 horas da tarde o Jovem Impera<strong>do</strong>r e Suas AugustasIrmãs para o Paço da Cidade, ten<strong>do</strong> estas Augustas Senhorasrecebi<strong>do</strong> os maiores aplausos pelo povo por todas as ruas por ondepassaram.Não tem havi<strong>do</strong> uma só desordem no regozijo geral de to<strong>do</strong>sos bons brasileiros, por verem termina<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s grandes obstáculos,que impedia a marcha <strong>do</strong> governo, que acaba de mostrar, no passoque deu, que possui poder bastante para suplantar os facciososque, blasonan<strong>do</strong> de possuírem grandes forças, não se atreveram aentrar em combate e envergonha<strong>do</strong>s fogem.De todas estas notícias que seguramente dão grande forçamoral ao governo, fará V. S. o uso discreto e conveniente.Deus Guarde a V. S.Em 16 de dezembro de 1833.Bento da Silva Lisboa.** *61


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 28/02/1834. Índice: “Dan<strong>do</strong>conhecimento de todas as pequenas alterações<strong>do</strong> sossego público, que têm ultimamenteocorri<strong>do</strong> em diversos pontos <strong>do</strong> Império.”CircularN. 2Cumprin<strong>do</strong> que V. ... esteja ao fato de quaisquer ocorrênciaspolíticas, que acaso sobrevenha neste Império, para que possavitoriosamente desmentir os boatos, que os mal intenciona<strong>do</strong>sacintemente [sic] espalham nesse país com o intento de desacreditar-nos,vou fazer chegar ao conhecimento de V. ... o que se tem passa<strong>do</strong> demais notável depois da circular n. 18 desta repartição.Ten<strong>do</strong> o Governo Imperial aplica<strong>do</strong> aos insurgentes, queinfestavam os distritos de Jacuípe e Panelas de Miranda, a anistia quea Assembléia Geral Legislativa concedera aos crimes políticos, produziuesta medida a princípio salutares efeitos, ten<strong>do</strong>-se apresenta<strong>do</strong>numerosos desses insurgentes ao presidente da província das Alagoase haven<strong>do</strong> quase cessa<strong>do</strong> por aquele la<strong>do</strong> os estragos que causavam.Mas os malva<strong>do</strong>s que procuram por to<strong>do</strong>s os meios perturbar atranqüilidade de nossa pátria, conhecen<strong>do</strong> que desta forma se frustraramos planos concebi<strong>do</strong>s para restabelecerem a ordem de coisas extinta eexecrada no Brasil, conseguiram, com a mais torpe intriga e caluniosasasserções, fazer crer aos mesmos revoltosos que aquela benéficadisposição procedia de receio <strong>do</strong> governo e que, com mais alguns esforços,alcançariam ver o duque de Bragança restituí<strong>do</strong> ao trono <strong>do</strong> Império.Iludi<strong>do</strong>s, pois, aqueles miseráveis por seus chefes e por outrosdegenera<strong>do</strong>s brasileiros, fizeram uma inesperada incursão para a parteda província de Pernambuco e praticaram alguns estragos em diversaspropriedades.Este sucesso, concorren<strong>do</strong> com falsas notícias que da corteacabavam de chegar e em que os díscolos alteravam tu<strong>do</strong> quanto nomês de dezembro passa<strong>do</strong> acontecera, para fazerem acreditar que oacerta<strong>do</strong> passo da suspensão <strong>do</strong> tutor de S. M. I. tivera resulta<strong>do</strong>sfunestos ao governo, causou tu<strong>do</strong> uma tal irritação no espírito <strong>do</strong>spatriotas pernambucanos que, sem mais atenção alguma, correram àsarmas, reuniram-se em um campo junto à cidade e dali fizeramrepresentações ao presidente, o qual por circunstâncias supervenientes,62


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870parecia ter desmereci<strong>do</strong> na opinião pública. Mas, passan<strong>do</strong> esteemprega<strong>do</strong>, por se achar enfermo, a administração ao vice-presidentee, conhecen<strong>do</strong>-se logo a falsidade de quantos boatos se haviaassoalha<strong>do</strong>, recolheram-se os cidadãos sob a promessa de que setomariam em consideração as suas representações, sem que resultassede tu<strong>do</strong> isso outro dano mais que um estremecimento momentâneo,em tais casos inevitável.A guerra contra os insurgentes passava a ser ativa com esmero,e vistos os poucos recursos que eles têm, agora que se vão descobrin<strong>do</strong>quem eram os trai<strong>do</strong>res que os municiavam, é de esperar quebruscamente termine aquele flagelo sem maiores danos.À província da Bahia chegaram também emissários da extintaSociedade Militar, espalhan<strong>do</strong>, os mesmos, novas por to<strong>do</strong>s os meiosque a perversidade pode imaginar; e conseguiram a triste vantagemde ter em susto por alguns dias a população, obrigan<strong>do</strong> as autoridadesa tomar as ousadas medidas que convinham, sem outro algum resulta<strong>do</strong>.Finalmente, pretenderam os desordeiros repetir nesta corte ascenas em que têm si<strong>do</strong> tão mal sucedi<strong>do</strong>s.Alguns militares desertores e vagabun<strong>do</strong>s estrangeiros sereuniram há dias em uma fazenda sita a pouca distância da PraiaGrande; porém, uma pequena força os deban<strong>do</strong>u e prendeu a maiorparte deles. Os poucos que conseguiram evadir-se para o interiorcontinuaram a ser persegui<strong>do</strong>s e é de esperar que em breve to<strong>do</strong>ssofram a pena da lei.No Correio Oficial lerá V. ... os ofícios relativos a <strong>do</strong>to [to<strong>do</strong>?] oexpendi<strong>do</strong> e desnecessário é recomendar ao seu zelo que convém nãosó comunicar confidencialmente ao governo junto ao qual V. ... se hajaacredita<strong>do</strong> a veracidade <strong>do</strong>s fatos, como pela imprensa desfazer asartimanhas <strong>do</strong>s nossos inimigos, mostran<strong>do</strong> que se consolidacontinuamente o sistema monárquico constitucional que felizmente nosrege e a quão bem fundadas são as esperanças de que em breve oBrasil, desembaraça<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os óbices que entorpeciam a sua carreira,caminha majestosamente para o ditoso porvir [a] que é destina<strong>do</strong>.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1834.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.** *63


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 07/07/1834. Índice: “Recomendan<strong>do</strong>lhesque promovam a emigração de colonos úteispara o Império.”CircularDesejan<strong>do</strong> o Governo Imperial preencher o vácuo que deixanos trabalhos agrícolas <strong>do</strong> Brasil a cessação <strong>do</strong> comércio de escravos,cuja introdução por contraban<strong>do</strong> ainda tem continua<strong>do</strong>, apesar <strong>do</strong>sesforços <strong>do</strong> mesmo Governo, e sen<strong>do</strong> o melhor meio de conseguir-setão interessante objeto o promover-se na Europa a emigração decolonos úteis para o Império, tenho de recomendar-lhe que procure,por publicações adequadas, em que faça conhecer quanto podemlucrar os homens industriosos vin<strong>do</strong> estabelecer-se neste abençoa<strong>do</strong>país e, pelas formas que mais convenientes lhe parecerem, que emlugar de se dirigirem só para os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s tantos emigra<strong>do</strong>s, setransportem antes para o Brasil.Ten<strong>do</strong>, pois, muito em vistas este assunto, V. Mercê me comunicaráquaisquer idéias que lhe ocorram a respeito, entenden<strong>do</strong>-se tambémcom os outros agentes diplomáticos na Europa se preciso for; poden<strong>do</strong>V. Mercê convidar mesmo e insinuan<strong>do</strong> aos cidadãos industriosos dessepaís a que emigrem para o Brasil, onde acharão todas as vantagens esegura proteção da parte <strong>do</strong> Governo Imperial.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1834.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.A. J. RademakerPedro Afonso de Carvalho n. 6M. A. de Araújo n. 6L. d’el Horte** *64


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 28/03/1835. Índice: “Dan<strong>do</strong> notíciassobre a sublevação de pretos na Bahia, emjaneiro deste ano, e da lei que sobre o assuntopromulgara a Assembléia Provincial <strong>do</strong> Rio deJaneiro, e sua mensagem ao Governo Imperial.Transmite por cópia a resposta que dera o mesmogoverno à mensagem e ordena que não se dêempassaportes a libertos para o Brasil, por ser contraa lei de 2 de novembro de 1831.”Circular para os nossos ministrosN. 2A sublevação de pretos que houve na Bahia no dia 24 de janeiro<strong>do</strong> corrente ano, apesar de ter si<strong>do</strong> logo sufocada pela vigilância <strong>do</strong>presidente e das autoridades da província, não podia deixar de causargrandes receios para o futuro, tanto naquela e outras províncias <strong>do</strong>Império, mas até mesmo na desta corte.Com efeito, o juiz-de-paz da vila de Campos dirigiu-se àAssembléia Provincial, participan<strong>do</strong> que tinha descoberto que os pretosali usavam de um tope no chapéu e que, prenden<strong>do</strong> a um deles, esteconfessara que esse laço era manda<strong>do</strong> pôr pelos emissários <strong>do</strong>s pretosda Bahia, deven<strong>do</strong> a insurreição romper no dia quarta-feira de cinza.A Assembléia Provincial, ten<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> em consideração aquelarepresentação, reuniu-se em sessão secreta e não só promulgou umalei, levantan<strong>do</strong> na província algumas das garantias concedidas naConstituição, mas também fez remeter ao Governo Imperial umamensagem, pintan<strong>do</strong> com as mais negras cores o esta<strong>do</strong> da capital,relativamente a este gravíssimo assunto, chegan<strong>do</strong> a dizer que acratera <strong>do</strong> vulcão estava aberta. O Governo Imperial, ten<strong>do</strong> expedi<strong>do</strong>as ordens mais terminantes para ver se existiam reuniões criminosasde pretos na corte, e não haven<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> das autoridadescompetentes informação alguma a este respeito, respondeu à ditamensagem pelo mo<strong>do</strong> que verá da cópia inclusa, atribuin<strong>do</strong> antes aquerer habilitar o governo a tomar as medidas de rigor e de cautelacontra as mencionadas reuniões, no caso de se descobrirem, <strong>do</strong> queo iminente perigo de sublevação, principalmente no município da corte.Todavia, o Governo Imperial não descansa em tomar todas asprovidências sobre um caso de tanta seriedade e comprometimento.65


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Entretanto, poden<strong>do</strong> estas notícias muito influir no movimento <strong>do</strong>snossos fun<strong>do</strong>s e nas especulações <strong>do</strong>s comerciantes para o Brasil,recomen<strong>do</strong> a V. Mercê que, logo que receber esta circular, faça publicarnos jornais qual é o verdadeiro senti<strong>do</strong> da referida lei e mensagemd’Assembléia Provincial, a fim de desvanecer as más impressões queelas possam causar nesse país.Deus Guarde V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 28 de março de 1835.Manoel Alves Branco.N. B. – Por esta ocasião, determino a V. Mercê que não deve darpassaporte aos libertos, que queiram vir para o Brasil, por ser istocontra a lei de 7 de novembro de 1831.José d’Araújo RibeiroMoutinhoJoão Alves de BritoMarques LisboaRochaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Marcos Antônio d’AraújoP. Afonso de CarvalhoDrummondJ. F. de P. C. de AlbuquerqueGaspar J. LisboaManoel d’Almeida Vasconcellos** *AHI 317/03/06Circular de 02/<strong>04</strong>/1835. Índice: “Participan<strong>do</strong> oanárquico acontecimento que rompeu em 7 dejaneiro <strong>do</strong> corrente ano em a capital <strong>do</strong> Pará;seus horrores; e as providências que tomava o66


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Governo Imperial para o restabelecimento daordem naquela província.”N. 3É com a mais pungente <strong>do</strong>r que cumpro o dever de comunicar aV. ... os lutuosos acontecimentos, que tiveram lugar na malfadadaprovíncia <strong>do</strong> Pará, no dia 7 de janeiro passa<strong>do</strong>, onde a anarquia levantoua hedionda fronte e causou males que não podem deixar de sensibilizarto<strong>do</strong> coração bem forma<strong>do</strong>. Desde há anos que se sucedem naquelaprovíncia movimentos mais ou menos sanguinosos dirigi<strong>do</strong>s quasesempre pelo cônego João Batista Gonsalves Campos, hoje faleci<strong>do</strong>,homem sanguinário e revoltoso, que não sofria autoridade alguma quese não <strong>do</strong>brasse aos seus caprichos e que, infelizmente, gozava degrande influência nos distritos <strong>do</strong> interior, em grande parte habita<strong>do</strong>spor homens grosseiros e indígenas, cuja língua falava superiormente,e cujas paixões bárbaras lhe cabia satisfazer.O presidente Bernar<strong>do</strong> Lobo de Sousa e o comandante dasarmas Joaquim José de Santiago não eram homens que se torcessema condescender com a vontade daquele deprava<strong>do</strong> eclesiástico e, porisso, o ano passa<strong>do</strong>, tiveram de rebater uma insurreição que sepromovera no Acará, de que era chefe Felix Antônio Clemente Malcher,sen<strong>do</strong> antigos perturba<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Pará e satélites <strong>do</strong> cônego. Triunfaramas forças <strong>do</strong> governo naquela expedição, prenden<strong>do</strong>-se o chefe Malcher;mas, ou algumas medidas acerbas de que acusam o presidente lhealienassem os espíritos, já combali<strong>do</strong>s pelas insídias <strong>do</strong>s desordeiros,ou realmente houvessem descui<strong>do</strong>s na vigilância que cumpria conservar,é fato que, no infausto dia 7 de janeiro, foi surpreendida a cidade porum ban<strong>do</strong> de saltea<strong>do</strong>res às ordens de um indivíduo chama<strong>do</strong> Vinagre,que assassinaram horrivelmente as duas primeiras autoridades e ocomandante da força de mar, Guilherme James Ingles, e alguns oficiaise cidadãos que não quiseram trair os seus juramentos, bandean<strong>do</strong>-secom os insurgentes, os quais aclamaram presidente e comandante dasarmas aos referi<strong>do</strong>s Malcher e Vinagre. Referem-se barbaridades quecometeram sobre os cadáveres, quase incríveis no meio de uma naçãocivilizada, mas felizmente consta pelas últimas notícias que não tinhamhavi<strong>do</strong> outras convulsões no Pará e que contentan<strong>do</strong>-se o intrusopresidente com o célebre ato que fizera lavrar, em que se requeria asua conservação no man<strong>do</strong> até a maioridade <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r – e que V.... lerá no Correio Oficial – se havia oposto a projetos de saque que setinham assoalha<strong>do</strong>. Claro é que o governo não podia deixar de socorrer67


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>os infelizes paraenses, acabrunha<strong>do</strong>s por tantas desgraças e em grandenúmero emigra<strong>do</strong>s; e, em breves dias, vai partir uma expediçãomarítima comandada pelo chefe-de-divisão João Taylor, com aquelasforças de terra que puderem dispensar-se para pôr cabo àquelasdesordens. O Governo Imperial espera em breve poder comunicar aV. ... o restabelecimento de ordem naquele ponto <strong>do</strong> Império e lheassegura que to<strong>do</strong>s homens sensatos têm olha<strong>do</strong> com horror paratais atenta<strong>do</strong>s e que, achan<strong>do</strong>-se as províncias <strong>do</strong> norte prestes aconcorrer para este fim, como francamente têm declara<strong>do</strong>, talvezagora mesmo já se haja ali restituí<strong>do</strong> a tranqüilidade pública. V. ... farádesta comunicação o uso mais conveniente a prol <strong>do</strong>s nossos interesses,desvanecen<strong>do</strong> as notícias aterra<strong>do</strong>ras que acaso se tenha propala<strong>do</strong>na Europa, sem dúvida engrossan<strong>do</strong> este lutuoso acontecimento.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 2 de abril de 1835.Manoel Alves Branco.José d’Araújo RibeiroLuiz MoutinhoJoão Alves de BritoJosé Marques LisboaMarco Antônio de AraújoPedro Afonso de CarvalhoAntônio de Menezes V. de DrummondJ. F. de P. C. de AlbuquerqueGaspar José LisboaManoel [sic] de Menezes VasconcelosSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>** *AHI 317/03/06Circular de 11/05/1835. Índice: “Comunican<strong>do</strong>as ordens <strong>do</strong> governo, para cumprimento da leide 7 de novembro de 1831, acerca de homens68


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870de cor, que venham para o Império, para queas façam publicar e cumpram na parte que lhestocou.”N. 4CircularDeven<strong>do</strong> o Governo Imperial cumprir inviolavelmente a lei de 7de novembro de 1831, tem expedi<strong>do</strong>, na parte relativa aos libertos,ordens aos chefes de polícia <strong>do</strong> Império, para que não deixemdesembarcar, nem residir em alguma província, homem algum de cor,que venha de fora <strong>do</strong> Império, quan<strong>do</strong> em seu passaporte não tragadeclarada a sua qualidade de ingênuo e essa qualidade não seja abonadapelos agentes diplomáticos ou comerciais <strong>do</strong> Brasil, residentes nos paísesd’onde eles vieram.O que participo a V. ... para sua inteligência e execução, convin<strong>do</strong>que a esta providência dê a devida publicidade.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1835.Gaspar José LisboaJ. F. de P. C. d’AlbuquerqueSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>José d’Araújo RibeiroLuís MoutinhoJosé Marques LisboaP. Afonso de CarvalhoJoão Alves de BritoAntônio de Menezes VasconcelosNicolai ManteriJoão ScholtzAntônio ManitelliManoel Alves Branco.** *69


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 26/05/1835. Índice: “Dan<strong>do</strong> ulterioresnotícias sobre as desordens <strong>do</strong> Pará.”N. 5CircularNa minha circular de 2 de abril, comuniquei a V. Mercê os tristesacontecimentos, que tinham ti<strong>do</strong> lugar na província <strong>do</strong> Pará no dia 7 dejaneiro passa<strong>do</strong>. Estes sucessos eram tanto mais lutuosos, quanto jáse tinham manifesta<strong>do</strong> grandes animosidades entre os chefes dasdesordens, o intruso presidente Felix Antônio Clemente Malcher e ocomandante das armas, também intruso, Francisco Pedro Vinagre; epor isso era de esperar que a província <strong>do</strong> Pará tivesse muito de sofrerpelo desvario de <strong>do</strong>is homens, que sem nenhum talento ou instruçãoeram unicamente <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelo desejo de governar ou de saciartorpes vinganças.Com efeito, consta pelas últimas notícias que entre aqueles <strong>do</strong>ishomens houvera um declara<strong>do</strong> rompimento – fortifican<strong>do</strong>-se Malcherno castelo da cidade; e o Vinagre, ocupan<strong>do</strong> o trem – <strong>do</strong> que resultouhaver um ataque entre ambos, estan<strong>do</strong> cada um à testa das forçasque os auxiliavam, as quais fizeram fogo durante os dias 19, 20 e 21 defevereiro, sen<strong>do</strong> mortos o dito Malcher e mais oitenta homens.O Vinagre assumiu a si a presidência e fez um manifesto em quedeclarou que ele fora obriga<strong>do</strong> a lançar mão das armas para livrar opovo <strong>do</strong> Pará das arbitrariedades e despotismo que havia cometi<strong>do</strong>durante quarenta e <strong>do</strong>is dias o presidente Malcher e, igualmente, paraconservar a união <strong>do</strong> Império, asseguran<strong>do</strong> que estaria pronto a entregara província ao presidente que fosse nomea<strong>do</strong> pela Regência em Nomede S. M. O Impera<strong>do</strong>r. Oxalá que novas desordens não apareçam noPará até a chegada da expedição, que já partiu desta corte, pois que éde esperar que o presidente novamente nomea<strong>do</strong> pela Regência emNome de S. M. O Impera<strong>do</strong>r tome posse e, então, dê as providênciasnecessárias para que se tranqüilize a província, fazen<strong>do</strong> castigar aquelesque lhe têm causa<strong>do</strong> tanto mal.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro em 26 de maio de 1835.Manoel Alves Branco.70


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Miguel Maria LisboaLuís MoutinhoAntônio de Menezes V.João Alves de BritoJosé Marques LisboaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Pedro Afonso de CarvalhoMarcos Antônio d’AraújoJ. F. de P. Cavalcante d’AlbuquerqueGaspar José LisboaManoel d’Almeida Vasconcellos** *AHI 317/03/06Circular de 02/06/1835. Índice: “Dan<strong>do</strong> notíciada proposta que o deputa<strong>do</strong> Antônio FerreiraFrança apresentara na sessão de 16 de maio,cujo fim era abolir a monarquia constitucionalno Brasil, e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> por que a Câmara rejeitousemelhante idéia.”CircularN. 6No dia 16 de maio o deputa<strong>do</strong> Antônio Ferreira França, naCâmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>s, propôs um projeto constante detrês artigos, cujo fim era abolir a monarquia constitucional <strong>do</strong> Brasil.O presidente da Câmara, ten<strong>do</strong> julga<strong>do</strong> não admitir à ordem<strong>do</strong>s trabalhos tão extraordinária e singular proposição, por atacara base fundamental da Constituição, que felizmente nos rege,encontrou da parte de trinta e três deputa<strong>do</strong>s da Câmara oposição,visto que não tinha segui<strong>do</strong> o regimento da casa; aprovan<strong>do</strong>, porém,o seu procedimento a maioria da Câmara. Esta questão foi, pois, deordem e não tocou na matéria <strong>do</strong> projeto, que seria geralmentedesaprova<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> mesmo se colige da discussão que houvenaquele dia. Julguei conveniente informar a V. ... deste objeto, para71


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>que V. o faça aí aparecer no seu verdadeiro ponto de vista, poden<strong>do</strong>com firmeza asseverar que to<strong>do</strong>s os brasileiros sensatos e osproprietários que constituem a parte essencial da nação sustentamto<strong>do</strong>s a monarquia constitucional, como a que melhor convém àscircunstâncias <strong>do</strong> Brasil.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 2 de junho de 1835.LondresParisRomaBruxelasMadriÁustriaHamburgoManoel Alves Branco.** *AHI 317/03/06Circular de 20/10/1835. Índice: “Participan<strong>do</strong> aeleição <strong>do</strong> novo regente o senhor sena<strong>do</strong>r DiogoAntônio Feijó; a organização <strong>do</strong> Ministério etransmitin<strong>do</strong> as cartas, em que se participa estaeleição a diversos soberanos e chefes de Esta<strong>do</strong>sna Europa e América.”Circular para o corpo diplomáticoN. 8Haven<strong>do</strong>-se reuni<strong>do</strong> a Assembléia Geral Legislativa para apuraros votos <strong>do</strong>s colégios eleitorais das províncias <strong>do</strong> Império sobre oregente que, na conformidade <strong>do</strong> artigo 28 <strong>do</strong> ato adicional àConstituição Política <strong>do</strong> Império, deve governar durante a menoridade72


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870de S. M. O Impera<strong>do</strong>r, obteve a maioria <strong>do</strong>s ditos votos o sena<strong>do</strong>rDiogo Antônio Feijó, o qual prestou juramento no dia 12 <strong>do</strong> correntemês. O que participo a V. Mercê para sua inteligência e para que assimo faça chegar ao conhecimento desse governo.Passan<strong>do</strong> à organização <strong>do</strong> Ministério, acha-se ele composto pelamaneira seguinte: na repartição da Justiça e interinamente na <strong>do</strong>Império, o deputa<strong>do</strong> Antônio Paulino Limpo d’Abreu; na repartição daGuerra e interinamente na da Marinha, o coronel Manoel de FonsecaLima e Silva; na repartição da Fazenda, o deputa<strong>do</strong> Manoel <strong>do</strong>Nascimento Castro e Silva; caben<strong>do</strong>-me continuar nesta <strong>do</strong>s Estrangeirosem que servia interinamente.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 20 de outubro de 1835.Manoel Alves Branco.P.S.V. Mercê fará entrega da carta inclusa que o Regente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r escreve a S. M. Fidelíssima participan<strong>do</strong> a sua eleição.Sr. Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>A Manoel Antônio de GalvãoLondres n. 8V. S. fará a devida entrega da carta que o Regente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r escreve a S. M. Britânica, participan<strong>do</strong> a sua eleição,bem como entregará as que se dirigem a S. S. M. M. o Rei deHanover, Saxônia, Prússia, Baviera, Würtenberg e o Impera<strong>do</strong>r detodas as Rússias aos seus respectivos ministros aí residentes e,igualmente, as que vão para S. S. Majestade o Rei de Dinamarca eSuécia.A Antônio de Menezes V. de D.Roma n. 8V. Mercê fará a devida entrega da carta que o Regente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r escreve a S. Santidade, participan<strong>do</strong> a sua eleição; bemcomo entregará as que se dirigem a S. S. Majestades os Reis de Sardenhae Nápoles, duque de Toscana e duquesa de Parma aos respectivosministros aí residentes.73


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A J. F. de P. Cavalcanti d’AlbuquerqueEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s n. 8V. Mercê fará a devida entrega da carta inclusa que o Regente emNome <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r escreve ao presidente desses Esta<strong>do</strong>s,participan<strong>do</strong> a sua eleição; bem como entregará ao ministro <strong>do</strong> Méxicoaí residente, para dirigir ao seu destino a outra que vai para orespectivo presidente.A José Marques LisboaBélgica n. 8V. Mercê fará entrega da carta inclusa que o Regente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r escreve a S. M. o Rei <strong>do</strong>s Belgas, participan<strong>do</strong> a sua eleição;e outra em resposta.N. B.: o mesmo a to<strong>do</strong>s os mais, isto é:Moutinho França n. 8Sérgio Lisboa n. 8Carvalho Espanha n. 8Brito Áustria n. 8Rademaker Países Baixos n. 8G. José Lisboa Buenos Aires n. 8M. de Almeida V. MontevidéuAntônio de Souza FerreiraPeruBento Gomes d’OliveiraChileN. B. – Circular sem carta:Marcos Antônio d’Araújo Hamburgo n. 8** *AHI 317/03/06Circular de 21/10/1835. Índice: “Participan<strong>do</strong> asedição, que rebentara na capital da provínciade S. Pedro, capitaneada pelo coronel BentoGonçalves, e que o governo já para ali enviaraum novo presidente.”74


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870N. 9Circular para o corpo diplomáticoHá algum tempo que, na província de S. Pedro, a linguagem<strong>do</strong>s jornais fazia recear algum movimento desagradável, ocasiona<strong>do</strong>pelos parti<strong>do</strong>s políticos que ali existem. O coronel Bento Gonçalves,um <strong>do</strong>s chefes daqueles parti<strong>do</strong>s, achan<strong>do</strong>-se mui descontentes[sic] da administração <strong>do</strong> presidente Antônio Rodrigues FernandesBraga, pôs-se à frente de cento e cinqüenta homens e se apresentoudiante de Porto Alegre nos dias 19 e 20 de setembro passa<strong>do</strong>, parapedir a demissão <strong>do</strong> presidente, acusan<strong>do</strong>-o de incapacidade e deser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo espírito da facção retrógrada, segun<strong>do</strong> declarouem uma sua proclamação. O presidente Braga, não ten<strong>do</strong> podi<strong>do</strong>resistir à força de Bento Gonçalves, partiu de Porto Alegre e passousepara o Rio Grande e, reuni<strong>do</strong> ao marechal Sebastião Barreto,proclamou chaman<strong>do</strong> cidadãos às armas para irem contra ossediciosos.Logo que chegaram tão tristes notícias, o Regente em Nome<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r nomeou um presidente de toda confiança, o deputa<strong>do</strong>José d’Araújo Ribeiro, o qual já partiu; e há toda a esperança deque ele encontrará toda a cooperação das pessoas sensatas e deto<strong>do</strong>s os proprietários da província e conseguirá restabelecer logo atranqüilidade pública.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 1835.Manoel Alves Branco.Manoel Antônio GalvãoLuís Moutinho Lima Álvares e SilvaAntônio de MenezesJoão Alves de BritoP. Afonso de CarvalhoJosé Marques LisboaMarcos A. d’AraújoJ. F. de P. C. de AlbuquerqueSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>75


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Gaspar J. LisboaManoel d’Almeida VasconcellosAntônio José Rademaker** *AHI 317/03/06Circular de 09/11/1835. Índice: “Dan<strong>do</strong> ulterioresnotícias sobre a sedição na província de S.Pedro; que os sediciosos na <strong>do</strong> Paráconseguiram tomar a sua capital, e asprovidências <strong>do</strong> governo a este respeito, quecompreende [sic] a de bloqueio em to<strong>do</strong>s osportos desta província, a qual [sic] deverãocomunicar aos governos <strong>do</strong>s países onderesidem.”Circular para o nosso corpo diplomáticoN. 10Na minha circular de 21 de outubro passa<strong>do</strong> participei a V. ... oque havia aconteci<strong>do</strong> na província de S. Pedro. Agora cumpre-meacrescentar que o presidente Antônio Rodrigues Fernandes Braga, nãoten<strong>do</strong> podi<strong>do</strong> reunir forças suficientes para resistir ao coronel BentoGonçalves, veio para esta corte. No entretanto, foi chama<strong>do</strong> para tomarconta da presidência o dr. Marciano Pereira Ribeiro. Este acaba de oficiarao Governo Imperial, expon<strong>do</strong> os motivos que obrigaram ao dito coronelBento Gonçalves a dar o passo que tomou, como V. ... verá melhor <strong>do</strong>incluso Correio Oficial n. 107. O Governo Imperial, como já anunciei aV. ..., nomeou para presidente da dita província ao deputa<strong>do</strong> Joséd’Araújo Ribeiro, o qual, segun<strong>do</strong> é de esperar, restabelecerá a ordempública e cumprirá as instruções que recebeu a este respeito.Ten<strong>do</strong>-se recebi<strong>do</strong> ultimamente a mui triste notícia de que ossediciosos que se achavam reuni<strong>do</strong>s na vila <strong>do</strong> Acará, na província <strong>do</strong>Pará, conseguiram tomar a capital, em conseqüência <strong>do</strong> avulta<strong>do</strong>número de gente com que atacaram, viu-se o presidente ManoelJorge Rodrigues obriga<strong>do</strong> a embarcar com as forças que tinha à suadisposição nos navios de guerra da esquadra imperial, os quais se76


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870dirigiram para o porto da ilha de Marajó. O Governo Imperial estápreparan<strong>do</strong> uma força, que não será inferior a três mil homens, parair em socorro daquela malfadada província, ten<strong>do</strong>-se nomea<strong>do</strong> novopresidente, que é o brigadeiro <strong>do</strong> Corpo d’Engenheiros Francisco Joséde Sousa Soares Andréa, oficial de reconhecida bravura. Uma dasmedidas oficiais, que já tomou, foi mandar declarar os portos damencionada província em esta<strong>do</strong> de bloqueio. Eu já comuniquei estaresolução ao corpo diplomático e consular nesta corte, convin<strong>do</strong> queV. Mercê faça a mesma comunicação a esse governo para a devidainteligência <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s.A regra que o comandante-em-chefe das nossas embarcaçõesde guerra deve seguir na direção <strong>do</strong> bloqueio é a seguinte:Nenhum navio que se destinar para qualquer porto bloquea<strong>do</strong>poderá ser toma<strong>do</strong>, apresa<strong>do</strong> ou condena<strong>do</strong>, se previamente não fornotifica<strong>do</strong> ou intima<strong>do</strong> da existência ou continuação <strong>do</strong> bloqueio pelasforças bloqueantes ou por qualquer navio que pertença à esquadra oudivisão <strong>do</strong> bloqueio. E para que não possa alegar-se ignorância <strong>do</strong>bloqueio, e o navio que houver recebi<strong>do</strong> esta intimação esteja no casode ser toma<strong>do</strong>, se depois disso tornar a apresentar-se diante <strong>do</strong> portobloquea<strong>do</strong>, enquanto durar o mesmo bloqueio, o comandante daembarcação que fizer a notificação deverá pôr o seu visto nos papéis<strong>do</strong> navio visita<strong>do</strong>, declaran<strong>do</strong> o dia, lugar, ou altura em que lhe for feitaa intimação da existência <strong>do</strong> bloqueio; e [o] capitão <strong>do</strong> navio intima<strong>do</strong>lhe dará uma contrafé desta notificação, conten<strong>do</strong> as mesmasdeclarações exigidas para o visto.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 1835.Manoel Alves Branco.Senhores:L. M. L. A. e SilvaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Antônio de Menezes Vasconcellos DrummondJoão Alves de BritoJosé Marques LisboaPedro Afonso de CarvalhoCândi<strong>do</strong> Batista de OliveiraMarcos Antônio d’Araújo77


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Antônio José RademakerJoão ScholtzJosé Francisco de P. C. d’AlbuquerqueGaspar José LisboaManoel d’Almeida V.Bento Gomes d’OliveiraN.B. – Marcos Antônio d’Araújo – João Scholtz – Antônio José Rademaker– Bento Gomes d’Oliveira – sem números.** *AHI 317/03/06Circular de 29/02/1836. Índice: “Notician<strong>do</strong> osacontecimentos, que ultimamente têm ti<strong>do</strong> lugarnas províncias <strong>do</strong> Pará e de S. Pedro.”Circular para os nossos ministrosConvin<strong>do</strong> que V. S. esteja informa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s acontecimentos quetêm ti<strong>do</strong> ultimamente lugar nas províncias <strong>do</strong> Pará e de S. Pedro, passoa referi-los à V. S. para seu discreto uso.Ainda que os rebeldes estejam senhores da capital e de outraspartes da província <strong>do</strong> Pará, contu<strong>do</strong>, nas vilas <strong>do</strong> Abaeté e Cametá,têm si<strong>do</strong> completamente derrota<strong>do</strong>s. E como a expedição de seiscentoshomens que o benemérito presidente de Pernambuco enviou em auxílio<strong>do</strong>s infelizes paraenses havia já chega<strong>do</strong> a Salinas, é de esperar queaquela força, reunida à <strong>do</strong> Ceará, Maranhão e Bahia, e à que partiudesta corte, confiada ao brigadeiro Francisco José de Sousa Soares deAndréa, conseguirá livrar aquela interessante província das mãos <strong>do</strong>srebeldes, que tantos males e barbaridades têm pratica<strong>do</strong>.Quanto à província de S. Pedro, apesar das medidas de branduraque o governo julgou de preferência empregar, apesar de ter aAssembléia Provincial declara<strong>do</strong> que não duvidava que o presidenteJosé de Araújo Ribeiro tomasse posse, contu<strong>do</strong>, tem ela demora<strong>do</strong>aquela sua resolução, alegan<strong>do</strong> o fútil pretexto de ter o referi<strong>do</strong>presidente presta<strong>do</strong> o juramento na Câmara <strong>do</strong> Rio Grande, e não na78


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870de Porto Alegre. O presidente Araújo Ribeiro, depois de esgotar toda asua prudência, via-se na necessidade de proclamar energicamenteaos povos contra aquela assembléia, quase toda composta de pessoascujas opiniões causam a maior desconfiança e, em conseqüência,ordenou que o coronel Bento Manoel marchasse para a capital àfrente de uma força respeitável, enquanto ele com a tropa, que temreuni<strong>do</strong>, segue o mesmo destino. O Governo Imperial não tem deixa<strong>do</strong>de enviar da corte os auxílios necessários e, contan<strong>do</strong> com a justiçada sua causa e com a maioria da província, espera restabelecer alicompletamente a ordem.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 29 de fevereiro de 1836.José Inácio Borges.Sr. Manoel Antônio Galvão.P.S.- A tropa de Pernambuco já havia embarca<strong>do</strong> no Pará a salvamento,com to<strong>do</strong> o seu armamento e munições.O Governo Imperial está preparan<strong>do</strong> força de mar e terra para enviar,quanto antes, para a província de S. Pedro.Na mesma conformidade se escreveu aos senhores:Marquês de Barbacena n. 2Luís Moutinho Lima Álvares e Silva n. 4Cândi<strong>do</strong> Batista de Oliveira n. 4José Marques Lisboa n. 4Antônio de Menezes V. de Drummond n. 4Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong> n. 4João Alves de Brito n. 4Marcos Antônio de Araújo n. 4Pedro Afonso de Carvalho n. 4José Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque n. 3Gaspar José Lisboa n. 3Manoel de Almeida Vasconcelos n. 3** *79


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 05/07/1836. Índice: “Comunican<strong>do</strong>as últimas notícias havidas sobre o esta<strong>do</strong> dasprovíncias <strong>do</strong> Pará e de S. Pedro; e asprovidências que continua a dar o governo arespeito.”Circular para o corpo diplomáticoDepois <strong>do</strong> despacho circular de 29 de fevereiro deste ano,sobre o esta<strong>do</strong> das províncias <strong>do</strong> Pará e S. Pedro, nada se temrecebi<strong>do</strong> de oficial a respeito. Apenas por pequenos artigos emperiódicos de Pernambuco e Bahia consta que, na primeira, osrevoltosos se achavam aperta<strong>do</strong>s por falta de víveres e seconjetura de pouca dificuldade a restituição da ordem, logo queas forças da legalidade comecem a operar convenientemente.Quanto à segunda, referem algumas cartas chegadas em umaembarcação <strong>do</strong> Rio Grande que os rebeldes, ten<strong>do</strong> sitia<strong>do</strong> estacidade, foram repeli<strong>do</strong>s no ataque que lhe fizeram; assim comoque o caudilho João Manoel de Lima foi morto no [?] que com asua gente mantivera por muitas horas com uma das nossascanhoneiras.O Governo Imperial, porém, mais e mais solícito pelarestituição da ordem e legalidade em tão interessante província,não só continua a empregar todas as medidas ao seu alcance,como foram, ultimamente, as de encarregar da presidência aobrigadeiro Antônio Elesiário de Miranda e Brito, nomear comandantedas Armas ao coronel Bento Manoel e enviar para chefe da flotilhade guerra o hábil capitão-de-mar-e-guerra John Pascoal Grenfel[sic]; como também tem solicita<strong>do</strong> da Assembléia Geral Legislativato<strong>do</strong>s os auxílios e concessões – de que, aliás, também carece esó dela lhe podem vir – contan<strong>do</strong> que <strong>do</strong> complexo de to<strong>do</strong>sestes meios resultará sem dúvida a salvação da província, adespeito das extremosas diligências <strong>do</strong>s pérfi<strong>do</strong>s que a queremperder e anarquizar.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 5 de julho de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.80


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Londres n. 9Paris n. 9Bélgica n. 9Roma n. 9Espanha n. 9Viena n. 9Hamburgo n. 9Lisboa** *AHI 317/03/06Circular de 09/07/1836. Índice: “Participan<strong>do</strong> ofato pelo qual foi Porto Alegre restituí<strong>do</strong> àlegalidade, sem que corresse o sanguebrasileiro.”Circular para o corpo diplomáticoA demora <strong>do</strong> paquete me permite o prazer de comunicar asagradáveis notícias recém-recebidas da província de S. Pedro pelabarca americana Bevis entrada ontem neste porto.Foi no dia 16 de junho que o 8º Batalhão de Caça<strong>do</strong>res,eficazmente coadjuva<strong>do</strong> pelos nossos solda<strong>do</strong>s que haviam si<strong>do</strong>prisioneiros em Pelotas e por grande número de cidadãos, levantouo primeiro grito em favor da legalidade. Soltos logo os oficiaisprisioneiros <strong>do</strong>s facciosos, e destes, postos em segurança os principaismotores, se viu Porto Alegre, esse fosso da rebelião, restituí<strong>do</strong> aosdefensores da lei, sem que corresse o sangue brasileiro! Feito isto, omarechal-de-exército João de D. Mena Barreto, tomou a direção <strong>do</strong>movimento; proclamou e, requisitan<strong>do</strong> ao presidente Araújo Ribeiroos socorros necessários à manutenção de tão dignos esforços, expediueste, logo, cinco vasos de guerra a tomar as embarcações, que osfacciosos ali tinham arma<strong>do</strong>.Finalmente, a cidade <strong>do</strong> Rio Grande continuará a baldar todasas tentativas de seus malva<strong>do</strong>s sitiantes; e escusa<strong>do</strong> fora refletirsobre o fortíssimo impulso que este acontecimento deve comunicara to<strong>do</strong>s que propugnam pela integridade <strong>do</strong> Império, aliás, já tão81


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>decidi<strong>do</strong>s à sustentação de tais princípios e sobre quão breve se mostraa restituição total da província de S. Pedro.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 9 de julho de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Senhor Manoel Antônio Galvão n. 10França n. 10Viena n. 10Roma n. 10Nápoles, Florença e Parma n. 10Espanha n. 10Bélgica n. 10Cidades Hanseáticas n. 10Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s n. 10Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai n. 10C. Argentina n. 10** *AHI 317/03/06Circular de 05/08/1836. Índice: “Participan<strong>do</strong>haverem as forças da legalidade toma<strong>do</strong> posseda capital da província <strong>do</strong> Pará no dia 13 de maioúltimo.”Circular para o corpo diplomáticoTenho a satisfação de comunicar a V. ... para seu conhecimento ea fim de fazer desta agradável notícia o uso mais conveniente aosinteresses <strong>do</strong> Império que, no dia 13 de maio passa<strong>do</strong>, as forças dalegalidade tomou [sic] posse da capital da província <strong>do</strong> Pará, a qual osrebeldes haviam aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, fugin<strong>do</strong> em 13 embarcações,demandan<strong>do</strong> a embocadura <strong>do</strong> Carnapijó. Os vasos pequenos <strong>do</strong>82


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870bloqueio foram após, imediatamente, meteram a pique umaembarcação, aprisionaram outra e causaram grande estrago nosfugitivos, que em debandada seguiram para o Alto Amazonas,aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s por muitos <strong>do</strong>s seus e sen<strong>do</strong> continuamente persegui<strong>do</strong>spor uma força respeitável de terra e mar, com o fim de batê-los einterceptá-los. Vários pontos da província se haviam declara<strong>do</strong> a favor<strong>do</strong> governo legal e ten<strong>do</strong>-se porta<strong>do</strong> em todas as ocasiões tanto opresidente Andréa como as tropas às suas ordens com o maior valor edistinção, conta o Governo Imperial que este brilhante sucesso serásem dúvida segui<strong>do</strong> pelo completo restabelecimento da ordem econsolidação da integridade <strong>do</strong> Império.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Senhores:Manoel Antônio Galvão n. 11Moutinho n. 11Menezes n. 11Marques Lisboa n. 11Sérgio n. 11P. Afonso n. 11João Antônio Pereira da Cunha n. 11José Francisco de Paula Cavalcanti n. 11Manoel d’Almeida V. n. 11Gaspar José Lisboa n. 11Duarte da Ponte Ribeiro n. 11Manoel de Cerqueira Lima n. 11** *83


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 22/08/1836. Índice: “Dan<strong>do</strong> asrecentes e mais agradáveis notícias recebidas daprovíncia de S. Pedro sobre o esta<strong>do</strong> da guerra.”Circular para o corpo diplomáticoCom grande prazer tenho de comunicar a V. ... as últimasnotícias que acaba de receber o Governo Imperial da província de S.Pedro, as quais fazem esperar o pronto restabelecimento da ordem.Ficava reintegra<strong>do</strong> na presidência o deputa<strong>do</strong> José d’Araújo Ribeiro eeram chega<strong>do</strong>s os reforços que, desta e das províncias da Bahia eS. Catarina, para ali se haviam remeti<strong>do</strong>. Os rebeldes, comanda<strong>do</strong>spor Bento Gonçalves, tentaram em 3 ataques retomar a cidade dePorto Alegre, mas foram sempre repeli<strong>do</strong>s com grande perda, apesarde terem reuni<strong>do</strong> as forças de Onofre, que levantaram o assédio emque tinham a Vila <strong>do</strong> Norte.As forças <strong>do</strong> comandante das Armas Bento Manoel Ribeiroentraram na capital, em número de cerca 1.400 homens; e, a pôros rebeldes em retirada, marcha o coronel Gama com 600 solda<strong>do</strong>s;Silva Tavares, entran<strong>do</strong> pelo Jaguarão, dirigia-se, segun<strong>do</strong> se afirmava,em apoio da cidade, que ele julgava ameaçada. Na cidade <strong>do</strong> RioGrande havia uma força de 1.200 praças bem armadas e disciplinadas;e no norte, de 400 a 500, quan<strong>do</strong> apenas existiam coisa de 600rebeldes nas proximidades daquela, sob as ordens de Neto eCrescêncio.Grenfelt [sic], com 13 vasos de guerra e 200 homens dedesembarque, partira [para] forçar a passagem de Itapua e é decrer que ora esteja desembaraçada toda a navegação <strong>do</strong> rio edestruí<strong>do</strong>s os restos das forças rebeldes, atualmente sem pontos deapoio. V. ... fará desta comunicação o uso mais adequa<strong>do</strong> aosinteresses <strong>do</strong> Império.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Senhores:84


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Manoel Antônio Galvão n. 13L. M. L. A. e Silva n. 13A. de M. V. Drummond n. 13João Antônio Pereira da Cunha n. 13Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong> n. 13Pedro Afonso de Carvalho n. 13José Marques Lisboa n. 13Marcos Antônio d’Araújo n. 13J. F. de P. C. d’Albuquerque n. 12Gaspar José Lisboa n. 12Manoel de Almeida V. n. 12Manoel Cerqueira Lima n. 12Duarte da Ponte Ribeiro** *AHI 317/03/06Circular de 05/09/1836. Índice: “Transmitin<strong>do</strong>lhesinclusos exemplares <strong>do</strong>s estatutos daSociedade Promotora da Colonização no Rio deJaneiro, já traduzi<strong>do</strong>s nas línguas francesa, inglesae alemã, para que se publiquem; e ordenan<strong>do</strong>mais que se prestem to<strong>do</strong>s os bons ofícios eproteção aos agentes da referida sociedade.”Circular para o corpo diplomático e consularTen<strong>do</strong>-se estabeleci<strong>do</strong> a Sociedade Promotora da Colonizaçãono Rio de Janeiro e da<strong>do</strong> princípio aos seus trabalhos, forman<strong>do</strong>para a sua boa regularidade os estatutos que se acham já traduzi<strong>do</strong>snas línguas francesa, inglesa e alemã; e desejan<strong>do</strong> o Regente emNome de S. M. O Impera<strong>do</strong>r contribuir, quanto estiver da sua parte,para que se realize [sic] os importantes fins que tem em vista amesma sociedade, de introduzir colonos brancos e de bons costumesno Brasil, determina que V. Mercê faça não só publicar nesse paísos ditos estatutos de que se lhe remetem inclusos algunsexemplares, mas também preste com toda a eficácia to<strong>do</strong>s osseus bons ofícios e proteção à mencionada sociedade [e] aos seus85


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>correspondentes; fican<strong>do</strong> V. ... na certeza de que será este umgrande serviço que fará ao Império.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 5 de setembro de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Manoel Antônio Galvão n. 14Moutinho n. 14Menezes n. 14J. Antônio Pereira da Cunha n. 14Sérgio n. 14P. Afonso de Carvalho n. 14José Marques Lisboa n. 14Marcos Antônio d’Araújo n. 14J. F. de P. C. Albuquerque n. 13Antônio José Rademaker** *AHI 317/03/06Circular de 20/10/1836. Índice: “Notician<strong>do</strong> asvantagens obtidas pelas forças da legalidadecontra as <strong>do</strong>s rebeldes na província de S.Pedro, em o ponto denomina<strong>do</strong> Ilha <strong>do</strong> Fanfa.”CircularCom o maior júbilo tenho de comunicar a V. ... que pela escunaConstante Oliveira, chegada com 6 dias de viagem, se receberam asmais agradáveis notícias da província <strong>do</strong> Rio Grande. O coronel BentoManoel Ribeiro tinha posto em aperta<strong>do</strong> assédio as forças <strong>do</strong>s rebeldes,que com o seu chefe Bento Gonçalves se haviam fortifica<strong>do</strong> na Capela deViamão e, prudentemente, assim se conservou até que, insta<strong>do</strong>s pelanecessidade, tentaram os adversos retirar-se e passar o rio nas imediações86


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870da vila <strong>do</strong> Triunfo, a fim de se reunirem com o caudilho Crescêncio. Não opuderam, porém, conseguir porque, preven<strong>do</strong>-se este passo, o coronelRibeiro, poderosamente coadjuva<strong>do</strong> pelo capitão-de-mar-e-guerraGrenenfelt [sic] tinha feito subir na esquadrilha uma força que tomouposição na vanguarda <strong>do</strong>s rebeldes, guarnecen<strong>do</strong>-se de barcas canhoneirasos lugares por onde era de crer eles tentassem a passagem. Achan<strong>do</strong>-seos facciosos entre <strong>do</strong>is fogos, procuraram, depois de alguns dias detiroteio, retirar-se para a Ilha de Fanfa, o que poucos conseguiram. Esen<strong>do</strong> aquele ponto mesmo ataca<strong>do</strong> por todas as forças de mar e terra,depois de vivíssimo fogo, em que os rebeldes perderam mais de 200mortos, 100 feri<strong>do</strong>s e a sua artilharia, conheceram que não tinham maisrecursos <strong>do</strong> que perecer, ou render-se.Sabe-se, mas não oficialmente, que o coronel Ribeiro lhes concederauma capitulação no dia 4 <strong>do</strong> corrente, que Bento Gonçalves, Onofre eMoraes estão seguros na Prisiganga e que, posto não se tivesse aindarendi<strong>do</strong> a cidade de Pelotas, onde comandava o major Lima, nemCrescêncio houvesse entrega<strong>do</strong> as armas – como parece ser expressona dita capitulação –, contu<strong>do</strong>, como os restos <strong>do</strong>s insurgentes deverãoser persegui<strong>do</strong>s com eficácia, espera o Governo Imperial receber embreve notícias mais circunstanciadas da total aniquilação daqueles malva<strong>do</strong>s.O que me apresso a comunicar a V. ... para sua satisfação, e a fim defazer de tão importantes notícias o uso que convier aos interesses <strong>do</strong>Império.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1836.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Senhores:Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong> n. 16J. F. de P. C. de Albuquerque n. 15N. B. – Gaspar José Lisboa n. 15 – Queira V. Mercê comunicar cópiasdesta circular aos encarrega<strong>do</strong>s de negócios <strong>do</strong> Brasil no Chile e Peru.Manoel de Almeida Vasconcellos n. 15** *87


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 11/01/1837. Índice: “Participan<strong>do</strong> asúltimas notícias da província de S. Pedro, sobreos rebeldes e as providências que passou a tomaro governo, de acor<strong>do</strong> com os agentes diplomáticosde Inglaterra, França e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s nesta corte,a fim de prevenir o meio de pirataria de quepossam lançar mão os ditos rebeldes.”Circular para o corpo diplomático na Europa e AméricaN. 1Os rebeldes da província de S. Pedro, depois de terem si<strong>do</strong>rechaça<strong>do</strong>s pelas tropas da legalidade de to<strong>do</strong>s os pontos em quese haviam fortifica<strong>do</strong>, fugiram para a vila de Piratini, onde por umexcesso de loucura proclamaram uma república, a que denominaramRio-Grandense, ordenan<strong>do</strong> desde logo o confisco de todas aspropriedades <strong>do</strong>s brasileiros que não seguissem a sua criminosa causa.Ainda que o Governo Imperial trate com to<strong>do</strong> o desprezo semelhanterisível república – que a esta hora terá já desapareci<strong>do</strong> –, contu<strong>do</strong>,sen<strong>do</strong> possível que os rebeldes desespera<strong>do</strong>s pela falta absoluta demeios, cren<strong>do</strong> talvez que retardarão por mais algum tempo a sorteque inevitavelmente os espera, se arrojem ao derradeiro atenta<strong>do</strong>de oferecerem cartas de marca a algum aventureiro sem princípios,que as queira aceitar, julgou conveniente prevenir quaisquer tentativas<strong>do</strong>s rebeldes e estender sua solícita atenção sobre a segurança <strong>do</strong>comércio brasileiro, ou estrangeiro; pois que, no caso de apareceremcorsários muni<strong>do</strong>s de semelhantes cartas, eles não podem serreputa<strong>do</strong>s senão como piratas e, por isso, não respeitarãoembarcação alguma e as suas depredações se estenderão semdiferença de amigo, ou de nação. Neste esta<strong>do</strong> de coisas, pareceumeacerta<strong>do</strong> convidar aos ministros diplomáticos de Inglaterra, Françae Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, para que interviessem com os chefes das forçasnavais das suas nações para que fizessem em toda a costa <strong>do</strong>Brasil, principalmente <strong>do</strong> Rio de Janeiro para o sul, a polícia e visita<strong>do</strong>s navios mercantes pertencentes às suas nações, para evitar-senão só que importem artigos de contraban<strong>do</strong> de guerra aos facciososna província insurgida, mas também para que não aconteça quealguma das ditas embarcações – o que não é de esperar – receben<strong>do</strong>comissão de corso, intente piratear e infestar o comércio brasileiro.88


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Iguais ordens se expediram aos comandantes <strong>do</strong>s navios de guerrabrasileiros para fazerem semelhantes visitas aos navios nacionais <strong>do</strong>comércio. Devo acrescentar que os referi<strong>do</strong>s ministros diplomáticosanuíram a esta proposta <strong>do</strong> Governo Imperial, dirigin<strong>do</strong>-se-lhes notaspara este fim em data de 9 <strong>do</strong> corrente, a que eles ficaram deresponder no mesmo senti<strong>do</strong>. O que participo a V. Mercê para suainteligência e discreto uso.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1837.Gustavo A<strong>do</strong>lfo de Aguilar Pantoja.SenhoresManoel Antônio Galvão n. 1Moutinho n. 1Menezes n. 1J. A. P. da Cunha n. 1Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong> n. 1A. F. de P. C. de Albuquerque n. 1J. Marques Lisboa n. 1Pedro Afonso de Carvalho n. 1Marcos Antônio d’Araújo n. 1Gaspar José Lisboa n. 1Manoel de Almeida Vasconcellos n. 1Manoel de Cerqueira Lima n. 1Duarte da Ponte Ribeiro n. 1** *AHI 317/03/06Circular de 17/<strong>04</strong>/1837. Índice: “Transmitin<strong>do</strong>lhesexemplares inclusos da resolução tomadapela mesa de direção da Sociedade Promotorade Colonização nesta corte, fixan<strong>do</strong> o padrãodas passagens <strong>do</strong>s colonos que vierem para oBrasil.”89


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Circular para o corpo diplomático e consular,na Europa e AméricaN. 3Remeto a V. S. os exemplares inclusos da resolução tomada pelamesa da direção da Sociedade Promotora da Colonização desta cortecom data de 19 de março, pela qual fixou e estabeleceu o padrão daspassagens <strong>do</strong>s colonos que vierem para o Império, a fim de que V. S.,inteirada da dita deliberação, haja de observá-la quan<strong>do</strong> tenha de tratarde assunto tão interessante para o Império, dan<strong>do</strong>-lhe a convenientepublicidade.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 17 de abril de 1837.Antônio Paulino Limpo de Abreu.** *AHI 317/03/06Circular de 25/<strong>04</strong>/1837.Circular (sem efeito)N. 5Convin<strong>do</strong> que V. ... esteja ao fato das últimas ocorrênciassobrevindas na província de S. Pedro, lhe comunicarei as desagradáveisnotícias que recebeu o Governo Imperial, posto que não oficialmente.Consta que o brigadeiro Bento Manoel Ribeiro, que pela suafalta de energia se fazia suspeito, se desmascarasse, prenden<strong>do</strong> opresidente Antero José Ferreira de Brito, o qual, depois de conferenciarcom o general Oribe, se dirigira com pequena escolta ao campamentode Caçapava, a fim de com o dito Ribeiro combinar as últimasoperações.90


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Refere-se também que ele se coligara aos insurgentes,entregan<strong>do</strong>-lhes preso o presidente. Mas parece indubitável que umatal conduta excitou a indignação geral da província, produzin<strong>do</strong> o efeitocontrário <strong>do</strong> que esperava Ribeiro, que se viu aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> pelas forças<strong>do</strong> seu coman<strong>do</strong>. Os outros chefes militares da província uníssonostrabalhavam em restabelecer o abalo, que tão imprevisto passoocasionara, e o Governo Imperial, não cessan<strong>do</strong> de remeter para ali ossocorros possíveis, conta que se conseguirá o restabelecimento daordem, como é para desejar.V. Mercê fará desta comunicação o uso discreto que julgarconveniente, a fim de desmentir os boatos desagradáveis que os díscolospossam assoalhar.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 25 de abril de 1837.Antônio Paulino Limpo de Abreu.** *AHI 317/03/06Circular de 25/<strong>04</strong>/1837. Índice: “Participan<strong>do</strong> adesagradável notícia de haver o comandante dasArmas no Rio Grande, Bento Manoel Ribeiro,prendi<strong>do</strong> aleivosamente o presidente Antero JoséFerreira de Brito, e as providências que dera ogoverno.”CircularN. 7Cumprin<strong>do</strong> que V. S. esteja ao fato das últimas ocorrênciassobrevindas na província de S. Pedro, é com desprazer que passo acomunicar-lhas.Consta ao Governo Imperial, posto que não oficialmente, queten<strong>do</strong> o presidente daquela província, Antero José Ferreira de Brito,bastantes motivos para suspeitar da fidelidade <strong>do</strong> comandante das91


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Armas, Bento Manoel Ribeiro (o qual, em lugar de acelerar a terminaçãoda guerra civil, há agora to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s para presumir que aprocrastinava) se dirigira ao acampamento de Caçapava, onde seachava, com o fim de com ele conferenciar e tomar as medidas quelhe parecessem convenientes.Mas Bento Manoel, que receava ser suspenso, aleivosamenteprendeu o presidente, conduzin<strong>do</strong>-o consigo e consta que o entregounas mãos <strong>do</strong>s orientais.Apenas se divulgou tal atenta<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s os chefes militaresproclamaram aos seus corpos: foi nomea<strong>do</strong> o tenente-general Franciscodas Chagas Santos comandante das Armas e o vice-presidente AméricoCabral de Mello tomou posse da presidência; e se colige, das informaçõesrecebidas, que a indignação fora geral na província contra aquela negraação. O Governo Imperial apressou-se em dar as adequadasprovidências, nomean<strong>do</strong> presidente ao mesmo general Chagas Santose remeten<strong>do</strong> imediatamente os reforços possíveis.E como convenha desmentir quaisquer boatos desagradáveis aoImpério, que os díscolos possam assoalhar, V. S. fará desta comunicaçãoo uso direto que mais útil lhe parecer, permitin<strong>do</strong> apenas o tempo queàs legações de Londres e Paris se escreva a tal respeito.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 25 de abril de 1837.Antônio Paulino Limpo d’Abreu.Senhor Luís Moutinho de Lima Alvares e Silva.Na mesma conformidade para Manoel Antônio Galvão, em Londres.** *AHI 317/03/06Circular de 22/09/1837. Índice: “Participan<strong>do</strong>que o senhor sena<strong>do</strong>r Diogo Antônio Feijó derasua demissão de Regente em Nome <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r, recain<strong>do</strong> a regência interina no92


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870ministro <strong>do</strong> Império, o senhor sena<strong>do</strong>r Pedrode Araújo Lima; e a nomeação <strong>do</strong> Ilmo. eExmo. senhor Antônio Peregrino Maciel Monteiropara ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros.”N. 8CircularTen<strong>do</strong> o senhor sena<strong>do</strong>r Diogo Antônio Feijó da<strong>do</strong> a sua demissãode Regente em Nome de S. M. O Impera<strong>do</strong>r e recain<strong>do</strong> a regênciainterina no ministro <strong>do</strong> Império, o senhor sena<strong>do</strong>r Pedro de AraújoLima, na conformidade <strong>do</strong> artigo 30 <strong>do</strong> Ato Adicional à nossaConstituição Política, dignou-se o mesmo regente interino, nomear-meministro e secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, por haverexonera<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo emprego ao dignitário Francisco Gê Acaiaba deMontezuma.O que participo a V. ... para sua inteligência e a fim de fazerconstar ao Governo junto ao qual está acredita<strong>do</strong>, asseveran<strong>do</strong> a V...., ao mesmo tempo, que o Governo Imperial nada poupará paracontinuar e estreitar, cada vez mais, as relações de amizade, queligam felizmente os <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1837.Antônio Peregrino Maciel Monteiro.SenhoresLuís Moutinho de Lima n. 8Antônio de Meneses de Vasconcellos n. 8Vencesláo Antônio Ribeiro n. 8João Antônio Pereira da CunhaManoel Antônio GalvãoMarcos Antônio de AraújoDuarte da Ponte RibeiroJoão Alves de Brito93


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Manoel Cerqueira LimaJosé Marques LisboaGaspar José Lisboa n. 8Manoel de Almeida Vasconcelos n. 8** *AHI 317/03/06Circular de 09/10/1837. Índice: “Participan<strong>do</strong> apartida de uma expedição de tropas para aprovíncia de S. Pedro, a nomeação de novopresidente e comandante das tropas, o marechalAntônio Elzeário [sic] de Miranda e Brito e aremessa inclusa da proclamação <strong>do</strong> governo aosriograndenses.”CircularN. 9O Regente interino em Nome de S. M. O Impera<strong>do</strong>r, convenci<strong>do</strong>da urgente necessidade de acudir com prontos socorros à provínciade S. Pedro, a fim de terminar a guerra civil, que infelizmente aindaali continua, empregou to<strong>do</strong>s os seus desvelos para que se aprontasseuma expedição, que partisse sem demora desta corte para aquelaprovíncia. Não foram balda<strong>do</strong>s os esforços que a atual administraçãofez para conseguir tão saudável fim. A expedição em breves dias seaprontou e ontem saiu deste porto, sen<strong>do</strong> composta de mais deseiscentas praças. Além desta, espera o Governo Imperial enviar,com toda a celeridade, forças não só desta corte, mas também dealgumas outras províncias. Nomeou-se presidente ao marechal AntônioElesiário de Miranda e Brito, oficial que goza de mereci<strong>do</strong>s créditos, evai reunir também o coman<strong>do</strong> das tropas. Junto achará V. Mercê aproclamação que o Governo Imperial dirige aos riograndenses, aqual, ten<strong>do</strong> por fim conciliar os cidadãos brasileiros iludi<strong>do</strong>s, é concebidacom a devida energia contra os que perseverarem no horren<strong>do</strong> crimeda rebelião. Estas providências não deixarão de animar sumamenteo parti<strong>do</strong> da legalidade e, ao mesmo tempo, desalentarão os rebeldes;94


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870de maneira que concebo a lisonjeira esperança de que não tardarámuito que tenha a satisfação de anunciar-lhe que a província de S.Pedro está tranqüilizada.Deus Guarde a V. Mercê.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1837.Senhores:Marcos Antônio de AraújoDuarte da Ponte RibeiroManoel Cerqueira LimaJosé Marques LisboaGaspar José LisboaJoão Alves de BritoManoel de Almeida VasconcelosLuís Mouttinho de LimaAntônio de Menezes VasconcelosVencesláo Antônio RibeiroJoão Antônio Pereira da CunhaManoel Antônio GalvãoAntônio Peregrino Maciel Monteiro.** *AHI 317/03/06Circular de 27/11/1837. Índice: “Participan<strong>do</strong> asedição que rebentara na capital da província daBahia no dia 7 deste mês, e suas circunstâncias.”CircularN. 10Chegan<strong>do</strong> a esta corte em o dia 14 <strong>do</strong> corrente mês o brigueinglês Wisart [sic], trazen<strong>do</strong> a deplorável notícia de que um punha<strong>do</strong>95


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>de motins e facciosos havia consegui<strong>do</strong>, no dia 7 também <strong>do</strong>corrente, surpreender a guarnição da capital da Bahia, senhorean<strong>do</strong>seda mesma capital e proclaman<strong>do</strong> a separação da província e umsistema de governo que se apeli<strong>do</strong>u republicano – sen<strong>do</strong> o vicepresidente<strong>do</strong> intitula<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> um agita<strong>do</strong>r de nome João Carneiroda Silva Rego; e secretário, um Sabino, conheci<strong>do</strong> pelo assassinato,que atrozmente perpetrara de dia em uma das ruas daquela cidade–, julgou o Governo Imperial por bem solicitar a demora <strong>do</strong> paqueteaté que notícias mais positivas e satisfatórias viessem a dissipar apenosíssima impressão que fizera nesta capital o conhecimento detão execran<strong>do</strong> atenta<strong>do</strong>, cujas conseqüências, aliás, o Governo <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r esperava tanto mais ce<strong>do</strong> ver cessar, quanto sabia,oficialmente, que os defensores da legalidade na mencionadaprovíncia, que são to<strong>do</strong>s os baianos menos o circunscrito círculo<strong>do</strong>s aventureiros da capital, já se preparavam para uma combinadae vigorosa resistência.Efetivamente chegou o paquete Seagull e, pelas notícias oficiaistransmitidas ao Governo <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r, soube o mesmo Governo quea sedição achava-se nos seus últimos paroxismos, em virtude <strong>do</strong>sesforços <strong>do</strong> governo legítimo instala<strong>do</strong> na vila da Cachoeira e dacoadjuvação prestada pelos amigos da ordem, que de to<strong>do</strong>s os ângulosda província correm para defender o Trono Augusto <strong>do</strong> Senhor D.Pedro Segun<strong>do</strong> e a Constituição, que felizmente nos rege; achan<strong>do</strong>-sea capital da província completamente deserta e prestes a ser invadidapelas forças da legalidade, que já estacionaram em Pirajá com odesígnio de efetuar no dia 19 passa<strong>do</strong> a sua entrada na cidade de S.Salva<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> protegidas em tal ação pela força marítima, que constade duas corvetas e <strong>do</strong>is brigues de guerra que, senhores <strong>do</strong> porto,têm reduzi<strong>do</strong> os facciosos ao esta<strong>do</strong> de completa penúria de víveres emantimentos.Nestas circunstâncias, e desejan<strong>do</strong> evitar o efeito de terroríficasinformações, que sempre produzem desvantajosas conseqüências,apresso-me a fazer-lhe a presente comunicação, a fim de que V.... faça dela o uso que lhe parecer conveniente para persuadir aogoverno junto <strong>do</strong> qual se acha acredita<strong>do</strong>, de que o Governo <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r se acha muni<strong>do</strong> <strong>do</strong>s necessários meios para comprimirqualquer sedição que desgraçadamente houver de surgir no Impérioe para escarmentar aos díscolos e agita<strong>do</strong>res, que atentaremsacrilegamente contra o Trono <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r e as instituições queo país jurara.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1837.96


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Antônio Peregrino Maciel Monteiro.** *AHI 317/03/06Circular de 13/01/1838. Índice: “Participan<strong>do</strong>haver o governo, por decreto de 2 deste mês,declara<strong>do</strong> em esta<strong>do</strong> de bloqueio o porto dacapital da Bahia e qualquer outro onde forreconhecida e proclamada a autoridade <strong>do</strong>governo intruso, fican<strong>do</strong>, todavia, a suapublicação e execução dependente <strong>do</strong> respectivopresidente.”CircularN. 1Desejan<strong>do</strong> o Governo Imperial com o maior afinco pôr termo àrevolta que desgraçadamente tem afligi<strong>do</strong> a capital [sic] da provínciada Bahia – onde um pugilo de sediciosos audazes, iludin<strong>do</strong> aos seushabitantes incautos, seduzin<strong>do</strong> aos inexpertos e intimidan<strong>do</strong> aos leais,conseguiram hastear o estandarte de um governo, que apelidaramrepublicano – e cumprin<strong>do</strong> cercear pelos meios possíveis to<strong>do</strong>s equaisquer recursos que possam dilatar por mais tempo a existênciade tão monstruosa rebeldia e insânia rematada, aceleran<strong>do</strong>-se, assim,o restabelecimento da ordem pública e promoven<strong>do</strong>-se o triunfo <strong>do</strong>Governo legítimo; e, outrossim, consideran<strong>do</strong> quanto importa, emtais conjunturas, acautelar as dúvidas e desacor<strong>do</strong>s que porventuraemanar possam da errônea inteligência de quaisquer medidasadministrativas ou policiais que pelas autoridades locais devam sera<strong>do</strong>tadas; por todas estas razões, julgou o mesmo Governoconveniente, por decreto de 2 de janeiro corrente, declarar em esta<strong>do</strong>de bloqueio o porto da cidade de S. Salva<strong>do</strong>r na Bahia de To<strong>do</strong>s osSantos e, igualmente assim, qualquer outro onde for reconhecida eproclamada a autoridade <strong>do</strong> governo intruso da mencionada capital.E reconhecen<strong>do</strong> o Governo Imperial quanto releva fixar e estabelecercom exatidão e clareza os princípios jurídicos em que fundamentar-97


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>se deve uma medida de tanta gravidade e magnitude, houve porbem determinar:1º) que só se reputasse bloquea<strong>do</strong> o porto onde efetivamenteexistisse uma força bloqueante, isto é, onde existissem vasos deguerra pertencentes à esquadra brasileira;2º) que nenhum navio pudesse ser legitimamente deti<strong>do</strong> ouapresa<strong>do</strong> sem prévia notificação <strong>do</strong> bloqueio, feita por algum <strong>do</strong>s naviosda força naval bloqueante;3º) que no ato da notificação se observassem todas asformalidades e se empregassem todas as cautelas em tais casos usadaspara ultimamente evidenciar-se a efetiva notificação.Todavia, poden<strong>do</strong> suceder – como é muito presumível – que amedida em questão não chegue a ter plena e inteira execução, vistoque os multiplica<strong>do</strong>s meios de pacificação emprega<strong>do</strong>s pelo GovernoImperial parecem altamente afiançar a próxima aniquilação <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>revoltoso naquela capital, entendeu o mesmo governo por mais prudenteconfiar ao arbítrio <strong>do</strong> presidente da província da Bahia a publicação eexecução da referida providência, deixan<strong>do</strong> ao seu critério e juízo asua necessidade e oportunidade.O que tu<strong>do</strong> participo a V. ... para sua inteligência e para o levarao conhecimento desse governo.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1838.Antônio Peregrino Maciel Monteiro.Para os senhores:Manoel Antônio GalvãoJosé d’Araújo RibeiroJoão Antônio Pereira da CunhaAntônio de Menezes VasconcellosJosé Marques LisboaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Marcos Antônio d’AraújoVencesláo Antônio RibeiroPedro Afonso de CarvalhoMin. plenipotenciário em LondresMin. dito em ParisMin. residente em VienaMin. residente em LisboaEncarrega<strong>do</strong> de negócios na BélgicaEncarrega<strong>do</strong> de negócios em RomaEncarrega<strong>do</strong> de negócios emHamburgoEncarrega<strong>do</strong> de negócios em MadriEncarrega<strong>do</strong> de negócios na Suéciae Noruega98


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870José Franco de Paula Cavalcanti Encarrega<strong>do</strong> de negócios nosEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sPedro Roís ChavesEncarrega<strong>do</strong> de negócios emMontevidéuGaspar José LisboaEncarrega<strong>do</strong> de negócios emBuenos AiresManoel Cerqueira LimaEncarrega<strong>do</strong> de negócios noChileDuarte da Ponte RibeiroEncarrega<strong>do</strong> de negócios no Perue BolíviaF. Scholt Vice-cônsul na Rússia** *AHI 317/03/06Circular de 03/<strong>04</strong>/1838. Índice: “Participan<strong>do</strong>terem as Forças Nacionais de mar e terra toma<strong>do</strong>a capital da Bahia no dia 15 de março último,com derrota total <strong>do</strong>s rebeldes.”Circular para as LegaçõesPelo brigue inglês Wisard, entra<strong>do</strong> neste porto em 29 de marçopassa<strong>do</strong>, recebeu o Governo Imperial a faustíssima notícia de teremas Forças Nacionais de mar e terra começa<strong>do</strong> com o maior valor edeno<strong>do</strong> o ataque, em 13 daquele mês, sobre a cidade da Bahia, quefoi tomada no dia 15, com todas as suas fortalezas; sen<strong>do</strong> os rebeldestotalmente derrota<strong>do</strong>s, fican<strong>do</strong> prisioneiros 1.500, com o seu generalSérgio e com os intitula<strong>do</strong>s ministros da Guerra, Marinha e Fazenda,haven<strong>do</strong>-se oculta<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is principais fatores de revolta, Sabino eCarneiro.No meio <strong>do</strong> vivo regozijo, que experimentam to<strong>do</strong>s os bonsbrasileiros com aquele próspero sucesso, o Governo Imperial deplorao sangue brasileiro derrama<strong>do</strong> e os estragos feitos na cidade que osrebeldes, na sua desesperação e vingança, pretenderam incendiar; oque felizmente não aconteceu, senão em parte, visto que só 60 casasforam consumidas pelas chamas. Resta, porém, uma grande consolaçãoe é que o restabelecimento da ordem na província da Bahia prova99


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>convincentemente que os amotina<strong>do</strong>res e anarquistas jamais poderãopôr em prática os seus loucos planos contra a união <strong>do</strong> Império,atenta a forte oposição que encontrarão sempre da parte <strong>do</strong>s brasileirossensatos e honra<strong>do</strong>s, pela firme persuasão em que se acham de queo Brasil, sustentan<strong>do</strong> unicamente o Trono <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r e as livresinstituições – que felizmente abraçara a nação –, poderá engrandecer-see ser respeita<strong>do</strong> pelas potências estrangeiras.O que participo a V. ... para sua inteligência e a fim de lhe dar adevida publicidade.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 3 de abril de 1838.Antônio Peregrino Maciel Monteiro.** *AHI 317/03/06Circular de 29/11/1839. Índice: “Comunican<strong>do</strong>a notícia da entrada das forças legais na Lagunae restauração da vila de Lages.”Circular às legações n’América e EuropaTenho a satisfação de comunicar à V. ... que o Governo Imperialacaba de receber a notícia oficial de terem entra<strong>do</strong> as tropas legais navila da Laguna no dia 15 <strong>do</strong> corrente, fugin<strong>do</strong> em debandada os rebeldese o seu chefe Canabarro, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> todas as munições e víveresque haviam ajunta<strong>do</strong> para a defesa da mesma vila.Posto que pelo la<strong>do</strong> de terra pouca resistência houvesse, depois<strong>do</strong>s diversos choques em que havíamos triunfa<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, a forçamarítima comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Mariath sofreuvivíssimo fogo da esquadrilha inimiga e da Fortaleza; mas, vencen<strong>do</strong>todas as dificuldades, destruiu e aprisionou todas as embarcaçõesque se lhe opunham e assenhorou-se <strong>do</strong> porto, o que acelerou a fuga<strong>do</strong>s insurgentes.100


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Foi mui considerável a perda <strong>do</strong>s rebeldes; e a nossa, avaliaseem 20 marinheiros mortos e 30 feri<strong>do</strong>s. Muitos indivíduos <strong>do</strong>sfugitivos se apresentaram às nossas autoridades.No mesmo dia 15 <strong>do</strong> corrente, em que se obtinha resulta<strong>do</strong>tão vantajoso, realizou-se a restauração da vila de Lages, sen<strong>do</strong>expulsas as forças que a guarneciam.O digno marechal Andréa ia marchar em seguimento <strong>do</strong>sfugitivos e quan<strong>do</strong> conseguir reunir-se à divisão paulistanacomandada pelo brigadeiro Cunha, terá uma força considerável comque possa fazer uma útil diversão, avançan<strong>do</strong> pela província de S.Pedro.O que tu<strong>do</strong> participo à V. ..., para sua inteligência, e a fim deque a tão agradáveis notícias dê a conveniente publicidade nessepaís.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 29 de novembro de 1839.Caetano Maria Lopes Gama.** *AHI 317/03/06Circular de 27/07/1840. Índice: “Participan<strong>do</strong> oato que declarou Maior S. M. O Impera<strong>do</strong>r.”Circular às legações e aos consula<strong>do</strong>s, onde as não háN. 6É <strong>do</strong> meu dever comunicar a V. ... que as circunstânciaspolíticas e melindrosas em que se tem acha<strong>do</strong> o país fizeram comque alguns representantes da nação, consideran<strong>do</strong> quanto o prestígiomonárquico poderia concorrer para que elas muito melhorassem eatenden<strong>do</strong>, por outro la<strong>do</strong>, a que a Divina Providência <strong>do</strong>tou a S.M. O Impera<strong>do</strong>r de uma inteligência e discernimento não comumaos homens de sua idade, propuseram no Sena<strong>do</strong> brasileiro um101


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>projeto de lei declaran<strong>do</strong>-O maior desde já. E se bem que esteprojeto – sem que sobre ele houvesse discussão – caísse, no mesmoSena<strong>do</strong>, por <strong>do</strong>is votos; e que depois, na Câmara <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s,sobre o mesmo objeto fosse proposto outro – acerca <strong>do</strong> qual seguiuseo debate que V. ... verá <strong>do</strong>s Correios Oficiais juntos –, contu<strong>do</strong>,foram tais as convicções que em muitos espíritos produziram estes<strong>do</strong>is fatos e tais as discussões em ambas as câmaras, que, nomomento em que o governo as adiou, manifestou-se uma explosãoquase geral no senti<strong>do</strong> da maioridade <strong>do</strong> Monarca desde logo. Então,muitos representantes da nação, desejosos de salvar o país de umagrande crise que parecia ameaçá-lo, reuniram-se no Sena<strong>do</strong> e dirigiramuma representação a S. M. O Impera<strong>do</strong>r, que se dignou acolhê-lacom bondade e madura reflexão, ten<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> o Exmo. ex-regente<strong>do</strong> Império, que nesse momento fora ao Paço da Boa-Vista. Detu<strong>do</strong> o mais que ocorreu V. ... será informa<strong>do</strong> pelos Correios Oficiais,limitan<strong>do</strong>-me eu, por isso e pela brevidade com que sai o paquete, adizer a V. .... que não podia ser maior o concurso e o entusiasmo <strong>do</strong>povo desta capital desde o momento em que os representantes danação começaram a reunir-se no Sena<strong>do</strong>, subin<strong>do</strong> muito de pontono dia imediato em que S. M. O Impera<strong>do</strong>r prestou ali o juramentoda Constituição, no meio <strong>do</strong>s vivas os mais entusiásticos.Foi também muito de estimar que, em tão grande concurso edurante to<strong>do</strong> o dia e noite em que a Assembléia Geral se pôs emsessão permanente, não houvesse o mais pequeno incidente queperturbasse a satisfação geral. O que participo a V. .... na qualidadede ministro e secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, parasua inteligência; e pelo próximo paquete remeterei as competentescartas de gabinete.Deus Guarde à V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, 27 de julho de 1840.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.** *AHI 317/03/06Circular de 18/08/1840. Índice: “Participan<strong>do</strong>o dia em que terá lugar a Coroação de S. M.102


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O Impera<strong>do</strong>r e restabelecen<strong>do</strong> a antigaprática na entrega das cartas de diversossoberanos.”N. 8Circular às legaçõesTen<strong>do</strong> S. M. O Impera<strong>do</strong>r resolvi<strong>do</strong> que a Sua Coroação tenhalugar nos primeiros dias <strong>do</strong> mês de maio próximo futuro, a fim deque os membros <strong>do</strong> corpo legislativo possam também assistiràquele ato, para sua maior solenidade; assim o participo a V. ...para sua inteligência; comunican<strong>do</strong> ao mesmo tempo que S. M. OImpera<strong>do</strong>r man<strong>do</strong>u restabelecer a antiga prática de serem ascartas que os diversos Soberanos Lhe dirigem entregues pelosrespectivos encarrega<strong>do</strong>s, junto <strong>do</strong> qual são acredita<strong>do</strong>s.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 1840.Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho.** *AHI 317/03/06Circular de 24/12/1840. Índice: “Às legações; afim de coadjuvarem o Governo a promover osmelhoramentos materiais e morais de que ésuscetível o Império.”Circular para as legaçõesN. 10Deven<strong>do</strong> o Governo Imperial empregar to<strong>do</strong>s os meios ao seualcance para promover neste Império os melhoramentos materiais e103


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>morais, de que é suscetível um país novo, vasto e rico, e onde tu<strong>do</strong> oque pode concorrer para a sua prosperidade e futura grandeza seacha ou muito em começo ou ainda por criar, cumpre-me recomendarao seu zelo vários objetos, fazen<strong>do</strong> algumas observações, de que V.... se servirá convenientemente pela sua parte, e nesse ponto daEuropa, onde se acha, coadjuvar o Governo Imperial nos seus intentos.V. ..., assim como to<strong>do</strong> o homem político que olhar com atençãoe seriedade para o futuro <strong>do</strong> nosso país, não pode deixar de reconhecerque pelo menos ele será lângui<strong>do</strong> e o Império não poderá chegar combrevidade ao auge de grandeza a que é destina<strong>do</strong>, se por multiplica<strong>do</strong>sesforços não se cuidar quanto antes de chamar para ele o maior númeropossível de braços livres industriosos. Suas imensas matas e riosnavegáveis, seus varia<strong>do</strong>s produtos naturais são outras tantas riquezasque, aproveitadas pelo aumento rápi<strong>do</strong> de uma população livre eindustriosa, têm de o tornar poderoso e respeita<strong>do</strong> entre as demaisnações; ao passo que, com braços africanos e, desses mesmos, vedadaa introdução lícita por solenes trata<strong>do</strong>s – que o governo por dever epor princípios tem de manter –, jamais o país poderá pôr-se a par daindústria e civilização dessas nações. E nem é de mister ponderar osperigos que para o futuro correria o Império, sujeito, então, a ser presade alguma nação poderosa onde abunde a população, se porventura –o que não é mais possível – continuasse nele a introdução de africanos,quer lícita, quer ilicitamente, em um século em que todas as naçõescivilizadas se têm da<strong>do</strong> as mãos para obstar a esse tráfico e apertamcada vez mais as suas medidas para o conseguir.Reconhecen<strong>do</strong> estas verdades, uma comissão da Câmara <strong>do</strong>sdeputa<strong>do</strong>s apresentou na passada sessão um projeto de lei, que nãopôde ainda ser discuti<strong>do</strong>, mas que sem dúvida o será, propon<strong>do</strong> meiosde promover a colonização livre e industriosa no Império e fazen<strong>do</strong> emseu preâmbulo reflexões tendentes a ir destruin<strong>do</strong> os preconceitosda mor parte de nossos lavra<strong>do</strong>res. Esse projeto e as ditas reflexõesque remeto a V. ... servir-lhe-ão para V. ... mandar publicar nos jornaisdesse país artigos tendentes a destruir também os preconceitos quegrassam na Europa contra o Brasil e a ir convidan<strong>do</strong> à emigraçãovoluntária. Quan<strong>do</strong> se compara a emigração européia anual para osEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América com a que tem lugar para o Brasil, pareceque a estes preconceitos é devida, em grande parte, a falta quelamentamos. Um solo fertilíssimo, um clima agradável e sadio, infinitosprodutos naturais, onde a indústria acha constante alimento, teriamconvida<strong>do</strong>, ou convidarão, à emigração se tais preconceitos foremdestruí<strong>do</strong>s oportunamente; tanto mais quanto é certo que nenhumestrangeiro industrioso, tranqüilo e morigera<strong>do</strong> tem vin<strong>do</strong> estabelecerseno Brasil, que não encontre nele meios certos de subsistência e,1<strong>04</strong>


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870quase sempre, a abundância, a riqueza, a proteção e a amizade <strong>do</strong>sbrasileiros, naturalmente hospitaleiros. Cumpre, pois, que V. ..., nestesenti<strong>do</strong> e com estas vistas, faça reflexões há mui dadas, já pelaimprensa e já mesmo verbalmente, sempre que ocasiões se lheoferecerem, transmitin<strong>do</strong> ao Governo Imperial quaisquer planos decolonização que puder colher, ou quaisquer reflexões que tendam aofim indica<strong>do</strong>.Semelhantemente, convém que V. ..., pesquisan<strong>do</strong> e estudan<strong>do</strong>todas as instituições, melhoramentos, maquinismos e artefatos que naEuropa têm chega<strong>do</strong> a tão alto grau de perfeição, remeta seus estatutos,modelos e explicações, de mo<strong>do</strong> que no Brasil se possa a<strong>do</strong>tar os quemais convenientes forem.Não menos deve merecer o seu cuida<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> quanto possaconcorrer para a melhor educação primária e secundária da nossamocidade – certamente talentosa – os méto<strong>do</strong>s mais recomenda<strong>do</strong>spela experiência, os estatutos de universidades, academias ou liceusmais conceitua<strong>do</strong>s desse país e, enfim, tu<strong>do</strong> quanto possa adquiriracerca de matéria tão interessante, nas relações que sem dúvida V. ...terá procura<strong>do</strong> com os literatos e professores de tais estabelecimentos.Os mapas, que tenho recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cônsules <strong>do</strong> Império emdiferentes pontos da Europa e da América, vão mostran<strong>do</strong> algumprogresso nas nossas relações comerciais com as diversas nações; masnão ainda aquele que se devera esperar da variedade de nossaspreciosas produções. Estou persuadi<strong>do</strong> que a imperfeição com que aindase limpam e ensacam os nossos algodões e cafés e a atrasadamanipulação <strong>do</strong>s nossos açúcares produzem, em grande parte, olamentável efeito que indico, além das fraudes, que por vezes se têmencontra<strong>do</strong> nos pesos e qualidades. Escritos diversos existem sobreesses assuntos, particularmente quanto aos açúcares, e lavra<strong>do</strong>resinteressantes, mesmo das colônias, podem ser consulta<strong>do</strong>s. Recomen<strong>do</strong>pois a V. ... me preste igualmente to<strong>do</strong>s os esclarecimentos que puderobter a esse respeito, tanto mais necessários quanto a cultura <strong>do</strong> caféem Algéria e o açúcar da beterraba estão ameaçan<strong>do</strong> tais produções<strong>do</strong> nosso país.Sen<strong>do</strong> certamente uma anomalia que um governo livre e queprocura introduzir no Império braços livres e industriosos estejaempregan<strong>do</strong> nos arsenais, oficinas e obras públicas, operários escravos,tem o governo já começa<strong>do</strong> por proibir tais operários em algumasestações. Como, porém, sofremos grande carência de alguns oficiaisde ofícios mecânicos – como sejam carpinteiros, pedreiros, canteiros,calafates, ferreiros, calceteiros, construtores de navios, armeiros etc.– cumpre que V. ..., fazen<strong>do</strong> sentir essa carência, convide, por ummo<strong>do</strong> indireto e sem comprometer a coisa alguma o Governo Imperial,105


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>a oficiais desses ofícios a virem estabelecer-se no Brasil, onde certamenteacharão em que empregar-se e se, porventura, por falta de meios parapagarem suas passagens não puderem vir, seria conveniente sondar sequereriam fazen<strong>do</strong> o governo com eles o contrato de lhes pagar aspassagens para as deduzir da metade <strong>do</strong>s jornais que eles viessem aganhar nas obras públicas para que fossem engaja<strong>do</strong>s. De tu<strong>do</strong> V. ...dará informação ao governo, para se obrar como for mais conveniente.Finalmente recomen<strong>do</strong> ao zelo de V. ... que procure obter informaçõese as transmita ao governo com as reflexões que a V. ... ocorrerem sobreos melhoramentos que incessantemente aparecem na construção dasembarcações de guerra e seu equipamento; sobre os meios maisapropria<strong>do</strong>s de se fazerem estradas sólidas e duráveis; sobre o méto<strong>do</strong>hoje mais segui<strong>do</strong> de se calçarem as ruas das cidades; e, enfim, sobreto<strong>do</strong> e qualquer objeto que possa ter alguma aplicação entre nós.O que tu<strong>do</strong> participo a V. ... para sua inteligência e cumprimento,bem certo de que continuará a dar provas <strong>do</strong> seu préstimo e zelo peloserviço público.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1840.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.** *AHI 317/03/06Circular de 15/02/1842. Índice: “Comunican<strong>do</strong>os manejos da oposição para, pelas câmarasmunicipais e assembléias provinciais, se oporalgumas leis <strong>do</strong> corpo legislativo.”Circular às legaçõesN. 1Em aditamento à minha circular de 22 de novembro próximo passa<strong>do</strong>tenho ora de comunicar a V. ... que os homens da oposição aos princípios106


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870políticos da administração atual, ten<strong>do</strong> visto que não haviam podi<strong>do</strong>embaraçar, apesar <strong>do</strong>s maiores esforços que fizeram, as medidaslegislativas que sabiamente foram promovidas e passaram na últimasessão, resolveram, em suas reuniões e clubes, promover, pelas câmarasmunicipais e assembléias provinciais – eleitas sob a influência da administraçãopassada –, representações contra a execução de algumas das ditasmedidas. O governo, além de providências que há da<strong>do</strong> para a suapronta execução, tem despreza<strong>do</strong> aquelas poucas representações quenesse senti<strong>do</strong> lhe foram feitas, manda<strong>do</strong> responsabilizar algumas dasditas câmaras e a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> com urgência outras medidas. Apesar <strong>do</strong>s loucosmanejos de alguns desses homens da oposição, não apoia<strong>do</strong>s pela maioria<strong>do</strong>s brasileiros, o espírito das províncias, em geral, é o melhor possível,apesar <strong>do</strong> que escrevem os jornais mais frenéticos da oposição, contraos quais cumpre que V. ... esteja preveni<strong>do</strong>, pois que é incrível comofaltam inteiramente à verdade, inventam e caluniam com a maiorimpudência.Os negócios <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul tomam de dia em dia um melhoraspecto, que anuncia a próxima pacificação daquela província, com asatuais autoridades ali, que obram com atividade e com a maior harmoniaentre si. Houve, em data de 25 de novembro último, um combate parcialentre as forças imperiais e rebeldes, no qual foram estas completamentederrotadas, fican<strong>do</strong> no campo oitenta e tantos mortos, e 180 e tantosprisioneiros, que foram remeti<strong>do</strong>s para esta corte e vão ser envia<strong>do</strong>spara a ilha de Fernan<strong>do</strong> de Noronha; ten<strong>do</strong> nós apenas muito poucosferi<strong>do</strong>s levemente. Neste momento recebeu o Governo Imperial notíciaoficial de ter havi<strong>do</strong> outro combate a 26 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, noqual fora completamente derrota<strong>do</strong> o próprio chefe rebelde BentoGonçalves, que comandava uma força superior à nossa <strong>do</strong> seu pequenoexército, perden<strong>do</strong> trinta e seis homens mortos e vinte prisioneiros, sen<strong>do</strong>muito pouca a nossa perda, como tu<strong>do</strong> verá V. ... das partes oficiaispublicadas nos jornais <strong>do</strong> Commercio. Estes choques e vitórias têm muitoanima<strong>do</strong> o Exército imperial, cujo espírito tem si<strong>do</strong> sempre o melhorpossível, e tem leva<strong>do</strong> o desalento aos rebeldes, que desertam diariamentedas suas fileiras. O Governo Imperial está firme nos princípios, que sustentae sustentará com a maior energia, para restabelecer e consolidar a ordempública, de que depende a prosperidade e engrandecimento <strong>do</strong> Império.O que comunico a V. ... para sua inteligência e para que faça destacomunicação o uso conveniente e recomenda<strong>do</strong> naquela primeira circular.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 15 de fevereiro de 1842.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.107


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Senhor José Marques LisboaN.B. – Nesta conformidade, só com a alteração respectiva detratamento, se dirigiram as seguintes:A José de Araújo RibeiroA Bento da Silva LisboaA Candi<strong>do</strong> Batista de OliveiraA Antônio de Menezes Vasconcellosde DrummondA Gaspar José LisboaA José Francisco de Paula Cavalcantede AlbuquerqueAo visconde de Santo AmaroAo visconde de BarbacenaA José Sebastião Afonso de CarvalhoA Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>A Paulino da Silva BarbosaA Marcos Antônio de AraújoA Luís Moutinho de Lima Álvares e SilvaA José Dias da Cruz LimaA Miguel Maria LisboaA Manoel de Cerqueira LimaFrançaÁustriaRússiaPortugalEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s d’AméricaEspanhaBélgicaHolandaSuécia e DinamarcaRoma e TurimNápolesCidades HanseáticasBuenos AiresMontevidéuChilePeru e Bolívia** *AHI 317/03/06Circular de 02/05/1842. Índice: “Comunican<strong>do</strong> adissolução da Câmara <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s.”Circular para os agentes diplomáticos e consulares na Europa e AméricaN. 5Transmitin<strong>do</strong> a V. S., impressos, o relatório e decreto juntos, tenhode informar a V. ..., para seu conhecimento e para que faça desta informaçãoo uso conveniente e já recomenda<strong>do</strong> nas circulares anteriores destarepartição, que a dissolução da Câmara <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s teve lugar, como o108


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870governo esperava, sem a mais pequena comoção nesta capital, ondereina o maior sossego; o que sem dúvida é devi<strong>do</strong> em grande parte ànecessidade, geralmente reclamada, desta medida salva<strong>do</strong>ra das instituiçõesmonárquico-representativas, abraçadas e sustentadas pela quase totalidadeda nação brasileira.E se bem que os corifeus da oposição à atual administração ameacemem seus escritos e se esforcem em seus manejos para revoltar em algumasprovíncias a população incauta, com o pretexto de que as liberdades públicastêm si<strong>do</strong> atacadas com as leis – que criaram um Conselho de Esta<strong>do</strong>,reformaram o Código <strong>do</strong> Processo e, ultimamente, com este ato de energiae profunda sabe<strong>do</strong>ria – e política <strong>do</strong> Poder Modera<strong>do</strong>r, contu<strong>do</strong> está oGoverno Imperial bem persuadi<strong>do</strong> de que tais ameaças e esforços serãobalda<strong>do</strong>s e de que a Câmara futura será composta, em sua grande maioria,de homens sustenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s princípios monárquico-representativos,espanca<strong>do</strong>res da anarquia e promotores da ordem e prosperidade pública.O que participo a V. ... para sua inteligência e execução.Deus Guarde à V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 2 de maio de 1842.Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho.** *AHI 317/03/06Circular de 18/05/1842. Índice: “Comunican<strong>do</strong>o começo da rebelião na província de S. Paulo”.Circular para o corpo diplomático e consular brasileiroresidente na Europa e AméricaN. 6Em aditamento à minha circular de 2 <strong>do</strong> corrente mês, cumpre-mecomunicar à V. ... que, haven<strong>do</strong> o presidente da província de S. Pauloinforma<strong>do</strong>, em data de 13 e 14 deste mês, ao Governo Imperial, que oscorifeus da oposição naquela província pareciam querer tentar algummovimento revoltoso nela, pois que na cidade de Sorocaba 200 a 300109


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>homens se apresentavam com caráter de sedição, pretenden<strong>do</strong> oporseà execução da lei da reforma <strong>do</strong> Código <strong>do</strong> Processo Criminal; epedin<strong>do</strong>, por isso, o mesmo presidente que o governo lhe enviassealguma força que, com a que existe na dita província, pudesseprontamente conter os sediciosos e fazer executar as leis e respeitar aautoridade pública, acaba o mesmo governo de fazer embarcar ontem,para Santos, em barcos de vapor e com destino à capital da dita província,um batalhão de 700 praças, fazen<strong>do</strong> logo marchar outro por terra edan<strong>do</strong> outras providências, com as quais está persuadi<strong>do</strong> que oscriminosos esforços daqueles corifeus e <strong>do</strong>s que, iludi<strong>do</strong>s, os seguirem,serão balda<strong>do</strong>s. A maioria da província quer, e sustenta a ordem; omovimento de Sorocaba nem um abalo causou na capital, antesindignação, e talvez para o comprimir bastasse a pouca força atualmenteali existente. Mas o governo Imperial, atenta a distância, julgouconveniente reforçá-la com prontidão e desenvolver mais energia <strong>do</strong>que talvez fosse precisa para aquela ocorrência. Como os inimigos daordem, aqui mesmo nesta corte, fazem engrandecer aquele movimento,espalhan<strong>do</strong> que a província se levantara, que o presidente fora presoou assassina<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> natural que para aí façam espalhar iguais notíciasfalsas, cumpre que V. ... ao fato da verdade, as desmintaconvenientemente. Todas as demais províncias gozam de tranqüilidadee na <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul continuam os rebeldes a sofrer derrotasparciais e deserções na sua pequena força. S. M. O Impera<strong>do</strong>r e SuasAugustas Irmãs gozam de perfeita saúde.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 18 de maio de 1842.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.** *AHI 317/03/06Circular de 27/06/1842. Índice: “Sobre a rebeliãoem S. Paulo e Minas Gerais.”Circular para o corpo diplomático e consular brasileirona Europa e América110


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870N. 7Haven<strong>do</strong> eu, na circular de 18 de maio próximo passa<strong>do</strong>,comunica<strong>do</strong> a V. S. o movimento revolucionário que em 14 <strong>do</strong> dito mêstivera lugar na cidade de Sorocaba da província de S. Paulo, informan<strong>do</strong>ao mesmo tempo a V. S. que o governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r fizeraimediatamente embarcar para Santos um batalhão de 700 praças emarchar outro por terra, e dera outras prontas e enérgicas providências,com as quais estava persuadi<strong>do</strong> de que seriam balda<strong>do</strong>s os esforços<strong>do</strong>s corifeus da oposição naquela província e <strong>do</strong>s que, iludi<strong>do</strong>s, osseguissem em suas tentativas criminosas; cumpre-me ora, continuan<strong>do</strong>a informá-lo das ocorrências posteriores, comunicar à V. S. que, ao gritosedicioso da<strong>do</strong> em Sorocaba, onde fora aclama<strong>do</strong> presidente o coronelRafael Tobias de Aguiar, responderam algumas vilas <strong>do</strong> sul e norte daprovíncia; e a cidade de Barbacena e vila da Pomba, na de MinasGerais. Para conseguirem que alguns homens incautos das ditas cidadese vilas – aliás, tão pacíficas, obedientes à lei e amantes da monarquiarepresentativa – acudissem a semelhante grito e arrastassem outrospor meio da violência e <strong>do</strong> temor, fizeram-lhes os promotores e chefesda sedição acreditar que o fim dela era libertar a S. M. O Impera<strong>do</strong>r dacoação, em que diziam estar, para que, demitin<strong>do</strong> o ministro, nomeasseoutro de sua livre escolha, que suspendesse a execução de leisemanadas <strong>do</strong> corpo legislativo. Tão absur<strong>do</strong>, porém, era um tal motivoe outros que alegavam para incitar os povos à revolta, atacan<strong>do</strong> aConstituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, as prerrogativas da Coroa e fomentan<strong>do</strong> aguerra civil e a anarquia; tão grosseiramente haviam iludi<strong>do</strong> com milfalsidades aqueles que assim procuravam comprometer nas vias darevolução em que se lançavam; e, finalmente, tão mal se tinham paraela prepara<strong>do</strong>, que logo no primeiro encontro de uma força de 120homens <strong>do</strong> Exército imperial com outra de 600 <strong>do</strong>s rebeldes, junto àcidade de Campinas, foram estes desbarata<strong>do</strong>s com perda de 30 etantos mortos e de toda a sua bagagem e armamento, não se animan<strong>do</strong>mais a esperar combate, desertan<strong>do</strong> muitos de suas fileiras e retiran<strong>do</strong>seoutros para Sorocaba, sede <strong>do</strong> efêmero governo sedicioso. Ali os foibater o bravo general barão de Caxias; porém, ao aproximarem-se asforças imperiais, os rebeldes fugiram espavori<strong>do</strong>s, deixan<strong>do</strong> a artilhariaque tinham assestada nas bocas das ruas, sen<strong>do</strong> geral o entusiasmo<strong>do</strong>s habitantes da cidade, que receberam o general com repiques desinos e outras demonstrações de contentamento, julgan<strong>do</strong>-se liberta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> jugo rebelde. As demais vilas <strong>do</strong> sul da província, onde <strong>do</strong>minava arebelião, foram logo restauradas por movimento espontâneo de seusleais habitantes e o mesmo espera o Governo Imperial que aconteçamui breve nas <strong>do</strong> norte e Minas Gerais, mediante as prontas providências111


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>que tem da<strong>do</strong> e o entusiasmo, fidelidade e bom senso com que a grandemaioria da Guarda Nacional se tem reuni<strong>do</strong> nas proximidades <strong>do</strong>s lugaresrevoltosos, para coadjuvar o governo e fazer respeitar a lei e a autoridadesuprema <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.O governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r, firme nos seus deveres e cônscioda alta missão que lhe incumbe de consolidar as instituições <strong>do</strong> país, paraque tranqüilo possa engrandecer e prosperar, está disposto a empregartoda quanta energia for mister para salvá-lo da anarquia em que homensdesvaira<strong>do</strong>s o têm queri<strong>do</strong> lançar, à título de oposição ao governo, comose houvesse governo possível com oposição por meio de armas, resistênciaà execução de leis e ataque às prerrogativas da Coroa.Este fato, que prova a um tempo a ruindade <strong>do</strong>s princípios e meiosda oposição atual e a desaprovação e resistência formal que a eles faz agrande maioria sensata da nação brasileira, anuncia que não está longe<strong>do</strong> inteiro restabelecimento da ordem em to<strong>do</strong> o Império, a consolidaçãoda monarquia representativa no Brasil e, por conseqüência, o reina<strong>do</strong> dalei e a tranqüilidade de que havemos mister para que o país possa florescere tornar-se respeita<strong>do</strong>. Comunican<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o expendi<strong>do</strong> a V. S., lherecomen<strong>do</strong> que faça desta comunicação o uso conveniente e já ordena<strong>do</strong>em circulares anteriores. Conto que pelos paquetes seguintes terei asatisfação de anunciar-lhe iguais resulta<strong>do</strong>s a bem da causa pública que oGoverno de S. M. O Impera<strong>do</strong>r tem muito a peito.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 27 de junho de 1842.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.Sr. José Marques LisboaN.B. – Nesta conformidade, só com alteração respectiva de tratamento,se dirigiram as seguintes:A José de Araújo RibeiroFrançaA Bento da Silva LisboaÁustriaA Candi<strong>do</strong> Batista de OliveiraRússiaA Antônio de Menezes VasconcelosDrummondPortugalA Gaspar José LisboaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s d’AméricaA José Francisco de Paula Cavalcantide AlbuquerqueEspanhaAo visconde de Santo AmaroBélgica112


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Ao visconde de BarbacenaA José Sebastião Afonso de CarvalhoA Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>A José Bernar<strong>do</strong> de Figueire<strong>do</strong>A Marcos Antônio de AraújoA Paulino da Silva BarbosaA Duarte da Ponte RibeiroA João Francisco RegisA João da Costa Rego MonteiroA Bento Gomes de OliveiraA Manoel Cerqueira LimaA Miguel Maria LisboaHolandaSuécia e DinamarcaTurim, Parma e FlorençaRomaCidades HanseáticasNápolesBuenos AiresMontevidéuBolíviaChilePeruVenezuelaCônsulesA Pedro José da Costa PachecoA João SteinA Joaquim José Ferreira VeigaBombaimCabo de Boa EsperançaCantãoÀs Legações na Europa, foi o seguinte post scriptum, com data de 13de julho: “Nos jornais <strong>do</strong> Commercio que vão por este paquete, saberáV. ... das notícias das duas províncias, que confirmam o que nestacircular levo expendi<strong>do</strong>.”** *AHI 317/03/06Circular de 03/09/1842.Circular para o corpo diplomático brasileiroN. 12Em aditamento à minha circular n. 7, tenho ora a satisfação decomunicar à V. ... que a província de Minas Gerais, em alguns pontosda qual havia acha<strong>do</strong> eco o grito de rebelião da<strong>do</strong> na cidade de Sorocaba,113


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>da província de S. Paulo, acha-se inteiramente pacificada. Os rebeldes,que, bati<strong>do</strong>s em alguns lugares da referida província já pelos próprioshabitantes dela e já pelas forças imperiais que para ali foram mandadas,haviam-se reuni<strong>do</strong> nas proximidades de sua capital, com intento de atomar, foram completamente derrota<strong>do</strong>s em uma ação que, no dia 20<strong>do</strong> mês próximo pretérito, teve lugar no arraial de Santa Luzia, na qualtiveram grandíssima perda em mortos, feri<strong>do</strong>s e prisioneiros, entran<strong>do</strong> nonúmero destes alguns <strong>do</strong>s seus chefes. Esta ação e os esforços dealgumas ramificações da rebelião, que têm si<strong>do</strong> balda<strong>do</strong>s em duas outrasprovíncias <strong>do</strong> Império, Ceará e Pernambuco – mediante o bom senso damaioria <strong>do</strong>s seus habitantes, a vigilância e energia das autoridades e asprovidências <strong>do</strong> Governo Imperial –, mostran<strong>do</strong> não se haver o mesmogoverno engana<strong>do</strong> nas previsões que comuniquei a V. ... nas anteriorescirculares, descortinam para o Império um futuro de estabilidade e deordem, que deve necessariamente trazer a sua prosperidade eengrandecimento, sobretu<strong>do</strong>, se, como é lícito esperar, o corpo legislativo,possuí<strong>do</strong>, como o governo, das necessidades <strong>do</strong> país, o coadjuvar nasua política de consolidar as instituições monárquico-representativas e dedar aos povos verdadeira liberdade e não desenfreada licença e anarquia,promoven<strong>do</strong> ao mesmo tempo melhoramentos que concorram para oseu bem estar.Mais desembaraça<strong>do</strong> ora o Governo Imperial <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s quedemandava o esta<strong>do</strong> das referidas províncias, vai continuar no empregode to<strong>do</strong>s os seus esforços para a completa pacificação de S. Pedro <strong>do</strong> RioGrande <strong>do</strong> Sul, onde a rebelião, posto que já muito enfraquecida, seconserva ainda no interior da província, na parte mais próxima ao Esta<strong>do</strong>vizinho; e não pode o mesmo governo duvidar de que, empregada todaa energia, como está disposto a fazê-lo, em breve conseguirá pacificarinteiramente a dita província, única em que hoje existe o pendão darevolta. O que tu<strong>do</strong> comunico a V. ... para que desta comunicação faça ouso conveniente e recomenda<strong>do</strong> nas anteriores circulares. Nos jornais <strong>do</strong>Commercio destes últimos dias achará as peças oficiais que comprovamquanto levo expendi<strong>do</strong> e que o informarão de pormenores mais minuciosos.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 3 de setembro de 1842.Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.** *114


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 07/06/1844.CircularN. 5S. M. O Impera<strong>do</strong>r, usan<strong>do</strong> das atribuições que Lhe confere aConstituição no artigo 101, § 5º, e ten<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> o Conselho d’Esta<strong>do</strong>,houve por bem dissolver, no dia 24 <strong>do</strong> mês passa<strong>do</strong>, a Câmara <strong>do</strong>sDeputa<strong>do</strong>s e convocar desde logo outra, que reunirá no dia 1º de janeiro<strong>do</strong> ano futuro. Precedeu a este ato a nomeação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is membros quefaltavam para completar-se o ministério, o senhor Manoel Antônio Galvãopara o cargo de ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios da Justiça– que interinamente era ocupa<strong>do</strong> pelo senhor ministro da Fazenda – eo senhor Antônio Francisco de Paula e Hollanda Cavalcanti d’Albuquerquepara o de ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios da Marinha,fican<strong>do</strong> o senhor Jerônimo Francisco Coelho com a pasta da Guerra.A tranqüilidade pública tem continua<strong>do</strong> inalterável; o que comunicoa V. S. para sua inteligência.Deus Guarde a V. S.Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 7 de junho de 1844.Ernesto Ferreira França.Senhor José de Araújo RibeiroNa mesma conformidade para:José Marques LisboaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Antônio de Meneses Vasconcellos de DrummondJosé Francisco de Paula Cavalcanti de AlbuquerqueMarcos Antônio de AraújoJosé Maria <strong>do</strong> AmaralLuís Moutinho de Lima Álvares e SilvaGaspar José LisboaEustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello e Mattos115


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Antônio José RademakerCandi<strong>do</strong> Batista de OliveiraJosé Sebastião Afonso de CarvalhoFilipe José Pereira LealMiguel Maria LisboaVencesláo Antônio RibeiroManoel Cerqueira LimaJoão da Costa Rego Monteiro** *AHI 317/03/06Circular de 22/03/1845.Para as legações imperiaisN. 4Cabe-me o vivo prazer de anunciar a V. ... para sua inteligência esatisfação, que a província de S. Pedro <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul acha-secompletamente pacificada.Deus Guarde a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro, em 22 de março de 1845.Assim se escreveu aos Senhores:(1 a Seção)Ernesto Ferreira França.José Marques LisboaJosé de Araújo LisboaInglaterraFrança(2 a Seção)Antônio de Menezes Vasconcelos116


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870de DrummondJosé Francisco de Paula Cavalcantide AlbuquerqueEustáquio A<strong>do</strong>lfo de Mello MattosLuís Moutinho de Lima Álvares e SilvaJosé Maria <strong>do</strong> AmaralAntônio José Cupertino <strong>do</strong> AmaralSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Visconde de AbrantesAntônio José RademakerJosé Sebastião Afonso de CarvalhoMarcos Antônio de AraújoPortugalEspanhaNápolesRoma e ToscanaRússiaSardenha e ParmaÁustriaPrússiaBélgica e Países BaixosSuécia e NoruegaCidades Hanseáticas(3 a Seção)Gaspar José LisboaManoel Cerqueira LimaMiguel Maria LisboaVencesláo Antônio RibeiroAntônio de Souza FerreiraJoão da Costa Rego MonteiroJosé Antônio Pimenta BuenoFelipe José Pereira LealEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sNova Granada e Equa<strong>do</strong>rVenezuelaChilePeruBolíviaParaguaiUruguaiE por cópia aos consula<strong>do</strong>s onde não há legações, a saber:Clemente José de MouraPedro José da Costa PachecoJoaquim José Ferreira VeigaJohn SteinRepública ArgentinaDomínios Portugueses eIngleses na ÁsiaCantão, MacauCabo de Boa Esperança** *117


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/06Circular de 28/07/1845.Para as legações imperiaisN. 7Rio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 28 de julho de 1845.Dentre os jornais <strong>do</strong> Commercio, que ora vão remeti<strong>do</strong>s a essalegação, verá V. ... no de n. 199, de 25 <strong>do</strong> mês presente, que pelovapor Fulton, i<strong>do</strong> de Buenos Aires para Montevidéu, se recebeu ali anotícia oficial de haverem os ministros inglês e francês exigi<strong>do</strong> <strong>do</strong>governa<strong>do</strong>r Rosas a retirada das forças argentinas de mar e terra, dan<strong>do</strong>lhetrês dias para ele decidir-se.Por ofício, dirigi<strong>do</strong> ao Governo Imperial pela legação emMontevidéu, se confirma a notícia supra. Comunica mais esta legaçãoreferirem os oficiais da corveta Bertioga, chegada <strong>do</strong> porto deMal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, dizer-se ali que aquela parte <strong>do</strong> país estava ocupada pelospartidistas de Oribe, a cujos chefes diariamente se apresentam gruposde gente destroçada na batalha da Índia-Morta; e acrescenta que sefala de dissensão entre Urquiza e Oribe e de uma liga entre o mesmoUrquiza, Paz e Lavalleja contra Rosas e Oribe.O que assim participo a V. ...Antônio Paulino Limpo de Abreu.Nesta conformidade para:Visconde d’AbrantesPrússiaVisconde de ItabaianaNápolesJosé Marques LisboaInglaterraJosé de Araújo RibeiroFrançaLuís Moutinho de LimaRoma, Turim e ParmaMarcos Antônio de AraújoCidades HanseáticasJ. Sebastião Afonso de Carvalho Suécia e DinamarcaJ. Maria <strong>do</strong> Amaral RússiaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>ÁustriaGaspar José LisboaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s118


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Antônio José RademakerAntônio de Menezes V. de DrummondJ. Francisco de P. Cavalcanti deAlbuquerqueMiguel Maria LisboaManoel Cerqueira LimaVencesláo Antônio RibeiroAntônio de S. FerreiraJoão da Costa Rego MonteiroBélgica e HolandaPortugalEspanhaVenezuelaNova Granada e Equa<strong>do</strong>rChilePeruBolívia** *AHI 317/03/06Circular de 01/10/1845.Para as legações imperiaisN. 11Rio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 1º de outubro de 1845.Tenho a satisfação de participar a V. ... que Suas MajestadesImperiais e Sua Alteza o Príncipe Imperial gozam de perfeita saúde.Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r tem resolvi<strong>do</strong> sair desta capital nodia 6 <strong>do</strong> corrente mês, a bor<strong>do</strong> da fragata Constituição, surta nesteporto, com destino primeiro à província de Santa Catarina e depois, àde S. Pedro <strong>do</strong> Rio Grande.Sua Majestade leva em sua companhia Sua Majestade aImperatriz, fican<strong>do</strong> na corte Sua Alteza o Príncipe Imperial.Suas Majestades Imperiais passarão em Santa Catarina para bor<strong>do</strong>de uma barca de vapor, em que seguirão até o porto <strong>do</strong> Rio Grande,onde será o desembarque.Depois de uma breve residência na província de S. Pedro <strong>do</strong> RioGrande, Suas Majestades ou farão diretamente o seu regresso ou dirigirse-ãoainda à província de S. Paulo, desembarcan<strong>do</strong> no porto de Santos,e voltan<strong>do</strong> dali por terra até esta Corte.119


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O senhor ministro <strong>do</strong> Império também acompanha a SuasMajestades Imperiais e em sua ausência tomo eu interinamente apasta da Justiça; e o senhor ministro da Fazenda, a <strong>do</strong> Império.O dia 4 deste mês é o fixa<strong>do</strong> para a audiência de despedida.Concluirei este despacho certifican<strong>do</strong> a V. ... que a ordem públicase conserva inalterada nas províncias <strong>do</strong> Império.Deus Guarde a V. ...Antônio Paulino Limpo de Abreu.Assim se escreveu a:José Marques LisboaJosé de Araújo RibeiroJosé Francisco de Paula Cavalcantide AlbuquerqueAntônio de Menezes Vasconcellosde DrummondSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Luís Moutinho Lima Álvares e SilvaRodrigo da Silva PontesVisconde de AbrantesVisconde de ItabaianaMarcos Antônio de AraújoJosé Sebastião Afonso de CarvalhoAntônio José RademakerAntônio José Cupertino <strong>do</strong> AmaralManoel Cerqueira LimaMiguel Maria LisboaGaspar José LisboaAntônio de Souza FerreiraJoão da Costa Rego MonteiroVencesláo Antônio RibeiroJosé Maria <strong>do</strong> AmaralInglaterraFrançaEspanhaPortugalÁustriaRomaMontevidéuPrússiaNápolesCidades HanseáticasSuéciaBruxelasTurimNova GranadaVenezuelaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sPeruBolíviaChileRússia** *120


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/06Circular de 24/11/1845.Para as legações imperiaisN. 15Rio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong> NegóciosEstrangeiros, em 24 de novembro de 1845.Há vinte e quatro anos que o povo paraguaio tem instituiçõespeculiares e um governo próprio com perfeita independência de outranação ou governo.Assim como foi o primeiro de to<strong>do</strong>s os governos <strong>do</strong> Rio da Prataque, depois da conquista, teve governo regular desde 1536, tambémfoi o primeiro que se constituiu independente, logo que se levantou ogrito da revolução contra a autoridade da metrópole, que residia emBuenos Aires.Uma junta governativa dirigiu os destinos deste povo desde 1811até 1813. Ele a<strong>do</strong>tou depois um governo que era presidi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>iscônsules e proclamou o Estatuto ou Lei Orgânica da República.A população <strong>do</strong> Paraguai passa de quinhentos mil habitantes;esta população excede em mais de metade a que tem a ConfederaçãoArgentina, contan<strong>do</strong> a de todas as províncias confederadas.Ocupa a República <strong>do</strong> Paraguai um vasto território cerca<strong>do</strong> porgrandes rios em sua maior extensão. Confina com o Brasil ao norte eleste por dilatada fronteira desde o rio Paraguai até o Paraná e, poreste, até a foz <strong>do</strong> rio Iguaçu ou Curitiba.A leste e sul é separada da província de Corrientes pelo mesmorio Paraná. Pelo oeste confronta com o Gram Chaco e com Bolívia,ten<strong>do</strong> de permeio o famoso rio Paraguai.O terreno da república tem abundância de ricas madeiras, produzexcelente erva-mate, tabaco, algodão, arroz, anil, couros e outrosgêneros de comércio.As suas forças de terra são suficientes para fazer-se respeitar econservar a ordem interior. Em tempo de paz, mantém um exército decinco mil homens de tropa de primeira linha e dez mil de segundalinha.Tem embarcações próprias para a sua navegação fluvial.As rendas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> chegam para as suas despesas ordinárias:os emprega<strong>do</strong>s andam pagos em dia.121


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Um povo no qual concorrem todas estas circunstâncias, temjustifica<strong>do</strong> direito para figurar no catálogo das nações. Os interessesda civilização e <strong>do</strong> comércio acham-se liga<strong>do</strong>s com os princípios dejustiça para advogar a causa <strong>do</strong> Paraguai.A independência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai foi estabelecidapela Convenção de 27 de Agosto de 1828, como condição e garantiade equilíbrio entre o Império <strong>do</strong> Brasil e a Confederação Argentina.Não é menos necessária, como complemento deste equilíbrio, aindependência da República <strong>do</strong> Paraguai.A anexação <strong>do</strong> Paraguai à Confederação Argentina, além de umaconquista, daria à confederação um tal aumento de território e de forças,que mais não existiria o deseja<strong>do</strong> equilíbrio, tornan<strong>do</strong>-se estéreis to<strong>do</strong>sos sacrifícios que fez o Império quan<strong>do</strong> subscreveu a independência daRepública Oriental <strong>do</strong> Uruguai.Acresce que a livre navegação <strong>do</strong> rio Paraná em benefício <strong>do</strong>sesta<strong>do</strong>s ribeirinhos tornar-se-á mais difícil, se não impossível, sem aindependência <strong>do</strong> Paraguai. O empenho com que o Paraguai pugnaatualmente como Esta<strong>do</strong> independente por esta navegação e as forçascom o que pode sustentá-la, converter-se-ão em meios de resistênciaà essa mesma navegação, se porventura o governo de Buenos Airespuder deles dispor, verifican<strong>do</strong>-se a anexação e incorporação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Paraguai ao território da Confederação Argentina.O Império <strong>do</strong> Brasil, como nação mais vizinha, foi a primeira quereconheceu, desde 1824, a justiça que assiste ao povo Paraguai [sic] esoube apreciar os seus progressos na carreira da civilização.Em 1824, nomeou Sua Majestade Imperial O Senhor D. Pedro Ipara cônsul-geral <strong>do</strong> Brasil no Paraguai ao major Antônio Manoel Corrêada Câmara.Em 1826, foi o mesmo Câmara nomea<strong>do</strong> encarrega<strong>do</strong> de negócios<strong>do</strong> Império junto <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Paraguai.Em 1841, nomeou S. M. O Impera<strong>do</strong>r cônsul-geral naquelarepública ao capitão-de-fragata Augusto Leverger.Em 1842, foi nomea<strong>do</strong> encarrega<strong>do</strong> de negócios na mesmarepública o bacharel Antônio José Lisboa.Em 1843, nomeou S. M. O Impera<strong>do</strong>r ao <strong>do</strong>utor José AntônioPimenta Bueno encarrega<strong>do</strong> de negócios junto <strong>do</strong> mesmo governo <strong>do</strong>Paraguai, com plenos poderes para celebrar trata<strong>do</strong>s solenes com arepública.Ten<strong>do</strong> o Paraguai melhora<strong>do</strong> as suas instituições políticas,concilian<strong>do</strong>-as com os progressos da civilização <strong>do</strong> século, julgouconveniente ratificar categoricamente a declaração da sua independênciano ato de anunciar ao mun<strong>do</strong> a reforma <strong>do</strong> governo que acabava deproclamar.122


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Este ato foi reconheci<strong>do</strong> imediatamente pelo representante <strong>do</strong>Brasil, ratifican<strong>do</strong> também solenemente o reconhecimento que oGoverno Imperial tinha feito, muitos anos antes da independência <strong>do</strong>Paraguai.A posição geográfica <strong>do</strong> Paraguai e a falta que tem derepresentantes em outros países, aconselhou o seu governo a solicitar<strong>do</strong> de S. M. O Impera<strong>do</strong>r que advogasse o mesmo reconhecimentojunto aos diversos governos da Europa e da América.Se antes desta requisição, assaz lisonjeira para o Brasil, já oGoverno Imperial se tinha antecipa<strong>do</strong> a dar essa comissão a umrepresentante <strong>do</strong> Império na cortes de Londres e Paris, com igual,senão maior solicitude, o fará hoje que tem estreita<strong>do</strong> mais as suasrelações com a República <strong>do</strong> Paraguai.À vista desta exposição cumpre que V. ... dê este passo benévoloperante o governo junto <strong>do</strong> qual se acha acredita<strong>do</strong>, pelo mo<strong>do</strong> que formais oportuno e conveniente, a fim de que, toman<strong>do</strong> em consideraçãoas razões que ficam expendidas, consiga resolver o mesmo governo areconhecer também explicitamente a independência da República <strong>do</strong>Paraguai.O Governo Imperial confia que V. ... desempenhará esta delicadacomissão com a desteridade e prudência, que são indispensáveis.Deus Guarde a V. ...Antônio Paulino Limpo de Abreu.Senhores:José Marques LisboaInglaterraJosé de Araújo RibeiroFrançaJ. F. de P. C. d’Albuquerque EspanhaAntônio de M. V. de DrummondPortugalSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>ÁustriaL. M. de L. Álvares e Silva RomaR. de Souza da S. Pontes MontevidéuVisconde d’AbrantesPrússiaVisconde de ItabaianaNápolesM. A. d’Araújo Cidades HanseáticasJosé L. A. de CarvalhoSuéciaA. J. Rademaker BélgicaM. de C. Lima Nova GranadaMiguel M. LisboaVenezuelaAntônio de Souza FerreiraPeru123


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>J. da C. Rego Monteiro BolíviaW. Antônio Ribeiro ChileGaspar José LisboaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sJosé Maria <strong>do</strong> AmaralRússia** *AHI 317/01/03Circular de 12/09/1848.N. 10CircularMinistério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1848.No dia 7 <strong>do</strong> corrente, procedeu-se na conformidade da lei àseleições <strong>do</strong>s juízes-de-paz e verea<strong>do</strong>res para a Câmara deste município.Os parti<strong>do</strong>s, como é de costume, formaram suas chapas,pretenden<strong>do</strong> cada um o triunfo de seus candidatos. Até aí, nenhummal vê o Governo Imperial, uma vez que se conservem nos limites deuma verdadeira liberdade, sem coação nem distúrbios quecomprometam o sossego público.O governo, sem se envolver nas eleições, por ser um <strong>do</strong>s pontosde seu programa político o voto livre, atento olhava para o mo<strong>do</strong> de seexercer este precioso direito <strong>do</strong>s cidadãos, pronto a garantir esseexercício se porventura o procurassem embaraçar.Entretanto, alguns ajuntamentos, vozerias e tumulto apareceramna tarde <strong>do</strong> dia 8 <strong>do</strong> corrente pelas ruas desta cidade, a que tem da<strong>do</strong>vulto o parti<strong>do</strong> da oposição nas Câmaras e na imprensa, e a quevitoriosamente tem respondi<strong>do</strong> o governo, restabelecen<strong>do</strong> os fatos efazen<strong>do</strong> publicar as providências que lhe competia tomar, como V. ...verá da parte oficial e da discussão na Câmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>s,nos jornais de hoje e ontem.124


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Os meios suasórios e a energia que logo empregou o governoforam bastantes para dispersarem-se os grupos e logo se restabeleceua ordem e o sossego público.Os acontecimentos na Câmara, na seção de ontem, só serviramde confirmar o acerto e oportunidade das medidas a<strong>do</strong>tadas pelo governoe nenhum receio há que seja alterada a tranqüilidade pública; o queafiançam o espírito da população nesta corte e os meios precisos quetem o governo para abafar, de pronto, eficazmente, quaisquermovimentos desordeiros, que sobrevenham – e assim espero queaconteça nos outros pontos <strong>do</strong> Império, por ocasião de idênticas eleições.Fican<strong>do</strong> V. ... preveni<strong>do</strong> contra as exagerações e os fatos quesoem ocorrer em ocasiões de eleições, o habilito ao mesmo tempo acontrariar publicações que porventura aí apareçam, adulteradas peloespírito de parti<strong>do</strong>, que, sem o mais leve motivo, e antes com gravedano <strong>do</strong> país, pretende que haja planos contra os quais é <strong>do</strong> própriointeresse <strong>do</strong> governo acautelar-se para não estorvar a sua marchaadministrativa, que é só ditada pela lei e reta justiça.Deus guarde a V. ...Barão de Souza Franco.P.S. – Para Marques Lisboa unicamente: “Recomen<strong>do</strong> à V. Exa. encaminhecom prontidão as circulares e os jornais inclusos às legações a que sãodirigi<strong>do</strong>s.”J. M. LisboaJ. A. RibeiroPaulo BarbosaM. Antônio de AraújoJ. S. A. de CarvalhoP. Carvalho de MoraesMoutinhoCavalcantiSérgioJ. M. <strong>do</strong> AmaralDrummondD. J. Gonçalves de MagalhãesA. J. L.Felipe G. Pereira LealRodrigo de S. da Silva Pontes125


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Manoel Cerqueira LimaCaetano M. de Faria e AlbuquerqueAntônio de Souza FerreiraClemente José de MouraBento Gomes de Oliveira** *AHI 317/03/07Circular de 19/06/1849.Circular para o corpo diplomáticoN. 3Em 19 de junho de 1849.Poden<strong>do</strong> dar-se o caso de quererem súditos brasileiros celebrarcasamento nas casas das legações <strong>do</strong> Império e convin<strong>do</strong> tomar sobreeste assunto uma resolução que sirva de instruções às mesmas legaçõesem matéria de tanta transcendência, tanto na parte civil como eclesiástica,houve por bem S. M. O Impera<strong>do</strong>r ordenar, em conformidade daconsulta da seção <strong>do</strong>s Negócios da Justiça <strong>do</strong> Conselho de Esta<strong>do</strong>, quenão pode ter lugar aquela celebração, sem que concorramsimultaneamente com as circunstâncias seguintes:1ª) que ambos os nubentes sejam súditos brasileiros;2ª) que se apresentem competentemente habilita<strong>do</strong>s para contrairmatrimônio, com to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos e justificações que exigem asleis da Igreja e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no Brasil;3ª) que provem a impossibilidade de satisfazer as outras condiçõesque, além das que acima ficam referidas, sejam porventura ordenadaspelas leis <strong>do</strong> país aonde residem.As justificações e <strong>do</strong>cumentos de que se faz menção no número<strong>do</strong>is deverão ser legaliza<strong>do</strong>s na Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios daJustiça, se tiverem si<strong>do</strong> processa<strong>do</strong>s no Império, e pelo respectivocônsul brasileiro, se o processo tiver si<strong>do</strong> feito em país estrangeiro; e a126


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870prova a que se manda proceder no número três deverá ser feita pormeio de <strong>do</strong>cumentos ou de testemunhas fidedignas, perante o mesmocônsul. O processo, assim legaliza<strong>do</strong>, será apresenta<strong>do</strong> ao ministro <strong>do</strong>Brasil, o qual, neste caso, poderá, não achan<strong>do</strong> inconveniente, concederlicença para celebrar-se o matrimônio na casa da legação, em presença<strong>do</strong> pároco, ou de outro sacer<strong>do</strong>te, com licença <strong>do</strong> mesmo pároco, ou<strong>do</strong> ordinário, e de duas ou três testemunhas, como determina o ConcílioTridentino.O que comunico a V. ... para sua devida inteligência e governo.Deus guarde a V. ...Sr. ... .Visconde de Olinda.** *AHI 317/03/08Circular de 07/01/1850. Índice: “Cortejo no dia09/01/1850 pelo aniversário <strong>do</strong> dia em que o sr.D. Pedro I declarou ficar no Brasil.”Circular para o corpo diplomático estrangeiro na corteN. 17 de janeiro de 1850.S. M. O Impera<strong>do</strong>r receberá os cortejos <strong>do</strong> corpo diplomático em9 <strong>do</strong> mês corrente pela uma hora da tarde, no Paço da cidade, por sero aniversário <strong>do</strong> dia em que o senhor D. Pedro I, de sau<strong>do</strong>sa memória,declarou ficar no Brasil. O que tenho a honra de participar ao sr. ...para seu conhecimento, renovan<strong>do</strong>-lhe as expressões etc.Paulino José Soares de Souza.127


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ao sr.VasconcelosTodMedemGui<strong>do</strong>LamasPicoletDelavatHudsonSt. GeorgesMerollaSonnleithnerMorsingVieira BorgesLannoyPortugalEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sRússiaC. ArgentinaE. OrientalSardenhaEspanhaInglaterraFrançaNápolesÁustriaSuécia e NoruegaRomaBélgica** *AHI 317/01/03Circular de 28/06/1850.CircularN. 5.Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.Rio de Janeiro em 28 de junho de 1850.Convin<strong>do</strong> que V. ... tenha exato conhecimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> emque se acha na atualidade a epidemia que desgraçadamente atacoualgumas províncias <strong>do</strong> Império, cumpre-me informá-lo de que, nestacorte e província, há vinte <strong>do</strong>s raros casos que aparecem, pode elaconsiderar-se quase de to<strong>do</strong> extinta; e bem assim, segun<strong>do</strong> as últimasnotícias recebidas, no litoral da província de São Paulo, na Bahia,Pernambuco, Paraíba e Alagoas, declinan<strong>do</strong> em Sergipe, onde foramuito benigna, e reinan<strong>do</strong> ainda no Pará, com alguma intensidade.128


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O que comunico a V. ..., para a sua inteligência, e a fim de fazerdesta participação o uso que parecer acerta<strong>do</strong>.** *AHI 317/03/07Circular de 06/09/1850. Índice: “Medidasa<strong>do</strong>tadas para repressão <strong>do</strong> tráfico, que foipublicada no Jornal <strong>do</strong> Commercio de 5 desetembro; que vai subir à sanção imperial a leisobre terras e colonização; projeto de lei sobreos empregos de diplomacia (manda ler esteprojeto no jornal de 4 de agosto).”N. 6Circular para o corpo diplomático brasileiro na Europa e América6 de setembro de 1850.Convin<strong>do</strong> que V. ... tenha conhecimento das medidas a<strong>do</strong>tadaspara a repressão <strong>do</strong> tráfico de africanos no Império, chamo a suaatenção sobre a lei que acaba de ser sancionada, e publica o Jornal<strong>do</strong> Commercio de ontem, em virtude da qual se esforçará o GovernoImperial em fazer efetiva aquela repressão.Aproveito também esta ocasião para comunicar-lhe igualmenteque já passou nas Câmaras e vai subir à sanção imperial o projetode lei sobre terras devolutas e colonização, e que toda relação temcom o objeto daquela lei.Sen<strong>do</strong> há muito tempo reconhecida a necessidade de darestabilidade e garantias aos que se dedicam à carreira diplomática,propus com outros sena<strong>do</strong>res, na sessão da câmara <strong>do</strong>s mesmossena<strong>do</strong>res de 4 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, o projeto que V. ... lerá nojornal desse dia, o qual passou em terceira discussão com algumasemendas, que não alteram em nada as suas bases, e vai sersubmeti<strong>do</strong> à da Câmara <strong>do</strong>s srs. deputa<strong>do</strong>s para ser converti<strong>do</strong>,afinal, em lei.129


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Os <strong>do</strong>is primeiros assuntos será bom que faça publicar pelaimprensa desse país.Deus Guarde a V. ...Paulino José Soares de Souza.Srs.Paulo Barboza da SilvaÁustriaAntônio de Menezes Vasconcellosde DrummondPortugalJosé Maria <strong>do</strong> AmaralFrançaJoaquim Thomaz <strong>do</strong> AmaralInglaterraAntônio José RademakerBélgicaMarcos Antônio de AraújoCidades HanseáticasJosé Sebastião Affonso de Carvalho DinamarcaJ. F. de Paula C. d‘Albuquerque EspanhaPedro Carvalho de MoraesTurimLuís Pereira SodréRússiaDomingos José Gonçalves de Magalhães NápolesL. Moutinho de Lima Álvares e Silva RomaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sRodrigo de Souza da Silva Pontes R. OrientalAntônio José LisboaBolíviaPedro d’Alcântara BellegardeParaguaiAntônio de Souza FerreiraPeruJoão da Costa Rego MonteiroChile** *AHI 317/03/07Circular de 27/01/1851. Índice: “Para que se nãodê, nem se vise passaporte a homens libertosque não forem brasileiros.”Circular para as legações e consula<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Brasil na Europa e América130


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870N. 127 de janeiro de 1851.Proibin<strong>do</strong> a lei de 7 de novembro de 1831 que se admitam noBrasil homens libertos que não forem brasileiros, cumpre que V. ... nãodê, nem vise passaporte, a tais indivíduos, que pretendam vir para oImpério, excetuan<strong>do</strong> unicamente aqueles que apresentarem passaporteem que se mostre haverem saí<strong>do</strong> daqui como brasileiros livres, oucomo escravos (sen<strong>do</strong> crioulos) de súditos brasileiros. Os que saíremfazen<strong>do</strong> parte da equipagem de algum navio brasileiro mostrarão essacircunstância por uma certidão da respectiva matrícula de maneira quefaça fé.Deus Guarde a V. Mercê.Srs.Paulino José Soares de Souza.Rodrigo de Souza da Silva PontesClemente José de MouraJoão da Costa Rego MonteiroAntônio José LisboaAntônio de Souza FerreiraSaul SolomonPedro d’Alcântara BellegardeSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Antônio de M. Vasconcellos de DrummondJosé Francisco de Paula Cavalcantide AlbuquerqueJosé Maria <strong>do</strong> AmaralPedro Carvalho de MoraesLuís Moutinho de Lima Álvares e SilvaDomingos José Gonçalves de MagalhãesJoaquim Thomaz <strong>do</strong> AmaralMarcos Antônio de AraújoJoão Diogo SturzAntônio José RademakerHermegenil<strong>do</strong> [sic] Frederico NitherohyEsta<strong>do</strong> OrientalConf. ArgentinaChileBolíviaPeruSanta HelenaParaguaiEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sPortugalEspanhaFrançaTurimRomaNápolesInglaterraCidadesHanseáticasPrússiaBélgicaSibéria131


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>João Alves de BritoJosé Sebastião Affonso de CarvalhoLuís Pereira SodréJoaquim Pereira Vianna de LimaJuvêncio Maciel da RochaAntônio Januário da SilvaJoão Pascoe GrenfellJosé Bernar<strong>do</strong> de Figueire<strong>do</strong>Vicente Ferreira da SilvaVicente SavyHenrique Augusto HauptvogelErnesto Antônio de Souza LecomteLuís Henrique Ferreira d’AguiarManoel Vieira BragaAlexandrino Antônio de MelloÁustriaDinamarcaRússiaÁustriaFrançaEspanhaInglaterraNápolesPortugalAnconaRússiaGenovaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong> OrientalMacau** *AHI 317/01/03Circular de 13/01/1852.CircularCópiaRio de Janeiro em 13 de janeiro de 1852.Em conformidade da lei provincial sob n. 229 de 4 de dezembroúltimo, autorizan<strong>do</strong> o governo da província de São Pedro <strong>do</strong> Sul a nomearagentes que promovam na Europa a emigração para aquela parte <strong>do</strong>Império, nomeou a presidência da mesma província a Pedro Klendgenpara esta comissão, contratan<strong>do</strong> logo com ele a emigração de <strong>do</strong>is milcolonos agrícolas.Este agente vai muni<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os esclarecimentos oficiais paradestruir os preconceitos e artigos malévolos que existem aí contra aemigração de colonos para este país.Portanto, logo que aí se apresente o dito P. Klendgen emdesempenho de sua comissão, V. Mercê deverá por sua parte coadjuvá-132


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870lo por to<strong>do</strong>s os meios que possam facilitá-la; e, sobretu<strong>do</strong>, recomen<strong>do</strong>lhea maior morigeração <strong>do</strong>s colonos que tiverem de ser engaja<strong>do</strong>s.O que comunico a V. ... para a sua inteligência e execução.Deus guarde a V. ... .S. de S.** *AHI 317/03/07Circular de 11/02/1852. Índice: “Notícia <strong>do</strong> triunfo<strong>do</strong> exército alia<strong>do</strong>...”Circular para o corpo diplomático brasileiro na Europa e América11 de fevereiro de 1852.Junto achará V. ... o Jornal <strong>do</strong> Commercio de hoje no qual lerá aimportantíssima notícia, trazida pelo vapor Prince, chega<strong>do</strong> ontem <strong>do</strong>rio da Prata, <strong>do</strong> triunfo <strong>do</strong> exército alia<strong>do</strong> em Buenos Aires e da fuga <strong>do</strong>general Rosas para bor<strong>do</strong> de um vapor de guerra inglês.Deus Guarde a V. ...Srs.Paulino José Soares de Souza.José Marques LisboaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Antônio de Menezes Vasconcellosde DrummondFrancisco A<strong>do</strong>lpho VarnhagenJosé Bernardes de Figueire<strong>do</strong>Marcos Antônio de AraújoDomingos José Gonçalves de MagalhãesFrançaInglaterraPortugalEspanhaRomaCidades HanseáticasNápoles133


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Duarte da Ponte RibeiroR. <strong>do</strong> PacíficoPedro Carvalho de MoraesBélgicaRodrigo de Souza da Silva PontesRepública OrientalJosé Sebastião Affonso de Carvalho Suécia e NoruegaLuís Pereira SodréEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sJoão Alves de BritoÁustriaPedro de Alcântara BellegardeParaguaiAntônio de Souza FerreiraPeruJ. da Costa Rego Monteiro BolíviaJoaquim Caetano da SilvaHaia** *AHI 317/03/07Circular de <strong>04</strong>/03/1852. Índice: “Sementes eplantas requisitadas pela SociedadeAuxilia<strong>do</strong>ra.”Circular para o corpo diplomático brasileiro na Europa e América4 de março de 1852.No aviso da cópia inclusa verá V. ... a requisição que ao sr. ministro<strong>do</strong> Império fez a Sociedade Auxilia<strong>do</strong>ra da Indústria Nacional desementes e plantas de to<strong>do</strong>s os países, que possam ser cultivadas comvantagem no Brasil, e as informações com que convém que sejasatisfeita.Recomen<strong>do</strong> portanto a V. ... que empregue toda a diligência parase preencher os fins daquela requisição.As remessas de que fala o sr. ministro <strong>do</strong> Império devem serdiretamente dirigidas ao ministério, a seu cargo, na forma indicada;mas antes, deve V. ... enviar o orçamento da despesa provável comeste objeto, para ser posta à sua disposição a soma que for necessária.Deus Guarde a V. ...Paulino José Soares de Souza.134


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Srs.José Marques LisboaSérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>Antônio de Menezes Vasconcellosde DrummondFrancisco A<strong>do</strong>lfo VarnhagenJosé Bernardes de Figueire<strong>do</strong>Marcos Antônio de AraújoDomingos José Gonçalves MagalhãesDuarte da Ponte RibeiroPedro Carvalho de MoraesRodrigo de Souza da Silva PontesJosé Sebastião Affonso de CarvalhoLuís Pereira SodréJoão Alves de BritoPedro de Alcântara BellegardeAntônio de Souza FerreiraJoão da Costa Rego MonteiroJoaquim Caetano da SilvaJosé Ribeiro da SilvaFrançaInglaterraPortugalEspanhaRomaCidades HanseáticasNápolesR. <strong>do</strong> PacíficoBélgicaR. OrientalSuécia e NoruegaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sÁustriaParaguaiPeruBolíviaHolandaRússia[Anexo] 34ª SeçãoCircularMinistério <strong>do</strong>s Negócios <strong>do</strong> Império.Rio de Janeiro, em 22 de janeiro de 1852.Ilmo. e Exmo. sr.Representan<strong>do</strong> a Sociedade Auxilia<strong>do</strong>ra da Indústria Nacional aconveniência da expedição das necessárias ordens aos agentes consulares<strong>do</strong> Império nos diversos países <strong>do</strong> globo para que enviem sementes eplantas de to<strong>do</strong>s os vegetais indígenas que se cultivam com vantagem –quer pela sua madeira, tinta, goma ou resina, quer pelo seu fruto, pelassuas virtudes medicinais, ou outro qualquer préstimo – fazen<strong>do</strong>3N. E. – O <strong>do</strong>cumento não foi arquiva<strong>do</strong> anexo à circular. Por significativo, foi transcrito de AHI271/<strong>04</strong>/20.135


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>acompanhar as ditas sementes e plantas de memórias ou informaçõestão completas quanto for possível sobre a maneira de as cultivar, terrenosque melhor lhes convém, épocas da plantação e to<strong>do</strong>s os maisesclarecimentos precisos para a sua boa cultura e emprego. Rogo a V.Exa. se sirva de ordenar às diversas legações imperiais para que tenhalugar aquela remessa a esta Secretaria de Esta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> ela repetidacom intervalo de três anos de uma a outra, a fim de que, com a renovaçãodas mesmas sementes e plantas, não degenerem as espécies queenviarem; prevenin<strong>do</strong> as mesmas legações que deverão enviar umorçamento da despesa provável com este objeto, para ser posta à suadisposição a soma necessária pelo Ministério e meu cargo.Deus Guarde a V. Exa.Visconde de Montalegre.Sr. Paulino José Soares de Sousa.Conforme:J. M. N. de Azambuja.** *AHI 317/01/03Circular de 19/01/1853.Circular para os cônsules estrangeiros na corteRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 19 de janeiro de 1853.Tenho a honra de transmitir ao sr. cônsul ... a cópia inclusa <strong>do</strong>decreto n. 1103 de 3 <strong>do</strong> corrente, pelo qual S. M. O I., sempre solícitopelo bem-estar de todas as classes de seus fiéis súditos e <strong>do</strong>s136


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870estrangeiros que freqüentam o porto desta capital para com elescomerciar, houve por bem fundar um hospital com a denominaçãode Hospital Marítimo de S. Isabel, no qual serão para o futuro trata<strong>do</strong>s,com toda a humanidade e no gozo das possíveis comodidades, osmarinheiros e mais pessoas de bor<strong>do</strong> das embarcações, quechegarem a este porto sofren<strong>do</strong> moléstias contagiosas ou suspeitas,ou forem acometi<strong>do</strong>s delas depois de sua chegada; procuran<strong>do</strong>-sepor esta forma evitar quer a transmissão para a população da cidadede um mal novo, quer o aumento de intensidade de algum existentepela aglomeração no meio dela <strong>do</strong>s infecciona<strong>do</strong>s, procedentes dasreferidas embarcações.Fazen<strong>do</strong> esta participação ao sr. ... rogo-lhe queira concorrer desua parte em conformidade <strong>do</strong> artigo 20 <strong>do</strong> dito decreto para arealização daquele importante ato e seja para ela um <strong>do</strong>s elementosmais eficazes.Reitero ao sr. os protestos de minha estima e consideração.P. J. S. de S.** *Relatório da RepartiçãoAnexo <strong>Nº</strong> – n. 8.Circular 4 <strong>do</strong> Governo ImperialRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 7 de novembro de 1853.Os trata<strong>do</strong>s sobre a livre navegação <strong>do</strong>s rios Paraná e Uruguai,celebra<strong>do</strong>s em S. José de Flores pelo general Urquiza, como diretorprovisório da Confederação Argentina, em 10 de julho <strong>do</strong> corrente ano,com os plenipotenciários da Inglaterra e da França, e em 27 <strong>do</strong> mesmo4N.E. - Brasil. Repartição <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Relatório. Rio de Janeiro: 1854. AnexoN, n. 8137


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>mês com o plenipotenciário <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, motivaram o protestode 31 de agosto último, feito pelo governo de Buenos Aires e remeti<strong>do</strong>com nota separada ao governo de S. M. Britânica, ao Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>sfranceses e ao presidente <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, como participou aogoverno de S. M. O Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, nosso Augusto Soberano, oministro e secretário de Esta<strong>do</strong> da repartição <strong>do</strong> Governo e RelaçõesExteriores da província de Buenos Aires, por nota datada <strong>do</strong> mesmo dia31 de agosto, transmitin<strong>do</strong> com ela uma cópia <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s eoutra <strong>do</strong> protesto feito.Depois disto, o governo de Buenos Aires publicou, com a data de28 de setembro último, um memorandum, que tem por fim confirmar edesenvolver os princípios em que se fundara o protesto e insistir sobre ajustiça das conclusões que nele se tinham estabeleci<strong>do</strong>. V. S. acharácom este aviso os <strong>do</strong>cumentos a que me refiro.Julgo <strong>do</strong> meu dever chamar a atenção de V. S. para o que seestipula nos artigos 5 º , 6 º e 7 º <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s. Estas estipulações, se nãoforem razoavelmente entendidas conforme as regras imprescritíveis dajustiça e os princípios <strong>do</strong> direito público universal, podem ofender osdireitos que tem o Brasil como nação soberana e, por isso, releva nãodeixar que passem desapercebidas, para que não se aleguem jamaiscomo precedentes consenti<strong>do</strong>s e reconheci<strong>do</strong>s pelo governo de S. M. OImpera<strong>do</strong>r.Diz o art. 5 º : “As altas partes contratantes, reconhecen<strong>do</strong> que ailha de Martim Garcia pode, pela sua posição, embaraçar e impedir alivre navegação <strong>do</strong>s confluentes <strong>do</strong> rio da Prata, convêm em empregara sua influência para que a posse da dita ilha não seja retida, nemconservada por nenhum Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio da Prata, ou <strong>do</strong>s seus confluentes,que não tiver da<strong>do</strong> a sua adesão ao princípio de livre navegação.”O governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r não crê que o de S. M. Britânicatenha em vista, na disposição deste artigo, privar da soberania da ilhade Martim Garcia a um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio da Prata que podemdisputá-la, a saber, a província de Buenos Aires e a República Oriental <strong>do</strong>Uruguai; e menos ainda, que haja de concorrer com a sua influênciapara que a soberania da dita ilha seja devolvida a uma potência daEuropa ou aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América <strong>do</strong> Norte, na hipótese deque nem um Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio da Prata ou <strong>do</strong>s seus confluentes quisessedar a sua adesão ao princípio da livre navegação <strong>do</strong>s seus rios interiores.A injustiça neste caso seria tão manifesta como escandalosa.Os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio da Prata e os seus confluentes podem concederou negar a navegação <strong>do</strong>s seus rios interiores a nações não-ribeirinhas.É um direito que lhes pertence e que podem exercer, atenden<strong>do</strong>unicamente aos seus interesses e circunstâncias. Pretender a conversãode um direito em obrigação forçada e não convencional a favor de138


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870outras nações e, além disto, cominar a pena de perda de território <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> que não quiser sujeitar-se a uma tal obrigação, seria o maisintolerável abuso da força; e o governo de S. M. Imperial está convenci<strong>do</strong>de que este procedimento é repugnante com os princípios de sã política,que regulam os atos <strong>do</strong> governo de S. M. Britânica.A artigo 6 º dispõe o seguinte: “Se suceder (o que Deus nãopermita), que haja guerra entre qualquer <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, repúblicas, ouprovíncias, <strong>do</strong> Rio da Prata ou <strong>do</strong>s seus confluentes, a navegação <strong>do</strong>srios Paraná e Uruguai ficará livre para a bandeira mercante de todas asnações.Não haverá exceção a este princípio, senão com relação àsmunições de guerra, como são as armas de toda espécie, a pólvora, ochumbo, e as balas de artilharia.”O governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r tem por evidente que estadisposição não obriga senão os governos daqueles esta<strong>do</strong>s, que forampartes no trata<strong>do</strong>.Pelo que o Governo Imperial não pode renunciar ao direito quepertence ao Brasil, como nação soberana, de exercer o direito de bloqueiosem distinção de lugar, em to<strong>do</strong>s os casos (que Deus não permitamque aconteçam) em que o exercício deste direito é autoriza<strong>do</strong> pelosprincípios <strong>do</strong> direito das gentes e pela prática das nações.O governo <strong>do</strong> Brasil, porém, já mostrou que não recorrerá a estemeio, tão prejudicial ao comércio <strong>do</strong>s neutros e, às vezes, de umaeficácia duvi<strong>do</strong>sa, senão quan<strong>do</strong> não puder absolutamente dispensá-lopara fazer valer os seus direitos.Viva deve estar ainda a lembrança da guerra que o governo <strong>do</strong>Brasil foi obriga<strong>do</strong> a sustentar contra o dita<strong>do</strong>r Rosas. Esta guerra concluiusegloriosamente para o Brasil e para os seus alia<strong>do</strong>s sem que, emtempo algum, se empregasse a medida <strong>do</strong> bloqueio. É um precedenteque nos honra e é também uma prova e uma garantia da política liberale justa que dirigirá em casos semelhantes o governo de S. M. OImpera<strong>do</strong>r.Finalmente o artigo 7º diz o seguinte: “Reserva-se expressamentea S. M. o Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, aos governos <strong>do</strong> Paraguai, Bolívia eEsta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai a faculdade de se tornarem partes no presentetrata<strong>do</strong>, no caso em que estejam dispostos a aplicar os princípios <strong>do</strong>mesmo trata<strong>do</strong> às partes <strong>do</strong> rio Paraná, Paraguai e Uruguai, nos quaispossam possuir, respectivamente, direitos fluviais.”Prescindin<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo adicional da convenção preliminar de paz de27 de agosto de 1828, o governo de S. M. Britânica sabe que, peloartigo 18 <strong>do</strong> convênio de 29 de maio de 1854 e pelo artigo 14 <strong>do</strong>convênio de 21 de novembro <strong>do</strong> mesmo ano, se acha estipula<strong>do</strong> ereconheci<strong>do</strong> o direito que têm o Império <strong>do</strong> Brasil, a Confederação Argentina139


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>e a República Oriental <strong>do</strong> Uruguai à livre navegação <strong>do</strong>s rios de que estasnações são ribeirinhas, sem outra cláusula ou condição mais <strong>do</strong> queestabelecerem os regulamentos para a polícia e segurança da dita navegação.Portanto, é fora de dúvida que estas estipulações subsistem emtoda a sua plenitude e vigor; que nem uma alteração podem nelas produziros trata<strong>do</strong>s, celebra<strong>do</strong>s em S. José de Flores e que, conseguintemente,o exercício <strong>do</strong>s direitos reconheci<strong>do</strong>s ao Império pelos pactos anterioresnão pode ficar sujeito a novas condições introduzidas sem audiência,nem consentimento <strong>do</strong> Governo Imperial.Tal é, sr. ministro, o pensamento <strong>do</strong> governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>rsobre os trata<strong>do</strong>s, de que tenho feito menção, e cumpre que V. S. assimo declare ao governo de S. M. Britânica, procuran<strong>do</strong> ter para este fimuma conferência com o ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, a quempoderá dar uma cópia deste despacho.Deus guarde a V. S.Ao sr. Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Na mesma conformidade, aos srs.: José Marques Lisboa, envia<strong>do</strong>extraordinário e ministro plenipotenciário de S. M. O Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasilem França e Francisco Ignácio de Carvalho Moreira, envia<strong>do</strong> extraordinárioe ministro plenipotenciário em Washington.** *AHI 317/01/03Circular de 05/12/1853.Circular aos consula<strong>do</strong>s imperiaisRio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1853.O cônsul-geral <strong>do</strong> Brasil nas Cidades Hanseáticas deu ao meuantecessor, em data de 3 de julho último, a notícia da afluência em140


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Hamburgo de marujos brasileiros, engaja<strong>do</strong>s por capitães de naviosestrangeiros para suprir o desfalque ocasiona<strong>do</strong> em sua tripulaçãopela febre amarela e aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s logo que chegam à Europa.Observou também o mesmo cônsul, no seu menciona<strong>do</strong> ofício,que alguns desses capitães se conduzem de maneira pouco digna,porque abusam da ignorância <strong>do</strong>s nossos marinheiros para lhesfixarem nas matrículas soldadas excessivamente baixas e derrisórias;dan<strong>do</strong> para exemplo um marinheiro ali chega<strong>do</strong> da Bahia, queafirmava diante <strong>do</strong> capitão <strong>do</strong> navio hamburguês Francisca haverajusta<strong>do</strong> com ele à razão de 26 thalers por mês, enquanto o ditocapitão apresentava a matrícula em alemão, legalizada pelo seucônsul, em que essa soldada se achava designada à razão de 7thalers prussianos.À vista disto, representava aquele agente consular anecessidade de prontas medidas para fazer cessar esse esta<strong>do</strong> decoisas tão prejudicial aos marinheiros brasileiros; o que, sen<strong>do</strong>transmiti<strong>do</strong> à repartição da Marinha com o aviso desta Secretariade Esta<strong>do</strong> de 12 de agosto último, tive em resposta o decreto de13 de novembro próximo passa<strong>do</strong>, em que o sr. ministro da Marinhame informa que, de acor<strong>do</strong> com o que propuseram o auditor-geralda Marinha, em ofício de 31 de agosto último, e o capitão desteporto, em outro de 11 de novembro fin<strong>do</strong>, expedira na mesmadata, além das medidas mandadas a<strong>do</strong>tar para proteger os ditosmarinheiros, as necessárias ordens a fim de que sejam os referi<strong>do</strong>scapitães compeli<strong>do</strong>s a fazer em o nosso idioma o contrato deengajamento de cada um com declaração da soldada, que deveráser assina<strong>do</strong> por eles, rubricada pelo respectivo cônsul e entreguedepois ao indivíduo a quem pertencer, para lhe servir de título epoder, logo que chegar ao porto <strong>do</strong> seu destino, reclamar ocumprimento <strong>do</strong> que com ele se ajustou, fazen<strong>do</strong>-se igual declaraçãono rol da equipagem <strong>do</strong> navio.Estas medidas que o sr. ministro da Marinha acaba de a<strong>do</strong>tar,e eu a V. Mce. transmito para seu conhecimento, bastarãoporventura para acautelar os interesses <strong>do</strong>s marujos brasileiros,prevenin<strong>do</strong>-os de serem iludi<strong>do</strong>s pelos capitães de naviosestrangeiros que os engajarem dentro <strong>do</strong> Império.D. G. a V. Mce.** *141


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/03Circular de 12/12/1853.Confidencial para os presidentes das províncias,datada de 12 de dezembro de 1853.Exmo. amigo e sr.Já oficiei hoje a V. Exa. comunican<strong>do</strong>-lhe a notícia que metransmitiu o envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário deS. M. Britânica nesta corte de que na Bahia se tinha ultimamentedespacha<strong>do</strong> para a costa da África algumas embarcações portuguesase de outras nações com meia carga de tabaco e aguardente, levan<strong>do</strong>por baixo desta carga vasilhame e outros objetos destina<strong>do</strong>s aotráfico, e de que algumas destas embarcações, assim carregadas,tinham já chega<strong>do</strong> à enseada de Benim; e já recomendei a V. Exa.mui eficazmente que examinasse estes fatos e providenciasse,ativan<strong>do</strong> o cruzeiro e o zelo das autoridades territoriais a fim deque, no caso de qualquer tentativa de desembarque de escravos,efetue a apreensão seja no mar ou em terra.Agora dirijo-me a V. Exa. novamente, por este meioconfidencial, para repetir o que já de ofício lhe participei e paradizer-lhe que é preciso que V. Exa. verifique bem como se fez odespacho de tais embarcações sem que nenhum emprega<strong>do</strong> civil efiscal soubesse nem suspeitasse que por baixo da carga estavamescondi<strong>do</strong>s objetos destina<strong>do</strong>s ao tráfico, para poder ter lugar aapreensão de tais embarcações por tentativa <strong>do</strong> crime deimportação de escravos.V. Exa. não ignora que os traficantes não descansam, nemdesanimam. A fome <strong>do</strong> ouro dá-lhes audácia para empreenderemto<strong>do</strong>s os meios de afrontarem as leis e é necessário opor a maisviva e eficaz resistência às suas infames especulações. Portanto,permita-me V. Exa. que eu apele para o seu patriotismo e lhe rogueque empenhe to<strong>do</strong> o seu zelo e atividade na repressão <strong>do</strong> tráfico.É indispensável que os cruza<strong>do</strong>res estejam muito vigilantes.Se os comandantes não tiverem olhos de lince ou, por qualqueroutro motivo, não forem suficientemente idôneos, V. Exa. representepara irem outros capazes de desempenhar melhor a comissão. Devehaver também muito cuida<strong>do</strong> com as autoridades territoriais. Seelas não cumprirem os seus deveres e as instruções que têm para142


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870reprimirem o tráfico – punin<strong>do</strong> os que nele se envolverem, obstan<strong>do</strong>a qualquer desembarque – ou não fazen<strong>do</strong> apreensão <strong>do</strong>s escravosque desembarcarem, convém responsabilizá-los e substituí-losimediatamente.Tu<strong>do</strong> isto é indispensável para que não aconteça algumdesembarque e os importa<strong>do</strong>res não iludam a vigilância <strong>do</strong>s cruzeirose das autoridades territoriais.Será um grande mal para o país se infelizmente se verificarqualquer desembarque de africanos no território <strong>do</strong> Brasil e daíresultarão também para o governo graves complicações edificuldades. V. Exa. conhece isto perfeitamente e, assim, estou certode que aplicará toda a sua atenção e os recursos de que dispõe paraevitar esta calamidade.Conto com a dedicação de V. Exa. em preencher as vistas <strong>do</strong>Governo Imperial.Queira V. Exa. aceitar as expressões de perfeita estima econsideração com que tenho a honra de ser de V. Exa. amigo emuito afetuoso venera<strong>do</strong>r.Antônio Paulino Limpo de Abreu.Sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/03Circular de 19/01/1854, ao corpo diplomáticoestrangeiro.Rio de Janeiro. Em 19 de janeiro de 1854.Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.O abaixo assina<strong>do</strong> ministro e secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros recebeu ordem de S. M. O Impera<strong>do</strong>r, seu AugustoSoberano, para fazer ao corpo diplomático a seguinte comunicação.143


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Quan<strong>do</strong> pela convenção preliminar de paz celebrada entre o Império<strong>do</strong> Brasil e a República Argentina em 27 de agosto de 1828 se criou onovo Esta<strong>do</strong>, que tomou o nome de República Oriental <strong>do</strong> Uruguai, foireconhecida pelas duas altas partes contratantes e pela Grã-Bretanha,que assistiu àqueles ajustes, a necessidade de intervenção e proteçãoestranha, para poder consolidar-se a paz, estabelecer-se e sustentar-seum governo regular naquele país.Diversas estipulações se a<strong>do</strong>taram naquela convenção, as quaistinham por objeto satisfazer à necessidade que se havia reconheci<strong>do</strong>.Pelos artigos 4º, 5º e 6º proveu-se sobre a livre eleição de representantese sobre a eleição por eles feita de um governo provisório; pelo artigo 7ºse lhes impôs a obrigação de formar uma constituição política, que antesde ser jurada devia ser examinada por comissários <strong>do</strong>s governoscontratantes; pelo artigo 9º sancionou-se o absoluto e perpétuoesquecimento <strong>do</strong>s atos e opiniões anteriores; e ultimamente, pelo artigo10º, estipulou-se a intervenção <strong>do</strong>s governos contratantes, durante cincoanos, em favor <strong>do</strong> governo legal, uma vez que a tranqüilidade e asegurança pública fossem perturbadas pela guerra civil.A guerra civil, que se receava, apareceu. Porém, deven<strong>do</strong> aintervenção ser ato coletivo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is governos contratantes, não estan<strong>do</strong>previstos nem defini<strong>do</strong>s os meios de levá-la a efeito e não se harmonizan<strong>do</strong>as vistas <strong>do</strong>s que deviam executá-la pelos notórios projetos <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>rRosas desde que assumiu o governo de Buenos Aires, a intervenção nãose realizou e a guerra civil tomou as proporções e produziu as complicaçõesque motivaram a mediação da França e da Inglaterra, em 1842, e aintervenção destas duas potências, desde 1845.Os sofrimentos que tão lamentável esta<strong>do</strong> de coisas impunha aoBrasil chegaram a ser insuportáveis.A constante agitação em que estiveram as suas fronteiras <strong>do</strong> sulobrigou o governo a conservar aí, em pé de guerra, com enormes despesase sacrifícios, forças consideráveis.Os brasileiros, estabeleci<strong>do</strong>s em grande número no Esta<strong>do</strong> Oriental,foram vexa<strong>do</strong>s e oprimi<strong>do</strong>s em suas pessoas e arruina<strong>do</strong>s em suaspropriedades.O interesse político que o Brasil tinha e continua a ter na conservaçãoda independência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental, comprometi<strong>do</strong> durante to<strong>do</strong> estetempo, estava já a ponto de perecer.Para cúmulo de tantos males, a consumação da absorção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Oriental pelo dita<strong>do</strong>r Rosas colocava o Império no perigo de uma guerraimediata; de uma guerra que já se anunciava e que era absolutamenteinevitável.Nessa situação, o governo <strong>do</strong> Brasil resolveu precaver-se eorganizou para esse fim a coalizão de 1851, que libertou o Esta<strong>do</strong>144


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Oriental e pôs termo à tirania de d. João Manuel de Rosas no Rio daPrata.O Esta<strong>do</strong> Oriental, contu<strong>do</strong>, ao entrar no gozo da sua liberdade,achou-se numa situação deplorável.A campanha havia si<strong>do</strong> devastada e a cidade de Montevidéuhavia sacrifica<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> quanto um povo pode sacrificar, durante sualonga e heróica defesa. A população havia diminuí<strong>do</strong> tanto, que a repúblicacontava apenas 130 mil habitantes.A criação, que é a sua única indústria, estava quase completamentearruinada pelo aniquilamento <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>.Os capitães haviam desapareci<strong>do</strong>. Os hábitos <strong>do</strong> trabalho estavamesqueci<strong>do</strong>s. As propriedades e as rendas públicas tinham si<strong>do</strong> alienadaspor longo tempo, pesava sobre elas uma dívida relativamente enorme,a qual verificou-se depois que montava a mais de quarenta milhões depesos fortes e uma grande parte da população reclamava <strong>do</strong> governosubsistência, recompensas ou indenizações.O envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário da repúblicanesta corte, apresentan<strong>do</strong> este lúgubre quadro e manifestan<strong>do</strong> comele os perigos que correria a mesma nacionalidade de seu país se nãofosse forte e generosamente auxiliada, solicitou ao governo <strong>do</strong> Brasil,em nome <strong>do</strong> seu governo, o auxílio de que este carecia. O mesmoministro propôs e apresentou os projetos <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s que se concluíramem 12 de outubro de 1851.Estes trata<strong>do</strong>s, que removeram as questões pendentes entre os<strong>do</strong>is países, como meio de chegar a uma aliança sólida, fundaram estaaliança sobre as mesmas bases da Convenção de 1828, desenvolven<strong>do</strong>asmelhor e completan<strong>do</strong>-as.Corrigiu-se pelos artigos 5º e 6º <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Aliança de 1851 acausa que impossibilitava a intervenção estipulada no artigo 10º daConvenção de 1828. A ação <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Brasil não ficou dependenteda vontade <strong>do</strong> governo argentino; porém, ao mesmo tempo, o governoargentino não ficou excluí<strong>do</strong>, nem foi alterada a posição que lhe dá aConvenção de 1828.O artigo 14 <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Aliança de 12 de outubro de 1851 diztextualmente que as duas altas partes contratantes convidavam aosesta<strong>do</strong>s argentinos a que, aceden<strong>do</strong> às estipulações que precedem, façamparte da aliança, nos termos da mais perfeita igualdade e reciprocidade.Fiel, assim, com escrupulosa religiosidade à política da convençãode 1828, dispensou o Brasil, com mão larga, a proteção que lhe foipermiti<strong>do</strong> dar ao Esta<strong>do</strong> Oriental.Infelizmente, as suas intenções não foram bem apreciadaspelos que tomaram a direção <strong>do</strong>s negócios públicos daquele país,nem a própria situação <strong>do</strong> país foi por eles bem compreendida.145


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>As mesmas estipulações <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>, que garantiam os direitos deto<strong>do</strong>s os habitantes nacionais e estrangeiros - os que estabeleciam basespara o renascimento <strong>do</strong> crédito público, garantias à paz e confiança nofuturo <strong>do</strong> país - foram menos bem apreciadas.Foi neste esta<strong>do</strong> de coisas que se operou uma mudança políticanaquele país. O país pareceu aceitar aquela mudança e nenhum esforçofez para sustentar a causa da presidência <strong>do</strong> sr. d. Juan Francisco Giró.O Brasil não se julgou obriga<strong>do</strong> a fazer-se parte principal paraempreender uma guerra injustificável, com o fim de restabelecer aquelapresidência.Assim o man<strong>do</strong>u declarar o Governo Imperial ao sr. Giró, quan<strong>do</strong>ele requisitou auxílio de forças ao ministro residente <strong>do</strong> Brasil em Montevidéu.Depois desta declaração, apareceram alguns chefes em armas elançaram-se nas correrias da guerra civil.As armas <strong>do</strong> governo provisório triunfaram em to<strong>do</strong>s os pontos emque se mediram com as <strong>do</strong>s seus contrários e desta <strong>do</strong>lorosa provaresultou somente a perda de muitas vidas e nenhuma vantagem para acausa <strong>do</strong> sr. Giró.Porém, nos três meses que durou a luta, a situação da repúblicatem piora<strong>do</strong> consideravelmente.A população, já tão diminuta, tem sofri<strong>do</strong> uma perda que excede aquinze mil pessoas úteis. Os emigra<strong>do</strong>s que vinham para a república têmtoma<strong>do</strong> outro destino.Os cre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em cujo número se encontram estrangeirosde diversas nações, vêem adiar-se a esperança de serem pagos. E oque é talvez o pior de tu<strong>do</strong>, as paixões e os ódios civis cada vez mais seenfurecem pela proscrição de homens, pelo seqüestro de bens e porviolências de toda a espécie.Neste esta<strong>do</strong> de coisas que compromete visivelmente a existêncianacional daquela república, porque aniquila to<strong>do</strong>s os elementos da vidapolítica e até da vida social, o auxílio <strong>do</strong> Brasil, reclama<strong>do</strong> primeiramentepela presidência <strong>do</strong> sr. Giró, foi reclama<strong>do</strong> depois pelo governo provisórioe é invoca<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os habitantes pacíficos, sem distinção de parti<strong>do</strong>s.Estas reclamações fundam-se no texto <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s de 1851 e ogoverno <strong>do</strong> Brasil tem empenha<strong>do</strong> a sua honra na execução da políticadestes trata<strong>do</strong>s.A sua honra e o seu interesse harmonizaram-se e, felizmente nestecaso, não só com os sentimentos de humanidade, mas também com osinteresses de todas as nações que têm súditos e relações de comérciona República Oriental.O governo <strong>do</strong> Brasil, portanto, à vista das graves consideraçõesque se têm exposto, foi induzi<strong>do</strong> a intervir nos negócios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental.O governo <strong>do</strong> Brasil confia que não terá que empregar as suas forças,146


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870senão à requisição <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental, mas em qualquer casoque o faça, o seu fim não será outro senão assegurar a existência <strong>do</strong>mesmo Esta<strong>do</strong>, o exercício <strong>do</strong>s direitos de to<strong>do</strong>s os seus habitantes, apaz e o sossego público e o estabelecimento de um governo regular edurável, dan<strong>do</strong> assim execução à política consignada no Trata<strong>do</strong> de Aliançade 12 de outubro de 1851.O Governo Imperial crê que esta intervenção cujos títulos seencontram na Convenção de 27 de agosto de 1828, nos trata<strong>do</strong>s de 12de outubro de 1851 e nos essenciais interesses <strong>do</strong> Império, prejudica<strong>do</strong>spela agitação permanente das suas fronteiras <strong>do</strong> sul e por outras coisas –será recebida pelos governos das nações amigas como um acontecimentofeliz para a humanidade, afligida por tão prolongadas guerras civis, e parao comércio e emigração, tão direta e continuadamente contraria<strong>do</strong>s poraquele flagelo.O governo <strong>do</strong> Brasil não quer para si, quaisquer que sejam ascircunstâncias, nenhum pre<strong>do</strong>mínio ilegítimo no Esta<strong>do</strong> Oriental e deixaráao mesmo Esta<strong>do</strong> na posição que lhe assinalam a Convenção de 1828 eos trata<strong>do</strong>s de 1851.O governo <strong>do</strong> Brasil limitar-se-á, portanto, a restabelecer e consolidara paz e a solicitar, garantir e auxiliar o estabelecimento de uma ordem ede um governo regular e durável, que dê garantias a to<strong>do</strong>s os habitantese bases para que possam desenvolver-se os elementos de prosperidadeque o país encerra, adquirin<strong>do</strong>, assim, condições de sólida e completaindependência.O governo <strong>do</strong> Brasil não aspira a nenhum aumento territorial econsidera e declara solenemente como limites definitivos entre o Impérioe o Esta<strong>do</strong> Oriental os que se acham fixa<strong>do</strong>s no trata<strong>do</strong> de 12 de outubrode 1851. Ultimamente, o governo <strong>do</strong> Brasil, ten<strong>do</strong> somente por objeto,na política que se tem prescrito salvar o Esta<strong>do</strong> Oriental, fortalecer efirmar a sua independência, não recusará o concurso de qualquer potênciaque com ele queira entender-se sobre os meios de se conseguirem osindica<strong>do</strong>s fins.O abaixo assina<strong>do</strong> espera que o sr. ..., envia<strong>do</strong> extraordinário eministro plenipotenciário de ..., transmitirá esta comunicação ao seugoverno, como um testemunho da consideração e deferência <strong>do</strong> GovernoImperial e aproveita-se da ocasião para reiterar-lhe os protestos de suaperfeita estima e distinta consideração.A. P. L. de Abreu.** *147


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/03Circular de 26/01/1854.CircularRio de Janeiro, 26 de janeiro de 1854.Tenho a honra de transmitir a V. Mce., por cópia inclusa, acircular que, com data de 19 <strong>do</strong> corrente, dirigi ao corpo diplomáticoestrangeiro nesta corte, manifestan<strong>do</strong> a política que o G. I. julgoudever a<strong>do</strong>tar em relação à República Oriental <strong>do</strong> Uruguai, à vista damudança que ali se operou no dia 25 de setembro <strong>do</strong> ano próximopassa<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s fatos que se lhe seguiram.Naquela circular encontrará V. Mce. os títulos que levaram oGoverno Imperial a intervir nos negócios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental. Estestítulos são a convenção de 27 de agosto de 1828, os trata<strong>do</strong>s de 12de outubro de 1851 e os essenciais interesses <strong>do</strong> Império, prejudica<strong>do</strong>spela agitação permanente de suas fronteiras em conseqüência dasperturbações <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Acrescenta o mesmo governo não ter outra coisa em vista senãoestabelecer e consolidar a paz naquela república, solicitar garantias eauxiliar o estabelecimento ali de uma ordem e de um governo regulare durável, fortalecer e firmar a independência daquele Esta<strong>do</strong>, semaspirar a nenhum pre<strong>do</strong>mínio ilegítimo ou aumento de território.Tais são os sentimentos <strong>do</strong> Governo Imperial, e deles dará V.Mce. conhecimento a esse governo na primeira ocasião oportuna,fazen<strong>do</strong>-lhe ver que não recusará o Brasil o concurso de qualquerpotência que com ele queira entender-se sobre os meios de seconseguirem tão nobres fins.Reitero a V. Mce. etc.A. P. L. de Abreu.** *AHI 317/01/03Circular de 13/02/1854.148


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Aos presidentes das províncias <strong>do</strong> Paraná,São Paulo e Rio Grande <strong>do</strong> SulReserva<strong>do</strong>N. 1Em 13 de fevereiro de 1854.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a honra de passar às mãos a V. Exa. as cópias juntas <strong>do</strong>ofício e <strong>do</strong>cumento a ele anexo, que em data de 12 de janeiro últimome foi dirigi<strong>do</strong> pelo cônsul-geral <strong>do</strong> Brasil em Portugal, comunican<strong>do</strong>memais circunstanciadas informações acerca das escunas Guerra eTrajano, que saíram <strong>do</strong> Douro destinadas, segun<strong>do</strong> se diz, ao tráfico deescravos.Em virtude <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong> ofício, dirigi à legação de S. M. B.nesta corte a nota de 11 <strong>do</strong> corrente, também inclusa por cópia, semcontu<strong>do</strong> declarar-lhe a fonte, <strong>do</strong>nde o Governo Imperial obteve taisinformações.Reitero a V. Exa. etc.** *AHI 317/01/03Circular de 16/03/1854.Corpo consular e diplomáticoCircularEm 16 de março de 1854.Remeten<strong>do</strong> inclusos a V. ... 12 exemplares <strong>do</strong> regulamento de30 de janeiro deste ano, da<strong>do</strong> para execução da lei de 18 de novembrode 1850, que trata da medição e demarcação das terras públicas <strong>do</strong>149


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Brasil, para o fim de serem vendidas em pequenos lotes aos particulares;tenho a comunicar-lhe que já se acha estabelecida e principiou afuncionar a repartição criada pela referida lei e, segun<strong>do</strong> as suasdisposições, subordinada ao Ministério <strong>do</strong> Império.Reitero a V. ...** *Relatório da RepartiçãoCircular 5 de 18/05/1854. Índice: “Ordensexpedidas, em conformidade da correspondênciaque precede, para que não se admitam corsáriosnos portos brasileiros, e nem se pratiquem noImpério atos alguns opostos aos deveres deuma estrita neutralidade.”N. 12Circular aos presidentes das provínciasRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 18 de maio de 1854.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a honra de remeter a V. Exa., na cópia junta, o aviso quecom a data de 15 <strong>do</strong> corrente mês foi por este Ministério expedi<strong>do</strong> aosda Justiça, Marinha e Guerra, comunican<strong>do</strong>-lhes as resoluções que ogoverno de S. M. O Impera<strong>do</strong>r julgou dever a<strong>do</strong>tar durante a guerra,que infelizmente existe, declarada entre a Grã-Bretanha e a França,por uma parte, e a Rússia pela outra.Estas resoluções são as seguintes:4N.E. - Brasil. Repartição <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Relatório. Rio de Janeiro: 1855. AnexoE, p. 12-13.150


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-18701ª) Que nenhum corsário com a bandeira de qualquer daspotências beligerantes poderá ser arma<strong>do</strong>, ou aprovisiona<strong>do</strong> ou admiti<strong>do</strong>com suas presas nos portos <strong>do</strong> Império.2ª) Que os súditos brasileiros não poderão tomar parte emarmamento de corsário ou em quaisquer outros atos opostos aosdeveres de uma estrita neutralidade.As resoluções que ficam mencionadas são em parte fundadasno direito internacional, que regula as obrigações <strong>do</strong>s neutros emtempo de guerra, e em parte na legislação <strong>do</strong> país e foramaconselhadas pelo dever que tem o governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r deatender aos interesses <strong>do</strong> comércio <strong>do</strong>s súditos brasileiros e deobservar na presente guerra uma estrita neutralidade.Contu<strong>do</strong>, a execução das medidas que deixo referidas não éisenta de dificuldades e complicações; e é isto o que cumpreacautelar.Parece-me acerta<strong>do</strong> que, antes de V. Exa. mandar proceder arespeito de qualquer navio que esteja nos nossos portos, por sedizer que está no caso da resolução <strong>do</strong> governo – que determinaque nenhum corsário com bandeira de qualquer das potênciasbeligerantes possa ser arma<strong>do</strong>, ou aprovisiona<strong>do</strong> ou admiti<strong>do</strong> comas suas presas dentro <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Império –, procure verificar acircunstância de que o navio é corsário, ou seja, à vista <strong>do</strong>s papéisde bor<strong>do</strong> ou por atos notórios de corso que já tenha pratica<strong>do</strong>.Estas diligências deverão ser encarregadas aos auditores deMarinha, nos lugares em que os houver, e aos respectivos juízes dedireito ou seus substitutos, onde não houver auditores de Marinha;e se pelas diligências se provar que o navio é corsário, deveráimpedir-se o seu armamento ou aprovisionamento e mandar-sesair <strong>do</strong> porto.A entrada nos nossos portos de corsários com presas éexpressamente vedada; mas se ela se verificar por algum caso deforça maior, cumpre que V. Exa. os mande imediatamente sair <strong>do</strong>porto.Todas as indagações que V. Exa. mandar fazer para este fimdeverão ser reduzidas a escrito e transmitidas depois ao governode S. M. O Impera<strong>do</strong>r.Tenho também por muito conveniente que V. Exa., no casode quaisquer indagações e medidas que tomar, proceda, tantoquanto for possível, de acor<strong>do</strong> e com conhecimento <strong>do</strong>s agentesconsulares da Grã-Bretanha e da França, bem como da nação aque se disser que pertence o navio contra o qual houver suspeitasde ser corsário.151


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Proceden<strong>do</strong> assim, o governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r mostraráa lealdade e boa fé com que deseja conciliar a rigorosa execuçãodas medidas que a<strong>do</strong>tou com os meios de evitar dificuldades e todaa espécie de desinteligência com os governos com quem conservarelações de amizade.A circunspecção e prudência de V. Exa. afiançam que asmedidas <strong>do</strong> governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r serão executadas semque apareçam inconvenientes no porto dessa capital.Para que o mesmo aconteça nos outros portos da província,onde possam entrar embarcações estrangeiras, é indispensável queV. Exa. exerça a mais ativa vigilância sobre as respectivas autoridadese lhes explique as instruções <strong>do</strong> governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r.Prevaleço-me da ocasião para renovar a V. Exa. as segurançasda minha perfeita estima e distinta consideração.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...Antônio Paulino Limpo de Abreu.** *AHI 317/01/03Circular de 10/07/1855.CircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros em 10 de julho de 1855.Essa legação já terá conhecimento <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da missão que ogoverno de S. M. O Impera<strong>do</strong>r enviara à cidade da Assunção pararesolver as questões pendentes entre o Império e a República <strong>do</strong> Paraguai.Obtivemos uma satisfação pela ofensa feita à dignidade nacionalna pessoa <strong>do</strong> encarrega<strong>do</strong> de negócios <strong>do</strong> Império, o sr. Felipe JoséPereira Leal, a quem, sem motivo plausível e por um mo<strong>do</strong> insólito eviolento, o governo <strong>do</strong> Paraguai mandara os passaportes em agosto de1853.152


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Não foi porém possível conseguir que o governo da república seprestasse a um acor<strong>do</strong> justo e decisivo acerca das questões denavegação fluvial e de limites.O plenipotenciário brasileiro teve de anuir, depois de inúteis esforçosda sua parte, a que ficasse adia<strong>do</strong> o ajuste sobre a questão delimites, não ten<strong>do</strong> o governo <strong>do</strong> Paraguai nem sequer declara<strong>do</strong>francamente o que hoje pretende.A questão relativa à navegação fluvial foi ajustada, porque assimo exigiu o governo <strong>do</strong> Paraguai, de um mo<strong>do</strong> condicional; fican<strong>do</strong> oajuste – que, aliás, seria aceitável sem essa cláusula – inteiramentedependente daquela outra questão que se deixou no statu quo.O plenipotenciário brasileiro assinou com o <strong>do</strong> Paraguai, aos 27 diasde abril próximo passa<strong>do</strong>, um trata<strong>do</strong> de amizade, navegação e comércio,cujas ratificações não poderiam ser trocadas senão ao mesmo tempo queo fossem as <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de limites, para cuja celebração se assinou o prazode um ano em uma convenção adicional daquela mesma data.O referi<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de amizade, comércio e navegação era,portanto, uma estipulação condicional, sujeita, para a sua ratificação eefeitos, a uma questão diversa e que ficou pendente, sem outra garantiade solução mais <strong>do</strong> que uma nova designação de um ano para chegaremos <strong>do</strong>is governos a um acor<strong>do</strong> amigável.Não era este o único defeito e inconveniente <strong>do</strong>s atos a quealu<strong>do</strong>. Outra consideração – e mais grave – os tornava inadmissíveispara o governo de S. M. o Impera<strong>do</strong>r.Nesse trata<strong>do</strong> e na convenção adicional nenhuma referência sefez ao trata<strong>do</strong> de 25 de dezembro de 1850, em cujo artigo terceiro asduas nações se concederam e garantiram reciprocamente o trânsitofluvial pelo Paraguai e pelo alto Paraná, na parte que lhes pertence.A aceitação, por parte <strong>do</strong> Brasil, daquelas convenções poderiaser considerada pelo governo <strong>do</strong> Paraguai como desconhecimento ouaban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> direito preexistente, direito perfeito em virtude <strong>do</strong>menciona<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1850.S. M. o Impera<strong>do</strong>r resolveu não ratificar os ajustes que celebrarao seu plenipotenciário, pelos motivos que sucintamente ficam expostos.Possuin<strong>do</strong> o Brasil a parte superior <strong>do</strong>s rios Paraguai e Paraná eten<strong>do</strong> um direito perfeito – pelo artigo 3 º <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 25 de dezembrode 1850 – a que sua bandeira possa transitar livremente por aquelesrios, na parte em que pertencem à República <strong>do</strong> Paraguai, o GovernoImperial exige que esse trânsito lhe não seja veda<strong>do</strong>, como tempretendi<strong>do</strong> o governo <strong>do</strong> Paraguai.A província de Mato Grosso acha-se seqüestrada <strong>do</strong> comércioestrangeiro e de sua comunicação natural e fácil com os ribeirinhos <strong>do</strong>Paraná e <strong>do</strong> Prata por esse procedimento <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Paraguai, que153


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>viola uma lei internacional em detrimento <strong>do</strong> Império, a quem tantodeve pelo reconhecimento e defesa de sua independência, ao mesmotempo que abre os seus portos e franqueia essa navegação a potênciasnão-ribeirinhas.O pretexto em que o governo <strong>do</strong> Paraguai parece apoiar a suaviolação <strong>do</strong> artigo terceiro <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1850, cujas estipulaçõesforam, aliás, cumpridas com o mais amigável zelo e em toda a suaextensão pelo Brasil, é que o livre trânsito fluvial ali estipula<strong>do</strong> depende<strong>do</strong>s ajustes que menciona o artigo 15 <strong>do</strong> mesmo trata<strong>do</strong>.É um mero pretexto, evidentemente contrário à letra e espíritodaquelas estipulações.O Brasil não pretende que o governo <strong>do</strong> Paraguai lhe franqueieos seus portos e o seu comércio, em virtude <strong>do</strong> artigo terceiro <strong>do</strong> trata<strong>do</strong>de 1850. Essa navegação e trato comercial entre os <strong>do</strong>is países e afixação <strong>do</strong>s seus limites territoriais são os ajustes a que se refere oartigo 15 <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1850.O Brasil não quer gozar de vantagens a que não tenha direitoperfeito. Só pretende, independentemente de novas convenções, o quedesde já lhe compete pelo artigo 3º <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1850.Não se trata de comércio e navegação comercial entre os <strong>do</strong>is países,o que deve ser objeto de novos ajustes, segun<strong>do</strong> o artigo 15 <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de1850; trata-se somente <strong>do</strong> direito de trânsito para comunicar a província deMato Grosso com o Paraná e o rio da Prata, o que já se acha perfeitamenteestipula<strong>do</strong> e reciprocamente garanti<strong>do</strong> no artigo 3º daquele trata<strong>do</strong>.O Governo Imperial não se recusa aos ajustes designa<strong>do</strong>s noartigo 15 <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 1850. Está e esteve sempre disposto aentender-se e concordar razoavelmente com o governo <strong>do</strong> Paraguai aesse respeito.Duas missões tem para esse fim envia<strong>do</strong> à cidade de Assunção e,desgraçadamente, sem resulta<strong>do</strong>. Uma terminou pelo excesso pratica<strong>do</strong>para com o encarrega<strong>do</strong> de negócios <strong>do</strong> Brasil, o sr. Leal; e a outranada mais alcançou <strong>do</strong> que esses ajustes que o governo de S. M. oImpera<strong>do</strong>r não pôde aceitar.A questão de limites é a causa dessa lamentável desinteligência,segun<strong>do</strong> o que manifestam os atos <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Paraguai. A questãode limites estaria há muito resolvida se o governo não pretendessemais <strong>do</strong> que é razoável e possível. Este acor<strong>do</strong> nenhuma dificuldadeoferecerá, desde que o governo da república desista da sua pretensãode neutralizar uma parte <strong>do</strong> território brasileiro ou de estender o seu<strong>do</strong>mínio além <strong>do</strong> uti possidetis sem nenhum outro fundamento queuma mal entendida conveniência <strong>do</strong> Paraguai.O Brasil propôs ao governo <strong>do</strong> Paraguai a linha de limites a maisampla que se pudera pretender por parte da república.154


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870As convenções celebradas entre as antigas metrópoles <strong>do</strong> Brasile <strong>do</strong> Paraguai, se não tivessem si<strong>do</strong> rotas e anuladas pela guerrasuperveniente, fariam recuar muito a fronteira atual <strong>do</strong> Paraguai. OGoverno Imperial aceita a base uti possidetis, que tem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nosajustes de limites já celebra<strong>do</strong>s com alguns <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s conterrâneos.Reconhece to<strong>do</strong> o território de que está de posse o Paraguai.As concessões <strong>do</strong> Brasil não podem ir mais longe. E o GovernoImperial não pode convir em que, por esse ou por qualquer outro motivo,o governo <strong>do</strong> Paraguai proíba à bandeira brasileira o simples trânsitofluvial que foi estipula<strong>do</strong> em um trata<strong>do</strong> solene, celebra<strong>do</strong> entre o Brasile a República <strong>do</strong> Paraguai.Apesar <strong>do</strong>s justos motivos de queixa que lhe tem da<strong>do</strong> o governo<strong>do</strong> Paraguai, o Governo Imperial nutre para com esse Esta<strong>do</strong> os mesmossentimentos de amizade e não se afastará <strong>do</strong>s princípios de moderaçãoe justiça que professa para com todas as nações. Mas, sua dignidade eseus bem entendi<strong>do</strong>s interesses não lhe permitem renunciar a um direitoperfeito que o governo <strong>do</strong> Paraguai lhe garantiu solenemente e emreciprocidade de iguais e maiores concessões que obteve <strong>do</strong> Brasil,como consta da história contemporânea e é expresso no trata<strong>do</strong> de1850.A cópia junta da nota que, com data de 8 <strong>do</strong> corrente, dirigi aoministro das Relações Exteriores da República <strong>do</strong> Paraguai, apresentaamplamente desenvolvi<strong>do</strong>s os fundamentos <strong>do</strong> direito que sustenta oGoverno Imperial e de que tenho trata<strong>do</strong> no presente despacho.V. ... poderá, se o julgar conveniente, dar cópia da referida notaao ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros de...Aproveito-me da ocasião para reiterar a V. ... as expressões deminha perfeita estima e consideração.** *AHI 317/01/03Circular de 05/12/1855.MinutaRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 05 de dezembro de 1855.155


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>As notícias que temos das províncias <strong>do</strong> Império que se achavamatacadas <strong>do</strong> cólera continuam a ser favoráveis. No Pará, davam-se apenasalguns casos esporádicos e na Bahia estava quase extinto o mal.Na província de Sergipe, ultimamente, apareceu o flagelo em algunspontos <strong>do</strong> litoral, atacan<strong>do</strong> com caráter um tanto grave as classes inferiores,mas na data das últimas notícias tinha diminuí<strong>do</strong> de intensidade e é deesperar que, com a chegada <strong>do</strong>s socorros da Bahia, venha a diminuirsensivelmente.No município de Itapemirim, da província <strong>do</strong> Espírito Santo,apareceram também alguns casos da epidemia e foram logo combati<strong>do</strong>s.Nas demais províncias <strong>do</strong> norte, o esta<strong>do</strong> sanitário era satisfatório,ten<strong>do</strong>, até a data das últimas notícias, escapa<strong>do</strong> ao flagelo.Em Santos, província de S. Paulo, manifestou-se o cólera em princípios<strong>do</strong> mês passa<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> de um vapor costeiro procedente <strong>do</strong> Rio. Doismarinheiros ataca<strong>do</strong>s faleceram em terra e, posteriormente, sucumbiramquatro pessoas da população; mas, desde o dia 14 daquele referi<strong>do</strong> mês,cessaram de aparecer novos casos. O mal não tinha passa<strong>do</strong> a nenhumoutro ponto da província.A bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> vapor Imperatriz, em viagem para o Rio Grande <strong>do</strong> Sul,foram atacadas algumas praças <strong>do</strong> Exército. Desembarcaram em SantaCatarina e faleceram algumas, mas a epidemia não passou <strong>do</strong> lazareto.Na cidade <strong>do</strong> Rio Grande e especialmente nas charqueadas dePelotas, deram-se casos de cólera, mas geralmente com caráter benigno.Não foram acometi<strong>do</strong>s outros pontos da província e as medidas tomadaspela autoridade, a ausência <strong>do</strong> temor e o excelente clima dão fundadaesperança de que o mal desaparecerá dali brevemente.Na corte tem diminuí<strong>do</strong> o cólera a ponto tal, que já não pode serconsidera<strong>do</strong> epidêmico e o mesmo acontece na cidade e municípios daprovíncia.No município de Campos, onde grassou a epidemia com maiorintensidade, segun<strong>do</strong> as últimas notícias, tinha declina<strong>do</strong> sensivelmente,ceden<strong>do</strong> aos eficazes esforços que, por toda a parte, se tem organiza<strong>do</strong>para combatê-la.Em alguns pontos de serra acima têm apareci<strong>do</strong> casos de cólera,mas geralmente benignos e atacan<strong>do</strong> quase exclusivamente as pessoaschegadas <strong>do</strong> litoral.É quanto por agora se me oferece comunicar a V. S. em aditamentoao meu despacho circular de 11 de outubro último, aproveitan<strong>do</strong>-medesta ocasião para reiterar-lhe as expressões da minha perfeita estima econsideração.** *156


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/03Circular 6 de 18/08/1856, às províncias marítimas.CircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 18 de agosto de 1856.No mês de julho próximo passa<strong>do</strong> deu-se neste porto um conflitoa bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> clíper norte-americano Nestorian, entre o capitão, o primeiroe segun<strong>do</strong> pilotos e <strong>do</strong>is passageiros, to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mesmo navio, <strong>do</strong> queresultou ficar um destes gravemente feri<strong>do</strong>.Os ofendi<strong>do</strong>s queixaram-se por meio de petições, revestidas detodas as formalidades legais, ao 2º delega<strong>do</strong> de polícia desta corte,requeren<strong>do</strong> que procedesse contra os culpa<strong>do</strong>s.Esta autoridade oficiou ao cônsul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, pedin<strong>do</strong>que fizesse comparecer em juízo os acusa<strong>do</strong>s e as testemunhas, aoque se recusou o dito cônsul, alegan<strong>do</strong> a incompetência da autoridadelocal brasileira para tomar conhecimento de crimes perpetra<strong>do</strong>s a bor<strong>do</strong>de navios mercantes norte-americanos surtos nas costas <strong>do</strong> Império eafetou este negócio à legação <strong>do</strong>s mesmos Esta<strong>do</strong>s nesta corte.Aquela legação sustentou a recusa <strong>do</strong> cônsul, fundan<strong>do</strong>-se emque o regulamento nº 855, de 8 de novembro de 1851, só admite ajurisdição territorial nos casos de crimes graves, ou que por qualquermo<strong>do</strong> possam perturbar a tranqüilidade pública ou afetar particularmentea qualquer habitante <strong>do</strong> país. Na opinião da dita legação, não se ten<strong>do</strong>neste caso cometi<strong>do</strong> crime grave, não haven<strong>do</strong> si<strong>do</strong> perturbada atranqüilidade pública e não sen<strong>do</strong> nenhum <strong>do</strong>s ditos passageiros habitante<strong>do</strong> país, devia competir ao cônsul norte-americano o julgamento <strong>do</strong>crime perpetra<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> clíper Nestorian.O Governo Imperial, responden<strong>do</strong> àquela legação, demonstrouque o regulamento acima cita<strong>do</strong> não confere aos cônsules estrangeirosjurisdição criminal sobre delitos cometi<strong>do</strong>s a bor<strong>do</strong> de qualquer navio desua nação nos mares territoriais <strong>do</strong> Império, ou durante a viagem,quan<strong>do</strong> o ofendi<strong>do</strong> ou o ofensor não pertence à tripulação <strong>do</strong> navio,como no caso de que se trata; sen<strong>do</strong> somente admitida a autoridade<strong>do</strong>s cônsules, em conformidade <strong>do</strong>s artigos 14 e 15 <strong>do</strong> dito regulamento,nos delitos em que autor e paciente, isto é, to<strong>do</strong>s os culpa<strong>do</strong>s fazem6N. E. – No topo da página, em letra diferente: “Para ser expedida em 20 de agosto de 1856”.157


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>parte da tripulação, quan<strong>do</strong> nenhum destes é súdito Império e ocrime perpetra<strong>do</strong> não põe em risco a tranqüilidade pública.Fazen<strong>do</strong> esta sucinta exposição <strong>do</strong> fato aqui ocorri<strong>do</strong> com oclíper Nestorian e da discussão que a respeito houve entre este Ministérioe a legação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, recomen<strong>do</strong> a V. Exa. que tenha bempresentes, em qualquer caso análogo, a inteligência que o GovernoImperial dá ao regulamento de 1851 e aos princípios expostos norelatório desta repartição <strong>do</strong> corrente ano acerca <strong>do</strong> caso <strong>do</strong> capitãoLang, que se deu no Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Não obstante a verdade <strong>do</strong>s princípios expostos, será prudenteque a autoridade <strong>do</strong> local não seja fácil em instaurar processos porquaisquer crimes cometi<strong>do</strong>s a bor<strong>do</strong> de navios estrangeiros, evitan<strong>do</strong>de intervir nos casos de pequena importância, quan<strong>do</strong> não seja nelesinteressa<strong>do</strong> algum súdito <strong>do</strong> Império.Reitero a V. Exa. os protestos de minha perfeita estima e distintaconsideração.** *AHI 317/01/03Circular 7 de 27/08/1856.CircularRio de Janeiro, 27 de agosto de 1856.De acor<strong>do</strong> com o Governo Imperial, foi apresenta<strong>do</strong> em 20 dejunho último na Câmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>s um projetoautorizan<strong>do</strong> o mesmo governo a despender até seis mil contos deréis, em três anos, com a importação de colonos e seu estabelecimentoe com auxílios à emigração.Este crédito já foi aprova<strong>do</strong> pela Câmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>se brevemente o será também pelo Sena<strong>do</strong>.7N. E. – No topo da página, em letra diferente: “Remeteu-se 2ª via desta circular com o<strong>do</strong>cumento a que se refere no dia 17 de março de 1857”.158


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Na sessão <strong>do</strong> dia 7 <strong>do</strong> corrente, o senhor ministro <strong>do</strong> Império,sustentan<strong>do</strong> o projeto acima indica<strong>do</strong>, pronunciou um discurso, quese acha impresso no Jornal <strong>do</strong> Commercio n. 232, <strong>do</strong> dia 21 <strong>do</strong> corrente.Este discurso encerra o pensamento <strong>do</strong> Governo Imperial tantosobre a colonização, como sobre os meios práticos que de preferênciadevam ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na aplicação <strong>do</strong> dito crédito.Além deste objeto, S. Exa. o sr. ministro <strong>do</strong> Império tratoutambém de um ensaio de importação de colonos chins que há temposfoi empreendi<strong>do</strong> pelo Governo Imperial, explicou as razões que oinduziram tentá-lo e as que motivaram a suspensão dessa medida.Posto que V. ... possa, pelo Jornal <strong>do</strong> Commercio, terconhecimento integral <strong>do</strong> discurso a que acabo de referir-me, pareceumeconveniente remeter-lhe um extrato <strong>do</strong>s pontos essenciais <strong>do</strong>mesmo discurso; e V. ... o encontrará no memorandum junto, decujo conteú<strong>do</strong>, bem como de qualquer outro esclarecimento que ofereçao cita<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento oficial, fará o uso que aí convier.Renovo a V. ... as seguranças de etc.J. M. da Silva Paranhos.José Luís CorrêaMarcos Antônio de AraújoJoão Pereira da Costa MottaVicente Ferreira da SilvaFélix Peixoto de Brito e MelloJoaquim Caetano da SilvaJosé Marques LisboaPedro C. de MoraesJoaquim Pereira Vianna de LimaJoão Pascoe GrenfellJosé R. da SilvaAntônio José LisboaGuimarãesVarnhagenMagalhãesFigueire<strong>do</strong>J. M. de AmaralJoaquim Thomaz <strong>do</strong> AmaralAmaro José <strong>do</strong>s Santos BarbozaJosé Pedro Azeve<strong>do</strong> PeçanhaThomaz Fortunato de Brito159


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>João da Costa Rego MonteiroMiguel Maria LisboaPereira LealJoão Pereira PintoLuís Henrique de Aguiar** *AHI 317/03/09Circular de 30/08/1856, aos presidentes deprovíncia.30 de agosto de 1856.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a honra de passar às mãos de V. Exa. os decretos n.1781, 1782 e 1783, que promulgaram: o 1º, o trata<strong>do</strong> de amizade,de comércio e navegação, celebra<strong>do</strong> pelo Império em 7 de marçoúltimo com a Confederação Argentina; o 2º, um igual trata<strong>do</strong>celebra<strong>do</strong> em 6 de abril com a República <strong>do</strong> Paraguai; e o 3º, aconvenção de mesma data, relativa ao ajuste de limites com estaúltima república.Reitero a V. Exa. etc.José Maria da Silva Paranhos.S. Exa. o sr. presidente de ...Nesta conformidade, a to<strong>do</strong>s os presidentes.** *160


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/09Circular de 30/08/1856, aos presidentes deprovíncia.30 de agosto de 1856.Ilmo. e Exmo. sr.O vice-cônsul de França no Maranhão tem pretendi<strong>do</strong> quecompete exclusivamente aos agentes estrangeiros que residem noBrasil dar passaporte aos seus nacionais, seja para sair <strong>do</strong> Império,quer para viajar no interior <strong>do</strong> país, in<strong>do</strong> de uma para outra província,e que as autoridades brasileiras não têm o direito de pôr o seu vistonos passaportes assim expedi<strong>do</strong>s.Em apoio desta pretensão alega aquele agente consular:1º) que esta tem si<strong>do</strong> a prática observada naquela e nas demaisprovíncias <strong>do</strong> Império;2º) que esta prática se baseia em princípios incontestáveis dedireito internacional;3º) que basta o visto da autoridade local no passaporte da<strong>do</strong> peloagente estrangeiro para satisfazer à jurisdição e interesses nacionais;4º) que segun<strong>do</strong> as leis <strong>do</strong> Brasil ninguém pode deixar o Impérioou viajar nele sem ser muni<strong>do</strong> de um passaporte e o decreto de 10 dejaneiro de 1855 muito expressamente declara que deve ele ser da<strong>do</strong>pelo cônsul respectivo no distrito de sua jurisdição;5º) finalmente, que assim como os cônsules brasileiros em Françasão autoriza<strong>do</strong>s para conceder passaporte aos súditos brasileiros emFrança, é ele apenas visa<strong>do</strong> pela autoridade civil francesa no Império,pelo princípio de reciprocidade estipula<strong>do</strong> no artigo adicional ao trata<strong>do</strong>celebra<strong>do</strong> com a França em 8 de janeiro de 1826.O presidente da província <strong>do</strong> Maranhão contesta esta <strong>do</strong>utrinacom os seguintes argumentos:1º) que os passaportes da<strong>do</strong>s para fora <strong>do</strong> Império, quer anacionais, quer a estrangeiros que nele residem, sempre foramconcedi<strong>do</strong>s pelas autoridades brasileiras, sen<strong>do</strong> eles hoje expedi<strong>do</strong>spela Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros na corte, sob penade nulidade, e nas províncias pelos respectivos presidentes e chefesde polícia;161


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>2º) que, se o decreto n. 1.531 de 10 de janeiro de 1855permitiu aos estrangeiros viajar dentro <strong>do</strong> Império com o passaportecom que entraram e, na falta deste, com o <strong>do</strong> ministro ou agenteconsular da respectiva nação, ten<strong>do</strong> o visto da autoridade brasileira– concedeu-lhes um favor e não impôs-lhes uma obrigação, nãoimportan<strong>do</strong> as suas disposições à proibição de os solicitarem eles aopresidente da província ou ao chefe de polícia;3º) que esta matéria não é – como supõe o vice-cônsul francês– de direito internacional, e sim, unicamente, de direito municipal, enunca foi isto contesta<strong>do</strong>;4º) que era inaplicável ao caso vertente o princípio dereciprocidade consigna<strong>do</strong> no art. 1º adicional ao trata<strong>do</strong> de 1826entre o Brasil e a França, porque essa reciprocidade, para serobservada, dependia de um acor<strong>do</strong> prévio entre os <strong>do</strong>is governos.Com efeito, esta contestação responde completamente àpretensão <strong>do</strong> vice-cônsul de França.Não se impede aos agentes consulares estrangeiros que dêempassaportes aos seus compatriotas que queiram sair para fora <strong>do</strong>Império. Eles o podem fazer sem que as autoridades territoriaistenham conhecimento de tais atos ou neles intervenham. O que,porém, se contesta – porque a lei <strong>do</strong> Brasil assim o prescreve – éque seus passaportes sejam suficientes para que um estrangeiropossa sair <strong>do</strong> Império. Nacional ou estrangeiro, to<strong>do</strong> aquele quequer ausentar-se <strong>do</strong> Império carece, segun<strong>do</strong> a legislação vigenteno Brasil, de um passaporte concedi<strong>do</strong> pela respectiva autoridadeterritorial. Muni<strong>do</strong> deste <strong>do</strong>cumento, o viajante preenche condiçõesa que o obrigam as nossas leis, cuja fiscalização está a cargo dasrespectivas autoridades. As exigências que porventura lhe sejamfeitas pela legislação <strong>do</strong> país a que se destina é <strong>do</strong> seu interesse eexclusivo dever satisfazê-las.O decreto de 10 de janeiro <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong> nãofacultou, não obrigou a que os estrangeiros recorram aos agentesdiplomáticos ou cônsules de uma nação para que com um passaporteda<strong>do</strong> por eles possam ir de uma para outra província <strong>do</strong> Império.Casos há mesmo previstos no dito decreto em que se prescindedaquele passaporte e pode ele ser da<strong>do</strong> pela autoridade territorial.O trata<strong>do</strong> de 8 de janeiro de 1826 subsistente entre o Impérioe a França não tem a aplicação que lhe pretende dar o vice-cônsulfrancês no Maranhão.Não consta que em província alguma <strong>do</strong> Império esteja emvigor a prática invocada por aquele vice-cônsul, de serem ospassaportes a estrangeiros para fora <strong>do</strong> país concedi<strong>do</strong>s pelos162


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870respectivos agentes consulares e, se algum exemplo se tem da<strong>do</strong>neste senti<strong>do</strong>, é ele contrário à lei expressa e à prática geral.Assim o comuniquei ao presidente da província <strong>do</strong> Maranhão.No extrato incluso de um ofício, que dirige aquele presidente aovice-cônsul de França, vêm citadas várias leis que confirmam a práticaseguida quanto à expedição <strong>do</strong>s passaportes pelas autoridades <strong>do</strong> país.Às páginas 6 e 7 <strong>do</strong> anexo M <strong>do</strong> relatório que o meu antecessorapresentou às Câmaras legislativas no ano passa<strong>do</strong> e às páginas 1 e2 <strong>do</strong> anexo H <strong>do</strong> meu relatório deste ano, encontrará V. Exa. acorrespondência que sobre o objeto idêntico foi trocada entre oministro e as legações da Grã-Bretanha e da Áustria.Desejan<strong>do</strong> o Governo Imperial achar-se completamentehabilita<strong>do</strong> para o caso em que tenha de entrar em discussão com oministro de S. M. O Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s franceses nesta corte sobreaquele assunto, convém que V. Exa. me informe qual a práticaobservada nesta província acerca de passaportes expedi<strong>do</strong>s aestrangeiros que daí saem para fora <strong>do</strong> Império e, especialmente,aos súditos franceses; não deixan<strong>do</strong> V. Exa. de referir minuciosamentetodas as circunstâncias que tenham relação com este objeto.Reitero a V. Exa. etc.José Maria da Silva Paranhos.A S. Exa. o sr. presidente da província de .....Nesta conformidade, a todas as províncias em que há agentesconsulares estrangeiros.** *AHI 317/01/03Circular de 09/10/1856.Circular para o corpo diplomático brasileiroRio de Janeiro, 9 de outubro de 1856.163


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Os artigos 61 e 63 <strong>do</strong> Regimento das Legações <strong>do</strong> Impériodeterminam que os respectivos chefes se correspondam diretamente,a fim de se coadjuvarem e mutuamente promoverem o desempenhode sua incumbências, deven<strong>do</strong> comunicar-se todas as notícias quealcançarem na corte de sua residência com relação aos negócios deoutras, onde existam missões <strong>do</strong> Império, um vez que tais negóciosde qualquer mo<strong>do</strong> afetem os interesses <strong>do</strong> Brasil.Creio que estas previdentes disposições terão si<strong>do</strong> em geralobservadas; como porém a sua necessidade é hoje muito maisatendível, pelo desenvolvimento que têm atingi<strong>do</strong> as relaçõesinternacionais <strong>do</strong> Império, sou obriga<strong>do</strong> a recomendar às legações econsula<strong>do</strong>s imperiais o seu respectivo e exato cumprimento.Essa mútua correspondência é o meio mais pronto e por isso,às vezes, o meio eficaz que se oferece às legações para auxiliaremsena apreciação <strong>do</strong>s fatos, que podem interessar ao Império, emto<strong>do</strong>s os negócios que exijam o concurso e combinação de seusesforços.As comunicações e ordens expedidas por esta Secretariad’Esta<strong>do</strong> nem sempre chegarão a tempo, ou no momento maisoportuno, às legações que em alguns assuntos devam intervir comoauxiliares, ou àquela a que mais peculiarmente possa interessar anotícia de acontecimentos passa<strong>do</strong>s no distrito de outras.Devo por essa ocasião também recomendar a V. ... a execuçãode quaisquer outros artigos <strong>do</strong> mesmo regimento, que não estan<strong>do</strong>revoga<strong>do</strong>s por ordens posteriores, tenham deixa<strong>do</strong> de serobserva<strong>do</strong>s, sem justifica<strong>do</strong> motivo, como acontece com o artigo32, que manda lançar no fim de cada ofício o índice das matériasnele contidas.** *AHI 317/01/03Circular de 10/01/1857.CircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 10 de janeiro de 1857.164


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Remeto a V. S. exemplares <strong>do</strong>s protocolos das conferências,havidas nesta corte, entre os plenipotenciários brasileiros e da República<strong>do</strong> Paraguai, para o ajuste das questões pendentes entre os <strong>do</strong>ispaíses; sen<strong>do</strong> os mesmos precedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s que foram resulta<strong>do</strong>sdessas conferências, data<strong>do</strong>s de 6 de abril <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong> –de que lhe dei conhecimento por circular de 30 de agosto último –, esegui<strong>do</strong>s de <strong>do</strong>is mapas, servin<strong>do</strong> ambos para melhor elucidação einteligência da discussão na parte que diz respeito à questão de limites.Com aqueles trata<strong>do</strong>s foi também publica<strong>do</strong> o de amizade,comércio e navegação, celebra<strong>do</strong> com a Confederação Argentina,que já foi também remeti<strong>do</strong> a V. S. com minha citada confidencial.Esses <strong>do</strong>cumentos têm de acompanhar, com o anexo, o relatórioque há de ser presente à Assembléia Geral Legislativa na sua próximasessão, mas desde já transmito a V. S. aqueles exemplares para quefaça o uso que convém no intuito de tornar bem conheci<strong>do</strong>s os sóli<strong>do</strong>sfundamentos <strong>do</strong> direito que o governo da República <strong>do</strong> Paraguai contestaao <strong>do</strong> Brasil, quanto a limites, e da sem razão com que se recusou àbandeira brasileira o trânsito e navegação pelos rios da república, adespeito das estipulações <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 25 de dezembro de 1850.Aproveito-me da ocasião para reiterar a V. S. as expressões deminha estima e consideração.Marcos AntônioLisboaD. J. G. MagalhãesB. de Figueire<strong>do</strong>Pereira LealCaetanoVarnhagenBarbosaCarlos Pereira Pinto** *AHI 317/01/03Circular de 01/11/1857.Circular para o corpo diplomático brasileiro165


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>1º de novembro de 1857.As legações imperiais devem proceder ao mais minucioso examesobre os negócios pendentes, a fim de organizarem a história deles emtodas as fases por que têm passa<strong>do</strong>. Este histórico principiará pela exposição<strong>do</strong> objeto que deu lugar à correspondência, extratan<strong>do</strong>-se cronologicamenteos ofícios, notas e despachos recebi<strong>do</strong>s ou expedi<strong>do</strong>s, de mo<strong>do</strong> que a suasimples leitura dê completo conhecimento <strong>do</strong>s diversos incidentes ocorri<strong>do</strong>se da argumentação produzida de parte a parte. Deve ter duas margens,destinadas, a da direita, para as datas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos menciona<strong>do</strong>s notexto; e a da esquerda, às observações ou indicações que convenha fazer.As datas e observações serão escritas com tinta encarnada.Este relatório, especial para cada objeto e aumenta<strong>do</strong>sucessivamente de tu<strong>do</strong> quanto for ocorren<strong>do</strong>, será comunica<strong>do</strong>mensalmente, por cópia, quanto à parte que acrescer, fican<strong>do</strong> o to<strong>do</strong>arquiva<strong>do</strong> na legação para conhecimento <strong>do</strong>s respectivos chefes noscasos de substituição deles.Deve também ser transmitida a esta Secretaria de Esta<strong>do</strong>,anualmente, uma exposição geral <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negócios pendentes; e,sen<strong>do</strong> ela destinada a facilitar os trabalhos <strong>do</strong> relatório – que a lei mandaapresentar à Assembléia Geral até 15 de maio –, é indispensável que seache nesta corte nos primeiros dias <strong>do</strong> mês de março.O 1º, sen<strong>do</strong> uma simples história das ocorrências, baseada nos<strong>do</strong>cumentos existentes, fica a cargo <strong>do</strong> secretário da legação ou adi<strong>do</strong>mais habilita<strong>do</strong>, ainda que sujeito ao exame e aprovação <strong>do</strong> seu chefe,e pode ser feito e envia<strong>do</strong> gradualmente, por aquelas legações onde osnegócios são mais numerosos; a segunda, deven<strong>do</strong> compreenderobservações e análise <strong>do</strong>s fatos e referir-se às conferências havidasentre o chefe da legação e as pessoas com quem tratar, convém queseja elaborada exclusivamente por ele.Estes relatórios e os respectivos aditamentos serão escritos empapel <strong>do</strong> mesmo formato <strong>do</strong>s ofícios, para que possam ser anexa<strong>do</strong>saos precedentes. Neste intuito, indicarão, no centro <strong>do</strong> alto da página, oassunto; ao la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, a numeração da última folha anteriormenteremetida; e, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito, a que couber ao aditamento.Aproveitan<strong>do</strong> a oportunidade, farei mais algumas recomendações.É necessário observar rigorosamente a circular que marcou o formato<strong>do</strong>s ofícios e o índex <strong>do</strong>s assuntos trata<strong>do</strong>s em cada um deles, <strong>do</strong> qualdeve ficar registro nas legações, a fim de que, no mês de janeiro, sejatransmiti<strong>do</strong> a esta Secretaria de Esta<strong>do</strong> cópia exata deles, para ser anexadaaos ofícios respectivos e servir-lhes de índex geral.O papel <strong>do</strong>s ofícios deve ser forte, e não transparente de mo<strong>do</strong>que se torne difícil a leitura.166


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O formato das cópias deve ser em tu<strong>do</strong> igual ao <strong>do</strong>s ofícios, nãose omitin<strong>do</strong> jamais a indicação <strong>do</strong> ofício a que pertencem.Para que este trabalho preste mais utilidade, cumpre que sejaassim organiza<strong>do</strong>:_ Ao la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, 4 colunas conten<strong>do</strong> o número <strong>do</strong> ofício, o dia,mês e ano de sua data._ No centro, o resumo por assuntos, indican<strong>do</strong> os perío<strong>do</strong>s emque cada um for trata<strong>do</strong>._ Ao la<strong>do</strong> direito, quatro colunas destinadas a receber a indicação<strong>do</strong>s números e datas <strong>do</strong>s ofícios da mesma série, ou das anteriores,relativas ao objeto.A regularidade <strong>do</strong> serviço exige que as legações imperiais tenhamum registro cronológico de toda as ordens transmitidas por esta Secretariad’Esta<strong>do</strong>, seja qual for o assunto, uma vez que, por sua natureza,sejam permanentes.Este registro facilitará aos agentes <strong>do</strong> Governo Imperial ocumprimento das ordens dadas aos seus antecessores e de que,aliás, não poderiam instruir-se sem ler to<strong>do</strong> o arquivo. Cumpre, pois,que V. ... recomende instantemente ao seu secretário que, reven<strong>do</strong>essa parte <strong>do</strong> arquivo, tome nota das ordens compreendidas naquelecaso e as registre em livro especial, mencionan<strong>do</strong> à margem arespectiva data, e continuan<strong>do</strong> esse registro sempre pelo mesmosistema.Apenas estiver concluí<strong>do</strong> este trabalho V. ... me transmitirá umarelação <strong>do</strong>s despachos que nele figurarem.Os assuntos que não pertencerem diretamente a este Ministério,ou dependerem da exclusiva decisão de qualquer <strong>do</strong>s outros, serãotrata<strong>do</strong>s em ofícios especiais a eles dirigi<strong>do</strong>s, abertos, por intermédiodesta Secretaria de Esta<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong>-se V. ... a transmitir-me cópiasdesses ofícios. Tal correspondência, mesmo em seu registro, deveser distinta da deste Ministério.Por cada paquete será envia<strong>do</strong> um relatório de todas as notíciasque se não refiram, em particular, aos assuntos incumbi<strong>do</strong>s a essalegação. Este trabalho, desliga<strong>do</strong> inteiramente da demaiscorrespondência, embora feito no mesmo formato e sistema para serreuni<strong>do</strong> no fim <strong>do</strong>s ofícios de cada série, poderá ser incumbi<strong>do</strong> aosecretário ou adi<strong>do</strong> sob a direção <strong>do</strong> seu chefe.Para simplificar o expediente, convém evitar toda acorrespondência que não for rigorosamente necessária. Assim, arecepção <strong>do</strong>s despachos que não exigirem respostas seja acusada,no princípio ou no fim de algum ofício indispensável, e as comunicaçõessem importância, reunidas em uma, destinada a esse fim especial.167


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Algumas legações costumam fechar cada ofício em um subscrito[sic], aumentan<strong>do</strong> assim o peso das malas. O que cumpre fazer éseparar unicamente os ofícios reserva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ostensivos, fazen<strong>do</strong>para cada uma destas rubricas um sobrescrito, onde se indiquem osnúmeros <strong>do</strong>s ofícios que contêm matéria mais importante ou urgente.A correspondência deve ser feita em ofícios ostensivos oureserva<strong>do</strong>s; e, em cartas confidenciais, somente quan<strong>do</strong> a matéria exigir,por qualquer motivo, uma comunicação mais íntima entre o agentediplomático e o ministro. Sen<strong>do</strong>, porém, esta correspondência pessoale não deven<strong>do</strong> o Governo Imperial exigir que ela se arquive, convémempregá-la só em casos especiais e de mo<strong>do</strong> que nunca faltem noarquivo os esclarecimentos indispensáveis para conhecer-se a marcha<strong>do</strong>s negócios e to<strong>do</strong>s os seus incidentes essenciais.Os cônsules imperiais observarão as disposições desta circularque lhes são aplicáveis.V. de Maranguape.** *AHI 317/01/03Circular de 12/02/1858.CircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 12 de fevereiro de 1858.Sen<strong>do</strong> de necessidade que os colonos recém-chega<strong>do</strong>s se nãodemorem a bor<strong>do</strong>, nem venham logo diretamente para a cidade,comunicou-me o sr. ministro <strong>do</strong> Império, em aviso data<strong>do</strong> de ontem,haver resolvi<strong>do</strong> mandá-los transportar com mais bagagens, assim quechegarem, para as hospedarias da Associação Central de Colonização,onde serão trata<strong>do</strong>s pela tabela à custa <strong>do</strong> governo.Do sr. ministro <strong>do</strong>s Negócios da Marinha foram solicitadas asordens convenientes para que o transporte se faça com embarcações<strong>do</strong> arsenal respectivo, a cujo inspetor deve o secretário de visitas de168


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870saúde participar imediatamente a chegada de qualquer navio comcolonos, assim como o dia e hora em que deverão desembarcar.Dan<strong>do</strong> conhecimento destas providências a V. ... a fim de queos colonos saibam da recepção que aqui encontrarão à sua chegada;aproveito a oportunidade para reiterar-lhe os protestos etc.V. de Maranguape.** *AHI 317/01/07Circular de 13/06/1859. Índice: “Político. Dáconhecimento da notificação etc.”Para os presidentes de províncias1ª SeçãoCircular n. 2Em 13 de junho de 1859.A legação de Sua Majestade o Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Francesesnotificou ao Governo Imperial, por nota de 3 <strong>do</strong> corrente, a guerraque há pouco rebentou entre a França e a Sardenha de um la<strong>do</strong>, e aÁustria <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>.A mesma legação solicitou e o governo de Sua Majestade acabade declarar-lhe que o Brasil observará a mais estrita neutralidadedurante essa guerra, assim para com a França e a Sardenha, comopara com o outro beligerante.O governo francês promete que suas forças de mar e de terrarespeitarão os direitos <strong>do</strong>s territórios, da navegação e <strong>do</strong> comérciodas potências neutras, especifican<strong>do</strong> que serão guarda<strong>do</strong>s os princípiosestabeleci<strong>do</strong>s pelo Congresso de Paris, de 16 de abril de 1856, paracom os Esta<strong>do</strong>s que aderiram a esses princípios.O Brasil aderiu, como V. Exa. sabe, àqueles princípios, e tem,portanto, direito a que os navios <strong>do</strong>s súditos brasileiros e suas169


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>merca<strong>do</strong>rias gozem das garantias que asseguram os referi<strong>do</strong>s princípios,os quais se acham consigna<strong>do</strong>s no relatório deste Ministério de 1857.A Sardenha e a Áustria fizeram parte <strong>do</strong> último Congresso deParis, e conseqüentemente estão obrigadas às mesmas regras demoderação e benevolência para com os neutros na presente guerra.Em conformidade <strong>do</strong> que levo exposto, cumpre que V. Exa. previnaao chefe de polícia dessa província e às respectivas autoridades fiscais,poden<strong>do</strong>, por qualquer outro meio que julgue conveniente, fazer constaraos súditos brasileiros aí residentes esta deliberação <strong>do</strong> governo de SuaMajestade, a fim de que to<strong>do</strong>s se abstenham rigorosamente de atosopostos aos deveres de uma estrita neutralidade.Tenho a honra de renovar a V. Exa. os protestos de minha perfeitaestima e distinta consideração.José Maria da Silva Paranhos.** *Relatório da RepartiçãoCircular 8 aos presidentes de provínciaRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 30 de julho de 1859.Ilmo. e Exmo. sr.Está no conhecimento de V. Exa. que o Governo Imperial, deacor<strong>do</strong> com os invariáveis princípios de sua política externa, bemconsultan<strong>do</strong> os interesses <strong>do</strong> Império, resolveu manter-se neutro naguerra que infelizmente sobreveio entre a Confederação Argentina e aprovíncia de Buenos Aires.8N. E. – Brasil. Repartição <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Relatório. Rio de Janeiro: 1871. p. 18e seguinte.170


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870A neutralidade <strong>do</strong> Brasil nessa contenda, que o governo de SuaMajestade cordialmente deplora, não tem outras limitações senão asque expressam os fatos vigentes em relação ao Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong>Uruguai e os que implicitamente se contêm no art. 2º <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de 7de março de 1856, celebra<strong>do</strong> entre o Império e a ConfederaçãoArgentina.S. M. O Impera<strong>do</strong>r houve por bem que se recomendasse a V.Exa. a estrita observância daqueles princípios, segun<strong>do</strong> os quais ossúditos brasileiros se devem abster de toda a participação ou auxílioem favor de qualquer <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is beligerantes.A exportação de artigos bélicos <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Império para os deBuenos Aires é absolutamente proibida, ou se pretenda fazer debaixoda bandeira brasileira ou de outra nação. O mesmo comércio decontraban<strong>do</strong> de guerra deve ser veda<strong>do</strong> aos navios brasileiros, aindaque se destinem aos portos da Confederação Argentina.Não é provável que outro caso de violação de neutralidade, aindaalém <strong>do</strong> que acima prevejo, ocorra nessa província; sem embargo,porém, hei de brevemente expedir a V. Exa. instruções mais explícitas.Entretanto, V. Exa. se regulará, em qualquer ocorrência extraordinária,pelos princípios que se expressam no presente aviso.Tenho a honra de renovar a V. Exa. os protestos da minhaperfeita estima e distinta consideração.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...José Maria da Silva Paranhos.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/09/1859. Índice: “Viagem de SS.Majestades Imperiais.”Às legações imperiaisS. CentralCircular171


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Em 7 de setembro de 1859.SS. MM. Imperiais, ten<strong>do</strong> resolvi<strong>do</strong> realizar o projeto que tinham,a mérito de percorrer as principais províncias <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Império,fixaram para a sua partida o dia 1º de outubro próximo.A digressão principiará pela província da Bahia, em cuja capitalS. M. a Imperatriz pretende aguardar o regresso de S. M. o Impera<strong>do</strong>rda excursão que o Mesmo Augusto Senhor projeta fazer à cidade dePene<strong>do</strong> e à Cachoeira de Paulo Afonso.Da Bahia seguirão SS. MM. para Pernambuco e Paraíba <strong>do</strong> Norte,visitan<strong>do</strong> as províncias das Alagoas, Sergipe e Espírito Santo no seuregresso a esta corte, onde contam achar-se no mês de março.Fazen<strong>do</strong> esta comunicação a V. S. para seu conhecimento,aproveito a ocasião para etc.João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú.** *Relatório da RepartiçãoCircular 9 aos presidentes de provínciaRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 12 de outubro de 1859.Ilmo. e Exmo. sr.O Governo Imperial teve conhecimento, por uma nota que lhedirigiu a legação argentina nesta corte, de que o governo de BuenosAires mandara comprar e armar, em Inglaterra, <strong>do</strong>is vapores para serem9N. E. – Brasil. Repartição <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Relatório. Rio de Janeiro: 1871. p. 18e seguinte.172


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870emprega<strong>do</strong>s na guerra em que está empenha<strong>do</strong> com a ConfederaçãoArgentina.Se bem não possa o Governo Imperial, no caso de saírem <strong>do</strong>sportos da Grã-Bretanha aqueles vapores e de tocarem apenas nos <strong>do</strong>Império, em trânsito para Buenos Aires, mandar proceder à suadetenção, como foi por aquela legação solicita<strong>do</strong>, é conforme aosprincípios de neutralidade que se tem imposto o Governo Imperial naquelaguerra impedir que recebam armamento, tripulação e menos ainda quetransportem objetos bélicos para o porto de Buenos Aires.Refiro-me para melhor governo de V. Exa. à circular que foi-lheexpedida por este Ministério em 30 de julho último.Reitero a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 24/11/1859. Índice: “Marca omeio pelo qual se podem fazer dedicatórias,oferecimento de obras e de presentes a S.M. O Impera<strong>do</strong>r e membros da ImperialFamília.”Ao corpo diplomático brasileiroSeção CentralCircularEm 24 de novembro de 1859.Não sen<strong>do</strong> conveniente que se façam dedicatórias e oferecimentosde obras ou presentes a S. M. O Impera<strong>do</strong>r e mais membros da Família173


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Imperial, sem que disso tenha prévio conhecimento o governo, a fim deem tempo solicitar a indispensável permissão <strong>do</strong> chefe de Esta<strong>do</strong>, cumpreque to<strong>do</strong> aquele que quiser fazer a dedicatória de uma obra, oferecimentodela ou presente de qualquer natureza e espécie à Família Imperial soliciteprimeiro, por intermédio de nossas legações, permissão deste Ministério,deven<strong>do</strong> essa legação, receben<strong>do</strong> aquela solicitação, informar:1º) Quem é o autor ou oferente, posição social que ocupa, créditode que goza, e quais são as vistas ou intenções com que faz a oferta.2º) Em que consiste a oferta, qual seu mérito ou valor, e qual arecompensa que lhe pode ser correspondente.O que comunico a V. Exa. para sua inteligência e execução,aproveitan<strong>do</strong>-me <strong>do</strong> ensejo para reiterar-lhe as expressões de minhaperfeita estima e distinta consideração.João Luiz Vieira Cansansão de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 25/01/1860. Índice: “Sobre as eleiçõespara deputa<strong>do</strong>s da Assembléia Geral.”Para diversas legaçõesSeção CentralCircularEm 25 de janeiro de 1860.Ilmo. Exmo sr.Não deixarei partir o paquete francês sem anunciar a V. Exa.que, ten<strong>do</strong>-se procedi<strong>do</strong> nesta corte e em to<strong>do</strong> o Império, no dia 30<strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong>, a eleição <strong>do</strong>s eleitores, que no dia 30 <strong>do</strong> mês corrente174


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870tem d’eleger os representantes da nação na décima primeira-legislatura,foi esse direito popular exerci<strong>do</strong> com toda a liberdade e sem que,segun<strong>do</strong> as comunicações oficiais até agora recebidas, houvesse amenor perturbação da ordem pública.Reitero a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima econsideração.João Luiz Cansansão de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 12/<strong>04</strong>/1860. Índice: “Sobre aconveniência de serem ministradas a estaSecretaria d’Esta<strong>do</strong> com prontidão as informaçõespor ela pedidas de outra repartição.”Aos MinistériosSeção Central(Circular confidencial)Em 12 de abril de 1860.Ilmo. Exmo. sr.A demora com que as repartições subalternas satisfazem asinformações pedidas pelo Ministério é um fato de que não duvidam aquelesque se acham na direção das diversas Secretarias d’Esta<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> isso umgrave inconveniente para a marcha regular <strong>do</strong>s negócios em cada umdesses mesmos Ministérios, ainda o é mais para este que, não poden<strong>do</strong>satisfazer de pronto às reclamações que lhe são dirigidas pelos agentes <strong>do</strong>sgovernos estrangeiros acredita<strong>do</strong>s nesta corte, tem o desgosto de seracusa<strong>do</strong> de omisso ou desatencioso para com esses agentes e ser, porisso, obriga<strong>do</strong> a sustentar uma discussão sempre desagradável.175


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>É para evitar este inconveniente que rogo a V. Exa. se digne deexpedir as mais terminantes ordens à repartição e mais emprega<strong>do</strong>sseus subalternos para que respondam com brevidade às informaçõesque, a pedi<strong>do</strong> deste Ministério, forem por V. Exa. exigidas ou ordenadas,providencian<strong>do</strong> para que sejam elas prontamente transmitidas àSecretaria a meu cargo.Prevaleço-me da ocasião para reiterar a V. Exa. meus protestos<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong> respeito e profunda estima.João Luiz Cansansão de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 15/06/1860.Aos presidentes das provínciasIlmo. Exmo. sr.Em 15 de junho de 1860.V. Exa. não ignora que nesta capital, além <strong>do</strong> Hospital da SantaCasa de Misericórdia, outros existem, como o de Santa Isabel, o <strong>do</strong>sLázaros, e o Hospício de Pedro II, onde os pobres, quer nacionais ouestrangeiros, são recolhi<strong>do</strong>s e trata<strong>do</strong>s gratuitamente, conforme anatureza da enfermidade de que sofrem.Quanto ao sustento presta<strong>do</strong> à custa <strong>do</strong>s cofres públicos aosestrangeiros que caem em indigência, não há nesta corte casa algumade caridade especialmente destinada para esse fim; apenas na albergariada Praia de Sta. Luzia são abriga<strong>do</strong>s os mendigos e, na Casa da Correção,recolhi<strong>do</strong>s e sustenta<strong>do</strong>s gratuitamente os vagabun<strong>do</strong>s.Desejan<strong>do</strong> este ministério possuir esclarecimentos exatos sobrea maneira por que em to<strong>do</strong> o Império são socorri<strong>do</strong>s pela administraçãoprovincial quaisquer súditos estrangeiros que a<strong>do</strong>ecem ou caem naindigência, rogo à V. Exa. queira circunstanciadamente informar-mesobre os seguintes quesitos:176


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-18701º) se nessa província há estabelecimentos públicos de caridadedestina<strong>do</strong>s a receber e tratar <strong>do</strong>entes pobres e a recolher os indigentestanto nacionais como estrangeiros;2º) se nesses estabelecimentos são admiti<strong>do</strong>s os estrangeiros,sem distinção, no mesmo pé <strong>do</strong>s nacionais, e quais as condições desua admissão;3º) se as despesas com o seu curativo e sustento são gratuitasou feitas sob a responsabilidade <strong>do</strong>s respectivos agentes consulares;4º) não haven<strong>do</strong> estabelecimentos públicos, como se procedepara com os <strong>do</strong>entes e indigentes tanto nacionais comoestrangeiros.Reitero à V. Exa. etc.C. de Sinimbú.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...N. B. – Para os presidentes de Pernambuco, Bahia, e Rio Grande digaseno primeiro quesito: “Se nessa província, além da Casa de Misericórdia,há outros estabelecimentos públicos de caridade destina<strong>do</strong>s etc.”** *AHI 317/01/07Circular de 20/06/1860. Índice: “Contencioso.Requisita, para evitar dúvidas, que as precatóriasdirigidas a países estrangeiros o sejam porintermédio deste Ministério.”1ª SeçãoN.CircularÀs presidências das provínciasEm 20 de junho de 1860.177


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ilmo. e Exmo. sr.Consideran<strong>do</strong> a necessidade de prevenir a reprodução de dúvidasque se têm suscita<strong>do</strong> em algumas de nossas legações, relativamenteà legitimidade de cartas precatórias <strong>do</strong> Império a esses países dirigidase à inconveniência <strong>do</strong>s juízes em remetê-las diretamente às mesmaslegações, venho rogar a V. Exa. se sirva expedir as precisas ordens afim de que tais instrumentos, quan<strong>do</strong> destina<strong>do</strong>s a país estrangeiro,sejam envia<strong>do</strong>s depois de competentemente legaliza<strong>do</strong>s por intermédiodeste Ministério, salvos tão somente os casos de extrema urgência,em que a remessa poderá verificar-se por intermédio dessa presidência.Aproveito a oportunidade para reiterar a V. Exa. as segurançasde minha perfeita estima e distinta consideração.João Luís Vieira Cansansão de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 01/08/1860.Às legações imperiaisSeção CentralCircularEm 1º de agosto de 1860.No dia 29 de julho próximo passa<strong>do</strong>, pelas 11 horas da manhã,teve lugar no Paço <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>, onde se achavam reuni<strong>do</strong>s os membrosda Assembléia Geral Legislativa, o ato solene <strong>do</strong> juramento presta<strong>do</strong>por S. A. Imperial a Sereníssima Princesa <strong>do</strong>na Isabel como herdeirapresuntiva da coroa, em conformidade <strong>do</strong> que dispõe o art. 106 daConstituição <strong>do</strong> Império.Nos inclusos retalhos <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio de 28 e 30 <strong>do</strong>mesmo mês, encontrará V. Exa. os pormenores dessa solenidade178


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870conforme o cerimonial a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Assembléia Geral e, bem assim, oteor <strong>do</strong> respectivo auto, assina<strong>do</strong> por S. A. Imperial.Reitero a V. ... etc.C. de Sinimbú.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 12/09/1860. Índice: “Recomenda aexecução da 22ª condição <strong>do</strong> contrato com aCompanhia de Navegação <strong>do</strong> Alto Paraguai.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiais na AméricaSeção CentralCircularEm 12 de setembro de 1860.Poden<strong>do</strong> acontecer que, por emergências <strong>do</strong> serviço público,seja exigi<strong>do</strong> por ...... algum vapor da Companhia de NavegaçãoAlto Paraguai, para ser emprega<strong>do</strong> em comissão especial,recomen<strong>do</strong> a V. ... a execução da 22 a condição <strong>do</strong> contrato aprova<strong>do</strong>pelo decreto n. 2.196 de 23 de junho de 1858, que assim dispõe:“Em qualquer circunstância e ocasião, a companhia seráobrigada a pôr à disposição <strong>do</strong> governo os seus vapores, sempreque este os exigir, mediante a indenização que se convencionar, aqual nunca excederá a importância proporcional da subvenção,deduzida dessa a <strong>do</strong> custeio, porque este correrá por conta <strong>do</strong>governo.”Reitero a V. ... as expressões da minha ... estima e ...consideração.João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú.179


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Aos senhores:José Maria <strong>do</strong> Amaral;Inácio de Avelar Barboza da Silva;João Carlos Pereira Pinto;Melchior Carneiro de Men<strong>do</strong>nça Franco;Amaro José <strong>do</strong>s Santos Barboza.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 23/03/1861.Aos presidentes das provínciasS. CentralReserva<strong>do</strong>Em 23 de março de 1861.Ilmo. Exmo. sr.Por mais de uma vez tem oposto embaraços à marcha <strong>do</strong>Governo Imperial, suscitan<strong>do</strong> importantes reclamaçõesdiplomáticas, o fato de haverem as assembléias provinciaisexorbita<strong>do</strong> das atribuições que lhes confere o ato adicional,legislan<strong>do</strong> em matéria da exclusiva competência da AssembléiaGeral – como seja a imposição sobre gêneros estrangeiros, quepagam direitos aos cofres gerais, e sobre a condição <strong>do</strong>scomerciantes e caixeiros estrangeiros – assunto que demais afetae pode prejudicar as relações internacionais, cuja direção a leifundamental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> cometeu aos poderes gerais e,especialmente, ao Poder Executivo.Em tais circunstâncias, sen<strong>do</strong> opinião <strong>do</strong> Governo Imperial –formada de acor<strong>do</strong> com a das respectivas seções <strong>do</strong> Conselho180


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870d’Esta<strong>do</strong> – que a legislação aludida ofende a Constituição <strong>do</strong> Impérioe o ato adicional; acrescen<strong>do</strong>, pelo que toca à condição <strong>do</strong>sestrangeiros, a existência <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> perpétuo com a França, queexpressamente se opõe ao lançamento de qualquer imposição sobreos súditos daquela nação que não recaia também sobre osbrasileiros; importan<strong>do</strong>, por conseguinte, o lançamento de umsemelhante imposto sobre os súditos de outras nações, violaçãoou quebra <strong>do</strong> princípio da mais perfeita igualdade, aliás, garanti<strong>do</strong>por alguns trata<strong>do</strong>s vigentes e, em geral, fielmente observa<strong>do</strong> peloImpério em suas relações internacionais; e cumprin<strong>do</strong> providenciarpara que de futuro se evite a a<strong>do</strong>ção nas assembléias provinciaisde medidas como as de que se trata: convém que V. Exa. empreguepara esse fim toda a influência e prestígio da posição que ocupa,recusan<strong>do</strong> mesmo a sanção a tais leis, na forma <strong>do</strong>s artigos 15 e16 <strong>do</strong> ato adicional, desde que, a despeito <strong>do</strong>s seus esforços,forem elas votadas.Reitero a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.Paranhos.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 01/08/1861.A diversos MinistériosMinistério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 1º de agosto de 1861.Seção CentralReserva<strong>do</strong>N. 11Ilmo. Exmo. sr.181


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Tenho a honra de participar a V. Exa. que S. M. O Impera<strong>do</strong>r,atenden<strong>do</strong> aos interesses <strong>do</strong> comércio de seus súditos e desejan<strong>do</strong>observar uma estrita neutralidade durante a guerra que infelizmenteexiste entre os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e os Esta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s da América,houve por bem, de conformidade com os princípios <strong>do</strong> direitointernacional, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s no Império em circunstâncias análogas, ordenarque fosse dirigida aos presidentes das províncias <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Impérioa circular inclusa por cópia.Se bem não reconheça o governo imperial a existência política<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s, não lhes pode entretanto recusar o direitode beligerantes e é este o pensamento daquela circular.De acor<strong>do</strong> com este pensamento rogo a V. Exa. haja de expediras convenientes ordens e instruções às autoridades <strong>do</strong> Império quelhe estão subordinadas.Renovo a V. Exa. as seguranças de minha mais alta estima edistinta consideração.Benevenuto Augusto de Magalhães Taques.** *Relatório da RepartiçãoCircular 10 aos presidentes de provínciaRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 1º de agosto de 1861.Ilmo. e Exmo. sr.A luta que rompeu entre o governo federal <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sNorte-Americanos e alguns desses esta<strong>do</strong>s, que declararam constituir-10N. E. – Brasil. Repartição <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros. Relatório. Rio de Janeiro: 1861. p. 18e seguintes.182


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870se em Confederação separada, pode trazer ao nosso país questõespara cuja solução releva que V. Exa. esteja preveni<strong>do</strong> e, por estemotivo, recebi ordem de Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r para declarara V. Exa. que o Governo Imperial julga dever manter-se na maisestrita neutralidade durante a guerra, em que infelizmente se achamaqueles Esta<strong>do</strong>s, e para que esta neutralidade seja guardada cumpreque se observem as determinações seguintes.Os Esta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s não têm existência reconhecida, mas,haven<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> de fato um governo distinto, não pode o GovernoImperial considerar como atos de pirataria os seus armamentosnavais, nem recusar-lhes, com as necessárias restrições, o caráterde beligerantes que assumiram.Os súditos brasileiros devem, nesta conformidade, abster-sede toda a participação e auxílio em favor de um <strong>do</strong>s beligerantes enão poderão tomar parte em quaisquer atos que possam serconsidera<strong>do</strong>s como hostis a uma das duas partes e contrários aosdeveres da neutralidade.A exportação de artigos bélicos <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> Império para osnovos Esta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s fica absolutamente proibida, ou sepretenda fazê-la debaixo da bandeira brasileira ou da de outra nação.O mesmo comércio de contraban<strong>do</strong> de guerra deve ser veda<strong>do</strong>aos navios brasileiros, ainda que se destinem aos portos sujeitos aogoverno da União Norte-Americana.Nenhum navio com bandeira de um <strong>do</strong>s beligerantes e queesteja emprega<strong>do</strong> nesta guerra ou a ela se destine, poderá seraprovisiona<strong>do</strong>, equipa<strong>do</strong> ou arma<strong>do</strong> nos portos <strong>do</strong> Império, não secompreenden<strong>do</strong> nesta proibição o fornecimento de vitualhas eprovisões navais indispensáveis à continuação da viagem.Não será permiti<strong>do</strong> a navio algum de guerra ou corsário entrare permanecer com presas nos nossos portos ou baías mais de 24horas, salvo o caso de arribada forçada, e por nenhum mo<strong>do</strong> lhesserá permiti<strong>do</strong> dispor das mesmas presas ou de objetos delasprovenientes.Na execução destas medidas e na solução das questões queocorrerem, V. Exa. se guiará pelos princípios de direito internacional,ten<strong>do</strong> em consideração as instruções expedidas por este Ministérioem 18 de maio de 1854, guarda<strong>do</strong> o pensamento da circular de 30de julho de 1859, com relação aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s em luta com osEsta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s, e comunicará ao Governo Imperial quaisquerdificuldades ou ocorrências extraordinárias que exijam novasinstruções.Reitero a V. Exa. as expressões de minha estima e distintaconsideração.183


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Benvenuto Augusto de Magalhães Taques.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/12/1861.Aos presidentes das províncias <strong>do</strong> norteSeção CentralCircularEm 7 de dezembro de 1861.Ilmo. Exmo. sr.Junta tenho a honra de remeter a V. Exa. cópia <strong>do</strong> aviso que em2 <strong>do</strong> corrente dirigi ao presidente da província <strong>do</strong> Maranhão, aprovan<strong>do</strong>em nome <strong>do</strong> Governo Imperial o seu procedimento pelo fato de terconsenti<strong>do</strong> em que o vapor Sunter, pertencente a esta<strong>do</strong>s dissidentesda União norte-americana, se aprovisionasse de carvão no porto dacapital daquela província, não obstante o protesto e oposição <strong>do</strong> cônsulamericano.Recomendan<strong>do</strong>, de ordem de S. M. O Impera<strong>do</strong>r a V. Exa. aobservância das instruções contidas no cita<strong>do</strong> aviso pelas quais sãoexplicadas as que constam <strong>do</strong> meu reserva<strong>do</strong> de 1º de agosto <strong>do</strong>corrente ano, renovo a V. Exa. os protestos etc.Taques.184


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Excetuam-se as <strong>do</strong> Maranhão e Pará, a quem já se dirigiram despachosespeciais sobre este assunto.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 10/03/1862. Índice: “Pede informaçõessobre os países vizinhos <strong>do</strong> Império.”Às legações imperiais da América <strong>do</strong> Sul abaixodesignadas e ao consula<strong>do</strong> geral em Buenos AiresSeção CentralCircularEm 10 de março de 1862.Desejan<strong>do</strong> o Governo Imperial obter da<strong>do</strong>s certos sobre a divisãopolítica e administrativa <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s limítrofes com o Império,recomen<strong>do</strong> a V. ... que proceda a este trabalho, pelo que diz respeito aessa república, forman<strong>do</strong> de tais da<strong>do</strong>s um quadro que deveráacompanhar das observações que se lhe oferecerem.Reitero a V. ... etc.Aos senhores:Taques.J. A. Barbosa da Silva MontevidéuF. A. de Varnhagen Venezuela, NovaGranada e Equa<strong>do</strong>rPara este escreveu-se: “pelo que diz respeito às Repúblicas de Venezuela,Nova Granada e Equa<strong>do</strong>r.”185


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>J. da C. Rego Monteiro ChileAntônio José LisboaPeruA. P. de Carvalho Borges ParaguaiJ. C. Pereira Pinto (cônsul) Buenos AiresPara este último escreveu-se: “pelo que diz respeito à ConfederaçãoArgentina.”(Não foi para a Bolívia, por estar vaga a respectiva legação.)** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 21/08/1862.Circular às legações imperiaisSeção CentralEm 21 de agosto de 1862.Ilmo. Exmo. sr.Ten<strong>do</strong> de realizar-se proximamente a criação de uma folhaoficial que, dan<strong>do</strong> publicidade aos atos <strong>do</strong> governo e explican<strong>do</strong>-os,procure ao mesmo tempo orientar e ilustrar a opinião pública, trazen<strong>do</strong>ao seu conhecimento o que de interessante e útil for ocorren<strong>do</strong> nospaíses mais adianta<strong>do</strong>s e possa ser aplica<strong>do</strong> ou aproveita<strong>do</strong> no Império,a bem <strong>do</strong> seu progressivo desenvolvimento material e moral, ordenouS. M. O Impera<strong>do</strong>r que suas imperiais legações na Europa e n’Américacontribuíssem para este fim com o contingente que podem recolherda posição especial que ocupam nos diferentes países <strong>do</strong>s <strong>do</strong>iscontinentes.É, pois, em cumprimento da imperial ordem a que acabo dealudir, que dirijo a V. Exa. este despacho, cujo objeto é ministrar-lheas instruções por que dever-se-á guiar a respeito deste assunto.186


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Por cada um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is paquetes, que mensalmente largam deSouthampton e de Bordeaux para esta capital, convirá que essa legaçãoenvie a este Ministério um relatório resumi<strong>do</strong> – mas substancial – detodas as ocorrências políticas <strong>do</strong> país em que se acha, compreendidasnelas as medidas legislativas e administrativas que forem a<strong>do</strong>tadaspelos poderes competentes.Deverá também o relatório conter, em termos concisos e claros,uma justa e imparcial apreciação das opiniões e aspirações políticas,que se manifestarem no país, <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> geral de suas finanças,lavoura, indústria e comércio; tu<strong>do</strong> que possa interessar à nossacolonização; assim como a notícia circunstanciada de quaisquermedidas ou providências que tenham por fim a instituição deestabelecimentos destina<strong>do</strong>s a promover a agricultura e a forneceraos lavra<strong>do</strong>res capitais a juro cômo<strong>do</strong>.Outrossim, abrangerá o relatório a notícia de qualquer alteraçãoou modificação nas instituições <strong>do</strong> país, nos seus recursos internos enas suas relações internas, ten<strong>do</strong>-se em vista os melhoramentos dasvias de comunicação por terra e por mar, com especial atenção aoserviço de correios, consideran<strong>do</strong> sempre de preferência as questõese assuntos que possam mais imediatamente interessar ao Império.Sen<strong>do</strong> óbvio que o trabalho de que se trata não deve, para cadapaquete, exceder os limites de um artigo de jornal de duas ou trêscolunas, nem compreender matéria de natureza reservada, julgoescusa<strong>do</strong> fazer a esse respeito recomendação alguma a V. Exa.,ponderan<strong>do</strong> apenas que se o assunto exigir maior desenvolvimento,poderá ser trata<strong>do</strong> em diversos artigos.No intuito de habilitar os adi<strong>do</strong>s às legações imperiais, de primeirae segunda classe, quer no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s diferentes assuntos, que deixoenumera<strong>do</strong>s, quer no mo<strong>do</strong> de apreciá-los e expô-los, parece ao GovernoImperial conveniente que seja o trabalho por eles distribuí<strong>do</strong>, sempre,porém, sob a direção e inspeção <strong>do</strong>s respectivos chefes.Confian<strong>do</strong> da inteligência e zelo de V. Exa., que o pensamento<strong>do</strong> Governo Imperial, expresso na presente circular, terá a desejadaexecução, aproveito a oportunidade para reiterar a V. Exa. as segurançasde minha perfeita estima e distinta consideração.M. d’Abrantes.** *187


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 09/09/1862.Circular ao corpo diplomático e consularSeção CentralEm 9 de setembro de 1862.Ilmo. e Exmo. sr.Durante a seção da Câmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>s neste anoforam pronuncia<strong>do</strong>s alguns discursos, nos quais em geral formou-se arespeito da política internacional <strong>do</strong> Império e <strong>do</strong>s seus agentes umjuízo tão pouco justo, como inexato.Semelhante apreciação, partin<strong>do</strong> da representação nacional, nãopodia deixar, sobretu<strong>do</strong> no exterior, de produzir desfavorável impressãocom prejuízo <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> Governo Imperial e <strong>do</strong> país; e exigia, portanto,que fosse devidamente retificada.Felizmente o sr. deputa<strong>do</strong> conselheiro Paranhos, sem dúvida um<strong>do</strong>s mais competentes para o cabal desempenho dessa tarefa, não sópelos seus talentos e ilustração, como pelo conhecimento prático <strong>do</strong>snegócios – adquiri<strong>do</strong> nas posições oficiais que tem ocupa<strong>do</strong>espontaneamente – encarregou-se de estabelecer a verdade <strong>do</strong>s fatos,demonstran<strong>do</strong> os serviços presta<strong>do</strong>s ao país na política externa peloGoverno Imperial e por alguns <strong>do</strong>s seus agentes, máxime no decurso<strong>do</strong>s últimos dez anos.Remeten<strong>do</strong> a V. Exa. folheto incluso, que contém o discursoproferi<strong>do</strong> pelo sr. deputa<strong>do</strong> a que me refiro, na sessão de 11 de julhoúltimo, recomen<strong>do</strong>-lhe que o tenha em vista quan<strong>do</strong> se dê oportunidadede justificar o Governo Imperial e os seus agentes diplomáticos decensuras e acusações imerecidas.Renovo a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.M. de Abrantes.** *188


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 08/01/1863. Índice: “Conflito entre oGoverno Imperial e a legação britânica pelasquestões relativas ao naufrágio da barca Princeof Wales, e alguns oficiais da fragata Forte.”Às legações imperiais na Europa e AméricaSeção CentralCircularEm 8 de janeiro de 1863.Ilmo. e Exmo. sr.Chamo toda a atenção de V. Exa. para os inclusos números <strong>do</strong>Diário Oficial de 1º, 3, 7 e 8 <strong>do</strong> corrente.Contêm eles, na correspondência trocada entre este Ministério ea legação de S. M. Britânica, a exposição <strong>do</strong> conflito em que infelizmenteteve de achar-se o Governo Imperial com a mesma legação, emconseqüência <strong>do</strong> ultimatum por ela apresenta<strong>do</strong> sobre as reclamaçõesconcernentes ao naufrágio da barca Prince of Wales e ao fato ocorri<strong>do</strong>na Tijuca com alguns oficiais da fragata Forte.Na correspondência a que me refiro, está tão evidentementedemonstrada a justiça e a dignidade com que o Governo Imperialresistiu às exageradas pretensões da legação britânica, que inútil fora,sem dúvida, acrescentar aqui quaisquer considerações nesse senti<strong>do</strong>.Se, escuda<strong>do</strong> da razão e de direito, não tripudiou o governo de S.M. O Impera<strong>do</strong>r em cumprir o dever de responder às ameaças que pelalegação britânica lhe foram dirigidas – com o protesto solene contra oabuso inqualificável que se pretendia praticar e com a declaraçãocategórica de que, em caso algum, consentiria no sacrifício <strong>do</strong> decoroe da dignidade nacional – não hesitou também o Governo Imperial emaceitar o meio mais pacífico e honroso que lhe foi indica<strong>do</strong> pela legaçãobritânica, de recorrer-se a uma arbitragem imparcial para conhecerda questão relativa à fragata Forte.E, lisonjeiro é dizê-lo, quer num, quer noutro caso, o GovernoImperial encontrou sempre a mais unânime, o mais decidi<strong>do</strong> e o mais189


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>entusiástico apoio de toda a população, que pela maneira ao mesmotempo prudente e enérgica com que se houve nesta conjuntura, deuainda uma vez apreciável testemunho <strong>do</strong> seu bom senso e <strong>do</strong> seupatriotismo.Como V. Exa. verá pelas duas últimas notas trocadas entre esteMinistério e a legação britânica, ficou definitivamente ajusta<strong>do</strong> opagamento, por intermédio da legação em Londres e sob protesto nostermos da nota deste Ministério de 29 de dezembro último, da somaque o governo britânico exigir como indenização pelo naufrágio dabarca Prince of Wales; e o recurso a um árbitro pelo que toca ao assunto<strong>do</strong>s oficiais da fragata Forte; deven<strong>do</strong>, porém, a efetividade destasdeclarações ser precedida da cessação das represálias e da relaxaçãodas presas feitas.Preenchidas como foram estas condições, termina<strong>do</strong> o conflitoque existia com a legação de S. M. Britânica, só resta aguardar-se adecisão que proferiu o árbitro escolhi<strong>do</strong> por S. M. O Impera<strong>do</strong>r, que éS. M. O Rei <strong>do</strong>s belgas, cuja sabe<strong>do</strong>ria e justiça são universalmentereconhecidas.Com a correspondência a que já aludi, publicada no Diário Oficial,e com a exposição que acabo de fazer, ficará V. Exa. efetivamentehabilita<strong>do</strong> para falar deste assunto, se necessário for, ao governo juntoao qual está acredita<strong>do</strong>.Renovo a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.M. d’Abrantes.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 06/02/1863.Circular às legações imperiaisSeção CentralEm 6 de fevereiro de 1863.190


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Nos inclusos números <strong>do</strong> Diário Oficial e <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercioencontrará V. Exa. publicada, não só a continuação da correspondênciatrocada entre este Ministério e a legação de S. M. Britânica –relativamente ao conflito que houve nesta corte e de que deiconhecimento a V. Exa. pela minha circular de 8 <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong> – comotambém algumas informações que julgou o Governo Imperialconveniente fazer publicar, para esclarecimento e mais completainteligência da mesma correspondência.Reitero a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.M. d’Abrantes.** *AHI 317/03/10Circular de 23/06/1863. Índice: “Neutralidade <strong>do</strong>Gov. Imp. na guerra <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.”Aos presidentes de províncias23 de junho de 1863.Ilmo. e Exmo. sr.Convin<strong>do</strong> dar maior desenvolvimento à circular deste Ministério<strong>do</strong> 1º de agosto de 1861, que estabeleceu os princípios regula<strong>do</strong>res daneutralidade que o Governo Imperial resolveu assumir em presença daluta <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s d’América <strong>do</strong> Norte, já para explicar algunsdesses princípios, já para indicar em geral os casos em que se devejulgar violada a neutralidade e os meios de a fazer efetiva, manda SuaMajestade O Impera<strong>do</strong>r declarar a V. Exa. o seguinte, para seuconhecimento e devida execução.Pelas palavras “salvo o caso de arribada forçada” mencionadasna referida circular deve também entender-se:191


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>_ Que o navio não será obriga<strong>do</strong> a sair <strong>do</strong> porto dentro <strong>do</strong> prazode 24 horas, se não houver podi<strong>do</strong> efetuar os consertos indispensáveispara que possa expor-se ao mar sem risco de perder-se._ Se igual risco se der por causa no mau tempo._ Se, finalmente, for acossa<strong>do</strong> pelo inimigo.Nestas hipóteses, fica ao arbítrio <strong>do</strong> governo na corte e <strong>do</strong>spresidentes nas províncias determinar, à vista das circunstâncias, otempo dentro <strong>do</strong> qual deverá o navio sair.Os corsários, ainda que não conduzam presas, não serão admiti<strong>do</strong>snos portos <strong>do</strong> Império por mais de 24 horas, salvo o caso de arribadaforçada.As presas, de que trata a circular <strong>do</strong> 1º de agosto, são osnavios apresa<strong>do</strong>s pelos beligerantes ou pelos corsários; de mo<strong>do</strong>que a pena imposta aos que conduzirem presas não é aplicável aosque tão somente trouxerem objetos provenientes delas; nãopoden<strong>do</strong>, porém, em caso algum dispor <strong>do</strong>s mesmos objetos, assimcomo das presas.De conformidade com a circular citada, os navios beligerantesnão podem receber nos portos <strong>do</strong> Império senão as vitualhas eprovisões navais, de que absolutamente careçam, e fazer os consertosnecessários para a continuação da viagem.Esta disposição pressupõe que o navio vai com destino para umporto qualquer e que, só de passagem e por necessidade, demanda umporto <strong>do</strong> Império.A pressuposição da circular não se verificará, porém, se um mesmonavio procurar o porto amiudadas vezes ou se, depois de ser refresca<strong>do</strong>em um porto, entrar em outro logo depois, pretextan<strong>do</strong> o mesmo fim,salvos os casos prova<strong>do</strong>s de força maior.A freqüência, pois, sem motivo suficientemente justifica<strong>do</strong>, deveautorizar a suspeita de que o navio não está realmente em viagem,mas percorre os mares vizinhos <strong>do</strong> Império para apresar naviosinimigos.O asilo e o socorro que em tal caso se preste a um <strong>do</strong>sbeligerantes poderá ser qualifica<strong>do</strong> como auxílio em favor presta<strong>do</strong>contra o outro e, portanto, como quebra da neutralidade declarada.Convém, conseguintemente, que um navio, que já uma vez tenhaentra<strong>do</strong> em um <strong>do</strong>s nossos portos, não seja recebi<strong>do</strong> no mesmo portoou em outro, pouco depois de haver entra<strong>do</strong> no primeiro, para recebervitualhas, provisões navais e fazer consertos, salvo o caso devidamenteprova<strong>do</strong> de força maior, senão depois de um prazo razoável que façacrer que o navio já se tinha retira<strong>do</strong> das costas <strong>do</strong> Império e a elasregressou depois de ter concluí<strong>do</strong> a viagem a que se destinava.192


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Por motivos idênticos aos que ficam expostos, não será permiti<strong>do</strong>nos portos <strong>do</strong> Império que os navios beligerantes recebam gênerosvin<strong>do</strong>s diretamente para eles em navios de qualquer nação; o quesignificaria que não procuram os beligerantes os nossos portos depassagem e por necessidade imprevista, mas com o propósito depermanecer na proximidade das costas <strong>do</strong> Império, soman<strong>do</strong> com isso,de antemão, as cautelas precisas para se fornecerem <strong>do</strong>s meios decontinuar em suas empresas. A tolerância de um semelhante abusoequivaleria a permitir que os portos <strong>do</strong> Império servissem aosbeligerantes de base de operações.Fican<strong>do</strong> assim explica<strong>do</strong>s os princípios da circular <strong>do</strong> 1º deagosto de 1861, cumpre que nos portos, baías e ancora<strong>do</strong>uros <strong>do</strong>Império se exija <strong>do</strong>s beligerantes a fiel observância das seguintescondições:1ª) Os navios de guerra admiti<strong>do</strong>s em um ancora<strong>do</strong>uro ou portodeverão permanecer na tranqüilidade a mais perfeita e na mais completapaz com to<strong>do</strong>s os navios que aí estiverem, ainda os de guerra, ouarma<strong>do</strong>s em guerra, <strong>do</strong> seu inimigo.2ª) Não poderão aumentar a sua tripulação, contratan<strong>do</strong>marinheiros de qualquer nação que sejam, inclusive compatriotas seus.3ª) Não poderão igualmente aumentar o número e o calibre desua artilharia, nem por qualquer mo<strong>do</strong> aperfeiçoá-las [sic], comprar ouembarcar armas portáteis e munições de guerra.4ª) Não poderão pôr-se d’emboscada nos portos ou ancora<strong>do</strong>uros,ou nas ilhas ou cabos <strong>do</strong>s mares territoriais <strong>do</strong> Império, à espreita denavios inimigos que entrem ou saiam; nem mesmo procurar informaçõesa respeito daqueles que são espera<strong>do</strong>s ou que devem sair; e nem,finalmente, fazer-se à vela para correr sobre um navio inimigo avista<strong>do</strong>ou sinala<strong>do</strong>.5ª) Não poderão fazer-se à vela imediatamente depois de umnavio pertencente a uma nação inimiga ou neutra. Sen<strong>do</strong> a vapor oude vela, tanto o navio que sair como aquele que ficar, mediará entre asaída de um e outro o prazo de 24 horas. Se, porém, for de vela o quesair, e a vapor o navio que ficar, não poderá este sair senão 72 horasdepois.6ª) Durante a sua estada no porto, não poderão os beligerantesempregar nem a força nem a astúcia para reaver presas feitas aosseus concidadãos, que se acharem no mesmo asilo, ou para libertarprisioneiros de sua nação.7ª) Não poderão proceder no porto neutro nem à venda, nemao resgate das presas feitas ao seu inimigo, antes que a validade dapresa seja reconhecida pelos tribunais competentes.193


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Fica subentendi<strong>do</strong> que as infrações de cada uma destas setecondições constituirão outros tantos casos de violação da neutralidade<strong>do</strong> Império, sujeitan<strong>do</strong> os infratores às penas que lhes forem impostas.E para fazer efetiva a neutralidade, coibin<strong>do</strong> e reprimin<strong>do</strong> os abusosque se praticarem, deverão ser emprega<strong>do</strong>s os seguintes meios:1º) Verificar, previamente à concessão <strong>do</strong> asilo, o caráter <strong>do</strong> navioe seus precedentes em outros portos <strong>do</strong> Império, para depois concederou negar a entrada e a permanência, escassear o favor ou re<strong>do</strong>brar devigilância.2º) Marcar ancora<strong>do</strong>uro onde os navios estejam debaixo dasvistas imediatas da polícia, longe de paragens e circunstâncias suspeitas.3º) Mandar fiscalizar desde a entrada até a saída o movimento<strong>do</strong>s beligerantes, verifican<strong>do</strong> a inocência <strong>do</strong>s objetos que embarcarem.4º) Ordenar à polícia que não consinta no desembarque e vendade objetos provenientes de presas.5º) Impedir que se façam presas nas águas territoriais <strong>do</strong> Império,empregan<strong>do</strong> para isso a força, sen<strong>do</strong> necessário; e, se as presas ouobjetos delas provenientes, entra<strong>do</strong>s nos portos <strong>do</strong> Império, houveremsi<strong>do</strong> feitas nas mesmas águas territoriais, deverão ser arrecadadaspelas autoridades competentes para se restituírem aos seus legítimosproprietários, consideran<strong>do</strong>-se sempre nula a venda de tais objetos.6º) Não admitir nos portos <strong>do</strong> Império o beligerante que uma vezhouver viola<strong>do</strong> a neutralidade.7º) Fazer sair imediatamente <strong>do</strong> território marítimo <strong>do</strong> Império,não lhes fornecen<strong>do</strong> coisa alguma, os navios que tentarem violar aneutralidade.8º) Finalmente, usar da força, e na falta ou insuficiência desta,protestar solene e energicamente contra o beligerante que, sen<strong>do</strong>adverti<strong>do</strong> e intima<strong>do</strong>, não desistir da violação da neutralidade <strong>do</strong> Império;ordenan<strong>do</strong> às fortalezas e aos navios de guerra que atirem sobre obeligerante que acometer o seu inimigo no nosso território e sobre onavio arma<strong>do</strong> que se dispuser a sair antes de decorri<strong>do</strong> o tempo marca<strong>do</strong>depois da saída <strong>do</strong> navio pertencente ao beligerante contrário.E porque o vapor Alabama <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Confedera<strong>do</strong>s violoumanifestamente a neutralidade <strong>do</strong> Império, por ter infringi<strong>do</strong> asdisposições da circular <strong>do</strong> 1º de Agosto de 1861, tornan<strong>do</strong> a ilha Rasaem base de suas operações, pois que para ali conduziu presas e saiu afazer outras, que man<strong>do</strong>u queimar depois de as haver conserva<strong>do</strong>alguns dias no ancora<strong>do</strong>uro da mesma ilha, ordena Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r que o dito vapor não seja mais recebi<strong>do</strong> em porto algum <strong>do</strong>Império.194


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Renovo a V. Exa. os protestos etc.Marquês d’Abrantes.A S. Exa. o sr. presidente da província de...** *AHI 317/03/10Circular de 24/06/1863. Índice: “Sobre oprecedente assunto de neutralidade.”Aos presidentes das províncias marítimas (menos a da Bahia)24 de junho de 1863.Ilmo. e Exmo. sr.No exemplar incluso <strong>do</strong> Diário Oficial de hoje encontrará V.Exa. impressa a circular que, com data de ontem, expediu esteMinistério aos srs. presidentes das províncias marítimas comocomplemento da <strong>do</strong> 1º de agosto de 1861, que estabeleceu asregras da neutralidade que o Império se impôs na luta da Uniãonorte-americana.Recomendan<strong>do</strong> a V. Exa. a fiel observância das disposiçõescontidas na referida circular, que ora lhe envio, aproveito aoportunidade para renovar a V. Exa. as seguranças etc.Marquês d’Abrantes.A S. Exa. o sr. presidente da província de ....** *195


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/07/1863.Às legações imperiaisS. CentralCircularEm 7 de julho de 1863.Remeto a V. ... para seu conhecimento um exemplar impressoda circular dirigida aos presidentes das províncias <strong>do</strong> Império, pela qualo governo imperial julgou conveniente dar maior desenvolvimento àde 1 º de agosto de 1861, que estabeleceu os princípios da neutralidadeque resolveu o mesmo governo a<strong>do</strong>tar na presente luta <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUnidas d’América <strong>do</strong> Norte.Reitero a V. ...M. d’Abrantes.** *AHI 317/03/10Circular de 23/08/1864. Índice: “Sobre a missãoespecial confiada ao conselheiro Saraiva no Rioda Prata; represálias.”Às legações imperiais e aos consula<strong>do</strong>s nos paísesonde não existem agentes diplomáticos <strong>do</strong> Império23 de agosto de 1864.Os vexames e as violências de que, desde muitos anos, têmsi<strong>do</strong> vítimas os súditos <strong>do</strong> Império residentes no Esta<strong>do</strong> Oriental,196


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870onde sua vida, honra e propriedade não encontram as garantias e aproteção que, aliás, lhes afiança a Constituição da república e que oGoverno Imperial debalde se tem constantemente esforça<strong>do</strong> emconseguir por meio de reclamações amigáveis, impuseram ao mesmogoverno a necessidade <strong>do</strong>lorosa, mas imprescindível, de assumirnaquela república uma atitude que fizesse sentir ao seu governo queo <strong>do</strong> Brasil estava resolvi<strong>do</strong> a exigir as justas reparações que lheeram devidas, visto haverem si<strong>do</strong> até agora ineficazes os reclamosbenévolos e amigáveis.Sempre propenso, porém, à paz e à harmonia com todas asnações e, principalmente, com as que lhe são vizinhas e a que o ligaminteresses da maior importância, o Governo Imperial quis ainda tentarnesse terreno um último esforço e, para isso, enviou a Montevidéu amissão especial confiada ao sr. conselheiro José Antônio Saraiva.Esgota<strong>do</strong>s por este distinto servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os recursospossíveis para inspirar confiança ao governo da república e convencêlo<strong>do</strong> dever e da conveniência de atender às nossas justas e razoáveisexigências, o plenipotenciário brasileiro, em cumprimento dasinstruções que recebera, apresentou o ultimato <strong>do</strong> Governo Imperialque marcava ao da república o prazo de seis dias, dentro <strong>do</strong> qualseriam dadas as satisfações exigidas, sob pena de se proceder arepresálias por parte <strong>do</strong> Império.Desatendi<strong>do</strong> e desconsidera<strong>do</strong> também pelo governo darepública este ultimato, o envia<strong>do</strong> brasileiro, intiman<strong>do</strong> ao mesmogoverno a cominação ali estabelecida, entregou a execução destaaos chefes das forças de mar e terra <strong>do</strong> Império.A maior parte <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos relativos a este importanteassunto acham-se extrata<strong>do</strong>s no Diário Oficial e publica<strong>do</strong>s no CorreioMercantil que inclusos envio a V. ...Pela leitura desses <strong>do</strong>cumentos ver-se-á justifica<strong>do</strong> o procedimento<strong>do</strong> Governo Imperial e, fora de toda a dúvida, que nenhum outropensamento abriga que o de proteger e defender a vida, a honra e apropriedade <strong>do</strong>s seus concidadãos na república vizinha.Não obstante, preten<strong>do</strong> pelo próximo paquete remeter a V. ...uma coleção impressa completa de todas as peças oficiaisconcernentes à missão especial <strong>do</strong> sr. conselheiro Saraiva,acompanhada de algumas observações demonstrativas daincontestável justiça e indeclinável necessidade <strong>do</strong> nossoprocedimento.Reitero a V. ... as seguranças etc.J. P. Dias Vieira.197


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ao sr.(Assim se escreveu aos agentes diplomáticos brasileiros na Bolívia,Peru=Chile=e=Equa<strong>do</strong>r, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Paraguai, Venezuela, RepúblicaArgentina, Áustria, Bélgica, Roma, França, Espanha, Itália, Portugal,Prússia e Cidades Hanseáticas etc, Rússia; e aos agentes consulares naBaviera=Würtemberg=outros Esta<strong>do</strong>s da Alemanha=e=na Suíça,Suécia=e=Dinamarca, Holanda, e no Reino de Saxônia).** *AHI 317/03/13Circular de 16/09/1864. Índice: “Cassa oexequatur concedi<strong>do</strong> aos agentes consulares daRepública Oriental <strong>do</strong> Uruguai no Império.”2.ª SeçãoN.CircularEm 16 de setembro de 1864.Ilmo. e Exmo. sr.O procedimento que acaba de ter o governo da República Oriental<strong>do</strong> Uruguai para com os agentes diplomáticos e consulares <strong>do</strong> Impériona mesma república exige que o Governo Imperial, por sua parte,interrompa também as relações oficiais com os agentes da dita repúblicae, por isso, acaba de cassar o exequatur que havia concedi<strong>do</strong> ao sr.Gabriel Perez, no caráter de cônsul-geral, e a de to<strong>do</strong>s os vice-cônsulese agentes consulares da república no Império.Comunican<strong>do</strong> esta resolução a V. Exa. para sua inteligência,aproveito a oportunidade para renovar-lhe as seguranças etc.Carlos Carneiro de Campos.198


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870A S. Exa. o sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 27/09/1864.Circular às legações imperiaisSeção CentralMinistério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 27 de setembro de 1864.Pela circular de 21 de agosto de 1862 ordenou o Governo Imperiala V. S. que remetesse regularmente a este Ministério um relatórioresumi<strong>do</strong>, mas substancial, de todas as notícias políticas, <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>financeiro, agrícola, comercial e industrial <strong>do</strong> país em que reside, paraser publica<strong>do</strong> no Diário Oficial, com o fim de ilustrar bem a opiniãopública sobre o que ocorrer de mais interessante nesse país.Para que as informações e trabalhos que V. S. tiver de transmitirpor si ou por seus comissiona<strong>do</strong>s, nos termos da referida circular, sejamos mais completos e satisfatórios possíveis, convém que se tenha emvista tu<strong>do</strong> quanto nela se recomenda, que sejam fielmente cumpridasas suas disposições e que esta sorte de trabalhos se faça com to<strong>do</strong> odiscernimento e critério.Como geralmente se atribuem a uma origem oficial todas aspublicações desse gênero que se publicam em jornais de governo, éessencial que se evite, na exposição <strong>do</strong>s atos e marcha política eadministrativa <strong>do</strong>s governos estrangeiros, juízos que com justa razãopossam despertar o melindre de seus agentes acredita<strong>do</strong>s nesta corte.Desenvolven<strong>do</strong> o pensamento exara<strong>do</strong> pelo Governo Imperialna aludida circular, tenho de por último recomendar a V. S. que façatraduzir e remeter a esta Secretaria de Esta<strong>do</strong>, logo que sejam aípublica<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s os trata<strong>do</strong>s e atos internacionais, decretos, leis,regulamentos e quaisquer outros <strong>do</strong>cumentos, cujo conhecimento199


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>interesse direta ou indiretamente o Império nos diferentes ramos dapública administração.Confian<strong>do</strong> no zelo e dedicação de V. S., espera o Governo Imperialque este serviço se faça à sua satisfação.Reitero à V. S. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular 11 de 24/11/1864.CircularCópiaSeção CentralReserva<strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1864.Ilmo. e Exmo. sr.À essa legação foi oportunamente comunicada a resolução quetomou o Governo Imperial e as causas que a determinaram, d’enviaruma missão especial ao Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai em maio <strong>do</strong> correnteano.Depois de esgota<strong>do</strong>s por essa missão to<strong>do</strong>s os possíveis esforçospara conseguir <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Uruguai, por meios amigáveis e pacíficos,a devida solução de nossas justas reclamações; e desatendi<strong>do</strong> por aquele11N. E. – No topo da página, a lápis e em letra diferente: “Para servir de minuta <strong>do</strong> despachodirigi<strong>do</strong> à legação em Lisboa”. Os anexos menciona<strong>do</strong>s não se encontram junto ao <strong>do</strong>cumento.200


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870governo o ultimatum que por parte <strong>do</strong> <strong>do</strong> Império lhe fora apresenta<strong>do</strong>,retirou-se a missão, deixan<strong>do</strong> o vice-almirante barão de Tamandaréencarrega<strong>do</strong> de, pelo uso de represálias, compelir o governo da repúblicaa fazer-nos a devida justiça. No desempenho desta comissão e nointuito de prevenir que pelos portos de Paissandu e Salto recebessemas praças desses departamentos auxílios bélicos, o vice-almirantebrasileiro entendeu como mo<strong>do</strong> mais suave de conseguir este fimdever fazer registrar as embarcações suspeitas que demandassemos mesmos portos; mas julgan<strong>do</strong> conveniente dar conhecimento desemelhante deliberação aos agentes diplomáticos estrangeiros aliacredita<strong>do</strong>s, dirigiu-lhes a nota confidencial inclusa por cópia.À essa nota responderam os referi<strong>do</strong>s agentes ostensivamente ede acor<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong>-se o de Portugal exprimi<strong>do</strong> nos termos constantes dacópia junta.Em seguida, o vice-almirante brasileiro, no interesse de removerdúvidas e objeções, cuja discussão traria perda de tempo, fez anotificação <strong>do</strong> bloqueio <strong>do</strong>s portos menciona<strong>do</strong>s, passan<strong>do</strong> aos ditosagentes a nota também por cópia anexa. À essa notificação acabam deresponder os mesmos agentes em senti<strong>do</strong> idêntico, expressan<strong>do</strong>-seo de Portugal como V. Exa. verá na cópia igualmente inclusa.Que não têm eles a semelhante respeito instruções <strong>do</strong>s seusrespectivos governos, prova o fato de submeterem à sua decisão o ato<strong>do</strong> vice-almirante brasileiro; e prova-o ainda melhor a divergência profundaem que estão esses agentes com seus colegas acredita<strong>do</strong>s na margemoposta <strong>do</strong> Prata e mesmo com os chefes das respectivas estações marítimas,como V. Exa. se convencerá len<strong>do</strong> os extratos da correspondência oficial<strong>do</strong> barão de Tamandaré, de que também lhe envio cópias.O Governo Imperial não julga que se possa pôr em dúvida o direitoperfeito com que procede, procuran<strong>do</strong>, depois de esgota<strong>do</strong>s com toda alonganimidade os recursos amigáveis e pacíficos, compelir o governo daRepública <strong>do</strong> Uruguai a fazer-lhe a devida justiça desde que se não afastedas regras e <strong>do</strong>s meios que a lei internacional confere às nações paradesagravarem as ofensas que outras lhe fazem e de que só elas são o juiz.Conhecidas, como são, as causas que determinaram a atitudeque o Império foi força<strong>do</strong> a assumir no Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai;considera<strong>do</strong> o procedimento acintoso e pouco leal <strong>do</strong> atual governodaquela república para com o <strong>do</strong> Império; e sabi<strong>do</strong>, como é, porquetem si<strong>do</strong> repetidamente manifesta<strong>do</strong> e praticamente traduzi<strong>do</strong> emdiferentes ocasiões, que nenhum pensamento abriga o governo de S.M. O Impera<strong>do</strong>r com relação à República <strong>do</strong> Uruguai que não seja o dever ali respeitada a vida, a honra e a propriedade <strong>do</strong> cidadão brasileiro,consolidan<strong>do</strong>-se as instituições políticas que regem o Esta<strong>do</strong> eestabelecen<strong>do</strong>-se de mo<strong>do</strong> perdurável a ordem e a paz, como o altamente201


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>reclamam os verdadeiros interesses da própria república, não menosque os de todas as nações com ela relacionadas e, principalmente, oBrasil, seu limítrofe; em tais circunstâncias, digo, não se compreendeque as potências estrangeiras busquem opor estorvos à ação <strong>do</strong>Governo Imperial, desde que esta não ultrapassa os princípios e ospreceitos internacionais e respeita devidamente os direitos e legítimosinteresses <strong>do</strong>s neutros, como até aqui tem feito e está na indeclinávelintenção de continuar a fazer.As considerações e argumentos produzi<strong>do</strong>s pelos agentesdiplomáticos contra o primeiro ato <strong>do</strong> almirante brasileiro não têmprocedência nem são aceitáveis, desde que declarou este que seufim era tão somente impedir o contraban<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> de guerra,sem de mo<strong>do</strong> algum pôr peias ao comércio lícito <strong>do</strong>s neutros. Emenos aceitáveis e procedentes são as razões exibidas posteriormentepelos ditos agentes contra o segun<strong>do</strong> ato <strong>do</strong> almirante, que foiconseqüência inevitável da objeção oferecida ao primeiro, mas que,ainda assim, não saiu das raias <strong>do</strong> bloqueio denomina<strong>do</strong> pacífico,admiti<strong>do</strong> pela prática e reconheci<strong>do</strong> pelos publicistas, guardan<strong>do</strong> todasas atenções e deferências possíveis para com os mesmos neutros.Não acredita o Governo Imperial que o de S. M. Fidelíssimadesconheça o fundamento das observações, que deixo expostas, epretenda embaraçar ou impedir o exercício <strong>do</strong> nosso incontestáveldireito; mas julga, não obstante, conveniente dar a V. Exa.conhecimento <strong>do</strong>s fatos, habilitan<strong>do</strong>-o assim a ministrar aí asinformações e esclarecimentos que porventura forem precisos.Tal é o objeto <strong>do</strong> presente despacho, que concluirei reiteran<strong>do</strong>a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.João Pedro Dias Vieira.A S. Exa. o sr. barão de Itamaracá.Na mesma conformidade foi este despacho para as legações imperiaisem Paris, Turim, Madri, Aguiar de Andrade (por cópia).** *202


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/12/1864.Circular reservadaRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 7 de dezembro de 1864.V. ... já tem conhecimento, pela circular deste ministério de 23de agosto <strong>do</strong> corrente ano, <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> melindroso de nossas relaçõescom o governo da República Oriental <strong>do</strong> Uruguai e <strong>do</strong> objeto eresulta<strong>do</strong> da missão especial confiada ao sr. conselheiro José AntônioSaraiva.Os motivos desta missão eram os seguintes:Proteger e defender a vida, a honra e propriedade <strong>do</strong>s súditos<strong>do</strong> Império, residentes ou estabeleci<strong>do</strong>s no território da república.Pôr sob a salvaguarda da Constituição e das leis <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> tãosagra<strong>do</strong>s interesses.Alcançar por meios pacíficos as devidas reparações às flagrantestransgressões dessas leis, contra as quais, por uma longanimidadesem precedentes, porém debalde, sempre reclamou o GovernoImperial.Desatenden<strong>do</strong> à voz da justiça e aos conselhos da razão,desconheceu o governo da república os justos reclamos <strong>do</strong> de SuaMajestade O Impera<strong>do</strong>r.Seguiu-se, como exigia a honra e dignidade <strong>do</strong> Império, oultimatum <strong>do</strong> Governo Imperial para, dentro de um prazo razoável,serem dadas as satisfações reclamadas sob pena de se proceder arepresálias.Desatendi<strong>do</strong> também este ultimatum, o envia<strong>do</strong> brasileiroentregou os efeitos da cominação nele estabelecida aos chefes dasforças de mar e terra <strong>do</strong> Império.O vice-almirante, o sr. barão de Tamandaré, limitou-se aprovidenciar e ordenar que fossem imobiliza<strong>do</strong>s alguns vapores queempregava o governo da república no transporte de tropas e muniçõesde guerra para a campanha.O governo oriental interrompeu por isso as suas relaçõesinternacionais com a legação imperial, envian<strong>do</strong> ao nosso ministro osseus passaportes, e cassan<strong>do</strong> também o exequatur aos cônsulesbrasileiros.203


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Estes fatos davam-nos, evidentemente, direito a tornar maisdiretos e positivos os meios coercitivos a que resistia o governo deMontevidéu.Em tais circunstâncias, foi resolvida a ocupação da vilas deSalto e Paissandu e, para auxiliar esta operação, decreta<strong>do</strong> o bloqueiopacífico <strong>do</strong>s respectivos portos, como já foi comunica<strong>do</strong> à V. Exa.por circular de 24 de novembro último.Não se tinha de molestar os habitantes pacíficos, quernacionais, quer estrangeiros, ou de pôr entraves ao livre comérciode todas as nações com aqueles portos e só dificultar ascomunicações <strong>do</strong> governo da república com as suas forças nacampanha e privar a estas <strong>do</strong>s auxílios militares que lhes pretendiaele enviar por to<strong>do</strong>s os meios de que pudesse dispor, ainda sob opavilhão estrangeiro.Semelhantes medidas, pela circunspecção com que têm si<strong>do</strong>exercidas, justificam os fins das represálias e não podem serestranhadas, estan<strong>do</strong> na órbita <strong>do</strong> direito internacional e sancionadaspela prática e precedentes na própria história <strong>do</strong> Rio da Prata.Não crê o Governo Imperial que a execução das deliberações,assim tomadas, encontrem obstáculos da parte <strong>do</strong>s governos a quemos agentes estrangeiros, acredita<strong>do</strong>s em Montevidéu, se dirigirampedin<strong>do</strong> instruções para a linha de conduta que deviam ter, dadascertas emergências.No entretanto, recean<strong>do</strong> que a ocupação <strong>do</strong> Salto e Paissandu,ainda que se verifique, não produza os deseja<strong>do</strong>s efeitos, nem ponhatermo à deplorável luta que assola o Esta<strong>do</strong> Oriental, resolveu oGoverno Imperial enviar uma missão especial a Buenos Aires,encarregan<strong>do</strong> dela o sr. conselheiro José Maria da Silva Paranhos.Não altera, porém, esta missão o statu quo de nossas relaçõescom a República Oriental <strong>do</strong> UruguaiTemos de obter as mesmas reparações, as mesmas garantiaspara os súditos brasileiros em suas pessoas e bens.Tem de ser leva<strong>do</strong> a efeito o ultimatum com que concluiu a suamissão o sr. conselheiro José Antônio Saraiva.Entendeu, porém, o Governo Imperial que para conseguir esteresulta<strong>do</strong> e o final restabelecimento da paz no Esta<strong>do</strong> Oriental, muitoeficaz seria o concurso da República Argentina.Proceden<strong>do</strong> isoladamente e à vista das alianças que temprocura<strong>do</strong> o governo Oriental no Paraguai e, porventura, em Corrientese Entre-Rios, pode prolongar-se a luta na república e daí resultarmuitas outras complicações imprevistas.O objeto da nova missão incumbida ao sr. conselheiro Paranhosestá, pois, evidente.2<strong>04</strong>


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Vamos buscar um auxiliar natural para, com o menor sacrifíciopossível, alcançarmos a solução que devem ter as atuais dificuldadesno Rio da Prata.Se nos faltasse esse auxiliar, que se acha, aliás, identifica<strong>do</strong> como Brasil na causa que este pleiteia, nem por isso deixaria o GovernoImperial de ir por diante com os seus próprios e únicos recursos.Não pensa, entretanto, o Governo Imperial que se dê este caso,não só pelas manifestações que já tem da parte daquele seu alia<strong>do</strong>,como pela convicção, em que ambos abundam, de que nenhum outromeio pode ser mais eficaz <strong>do</strong> que a sua ação conjunta para assentar-seem bases sólidas e permanentes as relações internacionais da RepúblicaOriental, sobretu<strong>do</strong>, com os esta<strong>do</strong>s limítrofes.Sen<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is governos os mais interessa<strong>do</strong>s em manter aindependência e integridade daquela república, fiscais um <strong>do</strong> outropara que seja reciprocamente respeitada a sua nacionalidade, estaconsideração só por si remove toda idéia de uma política usurpa<strong>do</strong>ra,tanto por parte <strong>do</strong> Brasil como da Confederação Argentina.É este o cavalo de batalha com que o governo oriental procuramover céu e terra, para que seja contrariada pelos esta<strong>do</strong>s circunvizinhose pelas potências estrangeiras a marcha que seguimos em desforço denossos direitos ultraja<strong>do</strong>s.Todas as argúcias e aleives, porém, à que se socorre para terapoio moral e material de outros governos, desaparecem com a sérienão interrompida de atos garanti<strong>do</strong>res de sua independência eintegridade, tão solenemente proclama<strong>do</strong>s pelo Brasil à face <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>inteiro.A causa <strong>do</strong> Brasil, que se trata hoje de liquidar, não pode deixarde ser simpática a esse governo; são também os seus interesses, os deseu comércio, e os da humanidade que se pleiteiam no Esta<strong>do</strong> Oriental.Convém muito fazer calar estas considerações nesse país, paraneutralizar as intrigas e os embustes com que se queira adulterar osfatos que poderão levar o Brasil a modificar a política de paz, que é oelemento essencial de sua marcha administrativa internacional.V. Exa. já está de posse <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos com que terminou o sr.conselheiro Saraiva a sua missão e relativamente ao procedimento quedepois teve o sr. barão de Tamandaré. Os artigos que ora lhe remeto,publica<strong>do</strong>s no Jornal <strong>do</strong> Commercio, completarão os esclarecimentosde que possa precisar para que se informe <strong>do</strong> pensamento e alcanceque unicamente teve o Governo Imperial com aquela missão. O folhetoque também lhe remeto sobre a política brasileira no Rio da Prataexplica quanto temos feito em prol da República Oriental <strong>do</strong> Uruguai.Medite V. Exa. em quanto exponho e será verdadeiro intérprete<strong>do</strong> Governo Imperial, se porventura for interpela<strong>do</strong> sobre este assunto,205


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>e nos artigos que tenha de man[dar] publicar para restabelecer asinformações inexatas que apareçam na imprensa desse país.Reitero a V. ... as expressões de minha perfeita estima e distintaconsideração.João Pedro Dias Vieira.** *AHI 317/03/10Circular de 23/12/1864. Índice: “Operações daguerra.”Às legações imperiais23 de dezembro de 1864.Por circular de 7 <strong>do</strong> corrente comuniquei a V. ... a ida <strong>do</strong> sr. conselheiroJosé Maria da Silva Paranhos ao Rio da Prata, em missão especial, e aresolução em que estava o Governo Imperial de ir por diante na luta coma República Oriental <strong>do</strong> Uruguai – com os seus únicos e próprios recursos,se não pudesse ter por alia<strong>do</strong> o governo argentino por efeito daquelamissão –, até que fosse dada plena satisfação aos sérios agravos feitosaos súditos deste Império, residentes ou estabeleci<strong>do</strong>s na mesma república.Os portos <strong>do</strong> Salto e Paissandu foram bloquea<strong>do</strong>s, como V. ... jásabe, e deviam ser ocupa<strong>do</strong>s com o concurso das forças de terra expedidasda província de S. Pedro <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Antes, porém, da chegada aos referi<strong>do</strong>s pontos daquelas forças,pôde o general Flores, a 28 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, apoderar-se – sen<strong>do</strong>favoreci<strong>do</strong> pelas nossas forças navais – da vila <strong>do</strong> Salto, mediante a simplesintimação feita ao chefe oriental que comandava esta praça.Resolvida também a tomada de Paissandu, dispunha-se o vicealmirantebrasileiro o sr. barão de Tamandaré a atacar sem mais demoraeste ponto, quan<strong>do</strong> foi preveni<strong>do</strong> pelas forças daquele general.Tivemos, portanto, de operar em comum; e não se haven<strong>do</strong> rendi<strong>do</strong>o sr. Leandro Gomes, que era ali o comandante da guarnição oriental, àintimação que lhe fora feita, prosseguiram as nossas forças e as <strong>do</strong> general206


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Flores no ataque, com o maior deno<strong>do</strong>, desde o dia 6 até o dia 9 <strong>do</strong>corrente mês, sen<strong>do</strong> desalojadas as forças orientais de todas as suasposições exteriores.Nesse último dia propuseram os comandantes <strong>do</strong>s vapores inglês,francês e espanhol um armistício para que pudessem se retirar da praçaas famílias que o quisessem.Sen<strong>do</strong> esta medida conforme aos sentimentos de humanidade quenunca pretere o Governo Imperial, e anuin<strong>do</strong> também a ela o generalFlores, foram imediatamente suspensas as hostilidades.Consegui<strong>do</strong> o objeto <strong>do</strong> armistício, tinha de recomeçar o ataqueno dia 13, e crê o Governo Imperial que desta vez a ação conjunta dasforças imperiais e <strong>do</strong> general Flores seria decisiva para o rendimento <strong>do</strong>último reduto em que se entrincheiravam as forças Orientais.Não poden<strong>do</strong> o governo da República resistir, publicou <strong>do</strong>is decretos,declaran<strong>do</strong> por um d’eles rotos, nulos e cancela<strong>do</strong>s os trata<strong>do</strong>s de 12 deoutubro de 1851 e suas modificações de 15 de maio de 1852, e fechan<strong>do</strong>,pelo outro, to<strong>do</strong>s os portos da república à bandeira mercante brasileira.Eis a nossa posição para com a República Oriental <strong>do</strong> Uruguai,segun<strong>do</strong> as informações recebidas pelo último paquete <strong>do</strong> rio da Prata.Desde o começo da luta, e logo que constou ao governo da república<strong>do</strong> Paraguai que íamos reivindicar pela força, e como represálias, osnossos direitos desconheci<strong>do</strong>s pelo da República Oriental <strong>do</strong> Uruguai,protestou aquele governo contra a entrada de forças imperiais no territóriodela, sob qualquer pretexto.O nosso ministro na Assunção respondeu a este protesto que oGoverno Imperial, tornan<strong>do</strong> efetiva a parte cominatória <strong>do</strong> ultimatoapresenta<strong>do</strong> ao Esta<strong>do</strong> Oriental, usava de um direito que competia aoBrasil como potência soberana, e nenhum pensamento abrigava deconquista de to<strong>do</strong> ou de parte <strong>do</strong> território da república, de cujaindependência era um <strong>do</strong>s primeiros garantes, e parecia que estasdeclarações formais seriam suficientes para remover quaisquerapreensões da parte <strong>do</strong> Paraguai.Não obstante estarmos em plena paz, à falsa fé e sem oprovocarmos, aproveitou-se o governo paraguaio da passagem inocente<strong>do</strong> vapor nacional Marquês de Olinda pela Assunção para praticaraleivosamente um desses atos inqualificáveis pela sua barbaridade,fazen<strong>do</strong>-o retroceder de sua viagem pouco antes da vila da Conceição edetê-lo debaixo das baterias <strong>do</strong> vapor Tacuari, rodean<strong>do</strong>-o de lanchõesarma<strong>do</strong>s e proibin<strong>do</strong> que tivesse a menor comunicação com a terra.Iam a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> Marquês de Olinda o presidente ultimamentenomea<strong>do</strong> para a província de Mato Grosso, o sr. coronel Frederico Carneirode Campos, deputa<strong>do</strong> à Assembléia Geral Legislativa, e vários outrospassageiros de Esta<strong>do</strong>.207


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Levava o mesmo vapor uns 400 contos de réis para aquelaprovíncia.À vista de tão grave acontecimento, o ministro <strong>do</strong> Brasil, o sr.Viana de Lima, pediu imediatamente explicações ao governo da República<strong>do</strong> Paraguai.Em resposta, notificou-lhe este governo simplesmente que ficavaminterrompidas as relações entre os <strong>do</strong>is países e impedida a navegaçãonas águas <strong>do</strong> Paraguai para a bandeira de guerra e mercante <strong>do</strong> Império.Nestas circunstâncias e em frente de tão gratuito quão inauditoprocedimento, entendeu o nosso ministro dever pedir os seus passaportespara retirar-se, com o pessoal da legação, da república e lhe foramestes concedi<strong>do</strong>s sem nenhuma outra explicação sobre o atenta<strong>do</strong>,senão a deliberação que já havia toma<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo de tornar efetivoo seu protesto, em vista da posição que havíamos assumi<strong>do</strong> de fato naRepública Oriental <strong>do</strong> Uruguai.Dan<strong>do</strong> os passaportes ao nosso ministro, foi-lhe tolhida, entretanto,a faculdade de deixar o território da República e só no fim de 15 dias éque pôde ele, por intervenção direta <strong>do</strong>s representantes [sic] <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, o sr. Washburn, seguir para Buenos Aires a bor<strong>do</strong> de um vaporparaguaio sob a garantia que lhe foi, porém, imposta de não ser o ditovapor molesta<strong>do</strong> em sua viagem de ida e volta.Referin<strong>do</strong>-me a estes graves sucessos chamo a atenção de V. ...para a exposição de to<strong>do</strong>s os pormenores que sobre eles saiu no DiárioOficial de 21 <strong>do</strong> corrente.Escuso dizer a V. ... que o Governo Imperial nada poupará, e temem seu apoio to<strong>do</strong>s os brasileiros, assim como está disposto a fazerto<strong>do</strong>s os sacrifícios de sangue e de dinheiro para desafrontar a honranacional, tão atroz e covardemente ofendida pelo governo da República<strong>do</strong> Paraguai.Reitero a V ... etc.Aos srs.:J. P. Dias Vieira.Carvalho Borges, Varnhagen, Avellar, Montezuma, Gonçalves deMagalhães, J. T. <strong>do</strong> Amaral, Figueire<strong>do</strong>, marquês de Lisboa, Gondim,Fortunato de Brito, barão de Itamaracá, Alfre<strong>do</strong> de Mace<strong>do</strong>, M. Ant.de Araújo.** *208


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 09/01/1865. Índice: “Boatos deinvasão paraguaia em Mato Grosso.”Às legações imperiais9 de janeiro de 1865.Depois que foi expedida a Circular de 23 de dezembro último,as notícias que temos da República <strong>do</strong> Paraguai constam <strong>do</strong> DiárioOficial de 5 <strong>do</strong> corrente.Dizia-se que o governo <strong>do</strong> Paraguai havia expedi<strong>do</strong> uma forçapara invadir a província de Mato Grosso, e que destinava outra àfronteira <strong>do</strong> Paraná.Estes boatos, que têm algum fundamento quanto à 1ªexpedição, não parece que se tenha [sic] de realizar quanto àsegunda.No mesmo diário verá V. ... os pormenores da detenção <strong>do</strong>Marquês de Olinda, e a última resolução tomada pelo governo darepública de se apoderar daquele navio e de conservar comoprisioneiros os seus passageiros, entre os quais o presidentenomea<strong>do</strong> para a província de Mato Grosso e os oficiais que oacompanharam.O Governo Imperial, não dan<strong>do</strong> inteiro crédito à gravidade dasnotícias como se apresentam, não as despreza todavia, a fim deachar-se prepara<strong>do</strong> para quaisquer eventualidades.Ainda não foi tomada a praça de Paissandu em conseqüênciade uma operação estratégica, habilmente dirigida pelo general Flores,de acor<strong>do</strong> com a Marinha imperial.Com a aproximação, porém, <strong>do</strong> exército brasileiro ao teatroem que se dão estes sucessos e estan<strong>do</strong> o general Leandro Gomesentregue aos seus únicos e tênues recursos, o rendimento [sic] dapraça é infalível.Espera o Governo Imperial que de pouca duração será a lutacom o governo de Montevidéu para poder voltar a totalidade desuas armas para a República <strong>do</strong> Paraguai.Reitero a V. ... etc.J. Pedro Dias Vieira.209


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ao sr. ...(Assim se escreveu às legações: nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, emVenezuela, n’Áustria, na Bélgica, Baviera e Suíça (cons. geral), emRoma, França, Espanha, Itália, Portugal, Prússia, Rússia, e aos srs.barão de Pene<strong>do</strong> e Aguiar de Andrada).** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 11/01/1865.Às legações imperiaisSeção CentralCircular11 de janeiro de 1865.Os trabalhos que têm si<strong>do</strong> cometi<strong>do</strong>s à essa legação pelas circularesde 21 de agosto de 1862 e 7 de setembro último, destina<strong>do</strong>s a serpublica<strong>do</strong>s na Gazeta Oficial, têm aqui si<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong>s por intermédiodesta Secretaria d’Esta<strong>do</strong>.Para que tenham melhor direção e mais importância taispublicações, convém que por to<strong>do</strong>s os paquetes sejam remeti<strong>do</strong>sdiretamente à redação daquela folha as notícias e fatos mais importantesque cheguem ao seu conhecimento, fazen<strong>do</strong> V. ... acompanhar osartigos, que forem aí elabora<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s, atos internacionais,decretos, leis e regulamentos, e <strong>do</strong>cumentos públicos que de algumamaneira nos possam interessar, sem prejuízo das comunicações quesobre os mesmos assuntos tenha de dirigir a este Ministério.Reitero etc.Dias Vieira.** *210


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 22/01/1865.Às legações imperiaisMinutaSeção CentralCircularMinistério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1865.Na minha última circular, de 9 <strong>do</strong> corrente, anunciei a V. ... a próximaocupação da praça de Paissandu, bloqueada e sitiada pelas forças imperiaisreunidas às <strong>do</strong> general Flores.Este feito d’armas teve lugar no dia 2 <strong>do</strong> corrente pela manhã,depois de 52 horas de porfia<strong>do</strong> e vigoroso combate.Tomada a praça, foi imediatamente levanta<strong>do</strong> o bloqueio, ten<strong>do</strong>logo assumi<strong>do</strong> o general Flores, ali, a jurisdição que já exerce na vila <strong>do</strong>Salto, e em toda a campanha.No primeiro ataque, 350 infantes marinheiros brasileiros e 600homens <strong>do</strong> Exército nacional acometeram a praça, bem fortificada eguarnecida por mais de 1.200 solda<strong>do</strong>s.No segun<strong>do</strong>, as forças imperiais, em número de 1.500, e as <strong>do</strong>general Flores, em número de 500 homens, pelejaram contra mais de1.000 <strong>do</strong>s sitia<strong>do</strong>s.Não havia justa proporção entre as forças sitiantes e as <strong>do</strong> inimigoacastela<strong>do</strong> em suas trincheiras.Ao deno<strong>do</strong> e à disciplina das forças aliadas deve-se a tomada dapraça.Mais de 500 bravos brasileiros e colora<strong>do</strong>s, entre eles alguns oficiaisde extrema<strong>do</strong> valor, ficaram fora de combate; o número das mortes subiráa 300, cem da parte das forças <strong>do</strong> general Flores, menos expostos àdefesa da praça.A perda <strong>do</strong> inimigo foi muito superior.Leandro Gómez, Lucas Pires e alguns outros oficiais de importância,pagaram com a vida seus crimes.211


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Se houve algum excesso da parte <strong>do</strong>s que investiram a praçanos dias 31 de dezembro, 1 e 2 <strong>do</strong> corrente mês, esses excessos nãopodem ser atribuí<strong>do</strong>s às tropas de mar e terra <strong>do</strong> Brasil, a cujagenerosidade devem a liberdade os oficiais que haviam caí<strong>do</strong> em poder<strong>do</strong>s generais brasileiros.Por sua parte, o general Flores anistiou a to<strong>do</strong>s os cidadãos orientais,mesmo militares, ou emprega<strong>do</strong>s civis comprometi<strong>do</strong>s por causaspolíticas.Este procedimento contrasta com as atrocidades de seusadversários e as medidas bárbaras a<strong>do</strong>tadas pelo governo deMontevidéu, algumas das quais excitaram a indignação <strong>do</strong>s própriosagentes estrangeiros ali residentes.Aquele governo, ven<strong>do</strong> próximo o termo <strong>do</strong> seu <strong>do</strong>mínio, depoisda derrota de Paissandu, em seu desespero, chegou a ameaçar de serpassa<strong>do</strong> pelas armas to<strong>do</strong> aquele que, dentro de 48 horas, não seapresentasse para ser alista<strong>do</strong> no seu exército, e chama<strong>do</strong> ao serviçomilitar to<strong>do</strong> o filho <strong>do</strong> país maior de 15 anos.Para interessar os governos estrangeiros em sua causa, acabade enviar um agente à Europa, recain<strong>do</strong> a nomeação no senhor Candi<strong>do</strong>Juanicó, um <strong>do</strong>s autores da carnificina de Quinteros.Este agente parte pelo paquete que sai amanhã deste porto.Em outra circular, me ocuparei largamente desta missão parahabilitar a contrariar, junto desse governo, as vistas <strong>do</strong> de Montevidéu.Do Paraguai temos notícias até o dia 5 <strong>do</strong> corrente.Continuaram a ser deti<strong>do</strong>s como prisioneiros n’Assunção ospassageiros <strong>do</strong> Marquês de Olinda, hoje emprega<strong>do</strong> no serviço darepública.A expedição <strong>do</strong> Paraguai forte de 7.000 homens, enviada aoForte de Coimbra, aí chegou a 26 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> e, depoisde vários assaltos, entrou na praça.A sua pequena e valente guarnição sustentou denodadamente oseu posto durante 2 dias com grande perda <strong>do</strong> inimigo, e sã e salvaaban<strong>do</strong>nou a esses bárbaros o forte, embarcan<strong>do</strong> no vapor Anhambaí,que, com a maior galhardia e afrontan<strong>do</strong> o perigo, abria caminho paraCorumbá.Forças paraguaias tomaram também Miranda e Doura<strong>do</strong>, ondeapenas encontraram duas mulheres.Despreveni<strong>do</strong>s, como não podiam deixar de estar, os nossosestabelecimentos de Mato Grosso, não restava aos bravos dessaprovíncia senão aguardar a ocasião oportuna de nos desforçarmosdignamente <strong>do</strong>s nossos gratuitos agressores.No Diário Oficial de ontem, que V. ... receberá por este paquete,encontrarão-se [sic] pormenores de to<strong>do</strong>s estes sucessos.212


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Reitero à V. ... as expressões de minha perfeita estima edistinta consideração.** *AHI 317/03/10Circular de 22/01/1865. Índice: “Tomada dePaissandu. Ocupação de Coimbra (forte), Mirandae Doura<strong>do</strong>s pelos paraguaios.”Às legações imperiais22 de janeiro de 1865.O governo oriental envia uma comissão à Europa composta <strong>do</strong>ssrs. Candi<strong>do</strong> Juanicó, Henrique Juanicó, Ildefonso Garcia e Alfre<strong>do</strong>Vasques com o fim de solicitar da França e talvez de alguma outrapotência a intervenção <strong>do</strong>s respectivos governos nos negócios <strong>do</strong> Rioda Prata, em oposição à política que temos ultimamente desenvolvi<strong>do</strong>na República Oriental <strong>do</strong> Uruguai.Remeto-lhe, para que V ... tenha melhor notícia <strong>do</strong>s fins dessacomissão, os artigos que sobre ela foram publica<strong>do</strong>s no Jornal <strong>do</strong>Commercio de 22 de janeiro e Diário <strong>do</strong> Rio de 24.Em outro impresso encontrará também V. ... um artigo publica<strong>do</strong>no Mercantil de 23 deste mês, intitula<strong>do</strong> O Brasil e as Repúblicas <strong>do</strong> Suljulga<strong>do</strong>s pela Europa.Reitero a V. ... as expressões etc.J. P. Dias Vieira.Ao sr. ....** *213


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 24/01/1865.Circular para o corpo diplomáticoSeção CentralCircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 24 de janeiro de 1865.Em aditamento às notícias que já lhe foram transmitidas <strong>do</strong>ssucessos ultimamente ocorri<strong>do</strong>s no Rio da Prata, vou por estedespacho dar conhecimento a V. ... da circular que ao corpo diplomáticoresidente em Montevidéu dirigiu o ministro das Relações Exteriores <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> Oriental no dia 11 <strong>do</strong> corrente, solicitan<strong>do</strong> novamente dessailustre corporação uma declaração sobre a atitude que assumiram asforças navais estrangeiras, no caso de se repetir, por parte <strong>do</strong> Império,sobre aquela cidade a agressão feita contra a praça de Paissandu.Como remeto à V. ... por cópia aquela circular, limitar-me-ei achamar a sua mais séria atenção para os seguintes pontos:1º. Referin<strong>do</strong>-se o sr. d. Antonio de las Carreras às declarações<strong>do</strong> ultimatum com que terminou o sr. conselheiro Saraiva a sua missãoespecial junto <strong>do</strong> governo da república e à ação coercitiva que, emconseqüência deste ultimatum, iam exercer os chefes das forças demar e terra <strong>do</strong> Império, pretendeu inferir que estas disposiçõesdegeneraram, na prática, em verdadeiros atos de guerra, que não podemmais ser qualifica<strong>do</strong>s de meras represálias.2º. Atribui este desvio das determinações, tomadas pelo GovernoImperial e proclamadas pelos seus agentes no Rio da Prata, ao desejoe ambição de absorver o território da república, de que já o faz senhorao norte <strong>do</strong> rio Negro e cujo <strong>do</strong>mínio completaria com a ocupação dacapital, hoje ameaçada de ser invadida pelas forças imperiais comflagrante quebrantamento de seus mais solenes compromissos.3º. Na previsão de que propõe-se o Governo Imperial fazersubstituir o atual governo de Montevidéu por outro, que correspondamelhor aos seus interesses, sempre com o mesmo fim e alteran<strong>do</strong> a214


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870ordem política que o tempo e os trata<strong>do</strong>s têm estabeleci<strong>do</strong> no Rio daPrata, acrescenta o sr. de las Carreras que uma nova face toma asituação da república e não haverá outra alternativa para asindenizações <strong>do</strong>s danos causa<strong>do</strong>s pela guerra, senão ou pagar o Brasil,se prevalecer afinal o seu projeto de absorção, e neste caso ficariasobejamente compensa<strong>do</strong>, ou o país, por meio de impostos que recairãosobre os cidadãos e estrangeiros laboriosos, o comércio e a indústrianacionais, isto é, sobre os mesmos que tiverem si<strong>do</strong> vítimas dasconseqüências da guerra.Em 1º lugar, escuso recordar a V. Exa. qual foi o objeto epensamento que teve o Governo Imperial, quan<strong>do</strong> enviou, no princípio<strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong>, uma missão especial à República Oriental <strong>do</strong>Uruguai.O nosso direito a reclamar pela última vez condignas satisfaçõespelas ofensas feitas à honra, vida e propriedade <strong>do</strong>s súditos <strong>do</strong> Império,residentes e estabeleci<strong>do</strong>s na república, era incontestável.A reclamação <strong>do</strong> sr. conselheiro Saraiva foi repelidaperemptoriamente, responden<strong>do</strong>-lhe o governo da repúblicadesabridamente e com uma reconvenção.Força foi pois ir por diante: seguiu-se o ultimatum, a cominaçãode que foi ele acompanha<strong>do</strong> e o uso das represálias, não sen<strong>do</strong>possível então atender ao arbitramento a que, por último, recorreu ogoverno de Montevidéu como meio protelatório.Fixe V. Exa. sua atenção sobre este ponto, que contraria asasserções <strong>do</strong> sr. de las Carreras de que o governo da repúblicajamais se negou a atender às nossas justas exigências e só pediaum adiamento para depois de terminada a guerra a que havia si<strong>do</strong>provoca<strong>do</strong>.Longe estava o Governo Imperial, e os executores de sua política,de querer levar essas represálias ao extremo a que chegaram, emfrente de Paissandu, e se fomos até aí, culpa<strong>do</strong> foi o governo darepública; toda a responsabilidade pesa sobre ele, sempre obstina<strong>do</strong>em desatender às nossas justas reclamações e não ceder aos meioscoercitivos emprega<strong>do</strong>s para este fim.Multiplicadas causas foram se aglomeran<strong>do</strong> para afastar o Brasildas simples represálias com que esperávamos poder remover as sériasdissidências entre os <strong>do</strong>is países.Começamos por cortar as comunicações entre a praça deMontevidéu e as forças <strong>do</strong> governo da campanha.É público e notório o mo<strong>do</strong> porque foi acolhi<strong>do</strong> o procedimento queteve a nossa Marinha com os vapores General Artigas e Villa Del Salto.Não houve provocação de que não lançasse mão o governo deAguirre para agravar a situação, já pelas vozearias, calúnias e215


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>impropérios da imprensa assalariada pelo mesmo governo, já pelasintrigas e alianças junto de nossos vizinhos.Precipitaram-se os sucessos, foram expedi<strong>do</strong>s os passaportes aosagentes diplomáticos e consulares <strong>do</strong> Império, romperam-se as relações,tornou-se alia<strong>do</strong> o governo da República <strong>do</strong> Paraguai.Tomada a vila de Melo; rendida e entregue ao general Flores a vila<strong>do</strong> Salto; bloquea<strong>do</strong> e sitia<strong>do</strong> o porto de Paissandu, tornou-se urgente,para evitar maiores complicações, que o nosso almirante auxiliasse aocupação, pela força, daquela última praça, antes mesmo que alichegassem os contingentes <strong>do</strong> Exército brasileiro, que já então haviamentra<strong>do</strong> pelo Rio Grande no território da República.O que fica exposto e o ato descomunal e de selvageria com queforam queima<strong>do</strong>s oficialmente, e com ostentação, em Montevidéu, emauto-de-fé, os trata<strong>do</strong>s e os compromissos os mais solenes celebra<strong>do</strong>scom o Império, explicam facilmente as deliberações, já tomadas de acor<strong>do</strong>com o general Flores, de avançar-se contra a capital, a fim de empossálo<strong>do</strong> governo de toda a república.Quanto ao segun<strong>do</strong> ponto, é mais <strong>do</strong> que sediça a apreensão deabsorção da República pelo Império, que tantas provas tem da<strong>do</strong> econtinua ainda a dar de respeito pela sua integridade e soberania.Como alia<strong>do</strong>s auxiliamos com as nossas forças de mar e terra aogeneral Flores, que representa na república a vontade nacional, mas logoque o auxílio é presta<strong>do</strong>, retiramo-nos como o fizemos em Salto e Paissandu,e assim prosseguiremos até o fim da campanha, depois de preenchi<strong>do</strong>sto<strong>do</strong>s os efeitos de nosso ultimatum dirigi<strong>do</strong> ao governo da república.Qualquer que seja o governo que venha, no fim da luta, a empolgaro man<strong>do</strong> da república será ele livre em suas ações, e nos meios decicatrizar as feridas causadas por uma administração tão omissa como aque <strong>do</strong>mina na praça de Montevidéu.O governo está firme em manter então e como sempre, de acor<strong>do</strong>com a sua política e compromissos, a inteira soberania e independência<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e com estas simples considerações fica respondida a últimaparte da circular <strong>do</strong> sr. de las Carreras.Há incidentes nesta circular que supérfluo é refutar.Alu<strong>do</strong> a atribuir aquele ministro as atrocidades, a morte de LeandroGomes, e, porventura, de algum outro prisioneiro apanha<strong>do</strong> com asarmas na mão, às forças imperiais.Não há um só fato que tenha des<strong>do</strong>ura<strong>do</strong> as tropas brasileiras. Osseus generais com a maior generosidade puseram em liberdade os oficiais,que foram feitos prisioneiros na renhida e prolongada ação de Paissandu.Aludiria também à coarctada de haver-se prevaleci<strong>do</strong> o barãode Tamandaré de uma trégua para tomar por surpresa a praça, sehouvesse algum vislumbre de verdade nessa asserção.216


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Se a luta ali foi mais sanguinolenta, é isto devi<strong>do</strong> à tenacidade daresistência e a não ter queri<strong>do</strong> aproveitar-se Leandro Gomes da liberdadeque lhe foi oferecida, assim como aos oficiais que o acompanharam,uma vez que se entregassem à discrição.De acor<strong>do</strong> com estas invectivas estarão as instruções dadas àcomissão que envia o governo de Montevidéu à Europa, e que segueneste paquete, composta <strong>do</strong>s srs. d. Cândi<strong>do</strong> Juanicó, d. HenriqueJuanicó, d. Ildenfonso Garcia e d. Alfre<strong>do</strong> Vasquez.É de recear que esta comissão empregue to<strong>do</strong>s os meios,adultere mesmo os fatos mais honrosos <strong>do</strong> Governo Imperial, parainduzir outras potências estranhas à luta a tomarem nela parte.Convém neutralizar esses ardis e intrigas e restabelecer a verdade.Chame V. Exa. a si todas as comunicações e <strong>do</strong>cumentos quelhe tenha remeti<strong>do</strong> sobre este importante assunto e procure esclareceresse governo e a opinião pública pela imprensa, sobre a marcha quetemos segui<strong>do</strong> e os únicos fins a que nos propomos.Se V. Exa., pelos seus incômo<strong>do</strong>s, estiver impossibilita<strong>do</strong> dedesempenhar satisfatoriamente e com atividade esta comissão, à queo Governo Imperial liga a maior importância, deverá neste caso confiálaao secretário dessa legação, acreditan<strong>do</strong>-o como encarrega<strong>do</strong> denegócios. 12Se esse governo quiser saber qual é o pensamento <strong>do</strong> GovernoImperial relativamente ao Paraguai, V. Exa. dirá que, além da satisfaçãopelos insultos que temos tão gratuitamente sofri<strong>do</strong> de seu governo,<strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong>s nossos limites e de livre trânsito pelas águasda república para os navios de guerra brasileiros que tenham de dirigirseà província <strong>do</strong> Mato Grosso, e regímen fluvial, nas condiçõesestipuladas com os governos <strong>do</strong> Prata, deverá fazer parte de qualquerajuste definitivo, que ponha termo às dificuldades existentes, o totalarrasamento e destruição <strong>do</strong> forte de Humaitá e proibição deconstrução de qualquer outro, que impossibilite a realização daqueleregímen e as boas futuras relações entre os <strong>do</strong>is países.Reitero a V. ... as expressões etc.João Pedro Dias Vieira.** *12N. E. – À margem esquerda deste penúltimo parágrafo, uma chave o destaca e, com a mesmaletra está assinala<strong>do</strong>: “Este parágrafo só para a legação imperial em Paris”.217


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de <strong>04</strong>/02/1865.Às legações nas Repúblicas <strong>do</strong> Peru, Chile e Equa<strong>do</strong>r,Venezuela e Nova Granada, e República ArgentinaSeção CentralCircularEm 4 de fevereiro de 1865.Acompanha este meu despacho a Carta de Gabinete com arespectiva cópia, pela qual S. M. O Impera<strong>do</strong>r notifica ao presidentedessa República, o consócio de sua Augusta Filha S. Alt. a Sereníssimaprincesa a senhora <strong>do</strong>na Leopoldina, com S. A. R. o sr. duque deSaxe.Recomen<strong>do</strong> a V. Exa. que faça chegar a dita carta ao seu destino,aproveito a ocasião etc.Dias Vieira.** *AHI 317/03/10Circular de 07/02/1865. Índice: “(Confidencial)Relativamente à aliança entre o Governo Imperiale o general Flores.”Às legações imperiais(Confidencial)218


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-18707 de fevereiro de 1865.Para que V. ... possa bem compreender a atitude que tomou oGoverno Imperial na República Oriental <strong>do</strong> Uruguai, auxilian<strong>do</strong> osmovimentos <strong>do</strong> general <strong>do</strong>m Venâncio Flores contra o atualgoverno de Montevidéu, basta considerar a posição assumidana mesma república por aquele general, a necessidade que eletinha de aliar-se ao Império para o triunfo de sua causa e acooperação que podia este esperar de sua benéfica ação para ocompleto restabelecimento das boas relações entre os <strong>do</strong>ispaíses.Esta aliança natural e firmada em reciprocidade deinteresses com as mesmas vistas no futuro acaba de ser seladapor solenes compromissos, ofereci<strong>do</strong>s espontaneamente poraquele general, no uso <strong>do</strong> poder supremo e discricionário deque o revestia a nação, e aceitas cordialmente por parte <strong>do</strong>Governo Imperial.V. Exa. terá oportunamente conhecimento <strong>do</strong> teor destescompromissos de honra, cujo desempenho porá termo a todas asnossas questões pendentes, fican<strong>do</strong> sem mais objeto a nossaatual intervenção no Esta<strong>do</strong> Oriental, se forem, como se nospromete, atendidas todas as reclamações fundadas que, porordem <strong>do</strong> Governo Imperial, apresentou o sr. conselheiro JoséAntônio Saraiva no seu ultimato de 4 de agosto <strong>do</strong> ano próximopassa<strong>do</strong>, e as que procedem <strong>do</strong>s prejuízos de guerra nascondições que foram garantidas por acor<strong>do</strong>s internacionais,compreendidas as que resultem das extorsões e depredaçõespraticadas pelos agentes <strong>do</strong> governo que atualmente <strong>do</strong>minaem Montevidéu.Disposições gerais completam estes compromissos, taiscomo as de que serão respeitadas todas as estipulações vigentesentre o Império e a República, cujos autógrafos, por um atoinaudito e de selvageria foram oficialmente anula<strong>do</strong>s e queima<strong>do</strong>snaquela praça, e assenta<strong>do</strong>s em bases sólidas as suas boasrelações de vizinhança, mediante os ajustes que para esse fimconvier celebrar-se.Consideran<strong>do</strong> por último o sr. general Flores, na suaqualidade de legítimo representante da nacionalidade oriental,como um empenho sagra<strong>do</strong> a sua aliança com o Brasil, asseguraque a república desde já e, sobretu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> for de to<strong>do</strong>libertada de seus atuais opressores, prestará ao Império toda acooperação que esteja ao seu alcance na guerra desleal declarada219


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>pelo governo paraguaio, cuja ingerência, nas questões internasde seu país, qualifica de pretensão ousada e injustificável.Os termos deste último compromisso serão ulteriormenteacorda<strong>do</strong>s.Achan<strong>do</strong>-se, pois, o general Flores em tais condições paracom o Império, tem V ... já a explicação <strong>do</strong>s motivos porque comele procedemos de acor<strong>do</strong> na guerra que fizemos ao governo deMontevidéu.Faço-lhe estas advertências, que talvez não sejam inúteis paradesvanecer as apreensões que possam a este respeito haver daparte desse governo, e da imprensa desse país.Reitero a V ... etc.J. P. Dias Vieira.** *AHI 317/03/10Circular de 07/02/1865. Índice: “Circulares <strong>do</strong>conselheiro Paranhos ao mesmo corpo[diplomático brasileiro], sobre a guerra.”Aos mesmos que acima7 de fevereiro de 1865.Depois que expedi a V. Exa. os despachos 13 de 12 e 24 <strong>do</strong> mêspróximo fin<strong>do</strong>, receberam-se e foram publica<strong>do</strong>s nos números <strong>do</strong> DiárioOficial de ontem e anteontem, que acompanham este meu despacho,as duas circulares de 19 e 26 <strong>do</strong> mesmo mês que o sr. conselheiro JoséMaria da Silva Paranhos dirigiu ao corpo diplomático estrangeiroacredita<strong>do</strong> em Buenos Aires.13N. E. – De acor<strong>do</strong> com a minuta (AHI 317/01/<strong>04</strong>) deste <strong>do</strong>cumento, a data <strong>do</strong> primeirodespacho seria 22/01/1865.220


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870A primeira manifesta os ponderosos motivos que levaram asarmas <strong>do</strong> Império ao Esta<strong>do</strong> Oriental e a resolução tomada peloGoverno Imperial na última fase que apresentaram as nossasdesavenças com o governo de Montevidéu.A outra é relativa à guerra declarada ao Brasil pelo governo <strong>do</strong>general Lopez.Sobre estes <strong>do</strong>is assuntos dirigiu-se também o sr. ConselheiroParanhos ao governo da República Argentina. Este governo persisteem manter-se neutro nas questões que temos com os nossosvizinhos.Algumas tentativas de mediação tem ele feito para evitar o ataquesobre a praça de Montevidéu pelas forças aliadas <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> generalFlores, apoian<strong>do</strong>-se nos bons ofícios de alguns agentes diplomáticos e<strong>do</strong>s almirantes inglês e francês.O governo <strong>do</strong> sr. Aguirre recusou ouvir estas proposições de paz,declaran<strong>do</strong> que tinha elementos de resistência e resistiria.Prosseguimos, entretanto, na nossa resolução de ressalvarmosa to<strong>do</strong> custo a nossa dignidade, posta em tão dura prova peloprocedimento acintoso daquele governo.Respeitaremos sempre como até aqui a nacionalidade orientaltão legitimamente representada pelo general Flores, de quem somosalia<strong>do</strong>s a fim de obtermos unicamente justiça e satisfação às ofensasrecebidas, sem a menor intenção de atentar contra a independência esoberania da república, como estão garantidas por trata<strong>do</strong>s e declaraçõesas mais solenes.A esta hora já deve estar bloquea<strong>do</strong> pela nossa armada e sitia<strong>do</strong>pelos exércitos alia<strong>do</strong>s o porto de Montevidéu, e rendida talvez a praça,se os sucessos forem tão rápi<strong>do</strong>s como o faziam esperar asparticipações oficiais recebidas pelo Governo Imperial.Aguardamos este desenlace para nos podermos desforçarvigorosamente contra o governo <strong>do</strong> Paraguai.V. ... já tem o conhecimento <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> cometi<strong>do</strong> contra o vaporMarquês de Olinda hoje ao serviço da república e os passageiros deti<strong>do</strong>sa seu bor<strong>do</strong>, assim como da ocupação <strong>do</strong> forte de Coimbra, Miranda eDoura<strong>do</strong>s por forças paraguaias.Estes atos eram o prelúdio das barbaridades ulteriores, de quetêm si<strong>do</strong> vítimas os habitantes pacíficos da província de Mato Grosso.No Diário Oficial de ontem encontrará V. ... os pormenores destessucessos que horrorizam a humanidade.Com o que exponho e o que resulta <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos que lhetransmito, e sobre os quais chamo a sua mais séria atenção, fica V. S.habilita<strong>do</strong> a explicar junto desse governo – a quem remeterá por cópiaem nome e por ordem <strong>do</strong> Governo Imperial os manifestos de 19 e 26221


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>de janeiro <strong>do</strong> sr. conselheiro Paranhos – a nossa política no Esta<strong>do</strong>Oriental e no Paraguai, e a defender também pelos jornais a causasanta <strong>do</strong> Império em contestação e refutação a artigos aleivosos, queadulterem aquela política, e a informações inexatas que aí cheguem<strong>do</strong>s teatros da guerra em que estamos empenha<strong>do</strong>s.Reitero a V. ... etc.J. P. Dias Vieira.** *AHI 317/03/10Circular de 13/02/1865. Índice: “Bloqueio e sítio<strong>do</strong> porto e cidade de Montevidéu.”Às legações imperiais13 de fevereiro de 1865.As notícias recebidas <strong>do</strong> Rio da Prata, depois que lhe foi expedidaa última circular, alcançam, as de Buenos Aires até 6, as de Montevidéuaté 7 deste mês, e as <strong>do</strong> Paraguai até 28 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>.Estas notícias vêm publicadas nos números 36 e 37 <strong>do</strong> DiárioOficial, que acompanham este meu despacho.Estava bloquea<strong>do</strong> o porto de Montevidéu.Este bloqueio havia si<strong>do</strong> intima<strong>do</strong> aos comandantes-em-chefedas forças navais estrangeiras no dia 2 <strong>do</strong> corrente.O sr. barão de Tamandaré, que fez esta intimação, marcou oprazo de sete dias, fin<strong>do</strong> o qual teria de começar o ataque sobre acidade.Neste intervalo deviam-se retirar para Buenos Aires to<strong>do</strong>s aquelesque não tinham de tomar parte na defesa da praça, ressalvan<strong>do</strong>-se osinteresses estrangeiros tanto quanto era possível em tão críticascircunstâncias.V. S., que já há de ter leva<strong>do</strong> ao conhecimento desse governo os<strong>do</strong>cumentos que lhe remeti em 22 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, deve-o222


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870informar também <strong>do</strong> sítio e bloqueio posto à cidade e porto deMontevidéu, envian<strong>do</strong>-lhe por cópia a intimação que em 2 <strong>do</strong> correntedirigiu o sr. barão de Tamandaré aos chefes das forças navaisestrangeiras surtas naquele porto.Devo assinar-lhe um incidente que precedeu àquela intimação eque, entretanto, não tolheu os movimentos <strong>do</strong> nosso exército e armada.Alu<strong>do</strong> à nota que, em 29 de janeiro, dirigiu ao sr. conselheiroParanhos o sr. R. U. Barbolani, ministro d’Itália, como decano <strong>do</strong>corpo diplomático residente em Montevidéu, propon<strong>do</strong>-lhe um armistícioou suspensão de hostilidades sob frívolos pretextos, julga<strong>do</strong>s à todaluz improcedentes pela resposta que lhe deu aquele nosso envia<strong>do</strong>em 31 <strong>do</strong> mesmo mês.Antes desta resposta, e no mesmo senti<strong>do</strong>, declarou o sr. barãode Tamandaré que não poderia autorizar a suspensão das operaçõesde guerra, em que tanto se empenhava o sr. Barbolani.Chamo a mais séria atenção de V. S. para a correspondência aque deu lugar este incidente.O bloqueio e sítio de Montevidéu haviam si<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong>s pelosagentes estrangeiros.A praça contava apenas 3.500 homens e 25 bocas de fogo paradefendê-la.Os sitia<strong>do</strong>res tinham 44 bocas de fogo e cerca de 14.000 homens.Estas forças tinham de ser aumentadas com fortes contingentesde infantaria, para tornar-se mais eficaz e pronto o rendimento da praça.O triunfo das armas imperiais não podia ser duvi<strong>do</strong>so.O governo argentino confiava nas garantias oferecidas por Urquizapara não recear uma revolução nas províncias de Entre-Rios e Corrientes,nem a invasão <strong>do</strong>s paraguaios pelo território argentino.As forças paraguaias, ten<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong> Villa Maria, que fica naparte superior <strong>do</strong> rio Paraguai, foram aí derrota<strong>do</strong>s, e haviamretrocedi<strong>do</strong> para o Forte de Coimbra.Está a chegar o vapor Saintonge, e completarei estas informaçõescom as notícias <strong>do</strong> que tiver ulteriormente ocorri<strong>do</strong>.Reitero a V. S.J. Pedro Dias Vieira.Ao sr. ...(Assim se expediu para: Paris, Turim, Lisboa, Berlim, Washington,Bolívia, Lima, Venezuela, Bruxelas, Viena, Berna (consula<strong>do</strong>-geral),223


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Roma, Madri, S. Petersburgo; e por cópia remeteu-se a: Aguiar deAndrada, em Londres, e barão de Pene<strong>do</strong>).** *AHI 317/03/10Circular de 23/02/1865. Índice: “Notícias daguerra com o gov. Oriental.”Às legações imperiais23 de fevereiro de 1865.As notícias vindas pelo paquete Saintonge alcançam as datas deBuenos Aires até 14, e de Montevidéu até 15 <strong>do</strong> corrente.O prazo de sete dias, fixa<strong>do</strong> para terem começo as operações deguerra contra a praça de Montevidéu, como o informei pela minha circularde 13 deste mês, havia si<strong>do</strong> prorroga<strong>do</strong> por mais seis dias para dartempo às embarcações estrangeiras de sair <strong>do</strong> porto, satisfazen<strong>do</strong> assimo sr. visconde de Tamandaré aos desejos que lhe foram manifesta<strong>do</strong>spelos comandantes das forças navais estrangeiras ali estacionadas.Esta deliberação teve, principalmente, por fim evitar a efusão <strong>do</strong>sangue, se fosse possível efetuar-se a entrega da praça medianteproposições aceitáveis.Esta entrega devia, entretanto, fazer-se segun<strong>do</strong> as leis da guerra,sen<strong>do</strong> apea<strong>do</strong> <strong>do</strong> poder o atual governo de Montevidéu, e removi<strong>do</strong>s dacidade os que fossem perigosos e hostis a esse meio de terminar a lutaexistente.Concordaram com estas condições o almirante francês e os demaisagentes estrangeiros, que, simpatizan<strong>do</strong> com a nossa moderação,apreciaram hoje devidamente a nossa dignidade.Se se conservasse obstina<strong>do</strong> o governo a resistir a to<strong>do</strong> transe àsforças aliadas, seria investida a praça por mar e por terra para o ataquedecisivo.No dia 15 <strong>do</strong> corrente haviam termina<strong>do</strong> os poderes conferi<strong>do</strong>sao sr. Aguirre, e tinha de proceder-se no Sena<strong>do</strong> à eleição <strong>do</strong> novopresidente.224


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O Parti<strong>do</strong> Blanco estava dividi<strong>do</strong> em duas frações, a <strong>do</strong>smodera<strong>do</strong>s e exalta<strong>do</strong>s, e <strong>do</strong> triunfo de uma dessas frações dependiaa sorte da capital.Ao sair o paquete de Montevidéu corria que havia si<strong>do</strong> eleitopresidente d. Thomaz Villalba, cujo programa dizia-se que era entregara praça por capitulação, para evitar derramamento de sangue.(*) 8Pelo vapor da Companhia Brasileira <strong>do</strong>s Paquetes da Linha <strong>do</strong>Sul, que hoje chegou a este porto, confirma-se a notícia de que foranomea<strong>do</strong> presidente da República, pelo Sena<strong>do</strong>, o sr. Villalba, e queeste logo que tomara posse ordenara que se fizesse termo aos tiroteiosque se davam entre os sitia<strong>do</strong>s e sitia<strong>do</strong>res, porque passava a fazerpropostas de paz.Reitero a V. ...J. P. Vieira.Ao sr. ...(Aos mesmos cita<strong>do</strong>s nas últimas circulares).** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 08/03/1865.Circular para o corpo diplomáticoRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, em 8 de março de 1865.Nas circulares que lhe foram expedidas pelo último paquetenoticiei a V. ... que próximo estava o desenlace da campanha oriental.8N.E. – O asterisco remete a uma nota que, no fim da página <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, separada <strong>do</strong> corpo<strong>do</strong> texto por uma linha, diz o seguinte: “Entre este parágrafo, e o que se segue = Pelo vapor =etc., intercale-se o que aqui vai transcrito: ‘Estas notícias V. ... encontrará no suplemento <strong>do</strong>Diário Oficial <strong>do</strong> dia 21 e no n. 44 de 22 da mesma folha que acompanham este meu despacho.’”225


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>As forças sitia<strong>do</strong>ras dispunham-se a atacar a cidade, quan<strong>do</strong>sobreveio a nomeação pelo Sena<strong>do</strong> <strong>do</strong> sr. Thomaz Villalba comopresidente da República, em substituição ao sr. Aguirre, cujo poderteria solapa<strong>do</strong> não só de fato, como de direito, segun<strong>do</strong> a Constituição<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Um <strong>do</strong>s primeiro atos <strong>do</strong> governo foi ordenar a suspensão dashostilidades por parte da guarnição da praça.Pertencen<strong>do</strong> ele à fração moderada <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Blanco, principioua tomar consistência o pensamento de uma reconciliação, já antespromovida, sem seguimento, pelo decano <strong>do</strong> corpo diplomáticoestrangeiro residente em Montevidéu.Nessas circunstâncias, foram também suspensas as operaçõesmilitares por parte das forças aliadas.Compreenden<strong>do</strong> o sr. Villalba a situação desastrada em que haviamcoloca<strong>do</strong> a república os <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Blanco exalta<strong>do</strong>;convenci<strong>do</strong> de que não passava de uma farsa a decantada aliança <strong>do</strong>governo <strong>do</strong> sr. Lopez com o <strong>do</strong> sr. Aguirre e de que a praça de Montevidéunão podia contar senão com os seus únicos e mingua<strong>do</strong>s recursos;ten<strong>do</strong> por tresloucada a resistência contra o inimigo, que se apresentavaformidável às portas da cidade, apressou, como medida de salvaçãopública e para evitar as calamidades e horrores de um bombardeamentoe assalto, as negociações para o restabelecimento da paz, sen<strong>do</strong> nesteseu empenho secunda<strong>do</strong> pelo órgão oficial <strong>do</strong> corpo diplomático, o sr.Barboloani, representante da Itália.O resulta<strong>do</strong> destas negociações V. ... encontrará no protocoloque lhe remeto impresso, celebra<strong>do</strong> a 20 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> naVila da União.Neste convênio ou, para melhor dizer, capitulação foram atendi<strong>do</strong>sto<strong>do</strong>s os interesses e as posições respectivas <strong>do</strong>s beligerantes.O general d. Venâncio Flores assumiu provisoriamente o supremoman<strong>do</strong> da república.O parti<strong>do</strong> decaí<strong>do</strong> depôs as armas, sem mais condições que ade garantias individuais e de propriedade, excetua<strong>do</strong>s os crimescomuns e os políticos, que, por seu caráter especial, pudessem sersujeitos aos tribunais ordinários.O objeto da missão <strong>do</strong> sr. conselheiro Saraiva e todas as demaisreclamações pendentes, não compreendidas no ultimatum de 4 deagosto, ficaram resolvi<strong>do</strong>s por um compromisso solene, ofereci<strong>do</strong>espontaneamente por aquele general, no uso <strong>do</strong> poder discricionáriode que se achava revesti<strong>do</strong> como chefe <strong>do</strong> exército liberta<strong>do</strong>r.Se não fossem suficientes para garantir direitos e interesses <strong>do</strong>Império as notas a este respeito trocadas com o ministro brasileiro, o sr.conselheiro Paranhos, em 28 e 31 de janeiro, constantes também <strong>do</strong>226


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870impresso incluso, terão elas hoje de produzir to<strong>do</strong>s os efeitos internacionaisna execução <strong>do</strong> convênio de 20 de fevereiro, que o governo imperialestá certo será fielmente cumpri<strong>do</strong> em sua letra e espírito.Este sucesso realizou-se com plena satisfação de to<strong>do</strong>s, nacionaise estrangeiros, que à porfia bem dizem da influência benéfica dasarmas brasileiras no Rio da Prata.A nossa missão, por isso mesmo que era nobre, soube conciliardevidamente a energia com a moderação, respeitan<strong>do</strong> tanto quantoera possível os interesses <strong>do</strong>s neutros, comprometi<strong>do</strong>s no conflitoque sustentávamos em prol da honra e dignidade <strong>do</strong> Império.Assim é que, nos <strong>do</strong>is bloqueios de Paissandu e Montevidéu,não se fez uma só presa.As maiores deferências foram dispensadas aos agentes e chefesdas forças navais estrangeiras.Não há um só habitante pacífico no Esta<strong>do</strong> Oriental que tenhade queixar-se de um ato de violência das forças aliadas.Mais de um ato de humanidade, mais de um rasgo degenerosidade se acha registra<strong>do</strong> neste brilhante episódio <strong>do</strong> reina<strong>do</strong><strong>do</strong> Sr. D. Pedro II.Em to<strong>do</strong>s os transes da luta em que estávamos empenha<strong>do</strong>s,mostramos o maior respeito pela soberania, independência e integridadeda república.Os manifestos e proclamações <strong>do</strong> general Flores, atualpresidente provisório da república, são um testemunho dacircunspecção com que procedemos com a nacionalidade oriental.Só um governo pareceu enxergar vistas futuras no nossodesforço internacional e este governo foi o <strong>do</strong> Paraguai, não porquese convencesse de nossa deslealdade e o impressionasse o queescreviam e inculcavam os libelistas de Montevidéu e a protérvia deum parti<strong>do</strong> de fé púnica em todas as suas relações com os Esta<strong>do</strong>svizinhos, mas por cálculo de uma política interesseira e pretensiosano deslinde de questões de fronteira.O próprio sr. Villalba, que não é suspeito, reconheceu o ardil e,em honra de seu país, o estigmatizou, suprimin<strong>do</strong> a legação imperialna Assunção, cujos manejos só haviam servi<strong>do</strong>, como se expressouem um decreto, para entorpecer as boas relações da república comoutros governos.Assim terminou o primeiro perío<strong>do</strong> da campanha <strong>do</strong> sul.As relações <strong>do</strong> Império com a república foram logorestabelecidas.Por decreto de 28 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> foi declara<strong>do</strong> írritoo ato de vandalismo que deu por nulos os trata<strong>do</strong>s existentes entreos <strong>do</strong>is países.227


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Foi destituí<strong>do</strong> o sr. Candi<strong>do</strong> Juanicó da missão que, pelo governode Aguirre, lhe fora confiada na Europa.E como um penhor de fidelidade no desempenho de seuscompromissos, agora que vamos encetar a campanha contra o presidenteda República <strong>do</strong> Paraguai, apressou-se o nosso alia<strong>do</strong> a proibir aexportação <strong>do</strong>s artigos bélicos ou qualquer auxílio direto ou indireto porparte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental ao governo daquele nosso inimigo comum.Como remeto a V. ... os retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial, <strong>do</strong>nde sãoextraídas estas notícias, a eles me refiro para que possa informar-se <strong>do</strong>pensamento <strong>do</strong> governo sobre alguns incidentes da negociação de paz.Convém que se transmita o protocolo desta negociação aoministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, ou lhe dê em mão um exemplar,fazen<strong>do</strong> sobressair o seu mérito e alcance com algumas dasobservações que lhe sugiro neste despacho.Reitero a V. ...** *AHI 317/03/10Circular de 24/03/1865. Índice: “Sobre o novogov. oriental. Movimento de forças contra oParaguai.”Às legações imperiais24 de março de 1865.As notícias ultimamente recebidas <strong>do</strong> Rio da Prata poucoadiantam as que transmiti a V. Exa. pelo meu despacho de 8 <strong>do</strong>corrente.Depois da pacificação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Oriental <strong>do</strong> Uruguai, o respectivogoverno provisório já tem da<strong>do</strong> algumas providências no intuito desatisfazer com to<strong>do</strong> o empenho as estipulações <strong>do</strong> convênio de 20 defevereiro próximo passa<strong>do</strong>, entre as quais avulta a aliança daquelarepública na guerra contra o Paraguai.Além das forças que já estavam em Montevidéu, o GovernoImperial continua a dirigir para esse ponto os novos contingentesque, reunidas [sic] àquelas forças, devem formar o corpoexpedicionário que tem de acometer a república inimiga.228


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870De Montevidéu têm as nossas tropas de dirigir-se para a fronteirade S. Borja, que foi escolhida como base central das nossas operações,não só porque dali poderão rechaçar as forças contrárias que porventuraestejam acampadas na antiga província das Missões, entre os riosUruguai e Paraná, como também padeçam mais rápida e facilmentetranspor este rio, em frente de Itapua, no território paraguaio.É natural que o Governo Imperial aproveite a sua aliança coma República <strong>do</strong> Uruguai para dar ao seu exército a referida direção,que, a to<strong>do</strong>s os respeitos, é a mais conveniente. No caso que o julguenecessário, poderá V. Exa. explicar, deste mo<strong>do</strong>, ao governo junto<strong>do</strong> qual está acredita<strong>do</strong>, a temporária acumulação das nossas forçasno território da nossa aliada.Reitero a V ...J. Pedro Dias Vieira.Ao sr. ...(Às mesmas legações citadas na circular de 8 de março).** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 31/03/1865.Ao corpo diplomático estrangeiroSeção CentralCircularEm 31 de março de 1865.Tenho a honra de participar ao sr. ... etc. que, por decreto de21 <strong>do</strong> corrente, houve S. M. O Impera<strong>do</strong>r por bem remover para a229


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>legação imperial nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, na qualidade deenvia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário, o sr. conselheiroJoaquim Maria Nascentes de Azambuja, atual diretor-geral destaSecretaria d’Esta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> para substituí-lo neste último postoo sr. conselheiro Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral, que exercia as funçõesde ministro residente <strong>do</strong> Império no Reino da Bélgica.Reitero ao sr. etc.Dias Vieira.** *AHI 317/03/13Circular de 10/<strong>04</strong>/1865, aos presidentes deprovíncia. Índice: “Comunica que o governoimperial reintegrou no exercício de suasrespectivas funções os agentes consulares daRepública Oriental <strong>do</strong> Uruguai, cujo exequaturfora cassa<strong>do</strong> em conseqüência <strong>do</strong> rompimentodas relações oficiais entre os <strong>do</strong>is governos.”2.ª SeçãoCircular10 de abril 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Estan<strong>do</strong> restabelecidas as relações de paz e perfeita amizade entreo Império <strong>do</strong> Brasil e a República Oriental <strong>do</strong> Uruguai, resolveu o GovernoImperial reintegrar no exercício das suas respectivas funções to<strong>do</strong>s osvice-cônsules e agentes consulares daquela república existentes no Império,cujo exequatur foi cassa<strong>do</strong> em virtude da determinação comunicada aessa presidência por despacho circular de 16 de setembro de 1864.230


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Recomendan<strong>do</strong> a V. Exa. que notifique esta resolução aosemprega<strong>do</strong>s consulares da república nessa província, renovo-lhe asseguranças etc.João Pedro Dias Vieira.A S. Exa. o sr. ...** *AHI 317/03/10Circular de 08/05/1865. Índice: “Questões noRio da Prata.”Às legações imperiais8 de maio de 1865.Em prosseguimento das notícias que, pelos meus precedentesdespachos transmiti a V. Exa. sobre o esta<strong>do</strong> das nossas questões noRio da Prata, comunico a V. Exa. que, em virtude das ordens <strong>do</strong> GovernoImperial, o visconde de Tamandaré, em ofício de 10 <strong>do</strong> mês próximofin<strong>do</strong>, informou a nossa legação em Montevidéu que as forças sob seucoman<strong>do</strong> iam bloquear e hostilizar os portos e litoral <strong>do</strong> Paraguai, atéque, ceden<strong>do</strong> à pressão delas, desse completa satisfação de todas asofensas que houvesse causa<strong>do</strong> ao Império; e que, nessa mesma ocasião,subiam o Paraná as divisões da esquadra imperial incumbidas de tornarefetivo aquele bloqueio.Declarou o nosso vice-almirante que se permitia às embarcaçõesestrangeiras que estavam a carregar nos portos <strong>do</strong> Paraguai, sairdeles até vinte dias depois de estabeleci<strong>do</strong> o bloqueio; e bem assimque os portos da província de Mato Grosso abertos ao comércio,achan<strong>do</strong>-se ocupa<strong>do</strong>s pelo inimigo, não se podia permitir que para elestransitassem embarcações de qualquer nacionalidade que fossem,até nova declaração.231


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A legação imperial em Montevidéu deu logo conhecimento destacomunicação <strong>do</strong> nosso vice-almirante ao governo oriental, assim comoaos agentes diplomáticos e consulares estrangeiros, para os finsconvenientes. Não obstante isso, V. Exa. a transmitirá ao governojunto <strong>do</strong> qual está acredita<strong>do</strong>.O dita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Paraguai acaba de declarar a guerra à RepúblicaArgentina pelo mesmo mo<strong>do</strong> com que no-la tinha declara<strong>do</strong>. No dia 13de abril estava nas águas <strong>do</strong> Paraná, em frente à cidade de Corrientes,uma esquadrilha paraguaia de cinco vapores com forças dedesembarque; e, depois de algumas demonstrações no senti<strong>do</strong> dedesembarcarem as forças, o que não se realizou, acometeram o vaporde guerra argentino 25 de maio, que estava sem carvão edesapercebi<strong>do</strong>, e o levaram consigo; e o mesmo fizeram a um vapormenos importante, o Gualeguay.Em conseqüência deste acontecimento que, como era de esperar,produziu notável impressão em Buenos Aires, tratou logo o governoargentino <strong>do</strong>s preparativos necessários para desafrontar a injúria quegratuitamente acaba de lhe irrogar a República <strong>do</strong> Paraguai.É natural que a guerra entre as duas repúblicas contribua parafacilitar e apressar o desfecho daquela que fomos obriga<strong>do</strong>s a declararao Paraguai; é mesmo provável que deste esta<strong>do</strong> de coisas resulteuma aliança entre Império e a República Argentina, a fim de combatero inimigo comum.Já o governo de Buenos Aires nos concedeu permissão parapassarem as nossas forças pelos territórios de Corrientes e das Missões.Entre as notícias que posteriormente publicaram os jornais <strong>do</strong>Prata, e que são repetidas com acrescentamentos e exagerações, oque há de mais acreditável é o seguinte:No dia 14, os paraguaios desembarcaram na cidade de Corrientes,que, além de ser um posto desguarneci<strong>do</strong>, estava sem tropa e até semarmamento nem munições para se distribuírem pelo povo. Dali seguirampara o Empredra<strong>do</strong>, povoação próxima, que também tomaram semresistência. Dizia-se, mas não se sabe com certeza, que tinhamchega<strong>do</strong> pelo rio até Goya.As autoridades militares da República Argentina reuniamforças para resistir à invasão.Por parte <strong>do</strong> Império estão tomadas todas as disposiçõesnão só para evitar qualquer surpresa que, porventura, queiramtentar os paraguaios sobre a nossa fronteira, como também paradesalojá-los <strong>do</strong> território das Missões, se aí forem encontra<strong>do</strong>s,e até para segui-los pelo seu próprio território.V. Exa. fará deste despacho o uso que julgar mais acerta<strong>do</strong>.Reitero a V. ... etc.232


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870J. P. Dias Vieira.Ao sr. ...** *AHI 317/03/10Circular de 22/05/1865. Índice: “Paraimpedirem a exportação de artigos bélicos<strong>do</strong> estrangeiro para o Paraguai.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiais abaixo designa<strong>do</strong>s22 de maio de 1865.Constou ao Governo Imperial que os agentes da República <strong>do</strong>Paraguai trataram da aquisição de armas e máquinas de guerra, paraserem empregadas na luta a que injustamente nos provocou aquelarepública; e que, para evitar que fosse vedada a exportação daquelesartigos bélicos, incumbiam a compra deles a alguns particulares,encarrega<strong>do</strong>s de recebê-las, de pagar o seu importe, e de entregá-lassorrateiramente aos referi<strong>do</strong>s agentes ou aos seus prepostos.Em tais circunstâncias, é de absoluta necessidade que V. ...empregue a mais ativa vigilância, bem como to<strong>do</strong>s os meios queestiverem ao seu alcance, para descobrir e estorvar os planos <strong>do</strong>s nossosinimigos, dan<strong>do</strong> logo conhecimento ao Governo Imperial de tu<strong>do</strong> quefor ocorren<strong>do</strong> sobre este importante assunto.Os governos em cujos países são feitas semelhantes tentativas,não podem autorizá-las, expressa ou tacitamente, sem quebra nãosó da neutralidade que devem manter na luta <strong>do</strong> Brasil contra o Paraguai,como também sem ofensa das relações de amizade que felizmenteexistem entre o Império e aqueles governos.É de presumir que o governo de ..................., se porventurahouver de ser chamada a sua atenção para algum subterfúgio <strong>do</strong>sagentes paraguaios, não quererá abrigar-se a um nome evidentementesuposto, para deixar de atender às justas reclamações <strong>do</strong>s agentes233


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><strong>do</strong> Governo Imperial, a fim de que seja proibida a construção e asaída <strong>do</strong>s seus portos de artigos considera<strong>do</strong>s pelo direito dasgentes como contraban<strong>do</strong> de guerra.Confian<strong>do</strong> <strong>do</strong> zelo e patriotismo de V. ... que, em to<strong>do</strong> caso,serão devidamente atendi<strong>do</strong>s e ressalva<strong>do</strong>s os direitos e interesses<strong>do</strong> Império nesta grave conjuntura, reitero-lhe as seguranças daminha ... estima e ... consideração.José Antônio Saraiva.Ao sr.(Assim se escreveu somente às legações imperiais em Lisboa,Madri, Florença, Berlim, Viena, Bruxelas, Washington; e aosconsula<strong>do</strong>s-gerais <strong>do</strong> Império em Estocolmo, Hamburgo, Liverpool.Ao sr. Aguiar de Andrade em Londres, foi esta circular em formade despacho, compreenden<strong>do</strong>, porém, unicamente os <strong>do</strong>isprimeiros parágrafos).** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 06/06/1865.Circular aos presidentes de provínciaEm 6 de junho de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Na circular, dirigida por este Ministério aos presidentes deprovíncias em 1 o de agosto de 1861, declarou o Governo Imperialque manteria a mais estrita neutralidade na luta, que infelizmentese manifestara no seio <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América.234


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Declaran<strong>do</strong> essa neutralidade, entendeu o Governo Imperialque, embora não tivessem existência política reconhecida osesta<strong>do</strong>s que pretendiam constituir-se em confederação separada,não podia recusar-lhes, com as necessárias restrições, o caráterde beligerantes que assumiram.Nessa base foram assentadas as instruções que deviamguiar as autoridades <strong>do</strong> Império na prática de sua neutralidade.Mas estas instruções não podem ser aplicadas às circunstânciasatuais. A guerra chegou ao seu termo e os esta<strong>do</strong>s que aprovocaram não se acham mais no caso de assumir o caráter debeligerantes. O Governo Imperial assim o entende e o declara aV. Exa. para sua inteligência.É entretanto possível que aos portos <strong>do</strong> Império venhamnavios <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s na ignorância da presente declaração;e por isso, para que ela chegue ao conhecimento <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s,é justo que se fixe um prazo razoável.S. M. O Impera<strong>do</strong>r ordena que se marque o de quatro meses,e que seja ele conta<strong>do</strong> da data da presente circular.Comunican<strong>do</strong> a V. Exa. esta resolução, devo acrescentarque por este Ministério lhe serão brevemente transmitidas asinstruções que o devem guiar na execução dela.Tenho a honra de reiterar etc.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 08/06/1865.Às legações imperiaisSeção CentralCircularConfidencialMinistério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 8 de junho de 1865.235


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ilmo. e Exmo. sr.A propósito <strong>do</strong> assassínio <strong>do</strong> presidente Lincoln, suscitou ogeneral Webb, ministro americano, uma questão de cerimônia quedificilmente se poderia resolver de mo<strong>do</strong> favorável ao seu desejo.Pretendeu que a corte tomasse luto, como costuma por ocasião<strong>do</strong> falecimento de um soberano. Reconhecen<strong>do</strong> porém emconferência o embaraço em que esta sua pretensão colocava aoGoverno Imperial, retirou a nota que me havia dirigi<strong>do</strong>.Este incidente obriga-me a recolher informações acerca <strong>do</strong>procedimento segui<strong>do</strong> no presente caso pelas cortes da Europa.Queira portanto V. Exa. responder aos seguintes quesitos:1 o ) O agente diplomático <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s apresentou aía pretensão <strong>do</strong> general Webb?2 o ) Se a apresentou, como foi ela recebida?3 o ) Tomou a corte luto espontaneamente ou emconseqüência de reclamação?Tenho a honra de reiterar a V. Exa. as seguranças etc.Saraiva.PortugalEspanhaFrançaBélgicaPrússiaÁustriaItáliaRússia** *236


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 08/07/1865. Índice: “Combatenaval de Riachuelo.”Às legações imperiais8 de julho de 1865.Tenho a satisfação de anunciar a V. ... que as armas brasileirasjá alcançaram um esplêndi<strong>do</strong> triunfo sobre as <strong>do</strong> Paraguai.À Marinha imperial coube a fortuna de ser a primeira em abatero orgulho <strong>do</strong> nosso gratuito inimigo.No dia 11 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, no rio Paraná, no lugarchama<strong>do</strong> Riachuelo, travou-se entre as esquadras <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is paísesrenhi<strong>do</strong> combate, que durou cerca de 10 horas e foi coroa<strong>do</strong> poruma vitória, tão gloriosa para o Brasil, como útil ao desenvolvimentoda guerra em que se acha empenha<strong>do</strong>.Nos números <strong>do</strong> Diário Oficial de 1, 2, 5, 6 e 7 <strong>do</strong> correnteencontrará V. ..., além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos oficiais e de várias notícias,um histórico da batalha que me foi envia<strong>do</strong> pelo ministro <strong>do</strong> Brasil emmissão especial no Rio da Prata. Este histórico, inserto sem indicaçãoda origem no diário de ontem, é o mesmo que a V. ... ofereço noimpresso junto ao presente despacho. Queira V. ... dar-lhe semdemora a maior publicidade que for possível.Reitero a V. ...José Antônio Saraiva.Ao sr.(Às legações em Paris, Lisboa, Bruxelas, Florença, Viena,Berlim, S. Petersburgo, Washington, Roma, Madri, Lima, Caracas,Buenos Aires, Montevidéu, Bolívia e aos consula<strong>do</strong>s-gerais na Suíça,Holanda e Dinamarca. Por cópia: aos srs. barão de Pene<strong>do</strong>, eAguiar de Andrade).** *237


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 08/07/1865. Índice: “Próxima partida<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r para o Rio Grande <strong>do</strong> Sul.”Às legações imperiais(acima designadas) 14 8 de julho de 1865.Tenho a honra de comunicar a V ... que S. M. O Impera<strong>do</strong>r resolveuir à província <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, que foi invadida por forças <strong>do</strong>Paraguai em 10 de junho último, para acoroçoar com sua presença,com seu prestígio e com seu exemplo a defesa da mesma província,conservan<strong>do</strong>-se, porém, sempre dentro <strong>do</strong> Império.A partida de Sua Majestade verificar-se-á brevemente, sen<strong>do</strong> porisso adiada a Assembléia Geral Legislativa.Fazen<strong>do</strong> esta comunicação a V ... aproveito-me da oportunidadepara reiterar-lhe os protestos.Ao sr. ...José Antônio Saraiva.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 12/07/1865.Em 12 de julho de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.14N. E. – Trata-se das legações relacionadas na circular anterior, de mesma data.238


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Como apressadamente anunciei a V. Exa. pelo meu despachocircular de 8 <strong>do</strong> corrente, Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r, influí<strong>do</strong>pelo sentimento <strong>do</strong> seu acrisola<strong>do</strong> patriotismo e queren<strong>do</strong> dar umtestemunho prático de quanto aprecia o título de Defensor Perpétuo<strong>do</strong> Império, que lhe outorgou a lei fundamental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, resolveuir pessoalmente à província de S. Pedro <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, afim de animar com sua presença a defesa daquela província contraa gratuita agressão de um vizinho ingrato e desleal, e participardas gloriosas fadigas <strong>do</strong>s seus concidadãos no empenho sagra<strong>do</strong>de reivindicar os brios e a dignidade nacional.Cabe-me agora acrescentar que, acolhida esta resolução comverdadeiro entusiasmo pela Assembléia Geral, que se achavareunida, e pela população inteira desta corte, S. M. O Impera<strong>do</strong>r,haven<strong>do</strong> adia<strong>do</strong> os trabalhos legislativos para o dia 4 de março <strong>do</strong>ano próximo futuro, partiu deste porto no dia 10 <strong>do</strong> corrente abor<strong>do</strong> <strong>do</strong> vapor Santa Maria, com Sua Alteza o sr. duque de Saxee acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> sr. ministro da Guerra e <strong>do</strong>s seus ajudantesde campo, os senhores marquês de Caxias e general Cabral.Ao embarcar, recebeu S. M. as mais decididas demonstrações<strong>do</strong> amor, da dedicação e <strong>do</strong> respeito que lhe consagra toda apopulação nacional e estrangeira, sen<strong>do</strong> calorosamente sauda<strong>do</strong>e vitoria<strong>do</strong> em sua despedida.No exemplar <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio que remeto junto,verá V. Exa. a narração minuciosa e fiel <strong>do</strong> embarque e partida deS. M., bem como o significativo discurso proferi<strong>do</strong> nessa ocasiãoperante o Mesmo Augusto Senhor pelo corpo consular aquiresidente.Repetirei ainda a V. Exa. que S. M. O Impera<strong>do</strong>r nãotransporá as raias da província de S. Pedro <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul,porque, como V. Exa. sabe, não o poderia fazer sem o consensoda Assembléia Geral; e este não foi solicita<strong>do</strong>.Dirigin<strong>do</strong> a V. Exa. a presente comunicação, tenho por fimnão só completar a notícia, que lhe dei pelo meu cita<strong>do</strong> despachocircular, da importante resolução tomada por S. M., comorecomendar a V. Exa. que a faça publicar nesse país com todasas circunstâncias que a acompanharam e que provam o apreço eo entusiasmo com que foi aceita.Renovo a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima edistinta consideração.J. A. Saraiva.239


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A S. Exa. o sr. José Marques Lisboa[Envia<strong>do</strong>] a todas as legações, e consula<strong>do</strong>s onde não houver legação.Barão de Pene<strong>do</strong>Barão de ItamaracáVisconde de Santo AmaroMarcos Antônio de AraújoJoão Alves LoureiroMiguel Maria LisboaF. X. da Costa Aguiar d’Andrada (cópia)F. A. de VarnhagenLuís Peixoto de Lacerda WerneckErnesto de Souza LecouteAntônio A. Macha<strong>do</strong> CarvalhoJosé Bernar<strong>do</strong> de Figueire<strong>do</strong>Leonel M. de AlencarAntônio J. de Araújo JardimFelipe José Pereira LealAntônio Pedro de Carvalho BorgesHenrique Cavalcante d’AlbuquerqueOctaviano (cópia)** *AHI 317/01/07Circular de 01/08/1865.Circular aos presidentes das províncias1 a SeçãoN.Circular reservadaEm 1 o de agosto de 1865.240


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Convin<strong>do</strong> prevenir as questões, que aparecem diariamente, sobrea nacionalidade <strong>do</strong>s estrangeiros residentes no Brasil e atenden<strong>do</strong> a queessas dúvidas soem dar origem a reclamações diplomáticas sempredesagradáveis, que nas circunstâncias atuais podem trazer sérios embaraçosà administração geral, resolveu o Governo de S. M. O Impera<strong>do</strong>r recomendara V. Exa. que, enquanto não se lhe ordenar outra coisa, faça observar asseguintes instruções:As autoridades civis e militares dessa província respeitarão oscertifica<strong>do</strong>s de nacionalidade expedi<strong>do</strong>s pelas legações, consula<strong>do</strong>s e viceconsula<strong>do</strong>saos seus respectivos nacionais, que, como V. Exa. sabe, nãopodem ser constrangi<strong>do</strong>s ou chama<strong>do</strong>s ao serviço militar ou da GuardaNacional.No caso em que tais certifica<strong>do</strong>s não pareçam regulares e verdadeiraa nacionalidade indicada, as dúvidas serão expostas a V. Exa., que terá ocuida<strong>do</strong> de instruir a questão e de submetê-la imediatamente aoconhecimento deste Ministério; fican<strong>do</strong> entretanto suspenso to<strong>do</strong> e qualquerprocedimento que tenha por fim privar de liberdade o porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong>ou obrigá-lo a prestar o serviço, para a isenção <strong>do</strong> qual alega a condiçãode estrangeiro.O efeito suspensivo desta medida cessará unicamente no caso deser a reclamação indeferida pelo Governo Imperial.Se porventura recrutar-se para o Exército e Armada ou intimar-separa o serviço da Guarda Nacional algum indivíduo que não possuacertifica<strong>do</strong> de nacionalidade ou outro <strong>do</strong>cumento equivalente e depois for[sic] reclama<strong>do</strong> por algum agente consular como súdito de sua nação, V.Exa. deverá ordenar que seja posto em liberdade o mesmo indivíduo,mas declarará por ofício ao respectivo agente que vai levar a reclamaçãoao conhecimento <strong>do</strong> Governo Imperial, a quem compete exclusivamentea sua decisão.Enfim as reclamações sobre nacionalidade de estrangeiros, as quaisos governos provinciais costumavam receber no efeito devolutivo, serãode ora em diante aceitas no suspensivo e decididas por este Ministério,que avoca a si esse direito.Devolven<strong>do</strong> a questão ao Governo Geral, V. Exa. aduziráconfidencialmente todas as informações e <strong>do</strong>cumentos que a respeitopuder coligir.Um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos, que V. Exa. procurará com preferência obterem to<strong>do</strong>s os casos, é a certidão de batismo e, na falta desta, qualquertítulo autêntico que prove a idade e o lugar <strong>do</strong> nascimento.Conto por este mo<strong>do</strong> evitar as discussões diplomáticas sobre umaquestão que atualmente teria de repetir-se muitas vezes, atenta a grandeleva de solda<strong>do</strong>s, que se está fazen<strong>do</strong> por causa da guerra em que anação se acha empenhada.241


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Com o critério e civismo de V. Exa., e a prudência das autoridadessubalternas dessa província, serão obviadas as dificuldades que possamsurgir na execução destas instruções.Aproveito com prazer o ensejo para rogar a V. Exa. que aceite asseguranças de minha perfeita estima e distinta consideração.J. A. Saraiva.A S. Exa. sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular 15 de 08/08/1865.Seção CentralCircularN.8 de agosto de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.O editor <strong>do</strong> Anglo-Brazilian Times, periódico que se publica nestacapital, está por mim autoriza<strong>do</strong> para remeter diretamente a V. Exa.um exemplar dele. O Governo Imperial paga esta assinatura e desejaque V. Exa. faça transcrever nos diários desse país os artigos de maiorinteresse que encontrar no referi<strong>do</strong> periódico e cuja publicação aí nospossa ser de alguma utilidade na presente quadra.15N.E. – Na lista de destinatários <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento o nome de Varnhagen aparece corta<strong>do</strong>.242


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Reitero a V. Exa. as seguranças ...Marques LisboaSanto AmaroItamaracáVarnhagenBarão de Pene<strong>do</strong>Aguiar de AndradaMarcos Antônio de AraújoGrenfellMagalhãesB. de LinstowLoureiroC. de AlbuquerqueGondimLealIg. d’Avellar B. da SilvaA. A. M. d’A. CarvalhoMiguel MariaErnesto de Souza LecouteJ. A. Saraiva.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 12/08/1865.Circular a todas as legações <strong>do</strong> ImpérioS. CentralEm 12 de agosto de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.243


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A bem <strong>do</strong> serviço publico, convém que V. Exa. remeta a esteMinistério, com a possível brevidade, exemplares das leis eregulamentos, que nesse país servem de norma e guia ao corpodiplomático, acompanhan<strong>do</strong>-os de todas as informações eesclarecimentos que tenha e possa colher sobre semelhante assunto.Reitero a V. Exa. as seguranças de minha perfeita estima econsideração.J. A. Saraiva.** *AHI 317/03/10Circular de 07/09/1865. Índice: “Vitória sobre osparaguaios no rio Paraná e na margem direita<strong>do</strong> Uruguai.”Às legações imperiais7 de setembro de 1865.Nos inclusos retalhos <strong>do</strong>s n. 2<strong>04</strong> e 205 <strong>do</strong> Diário Oficialencontrará V. ... os <strong>do</strong>cumentos oficiais que dão conta de <strong>do</strong>isimportantes sucessos, alcança<strong>do</strong>s contra as forças <strong>do</strong> Paraguai, nosdias 10 e 17 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, no rio Paraná e sobre amargem direita <strong>do</strong> Uruguai. No primeiro caso e no lugar denomina<strong>do</strong>Cuevas forçou a nossa esquadrilha a passagem que pretendiamimpedir-lhe as baterias inimigas assestadas sobre a margemesquerda <strong>do</strong> rio. No segun<strong>do</strong>, a vanguarda <strong>do</strong> exército alia<strong>do</strong>,composta de forças das três potências sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> generalFlores, destroçou uma coluna paraguaia, de pouco mais ou menostrês mil homens, <strong>do</strong>s quais ficaram mortos mil e setecentos eprisioneiros mil e duzentos, entran<strong>do</strong> neste número o comandanteDuarte que era seu chefe.Congratulan<strong>do</strong>-me com V. ... por sucessos de tão grandealcance, aproveito o ensejo e &.244


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870J. A. Saraiva.Ao sr. ...(Os mesmos que na precedente circular 16 , e mais ao barão dePene<strong>do</strong>).** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/09/1865.Seção CentralCircular7 de setembro de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a satisfação de participar a V. Exa. que, mediante abenévola mediação de Sua Majestade Fidelíssima, está ajusta<strong>do</strong> orestabelecimento das relações diplomáticas entre o Governo Imperiale o de Sua Majestade Britânica. Por falta de tempo deixo nestemomento de comunicar a V. Exa. os termos da proposta que paraesse fim fez lorde Russel ao conde de Lavradio e que o governo deSua Majestade O Impera<strong>do</strong>r aceitou. Devo acrescentar que a certezadesta aceitação foi recebida pelo governo britânico com mostra damaior satisfação.Aproveito este ensejo para reiterar a V. Exa. as seguranças...16N. E. – A relação <strong>do</strong>s destinatários é: Paris, Lisboa, Berlim, Londres (a Aguiar de Andrada),S. Petersburgo, Florença, Washington, Viena, Lima, Buenos Aires, Montevidéu, Venezuela,Bolívia, Madri, Roma.245


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>J. A. Saraiva.Marcos AntônioItamaracáMarques LisboaBarão de Pene<strong>do</strong>Miguel Maria LisboaSanto AmaroLoureiroFigueire<strong>do</strong>AzambujaLacerda WerneckErnesto de Souza LecouteVarnhagenLeonel M. de AlencarJardimC. BorgesAguiar d’Andrada** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Minuta 17 de 07/10/1865.Seção CentralCircular7 de outubro de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.O senhor Eduar<strong>do</strong> Thornton, envia<strong>do</strong> por Sua MajestadeBritânica a Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r em missão especial, foirecebi<strong>do</strong> pelo mesmo Augusto Senhor no dia 22 <strong>do</strong> mês próximo17N. E. – No texto, os trechos “a Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r” e “em missão especial” estão emposição trocada, mas com sinal indicativo de sua devida ordem, aqui aplicada.246


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870passa<strong>do</strong>, em audiência pública, no acampamento Imperial, cercada Uruguaiana, província <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Na inclusa meia folha <strong>do</strong> Diário Oficial de ontem estãoimpressos o discurso <strong>do</strong> envia<strong>do</strong> britânico e a resposta <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r.Acham-se compreendi<strong>do</strong>s naquele discurso os próprios termosda satisfação oferecida e aceita pelos governos da Grã-Bretanhae <strong>do</strong> Brasil mediante a ação sumamente benévola de SuaMajestade Fidelíssima.Cessou, portanto, o rompimento ocasiona<strong>do</strong> entre os <strong>do</strong>isgovernos pelos sucessos de 1863, restabelecem-se as suasrelações e fica satisfeita a dignidade <strong>do</strong> país.Aproveito este ensejo para reiterar a V. Exa. as seguranças...J. A. Saraiva.José Marques LisboaBarão de ItamaracáJ. A. LoureiroJ. M. AzambujaJ. B. de Figueire<strong>do</strong>H. C. de AlbuquerqueF. J. Pereira LealF. A. VarnhagenLeonel M. de AlencarBarão de Pene<strong>do</strong>Aguiar d’AndradaVisconde de Santo AmaroG. de MagalhãesM. A. d’AraújoWerneckA. A. de A. M. CarvalhoMiguel Maria LisboaA. P. de Carvalho BorgesErnesto de Souza LecouteGondim** *247


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 09/10/1865. Índice: “Rendição deUruguaiana.”Às legações imperiais9 de outubro de 1865.A coluna <strong>do</strong> exército paraguaio, que se achava naUruguaiana, rendeu-se no dia 18 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> àsforças aliadas sob o coman<strong>do</strong>-em-chefe de Sua Majestade oImpera<strong>do</strong>r. No incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de 3 <strong>do</strong> correnteencontrará V. ... notícia minuciosa deste importantíssimoacontecimento. Não há mais inimigo a combater no território daprovíncia <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Congratulan<strong>do</strong>-me com V. ... por este motivo, aproveito oensejo para reiterar-lhe etc.J. A. Saraiva.Ao sr.** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 07/11/1865.Circular ao corpo diplomático estrangeiroS. CentralEm 7 de novembro de 1865.248


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870S. M. O Impera<strong>do</strong>r e Suas Altezas os srs. conde d’Eu e duquede Saxe, são espera<strong>do</strong>s nesta corte, de volta da província <strong>do</strong> RioGrande <strong>do</strong> Sul, no dia 10 <strong>do</strong> corrente.Desembarcan<strong>do</strong> no Arsenal de Marinha seguirão à CapelaImperial, onde assistirão ao Te Deum que ali se há de celebrar peloSeu feliz regresso.Fin<strong>do</strong> o ato religioso, Suas Majestade e Altezas acompanhadasdas pessoas da corte seguirão para a praça da cidade, onde, depois dascontinências militares <strong>do</strong> estilo, receberão o cortejo <strong>do</strong> corpo diplomático.O que tenho a honra de comunicar ao sr. F... prevenin<strong>do</strong>-o deque na mencionada capela os senhores <strong>do</strong> corpo diplomático com suasesposas e filhos ocuparão as tribunas, que lhes costumam serdestinadas.Reitero a V. ... etc.J. A. Saraiva.** *AHI 317/03/10Circular de 18/11/1865. Índice: “Neutralidade <strong>do</strong>Governo Imperial na guerra hispano-chilena.Corsários chilenos.”Aos presidentes das províncias marítimas18 de novembro de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Adstrito aos deveres da neutralidade na luta que infelizmentelevantou-se entre Espanha e o Chile, e demais ten<strong>do</strong> aderi<strong>do</strong> aosprincípios estabeleci<strong>do</strong>s no Congresso de Paris, em virtude <strong>do</strong>s quaisfoi aboli<strong>do</strong> o corso <strong>do</strong>s meios de guerra, é óbvio que não pode o249


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Governo Imperial consentir em que nos portos <strong>do</strong> Império se prepareme armem corsários com bandeira daquela república; cumprin<strong>do</strong>-lheempregar to<strong>do</strong>s os meios necessários para que seja religiosamenterespeitada a posição de neutro, que lhe cabe.Chamo todavia a atenção de V. Exa. para este assunto, e lhorecomen<strong>do</strong>, visto haver o governo <strong>do</strong> Chile publicamente autoriza<strong>do</strong> ocorso, e recear o representante <strong>do</strong> de Espanha nesta corte que naqueleintuito se façam tentativas nos portos <strong>do</strong> Brasil.Reitero a V. Exa. o sr. etc.J. A. Saraiva.À S. Exa. o sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular 18 de 21/11/1865.Circular aos Ministérios da Fazenda, Guerra,Marinha, Agricultura e ImpérioSeção CentralEm 21 de novembro de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a honra de comunicar a V. Exa., em aditamento ao avisocircular deste Ministério de 17 de dezembro de 1864, que a litografia18N. E. – Imediatamente abaixo da data, no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da página, em letra diferente:“Expedidas em 23 de novembro de 1865 – Correio Carlos”.250


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870da carta de Amazonas tem de custar <strong>do</strong>ze contos de réis e não dezcontos como se acha declara<strong>do</strong> no mesmo aviso.Essa diferença de <strong>do</strong>is contos de réis provém de sujeitarem-seos litógrafos a fazer algum trabalho mais além daquele que ajustaram,a entregar ao Governo Imperial as pedras da litografia da dita carta, ea fazer nelas todas as correções necessárias para a segunda edição.Fazen<strong>do</strong> a V. Exa. esta comunicação para os correntes fins,reitero etc.J. A. Saraiva.** *AHI 317/03/10Circular de 23/11/1865. Índice: “Restabelecimentodas relações diplomáticas com a Inglaterra.”Às legações imperiais23 de novembro de 1865.O sr. Eduar<strong>do</strong> Thornton, nomea<strong>do</strong> por Sua Majestade Britânicaseu envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário junto a SuaMajestade O Impera<strong>do</strong>r, foi recebi<strong>do</strong> pelo mesmo Augusto Senhorno dia 14 <strong>do</strong> corrente em audiência pública de apresentação.Pela sua parte acaba o Impera<strong>do</strong>r de restabelecer a sualegação em Londres, confian<strong>do</strong>-a de novo ao sr. barão de Pene<strong>do</strong>.Preenchidas assim as duas missões, acha-se perfeito orestabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Grã-Bretanha.O governo imperial nutre a esperança de que essas relaçõesserão dura<strong>do</strong>uras e tão amigáveis como são importantes os interessesque ligam aos [sic] <strong>do</strong>is países. Ele de novo se aproxima <strong>do</strong> governobritânico, com ânimo sincero de cultivar dignamente a sua amizade, evê penhor de igual sentimento no espírito concilia<strong>do</strong>r de que se mostraanima<strong>do</strong> o novo ministro de Sua Majestade a Rainha Vitória.251


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Aproveito etc.J. A. Saraiva.(Às legações em Paris, Lisboa, Berlim, Washington, Viena,Bruxelas, Madri, Roma, Bolívia, Lima, Montevidéu, Buenos Aires,Venezuela, São Petersburgo, Florença, à missão especial no Rio daPrata; aos consula<strong>do</strong>s-gerais na Suécia, Holanda e Suíça; e a Aguiarde Andrada, e barão de Pene<strong>do</strong>).** *AHI 317/03/10Circular 19 de 23/11/1865. Índice: “Sobre aneutralidade que o Gov. Imp. pretende observarna guerra hispano-chilena. A respeito <strong>do</strong>s corsários.”Às legações imperiais23 de novembro de 1865.Está declarada a guerra entre o Chile e a Espanha; começaram ashostilidades e o governo daquela república resolveu expedir cartas de marca.O Governo Imperial há de conservar-se em perfeita neutralidade e,como aderiu ao princípio da abolição <strong>do</strong> corso, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Congresso deParis pelas potências que nele se acharam representadas, não permitirá,por esses <strong>do</strong>is motivos, que em seus portos se armem corsários combandeira chilena.Neste senti<strong>do</strong> dirigi no dia 18 <strong>do</strong> corrente aos presidentes das províncias<strong>do</strong> litoral uma circular, que será desenvolvida conforme for necessário.Refiro-me unicamente à bandeira chilena por estas duas razões: sóo Chile manifesta a resolução de empregar corsários; a Espanha, ten<strong>do</strong>aderi<strong>do</strong>, como o Brasil, ao princípio indica<strong>do</strong>, parece não poder recorrer aum meio de guerra que o contraria; e o seu representante nesta corte19N. E. – A relação <strong>do</strong>s destinatários é a mesma da circular anterior, de mesma data.252


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870confirma essa impossibilidade, manifestan<strong>do</strong> o desejo de que o GovernoImperial não permita que em seus portos se armem corsários por conta eautoridade da república.Queira V. ... aceitar as seguranças etc.J. Antônio Saraiva.Ao sr. ...(Os mesmos que na precedente circular)** *AHI 317/01/<strong>04</strong>Circular de 23/11/1865.Às legações imperiaisSeção CentralCircularN.23 de novembro de 1865.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a satisfação de participar a V. Exa. que Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r e Suas Altezas os senhores conde d’Eu e duque de Saxechegaram no dia 9 <strong>do</strong> corrente a esta capital de volta da província <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Sua Majestade e Altezas foram recebi<strong>do</strong>s com extraordinárioentusiasmo e nele tiveram novo testemunho da gratidão <strong>do</strong>s brasileirose <strong>do</strong> respeitoso afeto que to<strong>do</strong>s eles lhes tributam.Reitero a V. Exa. as seguranças...J. A. Saraiva.253


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Marques LisboaL. P. de Lacerda WerneckBarão de Pene<strong>do</strong>Marcos Antônio d’A.Santo AmaroAguiar d’AndradeA. A. M. C. de AndradeGondimD. J. G. de MagalhãesMiguel Maria LisboaJosé B. de Figueire<strong>do</strong>João Alves LoureiroBarão de ItamaracáAntônio Pedro de Carvalho BorgesFrancisco A<strong>do</strong>lfo VarnhagenJ. M. N. d’AzambujaF. O. d’Almeida RosaT. F. de BritoF. J. P. LealErnesto de Souza LecouteLeonel M. de Alencar** *AHI 317/03/10Circular de 08/12/1865. Índice: “Retificação dacircular supra, relativamente à adesão daEspanha a abolição <strong>do</strong> corso.”Às legações imperiais8 de dezembro de 1865.Ao Ilmo. ... sr. ... tem Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral ahonra de fazer os seus mais atenciosos cumprimentos, e previne aS. Exa. (ou S.) de que na circular de 23 de novembro próximo fin<strong>do</strong>,relativa aos corsários chilenos houve um engano. Não consta que a254


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Espanha tenha aderi<strong>do</strong> aos princípios de direito marítimo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>sno Congresso de Paris. Nenhum mal desse engano, que aliás seráproximamente cumpri<strong>do</strong>, porque na circular expedida aos presidentesde províncias não se aludiu ao fato.** *AHI 317/03/10Circular de 08/01/1866. Índice: “Dá-lhesconhecimento de uma circular <strong>do</strong> ministro daGuerra sobre os prisioneiros paraguaios.”Às legações imperiais8 de janeiro de 1866.Em aditamento ao meu despacho 20 circular de 23 <strong>do</strong> mêspróximo passa<strong>do</strong>, e por meio <strong>do</strong> incluso retalho 21 <strong>do</strong> Diário Oficial de3 <strong>do</strong> corrente <strong>do</strong>u a V. ... conhecimento de uma circular dirigida, nodia 25 daquele mês, pelo sr. ministro da Guerra a várias autoridadesmilitares acerca <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como devem proceder relativamente aosprisioneiros.Tenho a honra de reiterar a V. ... etc.José Antônio Saraiva.Aos srs. chefes das legações em França, Inglaterra, Portugal,na Prússia, Áustria, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Itália, Bélgica, Rússia, Espanha,Roma, Peru, Chile; da missão especial em Paris (barão de Pene<strong>do</strong>); eaos cônsules-gerais na Suíça, Holanda, Dinamarca.** *20N. E. – O despacho em causa refere-se a casos particulares, que terão revela<strong>do</strong> s necessidadede estabelecer normas de caráter geral.21N. E. – Não transcrito.255


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 24/02/1866. Índice: “Episódio deguerra no Passo da Pátria.”Às legações imperiais24 de fevereiro de 1866.No incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de hoje encontrará V. ...notícia de um recontro, no Passo da Pátria, entre a vanguardaargentina e a força paraguaia que atravessara o Paraná naquelelugar.O sr. visconde de Tamandaré partiu para Corrientes no dia 8 e,segun<strong>do</strong> as últimas notícias, estava no Rosário no dia 11.Tenho a honra de reiterar a V. ...José Antônio Saraiva.(Aos mesmos designa<strong>do</strong>s na circular de 8 de janeiro).** *AHI 317/03/10Circular de 10/03/1866. Índice: “Declaração deprincípios de neutralidade na guerra entre aEspanha, o Peru e o Chile.”Aos presidentes de província10 de março de 1866.Na circular de 18 de novembro <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong> declareia V. Exa. que o Governo Imperial mantém-se na mais estrita256


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870neutralidade durante a guerra que infelizmente sobreveio entre Espanhae o Chile.A essa república associa-se agora a <strong>do</strong> Peru por meio de um trata<strong>do</strong>de aliança ofensiva e defensiva.A neutralidade <strong>do</strong> Brasil, longe de ser alterada por tal circunstância,estende-se a to<strong>do</strong>s os incidentes da guerra que possam surgir não sóentre a Espanha e o Chile ou o Peru, mas também entre a primeirapotência e as duas outras na ação comum que estas a<strong>do</strong>tam.O Governo Imperial, fazen<strong>do</strong> esta declaração, recorda a V. Exa.que tem a norma de seu procedimento nas duas circulares expedidas poreste Ministério no 1º de agosto de 1861 e a 23 de junho de 1863, cujaexecução lhe é especialmente recomendada.Julgo todavia <strong>do</strong> meu dever consignar aqui as seguintes disposições:- Os súditos brasileiros devem abster-se de to<strong>do</strong> ato que possa serconsidera<strong>do</strong> hostil a qualquer <strong>do</strong>s beligerantes e, portanto, contrário aosdeveres da neutralidade.- É proibida a exportação de artigos bélicos para portos pertencentesaos beligerantes.- É proibi<strong>do</strong> o armamento de corsários.- Nenhum navio, com bandeira de um <strong>do</strong>s beligerantes e que estejaemprega<strong>do</strong> na presente guerra ou a ela se destine, poderá seraprovisiona<strong>do</strong>, equipa<strong>do</strong> ou arma<strong>do</strong> nos portos <strong>do</strong> Império, não secompreenden<strong>do</strong> nesta proibição o fornecimento de vitualhas e provisõesnavais indispensáveis à continuação da viagem.- Não será permiti<strong>do</strong> a navio algum de guerra ou corsário entrar epermanecer com presas nos nossos portos ou baías mais de 24 horas,salvo o caso de arribada forçada e não lhes será permiti<strong>do</strong> disporem dasmesmas presas ou de objetos deles provenientes.- Os corsários, ainda que não conduzam presas, não serão admiti<strong>do</strong>snos portos <strong>do</strong> Império por mais de 24 horas, salvo o caso de arribadaforçada.Tenho a honra de reiterar a V. Exa. etc.J. A. Saraiva.A S. Exa. o sr. presidente da província de ...** *257


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 24/03/1866. Índice: “Princípios deneutralidade <strong>do</strong> governo imperial na guerrahispano-chileno-peruana. Retificação.”Às legações imperiais24 de março de 1866.Em aditamento ao meu despacho circular de 23 de novembro<strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong> e por meio <strong>do</strong> incluso retalho <strong>do</strong> DiárioOficial de 11 <strong>do</strong> corrente mês, <strong>do</strong>u a V. Exa. conhecimento de umdespacho também circular que dirigi no dia 10 aos presidentes dasprovíncias acerca da neutralidade <strong>do</strong> Brasil na guerra que sobreveioentre a Espanha e o Chile, e em que agora toma parte o Peru.Esta circunstância, da aliança das duas repúblicas, foi o motivoda expedição da referida segunda circular e deu oportunidade parao desenvolvimento da primeira.Aproveito a ocasião para notar um engano, cometi<strong>do</strong> na circularde 23 de novembro, e que o conselheiro diretor já retificou. A Espanhanão tem expedi<strong>do</strong> cartas de marca, mas está verifica<strong>do</strong> que nãoaderiu à declaração <strong>do</strong> Congresso de Paris. Não ten<strong>do</strong> aderi<strong>do</strong>, temo Chile a faculdade de armar corsários, embora haja aceita<strong>do</strong> aqueladeclaração.Tenho a maior satisfação em reiterar a V. ... etc.J. Antônio Saraiva.(Às mesmas legações 22 designadas na circular desta data sobre onascimento <strong>do</strong> príncipe).** *22N. E. – As legações destinatárias da circular são as seguintes: Londres, Lisboa, Berlim, Madri,Viena, Florença, Bruxelas, S. Petersburgo, Roma, Lima, Caracas, Montevidéu, Buenos Aires,Washington; missão especial no Rio da Prata; consula<strong>do</strong>s-gerais na Dinamarca, Holanda e Suíça.258


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 06/<strong>04</strong>/1866. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais6 de abril de 1866.Em continuação às notícias da guerra, que atualmente existe entreeste Império e a República <strong>do</strong> Paraguai, já transmitidas a essa legação,remeto a V. ..., para seu conhecimento, o incluso retalho <strong>do</strong> DiárioOficial de ontem, no qual encontrará um ofício <strong>do</strong> comandante-emchefeda esquadra brasileira narran<strong>do</strong> os sucessos ocorri<strong>do</strong>s ultimamenteno teatro da guerra.Reitero etc.J. A. SaraivaAo sr. ...(ver circular 23 de 24 de março).** *AHI 317/03/10Circular de 23/<strong>04</strong>/1866. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais23N. E. – As legações destinatárias da circular são as seguintes: Londres, Lisboa, Berlim, Madri,Viena, Florença, Bruxelas, S. Petersburgo, Roma, Lima, Caracas, Montevidéu, Buenos Aires,Washington; missão especial no Rio da Prata; consula<strong>do</strong>s-gerais na Dinamarca, Holanda e Suíça.259


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>(Diretoria-Geral)23 de abril de 1866.Nos inclusos retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial de 21 e 22 <strong>do</strong> correntemês encontrará V. Exa. <strong>do</strong>is ofícios, dirigi<strong>do</strong>s aos srs. ministros daMarinha e desta repartição pelos srs. visconde de Tamandaré econselheiro Octaviano de Almeida, acerca de sucessos ocorri<strong>do</strong>s no rioParaná de 22 a 29 de março entre navios da esquadra brasileira e asfortificações e algumas chatas <strong>do</strong> Paraguai por ocasião de importantestrabalhos de exploração, a que foi necessário proceder antes dedeterminar-se o lugar por onde deverão os exércitos alia<strong>do</strong>s passar aoterritório paraguaio.Na correspondência escrita de Buenos Aires ao Jornal <strong>do</strong>Commercio e publicada no seu número de 21 <strong>do</strong> corrente, de quetambém junto um retalho, acham-se pormenores e explicações cujoconhecimento é proveitoso.Fazen<strong>do</strong> a V. ... esta comunicação de ordem <strong>do</strong> Exmo. sr.conselheiro José Antônio Saraiva, aproveito o ensejo para reiterar a V.... as seguranças etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.(Às legações na Europa, designadas 24 nas últimas circulares).** *AHI 317/03/10Circular de 26/<strong>04</strong>/1866. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais24N. E. – As legações destinatárias da circular são as seguintes: Londres, Lisboa, Berlim, Madri,Viena, Florença, Bruxelas, S. Petersburgo, Roma.260


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870(Diretoria-Geral)26 de abril de 1866.Por meio <strong>do</strong>s inclusos retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial de ontem e hoje,e de ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. conselheiro José Antônio Saraiva, tenho asatisfação de informar a V. ... de uma importante vitória, alcançadano dia 10 <strong>do</strong> corrente por pequena força brasileira contra mais de milparaguaios, que atacaram uma ilha ocupada por essa mesma força esituada no rio Paraná em frente <strong>do</strong> forte de Itapiru.Tenho a honra de reiterar a V. ...Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.(A todas as legações, menos na América).** *317/03/10Circular de 08/05/1866. Índice: “Notícias daguerra. Passagem <strong>do</strong> rio Paraná.”Às legações imperiaisDiretoria-Geral8 de maio de 1866.De ordem <strong>do</strong> Exmo. senhor conselheiro Saraiva, passo às mãosde V. ... os inclusos retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial de 2 e 5 <strong>do</strong> corrente, nosquais encontrará V. ... a importante notícia da passagem <strong>do</strong> rio Paranápelos exércitos alia<strong>do</strong>s, com to<strong>do</strong>s os detalhes relativos ao mo<strong>do</strong> comofoi efetuada, e bem assim da retirada <strong>do</strong> exército inimigo em direção aHumaitá.261


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Reitero etc.J. T. <strong>do</strong> AmaralAo sr. ...** *AHI 317/03/10Circular de 23/05/1866. Índice: “Ainda notíciasda guerra.”Às mesmas legações(Diretoria-Geral)23 de maio de 1866.De ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. conselheiro J. A. Saraiva, remeto a V. ...o suplemento <strong>do</strong> Diário Oficial de 20 e o n. da mesma folha de 22 <strong>do</strong>corrente mês, nos quais encontrará as últimas notícias recebidas <strong>do</strong> teatrode guerra; e especialmente chamo a sua atenção para o ofício da nossamissão especial no Rio da Prata, publica<strong>do</strong> no 2º cita<strong>do</strong> impresso.Reitero etc.Ao sr.** *262


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870317/03/10Circular de 07/06/1866. Índice: “Notícias daguerra. Vitória alcançada em Estero-Bellaco.”Às legações imperiaisDiretoria-Geral7 de junho de 1866.O exército paraguaio, em número de pouco mais ou menosvinte mil homens, atacou aos alia<strong>do</strong>s no dia 24 <strong>do</strong> mês próximopassa<strong>do</strong> entre Estero-Blanco e Estero-Bellaco. Foi repeli<strong>do</strong> com grandeperda, e maior teria esta si<strong>do</strong>, se a natureza <strong>do</strong> terreno não houvesseembaraça<strong>do</strong> a perseguição. A batalha foi renhida e gloriosa a vitória.Faltam os pormenores; mas no incluso retalho <strong>do</strong> suplemento ao DiárioOficial de 3 <strong>do</strong> corrente encontrará V. ... algumas informações.Fazen<strong>do</strong> a V. ... esta comunicação de ordem <strong>do</strong> sr. conselheiroSaraiva, aproveito o ensejo para reiterar-lhe as seguranças etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.Ao sr. ...** *AHI 317/01/05Circular de 23/06/1866.Às legações imperiaisDiretoria-GeralCircular263


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>23 de junho de 1866.De ordem <strong>do</strong> Exmo. senhor conselheiro Saraiva, incluo osuplemento <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio de 20 <strong>do</strong> corrente, conten<strong>do</strong> aspartes oficiais circunstanciadas <strong>do</strong>s generais Mitre e Osório, relativas àbatalha de 24 de maio, e um impresso avulso com igual comunicação<strong>do</strong> general Flores, cumprin<strong>do</strong> observar que estas informações foramextraídas de periódicos argentinos.No retalho, também incluso, <strong>do</strong> Diário Oficial de 21 deste mês,encontrará V. ... mais algumas notícias posteriores àquela batalha.Reitero etc.Amaral.** *AHI 317/03/12Circular de 24/09/1866.Às legações etc.Em 24 de setembro de 1866.O Brasil celebrou com as repúblicas Argentina e Oriental <strong>do</strong>Uruguai um trata<strong>do</strong> de aliança contra o Paraguai, que foi completa<strong>do</strong>por atos internacionais da mesma data.Este trata<strong>do</strong>, confidencialmente comunica<strong>do</strong> à legação britânicaem Montevidéu pelo sr. Carlos de Castro, então ali ministro das RelaçõesExteriores, foi pelo governo inglês transmiti<strong>do</strong> ao parlamento com asua correspondência relativa aos negócios <strong>do</strong> Rio da Prata, e logodivulga<strong>do</strong> pela imprensa da Europa e da América.O Governo de S. M. entendeu que não devia declarar se eraverdadeiro o texto publica<strong>do</strong>, nem dar conhecimento oficial <strong>do</strong> trata<strong>do</strong>à Assembléia Geral. No relatório que a esta apresentou o meuantecessor, está patente o motivo dessa reserva.264


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O trata<strong>do</strong> é secreto, como nele se acha estipula<strong>do</strong>, e aimprudência <strong>do</strong> ministro de uma das partes contratantes não dispensavaas outras <strong>do</strong> cumprimento de uma obrigação, cuja necessidade nãohavia desapareci<strong>do</strong>. Em to<strong>do</strong> o caso, mantinha-se em princípio o sigilode ajustes importantes e firmava-se o direito de aplicar esse princípioa quaisquer outros que fosse conveniente celebrar.Não é necessário que eu aqui exponha as razões <strong>do</strong> sigiloestipula<strong>do</strong>. Elas são óbvias e aí está agora manifesto o inconvenienteda publicidade que se quis evitar.O governo <strong>do</strong> Peru protesta contra algumas das estipulações <strong>do</strong>trata<strong>do</strong> de aliança, que lhe parecem atacar a autonomia <strong>do</strong> Paraguai; eo da Bolívia, que julga os seus direitos territoriais ofendi<strong>do</strong>s por essetrata<strong>do</strong>, quer que se lhe declare se é ele verdadeiro.Se a imprudência <strong>do</strong> sr. Castro não houvesse causa<strong>do</strong> aintempestiva publicação de ajustes cuja reserva ele mesmo garantiracom a sua assinatura, terminada a guerra seriam intactos os direitosda Bolívia e a autonomia <strong>do</strong> Paraguai; e a aliança, conseguin<strong>do</strong> semembaraços externos o objeto com que fora celebrada, longe de atrair acensura das nações neutras, seria aplaudida por todas, por queaplaudiriam elas o triunfo da justiça, da liberdade e da civilização.Criou-se, porém, desconfianças por um la<strong>do</strong> e por outro deu-sepretexto a uma intervenção infundada. E o pior é que esta intervenção,receben<strong>do</strong> o impulso de acontecimentos e interesses estranhos à causaque se pleiteia no Paraguai, pode tornar-se embaraçosa e criar aomesmo tempo um precedente funesto para as futuras relações <strong>do</strong>Brasil com os demais esta<strong>do</strong>s da América <strong>do</strong> Sul.O Governo de Sua Majestade atenderá, como deve, a uma eoutra eventualidade.O protesto <strong>do</strong> Peru e a reclamação da Bolívia constam de notasrespectivamente dirigidas aos três governos alia<strong>do</strong>s pelo sr. Vigil, quejunto a eles se acha acredita<strong>do</strong> como encarrega<strong>do</strong> de negócios e pelosr. Taborga, ministro das Relações Exteriores.Ao Peru não responderam ainda os alia<strong>do</strong>s porque devem pôrsede acor<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong>s termos em que há de cada um formular asua contestação.A Bolívia responderam logo os governos argentino e oriental,envian<strong>do</strong> cópias de umas reversais assinadas na data <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> dealiança e destinadas a ressalvar direitos dessa república. Também aela já respondeu o Governo de Sua Majestade, mas em termosgerais, sem declarar a autenticidade <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> que corre impressonem patentear as reversais que o completam na parte relativa alimites. Disse todavia quanto é necessário para tranqüilizar o governoboliviano.265


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Ajunto a este despacho cópias impressas e autenticadas danota <strong>do</strong> sr. Vigil e <strong>do</strong> seu anexo, da nota <strong>do</strong> sr. Taborga e da respostaque dei a este ministro.Aproveito com prazer esta oportunidade para etc.Martim Francisco Ribeiro de Andrada.** *AHI 317/01/05Circular de 28/09/1866.S. CentralCircularPara as legações estrangeiras <strong>do</strong>s países que possuemMarinha de Guerra28 de setembro de 1866.O Governo Imperial, em junho de 1863, tornou extensiva àsprovisões e gêneros importa<strong>do</strong>s por vapores transatlânticos, para uso<strong>do</strong>s vasos de guerra estrangeiros, a isenção de direitos que, pelo art.512 §10 <strong>do</strong> regulamento das alfândegas, só se concedia a semelhantesobjetos quan<strong>do</strong> vinham em transportes de guerra, ou em naviosmercantes exclusivamente freta<strong>do</strong>s pelos respectivos governos.Com esta nossa concessão, o Governo Imperial teve em vistaevitar inconvenientes ao serviço <strong>do</strong>s navios da marinha militar de naçõesamigas estaciona<strong>do</strong>s neste porto, aos quais sempre procura proporcionaras facilidades possíveis; e, movi<strong>do</strong> pelo mesmo pensamento, resolveuagora conceder igual isenção às provisões e gêneros que, para o usoacima menciona<strong>do</strong>, forem d’ora em diante porta<strong>do</strong>s em quaisquerembarcações mercantes.Caben<strong>do</strong>-me o prazer de fazer esta comunicação ao sr. ......, devoacrescentar que naquele senti<strong>do</strong> já foram expedidas as competentesordens à Alfândega desta corte e recomen<strong>do</strong>u-se-lhe que tome ascautelas fiscais que possam se tornar necessárias, deven<strong>do</strong>-se266


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870considerar como indispensáveis: a prova de terem si<strong>do</strong> os gênerosexpressamente embarca<strong>do</strong>s por ordem <strong>do</strong>s governos estrangeiros,para o consumo das suas estações navais, e a requisição das respectivaslegações para o despacho livre de que se trata.Tenho a honra de reiterar ao sr. ...... os protestos etc.Ribeiro de Andrada.Às legações de França, Portugal, Espanha, Itália, Áustria, Prússia,Rússia, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e aos cônsules-gerais (assinan<strong>do</strong> o sr. diretorgeral)de Dinamarca, Suécia e Holanda.Para a legação inglesa é desnecessária, por ter-se-lhe dirigi<strong>do</strong>em 25 <strong>do</strong> corrente nota especial sobre o assunto.Para os três cônsules modifique-se o 3 o § deste mo<strong>do</strong>:“Ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> ordem de S. Exa. o sr. ministro <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros para fazer esta comunicação ao sr. ..., cumpre-meacrescentar que naquele senti<strong>do</strong> etc.”E no fim: “... respectivas legações, ou consula<strong>do</strong>s, para etc.”** *AHI 317/03/10Circular de 09/10/1866. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais9 de outubro de 1866.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição, tenho ahonra de comunicar a V. ... que no dia 22 <strong>do</strong> mês passa<strong>do</strong>, o exércitoalia<strong>do</strong>, composto de tropas argentinas sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> general267


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Mitre e <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Corpo <strong>do</strong> Exército imperial sob as ordens <strong>do</strong>tenente-general visconde de Porto Alegre, empreendeu, auxilia<strong>do</strong>pela esquadra brasileira, o ataque às trincheiras paraguaias deCurupaiti com o deno<strong>do</strong> e intrepidez que lhe são habituais. As chuvastorrenciais, porém, que haviam precedi<strong>do</strong> ao dia <strong>do</strong> ataque, anatureza <strong>do</strong> terreno corta<strong>do</strong> de banha<strong>do</strong>s e cerca<strong>do</strong> de matos,junto a inúmeras vantagens da posição ocupada pelo inimigo,obstaram a que esse cometimento tivesse o êxito deseja<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong>seretira<strong>do</strong> o exército alia<strong>do</strong> em perfeita ordem para as suas posiçõesde Cururu, levan<strong>do</strong> os seus feri<strong>do</strong>s e mesmo os seus mortos, semser inquieta<strong>do</strong> pelo inimigo que não ousou sair fora de seusentrincheiramentos.Pelas partes oficiais, constantes <strong>do</strong>s inclusos retalhos <strong>do</strong> DiárioOficial, ficará V. ... ao fato de to<strong>do</strong>s os pormenores dessa operação,que tanta honra faz aos nossos militares de mar e de terra.Reitero a V. ... etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.(A todas as legações, menos as <strong>do</strong> Rio da Prata).** *AHI 317/03/10Circular de 23/10/1866. Índice: “Nomeação <strong>do</strong>marquês de Caxias para comandante-em-chefeno Paraguai.”Às legações imperiais23 de outubro de 1866.Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r houve por bem confiar ao sr.marechal-de-exército marquês de Caxias o coman<strong>do</strong> das forçasbrasileiras em operações contra o Paraguai. Este fato mostra a firme268


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870resolução, em que está o Governo Imperial, de prosseguir com toda aenergia na guerra a que foi provoca<strong>do</strong>.Reitero a V. ... etc.Martim Francisco Rib. o de Andrada.** *AHI 317/01/05Circular de 08/11/1866.Aos ministros d’Esta<strong>do</strong>S. CentralCircular8 de novembro de 1866.Ao Ilmo. e Exmo. sr. ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negóciosda ...... faz seus atenciosos cumprimentos o ministro <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, e participan<strong>do</strong>-lhe que segunda-feira, 12 <strong>do</strong> corrente,às 6 horas da tarde, se reunirá o Conselho d’Esta<strong>do</strong> pleno para dar oseu parecer sobre a conveniência de consentir o Governo Imperial,como lhe pede o da República Oriental <strong>do</strong> Uruguai, em que sejamanistia<strong>do</strong>s os indivíduos de que trata o convênio de 20 de fevereirode 1865, tenho a honra de remeter a V. Exa., para seu conhecimento,cópias da nota <strong>do</strong> ministro oriental, <strong>do</strong> convênio e <strong>do</strong> protocolo a queela se refere.** *269


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 26/11/1866. Índice: “Ancora<strong>do</strong>uropara os navios de guerra estrangeiros.”Ao corpo diplomático26 de novembro de 1866.O sr. ministro da Marinha muito desejaria que os navios de guerraestrangeiros estaciona<strong>do</strong>s neste porto fossem removi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu atualancora<strong>do</strong>uro, para se conservarem fundea<strong>do</strong>s sempre fora da áreamarcada pelas linhas tiradas <strong>do</strong> morro da Armação ao cais Pharoux aonorte, e da fortaleza da Boa Viagem à ponta <strong>do</strong> Arsenal de Guerra ao sul.Sen<strong>do</strong> evidente a utilidade de tal medida para facilitar a navegaçãodas barcas de vapor que constantemente atravessam a baía entre estacorte e Niterói, rogo ao sr. ... o obséquio de se entender com oscomandantes <strong>do</strong>s vasos de guerra de sua nação, a fim de que se efetuea solicitada remoção.Reitero ao senhor .... etc.A. C. de Sá e Albuquerque(Somente às legações inglesa, francesa, norte-americana, portuguesae espanhola).** *AHI 317/03/10Circular de 28/11/1866. Índice: “Reunião <strong>do</strong>Conselho de Esta<strong>do</strong> para tratar da conveniênciade abertura <strong>do</strong> Amazonas.”Aos ministros28 de novembro de 1866.270


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros cumprimenta atenciosamenteao Exmo. sr. conselheiro F....., e tem a honra de comunicar-lhe que às 6horas da tarde <strong>do</strong> dia 3 <strong>do</strong> próximo futuro mês de dezembro reúne-se nopalácio de S. Cristovão, o Conselho d’Esta<strong>do</strong> para tratar da conveniênciada abertura <strong>do</strong> rio Amazonas, ten<strong>do</strong> em vista os pareceres da seção <strong>do</strong>sNegócios Estrangeiros de 17 de janeiro de 1854 e 17 de dezembro de1865, bem como a memória <strong>do</strong> Exmo. sr. conselheiro Pimenta Bueno.** *AHI 317/01/05Circular de 15/12/1866.Às legações estrangeirasS. CentralCircular15 de dezembro de 1866.O ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros faz seus altos cumprimentosao sr. ... e, a pedi<strong>do</strong> da comissão diretora da exposição naval, roga-lhese sirva convidar os senhores almirante, comandantes e mais oficiais<strong>do</strong>s navios de guerra de sua nação, surtos neste porto, para assistiremao encerramento da mesma exposição, que terá lugar amanhã, 16 <strong>do</strong>corrente, ao meio-dia.FrançaInglaterraEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sPortugalEspanha** *271


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 22/12/1866.Circular aos ministros22 de dezembro de 1866.Ilmo. Exmo. sr.Deven<strong>do</strong> o Tesouro Público Nacional encerrar em 31 <strong>do</strong> presentemês as contas de despesas <strong>do</strong> exercício de 1865-1866, rogo a V. Exa.haja de dar suas ordens para que antes dessa data seja este Ministérioindeniza<strong>do</strong> na quantia de 2:000$000, que despendeu no dito exercíciopor conta <strong>do</strong> Ministério a cargo de V. Exa. com a litografia da carta <strong>do</strong>rio Amazonas, que está concluída.Aproveito-me etc.A. C. de S. A.A S. Exa. o sr. ministro da Marinha, Agricultura, Império, Guerra,Fazenda.** *AHI 317/03/10Circular de 03/<strong>04</strong>/1867. Índice: “Ancora<strong>do</strong>uro noRio de Janeiro para os navios de guerraestrangeiros.”Ao corpo diplomático estrangeiroEm 3 de abril de 1867.272


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Tenho a honra de participar ao sr. ..., em aditamento à minhacircular de 26 de novembro último sobre o ancora<strong>do</strong>uro <strong>do</strong>s navios deguerra estrangeiros surtos neste porto, que o sr. ministro da Marinha,reconsideran<strong>do</strong> o assunto, serviu-se comunicar-me que os navios deguerra devem fundear fora da área marcada pelas linhas tiradas daponta <strong>do</strong> Arsenal de Guerra ao pequeno forte <strong>do</strong> Gragoatá e <strong>do</strong> CaisPharoux a S. Domingos, no porto que fica entre a igreja e a casa <strong>do</strong>chefe-de-esquadra Jesuíno Lamego Costa, median<strong>do</strong> entre as duaslinhas um espaço de cento e vinte braças, que em breve será marca<strong>do</strong>com as competentes bóias.Fazen<strong>do</strong> ao sr. .... esta comunicação, rogo-lhe queira levá-la aoconhecimento <strong>do</strong>s comandantes <strong>do</strong>s vasos de guerra de sua nação.Aproveito-me etc.A. C. de Sá e Albuquerque.Às legações inglesa, francesa, norte-americana, portuguesa eespanhola.** *AHI 317/01/05Circular de 12/<strong>04</strong>/1867. Índice: “Substituição dacircular sobre fundea<strong>do</strong>uros <strong>do</strong>s naviosestrangeiros.”Ao corpo diplomático estrangeiro(só alguns)12 de abril de 1867.A S. Exa. o sr. ... faz seus atenciosos cumprimentos o conselheiroAmaral e, referin<strong>do</strong>-se ao seu bilhete verbal de 6 <strong>do</strong> corrente, tem ahonra de remeter-lhe a circular junta, pedin<strong>do</strong>-lhe a devolução da queesta substitui.273


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Para os representantes de Portugal, Inglaterra, França, Espanha e<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América.N. B. – Para o de Inglaterra – em vez de “ao seu bilhete verbal de 6<strong>do</strong> corrente”, escreveu-se “à sua comunicação de 6 <strong>do</strong>” etc.** *AHI 317/01/05Circular de 22/<strong>04</strong>/1867. Índice: “Restabelecimentoda ordem pública em Pernambuco”.Às legações em Montevidéu, Buenos Aires e à missão especial(Expedida <strong>do</strong> Gabinete)S. C.N.22 de abril de 1867.Tenho a satisfação de anunciar a V. ... que os vapores, ultimamentechega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> norte, trouxeram a grata notícia da cessação <strong>do</strong>sacontecimentos que em Pernambuco tinham produzi<strong>do</strong> alguma alteraçãona ordem pública. Naquela província como em to<strong>do</strong> o Império atranqüilidade é perfeita.Reitero etc.Sá e Albuquerque.** *274


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/05Circular de 07/05/1867. Índice: “Pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>ministro <strong>do</strong> Império a respeito de quaisquerpublicações e <strong>do</strong>cumentos que apareceremsobre a América Meridional.”Às legações imperiaisSeção CentralCircular7 de maio de 1867.A pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> sr. ministro <strong>do</strong> Império, recomen<strong>do</strong> a V. ...que lhe noticie o aparecimento de quaisquer publicações que sefizerem nesse país relativamente à América Meridional, dan<strong>do</strong>V. ... todas as informações necessárias sobre o merecimentodelas e declaran<strong>do</strong> o seu preço, a fim de que o mesmo ministropossa resolver acerca da conveniência de sua aquisição para aBiblioteca Pública.Esta recomendação refere-se igualmente a quaisquer<strong>do</strong>cumentos interessantes que versarem sobre o mesmo objetoe existirem em arquivos ou outras repartições públicas, cumprin<strong>do</strong>que V. ... indique quais as despesas precisas para se obteremcópias de tais <strong>do</strong>cumentos.Para simplificação <strong>do</strong> expediente convirá que V. ... enviediretamente ao Ministério <strong>do</strong> Império todas as informações quelhe couber ministrar acerca <strong>do</strong>s pontos de que se trata.Reitero etc.Sá e Albuquerque.** *275


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 08/05/1867. Índice: “Mediaçãooferecida pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s para pôr-se termoà guerra <strong>do</strong> Paraguai.”Às legações imperiaisEm 8 de maio de 1867.Remeto a V. ... os <strong>do</strong>is inclusos retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial de4 <strong>do</strong> corrente, <strong>do</strong>s quais um contém a resposta à nota que dirigiumeo ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s d’América oferecen<strong>do</strong> os bonsofícios <strong>do</strong> seu governo para pôr-se termo à guerra com o Paraguaipelo meio menciona<strong>do</strong> na dita resposta, e o outro, um artigoeditorial relativo à nota <strong>do</strong> sr. Berges, ministro das RelaçõesExteriores <strong>do</strong> Paraguai, ao sr. Washburn, o ministro daquelesEsta<strong>do</strong>s na Assunção, sobre o mesmo assunto.Recomendarei igualmente à atenção de V. ... o artigo defonte privada, que veio publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Commercio, tambémde 4 <strong>do</strong> corrente, refutan<strong>do</strong> a nota <strong>do</strong> sr. Berges.Dos três <strong>do</strong>cumentos fará V. ... o uso que convier emconsideração à origem de cada um deles.Reitero a V. ... etc.A. C. de Sá e Albuquerque.(Às legações imperiais na Europa e aos consula<strong>do</strong>s-gerais na Holanda,Suécia, Hamburgo, pelo paquete inglês de 9 de maio).** *276


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/05Circular de 07/06/1867.Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiaisCircular7 de junho de 1867.A ordem pública sofreu ontem uma alteração, mas ogoverno tomou as medidas precisas para restabelecê-la econseguiu. No incluso fragmento <strong>do</strong> Diário Oficial de hojeencontrará V. Exa. uma breve notícia <strong>do</strong> que ocorreu. O dia dehoje passou em perfeita tranqüilidade e não há início de novadesordem. A Câmara <strong>do</strong>s senhores deputa<strong>do</strong>s celebrou a suasessão como de costume.Reitero etc.Sá e Albuquerque** *AHI 317/01/05Circular de 03/08/1867. Índice: “Luto pela morte<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> México.”Circular ao corpo diplomáticoSeção CentralCircularEm 3 de agosto de 1867.277


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Tenho a honra de participar ao sr. ... que Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r, em demonstração <strong>do</strong> seu profun<strong>do</strong> pesar pela morte <strong>do</strong> S.M. O Impera<strong>do</strong>r Maximiliano, resolveu tomar luto com a sua corte porespaço de 2 meses, a principiar de 3 <strong>do</strong> corrente, sen<strong>do</strong> um mês deluto pesa<strong>do</strong> e o resto alivia<strong>do</strong>.Reitero etc.A. C. de Sá e Albuquerque.** *AHI 317/03/10Circular de 07/08/1867. Índice: “Sobre amediação oferecida pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s paraterminar a guerra com o Paraguai.”Às legações imperiaisEm 7 de agosto de 1867.Ilmo. e Exmo. sr.Pelo meu despacho circular de 8 de maio comuniquei a V. Exa. oteor da nota, que havia dirigi<strong>do</strong> ao envia<strong>do</strong> americano, declaran<strong>do</strong>-lheque o governo de Sua Majestade agradecia, mas não aceitava, osbons ofícios que o <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América lhe oferecia para orestabelecimento da paz com o Paraguai. Cabe-me agora comunicar aV. Exa. o seguinte:No dia 26 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> chegou o vapor de NovaYork, e pouco depois deu o general Webb a este Ministério conhecimentode um despacho de Seward sobre aquele assunto. Nesse despachodisse o secretário de Esta<strong>do</strong> em substância:“O governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s sente que os alia<strong>do</strong>s não possamaceitar os seus bons ofícios, não se considera inseparavelmente liga<strong>do</strong>(not at all wedded) à proposta que lhes fez; abriga a esperança de que,em um perío<strong>do</strong> razoável, acharão eles meio de restabelecer a paz, e278


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870se, acha<strong>do</strong>s esses meios, forem precisos os bons ofícios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, estes os prestarão com o maior prazer.”Reitero a V. Exa. as seguranças etc.A. C. de Sá e Albuquerque.Às legações da Áustria, Bélgica, Suíça, Esta<strong>do</strong>s Pontifícios, França,Grã-Bretanha, Espanha, Itália, Portugal, Prússia, Rússia; consula<strong>do</strong> naHolanda e em Hamburgo.** *AHI 317/01/05Circular de 16/08/1867. Índice: “Corumbá foiretomada aos paraguaios.”Às legações e consula<strong>do</strong>sSeção CentralCircularEm 16 de agosto de 1867.Tenho a satisfação de participar a V. Exa. que no dia 13 de junhofoi a vila de Corumbá retomada aos paraguaios pela vanguarda <strong>do</strong>Segun<strong>do</strong> Corpo de Operações da província de Mato Grosso. No inclusoretalho <strong>do</strong> Diário Oficial <strong>do</strong> 12 <strong>do</strong> corrente lerá V. Exa. o ofício que a esterespeito dirigiu o presidente da referida província ao sr. ministro da Guerra.Tenho a honra de reiterar a V. Exa. as seguranças da minhaperfeita estima e distinta consideração.Sá e Albuquerque.** *279


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 29/08/1867. Índice: “Remete notíciasde Mato Grosso, recomendan<strong>do</strong> a publicação <strong>do</strong>strechos que julgue conveniente para tornarsaliente o procedimento bárbaro <strong>do</strong> governoparaguaio.”Às legações imperiais abaixo mencionadasSeção CentralCircularEm 29 de agosto de 1867.Ilmo. e Exmo. sr.Tenho a honra de remeter a V. Exa. o incluso retalho <strong>do</strong>Diário Oficial de 27 <strong>do</strong> corrente, que contém notícias de MatoGrosso.Chaman<strong>do</strong> a atenção de V. Exa. para essas notícias,recomen<strong>do</strong>-lhe que faça publicar aí os trechos que julgueconveniente, a fim de tornar bem saliente o procedimento bárbaro<strong>do</strong> governo paraguaio na guerra que nos provocou.Renovo a V. Exa. as seguranças da minha perfeita estima edistinta consideração.A. C. de Sá e Albuquerque.A S. Exa. Sérgio Teixeira de Mace<strong>do</strong>LisboaLondresBruxelasBerlimBolíviaChile280


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870WashingtonVenezuelaLima** *AHI 317/01/05Circular de 05/09/1867.Às legações imperiais na Europa e consula<strong>do</strong>sSeção CentralCircularEm 5 de setembro de 1867.O último paquete vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio da Prata, o Arno, cuja malaora segue para a Europa, não trouxe ao Governo Imperialcomunicações oficiais <strong>do</strong>s generais brasileiros acerca <strong>do</strong>s negóciosda guerra.Entretanto, as notícias que circulavam à chegada <strong>do</strong> mesmopaquete, e que se dizem constantes de cópias de cartasparticulares, produziram má impressão no espírito público, sen<strong>do</strong>que os jornais com pouca prudência fizeram reflexões injustasacerca da aliança e <strong>do</strong> general Mitre.O Diário Oficial, porém, publican<strong>do</strong> o que constava aogoverno, procurou atenuar o mau efeito daquelas publicações eem grande parte o conseguiu.Oficialmente, não sabe o governo que haja a menordesinteligência entre os generais brasileiro e argentino.Pelo contrário, até às últimas datas recebidas, reinava a maisperfeita harmonia entre o marquês de Caxias e o general Mitre.** *281


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 07/10/1867.Circular às legaçõesSeção CentralN.Em 7 de outubro de 1867.Ilmo. e Exmo. sr.A guerra com o Paraguai continua a fornecer margem para asespeculações de to<strong>do</strong> o gênero, de mo<strong>do</strong> que dificilmente pode o espíritodespreveni<strong>do</strong> colher a verdade entre as variadas notícias, que se propalame correm à chegada de cada vapor procedente <strong>do</strong> rio da Prata.Os interesses de praça, não menos que os políticos naquelasregiões, a seu capricho e segun<strong>do</strong> suas conveniências, não sócomentam, exageram e viciam os fatos, como até os forjam comadmirável desembaraço.Assim que, à última hora, no momento mesmo da partida dequalquer vapor de Montevidéu, surgem de Buenos Aires os telegramasanuncian<strong>do</strong> acontecimentos importantes, que não trazem o precisocunho de autenticidade, mas que, à primeira intuição, mais ou menos,produzem no espírito público o efeito que procuram.É portanto indispensável estar de sobreaviso a semelhanterespeito, a fim de com prontidão restabelecer a verdade, pon<strong>do</strong> emevidência as invenções e calúnias <strong>do</strong>s especula<strong>do</strong>res e despin<strong>do</strong> osfatos das exagerações de que calculadamente os revestem.Depois da circular que, em 5 <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong>, dirigi a V. Exa., o quehá de positivo acerca da guerra é que a vila <strong>do</strong> Pilar foi ocupada pelasforças aliadas, as quais ativamente tratavam de fortificar esse pontode suma vantagem para as operações contra o inimigo.A ocupação da vila <strong>do</strong> Pilar é um fato sem dúvida da maiorimportância, que apura a posição já muito crítica <strong>do</strong> presidente Lopez,não só porque dificulta extremamente as comunicações de Humaitácom Assunção, como porque abre caminho às forças aliadas parainvestirem sobre aquela capital.282


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870É também positivo que Mr. Gould, secretário da legação inglesaem Buenos Aires, dirigiu-se ao marquês de Caxias para falar-lhe emproposições de paz, que foram reduzidas a escrito à pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmomarquês e por este, sem a menor reflexão, transmitidas aoconhecimento <strong>do</strong> Governo Imperial.À simples leitura porém de tais proposições, inteiramentecontrárias ao espírito e fim <strong>do</strong> pacto da tríplice aliança, reconheceu oGoverno de S. M. que não se tratava de uma coisa séria e porconseguinte não lhe prestou a menor atenção.O paquete inglês Arno, aqui entra<strong>do</strong> no dia 4 <strong>do</strong> corrente, trouxea correspondência relativa às mencionadas propostas de paz, que sedizia ter si<strong>do</strong> trocada entre o cita<strong>do</strong> secretário da legação inglesa, Mr.Gould, e o agente <strong>do</strong> presidente Lopez, Luiz Caminos, correspondênciaque só foi impressa e publicada em Buenos Aires, no suplemento deum jornal, apenas a tempo de ser expedida pelo paquete.Pelo que toca a essa correspondência, bem como aos telegramastransmiti<strong>do</strong>s de Buenos Aires para Montevidéu, à última hora, chamo aatenção de V. Exa. para o artigo editorial <strong>do</strong> suplemento <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong>Commercio <strong>do</strong> mesmo dia 4, com cujas idéias está de acor<strong>do</strong> o GovernoImperial; acrescen<strong>do</strong> que, pelo que respeita à asserção relativa ainteligência prévia entre os agentes brasileiros e Mr. Gould, foi nesteMinistério recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> ministro <strong>do</strong> Brasil em Buenos Aires o telegrama,data<strong>do</strong> de 29 de setembro fin<strong>do</strong> e publica<strong>do</strong> no Diário Oficial <strong>do</strong> dia 5<strong>do</strong> corrente, no qual o mesmo ministro declara que tratava de tornarbem manifesta a falsidade de uma tal asserção.No Diário Oficial a que acabo de referir-me, em seguida ao aludi<strong>do</strong>telegrama, acham-se transcritas as notícias, que pessoa fidedignaescreveu de Buenos Aires com data de 28 <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> presentesdatas <strong>do</strong> Paraguai até 22.Em conclusão, o Governo Imperial mantém-se firme e inabalávelno propósito de continuar ativamente a guerra até que, pela vitóriadas armas ou pelo submetimento <strong>do</strong> inimigo, consiga as reparações egarantias que se lhe devem e das quais lhe não seria lícito prescindirsem a quebra da honra e dignidade nacional.Reitero a V. Exa. etc.A. C. de Sá e Albuquerque.** *283


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/12Circular de 18/10/1867.Às legações e consula<strong>do</strong>s <strong>do</strong> BrasilEm 18 de outubro de 1867.Recomen<strong>do</strong> a V. ... que não dê nem vise o passaporte dequalquer homem de cor, livre ou liberto, que não sen<strong>do</strong> brasileiro emvirtude <strong>do</strong>s preceitos <strong>do</strong> art. 6 o da Constituição, pretenda vir ouregressar para o Império, visto como o art. 7 o da lei de 1831 proíbe odesembarque de tais indivíduos no território brasileiro.É verdade que o cita<strong>do</strong> art. 7.° usa da expressão “libertos”; maseste termo, segun<strong>do</strong> a consulta da seção <strong>do</strong>s Negócios de Justiça <strong>do</strong>Conselho de Esta<strong>do</strong> de 30 de novembro de 1866, com a qual S. M. OImpera<strong>do</strong>r houve por bem conformar-se por sua imediata resolução de29 de dezembro <strong>do</strong> mesmo ano, não deve ser entendi<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> dadistinção que a Constituição faz entre ingênuos e libertos, mas comoum termo genérico, como a antítese de escravos, quero dizer que olegisla<strong>do</strong>r de 1831 presumiu libertos os homens de cor não-escravos.A consulta a que me refiro foi motivada pela vinda de uma mulherde cor, livre, que um emigrante [sic], chama<strong>do</strong> Cole, havia importa<strong>do</strong>.As conclusões daquela consulta são: que o Governo Imperial impeça odesembarque de homens ou mulheres de cor, livres ou libertos, e quese recomende às legações que advirtam a quem convier que essesindivíduos não são admiti<strong>do</strong>s no território brasileiro.Convém, portanto, que V. ... faça constar, pelos meios quejulgar mais convenientes, que to<strong>do</strong> o homem de cor, livre ou liberto,que, não sen<strong>do</strong> brasileiro, vier ou regressar ao Império, nele nãopoderá desembarcar, sen<strong>do</strong> o navio que o trouxer obriga<strong>do</strong> a reexportálo,e fican<strong>do</strong> além disso sujeito às penas que couberem no caso.Ficam por este mo<strong>do</strong> explicadas as disposições das circulares de9 de maio de 1835 e 7 de janeiro de 1851.Renovo etc.Antônio Coelho de Sá e Albuquerque.Ao sr. ...** *284


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 23/10/1867. Índice: “Diversos feitosde armas no Paraguai. Proposições de paz feitaspor intermédio de Mato Grosso.”Às legações imperiaisEm 23 de outubro de 1867.Ilmo. e Exmo. sr.As notícias chegadas <strong>do</strong> Rio da Prata, posteriormente à expediçãode minha última circular, são da mais valiosa importância para as armasaliadas e avigoram a fundada esperança de que, dentro em pouco,estará terminada a guerra a que tão insólita quão injustamente fomosprovoca<strong>do</strong>s.No dia 3 <strong>do</strong> corrente conseguiram as armas imperiais, sob ocoman<strong>do</strong> <strong>do</strong> denoda<strong>do</strong> brigadeiro Andrade Neves, hoje barão <strong>do</strong>Triunfo, uma brilhante vitória, que caro fez pagar aos paraguaios atentativa que efetuaram nesse dia, pois que foram vigorosamenterechaça<strong>do</strong>s, custan<strong>do</strong>-lhes [a] audácia a perda de 1.050 homens,<strong>do</strong>s quais 850 mortos, sem contar os feri<strong>do</strong>s, que puderam levarconsigo na retirada.Na rubrica competente <strong>do</strong> Diário Oficial <strong>do</strong> dia 19 <strong>do</strong> corrente,para o qual chamo a atenção de V. Exa. acha-se publica<strong>do</strong> o ofício <strong>do</strong>general-em-chefe de nossas forças, em que se refere o assinala<strong>do</strong>triunfo a que acabo de aludir.No mesmo número da mencionada folha, encontrará tambémV. Exa. os pormenores de outra vitória igualmente importante, e deque já falei, a tomada da vila <strong>do</strong> Pilar.Tão lisonjeiras, como no Rio da Prata, são as notícias que vamosreceben<strong>do</strong> da província de Mato Grosso, primeira vítima das pérfidasatrocidades <strong>do</strong> nosso gratuito inimigo.No Diário Oficial <strong>do</strong> dia 17 deste mês encontrará V. Exa. publica<strong>do</strong>um ofício, <strong>do</strong> presidente daquela província ao comandante das armas,com que se relata mais um triunfo que ali alcançamos e cuja glóriacoube, desta vez, principalmente à força de mar.Com relação a esta vitória, bem como a providência que ativa eenergicamente continuava a tomar o incansável presidente da província,285


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>verá V. Exa. interessantes e minuciosos pormenores no número <strong>do</strong>Diário Oficial <strong>do</strong> dia 18.Como disse a V. Exa. em minha última circular, o Governo Imperialnão encarou como coisa séria as proposições de paz de que se fezmedianeiro o secretário da legação inglesa em Buenos Aires e cada vezestá mais firme no propósito de não ouvir, e muito menos discutir,sobre semelhante assunto. O Governo Imperial quer, e não prescinde<strong>do</strong> preenchimento das condições prescritas pelo trata<strong>do</strong> da tríplicealiança, ou o obtenha pelo submetimento <strong>do</strong> inimigo, ou pela vitóriadas armas.E é por isso que, não obstante as notícias que tem <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> deapuro e de penúria a que se acha reduzi<strong>do</strong> o presidente Lopez, notíciasconfirmadas, segun<strong>do</strong> a imprensa argentina, pelo próprio secretárioda legação inglesa em Buenos Aires que com ele esteve, não obstanteainda as fundadas esperanças que nutre de que o inimigo não poderámanter-se senão por muito pouco tempo, o Governo Imperial todavia,cada vez mais, re<strong>do</strong>bra d’esforços em mandar contingentes para oExército, pela convicção em que está de que assim mais apressará odeseja<strong>do</strong> desfecho.Renovo a V. Exa. etc.A. C. de Sá e Albuquerque.(À S. Exa. sr. João Pereira d’Andrade Jr.; Sérgio T. de Mace<strong>do</strong>; M. S. deAraújo; C. M. de P. Lopes Gama, A. J. D. de A. Gondim; C. S. Viana deLima; José Bernar<strong>do</strong> de Figueire<strong>do</strong>; João A. Loureiro; Miguel M. Lisboa;Júlio C. Villeneuve; cônsul na Holanda; cônsul na Dinamarca; cônsulem Hamburgo; a Leal; Lopez Netto; Fleury; A. d’Andrade; Azambuja,etc.)** *AHI 317/01/05Circular de 06/11/1867. Índice: “Notícias daguerra com o Paraguai.”Às legações imperiais286


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Seção CentralCircular6 de novembro de 1867.Depois da minha circular de 23 de outubro último, a respeitoda guerra, só tenho de comunicar a V. ... as notícias que constam<strong>do</strong> incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de 5 <strong>do</strong> corrente, pelas quaisterá conhecimento de mais uma vitória que alcançou a divisão<strong>do</strong> barão <strong>do</strong> Triunfo sobre forças de cavalaria paraguaia.Como V. ... verá pelo telegrama a que se refere aquelafolha, de dia em dia vai se tornan<strong>do</strong> mais crítica a posição <strong>do</strong>presidente Lopez, graças à disposições tomadas no exércitoalia<strong>do</strong>.Reitero ... etc.A. C. de Sá e Albuquerque.Sérgio Teixeira; Andrada Jr.; Marcos Antônio d’Alb.; Vianna de Lima;Rib. d’Aguiar; Lopes Gama; Loureiro; Moncorvo; Rib. da Silva; MiguelMaria; Lecoute; M. de Aragão; Andadade Carvalho; A. de Figueire<strong>do</strong>;Leal; Lopes Neto; Fleury; Ag. de Andrade; Azambuja.** *AHI 317/01/05Circular de 11/11/1867.Circular aos ministros de Esta<strong>do</strong>Seção CentralEm 11 de novembro de 1867.287


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A S. Exa. o sr. conselheiro F. faz seus atenciosos cumprimentoso seu colega e amigo A. C. de Sá e Albuquerque, e tem a honra deremeter-lhe as inclusas duas cópias relativas ao trata<strong>do</strong> preliminar depaz com a República <strong>do</strong> Paraguai, para que S. Exa. possa estudar amatéria de que elas tratam.** *AHI 317/01/05Circular de 22/11/1867.Às legações imperiaisSeção CentralCircularEm 22 de novembro de 1867.Tenho a honra de remeter aqui inclusos retalhos <strong>do</strong>s diáriosoficiais de 14, 16, 17 e 20 <strong>do</strong> corrente e <strong>do</strong> suplemento ao Jornal <strong>do</strong>Commercio, conten<strong>do</strong> importantes notícias da guerra em que estamosempenha<strong>do</strong>s contra o Paraguai.Referem-se elas às gloriosas jornadas de 29 de outubro, 2 e 3 <strong>do</strong>corrente, em que as armas aliadas alcançaram novas e esplêndidasvitórias sobre o inimigo.Recomendan<strong>do</strong> a V. Exa. que dê, como de costume, a devidapublicidade àquelas notícias, aproveito-me da oportunidade para renovarlheas seguranças da minha etc.A. C. de Sá e Albuquerque.** *288


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/05Circular de 07/01/1868. Índice: “Substituição <strong>do</strong>sr. conselheiro Amaral pelo sr. A. Afonso deCarvalho.”Circular às diretorias-gerais das Secretarias de Esta<strong>do</strong>e ao corpo diplomático brasileiroSeção CentralDiretoria GeralCircularEm 7 de janeiro de 1868.Ilmo. Exmo. sr.Tenho a honra de participar a V. Exa. que fui designa<strong>do</strong> parasubstituir, no lugar de diretor-geral desta Secretaria de Esta<strong>do</strong>, o sr.conselheiro Joaquim Thomaz de Amaral, a quem Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r houve por bem confiar, com o caráter de seu envia<strong>do</strong>extraordinário e ministro plenipotenciário, uma missão especial juntoaos governos argentino e oriental <strong>do</strong> Uruguai.Participan<strong>do</strong> a V. Exa. que nesta data entro no exercício dasminhas novas funções, ouso esperar da sua benevolência que, durantea minha gestão interina, as nossas relações oficiais serão tão cordiaiscomo convém à natureza de nossos cargos.Aproveito-me <strong>do</strong> ensejo com a mais viva satisfação para oferecera V. Exa. o meu limita<strong>do</strong> préstimo para o que for <strong>do</strong> seu serviço particular.Permita-me V. Exa. que me subscreva com a maior estima emais distinta consideração de V. Exa. etc.A. A. de Carvalho.** *289


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 06/03/1868. Índice: “Passagem <strong>do</strong>sfortes de Humaitá e de Timbó pela esquadrabrasileira. Tomada <strong>do</strong> reduto denomina<strong>do</strong>Establecimiento pelos exércitos alia<strong>do</strong>s.”Às legações imperiais abaixo designadasSeção CentralEm 6 de março de 1868.Ilmo. e Exmo. sr.As armas aliadas acabam de colher novos louros na campanha aque fomos provoca<strong>do</strong>s pelo governo <strong>do</strong> Paraguai.Na madrugada de 19 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> realizou a nossaMarinha um grandioso feito, <strong>do</strong> qual teriam de que ufanar-se as principaismarinhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Uma divisão da esquadra brasileira composta <strong>do</strong>s encouraça<strong>do</strong>sBahia, Barroso e Tamandaré, levan<strong>do</strong> a reboque os monitores Pará,Alagoas e Rio Grande, sob as ordens <strong>do</strong> chefe Delfim Carlos de Carvalho,barão da Passagem, forçou o famoso passo de Humaitá, e em seguidao não menos formidável <strong>do</strong> Timbó, debaixo de um chuverio [sic] debalas, algumas de aço de calibre 125, que vomitavam os 180 canhõesinimigos, sem que custasse ao Império este esplêndi<strong>do</strong> triunfo a vida deum só <strong>do</strong>s seus valentes marinheiros.Não posso deixar de mencionar aqui um episódio heróico que sedeu no ato de forçar-se o passo de Humaitá.Uma bala inimiga cortou o reboque que o Bahia dava ao Alagoas;vinha este monitor águas abaixo, quan<strong>do</strong> o bravo almirante, viscondede Inhaúma, fez-lhe sinal de fundear. O seu intrépi<strong>do</strong> comandante, odenoda<strong>do</strong> capitão-tenente Joaquim Antônio Cor<strong>do</strong>vil Maurity, sem atenderao sinal, seguiu rio acima afrontan<strong>do</strong>, só, todas as baterias de Humaitá,que não pôde transpor completamente senão depois de clarear o dia!Ao passo que a armada imperial levantava tão alto o pavilhãoauriverde, não se conservavam ociosos os exércitos alia<strong>do</strong>s.Uma coluna de 5.000 homens de infantaria, 2.000 cavaleiros, <strong>do</strong>squais 200 argentinos, e algumas bocas de fogo de calibre 4, ao man<strong>do</strong><strong>do</strong> bravo marquês de Caxias, em pessoa, avançou em a noite de 18sobre o flanco esquer<strong>do</strong> de Humaitá a tomar posição.290


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Ao romper <strong>do</strong> dia 19, dirigiu o marquês, com parte daquela força(cinco batalhões de infanteria e um corpo de cavalaria), rápi<strong>do</strong> e vigorosoataque à baioneta sobre o reduto denomina<strong>do</strong> Establecimiento.Este reduto, fortemente entrincheira<strong>do</strong>, artilha<strong>do</strong> e guarneci<strong>do</strong>por mais de <strong>do</strong>is batalhões de infanteria e um regimento de cavalaria,apoia<strong>do</strong>s pelo fogo de <strong>do</strong>is vapores fundea<strong>do</strong>s nas suas proximidades,opôs tenaz resistência às nossas hostes.O combate durou três horas, dan<strong>do</strong> em resulta<strong>do</strong> a morte ou oaprisionamento de toda a guarnição, que se computa em 1.600 homens,a tomada de 15 canhões de diversos calibres, grande número dearmamento, munições, etc. etc.Chaman<strong>do</strong> a atenção de V. Exa. para os impressos juntos 25 querelatam mais minuciosamente os gloriosos feitos <strong>do</strong> dia 19 de fevereiro, queacabo de referir, recomen<strong>do</strong> a V. Exa. que lhes dê toda a publicidade possível.Renovo a V. Exa. as seguranças etc.Paranaguá.A S. Exa. o sr. .....LisboaParisLondresBruxelasVienaFlorençaBerlimRomaSuíçaRússiaEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sBolíviaChilePeruConsula<strong>do</strong>-geral na Suécia (Ernesto A. de Souza Lecoute) e na Holanda(A. A. Macha<strong>do</strong> d’Andrade Carvalho).** *25N.E – Anexos: boletim <strong>do</strong> Diário Oficial de 02/03/1868 e recorte <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio de07/03/1868.291


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 09/03/1868. Índice: “Chegada de umaesquadra brasileira à Assunção.”Às legações imperiaisEm 9 de março de 1868.Em aditamento à minha circular de 6 <strong>do</strong> corrente, cabe-me asatisfação de anunciar a V. ... que a esquadrilha, que tinha ordem desubir até Assunção, ali chegará sem encontrar o menor obstáculo emsua passagem.No Diário Oficial desta data encontrará V. ... as notícias que haviamem Montevidéu, até o dia 3 <strong>do</strong> corrente, <strong>do</strong> teatro da guerra.Renovo a V. ... as seguranças etc.João Lustosa da C. Paranaguá.** *AHI 317/03/10Circular de 23/03/1868. Índice: “Abordagem dadapelos paraguaios ao Lima Barros e Cabral.”Às legações imperiaisEm 23 de março de 1868.Chamo a atenção de V. ... para o retalho junto <strong>do</strong> Diário Oficialde 18 <strong>do</strong> corrente em que vem a importante notícia de haveremcerca de 700 paraguaios aborda<strong>do</strong> os encouraça<strong>do</strong>s Lima Barros eCabral, no silencio da noite de 2 <strong>do</strong> corrente.292


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Foi mais uma oportunidade que os paraguaios proporcionaram ànossa Marinha de colher novos louros, porquanto pagaram com avida a maior parte <strong>do</strong>s que tentaram tão ousada empresa.Renovo a V. ... as seguranças etc.J. L. da Cunha Paranaguá.** *AHI 317/01/05Circular de 06/<strong>04</strong>/1868.Às legações imperiais abaixo indicadasEm 6 de abril de 1868.Ilmo. e Exmo. sr.Nos inclusos retalhos <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio e suplemento de 4<strong>do</strong> corrente mês, encontrará V. Exa. as últimas notícias que temos daguerra, das quais fazem esperar o seu próximo termo.Por elas verá V. Exa. que todas as fortificações que contornavamHumaitá caíram em poder <strong>do</strong>s exércitos alia<strong>do</strong>s; e era para supor-seque muito breve recuperassem eles aquela mesma formidávelfortificação.Recomen<strong>do</strong> a V. Exa. que dê a essas importantes notícias toda apublicidade possível.Prevaleço-me <strong>do</strong> ensejo para renovar-lhe as seguranças etc.BolíviaChileEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sParanaguá.293


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Colômbia(C. J.) PeruVenezuelaÁustriaBélgicaSuíçaRomaFrançaGrã-BretanhaEspanhaItáliaPortugalPrússiaRússiaConsula<strong>do</strong>s de Holanda e Dinamarca** *AHI 317/01/05Circular de 20/05/1868. Índice: “Notícias daguerra <strong>do</strong> Paraguai.”Às legações imperiaisSeção CentralCircular20 de maio de 1868.Inclusos remeto a V. ... os retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial de 17, 18 e20 <strong>do</strong> corrente, conten<strong>do</strong> as importantes notícias ultimamente recebidas<strong>do</strong> teatro da guerra e as participações oficiais sobre a ocupação <strong>do</strong>Chaco por forças aliadas.Estan<strong>do</strong> hoje completo o cerco da fortaleza de Humaitá, aguardaseem breve a sua rendição.Recomen<strong>do</strong> a V. ... que dê a estas notícias toda a publicidade eaproveito a ocasião para reiterar-lhe etc.294


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Silveira e Souza.(A todas as legações, menos as <strong>do</strong> Rio da Prata)** *AHI 317/01/05Circular de 23/05/1868. Índice: “Para prevenir ooferecimento de uma mediação.”Às legações imperiaisSeção CentralCircular23 de maio de 1868.Incluso remeto a V. S. uma cópia <strong>do</strong> despacho 26 que nestadata dirijo ao ministro <strong>do</strong> Brasil em Washington, sobre a necessidadede prevenirem-se novos oferecimentos de mediação para pôr-setermo à guerra com o Paraguai.O Governo Imperial tem motivos para recear alguma idéiade mediação por parte também desse e outros governosestrangeiros, quer isolada ou coletivamente; mas está resolvi<strong>do</strong> anão aceitar oferecimento algum nesse senti<strong>do</strong>.Pelo referi<strong>do</strong> despacho terá V. S. conhecimento não só <strong>do</strong>smotivos que para isso tem o Governo Imperial, como <strong>do</strong> seudesejo de não ver-se na necessidade de recusar semelhanteoferecimento.Recomen<strong>do</strong> portanto a V. S. que, em ocasião oportuna, façadaquela comunicação oficial o conveniente uso junto <strong>do</strong> governofrancês.26N. E. – O <strong>do</strong>cumento, não estan<strong>do</strong> junto à minuta transcrita, foi transcrito a partir <strong>do</strong> textoanexo ao despacho n. 11, de 23/05/1868, envia<strong>do</strong> à legação em Paris.295


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Reitero a V. Exa. etc.Silveira de Souza.M. A. d’AraújoNa mesma conformidade para a legação em Florença.[Anexo]Cópia anexa ao despacho n. 11, expedi<strong>do</strong> à legação imperialem Paris em 23 de maio de 1868.Seção CentralN.Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,Rio de Janeiro, 20 de maio de 1868.O governo americano três vezes tem queri<strong>do</strong> intervir na questão<strong>do</strong> Paraguai, com o fim de promover o restabelecimento da paz.Declarou primeiro que se, em algum tempo, qualquer <strong>do</strong>sbeligerantes, julgan<strong>do</strong> que os bons ofícios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s pudessemser de utilidade, mostrasse disposição de aceitá-los, ele se apressaria aoferecê-los. Fez depois, em janeiro <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong>, umoferecimento positivo e renovou este oferecimento em janeiro <strong>do</strong>corrente ano.Nos <strong>do</strong>is últimos casos procedeu em virtude de resolução <strong>do</strong>Congresso.Subsistin<strong>do</strong> esta resolução e atentas as razões em que elaassentou, é possível que, se a guerra continuar, seja o general Webbinstruí<strong>do</strong> para fazer nova tentativa.O Governo Imperial, apesar de reconhecer as louváveis intençõesque ditam os oferecimentos de bons ofícios ou de mediação, está todavia296


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870firmemente resolvi<strong>do</strong> a não aceitar, enquanto tiver, como tem, a bemfundada convicção de que, com os meios de que dispõe e à vista <strong>do</strong>súltimos acontecimentos, a guerra chegará brevemente à uma terminaçãohonrosa.Estimaria, porém, o Governo Imperial não ver-se na necessidadede terceira recusa; e, mais ainda, que se não desse ao inimigo <strong>do</strong> Brasiluma nova esperança, que o anime a resistir, apesar da certeza, que deveter, de que há de ser venci<strong>do</strong>.Compreende-se facilmente que o presidente Lopez concebasemelhante esperança. A insistência <strong>do</strong> governo americano não é segre<strong>do</strong>nem mesmo para esse senhor que, como a experiência tem mostra<strong>do</strong>,não ignora o que se passa fora <strong>do</strong> seu território. Demais, ele nãonecessita recorrer a meios indiretos para saber o que faz aquele governo:é beligerante, acha-se acredita<strong>do</strong> em Assunção um ministro americano,e este ministro há de fazer-lhe propostas iguais às que os alia<strong>do</strong>s recebem.O próprio Governo Imperial comunicou às Câmaras as notas <strong>do</strong> generalWebb.O triunfo <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s é questão de tempo. O presidente Lopez bemo sabe, e na sua desesperada posição resiste, esgotan<strong>do</strong> os últimosrecursos <strong>do</strong> desgraça<strong>do</strong> Paraguai, por que espera que algum incidentelhe dê, em ajuste de paz, vantagens ou concessões, que de outromo<strong>do</strong> não alcançaria.Um simples oferecimento de bons ofícios ou de mediação nãocausaria o menor prejuízo aos alia<strong>do</strong>s. Seria uma demonstração deamizade e interesse, que terminaria com a sua rejeição, não deixan<strong>do</strong>mais <strong>do</strong> que o reconhecimento das partes interessadas. Mas o governoamericano insiste e o faz em termos cujos efeitos não sãoneutraliza<strong>do</strong>s pela reiterada recusa <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s. Esta insistência podeser interpretada como resolução de se não consentir que a guerradure além de um certo tempo; e nisto funda Lopez parte das suasesperanças.Agora subiu o Paraná a canhoneira americana Wasp. O GovernoImperial ignora o objeto da sua viagem, nem dela foi preveni<strong>do</strong>; porém,no Rio da Prata é opinião geral que essa canhoneira leva ao sr. Washburndespachos relativos à paz e que irá à Assunção. Pouco depois da suapartida, divulgou-se a notícia de que o general Webb marca prazoperemptório e que o governo americano há de recorrer à força. Isto nãotem o menor fundamento, é um absur<strong>do</strong>; porém Lopez há de crer que écerto e animar-se-á a resistir.A resolução <strong>do</strong> Congresso, comunicada pelo general Webb emnota de 21 de janeiro <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong>, contém uma proposiçãoinfundada, injusta e prejudicial aos alia<strong>do</strong>s, e esta proposição é reproduzidapor esse general em sua recente nota:297


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>“Whereas”, diz a resolução, “wars destructive of commerce andinjurious and prejudicial to institutions” etc.A guerra <strong>do</strong> Pacífico foi feita por uma nação monárquica e na <strong>do</strong>Paraguai é principal beligerante entre os alia<strong>do</strong>s o Brasil, nação tambémmonárquica. Parece que nisto está o denuncia<strong>do</strong> o perigo. E isto não sóé inexato, falo quanto ao Império, mas também é prejudicial aos interesses<strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s, especialmente <strong>do</strong> mesmo Império. Dizê-lo é provocar assuscetibilidades das repúblicas americanas e atribuir ao Brasil intençõesque ele não tem e que ninguém pode provar-lhe; é dar à guerra <strong>do</strong>Paraguai uma tendência inteiramente alheia ao seu objeto e, aos bonsofícios que se oferecem, um caráter oposto à completa imparcialidadede que devem estar revestidas.Para o Brasil não é negócio de pouca importância a declaração <strong>do</strong>Congresso americano e a reprodução dela pelo respectivo envia<strong>do</strong> emsua recente nota.O Brasil é a única monarquia da América e uma das garantias dasua paz com as repúblicas que a cercam é a convicção, que estas devemter, de que ele não pretende atentar contra as instituições políticas deseus vizinhos, assim como jamais consentirá que se atente contra assuas próprias.Os membros <strong>do</strong> Congresso americano podem emitir suas opiniõesno seio dele.Com isso nada tem o Brasil. Porém, o caso é diferente, logo queessas opiniões, passan<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio interno ao externo, sãoapresentadas, em <strong>do</strong>cumento internacional, a um governo estrangeiro eindependente, como razão de um ato que não deve ser dita<strong>do</strong> senãopor considerações de humanidade e amigável interesse.O Brasil não pode admitir que se lhe dê como razão de umoferecimento de bons ofícios para o restabelecimento da paz com seuinimigo o fato imagina<strong>do</strong> de que a guerra que ele faz com toda a justiçaa esse inimigo é prejudicial às instituições republicanas.Já não é pouco que pessoas apaixonadas e insensatas o acusemde trabalhar contra essas instituições. Enquanto semelhante acusaçãoparte de grupos políticos mais ou menos numerosos, pode ele entregáloao mais completo desprezo, deixan<strong>do</strong> ao tempo a tarefa de mostrarque ela não é mais <strong>do</strong> que um recurso de que se lança mão embenefício exclusivo de interesses internos. Mas assim não acontecerelativamente ao Congresso e ao governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s daAmérica. O que estes dizem tem importância, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> seconsidera que a União americana, primeira em idade, em influência eem poder, é respeitada por todas as outras repúblicas da América,como seu modelo e como autoridade indeclinável em tu<strong>do</strong> quanto respeitaaos interesses republicanos.298


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870O presidente Lopez não funda suas últimas esperanças somentena influência de potências neutrais, que forcem os alia<strong>do</strong>s à um ajustede paz: está persuadi<strong>do</strong> de que o Brasil, arruina<strong>do</strong> pela guerra, nãopoderá sustentá-la por muito tempo. Ilude-se.Embora tenham si<strong>do</strong> grandes os sacrifícios, no prova<strong>do</strong> patriotismo<strong>do</strong>s brasileiros, quan<strong>do</strong> lhe faltassem outros recursos, acharia o governode Sua Majestade to<strong>do</strong>s quantos fossem necessários para terminar comhonra e glória a empresa que cometeu. Mas acontece neste ponto omesmo que no outro. Dizer que o Brasil está arruina<strong>do</strong>, dizê-lo em<strong>do</strong>cumento oficial que há de ser publica<strong>do</strong> e conheci<strong>do</strong> oficialmente peloseu inimigo, é animar uma das esperanças que este ainda nutre. E ogeneral Webb o disse na sua nota de 27 de janeiro último. O GovernoImperial faz inteira justiça às intenções deste agente diplomático que,longe de esposar a causa <strong>do</strong> Paraguai, reconhece que ao Brasil nãocabe a responsabilidade da presente guerra. Nota apenas osinconvenientes das apreciações em que entrou. Demais, o governoamericano, que tão grandes sacrifícios fez recentemente, que não receoua ruína de seu país, quan<strong>do</strong> se tratou de salvar a integridade <strong>do</strong> territóriodele, sabe que a grandeza <strong>do</strong>s sacrifícios não é razão suficiente parainduzir um beligerante a fazer a paz com seu inimigo, quan<strong>do</strong> ele ocombate por uma questão de honra e para alcançar garantias contranovas tentativas ambiciosas.Ainda há na referida nota <strong>do</strong> general Webb um ponto digno deatenção.Refiro-me a estas palavras: “And he would be neglectful of hisduty if he did not keep the government of Washington advised ofthese matters, and of the tone of public sentiment in regard to thewar”.O envia<strong>do</strong> americano engana-se. Nenhum brasileiro é contrário àguerra, nenhum quer paz com Lopez. Há entre eles divergência de opiniõesa respeito <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como se tem feito a guerra; mas isto é muitodiverso.Têm inteiro cabimento, neste ponto, as observações que fiz quantoaos outros.Prevenin<strong>do</strong> assim a V. S. <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong> Governo Imperial acercada possibilidade de novas propostas de mediação, qualquer que seja aface porque esta se apresente, tenho por fim habilitá-lo para entender-secom o governo da União a semelhante respeito, logo que as circunstânciaso aconselhem.Fica, porém, ao critério de V. S. a apreciação de tais circunstâncias,ou elas se manifestem por novas tendências <strong>do</strong> governo de Washingtonno senti<strong>do</strong> da sobredita mediação, ou por parte da imprensa, que mereçaséria atenção. Em qualquer dessas hipóteses, V. S., sem pedi-la por299


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>escrito, procurará ter uma conferência com o secretário de Esta<strong>do</strong> paraexpor-lhe, em termos hábeis, as considerações feitas neste despacho.O objeto principal dessa conferência será deixar o governoamericano convenci<strong>do</strong> de que o Brasil, pelas razões que já disse, nãopoderá aceitar novos oferecimentos de bons ofícios ou de mediação. Omais é matéria secundária, aproveitável somente como meio de falarsobre o assunto e chegar àquela declaração essencial.V. S., chaman<strong>do</strong> a atenção <strong>do</strong> ministro para os diversos pontosque ficam indica<strong>do</strong>s, terá cuida<strong>do</strong> de não formular queixa contra ogeneral Webb e se expressará de mo<strong>do</strong> que fique bem entendi<strong>do</strong> que anão faz.Diga que ao Brasil talvez conviesse que as observações por V. S.apresentadas fossem feitas em nota ao general, mas que o governode Sua Majestade, por motivos de delicadeza, preferiu o recurso daconferência. É essencial que o secretário de Esta<strong>do</strong> compreenda bemisto, para que não seja V. S. convida<strong>do</strong> a expor por escrito o quehouver dito.Seja bem expressivo na parte relativa às instituições republicanas,dizen<strong>do</strong> o necessário, sem todavia parecer que dá explicações.Convém, também, que não deixe passar sem reparo o novorecurso de que lançam mão os partidários de Lopez, propalan<strong>do</strong> anotícia que este arma as mulheres e etc. É mais uma invenção forjadapara despertar o cavalheirismo e os sentimentos humanitários das nações,semelhante às <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s esfomea<strong>do</strong>s e nus e das crianças armadas,que os fatos completamente desmentiram.Não deixe V. S. de aludir igualmente aos últimos fatos d’armas<strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s, em virtude <strong>do</strong>s quais ficou completo o cerco de Humaitá, oque torna ainda mais provável a imediata terminação da guerra.E, por último, reitere V. S., nos termos os mais benévolos eamigáveis, os agradecimentos <strong>do</strong> Governo Imperial, pelos oferecimentosfeitos.É óbvio que neste despacho falo com mais expansão e franqueza<strong>do</strong> que convirá V. S. ter na conferência com o secretário de Esta<strong>do</strong>;mas fi-lo porque estou certo de que V. S. aí se expressará com asdevidas reservas.Renovo a V. S. as seguranças da minha perfeita estima e distintaconsideração.J. Silveira de SouzaAo senhor D. J. Gonçalves Magalhães300


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Conforme:O diretor-geral, interino,Alexandre Afonso de Carvalho** *AHI 317/01/07Circular de 22/06/1868. Índice: “Remeteinstruções para regular a captura e entrega <strong>do</strong>sdesertores <strong>do</strong>s navios de guerra e mercantesestrangeiros.”Circular aos presidentes das províncias1 a SeçãoCircularEm 22 de junho de 1868.Constan<strong>do</strong> ao Governo de Sua Majestade que, na captura eentrega <strong>do</strong>s desertores de navios de guerra e mercantes estrangeiros,segue-se prática mui inconveniente, não só da parte das autoridadeslocais, como também <strong>do</strong>s agentes consulares, recomen<strong>do</strong> a V. Exa.que faça cumprir rigorosamente na província, cuja administração lhe foiconfiada, as seguintes instruções:Em relação à captura e entrega <strong>do</strong>s desertores de navios deguerra ou mercantes da França, Espanha, Itália e Portugal, observarse-árestritamente o que prescrevem as convenções consulares, aquianexas, nos respectivos artigos 9, 12, 10 e 15.Convém, portanto, que não se admitam, sob nenhum pretexto,agentes comissiona<strong>do</strong>s pelos cônsules para procederem, no território<strong>do</strong> Império, à captura de desertores. Esta será feita, em to<strong>do</strong>s oscasos, por ordem e por meio das autoridades locais, as quais nuncaordenarão senão em virtude de pedi<strong>do</strong> por escrito <strong>do</strong>s agentesconsulares, acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s indispensáveis <strong>do</strong>cumentos especifica<strong>do</strong>snas convenções.Nas localidades em que não houverem agentes consulares o pedi<strong>do</strong>poderá ser apresenta<strong>do</strong> à autoridade competente pelos comandantes301


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><strong>do</strong>s navios, guardadas, porém, as formalidades prescritas no direitoconvencional e nestas instruções.A exibição <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong> navio ou <strong>do</strong> rol da equipagem é, pois,indispensável para que se faça a captura e entrega de qualquer desertor.Se porventura o navio já tiver parti<strong>do</strong>, apresentarão os cônsules cópiaautêntica daqueles <strong>do</strong>cumentos. Sem estas formalidades nada se fará.Presos os desertores, serão eles manti<strong>do</strong>s nas cadeias dessaprovíncia a pedi<strong>do</strong> e à custa <strong>do</strong>s cônsules, até que estes agentes achemocasião de fazê-los partir.Esta detenção, porém, não poderá durar, em caso algum, maisde três meses, decorri<strong>do</strong>s os quais, mediante prévio aviso de três diasao cônsul, será o encarcera<strong>do</strong> posto em liberdade, não poden<strong>do</strong> serpreso de novo pelo mesmo motivo.Se o desertor tiver cometi<strong>do</strong> qualquer delito em terra, a suaextradição será diferida pelas autoridades locais até que os tribunaishajam proferi<strong>do</strong> sentença e esta tenha si<strong>do</strong> plenamente cumprida.Aos desertores de navios de outras nacionalidades que não sejamas que mencionei, dever-se-á também aplicar as mesmas regras acimaindicadas, não só em relação à captura, como também ao tempo dadetenção.Com esta última determinação fica regulada a segunda parte <strong>do</strong>art. 16 <strong>do</strong> decreto n. 855, de 8 de novembro de 1851, e preenchida alacuna de que trata o final <strong>do</strong> aviso n. 369, expedi<strong>do</strong> pelo Ministério <strong>do</strong>sNegócios da Justiça ao chefe de polícia da corte a 29 de outubro de1856.Devo declarar a V. Exa. que os desertores das embarcações deguerra ou mercantes estrangeiras, sen<strong>do</strong> cidadãos brasileiros, ficamexcetua<strong>do</strong>s das presentes determinações.Portanto, não será entregue indivíduo algum que alegue a condiçãode brasileiro, quer se trate de deserção, quer de insubordinação ououtro delito cometi<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong>s navios a cuja equipagem pertencia.Recomen<strong>do</strong> por último a V. Exa. que me remeta semestralmenteum mapa estatístico de todas as prisões que se fizerem nessa provínciade desertores de navios estrangeiros, com as seguintes declarações:data e mo<strong>do</strong> porque foi feito o pedi<strong>do</strong> para a captura, com indicação<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos; dia em que foi efetuada a prisão; destino <strong>do</strong> captura<strong>do</strong>;tempo da detenção; nacionalidade <strong>do</strong> desertor, nome deste e <strong>do</strong> navioa cuja tripulação pertencia, e a sua classe a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo.Aproveito o ensejo para oferecer a V. Exa. as novas segurançasda minha perfeita estima e distinta consideração.João Silveira de Souza.302


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870À S. Exa. sr. presidente da província de ...** *AHI 317/01/07Circular de 22/06/1868. Índice: “Comunica queremete às autoridades brasileiras instruções pelasquais se devem regular na captura e entrega <strong>do</strong>sdesertores <strong>do</strong>s navios de guerra ou mercantesestrangeiros.”Ao corpo diplomático estrangeiro1 a SeçãoN. 2CircularEm 22 de junho de 1868.Tenho a honra de comunicar a S. Exa. o sr. José de Vasconcellose Souza, envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário de S. M.Fidelíssima, que o Governo Imperial, no intuito de regular a capturae entrega <strong>do</strong>s desertores de navios de guerra ou mercantesestrangeiros, surtos nos portos <strong>do</strong> Brasil, recomen<strong>do</strong>u, em avisocircular de 22 <strong>do</strong> corrente, ao chefe de polícia desta corte e àsprovíncias o rigoroso cumprimento das instruções, que vão aquianexas por cópia.Com este motivo ofereço a S. Exa. o sr. Vasconcellos e Souzaas novas seguranças da minha alta consideração.João Silveira de Souza.A S. Exa. o sr. José de Vasconcellos e Souza,E. e. e m. p. de S. M. Fidelíssima.** *303


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 06/07/1868.Às legações imperiaisCircularSeção CentralEm 6 de julho de 1868.Os agentes <strong>do</strong> Paraguai e em geral os inimigos <strong>do</strong> Brasil nãocessam de lançar-nos o odioso e de ferir-nos sempre que se lhes ofereceocasião, confia<strong>do</strong>s talvez na impunidade com que nos atacam.Ainda ultimamente o Etendart, courrier politique, que se publicaem Paris, inseriu, no seu número de 5 <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong>, um artigo em quepor meio da calúnia procura-se marear o brilho de nossas armas noParaguai.Recomen<strong>do</strong>, pois, a V. S. que, sempre que aí apareçam publicaçõesinfensas aos nossos interesses, não deixe de refutá-lasconvenientemente, por si ou por meio de agentes inteligentes, emórgãos da imprensa mais autoriza<strong>do</strong>s, remeten<strong>do</strong> a esta Secretariade Esta<strong>do</strong> os jornais em que venham essas refutações.Aproveito-me da oportunidade etc.João Silveira de Souza.** *AHI 317/03/10Circular de 23/07/1868. Índice: “Questão dasubida <strong>do</strong> vapor norte-americano Wasp para irreceber no Paraguai o ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s Washburn.”Às legações imperiais3<strong>04</strong>


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870CircularSeção CentralEm 23 de julho de 1868.O ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s nesta corte, sr. general JamesWatson Webb, tem ultimamente suscita<strong>do</strong> mais de uma grave dificuldadeao Governo Imperial; e seu procedimento ou revela um propósitolatente, que pode ser o de intervenção a favor de Lopez, ou deve seratribuí<strong>do</strong> a notáveis defeitos <strong>do</strong> mesmo senhor ministro.Agora renova ele uma questão que deu-se em 1866, quan<strong>do</strong> o sr.Washburn, ministro da mesma nação junto ao Paraguai, quis ir paraaquele destino, atravessan<strong>do</strong>, como era inevitável, o território ocupa<strong>do</strong>pelos alia<strong>do</strong>s, e por eles bloquea<strong>do</strong> e sitia<strong>do</strong>.Então o sr. Washburn não se contentou com desembarcar foradas linhas de bloqueio, para seguir por terra até as posições inimigas,que, aliás, estavam próximas. Pretendeu romper o bloqueio em naviode guerra <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e os alia<strong>do</strong>s tiveram de ceder, sobprotesto, para evitar um rompimento com aquela nação neutra eamiga.A guerra estava por esse tempo em seu começo, pode-se assimdizer, e o mal daquele rompimento não podia ser compara<strong>do</strong> com osinconvenientes da comunicação da canhoneira Shamokin com o inimigo,junto a Curupaiti.Presentemente quer o sr. Washburn, e de acor<strong>do</strong> com ele o sr.Webb, que o vapor Wasp, da marinha de guerra <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,atravesse todas as nossas linhas de bloqueio e assédio, para ir desdeCurupaiti até Assunção, Tebicuari ou qualquer outro ponto ocupa<strong>do</strong>pelo inimigo, com o fim ostensivo de receber o mesmo sr. Washburn,sua família e comitiva, que anunciam a intenção de regressar <strong>do</strong>Paraguai.As circunstâncias da guerra são hoje mui diversas <strong>do</strong> que eramem agosto de 1866. A guerra aproxima-se agora ao seu termo, e o seudesenlace depende principalmente da queda de Humaitá, que os alia<strong>do</strong>stêm em rigoroso bloqueio e assédio há <strong>do</strong>is meses. Ao norte de Humaitá,até Tebicuari, e ao oeste sobre o Chaco, se executam e preparamoutras operações que apressam a queda da famosa fortaleza e devemreduzir o inimigo à última extremidade, logo que este sucesso tenhalugar, o que se espera a to<strong>do</strong> instante.É nestas circunstâncias que o sr. Washburn exige que suba acanhoneira americana, para trazê-lo da Assunção. O marquês de Caxias,general-em-chefe das forças aliadas, não obstou ao livre trânsito <strong>do</strong>305


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>agente diplomático <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s posto que este não se dirigissea ele diretamente mas por intermédio <strong>do</strong> comandante <strong>do</strong> vapor Wasp.O general-em-chefe <strong>do</strong> alia<strong>do</strong>s propôs que o sr. Washburn viesse emnavio paraguaio, ou como lhe aprouvesse, até ao Pilar ou Tagi (pontosmais avança<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s sobre o rio) e daí seguisse por terra atéCurupaiti, onde se acha a canhoneira americana. O general prestavato<strong>do</strong>s os meios necessários para que a viagem <strong>do</strong> sr. ministro fossefeita de carro, cômoda e seguramente.O sr. Washburn, ou antes o comandante <strong>do</strong> Wasp, sr. Kirckland,não admitem aquele navio, alegan<strong>do</strong> o melindroso esta<strong>do</strong> de saúdeda sra. Washburn. O marquês de Caxias apressou-se logo a ofereceroutro alvitre, que consistia em ir um vapor brasileiro, com bandeiraparlamentária, receber o sr. Washburn onde a este aprouvesse etransportá-lo até Curupaiti. Este alvitre foi rejeita<strong>do</strong>, pela razão deque Lopez não consentiria na passagem <strong>do</strong> vapor brasileiro porHumaitá; e nem ao menos foi aprecia<strong>do</strong> seriamente.Aqui terminou a questão entre o comandante Kirckland e ogeneral-em-chefe marquês de Caxias, que submeteu a emergênciaà decisão <strong>do</strong>s governos alia<strong>do</strong>s.Neste ponto da questão interveio o sr. Webb, desconhecen<strong>do</strong>o direito <strong>do</strong>s beligerantes alia<strong>do</strong>s em estorvar aquela passagem einsinuan<strong>do</strong> que a insistência no procedimento <strong>do</strong> marquês de Caxiastrazia uma grave complicação entre o Império e os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.O Governo Imperial, pelo órgão <strong>do</strong> abaixo assina<strong>do</strong>, se apressoua responder que o procedimento <strong>do</strong> general não podia senão mereceraprovação; que o direito <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s era incontestável e que, nãoobstante, estes aceitariam algum outro meio que fosse igualmenteeficaz e digno, mas que em to<strong>do</strong> caso não era o Governo Imperialcompetente para resolver a questão por si só.É evidente que no Rio da Prata, onde todas as potências aliadasse acham representadas e onde as circunstâncias da guerra sãomelhor conhecidas, é que o negócio deve ser decidi<strong>do</strong>.Tenho, porém, razões para crer que o sr. Webb escreveu aoseu governo pelo paquete <strong>do</strong> dia 9 <strong>do</strong> corrente, consideran<strong>do</strong> talvezo sr. Washburn como “prisioneiro <strong>do</strong> Brasil no Paraguai”, segun<strong>do</strong> aexpressão exagerada deste agente diplomático. E o fato de 1866,relativo à canhoneira Shamokin, em que subiu o sr. Washburn, fazrecear que o governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s não veja a questão sobsua verdadeira luz.Convém-nos, pois, apresentá-la nos seus precisos termos erefutar qualquer apreciação desfavorável que apareça na imprensaestrangeira de importância, para que a opinião pública na Europa enos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s não desvaire contra nós. Nesse empenho V. S.306


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870procederá conforme as circunstâncias, e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> que julgar maisconveniente.Por parte da Inglaterra e da Itália, pretendeu-se uma exceçãoanáloga, mas os representantes respectivos não insistiram, postoque o primeiro, e talvez ambos, bem como o encarrega<strong>do</strong> de negóciosinterino da França, pensou que nós não estamos em nosso perfeitodireito. É, portanto, natural que esse negócio transpire e seja discuti<strong>do</strong>não só em Washington, mas também nas principais capitais daEuropa.O direito que se nos contesta não é só o de bloqueio absoluto,sem exceção de navio ou pessoa; é esse mesmo direito, com aconcessão que o marquês de Caxias ofereceu, ou outra que nãoseja a passagem <strong>do</strong> Wasp além de nossos postos militares maisavança<strong>do</strong>s.O marquês de Caxias ofereceu <strong>do</strong>is alvitres. Pode-se conceberoutro, que concilie as necessidades da guerra com as conveniências<strong>do</strong> sr. Washburn e sua família. Mas, não se procura este acor<strong>do</strong>,que não seria difícil no rio da Prata. Nega-se absolutamente ainviolabilidade de um bloqueio e sítio, na hipótese <strong>do</strong> sr. Washburn.O Governo Imperial não deve abrir a porta a uma tal exceçãoabsoluta, que o deixaria sem recusa fundada para navios de guerrade outras nações, que já pretenderam e podem ainda pretender omesmo. Semelhante concessão seria, pelo menos, de um grandeapoio moral para o inimigo, no momento em que este se vê quaseperdi<strong>do</strong>.Parece-nos incrível que as grandes potências queiram franca epositivamente estabelecer como princípio de direito internacional aexigência <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s nesta corte e noParaguai.Faça V. S. o uso mais prudente deste despacho, no intuito deexplicar o nosso procedimento e sustentá-lo como aí convier.Aproveito a oportunidade para reiterar a V. S. as segurançasde minha etc, etc.José Maria da Silva Paranhos.** *307


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 23/07/1868. Índice: “Notícias daguerra. Tentativas <strong>do</strong>s paraguaios contra osnossos encouraça<strong>do</strong>s.”Às legações imperiaisEm 23 de julho de 1868.Transmito a V. Exa. incluso o exemplar n. 194 <strong>do</strong> Diário Oficialdesta data, em que se acham publicadas as comunicações oficiaisrelativas à louca tentativa que fizeram os paraguaios no dia 9 <strong>do</strong>corrente para se apoderarem, por meio de abordagem, de <strong>do</strong>isencouraça<strong>do</strong>s nossos que se achavam fundea<strong>do</strong>s acima <strong>do</strong> Tayi.Pela leitura dessas comunicações ficará V. Exa. ciente de queos assaltantes foram completamente derrota<strong>do</strong>s, morren<strong>do</strong> a maiorparte e fazen<strong>do</strong>-se grande número de prisioneiros.Continua o cerco da fortaleza de Humaitá, cuja rendiçãoaguarda-se em breve. Aquela temerária tentativa mostra quanto édesesperada a situação <strong>do</strong> nosso inimigo, que, todavia, não cessa deprovocar-nos e de praticar atos de crueldade.Reitero a V. ... as seguranças etc.J. M. da Silva Paranhos.** *AHI 317/01/05Circular de 07/08/1868.Às legações imperiaisCircularSeção Central308


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870MinutaEm 7 de agosto de 1868.É com o maior júbilo que comunico a V. S. que, desde o dia 25<strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong>, acha-se em poder <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s a fortalezade Humaitá, com toda a sua artilharia e grande porção de petrechosbélicos.A guarnição daquela fortaleza, em número de quatro mil homens,refugiou-se na península <strong>do</strong> Chaco, que fica fronteira a Humaitá, ondeentrincheirou-se, procuran<strong>do</strong> em vão resistir às forças aliadas que acercavam completamente.To<strong>do</strong>s os vasos da nossa esquadra passaram sem demoraHumaitá, partin<strong>do</strong> seis grossas correntes com que os paraguaiospretendiam impedir o transito, e a divisão avançada de encouraça<strong>do</strong>ssubiu até à foz <strong>do</strong> Tebiquari, onde bombardeava o acampamento deLopez.Nos retalhos juntos <strong>do</strong> Diário Oficial e <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercioencontrará V. S. as comunicações relativas a tão importantessucessos, aos quais convém que V. S. dê toda a publicidade possível.Reitero a V. S. os protestos de minha perfeita estima e distintaconsideração.Ao senhor conselheiro Felippe Lopes Netto,envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário emmissão especial na Bolívia.** *AHI 317/01/05Circular de 22/08/1868.Às legações imperiaisSeção CentralN.309


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>CircularRio de Janeiro, Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros, 22 de agosto de 1868.Em aditamento à minha circular de 7 <strong>do</strong> corrente comunico a V.S. que a guarnição de Humaitá, que se fortificara no Chaco, rendeuseno dia 5 <strong>do</strong> corrente mês.O senhor marquês de Caxias, obedecen<strong>do</strong> aos preceitos dereligião, humanidade e civilização, man<strong>do</strong>u, por duas vezes,parlamentários a fim de ver se conseguia a rendição daquela forçasem mais derramamento de sangue. De ambas as vezes não foirespeitada a bandeira parlamentária, sen<strong>do</strong> repelida pelo inimigo commetralha e tiros de fuzil. Afinal, extenuada pela fome e convencida daimpossibilidade da fuga, entregou-se a referida força, sen<strong>do</strong>-lheconcedi<strong>do</strong> por generosidade <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s que os oficiais não entregassemas suas espadas e que pudessem residir onde lhes aprouvesse,excetua<strong>do</strong> o território inimigo. 27Os exércitos e a esquadra dispunham-se para marcharimediatamente sobre o Tebiquari onde o presidente Lopez se achaentrincheira<strong>do</strong>, mas não tem forças nem meios materiais para resistirpor muito tempo aos alia<strong>do</strong>s, que <strong>do</strong>minam to<strong>do</strong> o rio até Assunção.A fortaleza de Humaitá já estava sen<strong>do</strong> arrasada, desaparecen<strong>do</strong>assim esse grande baluarte levanta<strong>do</strong>, por uma política desconfiada eagressiva, contra os direitos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s vizinhos e contra o livrecurso <strong>do</strong> comércio internacional.No Diário Oficial de ontem, aqui junto, encontrará V. S. aparticipação oficial da entrega da guarnição de Humaitá e as últimasnotícias recebidas <strong>do</strong> nosso Exército.Reitero a V. S. as seguranças da minha perfeita estima e muidistinta consideração.Ao senhor conselheiro Thomaz Fortunato de Brito, envia<strong>do</strong>extraordinário e ministro plenipotenciário <strong>do</strong> Brasil na Bélgica.** *27N.E. – O final deste parágrafo foi substituí<strong>do</strong>. O texto original, risca<strong>do</strong> a lápis no <strong>do</strong>cumento,era o seguinte: “...entregou-se a referida força com a única condição de não serem os oficiais esolda<strong>do</strong>s paraguaios obriga<strong>do</strong>s a servir nos exércitos alia<strong>do</strong>s.”310


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 23/09/1868. Índice: “Tomada dasfortificações de Tebicuari. Atrocidades cometidaspor Lopez.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiaisEm 23 de setembro de 1868.O exército brasileiro marchou de Humaitá tão rapidamente quantolhe permitia a natureza <strong>do</strong> terreno pantanoso e, investin<strong>do</strong> asfortificações paraguaias <strong>do</strong> rio Tebicuari, tomou-as dentro em poucashoras e sem grandes perdas. Tomadas as obras avançadas da margemesquerda <strong>do</strong> rio, o inimigo aban<strong>do</strong>nou o resto de sua posição, fugin<strong>do</strong>precipitadamente.O marechal marquês de Caxias seguia no encalço <strong>do</strong> fugitivo,cujo destino não se sabe ao certo.Alguns prisioneiros dizem que o presidente Lopez, aoaproximarem-se as nossas forças, retira-se para Villeta, que fica àmargem <strong>do</strong> rio Paraguai e dista sete léguas <strong>do</strong> Tebicuari. Outros fazemcrer que ele se dirigia à capital da república, e que daí fugiria paraBolívia, ou para bor<strong>do</strong> de um <strong>do</strong>s navios de guerra neutros, queultimamente permitiu-se subissem até ao porto da Assunção. Outros,finalmente, presumem que o presidente Lopez ia tentar sua derradeiraresistência em Cerro Leon, ponto interior, que se comunicava com acapital por um caminho de ferro.A crença geral nos exércitos alia<strong>do</strong>s e no Rio da Prata é queLopez fugia por ver-se inteiramente perdi<strong>do</strong> e até receoso de seusprincipais instrumentos, muitos <strong>do</strong>s quais já tinha vitima<strong>do</strong> com horríveisexecuções. Alguns estrangeiros, segun<strong>do</strong> depõem os prisioneiros,também foram imola<strong>do</strong>s por esse déspota em seu desespero.O impresso junto contém a narração daqueles horrores, feita porum prisioneiro interroga<strong>do</strong> pelo próprio general argentino Gelly y Obes.A legação imperial em Buenos Aires fê-la traduzir para o francês a fimde que melhor seja conhecida na Europa.Convém que esse impresso seja transcrito em alguma das gazetasmais lidas dessa capital.Esperamos a to<strong>do</strong> o momento a notícia da conclusão da guerra,ten<strong>do</strong> o inimigo fugi<strong>do</strong> ou caí<strong>do</strong> prisioneiro. Para a guerra de recursos,já não tem ele elementos e nem o território paraguaio se presta.311


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Reitero a V. ... as seguranças .....José Maria da Silva Paranhos.** *AHI 317/01/05Circular de 07/10/1868.Para as legações em Londres (n. 17), Paris (n. 20),Lisboa (n. 29), Washington (n. 9)Seção CentralN.Em 7 de outubro de 1868.O sr. Charles A. Washburn, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s naRepública <strong>do</strong> Paraguai, retirou-se dali em mea<strong>do</strong>s de setembro à bor<strong>do</strong>da canhoneira norte-americana Wasp, que os governos alia<strong>do</strong>s permitiramsubisse até Assunção para receber o dito ministro, sua família e comitiva,mas que não pôde passar além de Angustura, em frente a Villeta, ousete léguas abaixo da Assunção por ser isso veda<strong>do</strong> pelo general Lopez.Chegan<strong>do</strong> o sr. Washburn a Buenos Aires, publicaram os principaisórgãos da imprensa argentina uma série de notas trocadas entre omesmo sr. Washburn e o governo paraguaio nos meses de junho,julho, agosto e setembro próximos passa<strong>do</strong>s.Essa correspondência, motivada pelo fato de se acharem asila<strong>do</strong>sna legação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s alguns súditos estrangeiros, produziu amaior indignação tanto no Rio da Prata, como nesta corte, onde tambémjá foi publicada. Manifesta ela, de um la<strong>do</strong>, o feroz despotismo que estáexercen<strong>do</strong> sobre seus concidadãos e sobre os estrangeiros residentesna república o general Lopez, que já se não satisfaz com decapitar oufuzilar suas vítimas e recorre também ao suplício e à tortura; de outrola<strong>do</strong>, que o ministro americano, faltan<strong>do</strong> aos deveres de uma sincera312


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870neutralidade, procurou criar dificuldades aos alia<strong>do</strong>s, posto que potênciasamigas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, para favorecer a causa de Lopez.Convin<strong>do</strong> que se dê toda a publicidade possível a tão célebrecorrespondência, que se encontra no folheto junto, bem como à notaque ao chegar a Buenos Aires dirigiu o sr. Washburn ao ministro britânico,sr. Stuart, em 24 de setembro, na qual, patentean<strong>do</strong> as atrocidadescometidas por Lopes, descreve como testemunha ocular o esta<strong>do</strong> debarbárie em que se acha o Paraguai, recomen<strong>do</strong> a V. S. que semdemora as faça traduzir e imprimir aí nos principais jornais.Essa publicação deverá ser precedida de um artigo que despertea atenção <strong>do</strong> leitor, e cada uma das notas de uma epígrafe que indiqueos principais pontos sobre que versa.Convém igualmente que sejam publicadas cartas em que oscorrespondentes <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio e <strong>do</strong> Correio Mercantil refereme comentam o desfecho da missão <strong>do</strong> sr. Washburn, cartas que V. S.encontrará nas folhas inclusas.Aproveito-me etc.J. M. da S. P.O sr. Washburn, em uma carta ao sr. Stuart, acusa de lentidão ogeneral brasileiro, mas o simples bom senso mostra que fora o maior<strong>do</strong>s desacertos o movimento que se esperava <strong>do</strong> sr. marquês de Caxias,ainda quan<strong>do</strong> este pudesse adivinhar o que cogitavam alguns indivíduosna Assunção, antes da queda de Humaitá e das fortificações fronteirasno Chaco; não <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> os alia<strong>do</strong>s toda a parte inferior <strong>do</strong> rio Paraguai,seria expor a graves perigos e privações o corpo de exército que sedestacasse de Humaitá, para atravessar 60 léguas de terrenosdesconheci<strong>do</strong>s e maus, e para permanecer a tão grande distância dabase de operação <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s e de to<strong>do</strong>s os seus recursos.O próprio sr. Washburn diz que a conspiração foi um pretextopara o morticínio projeta<strong>do</strong> por Lopez e, não obstante esta declaraçãoe os mil obstáculos que impediam a execução <strong>do</strong> plano que ele concebera,não hesitou em censurar a direção militar <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s. 28** *28N. E. – O texto acima aparece depois da assinatura, sem indicação alguma de P. S. ou N. B..313


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 14/10/1868.Para as legações no Peru, Chile (n. 12), Equa<strong>do</strong>r (n. 5),Venezuela (n. 6) e Bolívia (n. 24)Seção CentralRegistradaRio de Janeiro, 14 de outubro de 1868.O sr. Washburn, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s em Assunção,manteve sempre com o governo <strong>do</strong> Paraguai as mais estreitas eamigáveis relações; seu pen<strong>do</strong>r para aquele governo era tal que, comohoje é notório, chegou a desviá-lo da estrita imparcialidade que lhecumpria guardar na luta em que nos achamos empenha<strong>do</strong>s contra opresidente Lopez.Quan<strong>do</strong>, porém, menos esperava, tão cordiais relaçõesperturbaram-se, e por tal mo<strong>do</strong>, que o ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s foipublicamente desrespeita<strong>do</strong>, a inviolabilidade de sua residência atacada,e nem se pode prever que ponto teriam atingi<strong>do</strong> tais excessos, se o sr.Washburn não tivesse podi<strong>do</strong> retirar-se com sua família a bor<strong>do</strong> dacanhoneira Wasp, de sua nação, que os alia<strong>do</strong>s haviam permiti<strong>do</strong>transpusesse as suas linhas de bloqueio.Chegan<strong>do</strong> a Buenos Aires, o sr. Washburn publicou toda acorrespondência trocada entre ele e o ministro de Relações Exteriores<strong>do</strong> Paraguai e dirigiu ao sr. Stuart, ministro britânico junto à RepúblicaArgentina, uma longa nota revelan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os horrores pratica<strong>do</strong>spelo presidente Lopez.Esta correspondência veio dar muita luz sobre o esta<strong>do</strong> daquelepaís, as violências que sofrem os estrangeiros e a justiça da guerra quesustentamos.No interesse, pois, de nossa causa, ou antes, da humanidade,cumpre tornar bem patentes e conheci<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os incidentes narra<strong>do</strong>spelo sr. Washburn.Convi<strong>do</strong>, portanto, a V. ... a fazer aí publicar a dita correspondênciano periódico de maior circulação, fazen<strong>do</strong> sobressair convenientementeto<strong>do</strong>s os pontos que mais nos interessam. A respectiva despesa, senão puder ser evitada pela publicação gratuita, ser-lhe-á abonada.314


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Reitero as seguranças etc.J. M. da Silva Paranhos.** *AHI 317/03/12Circular de 16/10/1868.Às legações estrangeiras na corteCircularN.° 1ConfidencialEm 16 de outubro de 1868.Os conflitos e distúrbios a que tem da<strong>do</strong> lugar, com freqüência,o desembarque de marinheiros <strong>do</strong>s navios de guerra estrangeirossurtos nos portos desta capital, e sua depressão [sic] em grupospelas ruas da cidade, onde se demoram até depois <strong>do</strong> toque derecolher em nossos quartéis, isto é, além das 8 horas da noite,reclamam alguma providência; e por isso solicitei <strong>do</strong> Ministério da Justiça,em resposta às reclamações da autoridade policial, a expedição deum regulamento em que se estabeleçam regras com o fim de prevenirtão desagradáveis ocorrências e o trabalho que eles causam assim àsditas autoridades locais como aos srs. comandantes e oficiais daslotações navais estrangeiras.Enquanto, porém, não posso apresentar aos ilustra<strong>do</strong>s srs.agentes diplomáticos, cujas nações têm aqui forças navais, asmedidas preventivas que o menciona<strong>do</strong> ministério julgarconvenientes, e sobre quais desejo ouvir aos ditos srs. agentesdiplomáticos antes da promulgação <strong>do</strong> aludi<strong>do</strong> regulamento, rogoao honra<strong>do</strong> sr. ..., que interponha seu conselho e influência paraque, mediante prévio acor<strong>do</strong> entre os chefes ou comandantes <strong>do</strong>s315


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>navios estrangeiros surtos nos portos <strong>do</strong> Rio de Janeiro, se evite odesembarque, no mesmo dia, de grande número de marinheiros, comorecentemente aconteceu; pois que é impossível à polícia vigiá-los portoda parte, a fim de prevenir qualquer excesso <strong>do</strong>s mesmos marinheirosou <strong>do</strong>s guardas policiais.Para conseguir-se este resulta<strong>do</strong>, bastaria que os comandantes<strong>do</strong>s navios de guerra das diversas nações concordassem entre si emdar suas licenças às respectivas praças em pequeno número de cadamês e em dias diferentes, toman<strong>do</strong> ao mesmo tempo a preocupaçãode os fazer acompanhar, conforme o caso, por um oficial ou inferior.Esperan<strong>do</strong> que o sr. ministro atenderá ao justo fim deste pedi<strong>do</strong> elhe prestará seu necessário concurso com urgência, aproveito a ocasiãopara etc.José Maria da Silva Paranhos.Ao sr. ...** *AHI 317/01/05Circular de 22/10/1868.Aos presidentes de provínciasCircularEm 22 de outubro de 1868.Ilmo. Exmo. sr.Deu-se em 1866 o fato de mandar a presidência <strong>do</strong> Rio Grande<strong>do</strong> Norte conceder passagem, por conta deste ministério, a chins e316


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870outros estrangeiros, que ali aportaram e se disseram necessita<strong>do</strong>s dessesocorro. Não haven<strong>do</strong>, porém, no orçamento <strong>do</strong> dito ministério verbaalguma que consigne fun<strong>do</strong>s para a prestação de socorros de estrangeirosdesvali<strong>do</strong>s, cumpre-me prevenir a repetição de igual ocorrência,recomendan<strong>do</strong> às presidências que não autorizem tais despesas, salvocaso muito especial, em que as relações internacionais o exijam e ascircunstâncias não permitam que se consulte antes ao Governo Imperial.O que está previsto nas disposições legais em vigor é anecessidade de auxílio a súditos brasileiros que fortuitamente se achemem terra estrangeira sem recursos para efetuarem seu regresso aoImpério. Neste caso, são os cônsules brasileiros que devem conhecerdas circunstâncias de cada indivíduo e proporcionar-lhes os meios detransporte, se o merecem, e ten<strong>do</strong> sempre em vista a maior economia<strong>do</strong>s cofres públicos.Aproveito da oportunidade para renovar a V. Exa. as segurançasda minha perfeita estima e distinta consideração.José Maria da Silva Paranhos.** *AHI 317/01/05Circular de 24/10/1868.Às missões especiais de Bolívia e Colômbia,e às legações <strong>do</strong> Chile, Venezuela, Equa<strong>do</strong>r e PeruS. C.Em 24 de outubro de 1868.Em aditamento ao meu despacho desta data: pareceu-meescusa<strong>do</strong> declarar à essa legação que não tem fundamento algum aparte que se atribui ao senhor marquês de Caxias em as notas <strong>do</strong>ministério de Lopez e nas confissões que este arrancou pela tortura às317


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>suas vítimas. Declaro-o agora à vista de comentários apaixona<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s escritores brasileiros hostis à atual situação política <strong>do</strong> Império.Para que qualquer [sic] se convença de que é um embusteaquela acusação, basta atender a que o sr. Washburn e o sr. Carreras,indigita<strong>do</strong>s pelo general Lopez como <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s chefes conspira<strong>do</strong>rescom quem se correspondia o general brasileiro, eram notoriamentedesafetos ao Brasil; principalmente o segun<strong>do</strong>, que, venci<strong>do</strong> emMontevidéu, onde fora ministro das Relações Exteriores, emigrou parao Paraguai no intuito de ajudar a causa deste.O próprio sr. Washburn diz que Carreras se asilara em sua casa,quan<strong>do</strong> em fevereiro apareceram alguns encouraça<strong>do</strong>s brasileiros noporto da Assunção, temen<strong>do</strong> cair primeiro em nossas mãos. E quantoao dito representante <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, não ocultou ele em suasnotas que nos era desafeiçoa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que por sua causa as relaçõesentre o Governo Imperial e o de Washington estiveram duas vezes aponto de sofrerem uma séria perturbação.Reitero etc.José Maria da Silva Paranhos.** *AHI 317/03/10Circular de 07/11/1868. Índice: “Refutan<strong>do</strong> aacusação feita ao marquês de Caxias de tertoma<strong>do</strong> parte em uma conspiração contra Lopez.”Às legações em Paris, Londres e LisboaCircularSeção CentralEm 7 de novembro de 1868.Chamo a atenção de V. ... para o ofício <strong>do</strong> senhor marquêsde Caxias, que foi publica<strong>do</strong> no Diário Oficial de 28 <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong>.318


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Pela leitura verá V. ... declarada pelo mo<strong>do</strong> mais formalque nenhuma parte teve o senhor marquês na real ou supostaconspiração d’Assunção, que aliás lhe é atribuída nacorrespondência trocada entre o governo <strong>do</strong> Paraguai e o senhorWashburn, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s de América.Convin<strong>do</strong> dar toda publicidade à semelhante ofício, convi<strong>do</strong>a V. ... a fazê-lo traduzir e inserir nas principais folhas dessacapital.Renovo a V. ... as seguranças de minha perfeita estima e distintaconsideração.José Maria da Silva Paranhos.** *AHI 317/03/10Circular de 23/12/1868. Índice: “Combate naponte de Itororó e outras notícias da guerra.”Às legações imperiaisSeção CentralCircularEm 23 de dezembro de 1868.Apresso-me em transmitir a V. ... as importantes notíciasque o Governo Imperial acaba de receber <strong>do</strong> Paraguai, e quefazem esperar que a esta hora se ache terminada asanguinolenta guerra que fomos obriga<strong>do</strong>s a sustentar contra odita<strong>do</strong>r Lopez.Como V. ... sabe, o exército alia<strong>do</strong> teve de abrir caminho<strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Chaco (margem direita <strong>do</strong> Paraguai) para poderflanquear o inimigo, que se achava estabeleci<strong>do</strong> em Angostura eVilleta (na margem esquerda), defendida por obstáculos naturais.319


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Concluin<strong>do</strong> esse caminho com inauditos esforços e sacrifícios,por ínvias matas e na extensão de três léguas, o senhor marquêsde Caxias transitou por ele com um exército de 20 mil homensdas três armas e, no dia 5 <strong>do</strong> corrente, repassou o rio edesembarcou sobre a margem esquerda em <strong>do</strong>is diferentes lugares,acima da Villeta, sem que o inimigo pudesse opor-se a essaoperação.No dia 6 o senhor marquês de Caxias avançou contra oacampamento paraguaio e, chegan<strong>do</strong> a uma ponte denominada<strong>do</strong> Itororó, onde o inimigo o esperava embosca<strong>do</strong> no mato comuma força de 4 mil homens; teve aí lugar um renhi<strong>do</strong> combate,que durou 2 horas, fican<strong>do</strong> nós senhores da posição, de grandenúmero de prisioneiros, armamento e 6 peças de artilharia.Prosseguin<strong>do</strong> o exército brasileiro no dia 11 as duasoperações, que haviam fica<strong>do</strong> interrompidas pelas grandes chuvase pelo desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> terreno, procurou o inimigo disputar-lhenaquele dia a entrada <strong>do</strong> potreiro Toroz ou Bal<strong>do</strong>vinoz.Ali travou-se outro sanguinolento combate e, sen<strong>do</strong> repeli<strong>do</strong>sos paraguaios com grandes perdas, atacaram os alia<strong>do</strong>simediatamente a Villeta. Após 3 horas de horrível fogo, foi essereduto toma<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o inimigo completamente derrota<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong>morto o general Caballero, que o comandava, e em nosso poder16 peças de artilharia e três mil prisioneiros, entre os quais váriosoficiais de graduação, sen<strong>do</strong> um deles o imediato <strong>do</strong> referi<strong>do</strong>general.Do exército inimigo que estava em Villeta presume-se quesó escaparam 200 homens.O exército ficava acampa<strong>do</strong> em Villeta e senhor daAngostura, que os paraguaios aban<strong>do</strong>naram, deixan<strong>do</strong> muitaartilharia de grosso calibre.A nossa esquadra na última data já havia subi<strong>do</strong> a ocupar oposto da Assunção, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> assim to<strong>do</strong> o Paraguai.V. ... dará a estas notícias a maior publicidade possível nessepaís.Aproveito-me etc., etc.José Maria da Silva Paranhos.** *320


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 07/01/1869. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações na Europa e América, e consula<strong>do</strong>s-geraisna Holanda, Suécia e Hamburgo7 de Janeiro de 1869.Pela minha circular de 23 de dezembro próximo passa<strong>do</strong>, dei aV. ... conhecimento <strong>do</strong>s gloriosos feitos pratica<strong>do</strong>s pelos exércitosalia<strong>do</strong>s nos dias 6 e 11 daquele mês, na ponte <strong>do</strong> Itororó e em Villeta.Agora cabe-me a satisfação de comunicar-lhe o que posteriormenteocorreu.Interrompidas as operações em conseqüência <strong>do</strong> mau tempo e<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong> terreno, recomeçaram a 21, dia em que os alia<strong>do</strong>satacaram as fortificações que o inimigo tinha desde Angostura atéLomba Valentina, na extensão de uma légua.A luta, que durou até ao dia 26, foi renhida e sanguinolenta; otriunfo, porém, <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s foi brilhante e completo. Caíram em poderdeles <strong>do</strong>is redutos com todas as bocas de fogo que as guarneciam, emnúmero de 46; grande número de prisioneiros; uma grande quantidadede ga<strong>do</strong> e de munições de boca e de guerra.Exceto um reduto à margem <strong>do</strong> rio, que ficou isola<strong>do</strong>, e cujoataque se reservou para depois, por já não poder impedir o trânsito<strong>do</strong>s nossos vasos de guerra, todas as mais posições inimigas foramtomadas pelos alia<strong>do</strong>s.Lopez, fugin<strong>do</strong> precipitadamente, por ocasião <strong>do</strong> ataque à suaúltima trincheira, conseguiu embrenhar-se em capão de mato, onde,segun<strong>do</strong> as últimas notícias, ficara completamente cerca<strong>do</strong>.No suplemento junto <strong>do</strong> Diário Oficial de ontem, encontrará V. S.uma narração circunstanciada das últimas operações <strong>do</strong>s exércitosalia<strong>do</strong>s, que muito convém que V. S. faça publicar neste país.Espero ter o prazer de comunicar-lhe pelo próximo paquete aterminação desta prolongada guerra, [a que] fomos e injusta eaudazmente provoca<strong>do</strong>s.Renovo a V.S. etc.José Maria da Silva Paranhos.321


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Às legações:Na Itália, em Portugal, na Prússia, França, em Roma, Inglaterra,Espanha, Rússia, Suíça, Bélgica, Dinamarca, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Colômbia,Bolívia, Venezuela, Equa<strong>do</strong>r, Chile; consula<strong>do</strong>s na Holanda, emHamburgo e no Peru.** *AHI 317/03/10Circular de 23/01/1869. Índice: “Entrada <strong>do</strong>Exército em Assunção.”Às legações imperiais23 de janeiro de 1869.É com o maior prazer que comunico a V. ... em aditamento àminha circular de 7 <strong>do</strong> corrente, que caiu em poder <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s no dia30 de dezembro o último reduto <strong>do</strong>s paraguaios na sua linha defortificações de Angostura até Lomba Valentina.No dia 5, o grosso <strong>do</strong>s exércitos alia<strong>do</strong>s achava-se em Assunção,onde já começavam a aparecer as famílias que se haviam retira<strong>do</strong> parao interior em virtude de ordem de Lopez.Uma divisão da nossa esquadra tinha parti<strong>do</strong> no dia antecedentepara Mato Grosso, a fim de restabelecer as comunicações com aquelaprovíncia.Nada de positivo se sabia ainda a respeito de Lopez, sen<strong>do</strong> crençageral que se refugiara na República de Bolívia, ou se ocultara paraembarcar sobre a costa <strong>do</strong> Paraná ou <strong>do</strong> Uruguai.Chamo a atenção de V. S. para o jornal junto, que se refere àsatrocidades cometidas por aquele inimigo <strong>do</strong> Império e <strong>do</strong>s seusvizinhos, as quais o tornaram odioso a to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.Aproveito-me da ocasião para reiterar a V. S. as segurançasetc.José Maria da Silva Paranhos.322


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870P. S. em 25 de janeiro:Entrou ontem de noite o transporte Vassimon, que trouxe notíciasda Assunção até 15 <strong>do</strong> corrente.Constava ali que Lopez, reconhecen<strong>do</strong> que lhe seria impossívelsustentar-se em Serra-Leão [sic], que já ocupamos, e para onde elese dirigira pouco antes de caírem em poder <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s as fortificaçõesde Lombas Valentinas, refugiara-se no interior com os poucos homensque pôde salvar, fazen<strong>do</strong> transportar para aí até feri<strong>do</strong>s, velhos ecrianças, com o fim de simular ainda apoio na população.Preparavam-se forças argentinas e brasileiras para irem em suaperseguição. Os cônsules francês e italiano já se tinham apresenta<strong>do</strong>na capital <strong>do</strong> Paraguai.Corria que o general MacMahon, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,achava-se com Lopez, o que tem da<strong>do</strong> lugar a comentários, que nãopodem escapar à observação de V. ... .** *AHI 317/03/10Circular de 30/01/1869. Índice: “Especial no Rioda Prata.”Circular ao corpo diplomático estrangeiroEm 30 de janeiro de 1869.Tenho a honra de comunicar ao senhor .... que SuaMajestade O Impera<strong>do</strong>r dignou-se encarregar-me de uma missãoespecial nas repúblicas Argentina e Oriental <strong>do</strong> Uruguai no caráterde envia<strong>do</strong> extraordinário e ministro plenipotenciário.Ten<strong>do</strong> de partir em breves dias para o Rio da Prata, é paramim um dever bem grato manifestar nesta ocasião ao sr. .... osmeus sinceros agradecimentos pela cordialidade e benevolênciaque sempre testemunhou-me e a esperança que nutro de que osenhor barão de Cotegipe, atual ministro da Marinha, que temde substituir-me durante minha ausência, encontrará da parte<strong>do</strong> sr. .... os mesmos sentimentos que muito contribuíram para323


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>tornar o desempenho das minhas funções tão fácil quantoagradável.Estiman<strong>do</strong> poder ser de alguma utilidade ao sr. ... na nova posiçãoque passo a ocupar, aproveito-me da oportunidade etc., etc.José Maria da Silva Paranhos.À:Rússia - Áustria - Itália - Espanha - Roma - Bélgica - Prússia - Grã-Bretanha - França - Argentina.** *AHI 317/03/10Circular de 01/02/1869. Índice: “Nomeação <strong>do</strong>conselheiro Paranhos para a missão especial noRio da Prata.”Às legações e consula<strong>do</strong>s brasileirosEm 1º de fevereiro de 1869.Tenho a honra de comunicar ao V. ... que Sua Majestade oImpera<strong>do</strong>r houve por bem confiar-me a pasta <strong>do</strong>s Negócios Estrangeirosdurante a ausência <strong>do</strong> Exmo. sr. conselheiro José Maria da SilvaParanhos, que partiu para o Rio da Prata em missão especial.Aproveito-me da ocasião etc.Barão de Cotegipe.Na mesma conformidade aos presidentes de província.** *324


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 08/02/1869. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais8 de fevereiro de 1869.Em aditamento à circular de 23 de janeiro, relativamente àguerra <strong>do</strong> Paraguai, disse S. Exa. o sr. conselheiro Paranhos nodia 25 às legações <strong>do</strong> Brasil na América:Entrou ontem de noite o transporte Vassimon que trouxenotícias da Assunção até 15 <strong>do</strong> corrente.Constava ali que Lopez, reconhecen<strong>do</strong> que lhe seriaimpossível sustentar-se em Cerro Leão, que já ocupamos e paraonde ele se dirigira, pouco antes de caírem em poder <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>sas fortificações de Lombas Valentinas, refugiara-se no interiorcom os poucos homens que pôde salvar, fazen<strong>do</strong> transportarpara aí até feri<strong>do</strong>s, velhos e crianças, com o fim de simularainda apoio na população.Preparavam-se forças brasileiras e argentinas para iremem sua perseguição.Os cônsules francês e italiano já se tinham apresenta<strong>do</strong> nacapital <strong>do</strong> Paraguai.Corria que o general MacMahon, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sachava-se com Lopez, o que tem da<strong>do</strong> lugar a comentários, quenão podem escapar à observação de V. ... .As notícias posteriores chegam apenas ao dia 17 de janeiroe nada adiantam. Em ofício dessa data disse o senhor marquêsde Caxias que a expedição destinada ao Fecho <strong>do</strong>s Morros eMato Grosso já tinha pratica<strong>do</strong>, e que desde o dia 27 <strong>do</strong> mêsanterior o exército e a esquadra não tinham dispara<strong>do</strong> um sótiro, pois o inimigo em número de 1.500 homens, pouco mais oumenos, se achava além das cordilheiras. As partidas da cavalariavolante, que S. Exa. mantinha em diferentes direções, nadahaviam encontra<strong>do</strong> até então.Pela circular <strong>do</strong> 1º <strong>do</strong> corrente é V. ... informa<strong>do</strong> de que osr. conselheiro Paranhos foi ao Rio da Prata em missão especial.No incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de 28 de janeiro está adeclaração que a esse respeito fez o Governo Imperial.325


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Anteriormente, no dia 26, tinha aquele diário publica<strong>do</strong> a ordem<strong>do</strong> dia <strong>do</strong> sr. marquês de Caxias datada de 14 e relativa às últimas egloriosas vitórias <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s. Incluo um exemplar dessa ordem.O dito sr. marquês, achan<strong>do</strong>-se enfermo, desceu paraMontevidéu, onde estava no dia 24 de janeiro, como consta de seuofício dessa data, publica<strong>do</strong> no Diário Oficial de 3 <strong>do</strong> corrente. O sr.marechal Guilherme Xavier de Souza ficou encarrega<strong>do</strong> das forças,que estavam em Assunção e Luque, com instrução para deliberar oque julgar conveniente de acor<strong>do</strong> com os generais alia<strong>do</strong>s.Os diários <strong>do</strong> Rio da Prata, que felizmente já se vão retratan<strong>do</strong>,haviam acusa<strong>do</strong> o Exército brasileiro de ter saquea<strong>do</strong> Assunção. O sr.José Candi<strong>do</strong> Gomes, súdito brasileiro residente em Buenos Aires, alipublicou a este respeito o incluso artigo, que recomen<strong>do</strong> à atenção deV. ... . O Governo Imperial estimará que esse artigo seja reproduzi<strong>do</strong>nos diários desse país, pelo menos em extratos.Aproveito etc.Barão de Cotegipe.** *AHI 317/03/10Circular de 12/02/1869. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais12 de fevereiro de 1869.De ordem de S. Exa. o sr. ministro interino desta repartição,remeto a V. Exa. o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de ontem quecontém excertos de um caderno <strong>do</strong> registro de ordens, encontra<strong>do</strong>no acampamento paraguaio de Cumbariti.Aí, como V. Exa. verá, e observa o Diário Oficial, estão registra<strong>do</strong>sdia por dia as relações nominais <strong>do</strong>s infelizes passa<strong>do</strong>s pelas armas, lancea<strong>do</strong>se mortos nos calabouços em conseqüência de torturas que passaram.326


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Este <strong>do</strong>cumento, ainda observa o Diário Oficial, tem toda aautenticidade e confirma as notícias que correram a respeito <strong>do</strong> grandenúmero de paraguaios e estrangeiros sacrifica<strong>do</strong>s por Lopez em muitopouco tempo.Convém que V. ... faça publicar nos diários desse país um resumo<strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s excertos com as observações que forem necessárias.Tenho a honra de reiterar a V. ... etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/03/10Circular de 23/02/1869. Índice: “Desmentin<strong>do</strong>boatos da guerra.”Às legações imperiais23 de fevereiro de 1869.De ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. ministro desta repartição, em aditamentoà circular de 8 <strong>do</strong> corrente, e para o mesmo fim, remeto incluso a V. ...um retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de 18 também deste mês, conten<strong>do</strong> umacorrespondência assinada por Manoel A. de Mattos, pela qual desmentemcertas acusações de saque na Assunção feitas ao Exército imperial.Tire V. ... desse <strong>do</strong>cumento a vantagem que puder.Do Paraguai nenhuma notícia importante temos.Reitero a V. ... etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.** *327


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/01/05Circular de 10/03/1869. Índice: “Sobre oParaguai.”Às legações imperiaisS. CentralCircular10 de março de 1869.De ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. ministro desta repartição, tenho a honrade informar a V. ... de que no Paraguai nada tem ocorri<strong>do</strong> de importante.Segun<strong>do</strong> notícias recebidas no Rio da Prata, o Exmo. sr. conselheiroParanhos chegou a Assunção no dia 19 de fevereiro último, mas aindanão há certeza disto.Reitero etc.Amaral.** *AHI 317/03/10Circular de 06/<strong>04</strong>/1869. Índice: “Exoneração <strong>do</strong>Comandante <strong>do</strong> Exército ao marquês de Caxias.”Às legações imperiais6 de abril de 1869.Por decreto de 22 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> houve Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r por bem conceder ao sr. marquês, hoje duque, de Caxias ademissão, que pediu, <strong>do</strong> coman<strong>do</strong>-em-chefe de todas as forças emoperação contra o governo <strong>do</strong> Paraguai, e confiar o dito coman<strong>do</strong> a SuaAlteza Real o senhor conde d’Eu.328


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Sua Alteza partiu deste porto para o Paraguai no dia 3 <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.Esta nomeação é sem dúvida um fato da maior importância, masdela não se deve deduzir que a guerra promete durar ainda muito tempo,ou que os alia<strong>do</strong>s se acham hoje em condições mais difíceis. É certo que asoperações militares devem continuar e que os alia<strong>do</strong>s não deporão asarmas sem que sejam consegui<strong>do</strong>s os fins da aliança. O Governo Imperialtem esperança de obter em breve esse resulta<strong>do</strong> e a sua esperança éfundada.A nomeação <strong>do</strong> sr. conde d’Eu teve outras causas.O sr. duque de Caxias viu-se obriga<strong>do</strong> a retirar-se <strong>do</strong> Paraguai e seuspadecimentos não lhe permitiam regressar. Convinha que as forças de mare terra ficassem reunidas sob uma só direção e que esta fosse confiada aum general de prestígio e bons precedentes. A ausência de chefesimportantes e de grande número de oficiais poderia abalar a disciplina <strong>do</strong>Exército e era necessário que o Governo Imperial, atenden<strong>do</strong> a estapossibilidade, tomasse todas as providências para a conveniente aceleraçãodas operações militares.Entro nestas explicações porque pode suceder que nesse país se dêà nomeação <strong>do</strong> príncipe uma significação que ela não tem. Do que acabode dizer fará V. ... o uso que for conveniente.O sr. conselheiro Paranhos conserva-se ainda em Assunção eregressará a Buenos Aires logo que Sua Alteza chegue àquela cidade.Tratar-se-á então da organização de um governo paraguaio com [que] osalia<strong>do</strong>s possam entender-se. As últimas notícias <strong>do</strong> Paraguai, chegadasontem, dão Lopez em Ascurra, 12 a 15 léguas d’Assunção e próximo àscordilheiras, para onde marchava nosso exército nos primeiros dias <strong>do</strong>corrente, seguin<strong>do</strong> pela via férrea que estava sen<strong>do</strong> estabelecida por nós.O inimigo dispõe de poucos recursos depois das derrotas que sofreu emdezembro. Nossa esquadra e os navios de comércio percorrem, sem omenor embaraço, toda a extensão <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> Paraguai até Mato Grosso e<strong>do</strong> Paraná até a tranqueira <strong>do</strong> Loreto. Um telegrama, expedi<strong>do</strong> de BuenosAires, noticiava que o inimigo surpreendera nossos piquetes avança<strong>do</strong>s eque dera-se uma sanguinolenta batalha junto a Luque ou Cerro Leon. Essetelegrama é inteiramente falso, não passan<strong>do</strong>, como outros, de umareprovada especulação de bolsa.Reitero etc.Barão de Cotegipe.** *329


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>AHI 317/03/10Circular de 08/05/1869. Índice: “Documentorelativo à guerra.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiaisIlmo. e Exmo. sr.8 de maio de 1869.Os n. 99 e 105 <strong>do</strong> Diário Oficial, que V. ... encontrará na coleção<strong>do</strong> costume, contém importantes declarações feitas pelos oficiaisbrasileiros Cunha Mattos, Valporto e Pessoa, que estiveram sob opoder de Lopez como prisioneiros de guerra.De ordem de S. Exa. o senhor barão de Cotegipe, chamo atençãode V. ... para essas declarações, recomendan<strong>do</strong>-lhe que faça delas ouso conveniente.Tenho a honra de reiterar etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/03/10Circular de 13/05/1869. Índice: “Conflito com ogeneral Webb.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiais13 de maio de 1869.O general Webb, ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, não poden<strong>do</strong>conseguir que com ele me entendesse sobre o ajuste de uma330


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870reclamação, que o seu governo tinha prometi<strong>do</strong> reconsiderar, dirigiumeuma nota extremamente violenta e ofensiva, que encerroupedin<strong>do</strong> seus passaportes, e poucos dias depois uma outra,reiteran<strong>do</strong> este pedi<strong>do</strong> e declaran<strong>do</strong> formalmente suspensas asrelações diplomáticas entre o governo americano e o atual governo<strong>do</strong> Brasil.Devolvi a primeira dessas notas, e enviei os passaportes pedi<strong>do</strong>s,declaran<strong>do</strong> por meu termo que cessaram as relações diplomáticas <strong>do</strong>governo <strong>do</strong> Brasil com o atual ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América.O Governo Imperial persuade-se que o americano não há deaprovar o procedimento <strong>do</strong> seu representante, e que, portanto,nenhuma alteração sofreram as relações de amizade, que existementre os <strong>do</strong>is países.Junto ao presente, despacho a primeira folha <strong>do</strong> Diário Oficial dehoje, em que estão publicadas as notas que troquei com o generalWebb.Aproveito este ensejo para reiterar a V. ... etc.Barão de Cotegipe.Expedida às legações em Viena, Bruxelas, Berna, Roma, Paris, Londres,Florença, Lisboa, Berlim, S. Petersburgo, nas repúblicas <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r,Chile, Bolívia, Argentina, de Venezuela, Oriental <strong>do</strong> Uruguai, Colombiana;à missão especial no Rio da Prata; e aos consula<strong>do</strong>s na Dinamarca,Holanda, Espanha, em Hamburgo e no Peru (i.e. nos países onde nãohá legações).** *AHI 317/01/05Circular de 21/05/1869.Às legações e consula<strong>do</strong>sS. CentralN.Circular331


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>21 de maio de 1869.Junto ao presente despacho duas cópias de um aviso <strong>do</strong> Ministério<strong>do</strong> Império de 3 <strong>do</strong> corrente mês e <strong>do</strong> anexo a que ele se refere.Tratam esses <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong> seguinte fato.O dr. Theo<strong>do</strong>ro de Valcourt, em um relatório apresenta<strong>do</strong> ao governofrancês, disse que na faculdade de medicina <strong>do</strong> Rio de Janeiro, à imitação<strong>do</strong> que se pratica nas de Iena e Palermo, vendem-se diplomas de <strong>do</strong>utor.O diretor daquela faculdade reclamou com justa razão contrasemelhante falsidade, publicou a sua reclamação no Jornal <strong>do</strong> Commerciode 28 <strong>do</strong> mês próximo passa<strong>do</strong> e deseja que essa reclamação sejatranscrita nos principais diários da Europa, por intermédio das legaçõesde Sua Majestade.S. Exa. o sr. barão de Cotegipe não autoriza a publicação integraldesse <strong>do</strong>cumento, além de outras razoes óbvias, por que não será fácilconseguir que algum diário o aceite nos termos em que está concebi<strong>do</strong>,mas recomenda a V. Exa. que, entenden<strong>do</strong>-se com o editor <strong>do</strong> diáriomais importante dessa capital, faça publicar uma declaração quepreencha o objeto que tem em vista. Não é necessário que estadeclaração seja assinada por V. Exa.; bastará que seja feita segun<strong>do</strong>o costume, dizen<strong>do</strong> o editor – estamos autoriza<strong>do</strong>s para declarar – ou– a pedi<strong>do</strong> de etc.Fazen<strong>do</strong> esta recomendação a V. Exa. de ordem de S. Exa. osr. ministro desta repartição, tenho a honra de reiterar-lhe as segurançasetc.J. T. <strong>do</strong> A.** *AHI 317/01/07Circular de 29/05/1869.Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiaisS. CentralCircular332


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Em 29 de maio de 1869.O general Webb partiu para os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s no dia 26,ten<strong>do</strong> acredita<strong>do</strong> como encarrega<strong>do</strong> de negócios interino ao sr.Monroe e apresenta<strong>do</strong> por meu intermédio a S. M. a cartarevocatória que punha termo à sua missão. Retirou-se, pois,deixan<strong>do</strong> restabelecidas as relações diplomáticas, que ele mesmohavia declara<strong>do</strong> suspensas.Este restabelecimento de relações efetuou-se por iniciativa ediligência <strong>do</strong> sr. Mathew, ministro de S. M. Britânica.No incluso exemplar <strong>do</strong> Diário Oficial de hoje, encontrará V.... os <strong>do</strong>cumentos relativos a este negócio. O general Webb retiroua sua nota de 10 deste mês e eu as minhas <strong>do</strong> dia 12 tambémdeste mesmo mês e de 28 <strong>do</strong> anterior. A nota <strong>do</strong> dia 3 havia si<strong>do</strong>devolvida ao general e fica portanto considerada como não existente.Dirigin<strong>do</strong> a V. ... este despacho em aditamento ao <strong>do</strong> dia 13,aproveito a ocasião para reiterar-lhe as seguranças etc.** *AHI 317/03/10Circular de 23/06/1869. Índice: “Notícias daguerra.”Às legações imperiais23 de junho de 1869.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição tenho ahonra de comunicar a V. ... que os exércitos alia<strong>do</strong>s moveram-se deLuque, em busca <strong>do</strong> inimigo, em 24 <strong>do</strong> mês último.S. A. o sr. conde d’Eu, comandante-em-chefe das forçasbrasileiras, avançou na direção da linha férrea que conduz a Vila-Rica, à frente <strong>do</strong> grosso <strong>do</strong> nosso Exército, e acha-se acampa<strong>do</strong> emPiraju, povoação quase fronteira à cordilheira em que diz estar Lopezno seu acampamento de Ascurra.333


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Para complemento <strong>do</strong> plano por Sua Alteza a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, forampor ele confiadas duas expedições aos generais João Manuel MennaBarreto e Corrêa da Câmara, operan<strong>do</strong> este pelo norte, nodepartamento de S. Pedro, e aquele ao sul daquela cordilheira.O general Corrêa da Câmara, encontran<strong>do</strong> o inimigo no referi<strong>do</strong>departamento, em força de 1.400 homens com 14 bocas de fogo,travou com ele renhi<strong>do</strong> combate, de que resultou-nos esplendida vitória,causan<strong>do</strong> ao inimigo a perda de 500 homens mortos e 300 prisioneiros,ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> em nosso poder 12 peças d’artilharia, muito armamento emunições. Era desse departamento que tirava Lopez o seu maiorsuprimento de ga<strong>do</strong>.Enquanto isto se passava, partiu o general Menna Barreto com ofim de cair sobre Vila-Rica, o que não pôde realizar por ter acha<strong>do</strong>muito crescidas as águas <strong>do</strong> Tebicuari. Deparan<strong>do</strong>, porém, com umafortificação inimiga, avançou sobre ela, bateu a sua guarnição, fazen<strong>do</strong>muitos prisioneiros e matan<strong>do</strong> o resto. Mais para diante encontrou ele4.000 famílias paraguaias que Lopez obrigava a segui-lo, como é sabi<strong>do</strong>,eram outros tantos reféns à fidelidade de seus solda<strong>do</strong>s, os quais ven<strong>do</strong>sempre a ameaça suspensa sobre os seus, curvavam-se submissosà vontade <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r. Todas essas famílias foram logo mandadas paraAssunção, onde lhes serão proporcionadas todas as comodidadespossíveis.Estamos, portanto, senhores de toda a planície, frente a frentecom o inimigo, no seu, provavelmente, último reduto, e a to<strong>do</strong> omomento se espera a notícia de haver S. A. o senhor conde d’Euataca<strong>do</strong> o acampamento de Ascurra.Os alia<strong>do</strong>s chegaram a um acor<strong>do</strong> a respeito <strong>do</strong> governo provisório,que os paraguaios estabeleceram em Assunção, e espera-se tambémbrevemente ter certeza de que esse governo se acha estabeleci<strong>do</strong> ereconheci<strong>do</strong> pelos alia<strong>do</strong>s.Lopez declarou os cônsules da Itália e da França desertores deseu posto.Reitero a etc.Barão de Cotegipe.(A todas as legações, menos as de Montevidéu e Buenos [Aires], e amissão especial no Rio da Prata).** *334


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/10Circular de 06/07/1869. Índice: “Documentosrelativos à guerra.”Às legações imperiaisDiretoria-Geral6 de julho de 1869.De ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. ministro desta repartição, tenho ahonra de remeter a V. ... com o presente ofício um exemplar <strong>do</strong>folheto “Papeles del tirano del Paraguay toma<strong>do</strong>s por los alia<strong>do</strong>s emel assalto de 27 de deciembre de 1868” manda<strong>do</strong> publicar pelo governoargentino.Chaman<strong>do</strong> a atenção de V. ... para importantes <strong>do</strong>cumentosque contém esse folheto, recomen<strong>do</strong>-lhe que faça deles o uso quejulgar conveniente.Renovo a V. ... as seguranças etc.Ilmo. sr...Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/03/10Circular de 08/07/1869. Índice: “Acerca <strong>do</strong>reconhecimento <strong>do</strong> governo provisório noParaguai.”Às legações imperiaisDiretoria-Geral335


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>8 de julho de 1869.De ordem <strong>do</strong> Exmo. sr. ministro desta repartição, e emaditamento à circular de 23 <strong>do</strong> mês fin<strong>do</strong>, tenho a honra de remeter aV. ... um exemplar <strong>do</strong> Diário Oficial <strong>do</strong> 1º <strong>do</strong> corrente, em que vempublica<strong>do</strong> o acor<strong>do</strong> a que chegaram os plenipotenciários <strong>do</strong>s governosalia<strong>do</strong>s sobre os termos <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong> governo provisório,que os cidadãos paraguaios, amigos da aliança, pretendem estabelecer.Chaman<strong>do</strong> a atenção de V. ... para esse importante<strong>do</strong>cumento e para as notas trocadas entre os referi<strong>do</strong>splenipotenciários e a comissão encarregada de promover a realizaçãodaquelas nobres e legítimas aspirações <strong>do</strong> povo paraguaio,recomen<strong>do</strong>-lhe que lhes dê a devida publicidade.No dia 27 de junho deviam partir para Assunção o nossoplenipotenciário, o comissário argentino e <strong>do</strong>is membros da comissãoparaguaia, ten<strong>do</strong> já segui<strong>do</strong> o terceiro membro. Esperava-se quebrevemente tomaria o mesmo destino o plenipotenciário oriental.Renovo a V. ... as seguranças etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.Às legações em:Paris – Lisboa – Roma – Suíça – Londres – Bruxelas – S. Petersburgo– Berlim – Florença – Viena – Caracas – Valparaíso – Bolívia – Washington– Equa<strong>do</strong>r.E aos consula<strong>do</strong>s-gerais: nos Países Baixos, Dinamarca e Peru.(Ao sr. J. D. Ponte Ribeiro: cópia)** *AHI 317/03/10Circular de 21/07/1869. Índice: “Conflito <strong>do</strong>general Webb.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiais336


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-187021 de julho de 1869Em aditamento à circular de 29 de maio próximo passa<strong>do</strong>, remetoa V. ... o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de hoje, em que estãopublicadas quatro notas trocadas em Washington entre o governoamericano e a legação imperial a respeito <strong>do</strong> procedimento <strong>do</strong> generalWebb nesta corte. Como V. ... verá, esse procedimento foi reprova<strong>do</strong>.Aproveito esta oportunidade para reiterar etc.Barão de Cotegipe.Às legações e consula<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s na precedente circular 29 ,menos para Washington, e acrescen<strong>do</strong> as de Montevidéu, BuenosAires e o consula<strong>do</strong>-geral em Hamburgo.** *AHI 317/03/10Circular de 22/07/1869. Índice: “Declaração <strong>do</strong>paraguaio Valiente.”Às legações e consula<strong>do</strong>s imperiais22 de julho de 1869.De ordem de S. Exa. o sr. barão de Cotegipe incluso remeto a V...., para o uso conveniente, um retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de ontem, emque se acha publicada uma extensa e interessante declaração <strong>do</strong>Paraguai [sic] Valiente a respeito das atrocidades cometidas por Lopez.29N. E. – As legações e os consula<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s são os seguintes: legações - Paris, Lisboa,Roma, Suíça, Londres, Bruxelas, S. Petersburgo, Berlim, Florença, Viena, Caracas, Valparaíso,Bolívia, Washington e Equa<strong>do</strong>r; consula<strong>do</strong>s – Países Baixos, Dinamarca e Peru.337


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Tenho a honra de reiterar a V. ... as seguranças etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/03/10Circular de 18/09/1869. Índice: “Restabelecimento<strong>do</strong> governo provisório em Assunção.”Às legações e consula<strong>do</strong>s (os de costume)na Europa e na AméricaDiretoria-Geral18 de setembro de 1869.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição, tenho ahonra de passar às mãos de V. ... o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial noqual se acham publica<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos relativos aoestabelecimento <strong>do</strong> governo provisório em Assunção e bem assim<strong>do</strong>is decretos <strong>do</strong> mesmo governo declaran<strong>do</strong> trai<strong>do</strong>res os que seguirema Lopez e pon<strong>do</strong> a este fora da lei.Reitero a V. ... etc.Barão de Cotegipe.** *AHI 317/03/10Circular de 22/12/1869. Índice: “Retirada dasforças de Assunção.”338


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870Às legações imperiais e consula<strong>do</strong>sDiretoria-GeralEm 22 de dezembro de 1869.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição, tenho a honrade passar às mãos de V. ... o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial de 18 <strong>do</strong>corrente, no qual se acha publica<strong>do</strong> o protocolo assina<strong>do</strong> em Assunção,relativo à retirada de parte das forças aliadas em operações no Paraguai.Reitero etc.Joaquim Thomaz <strong>do</strong> Amaral.(Às legações de Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Áustria, Prússia,Rússia, Suíça, Itália, Bélgica, Roma. Aos consula<strong>do</strong>s da Dinamarca eHolanda.)** *AHI 317/01/05Circular de 21/02/1870.Ao corpo diplomático brasileiroSeção CentralCircularDiretoria-GeralEm 21 de fevereiro de 1870.De ordem de S. Exa. o sr. ministro e secretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>sNegócios Estrangeiros, tenho a honra de passar às mãos de V. S., para339


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>seu conhecimento e uso conveniente, o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficialde 18 deste mês, onde se acha publica<strong>do</strong> a interrogatório feito à sra.Mariana Dolores Pereira, mãe <strong>do</strong> bispo <strong>do</strong> Paraguai, d. Manoel AntonioPalacios.Aproveito a oportunidade para renovar a V. S. as seguranças deminha perfeita estima e distinta consideração.J. T. <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/01/05Circular de 23/03/1870.Às legações imperiais e consula<strong>do</strong>sCircularS. C.Reg.Em 23 de março de 1870.De ordem de S. Exa. o sr. barão de Cotegipe, tenho a maiorsatisfação em remeter a V. ... o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial <strong>do</strong> dia18, em que se acha publicada a interessante notícia <strong>do</strong> último triunfoda aliança e da morte <strong>do</strong> marechal Lopez.Queira V. ... dar a maior publicidade a esta notícia.Aproveito etc.J. T. <strong>do</strong> Amaral.** *340


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/05Circular de 31/03/1870.Às legações <strong>do</strong> BrasilS. C.CircularEm 31 de março de 1870.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição, tenho ahonra de passar às mãos de V. ... o incluso retalho <strong>do</strong> Diário Oficial dehoje, no que se acha a parte de S. A. R. o sr. conde d’Eu relativa aosúltimos sucessos ocorri<strong>do</strong>s no Paraguai.Reitero a V. ... etc.J. T. <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/01/05Circular de <strong>04</strong>/<strong>04</strong>/1870.Ao corpo diplomáticoEm 4 de abril de 1870.A notícia <strong>do</strong> último triunfo, alcança<strong>do</strong> pelas armas aliadas <strong>do</strong>Brasil e das repúblicas Argentina e Oriental <strong>do</strong> Uruguai, contra o governo<strong>do</strong> marechal Lopez é oficialmente confirmada pelo Exmo. sr. conselheiroParanhos em uma comunicação que o Governo Imperial acaba dereceber.341


CADERNOS <strong>Cadernos</strong> DO <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong>Está, pois, concluída a guerra <strong>do</strong> Paraguai, e eu cumpro o maisgrato dever, comunican<strong>do</strong> oficialmente este importante fato em nome<strong>do</strong> Governo Imperial ao sr. ....A terminação desta guerra, em que os alia<strong>do</strong>s, vitoriosos, foramsempre humanos para com os venci<strong>do</strong>s e diligentes em socorrer osestrangeiros oprimi<strong>do</strong>s, não importa somente a satisfação <strong>do</strong>s agravosfeitos aos três Esta<strong>do</strong>s e à segurança de suas futuras relações com oParaguai e para o comércio de todas as nações.O governo provisório, que se acha estabeleci<strong>do</strong> e cuja instalação foiuma prova evidente da sinceridade das estipulações <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de aliança,que se referem à independência <strong>do</strong> Paraguai, tem conhecimento oficialdesse trata<strong>do</strong>; e, consultan<strong>do</strong> os interesses bem entendi<strong>do</strong>s de seupróprio país, há de ser o primeiro a coadjuvar os alia<strong>do</strong>s na realização dasidéias que manifestaram a respeito da liberdade da navegação fluvial.Neste ponto coincidem naturalmente os interesses <strong>do</strong> Paraguai,<strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s e de todas as nações marítimas; e é um motivo de vivasatisfação para os alia<strong>do</strong>s que o triunfo de suas armas, obti<strong>do</strong> à custade tanta perseverança e de tantos sacrifícios, seja também o triunfoda civilização.O Governo Imperial não duvida um só instante que este benéficoresulta<strong>do</strong> da aliança encontrará o seu natural complemento na próximaorganização <strong>do</strong> governo definitivo <strong>do</strong> Paraguai, cuja livre eleição ele eseus alia<strong>do</strong>s consideram como uma conseqüência necessária da guerrae como um meio de chegarem ao estabelecimento de permanentesrelações de amizade e boa vizinhança.Pela sua parte o Brasil, preven<strong>do</strong> com muita antecipação asnecessidades a que teria de atender, tomou à [sic] cerca de quatroanos as medidas que essas necessidades requerem. A lei de 19 desetembro de 1866 autorizou o governo a reduzir, como for conveniente,as taxas da tarifa especial da alfândega de Corumbá na província deMato Grosso, e a conceder por espaço de cinco anos, terminada aguerra, completa isenção <strong>do</strong>s direitos de consumo e de exportação;disposição que já foi posta em vigor pelo decreto n. 4388 de 15 dejulho de 1869, limitada por enquanto a <strong>do</strong>is anos a isenção completa<strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s direitos.Tenho a honra de etc.Barão de Cotegipe.** *342


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/01/05Circular de 21/<strong>04</strong>/1870.Para as legações <strong>do</strong> BrasilS. C.CircularD. G.Em 21 de abril de 1870.De ordem de S. Exa. o sr. ministro desta repartição, tenho ahonra de remeter os inclusos retalhos <strong>do</strong> Diário Oficial, em que seacham publicadas a circular dirigida por este Ministério ao corpodiplomático residente nesta corte, dan<strong>do</strong>-lhe conhecimento da felizterminação da guerra com o Paraguai e as respostas <strong>do</strong> corpodiplomático, com exceção <strong>do</strong> ministro de França, o qual ainda nãorespondeu.Reitero etc.J. T. <strong>do</strong> Amaral.** *AHI 317/01/05Circular de 31/08/1870.Ao corpo diplomático e consular brasileiroSeçãoCircularEm 31 de agosto de 1870.343


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Haven<strong>do</strong> regressa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio da Prata, onde me achava em missãoespecial, entrei hoje de novo no exercício <strong>do</strong> cargo de ministro esecretário d’Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.Aproveito esta oportunidade para renovar à V. Exa. as segurançasda minha perfeita estima e distinta consideração.J. M. da S. Paranhos.** *AHI 317/01/05Circular de 15/09/1870.Às legações e consula<strong>do</strong>sSeção CentralCircularEm 15 de setembro de 1870.Ilmo. Exmo. sr.De ordem de S. Exa. o senhor ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,tenho a honra de remeter a V. Exa. os diários juntos de 12 e 14 <strong>do</strong>corrente, nos quais se encontram os discursos que S. Exa. proferiu noSena<strong>do</strong> nas sessões de 5 e 6 por ocasião de discutir-se ali o orçamentodeste Ministério; explican<strong>do</strong> as nossas relações com o governoprovisório <strong>do</strong> Paraguai e as deste com os alia<strong>do</strong>s.Aproveito a oportunidade etc.J. T. <strong>do</strong> Amaral.** *344


A VERSÃO OFICIAL - CIRCULARES DO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS - 1815-1870AHI 317/03/12Circular de 14/10/1870.Aos presidentes das provínciasCircularN. 5Em 14 de outubro de 1870.Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r Houve por bem resolver que, napresente guerra entre a França e a Prússia sejam mantidas as circularesdeste ministério de 1 de agosto de 1861, 23 de junho de 1863 e 27 deagosto último, com o seguinte aditamento:1.°) Os navios <strong>do</strong>s beligerantes tomarão combustível nos portos<strong>do</strong> Império unicamente para a continuação da viagem.É proibi<strong>do</strong> o fornecimento de carvão aos navios que percorreremos mares vizinhos <strong>do</strong> Brasil para apresar embarcações <strong>do</strong> inimigo oupraticar qualquer outro gênero de hostilidade.Ao navio que uma vez receber combustível em nossos portosnão se permitirá novo fornecimento senão quan<strong>do</strong> houver decorri<strong>do</strong>um prazo razoável, que faça crer que o dito navio regressou depoisde concluída a sua viagem a um porto estrangeiro.2.°) É proibi<strong>do</strong> anunciar pelo telégrafo a partida ou a próximachegada de algum navio mercante ou de guerra <strong>do</strong>s beligerantes, oudar a este qualquer ordem, instrução ou aviso, tendente a prejudicaro inimigo.Neste senti<strong>do</strong> V. Exa. deverá expedir as convenientes ordens àsestações <strong>do</strong>s telégrafos e aos alvissareiros.Aproveito a oportunidade para reiterar a V. Exa. as segurançasde minha perfeita estima e distinta consideração.V. de S. Vicente.A S. Exa. o sr. presidente da província de ....** *345


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOSDO BARÃO DO RIO BRANCO(III)


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)APRESENTAÇÃODan<strong>do</strong> continuidade à edição de textos da autoria <strong>do</strong> barão <strong>do</strong>Rio Branco, publica<strong>do</strong>s anonimamente ou sob pseudônimo,transcrevemos a seguir alguns artigos estampa<strong>do</strong>s no Jornal <strong>do</strong> Brasilem 1891 e 1892, sob o pseudônimo de F.H. e Ferdinand Hex.Rio Branco, que colaborou estreitamente com seu amigo Ro<strong>do</strong>lfoDantas na criação <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil, limitou sua colaboração ostensivacom o jornal à publicação das Efemérides, retoman<strong>do</strong> uma experiência<strong>do</strong>s seus tempos de A Nação. Além de arregimentar colabora<strong>do</strong>reseuropeus para o JB (Paul Leroy-Beaulieu, Edmun<strong>do</strong> de Amicis, AndréasFranz Schimper, Emile de Laveleye), comprometeu-se com Ro<strong>do</strong>lfo aenviar uma coluna com um sumário das notícias mais interessantes deParis. Foram as Cartas de França, ao to<strong>do</strong> seis, publicadas em oitonúmeros <strong>do</strong> jornal entre 12 de abril e 18 de junho de 1891.Provavelmente porque não queria identificar-se abertamente com ojornal ostensivamente monarquista, Rio Branco não assinava os artigos,que apareceram como de autoria de F.H. Tem-se certeza de sua autoriapor um trecho de carta de Ro<strong>do</strong>lfo Dantas a Rio Branco de 5 de maiode 1891: “Suas correspondências têm esta<strong>do</strong> magníficas e obti<strong>do</strong>extraordinário sucesso; de toda parte perguntam-me quem é o autor.Respon<strong>do</strong> que é um colega meu da Escola Livre de Ciências Políticas,que escreve em francês, incumbin<strong>do</strong>-me eu da tradução. Cortei aassinatura Henrique Batalha, substituin<strong>do</strong>-a pelas iniciais F.H., porquenuma folha da tarde um sujeito estava aqui escreven<strong>do</strong> com aquelepseudônimo. Já lhe disse que vamos dar as Efemérides em mui belaedição, quan<strong>do</strong> terminar a publicação.”O clima da nova república não era propício à sobrevivência deum importante jornal monarquista. Joaquim Nabuco, que assumira achefia da redação em junho, publica artigos de grande repercussão. Adissolução <strong>do</strong> Congresso em 3 de novembro pelo Marechal Deo<strong>do</strong>ro,que renuncia a 23 <strong>do</strong> mesmo mês, inicia um perío<strong>do</strong> de radicalização.O jornal é invadi<strong>do</strong> na noite de 16 de dezembro; Nabuco e Ro<strong>do</strong>lfoDantas, sentin<strong>do</strong>-se ameaça<strong>do</strong>s, partem para a Europa, a 29 dedezembro, a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo navio; e o controle <strong>do</strong> jornal é transferi<strong>do</strong>.Em meio a estes dias tumultua<strong>do</strong>s, o Jornal <strong>do</strong> Brasil publica, a22 de dezembro, o artigo “D. Pedro II”, envia<strong>do</strong> de Paris, com a data de5 de dezembro, dia da morte <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. Vai assina<strong>do</strong> por FerdinandHex. O mesmo pseudônimo que Rio Branco usará no longo artigo “A349


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>morte e os funerais de d. Pedro II”, data<strong>do</strong> de 12 de dezembro, maspublica<strong>do</strong>, na coluna “Cartas de França”, em seis partes, de 8 a 20 dejaneiro de 1892.A identidade de Ferdinand Hex causou certa perplexidade entreos estudiosos. Pedro Calmon assimila o pseudônimo a Frederico de S.,que teria si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> por Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, para atribuir a este a autoria<strong>do</strong>s artigos de Rio Branco (CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. Riode Janeiro: J. Olympio; Brasília: INL, 1975. p. 1893, nota 8). LuísViana Filho não somente atribui a Rio Branco a autoria <strong>do</strong>s artigossobre o impera<strong>do</strong>r como lembra que foram publica<strong>do</strong>s sob a forma deum opúsculo em 1892.A pesquisa e a transcrição <strong>do</strong>s artigos, sob supervisão <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong>,foi feita por Amália Cristina Dias da Rocha Bezerra, estudante dehistória da UFRJ e estagiária <strong>do</strong> <strong>CHDD</strong>. Foi atualizada a ortografia,mas respeita<strong>do</strong>, em certos casos, o uso de maiúsculas da publicaçãooriginal.O Editor350


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)CARTAS DE FRANÇAParis, 22 de março de 1891. 1Sumário – Morte de Theo<strong>do</strong>re de Bainville – Férias parlamentares –Arbitramento na Questão da Terra Nova – A crise argentina e a Sociedadede Depósitos e Contas Correntes – Negócios <strong>do</strong> Tonquim – Jules Ferrye a liga <strong>do</strong>s patriotas – O cabo telefônico submarino entre Calais eDover – O aniversário da Comuna – Os sucessores de Leon Delibes eMeissonier – Lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> grande pintor <strong>do</strong>s museus nacionais – Umpretenso quadro de Jules Worms no Rio de Janeiro – A estátua deMeissonier – As novidades literárias e artísticas – Emílio Zola – No país<strong>do</strong>s generais – Excentricidades de excursionistas – Augusto Marxagonizante – Os fun<strong>do</strong>s brasileiros e chilenos – Ocorrências diversas.Morreu Theo<strong>do</strong>ro de Bainville, um <strong>do</strong>s últimos e gloriososrepresentantes <strong>do</strong> romantismo. Morreu repentinamente na noite de 13<strong>do</strong> corrente na véspera <strong>do</strong> dia de seus anos. Dois dias antes, encontreioainda cheio de vida, no jardim <strong>do</strong> Luxemburgo, seu passeio predileto,contemplan<strong>do</strong> ao longe o zimbório <strong>do</strong> Panteon.Seu funeral teve lugar no dia 16, afluin<strong>do</strong> à igreja de Santo Sulpíciotu<strong>do</strong> o que Paris conta mais ilustre nas letras, nas artes e na política.Uma companhia <strong>do</strong> 4º regimento de linha prestou-lhe as honras militaresa que tinha direito como oficial da Legião de Honra.* * *Outro morto destes últimos dias foi o príncipe Jerônimo Napoleão,o César declassé, como com razão o chamaram.Este não teve, seguramente, a existência calma <strong>do</strong> poeta Bainville.Passou a vida conspiran<strong>do</strong> e intrigan<strong>do</strong> e, apesar <strong>do</strong> seu grande talento,ilustração e espírito, só deixa após si um triste lega<strong>do</strong> de desprezo eódios.Faleceu, depois de prolonga<strong>do</strong>s padecimentos, na manhã de 17<strong>do</strong> corrente, em Roma, cerca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s de sua mulher, que eletanto fez sofrer, <strong>do</strong> rei Humberto, seu cunha<strong>do</strong>, e <strong>do</strong>s outros membrosda família real.Nos últimos dias consentiu em receber o príncipe Vitor.1N. E. – Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 12 de abril de 1891.351


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Sua morte nenhuma influência terá na política francesa. O antigoparti<strong>do</strong> bonapartista deixou de ser uma força com que se deva contare não é provável que aumente, agora, muito o reduzi<strong>do</strong> número defiéis que acompanham o príncipe Vítor.O cesarismo está morto em França. A sua última manifestaçãofoi a aventura boulangista. As lições <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> ensinaram este povo anão mais entregar os seus destinos ao arbítrio de um homem. A Françaestá satisfeita com o regime parlamentar que possui.* * *As Câmaras francesas suspenderam os seus trabalhos a partirdesta tarde e por espaço de um mês. Para os representantes da nação,as férias da Páscoa irão provavelmente até 21 de abril, mas algunsmembros pretendem requerer hoje que sejam prolonga<strong>do</strong>s até 27.Na próxima reunião <strong>do</strong> Parlamento será discutida desde logo pelaCâmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s a nova tarifa geral das alfândegas, de mo<strong>do</strong> apoder ser em tempo remetida ao Sena<strong>do</strong>. O novo regime econômicodeverá ficar estabeleci<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> ano, porque expiram no 1ºde fevereiro de 1892 os trata<strong>do</strong>s de comércio. O protecionismo parecedever alcançar completa vitória com as represálias que se projetam.* * *A causa da questão da pesca na Terra Nova vai ser resolvidapor arbitramento. A convenção foi assinada em Londres no dia 11entre os srs. Wadington, embaixa<strong>do</strong>r francês, e lorde Salisbury. Acomissão arbitral será formada de <strong>do</strong>is delega<strong>do</strong>s de cada um <strong>do</strong>sgovernos e de três jurisconsultos estrangeiros, que serão os srs.Martens, professor de Direito das Gentes na Universidade de SãoPetersburgo; Rivier, cônsul-geral da Suíça em Bruxelas; e Gram, exministro<strong>do</strong> Tribunal Supremo da Noruega.* * *A República Argentina continua na ordem <strong>do</strong> dia com a crisefinanceira e o grande logro que pregou aos capitalistas europeus. To<strong>do</strong>sos dias chegam telegramas que vão dan<strong>do</strong> conta dessa longa agoniadas finanças naquele país. O câmbio continua horroroso e os quepensavam ter acumula<strong>do</strong> fortunas colossais, com as desbragadasespeculações da Bolsa, vêem-se hoje com um papel que pouco vale,envolvi<strong>do</strong>s no desastre geral. Governo federal e governos provinciaisestão to<strong>do</strong>s na mesma situação desespera<strong>do</strong>ra, conseqüência <strong>do</strong>s loucos352


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)esbanjamentos destes últimos anos. Ainda anteontem, 19, umtelegrama <strong>do</strong> Banco da Província de Buenos Aires anunciava à casaBaring Brothers, de Londres, que o governo da província não podiafazer a remessa necessária para o serviço <strong>do</strong> empréstimo provincialde 1882. O susto <strong>do</strong>s capitalistas europeus é enorme: a RepúblicaArgentina parece dever entrar agora, definitivamente, na categoria deto<strong>do</strong>s os outros esta<strong>do</strong>s da América espanhola, menos o Chile, paísesque desde longa data arvoraram em sistema o calote. O Chile mesmo,com a sua guerra civil, começa a inspirar receios.Há meses teve o governo argentino a triste glória de abalar umadas mais antigas e sólidas casas da City, a <strong>do</strong>s seus agentes financeirosBaring Brothers, que teriam si<strong>do</strong> arrasta<strong>do</strong>s à bancarrota sem aintervenção <strong>do</strong> governo inglês e <strong>do</strong>s grandes banqueiros de Londres.Agora acaba de suceder o mesmo, aqui, com a Societé des Dépotset Comptes Courants, envolvida nos negócios argentinos, e cujos cre<strong>do</strong>ressó foram salvos de tremen<strong>do</strong> desastre pela pronta intervenção <strong>do</strong> ministroda Fazenda, <strong>do</strong> Banco de França e demais estabelecimentos de crédito.A sociedade entrará em liquidação amigável, fiscalizada por um <strong>do</strong>s bancosque se associarão para fornecer-lhe os fun<strong>do</strong>s necessários.Na Câmara, o deputa<strong>do</strong> Laur, no dia 14, censurou o ministro daFazenda. “O crédito público”, disse ele, “não se pode acomodar comesta maneira de manejar os fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Banco de França e com essasintervenções <strong>do</strong> governo em todas as grandes falências. Os pequenosbanqueiros são persegui<strong>do</strong>s; para com os grandes só se têmcondescendências”. Respondeu-lhe o sr. Fallières: “A Sociedade <strong>do</strong>sDepósitos e Contas Correntes achou-se em presença de sériasdificuldades. Graças à intervenção <strong>do</strong>s grandes bancos, ela pagaráintegramente os seus depósitos. Não serão os depositários que se hãode queixar desta solução e, se ficar prova<strong>do</strong> que foram cometi<strong>do</strong>s delitos,a justiça fará o seu dever.”O sr. Soubeyran aplaudiu o procedimento <strong>do</strong> ministro da Fazendae disse que foi ato de esclareci<strong>do</strong> patriotismo o salvar ele, assim, umaparte considerável das economias <strong>do</strong> povo e o crédito <strong>do</strong>sestabelecimentos bancários franceses.O governo vai estudar um projeto de lei sobre as instituições dedepósitos.* * *No Tonquim, segun<strong>do</strong> as notícias recebidas, foram mortos, pertode Ka-Vinh, um tenente e alguns inferiores e solda<strong>do</strong>s franceses. Ocomandante francês Debeylier, apoderou-se da posição de Ke-Dinh,ocupada pelos piratas, toman<strong>do</strong>-lhes artilharia, bandeiras e muitos353


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>papéis importantes. Os franceses apenas tiveram três homensferi<strong>do</strong>s.Na sessão de 19 da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, o visconde de Montfortdescreveu com cores mui sombrias a situação <strong>do</strong> Tonquim, aconselhan<strong>do</strong>o restabelecimento <strong>do</strong> governo militar naquela conquista. O sr. Etiennes,subsecretário das Colônias, respondeu a esse discurso declaran<strong>do</strong> queto<strong>do</strong>s os serviços estavam e continuariam sujeitos à autoridade civil.“Não é”, acrescentou ele, “que o governa<strong>do</strong>r-geral tenha a direção dasoperações militares; mas quan<strong>do</strong> se produzem distúrbios ou agressõesem algum ponto, pertence ao governo civil dar ordem à autoridademilitar para intervir, fican<strong>do</strong> então esta perfeitamente livre em seusmovimentos para conseguir o fim da intervenção”.A situação, segun<strong>do</strong> o sr. Etiennes, não é hoje pior <strong>do</strong> que era há<strong>do</strong>is anos. Não só pôde obter uma pacificação imediata e completa emterritório tão vasto, com uma população de 15 a 20 milhões de almas,onde, para vencer a resistência <strong>do</strong>s naturais, foi preciso sustentar umaguerra de cinco anos. Sem dúvida os piratas continuam a fazer excursõese acampam ora em um, ora em outro ponto <strong>do</strong> país. Mas o sr. Etiennesdeclara que esse esta<strong>do</strong> de coisas há de melhorar brevemente, para oque o governa<strong>do</strong>r-geral já celebrou um acor<strong>do</strong> com os chefes de umaquadrilha de piratas, hoje auxiliares da administração francesa napacificação <strong>do</strong> país, e continuará a empregar o mesmo expediente,atrain<strong>do</strong> outros chefes.Aos protestos calorosos <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s das oposições monárquicas,respondeu o sub-secretário de Esta<strong>do</strong> que o sistema de aliança com ospiratas fora aplica<strong>do</strong> já na Índia inglesa, dan<strong>do</strong> os melhores resulta<strong>do</strong>s,e que, em sua opinião, era esse o melhor parti<strong>do</strong> a seguir no Tonquim.* * *Esta noite o sena<strong>do</strong>r Jules Ferry deve presidir no ElyséeMontmartre a um banquete da Associação Nacional Republicana. ALiga <strong>do</strong>s Patriotas – que apesar de dissolvida pelo governo, temcontinua<strong>do</strong> a existir, toman<strong>do</strong> outras denominações, porém,conservan<strong>do</strong> a sua antiga organização e as mesmas tendênciasboulangistas – resolveu perturbar aquela reunião com uma estron<strong>do</strong>samanifestação contra os republicanos oportunistas e particularmentecontra o sr. Jules Ferry. Já ultimamente o sr. Paul Déroulède e outroscorifeus dessa sociedade, que pretende fazer monopólio <strong>do</strong> patriotismo,haviam coloca<strong>do</strong> em posição desagradável o governo e to<strong>do</strong>s osfranceses zelosos da reputação de cortesia de sua nação, promoven<strong>do</strong>manifestações da maior grosseria quan<strong>do</strong> a mãe <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r daAlemanha - uma mulher! - visitou esta capital.354


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Os ligueiros aliaram-se agora aos mais furiosos socialistas. O cidadãoMorphy (em França os republicanos só dão esse título aos anarquistase desordeiros) publicou um manifesto em que convidava os“trabalha<strong>do</strong>res” a virem vaiar Ferry-Fome, Ferry-Cólera, Ferry-Tonquim.A polícia resolveu intervir energicamente e, ontem e hoje, temprocedi<strong>do</strong> a buscas em várias casas. A ordem pública não seráperturbada. O ministro Constant é homem de pulso e disso já deuprova reduzin<strong>do</strong> à impotência o boulangismo, que pretendia destruiras instituições livres de sua pátria.* * *No dia 18, estabeleci<strong>do</strong> o cabo telefônico submarino entre Calaise Dover, pôde, pela primeira vez, ser ouvida a voz humana através deum braço de mar. O sr. Raikes, diretor <strong>do</strong>s correios ingleses, falou, deLondres, ao sr. Jules Roche, ministro <strong>do</strong> Comércio e das Colônias. “Ogênio e os esforços de vossos engenheiros”, disse ele, “foram coroa<strong>do</strong>sde pleno sucesso. A França e a Inglaterra, aliadas pela mútua estima epor interesses comuns, estão, desde hoje, ligadas pelo mais poderosoagente humano que é a voz. Tenho, assim, a honra de saudar-vos, sr.ministro, e de poder ser ouvi<strong>do</strong> a 300 milhas de distância, através dasterras e das águas <strong>do</strong> mar que separam as nossas capitais.”Estas palavras puderam ser ouvidas mui distintamente. O ministrorespondeu com muitos agradecimentos, lembran<strong>do</strong> os perigos quecorrera, por ocasião das últimas tempestades, o navio Monarch, queassentara o cabo, e saudan<strong>do</strong>, em nome <strong>do</strong> governo e <strong>do</strong> povo francês,o governo e o povo da Inglaterra.Falaram ainda os chefes <strong>do</strong>s telégrafos ingleses, o embaixa<strong>do</strong>rbritânico em Paris, lorde Lytton, e vários engenheiros das duas capitais.Às duas horas, os jornalistas de Londres puderam trocar suas primeirascomunicações. A linha, porém, só ficará aberta para o público no dia30 de março.* * *O 18 de março, aniversário da Comuna, foi, como sempre, celebra<strong>do</strong>pelos revolucionários e anarquistas com banquetes, punchs populares ebailes. Nessas reuniões comeu-se pouco, falou-se muito e bebeu-sedesesperadamente. A ordem pública não foi perturbada nas ruas, limitan<strong>do</strong>seos sergents de ville a carregar para os postos de polícia ou para suascasas alguns <strong>do</strong>s manifestantes, que ficaram caí<strong>do</strong>s, sacrifican<strong>do</strong> a Baco.* * *355


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A Academia de Belas Artes procedeu ontem à eleição <strong>do</strong> sucessorde Léon Delibes. Foi eleito, por 25 votos, Ernest Guiraud, o autor daGalante Aventure e de algumas outras composições musicais que nãotêm ti<strong>do</strong> o sucesso da ópera Patrie, <strong>do</strong> seu concorrente Paladilhe, autorda popularíssima Man<strong>do</strong>linata. Paladilhe apenas reuniu oito votos e V.Joncières só teve um.A seção de pintura da mesma academia classificou assim oscandidatos à cadeira <strong>do</strong> grande Meissonier: em primeiro lugar, JeanPaul Laurens; em segun<strong>do</strong>, Jules Lefebvre; e em terceiro, E<strong>do</strong>uardDetaille. A eleição terá lugar no dia 4 de abril. Se eu dispusesse de milvotos dá-los-ia to<strong>do</strong>s a Detaille, o discípulo predileto de Meissonier e omelhor <strong>do</strong>s pintores militares que agora possui a França depois damorte <strong>do</strong> mestre e de Alphonse de Neuville.* * *Meissonier legou aos museus nacionais <strong>do</strong>is de seus quadros:L’Attente, que representa um homem apoia<strong>do</strong> à janela, contemplan<strong>do</strong>a paisagem, quadro exposto em 1857 e 1887, e que ele nunca consentiuem vender, apesar das propostas que lhe foram feitas de algumascentenas de milhares de francos; e um esboço que não quis terminar,porque tinha-lhe especial predileção no esta<strong>do</strong> em que o deixou.Representa uma mulher vestida de cetim cinzento, cantan<strong>do</strong>,acompanhada por um monocordista.Esses <strong>do</strong>is quadros irão representar no Louvre a obra deMeissonier como pintor de gênero, especialidade em que igualou osmaiores mestres flamengos <strong>do</strong> XVIII século, ao passo que a Batalha deSolferino, transferida agora <strong>do</strong> Museu de Luxemburgo para o <strong>do</strong> Louvre,ali mostrará uma das suas mais admiráveis produções como pintormilitar. É um primoroso painel, abrangen<strong>do</strong> quase to<strong>do</strong> o extenso campode batalha em um pequeno espaço de 45 centímetros sobre 75, noqual se vê mais grandeza e sublimidade <strong>do</strong> que em muitas telas dedezenas de metros.* * *O pintor Jules Worms, informa<strong>do</strong> de que foi ofereci<strong>do</strong> a um <strong>do</strong>smuseus <strong>do</strong> Rio de Janeiro um quadro com a sua assinatura, declaraque, se é o mesmo que figurou em certa coleção que não pôde servendida há coisa de quatro anos em Paris, deve ser ti<strong>do</strong> como espúrio.O quadro, que como muitas outras máscaras, foi então submeti<strong>do</strong> aoexame de Worms, representava, em uma cena de interior, um homem356


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)e uma mulher com vestes da época <strong>do</strong> Diretório. Diz Worms quenunca fez semelhante pintura; que nem sequer ela é cópia ou imitaçãode alguns <strong>do</strong>s seus quadros, mas simplesmente obra de um pintordesconheci<strong>do</strong>, cuja assinatura foi suprimida para colocar-se aí o seunome.* * *A comissão nomeada para tratar <strong>do</strong> levantamento de uma estátuaa Meissonier confiou esse trabalho ao escultor Mercié, o glorioso autor<strong>do</strong> Quand même!. O artista já submeteu <strong>do</strong>is projetos aos membros dacomissão, mas, por proposta <strong>do</strong> general de Galliffet e <strong>do</strong> arquitetoGarnier, deixou-se-lhe inteira liberdade para preferir qualquer dessesprojetos, ou modificá-los segun<strong>do</strong> a sua inspiração.O monumento deverá ser coloca<strong>do</strong> no jardim da Infanta, junto àcolunata <strong>do</strong> Louvre, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio.* * *Não se passa uma quinzena nesta capital sem acontecimentosliterários e artísticos a registrar. Esta semana tivemos, na Grande Ópera,a primeira audição de Le Mage, de Massenet; no Teatro Francês, aprimeira representação <strong>do</strong> Mariage Blanc, de Jules Lemaître; e no Odéon,a reaparição <strong>do</strong> Conte d’ Avril, de Dorchain, que fez várias modificaçõesnessa sua adaptação livre da Twelfth Night, de Shakespeare. Tivemostambém a publicação <strong>do</strong> novo romance de Zola, L’Argent, e a aberturada exposição <strong>do</strong>s “artistas independentes”.A ópera Le Mage foi um grande sucesso, mas o drama de Lemaîtreproduziu uma impressão penosa no auditório.O novo romance <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Rougon-Macquart encontraráo mesmo favor que tem acolhi<strong>do</strong> as suas anteriores produções. O mun<strong>do</strong><strong>do</strong>s banqueiros, cambistas, corretores, zangões, homens de negóciose especula<strong>do</strong>res é estuda<strong>do</strong> nessas páginas com a maestria de quetem da<strong>do</strong> tantas provas o infatigável escritor. Deixo de entrar empormenores, porque o Jornal <strong>do</strong> Brasil tem o seu correspondenteespecialmente encarrega<strong>do</strong> da parte literária e artística. Direi apenasque, segun<strong>do</strong> uma carta escrita em 1870 por Zola a Louis Ulbach, eultimamente publicada, foi em 1869 que ele concebeu o vasto plano dasua história <strong>do</strong>s Rougon-Macquart. Referin<strong>do</strong>-se, nessa carta, à obraem que já então trabalhava dizia ele: “Estu<strong>do</strong> aí as fortunas rapidamentenascidas <strong>do</strong> golpe de esta<strong>do</strong>, o me<strong>do</strong>nho lodaçal financeiro que seseguiu a ele, os apetites desata<strong>do</strong>s atiran<strong>do</strong>-se a to<strong>do</strong>s os gozos, osescândalos mundanos. Acredito ingenuamente em um êxito feliz, porque357


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>estou tratan<strong>do</strong> o assunto com amor e procuro dar-lhe extrema exatidãoe relevo frisante.”Agora Emile Zola pôs mãos ao décimo-nono romance da série, LaGuerre, e partiu a visitar o campo de batalha de Sedan.Acaba de apresentar a sua candidatura à cadeira vaga de OctaveFeuillet na Academia Francesa.* * *Um livro que apareceu estes dias e que – embora se nãorecomende como obra de valor literário – vai ten<strong>do</strong> grande sucesso deleitura, é o de C. Texier, Au pays des généraux. É uma curiosa descrição<strong>do</strong>s costumes <strong>do</strong> Haiti, terra em que os generais se contam por centenase se improvisam da noite para o dia, em que as revoluções, deposiçõese aclamações se sucedem umas às outras; país venturoso onde sópode votar nas eleições quem é <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo e onde seadmiram heróis e figurões chama<strong>do</strong>s Salomon, Telémaque, Calipso,Murat, Bossuet, Byron, Marc Aurèle, e até mesmo Oxygène e Philoxera.* * *Mais duas excentricidades de excursionistas:Partiu desta capital um tal Sylvain Dornon, que vai até Moscoutrepa<strong>do</strong> em andas. Chegou no dia 18 um fidalgo russo, Leônidas deEnnatsky, secretário <strong>do</strong> governo de Kazan, ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em oitentadias a viagem de Samara a Paris em um tróica puxa<strong>do</strong> por três cavalos.Quase toda a viagem foi feita com a velocidade de duzentos quilômetrospor dia.* * *Acabo de saber que entrou hoje em agonia o sr. Auguste Marc,que escrevia no jornal Le Brésil e ultimamente publicou um livro sobreo Brasil. Os médicos declararam que um desfecho fatal era inevitável.* * *Os nossos fun<strong>do</strong>s de 4,5% cotam-se a 79 e 80 (foram emiti<strong>do</strong>suns a 80 e outros a 97); de 4%, a 74 e 73 (emiti<strong>do</strong>s a 90). Os chilenosde 4,5%, apesar da guerra civil, estão a 89 e 91.* * *358


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)O governo francês concedeu exequatur de nomeação <strong>do</strong> sr. GilCastelo Branco, cônsul-geral <strong>do</strong> Brasil em Marselha.* * *Formou-se nesta capital, sob a presidência <strong>do</strong> sr. Emile Levasseur,<strong>do</strong> Instituto, uma comissão que se propõe estudar as questões relativasà emigração e à imigração, procuran<strong>do</strong> assentar as bases de umalegislação internacional que proteja os interesses <strong>do</strong>s imigrantes eemigrantes. Quan<strong>do</strong> o projeto estiver redigi<strong>do</strong>, a comissão esperaprovocar a reunião de uma conferência em que os representantes <strong>do</strong>sgovernos interessa<strong>do</strong>s examinem se é possível chegar a acor<strong>do</strong>,a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s uma regulação uniforme.* * *Manifestaram-se muitos casos de febre escarlatina em algunsbairros desta cidade e o Liceu S. Luís foi licencia<strong>do</strong> no dia 14, porordem <strong>do</strong> ministro da Instrução Pública, ten<strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> cinco alunos.Nos outros colégios <strong>do</strong> governo o esta<strong>do</strong> sanitário é bom.* * *Georges Hugo, o neto <strong>do</strong> grande poeta, acaba de partir paraToulon, onde foi alistar-se na Marinha de Guerra. Há poucos dias, assistiaele ao casamento de sua irmã Jeanne, acontecimento que deu inspiraçõesa ora<strong>do</strong>res políticos, a poetas, a sumidades artísticas e a algumascentenas de jornalistas, mostran<strong>do</strong> mais uma vez que não é só nasmonarquias que há príncipes e privilégios de nascimento e de fortuna.Agora, toda a imprensa ocupa-se ainda uma vez com o neto de VítorHugo, que quis voluntariamente resgatar as suas estroinices de rapaz,trocan<strong>do</strong> os prazeres e elegâncias <strong>do</strong>s clubes, <strong>do</strong> Bois, <strong>do</strong>s basti<strong>do</strong>resde teatros, das ceias alegres, pela vida severa <strong>do</strong> artilheiro de Marinha e<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Mar. “No fim de três anos”, disse um jornalparisiense, “vê-lo-emos de novo entre nós, bronzea<strong>do</strong> pela disciplina,regenera<strong>do</strong> pela prática cotidiana <strong>do</strong> dever militar”.Felizes os povos cuja força armada é, assim, a melhor escolada disciplina e <strong>do</strong> dever!F. H.** *359


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>CARTAS DE FRANÇAParis, 27 de março de 1891. 2Sumário – Julio Ferry em Monmartre – No Parlamento: tarifas e férias– O socialismo e o exército – Julgamento de anarquistas – A rainha daInglaterra em França – Carnot condecora<strong>do</strong> pelo Czar – O ConselheiroPra<strong>do</strong> e a emigração – Processo maçônico – Linha telefônica Paris-Londres – Duelo – Corridas de cavalos – A república e JerônimoBonaparte – O Duque de Orleans – Luís e Rolan<strong>do</strong> Bonaparte –Boulanger – Tratamento da febre amarela – Navios chilenos – AsMemórias de Talleyrand e de Barras – Alfre<strong>do</strong> Marg – Fatos diversos.O banquete da Associação Republicana Nacional realizou-se nanoite de 21, no salão <strong>do</strong> Elysée-Montmartre.O sr. Jules Ferry não é homem para recuar diante de ameaças e,demais, a polícia tomava enérgicas providências com o fim de tornarimpossível o ataque que intentavam fazer os radicais e boulangistasdaquele turbulento bairro. Forças consideráveis da guarda republicanaestiveram postadas no bulevar Rochechouart, no colégio Rollin e emoutros lugares próximos. Nas ruas que conduzem ao Elysée-Montmartreviam-se centenas de agentes de polícia e de sergents de ville. Sótermina<strong>do</strong> o banquete, quan<strong>do</strong> o ex-presidente <strong>do</strong> conselho saía, foique a multidão, até ali silenciosa, rompeu em assovios e gritos de –”Fora Ferry! Fora o Tonquinês! Fora o assassino!” Uma megera,rechonchuda e vermelha, distinguiu-se nessa manifestação,capitanean<strong>do</strong> um grupo que pretendia perseguir o carro de Jules Ferry.Foi detida pelos agentes e com ela seguiram para a estação de políciauns cem berra<strong>do</strong>res.Jules Ferry já não usa as enormes suíças pendentes que cultivavadesde os seus bons tempos de jornalista. Aparou-as agora, reduzin<strong>do</strong>-asàs modestas proporções de duas “costeletas”, e deixou crescer umbasto bigode, que veio tornar menos sensível o grande volume <strong>do</strong> nariz,tão maltrata<strong>do</strong> pelos caricaturistas. A sua aparência ganhou muito coma reforma da barba.O discurso que proferiu no banquete foi muito entusiasticamenteaplaudi<strong>do</strong> pelos quatrocentos convivas ali reuni<strong>do</strong>s. O ora<strong>do</strong>r referiu-seàs ameaças <strong>do</strong>s anarquistas, às profecias sinistras de uma parte da2N.E. – Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em duas partes. A primeira em 20 de abril de 1891.360


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)imprensa que apregoava impossível semelhante reunião no centro deMontmartre; mostrou os fins da Associação Republicana Nacional eentrou em várias considerações políticas. Para ele, o “culto pie<strong>do</strong>soda estabilidade ministerial”, que agora se nota na maioria parlamentar,é um grande progresso, digno de louvar; apesar da sede de poderque algumas lendas lhe atribuem, desejaria mui sinceramente assistirao espetáculo de um Ministério atravessan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> dalegislatura.Chegaríamos assim – disse ele ao terminar – a favorecer o amálgamadas duas grandes frações <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Republicano, a <strong>do</strong>s oportunistase a <strong>do</strong>s radicais, e não viríamos mais ao passar algum aventureiromonta<strong>do</strong> em belo cavalo preto ou branco, a defecção de um parti<strong>do</strong>inteiro, reduzi<strong>do</strong> por um programa mais radical ainda que oseu.Oportunismo – acrescentou, é uma feia palavra que eu detesto,mas foi uma reação necessária <strong>do</strong> espírito de governo contra oespírito trapalhão de desordem e intransigência que é o pecadilho<strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s revolucionários quan<strong>do</strong> o poder lhe cai nas mãos. Épreciso reconhecer que hoje to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> se vai deixan<strong>do</strong> ganhar<strong>do</strong> espírito de governo, mesmo o parti<strong>do</strong> radical, salvo, bementendi<strong>do</strong>, alguns chefes irredutíveis que, por terem muitaimportância, deixam-se ficar presos e imóveis. O oportunismo vaifazen<strong>do</strong> felizes conquistas. Não vedes como em 1891 to<strong>do</strong>s estãode acor<strong>do</strong> em eliminar certas questões insolúveis, ou malapresentadas, a que chamarei problemas de metafísica política?To<strong>do</strong>s se têm empenha<strong>do</strong> em encerrar a ação parlamentar dentro<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s positivos, a resolver, por exemplo, os problemas dasrelações entre o trabalho e o capital de preferência aos da Igrejae <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Há outra questão positiva que, entretanto, não seousa investir de frente, é a questão colonial. Não me aventurareineste terreno, não estaríamos talvez to<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong>. Vejo surgiremno horizonte muitas controvérsias sobre o assunto, mas prefiro-asàs controvérsias metafísicas. Os interesses acabam sempreentenden<strong>do</strong>-se e concilian<strong>do</strong>-se.A atual tendência legislativa é boa. Sua conseqüência será trazeruma nova classificação das opiniões e <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s. É por isso quea nossa sociedade deve conservar-se alerta, não para conciliar oscontrários, mas para enfeixar as <strong>do</strong>utrinas conciliáveis. É por issotambém que vemos de dia em dia mais espontâneas, maisnumerosas, as adesões da geração nova.Saú<strong>do</strong>, pois, a mocidade, como o melhor apoio <strong>do</strong> presente e amelhor esperança <strong>do</strong> futuro. Vós, os moços, vós entrais em umaassociação séria, e o vosso concurso mostra bem quanto361


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>compreendeis que a república que convém à França e pode atrairlhea estima, o respeito e mesmo certas amizades, só pode ser arepública livre e voluntariamente disciplinada. Ajudai-nos a conserválaassim até o dia em que, sain<strong>do</strong> da carreira, vos entreguemos oprecioso archote. Seguramente, nessa obra de inteligência refletidanem sempre encontrareis agradáveis compensações pessoais... nãocolhereis somente flores. Consagrareis a vossa vida e vossainteligência à causa <strong>do</strong> povo e à grandeza da pátria... mas não écerto que deixeis de encontrar a ingratidão popular. Que importaisso, porém, se tiverdes adianta<strong>do</strong> de uma geração a obra dalibertação <strong>do</strong> povo, se tiverdes apressa<strong>do</strong>, ainda mesmo de umahora, o momento das reparações definitivas que o destino reserva àlonga paciência da França?Os votos de Jules Ferry pelo congraçamento <strong>do</strong>s republicanosnão desarmaram o parti<strong>do</strong> radical. No dia seguinte, era o ora<strong>do</strong>r ataca<strong>do</strong>,com a violência <strong>do</strong> costume, por todas as folhas radicais. O próprioRanc, que é <strong>do</strong>s amigos políticos de Jules Ferry, observou com rudefranqueza que ele se estava adiantan<strong>do</strong> demais.“Muitos republicanos”, escreveu Ranc, “<strong>do</strong>s que estimamprofundamente o sr. Ferry, vêem com desconfiança, mesmo no Sena<strong>do</strong>,os seus instintos de combatividade e não estão dispostos a se deixaremlevar por ele mais longe <strong>do</strong> que querem ir.”É muito difícil em França levantar-se o homem político que umavez se tornou impopular.* * *O deputa<strong>do</strong> Casimir Perier, presidente da comissão <strong>do</strong> orçamento,perguntou ao governo se podia comprometer-se a não fazer novasdespesas no Daomé sem prévia autorização legislativa. O sr. De Freycinetrespondeu que a expedição a Abomé, aconselhada por alguns, não eraagora necessária, mas que, consideran<strong>do</strong> o futuro, devia declarar que nosassuntos que se prendem à defesa nacional o governo a<strong>do</strong>taria sempre osmais rápi<strong>do</strong>s meios de ação, pedin<strong>do</strong> depois a aprovação <strong>do</strong> Parlamento.Na próxima reunião das Câmaras será discutida, como já anunciei,a questão da nova tarifa geral das alfândegas, ou antes as diferentestarifas, pois, como observa o sr. Paul Leroy-Beaulieu no Journal desDébats, o relatório da comissão presidida pelo sr. Méline propõe umatarifa máxima, outra mínima e uma terceira ultra-máxima, aplicávelaos produtos <strong>do</strong>s países que se não conformarem com o novo regime.O eminente economista, analisan<strong>do</strong> o projeto, aconselha à Câmaraque rejeite sem hesitação.362


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)* * *Em quase toda a Europa e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América ossocialistas e as classes operárias começaram os preparativos para asegunda manifestação anual no dia 1º de maio próximo. Nas principaiscidades da república francesa sucedem-se as reuniões e discussõespreliminares. Ontem houve em Paris uma grande assembléia <strong>do</strong>sdelega<strong>do</strong>s das câmaras sindicais e <strong>do</strong>s grupos socialistas, na qual ocidadão Jules Guesde propôs que, pela madrugada <strong>do</strong> 1° de maio sefaça a chamada <strong>do</strong> povo, a toque de caixa, em torno das casas comunaise salas de justiça, com o fim de forçar o governo a disseminar astropas por to<strong>do</strong>s os bairros da capital.Os ora<strong>do</strong>res atacaram a Comissão Superior <strong>do</strong> Trabalho nomeadapela Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s e disseram que ela era incapaz de prestar omenor serviço aos operários e de compreender as suas reivindicações.Assentaram em empregar to<strong>do</strong>s os meios para que a manifestaçãoprojetada seja um vasto e estron<strong>do</strong>so “pronunciamento” de to<strong>do</strong>s os quesofrem contra os que gozam e exploram os verdadeiros homens de trabalho.Apesar das decisões tomadas, a ordem pública há de ser mantidaenergicamente pelo governo. A propaganda revolucionária nenhumamossa faz na exemplar disciplina <strong>do</strong>s oficiais e solda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> briosoexército francês. A política não penetra aqui nas fileiras da força armada.Oficiais e solda<strong>do</strong>s são homens <strong>do</strong> dever militar, cumprin<strong>do</strong> semprecom fidelidade as ordens recebidas, quaisquer que elas sejam. No 1ºde maio próximo, o exército francês há de assegurar a ordem e atranqüilidade da população pacífica com a mesma firmeza e decisãocom que o fez o ano passa<strong>do</strong> em igual data.* * *O júri <strong>do</strong> Sena julgou, no começo da sessão <strong>do</strong> dia 23, uns seterapazolas acusa<strong>do</strong>s de terem em fevereiro último percorri<strong>do</strong> as ruasde Saint Denis bradan<strong>do</strong>: “Viva a anarquia! Abaixo o exército! Abaixo apátria!” Foram absolvi<strong>do</strong>s, atento à sua pouca idade e à circunstânciade já terem passa<strong>do</strong> em prisão bom número de dias, mas a liçãonão lhes aproveitou, porque saíram da sala dan<strong>do</strong> novos vivas àanarquia.Seguiu-se o julgamento de um tal Mayence, gerente <strong>do</strong> pequenojornal Père Peinard, que publicava artigos incendiários, convidan<strong>do</strong> ossolda<strong>do</strong>s à deserção. Seu defensor, o cidadão Sebastien Faure,pronunciou um violento discurso dizen<strong>do</strong> que a pátria para uns eraFerry, para outros era Boulanger; que eles, anarquistas, não queriamsaber de pátria, queriam o amor universal, e, para chegar a esseresulta<strong>do</strong>, era indispensável a completa reforma <strong>do</strong> corpo social,363


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>amputan<strong>do</strong>-se-lhe sem piedade to<strong>do</strong>s os membros corrompi<strong>do</strong>s. “Osgovernos são inúteis”, exclamou ele, “a disciplina é cousa perigosa efatal. O futuro pertence à liberdade e à fraternidade universal. Ódio aopoder! Ódio aos que governam! Morte aos explora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> povo!”O cliente deste energúmeno foi condena<strong>do</strong> a seis meses de prisãoe cem francos de multa.* * *Na manhã de 24, a rainha Vitória, escoltada pela esquadra inglesa<strong>do</strong> Canal, chegou ao porto militar de Cherburgo e desembarcou noarsenal de marinha, luxuosamente decora<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aí recebida peloprefeito marítimo e principais autoridades locais. As tropas da guarniçãoformaram alas desde o arsenal até a estação <strong>do</strong> caminho de ferro.Anteontem à tarde chegou Sua Magestade Britânica a Grasse, ondepassará um mês. Em to<strong>do</strong> o percurso <strong>do</strong> trem real foram-lhe tributadasas honras devidas à sua posição. O regimento n. 112 de Infantariaficará forman<strong>do</strong> a guarda de honra da rainha, durante a sua permanêncianessa pequena cidade, um <strong>do</strong>s sítios mais pitorescos da Provença.Grasse fica a trinta e cinco minutos de Cannes, pelo caminho de ferro,em um contra-forte <strong>do</strong>s Alpes marítimos. Dali se avistam, ao norte e aleste, as montanhas azuladas da cadeia <strong>do</strong>s Alpes; ao sul, as praias <strong>do</strong>Mediterrâneo com o cabo de Antibes, o golfo Juan e o da Napulia; pelaplanície, em torno, umas vinte aldeias e inúmeros castelos e quintas.O presidente da república dirigiu à rainha o seguinte telegrama:Rogo a Vossa Majestade queira aceitar, por ocasião da sua chegadaa Grasse, os votos que faço para que a sua estação na Provençaseja tão feliz quanto as suas estações precedentes em Biarritz eAix-les-Bains. Pergunto a Vossa Majestade se lhe posso seragradável em alguma coisa, e renovo-lhe, com as minhasrespeitosas homenagens, a expressão da minha sincera amizade– Carnot.A rainha respondeu nestes termos:Agradeço mui cordialmente o vosso telegrama. Estou penhorada<strong>do</strong> acolhimento tão afetuoso que recebi por toda a parte,atravessan<strong>do</strong> a França, e que vim encontrar à minha chegada nestelugar encanta<strong>do</strong>r – Vitória.Acompanham a rainha o príncipe e a princesa Henrique deBattenberg, as damas de honra lady Churchill e lady Adeane [sic], o364


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)general Ponsonby, os escudeiros coronel Clerk e major Bigge e omédico dr. Reid.A esquadra francesa <strong>do</strong> Mediterrâneo, comandada pelo vicealmiranteCharles Dupperré, foi estacionar no golfo Juan durante aestada da rainha em Grasse. A esquadra inglesa deve também ali chegarpor estes dias.(Continua)F. H.** *CARTAS DE FRANÇA(Conclusão) 3O embaixa<strong>do</strong>r da Rússia foi recebi<strong>do</strong> anteontem em audiênciasolene pelo presidente da república para fazer-lhe entrega das insígniasda ordem imperial de Santo André e de todas as outras ordens russas.O Temps e os principais diários descreveram minuciosamente acerimônia e as condecorações que acaba de receber o sr. Carnot. Asinsígnias e o colar da ordem de Santo André são craveja<strong>do</strong>s debrilhantes.* * *O sr. conselheiro Antonio Pra<strong>do</strong> partiu no dia 24 para Nice, ondepretende de[te]r-se alguns dias. Seguirá depois em rápida visita à Itáliapara examinar certas questões relativas ao serviço da emigração. Antesde partir remeteu para Bruxelas uma carta que ali será publicada,responden<strong>do</strong> a uma curiosa circular em que o príncipe de Chimaycombate a emigração para o Brasil e dá péssimas informações sobre oclima de São Paulo.* * *Em França a maçonaria não é, como em Inglaterra, umasociedade de beneficência alheia às questões políticas e religiosas,3N.E. – Segunda parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 22 de abril de 1891.365


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>receben<strong>do</strong> em seu seio homens de todas as opiniões, exceto osateus. Aqui ela tornou-se, desde alguns anos, verdadeira sociedadepolítica, <strong>do</strong> mais puro escarlate, e suprimiu a conhecida fórmula referenteao “Grande Arquiteto <strong>do</strong> Universo”. Por isso a maçonaria inglesa cortourelações com a da França. Há dias tivemos mais uma prova daintolerância destes intitula<strong>do</strong>s maçons, com o processo a que foramsubmeti<strong>do</strong>s os deputa<strong>do</strong>s Laisant e Goussot pelo crime político deterem si<strong>do</strong> partidários de Boulanger. O primeiro respondeu que hámuito havia deixa<strong>do</strong> de fazer parte da maçonaria, mas o segun<strong>do</strong>compareceu e procurou defender-se. Foram ambos condena<strong>do</strong>s àpena de expulsão da ordem.* * *Será franqueada ao público, no dia 1º de abril, a linhatelefônica Paris-Londres. As experiências têm si<strong>do</strong> muitosatisfatórias. Há dias alguns escolhi<strong>do</strong>s puderam ouvir de Londres,mui distintamente, Le Mage de Massenet, canta<strong>do</strong> na ópera deParis por Escalais e Lassale.* * *O sr. Henri Vonoven, da redação <strong>do</strong> Intransigeant, ofendi<strong>do</strong> porcertas referências <strong>do</strong> sr. E<strong>do</strong>uard Drumont no seu último livro LeTestament d’um anti-sémite, man<strong>do</strong>u-lhe as suas testemunhas. O dueloteve lugar a espada no Vésinet. O sr. Vonoven recebeu, no terceiroassalto, um ferimento que pôs fim ao combate.* * *A questão das apostas nas corridas de cavalos continua pendentede decisão legislativa. É este o texto <strong>do</strong> projeto de lei redigi<strong>do</strong> pelacomissão da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.Art. 1° – Nenhum campo de corridas pode ser aberto sem préviaautorização <strong>do</strong> ministro da Agricultura.Art. 2º – Só são autorizadas as corridas de cavalos ten<strong>do</strong> comofim exclusivo o melhoramento da raça cavalar, organizadas porsociedades cujos estatutos e programas hajam si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong>spelo ministro da Agricultura, depois de ouvi<strong>do</strong> o conselho superiordas coudelarias, e que se submetam ao regulamento geralestabeleci<strong>do</strong> pelo ministro da Agricultura.Art. 3º – O orçamento anual de todas as sociedades de corridasserá submeti<strong>do</strong> ao exame e aprovação <strong>do</strong>s ministros da Agriculturae da Fazenda.366


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Art. 4º – Quem quer que, no campo das corridas ou fora dele,oferecer publicamente aos transeuntes apostas, sob qualquer formaque seja, por ocasião das corridas de cavalos, incorrerá nas penas<strong>do</strong> art. 410 <strong>do</strong> código penal. As disposições <strong>do</strong> art. 463 <strong>do</strong> códigopenal são em to<strong>do</strong>s os casos aplicáveis aos delitos previstos pelapresente lei.Art. 5º – As disposições <strong>do</strong> art. 4º não se aplicam à aposta mútua,organizada pelas sociedades em seus campos de corrida em virtudede autorizações, sempre revogáveis, e que serão concedidas peloministro da Agricultura mediante a cobrança antecipada de umaquantia, que será fixada por decreto, em benefício da assistênciapública e da criação.* * *O governo da república francesa procedeu com a maiorcorreção para com a família real da Itália, por ocasião da moléstia emorte <strong>do</strong> príncipe Napoleão, cunha<strong>do</strong> <strong>do</strong> rei Humberto. O embaixa<strong>do</strong>rfrancês foi inscrever o seu nome na lista <strong>do</strong>s visitantes <strong>do</strong> hotel emque o príncipe agonizava e, ultimamente, recebeu a missão deapresentar ao rei os pêsames <strong>do</strong> presidente Carnot e <strong>do</strong> governo darepública.O Matin saiu-se anteontem com uma história que, durantealgumas horas, produziu certa sensação. Segun<strong>do</strong> esse jornal, ojovem duque de Orleans tinha vin<strong>do</strong> disfarça<strong>do</strong> a Paris,acompanhan<strong>do</strong> uma cantora conhecida. No mesmo dia foi a notíciadesmentida pelo Temps, que é jornal insuspeito. O duque de Orleansestá muito longe de Paris, em Tiflis, a caminho de Teerã.* * *Luís Bonaparte, o segun<strong>do</strong> filho <strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> Jerônimo Napoleão,é hoje coronel no exército russo e está em viagem para a Itália. Comoo príncipe Vítor Bonaparte – que agora já se assina, simplesmente,Napoleão – não é ainda casa<strong>do</strong>, seu irmão será o herdeiro presuntivo<strong>do</strong> nome até que ele tenha um filho. Alguns jornais entenderam porisso que lhe era aplicável a lei <strong>do</strong> exílio contra os chefes de família quereinaram em França e contra seus herdeiros diretos.O governo acaba de resolver a questão declaran<strong>do</strong> que essa leinão tem aplicação ao caso <strong>do</strong> príncipe Vítor.* * *Dizem que há promessa de casamento entre o príncipe Rolan<strong>do</strong>Bonaparte e a princesa Letizia, filha de Jerônimo e viúva <strong>do</strong> duque367


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>de Aosta. Rolan<strong>do</strong> Bonaparte, seja dito de passagem, tem verdadeirohorror à política. Vive em Paris entregue às suas investigaçõescientíficas e é muito popular no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estudiosos e <strong>do</strong>sjornalistas.* * *O general Boulanger, o triste aventureiro, esteve durantealguns dias em Bruxelas onde vai estabelecer sua residência. Jáalugou casa e regressou a Londres com Mme. de Bonnemaix namanhã de 24, para ocupar-se de remessa de sua mobília epapéis.* * *Na sessão de 24 da academia de medicina, o dr. Le Roy deMéricourt leu um relatório sobre o novo tratamento da febre amarelapreconiza<strong>do</strong> pelo dr. Garcia, da ilha de Cuba, tratamento que consisteno abaixamento da temperatura <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes. O tratamentoé curioso. O dr. Garcia mete os pacientes em uma caixa de paredesduplas forradas de zinco, aberta de um la<strong>do</strong>. O espaço que separaas paredes fica cheio de gelo. A caixa é colocada em um quarto cujatemperatura varia de 0º a 10º.Diz ele que quase to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>entes têm si<strong>do</strong> salvos.* * *O governo embargou a saída <strong>do</strong>s novos navios de guerraconstruí<strong>do</strong>s por conta <strong>do</strong> Chile, ten<strong>do</strong> sabi<strong>do</strong> que seus oficiaistencionaram aderir à revolução.* * *O professor Oulard levantou dúvidas na Revue Bleue sobrea autenticidade das memórias <strong>do</strong> príncipe de Talleyrand, emvia de publicação. O duque de Broglie respondeu declaran<strong>do</strong>que o manuscrito está deposita<strong>do</strong> em casa de um notário. Éuma cópia escrita pelo sr. de Bacourt sobre as notas que lheforam ditadas pelo príncipe e contêm certifica<strong>do</strong>s deautenticidade assina<strong>do</strong>s pelo próprio de Bacourt e pela duquesade Talleyrand.* * *368


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)O sr. George Duruy, filho <strong>do</strong> eminente historia<strong>do</strong>r, vai enfimpublicar integralmente as memórias <strong>do</strong> visconde de Barras, ofamoso membro da Convenção e <strong>do</strong> Diretório. O bárbaroassassino de Toulon havia dito em seu leito de morte a AlexandreDumas pai, que, recean<strong>do</strong> a polícia de Carlos X, pusera em lugarseguro no estrangeiro as suas memórias. Agora sabemos que omanuscrito passou das mãos de M. de Saint-Albin para o arquivoda família Jubinal e acaba de ser confia<strong>do</strong> ao sr. G. Duruy.Veremos se Barras nos dá, além de notícias políticas, algumasinformações sobre as suntuosidades da sua “Corte deLuxemburgo”, imortalizada nas cançonetas <strong>do</strong> tempo, e sobreas suas protegidas, filhas de Mme. Angot, que inspiraram ocompositor Lecocq.* * *Faleceu no dia 21 o jornalista Alfred Marc, que desde algunsanos era o mais ativo escritor <strong>do</strong> periódico Le Brésil. Sem nunca tervisita<strong>do</strong> o nosso país, conseguiu conhecê-lo muito regularmente epublicou, em <strong>do</strong>is volumes, a descrição de uma viagem imagináriapor ele feita através das vinte províncias, hoje esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil.* * *Inaugurou-se no dia 21 um grande picadeiro na galeria demáquinas da Exposição Universal e abriu-se, no mesmo dia, umaEscola Normal de cozinha na rua Bonaparte, em edifício pertencenteao Esta<strong>do</strong>. O sr. Jules Simon presidiu a solenidade e pronunciou umespirituoso discurso sobre os méritos e virtudes da culinária francesa.O ensino compreenderá um curso elementar e um cursosuperior. Haverá outro curso elementar especial para as senhoras. Aescola dará diplomas profissionais.* * *Duas notícias que interessarão aos folgazões e gastrônomosque hajam vivi<strong>do</strong> em Paris: morreram Charles Verdier, únicoproprietário da Maison Dorée e seu gerente, durante meio século,e Potel, funda<strong>do</strong>r da Casa Potel et Chabot, antigo cozinheiro deLuís Felipe.No teatro da Porte Saint-Martin começou-se a representar onovo drama L’Impératrice Faustine, de Stanislas Zywewskie noVaudeville – a comédia Bonheur à quatre de Léon Gaudillot.369


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O governo levantou o interdito que lançara contra o Thermi<strong>do</strong>rde Victorien Sar<strong>do</strong>u.F. H.** *CARTAS DE FRANÇAParis, 5 de abril de 1891. 4Sumário – Congressos científicos. Congresso <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res de minas– Exposição de Chicago – A França e o Canadá – Trata<strong>do</strong>s de comérciocom o Brasil – O conde de Paris – Os Bonapartes – Instituto de França– Exposições artísticas – O instituto Pasteur – Pouyer Quertier – Umaescritora – O poeta Soulary – Emilio Zola – Convenções literárias –Mirabeau – O Credit Foncier – Casamentos por anúncio.Esta tem si<strong>do</strong> a semana <strong>do</strong>s congressos. Tivemos nada menos dequatro reuniões científicas, de cujos trabalhos darão, sem dúvida, contaos nossos colabora<strong>do</strong>res encarrega<strong>do</strong>s dessas especialidades: o Congressode Cirurgia, aberto pelo professor Guyon, e no qual tomaram parte algunscirurgiões estrangeiros, como sir Spencer Wells, o dr. Thirion, de Bruxelas,e o dr. Böckel, de Estrasburgo; o Congresso da Lida <strong>do</strong> Ensino; o segun<strong>do</strong>Congresso Científico e Internacional <strong>do</strong>s Católicos, que só amanhã terminaráos seus trabalhos, em que tomam parte muitos <strong>do</strong>s mais ilustres sábiosda Europa; e o Congresso Astronômico, no qual estão representa<strong>do</strong>s osobservatórios da França, Alemanha, Inglaterra, Itália (inclusive o <strong>do</strong>Vaticano), Rússia, Holanda, Chile e <strong>do</strong> Cabo da Boa Esperança, que tantotem estendi<strong>do</strong> e vulgariza<strong>do</strong> o conhecimento <strong>do</strong> céu austral. Esta reuniãotem como fim especial assentar o plano definitivo da carta <strong>do</strong> céu, segun<strong>do</strong>os resulta<strong>do</strong>s fotográficos obti<strong>do</strong>s pelos diferentes observatórios. A comissãoencarregada de examinar as fotografias apresentadas achou-as excelentes.* * *4N.E. – Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 27 de abril de 1891.370


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Celebrou as suas sessões na Bolsa <strong>do</strong> Trabalho este segun<strong>do</strong>Congresso Internacional de Operários Mineiros. O primeiro teve lugaro ano passa<strong>do</strong>, em Jolimont.Os delega<strong>do</strong>s ingleses representavam agora 448.666trabalha<strong>do</strong>res incorpora<strong>do</strong>s em trade unions; os alemães, 141.531; osfranceses, 135.000; e os belgas, 92.000. Ao to<strong>do</strong>, contavam-se 99delega<strong>do</strong>s, representan<strong>do</strong> 909.167 mineiros alista<strong>do</strong>s em diferentesassociações confederadas. O sr. Laur, engenheiro de minas e deputa<strong>do</strong>boulangista, quis tomar parte no congresso, mas a comissão diretorarespondeu-lhe que tratava-se de uma reunião de operários e não deengenheiros.As sessões encerraram-se ontem. Os delega<strong>do</strong>s belgasempenharam-se por obter uma parede geral e imediata, mas, graçasaos ingleses, prevaleceram opiniões mais prudentes, sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada aseguinte resolução:O Congresso Internacional <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res de Minas, reuni<strong>do</strong>sno dia 31 de março e dias seguintes em Paris, entende que umaparede [sic] geral <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res de minas, em Inglaterra,França, Bélgica, Áustria-Hungria e Alemanha pode tornar-senecessária para conquistar o dia de oito horas. Convida os governose os legisla<strong>do</strong>res desses países a se porem de acor<strong>do</strong> para a<strong>do</strong>taruma convenção internacional que tenha por fim a<strong>do</strong>tar umalegislação especial aplicável a to<strong>do</strong>s os operários mineiros. Essaconvenção, semelhante à que os governos aplicaram às questões<strong>do</strong>s correios e telégrafos, terá por fim fazer a<strong>do</strong>tar, por lei especial,o dia de oito horas de trabalho em todas as minas de carvãoparticulares ou <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Os delega<strong>do</strong>s foram recebi<strong>do</strong>s pelo Conselho Municipal de Paris,visitaram o Palácio da Municipalidade e assistiram a algumas festascelebradas em sua honra pelas corporações operárias da capital. Narecepção <strong>do</strong> círculo democrático belga, ia haven<strong>do</strong> um conflito entreirmãos franceses e alemães, por ter um operário francês emprega<strong>do</strong>com desdém a palavra prussiano. Trocaram-se explicações e oincidente terminou satisfatoriamente.Nessa reunião os alemães entoaram a Marselhesa <strong>do</strong>sTrabalha<strong>do</strong>res, os franceses a Carmagnole e os ingleses umahorrorosa canção escocesa, que convidava a dar pulinhos e podiater produzi<strong>do</strong>, em muitas das vítimas dessa audição, a dança de S.Vito.* * *371


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O governo francês aceitou o convite <strong>do</strong> americano para fazerserepresentar oficialmente na Exposição Universal de Chicago.* * *O sr. Mercier, primeiro-ministro da província de Quebec, noCanadá, está em França, em uma missão que tem por fim atenuarou anular os inconvenientes que para aquele país resultam <strong>do</strong>chama<strong>do</strong> bill Mac Kinley e da lei das alfândegas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.O sr. Mercier vem entender-se com o governo da república e com ascâmeras de comércio. Irá depois à Bélgica e a outros países daEuropa. O Canadá quer alargar as suas relações de comércio com aEuropa, prescindin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. O sr. Mercier afirma quenão há no Canadá parti<strong>do</strong> algum que deseje a anexação aos Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s. Os <strong>do</strong>is parti<strong>do</strong>s políticos que lutam naquele grande epróspero país querem, um, a união com a Inglaterra; o outro, aindependência completa, que talvez possa ser obtida por meio deacor<strong>do</strong> com a mãe-pátria.* * *Alguns jornais parisienses declararam não terem si<strong>do</strong> bemsucedidas as primeiras diligências feitas pelos governos da Grã-Bretanha,da França e da Alemanha para obterem <strong>do</strong> Brasil os mesmos favoresconcedi<strong>do</strong>s aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América <strong>do</strong> Norte. O governobrasileiro (disseram esses jornais) tem respondi<strong>do</strong> que as circunstâncias<strong>do</strong> país não lhe permitem estender atualmente esses favores a outrasnações.O ministro <strong>do</strong> Comércio, em carta de 27 de março, agradeceu aopresidente da câmara sindical <strong>do</strong>s negociantes exporta<strong>do</strong>res asinformações que lhe mandaram sobre o ajuste celebra<strong>do</strong> entre o Brasile os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e declarou que to<strong>do</strong>s os esclarecimentos e notíciasseriam acolhi<strong>do</strong>s com muito agra<strong>do</strong>, pois tratava-se de questão damáxima importância para a França.O sr. conselheiro Salva<strong>do</strong>r de Men<strong>do</strong>nça expediu de Washingtonpara o periódico Le Brésil um telegrama de cerca de duzentas palavras,dizen<strong>do</strong> que, com o seu trata<strong>do</strong>, o Brasil ganhava muito mais que osEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América. Anuncia que está a caminho <strong>do</strong> Rio deJaneiro uma exposição sua que porá, sem dúvida, termo aos ataquesque surgiram entre nós, devi<strong>do</strong> à ignorância da questão.* * *372


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)O conde de Paris, que agora se acha em Villa Manrique, naEspanha, escreveu uma carta ao sena<strong>do</strong>r Bocher, agradecen<strong>do</strong> os seuslongos serviços e dedicação à causa da monarquia constitucional,lamentan<strong>do</strong> a sua renúncia da posição de chefe <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> da realeza eanuncian<strong>do</strong>-lhe que aceitava a sua indicação <strong>do</strong> conde de Haussonvillepara suceder-lhe. Foi por sentir-se velho e alquebra<strong>do</strong> que o sr. Bocherpediu dispensa da posição de confiança que ocupava há 40 anos. Onovo diretor <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> é parente e amigo íntimo <strong>do</strong> duque de Broglie.* * *O príncipe Luís chegou a Turim, onde foi recebi<strong>do</strong> por seu irmãoVítor, e com este seguiu para Moncalieri. Não são conhecidas ainda asdisposições testamentárias <strong>do</strong> príncipe Jerônimo, mas, afirmam osbonapartistas, incluin<strong>do</strong> o príncipe Luís, reconhecerão como chefe defamília o príncipe Vítor, agora Napoleão. Os <strong>do</strong>is irmãos visitaramanteontem, em S. Remo, a imperatriz Eugenia, que os acolheu muiafetuosamente.O Figaro lembrou-se de consultar os seus leitores sobre o númerode ordem <strong>do</strong> novo Napoleão, e entrou a publicar as respostas. Foi estaa que encerrou a discussão com um trocadilho feliz:Comment numèroter cet empereur dans l’oeufQui s’appelle Victor? Cinquieme ou bien sixiéme?Puisque les vieux sont morts bien simple est le probleme:Il ne peut s’incarner qu’en Napoléon neuf.Se o princípio da hereditariedade fosse segui<strong>do</strong>, observan<strong>do</strong>-sea ordem de sucessão e dan<strong>do</strong>-se um número mesmo aos pretendentesao trono, seria esta a numeração <strong>do</strong>s Napoleões: Napoleão I, o grande;II, seu filho, faleci<strong>do</strong> sem descendência; III, José, que foi rei da Espanhae não deixou filhos; IV, Luís, rei da Holanda; V, o que foi presidente darepública e tomou, quan<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, o número III; VI, o príncipeimperial, morto pelos Zulus; VII, o príncipe Jerônimo, que acaba demorrer; finalmente, VIII, o atual chefe da família.* * *A Academia de Belas Artes procedeu ontem à eleição parapreenchimento da vaga deixada por Meissonier na seção de pintura.Foi eleito Jean Paul Laurens por 18 votos em 35 votantes.O novo acadêmico conta 53 anos. Sua obra prima é o Esta<strong>do</strong>maioraustríaco diante <strong>do</strong> cadáver de Marceau, que lhe valeu a373


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>grande medalha de honra em 1877.Este artista parece ter especial predileção pelas cenas fúnebrese pelas excomunhões da Idade Média. Há dele a Morte de Catão deUtica, a Morte de Tibério, a Morte <strong>do</strong> duque d’Enghien, os Últimosmomentos de Maximiliano <strong>do</strong> México e uma pintura mural no Panteon,a Morte de Santa Genoveva. Além de uma centena de quadros demais ou menos mérito – porém, to<strong>do</strong>s inferiores ao Marceau –pode-se citar entre os seus melhores trabalhos uma pintura muralno Palácio da Municipalidade e o teto <strong>do</strong> teatro <strong>do</strong> Odéon, excelentepintura decorativa, na qual, entretanto, teve a infeliz idéia derepresentar-se em um canto, acompanha<strong>do</strong> de sua mulher e de seusfilhos.Com a morte <strong>do</strong> príncipe Napoleão vagou uma cadeira demembro livre na mesma Academia de Belas Artes. São candidatosos ex-ministros Jules Ferry e Bar<strong>do</strong>ux, o sr. Lafenestre, conserva<strong>do</strong>r<strong>do</strong> Louvre, e Muntz, conserva<strong>do</strong>r da Escola de Belas Artes.* * *Na galeria Georges Petit abriu-se ontem a sétima exposição<strong>do</strong>s pastelistas franceses. As obras de mais mérito são as de Duez(flores e marinhas), Billote (paisagem), Doucet, Dagnan-Bouveret(figuras e retratos) e Jean Bérant (interior de igreja).Em outro salão da mesma galeria, o sr. Gastão Roullet, pintor<strong>do</strong> Ministério da Marinha, expõe quarenta e tantos desenhos eaquarelas, resulta<strong>do</strong> da sua última viagem de três meses a Túnis.E<strong>do</strong>uard De Taille, que é mestre na especialidade, dirigiu-lhe umacalorosa carta de felicitações pela pureza e encanto de suas aquarelas.A terceira exposição, que também tem atraí<strong>do</strong> muitos visitantes,é a <strong>do</strong>s grava<strong>do</strong>res a buril. Compõem-se de 68 números apenas,entre os quais há trabalhos magistrais de Henrique Dupont, Flameng,A. Jacquet e Jules Jacquet.* * *Reuniram-se em assembléia geral, no dia 26 de março, osfunda<strong>do</strong>res e sócios <strong>do</strong> Instituto Pasteur. O professor Granger leu osrelatórios científicos <strong>do</strong>s diferentes chefes de serviço. Durante o anode 1890, foram tratadas 1.546 pessoas mordidas por cães hidrófobos.Apenas morreram 10, sen<strong>do</strong> seis nos 15 dias que se seguiram aotratamento e quatro depois <strong>do</strong>s 15 dias.* * *374


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Faleceu repentinamente, em Rouen, no dia 2, Pouyer-Quertier,grande campeão <strong>do</strong> protecionismo. Seu enterro teve lugar hoje, comgrande acompanhamento e demonstrações de pesar da população desua cidade natal. O príncipe de Bismarck man<strong>do</strong>u um telegrama depêsames à viúva. Junto ao túmulo, foram pronuncia<strong>do</strong>s discursos pelossrs. Buffet, Passy e muitos outros amigos <strong>do</strong> fina<strong>do</strong>.A vida política de Pouyer-Quertier é muito conhecida para queeu entre aqui em longos pormenores. No tempo <strong>do</strong> Império, combateuardentemente, no corpo legislativo e na imprensa, a política livrecambistaa<strong>do</strong>tada por Napoleão III. Eleito deputa<strong>do</strong> à Assembléianacional, em 1871, foi ministro da Fazenda no governo de Thiers e,incumbi<strong>do</strong> de uma missão à Alemanha, celebrou o trata<strong>do</strong> deFrankfurt. Em março de 1872, deixou o Ministério, ligou-se aosreacionários, foi eleito sena<strong>do</strong>r em 1876, reeleito em 1882, e duasvezes disputou, sem sucesso, uma nova cadeira no Sena<strong>do</strong>, depoisde 1888. O seu último revés eleitoral deu-se em janeiro último. Mas,apesar de afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Parlamento, teve a satisfação de ver triunfantesas suas idéias, partilhadas hoje pela maioria <strong>do</strong>s sena<strong>do</strong>res edeputa<strong>do</strong>s franceses.* * *No mesmo dia 2, faleceu Mrs. Craven – Paulina de la Ferronays–, senhora da maior distinção e cujas obras literárias são muitoapreciadas nos círculos católicos da França e da Bélgica. Era filha <strong>do</strong>conde de la Ferronays, embaixa<strong>do</strong>r e ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeirosde Carlos X, e viúva <strong>do</strong> diplomata inglês Augustus Craven. Seus livrosmais estima<strong>do</strong>s são Récit d’une sceur, Le mot de l’enigme, Souvenirsde famille, Le travail d’une âme, Marquise de Mun, Réminiscences(lembranças da Itália e Inglaterra), Une année de méditations, obrasque todas as mães católicas deste país põem cuida<strong>do</strong>samente nasbibliotecas de suas filhas.Mrs. Craven legou to<strong>do</strong>s os seus manuscritos e <strong>do</strong>cumentosao conde de Mun, seu sobrinho, o grande ora<strong>do</strong>r monarquista ecatólico.* * *Morreu em Lyon, no dia 28 de março, Joséphin Soulary, o maisfecun<strong>do</strong>, gracioso e correto sonetista francês <strong>do</strong> seu tempo; nascerana mesma cidade em 1815.* * *375


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O escritor <strong>do</strong>s Rougon-Macquart, Emile Zola, vai partir para Belfort,<strong>do</strong>nde seguirá em carro até Sedan, visitan<strong>do</strong> os campos de batalha eposições militares que ficaram célebres na campanha terminada poraquele grande revés das armas francesas. O novo romance, La Guerre,será a história de um regimento <strong>do</strong> corpo de exército <strong>do</strong> general FelixDouay, figuran<strong>do</strong> como principais personagens um sargento e um cabode esquadra. O autor começará com a reunião das tropas francesas nafronteira, descreverá a marcha em retirada sobre Sedan, a situaçãomoral de Napoleão III, a terrível batalha que trouxe a queda <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong>Império, a comuna e o sítio de Paris pelo exército <strong>do</strong> governo deVersalhes.Zola pretende mostrar que aquelas desgraças deixaram intacta agrande alma da França e devem ser imputadas, não exclusivamente aoshomens que governam, mas a erros involuntários e muito generaliza<strong>do</strong>s,às circunstâncias difíceis <strong>do</strong> momento e ao inexorável destino. Ele partilhaa opinião <strong>do</strong>s que dizem que os generais franceses se haviam estraga<strong>do</strong>na escola das guerras da Argélia, com as fáceis vitórias que alcançavamsobre árabes errantes, indisciplina<strong>do</strong>s e mal arma<strong>do</strong>s.A popularidade <strong>do</strong> infatigável escritor não tem diminuí<strong>do</strong>. Maisde 66.000 exemplares <strong>do</strong> Argent já tem saí<strong>do</strong> da casa <strong>do</strong> editor, o queé enorme para um livro que apenas acaba de aparecer.A venda <strong>do</strong>s 16 romances que precederam ao Argent, da série<strong>do</strong>s Rougon-Macquart, produziu, só para o autor, um benefício de640:000$ da nossa moeda, sem contar o que os jornais lhe pagarampelo direito de publicar antes <strong>do</strong> editor algumas páginas dessesromances. Por cada uma dessas primícias, um simples folhetim, recebeZola 12:000$ isto é, 30.000 francos.* * *Uma comissão composta <strong>do</strong>s srs. Camille Doucet, VictorienSar<strong>do</strong>u, Jules Lermina e outros escritores dirigiu-se no dia 27 aopresidente <strong>do</strong> Conselho e aos ministros da Instrução Pública, <strong>do</strong>sNegócios Estrangeiros e <strong>do</strong> Comércio, chaman<strong>do</strong> a sua atenção paraos inconvenientes que trazia a denúncia das convenções com a Bélgicae a Suíça sobre a proteção da propriedade literária e artística. A cadaum <strong>do</strong>s ministros foi entregue a reclamação das classes e associaçõesrepresentadas pela comissão contra os artigos da tarifa das alfândegasque se relacionam com o assunto.O descontentamento <strong>do</strong>s nossos vizinhos – diz a representação –“há de traduzir-se, sem dúvida, em medidas de represália que376


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)atacarão, sobretu<strong>do</strong>, a nossa produção literária e artística, de quesão mais ou menos tributárias todas as nações estrangeiras. Suasuperioridade é universalmente reconhecida e ela nos assegura emto<strong>do</strong>s os países um influência que aproveita à nossa política e deveorgulhar o nosso patriotismo.* * *Acaba de ser coloca<strong>do</strong> na sala Casimir Perier, da Câmara <strong>do</strong>sDeputa<strong>do</strong>s, o grande quadro de Alexandre Hesse, representan<strong>do</strong>Mirabeau na sessão de 23 de junho de 1789.* * *A assembléia geral <strong>do</strong>s acionistas <strong>do</strong> Crédit Foncier votouunanimemente todas as resoluções propostas pelo sr. Christofle e a<strong>do</strong>touum voto de louvor pela excelente administração desse governa<strong>do</strong>r, tãoataca<strong>do</strong>, há meses, por um jornal parisiense pouco sério.* * *Foi presa em Paris uma inglesa, Evelina Leal, que, durante trêsanos, explorou com proveito a indústria <strong>do</strong> casamento pelos jornais.Nos anúncios, declarava que uma moça, possuin<strong>do</strong> um milhão ou <strong>do</strong>ismilhões de francos, desejava achar mari<strong>do</strong> que pertencesse à nobrezaou à indústria e indicava discretamente as iniciais com que deveriamser subscritadas as cartas <strong>do</strong>s candidatos e entregues no escritório <strong>do</strong>jornal. Sucediam-se os pretendentes e uma velha <strong>do</strong>na, representan<strong>do</strong>o papel de mãe, punha-os em relações com a noiva. O casamentorompia-se quase sempre, mas só depois <strong>do</strong>s presentes <strong>do</strong> noiva<strong>do</strong>,que nunca eram restituí<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> o noivo insistia muito, EvelinaLeal cortava a dificuldade in<strong>do</strong> casar-se em Inglaterra e aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>o mari<strong>do</strong> logo após a cerimônia, na ocasião de mudar de vesti<strong>do</strong>spara a viagem de núpcias. Deste mo<strong>do</strong> casou três vezes.Um <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s in partibus foi o sr. A<strong>do</strong>lphe d’Anchaux, professorno colégio de Sens, emprego a que renunciou contan<strong>do</strong> com o <strong>do</strong>te. Opobre professor resignatário contraiu grandes dívidas para comprarjóias e sustentar dignamente o seu papel de aspirante à mão de umamilionária, e viu dissipar-se em Londres a mulher <strong>do</strong>s seus sonhos,meia hora depois <strong>do</strong> casamento, quan<strong>do</strong> já se supunha senhor deimensa fortuna.Os logra<strong>do</strong>s calavam-se, e Evelina Leal continuava a operar,mudan<strong>do</strong> de nome. Houve, porém, um fidalgo arrebenta<strong>do</strong>, M. de la377


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Roche, que não esteve para sofrer em silêncio e foi corajosamentequeixar-se à polícia. A inglesa está agora na cadeia e terá brevementede entender-se com os juízes. Os numerosos noivos que teve e osdiferentes mari<strong>do</strong>s, quase to<strong>do</strong>s homens elegantes e afidalga<strong>do</strong>s, devemandar muito aflitos com este processo de que não teve me<strong>do</strong> M. de laRoche.F. H.** *CARTAS DE FRANÇAParis, 10 de abril. 5Sumário– O testamento <strong>do</strong> príncipe Napoleão – Zola – Exposição colonial– Conselhos Gerais – Marinheiros chilenos – Edmond de Pressense.Afinal estão conhecidas, por telegramas e cartas de Genebra, asprincipais disposições <strong>do</strong> testamento de Jerônimo Napoleão, lidas no dia7 em Prangins, na presença da família e <strong>do</strong>s executores testamentários.É um <strong>do</strong>cumento em tu<strong>do</strong> digno <strong>do</strong> César declassé que acaba dedesaparecer, depois de uma larga vida de estéreis conspirações e perfídias.Começa proibin<strong>do</strong> que seu filho Vítor assista aos seus funerais;declara-o trai<strong>do</strong>r e rebelde; dizem mesmo que emprega a expressão“filho maldito”. Exprime o modesto desejo de ser sepulta<strong>do</strong> no palácio<strong>do</strong>s Inváli<strong>do</strong>s, junto ao túmulo <strong>do</strong> grande Napoleão, e se isso não forpermiti<strong>do</strong> (como não será) pelo governo da república francesa, pedeque depositem o seu corpo em uma das ilhas Sanguinárias, no golfo deAjaccio, abrin<strong>do</strong>-se uma cavidade na rocha viva, [ao nível] <strong>do</strong> mar, elevantan<strong>do</strong>-se ali uma pirâmide de granito. Esse túmulo, açoita<strong>do</strong> pelasondas, será – diz ele – a imagem da sua vida tempestuosa.Faz alguns lega<strong>do</strong>s de lembranças íntimas aos seus amigos barãoBrunet, Philis, Adelon, Coltin e Frederico Masson. Pede a seu filho Luísque os auxilie caso eles queiram escrever sobre sua vida política. Ao5N.E. – Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 28 de abril de 1891.378


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)sr. Vítor Duruy, que foi preceptor de seus filhos, deixa <strong>do</strong>is vasos deSévres; ao museu de Ajaccio a Batalha de Alma de Horácio Vernet, oDesembarque <strong>do</strong>s Alia<strong>do</strong>s na Criméia de Pils, uma coleção de medalhasnapoleônicas e 15.000 francos em dinheiro; à princesa Mathilde, umretrato pinta<strong>do</strong> por Flandrin; à sua mulher, duas lembranças que elaescolherá; a sua filha, duquesa viúva de Aosta, uma madeixa de cabelosde Napoleão I; a seu segun<strong>do</strong> filho Luís, to<strong>do</strong>s os seus papéis e toda asua fortuna, deduzi<strong>do</strong>s apenas os bens <strong>do</strong>tais da princesa Clotilde.Procura explicar por divergências políticas a separação em quevivia dele a princesa Clotilde e tem o arrojo de formular queixa contraessa mártir, declaran<strong>do</strong> que ela o aban<strong>do</strong>nou em circunstâncias difíceis,faltan<strong>do</strong> à dedicação que lhe devia. Isso escreveu de seu própriopunho o príncipe crapuloso, mau pai e péssimo mari<strong>do</strong>, que humilhavasua mulher, receben<strong>do</strong> debaixo <strong>do</strong> mesmo teto e junto aos aposentospor ela ocupa<strong>do</strong>s, as atrizes e mulheres perdidas com quem dissipavaa sua fortuna e a pensão anual de cem mil francos que lhe era pagagraciosamente pelo rei Humberto!Tal é em resumo esse testamento, a muitos respeitos nulo, emface <strong>do</strong> Código [de] Napoleão.No testamento político, que não é conheci<strong>do</strong>, mas que se podeadivinhar, dizem que ele declara seu sucessor o príncipe Luís e que orecomenda à nação francesa para o caso em que ela queira restabelecero regime imperial.A atitude <strong>do</strong> príncipe Luís, coronel ao serviço da Rússia, temdesperta<strong>do</strong> um movimento geral de simpatia e de respeito. Na ocasiãoem que foram lidas as palavras tão duras dirigidas ao seu irmão e as tãoinjustas e indignas dirigidas à sua mãe, dizem que ele se lançou, choran<strong>do</strong>,nos braços de ambos, e nos de sua irmã, como que desculpan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>sgrandes elogios e das preferências de que era alvo. Aos executorestestamentários afirmou ele a inabalável resolução em que está de entregarà sua mãe, ao príncipe Vítor e à duquesa de Aosta os bens de que seupai os quis privar para beneficiá-lo e reconheceu o seu irmão comochefe da família pelo direito da primogenitura. Neste acor<strong>do</strong> estão to<strong>do</strong>sos membros da família Bonaparte.O príncipe Luís protesta não ter aspirações políticas: diz que querser somente solda<strong>do</strong>.Os próprios republicanos franceses têm aplaudi<strong>do</strong> a nobre egenerosa resolução <strong>do</strong> digno neto de Vítor Manuel.Esse moço – escreveu hoje Charles Laurent – vai regressar ao seuregimento cerca<strong>do</strong> de mais alguma estima pública e simpatia,apesar <strong>do</strong> seu nome.379


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>De um só golpe conquistou uma situação moral única em sua família.Outros se terão agita<strong>do</strong> muito, escrito muitas proclamações,recomenda<strong>do</strong> muitos candidatos; tu<strong>do</strong> em vão. O povo só verá emto<strong>do</strong> esse pessoal, para ele indiferente, uma figura simpática, dignade ser considerada, sem entusiasmo político, mas com umacordialidade satisfeita: a <strong>do</strong> bravo príncipe que se contenta comuma espada e tem amor à sua mãe.* * *A eleição de Emile Zola, no dia 6, para presidente da Sociedade <strong>do</strong>sHomens de Letras tomou as proporções de um grande acontecimentoliterário e de uma verdadeira vitória acadêmica. Quase to<strong>do</strong>s os jornaiscomentaram o fato, referin<strong>do</strong>-se à hostilidade que a grande maioria damesma associação mostrara até pouco tempo ao infatigável escritor.A sua eleição no Instituto parece agora segura.* * *Prepara-se em Paris, para 1892, uma exposição internacionalcolonial. A vitória <strong>do</strong> Império Britânico nesse grande concurso daspossessões européias vai ser verdadeiramente esmaga<strong>do</strong>ra. A Europaficará assombrada ven<strong>do</strong> a riqueza e o grau da civilização a que têmatingi<strong>do</strong> as colônias inglesas.* * *A sessão <strong>do</strong>s conselhos gerais abriu-se em to<strong>do</strong>s os departamentosda França no dia 6. Essas assembléias têm trata<strong>do</strong> de questões deinteresse local, principalmente da decretação de vias férreas de bitolaestreita. Quase to<strong>do</strong>s votaram moções contrárias ao projeto de tarifasproibicionistas formula<strong>do</strong> pela comissão da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s.* * *Desembarcaram em Bordéus 180 oficiais e praças da Marinhachilena, que vêm guarnecer os novos cruza<strong>do</strong>res Presidente Errazurise Presidente Pinto. Já se achavam aqui outros oficiais e marinheiros,cuja fidelidade fora suspeitada. O governo francês resolvera embargara saída <strong>do</strong>s navios, mas agora será levanta<strong>do</strong> o embargo, a pedi<strong>do</strong>da legação chilena.* * *380


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Faleceu anteontem e enterrou-se hoje o fecun<strong>do</strong> escritor epropagandista liberal Edmond de Pressense, sena<strong>do</strong>r vitalício,membro da Academia de Ciências Morais e Políticas, oficial daLegião de Honra e colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Journal des Débats.Nasci<strong>do</strong> em Paris em 1824, estu<strong>do</strong>u teologia na Suíça e naAlemanha e em 1847 começou a exercer com brilho as funçõesde pastor protestante em sua cidade natal. Nos últimos anos <strong>do</strong>reina<strong>do</strong> de Napoleão III, lançou-se na arena política. Durante aComuna, teve a coragem de protestar energicamente contra aprisão <strong>do</strong> arcebispo de Paris.Em 1871, foi eleito para a Assembléia Nacional, por 118.975votos, aderiu à República, toman<strong>do</strong> lugar no centro esquer<strong>do</strong>,defendeu o governo de Thiers e combateu o de Mac-Mahon.Derrota<strong>do</strong> nas eleições gerais de 1876, foi em 1883 eleito sena<strong>do</strong>rinamovível e escolhi<strong>do</strong> presidente <strong>do</strong> centro esquer<strong>do</strong>.Deixa muitos volumes de história e de discussões políticase religiosas, entre as quais a História <strong>do</strong>s três primeiros séculosda Igreja e O cristianismo aplica<strong>do</strong> às questões sociais.Foi homem de grande sinceridade e espírito verdadeiramenteliberal. Apesar de seu aferro à religião protestante, mostrousempre a maior tolerância em religião e em política e pôde seramigo íntimo de Dupanloup e de outros príncipes da IgrejaCatólica.** *CARTAS DE FRANÇA(Conclusão)Paris, 25 de abril de 1891. 6Perfeccionismo e hipódromos nos conselhos gerais – A sessãode abril <strong>do</strong>s conselhos gerais está terminada. Afora os assuntos depuro interesse local, ocuparam-se essas assembléias da consulta que6N.E. – Segunda parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 15 de maio de 1891.381


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>lhes foi proposta sobre a questão das novas tarifas das alfândegas esobre a das apostas nas corridas de cavalos. Quanto à última, queinteressa não só aos clubes elegantes, mas também aos cria<strong>do</strong>res,61 conselhos gerais pronunciaram-se pela conservação das apostasregulamentadas pelo governo, 9 declararam-se contra, 14 nãoexprimiram voto algum e 6 ficaram de mandar por escrito os pareceresdas comissões que nomearam.Sobre a questão econômica, os votos foram muito divergentese quase sempre pouco precisos, inspiran<strong>do</strong>-se muitas vezes empequeninos interesses de aldeia; mas, segun<strong>do</strong> uma estatística feitapelo governo, a maioria <strong>do</strong>s pareceres mostrou-se favorável aoprotecionismo, aprovan<strong>do</strong> em grande parte o projeto da comissão dedeputa<strong>do</strong>s, presidida pelo sr. Méline.* * *Anti-protecionismo – Entretanto, e apesar dessa maioria nosconselhos gerais – que ainda tenho por problemática –, o comércio vaiprotestan<strong>do</strong> em todas as grandes cidades contra o projeto <strong>do</strong> sr. Méline.As reuniões mais importantes foram celebradas em Paris, Marselha eBordeaux.Mais de sessenta câmaras sindicais <strong>do</strong> comércio parisiense fizeramserepresentar na reunião <strong>do</strong> palacete da rua Lancry, sob a presidência<strong>do</strong> sr. Lockroy. O secretário, sr. Pector, leu muitas representações decâmaras de comércio francesas no estrangeiro e, depois de algumadiscussão, foi a<strong>do</strong>tada unanimemente a seguinte ordem <strong>do</strong> dia:Consideran<strong>do</strong> que tanto as tarifas propostas pelo governo, comoas que propõem a comissão da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, se forema<strong>do</strong>tadas, produzirão a decadência da França, trarão oisolamento de nossa pátria ao la<strong>do</strong> de todas as nações civilizadas,arruinarão a sua indústria, privarão de trabalho milhares deoperários, tornarão impossível a alimentação <strong>do</strong>s operários, <strong>do</strong>semprega<strong>do</strong>s e de quantos encontraram no trabalho os recursosdiários de vida material:Repele unanimemente essas tarifas; confirma o voto manifesta<strong>do</strong>a 18 de fevereiro último; pede a volta <strong>do</strong> regime econômico quepermitiu à França suportar vitoriosamente as fortunas adversas,que a assaltaram desde vinte anos e a que nenhuma outra naçãoteria podi<strong>do</strong> resistir, e encarrega o seu secretário de transmitirrespeitosamente este voto aos poderes públicos.* * *382


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Eleições parlamentares - Três eleições de sena<strong>do</strong>res e outrastantas de deputa<strong>do</strong>s tiveram lugar no dia 19. Foram eleitos sena<strong>do</strong>res:pelo departamento da Dor<strong>do</strong>gne, o dr. Gadaud, republicano; pelo <strong>do</strong>Hérault, o sr. Auguste Galtier, <strong>do</strong> mesmo parti<strong>do</strong>; e pelo de Maine eLoire, o sr. Merlet, conserva<strong>do</strong>r.Em Morlaix (Finistère) foi eleito deputa<strong>do</strong>, por uma grande maioria,o republicano Rouilly. As outras duas eleições, em Blanc (Indre) e Tours,não deram resulta<strong>do</strong> definitivo e por isso haverá segun<strong>do</strong> escrutínio nopróximo <strong>do</strong>mingo. Em Tours a eleição de um republicano é certa; emBlanc não se pode prever o resulta<strong>do</strong> da batalha que vai ferir-se entreos candidatos de Beauregard, conserva<strong>do</strong>r, e Moroux, republicano.Os conserva<strong>do</strong>res apresentaram neste primeiro escrutínio uma maioriade oitocentos votos, mas dividiram os seus sufrágios por <strong>do</strong>is candidatose, assim, deixaram de ganhar a eleição.* * *Goblet e Ferry – Estes são os <strong>do</strong>is homens políticos que mais seagitam neste momento, perambulan<strong>do</strong> e discursan<strong>do</strong> pelos departamentos.O primeiro trabalha por conquistar uma cadeira no Sena<strong>do</strong>, (*) 7 e mostraseem seus discursos bastante modera<strong>do</strong> e concilia<strong>do</strong>r; o segun<strong>do</strong>, apesardas contínuas repulsas que encontra, continua a fazer vãos esforçospara conquistar as boas graças <strong>do</strong> radicalismo, ostentan<strong>do</strong> às vezes umexaltamento juvenil. Assim é que, em um discurso proferi<strong>do</strong> no dia 19,em Vie de Bigorre, repeliu impoliticamente a adesão republicana <strong>do</strong> cardealde Lavigerie, nestes termos, que mereceram a severa condenação <strong>do</strong>Journal des Débats e das folhas mais sérias <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>:A evolução atual <strong>do</strong> clero, bem conduzida, pode ser uma máquinade guerra das mais perigosas para a república. É preciso nadamudar na nossa atitude para com clero; é preciso sobretu<strong>do</strong> nãotocar na lei escolar que é a carta <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> republicano.O clero só tem aceita<strong>do</strong> em França o apoio <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>smonárquicos, porque tem si<strong>do</strong> quase sempre ataca<strong>do</strong> no regime atual,apesar de protestos <strong>do</strong>s homens verdadeiramente liberais, como JulesSimon, cujo republicanismo não pode ser suspeito, porque data <strong>do</strong>sdias da adversidade. Respeitem a liberdade de consciência como érespeitada na Inglaterra e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e o clero não precisarádefender-se, aceitan<strong>do</strong> alianças políticas.7N. E. – Ao pé da coluna, nota da redação <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil: (*) Já por telegrama o nossocorrespondente nos anunciou que René Globet foi eleito – N. R.383


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>E o homem que mais concorreu, pela sua política de violência,para dar aos monarquistas o concurso <strong>do</strong> clero e <strong>do</strong> sentimento católicoem França, foi o sr. Jules Ferry no seu célebre ministério das portasarrombadas.* * *Governos da Argélia e da In<strong>do</strong>china – Acabam de ser nomea<strong>do</strong>so prefeito <strong>do</strong> Ródano, sr. Cambou, governa<strong>do</strong>r da Argélia, e o deputa<strong>do</strong>parisiense sr. J. L. de Lanessan, governa<strong>do</strong>r-geral da In<strong>do</strong>china.Um decreto especial dá ao sr. Lanessan poderes imensos, que otornarão mais que um vice-rei da Índia naquelas remotas regiões.Anunciada desde alguns dias, foi esta última nomeação muitocombatida, mesmo na imprensa ministerial, como por exemplo, o Journaldes Débats; mas o governo julgou dever manter a sua escolha porque,para muita gente em França, o sr. Lanessan é autoridade sem rival emassuntos coloniais, depois de algumas rápidas viagens que fez e de umvolumoso livro que publicou em 1886, trabalho escrito com grandeprecipitação e mui pouco critério, onde se encontram belezas desta ordem:...Les Français y voyaient la riviére Oyapock (trata da Guianabrasileira) située beaucoup plus au sud, en face de l’île Maracá,rivière près de l’embouchure de laquelle Vincent Pinçon avait établiun poste français (!) en 1777 (!!).Parece incrível que o espanhol Vicente Pinzon, <strong>do</strong>s séculos XV eXVI, haja ressuscita<strong>do</strong> no XVIII para naturalizar-se francês e fundarum estabelecimento nas terras que descobrira. Mas o novo governa<strong>do</strong>rgeralda In<strong>do</strong>china afirma isso à pág. 686 da sua obra L’ExpansionColoniale de la France.* * *O bonapartismo morto – O Figaro publica algumas palavras deEmile Ollivier sobre o príncipe Jerônimo Bonaparte. Basta reproduzireste final:Não encontrou as cooperações com que devia contar e esbarroucom oposições que não podia prever. De seu la<strong>do</strong>, faltou-lhepaciência, perseverança, flexibilidade no trato pessoal, reflexãonas idéias. Finalmente, chegou a essa trágica situação: chefe dafamília <strong>do</strong>s Napoleões, viu-se aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> pelos bonapartistas e,neófito republicano, foi prosélito pela república. Morreu no exílio e384


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)sem parti<strong>do</strong>, e sua última palavra foi mais uma maldição contra opróprio filho <strong>do</strong> que um grito de esperança para a sua causa.À última pergunta <strong>do</strong> correspondente <strong>do</strong> Figaro, respondeu EmileOllivier:“O parti<strong>do</strong> bonapartista?... Pode escrever que ele está morto!”* * *O 1º de maio e os militares - Os socialistas e anarquistascontinuam a excitar os operários para que dêem à manifestação <strong>do</strong>1º de maio um caráter revolucionário. Os ora<strong>do</strong>res ambulantes fazemseouvir nos principais centros industriais. Há dias o grupo que seintitula “anti-patriótico” pretendeu introduzir em alguns quartéis ummanifesto com este edificante final: - “Combatamos juntos pela nossaliberdade e gritemos como um só homem: Abaixo a pátria! Morram oschefes! Viva a revolução! Viva a anarquia!”Em França os oficiais e solda<strong>do</strong>s não são como na Américaespanhola, matéria seduzível para a politicagem e a desordem. Honramseda obediência passiva, são simplesmente solda<strong>do</strong>s, e nem mesmoos generais podem votar ou receber votos nas eleições, salvo quan<strong>do</strong>pela reforma deixam o serviço ativo.Os distribui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> manifesto foram imediatamente presos pelossolda<strong>do</strong>s e remeti<strong>do</strong>s à autoridade policial.A manifestação <strong>do</strong> 1º de maio há de ser tão pacífica quanto a <strong>do</strong>ano passa<strong>do</strong> porque to<strong>do</strong> o exército está prepara<strong>do</strong> para cumprir o seudever, defenden<strong>do</strong> a ordem pública e as instituições.* * *Baile <strong>do</strong>s estudantes – Anteontem, a associação geral <strong>do</strong>sestudantes de Paris deu um magnífico baile nos salões <strong>do</strong> hotel Continental,honra<strong>do</strong> com a presença <strong>do</strong> presidente da república. Às dez e meia opresidente e Mme. Carnot fizeram a sua entrada no salão de honra. Osr. Carnot dava o braço à viscondessa de Vogüé, e Mme. Carnot eraconduzida pelo jovem presidente da associação. Entre os convida<strong>do</strong>snotavam-se o sr. Bourgeois, ministro da Instrução Pública, Renan, Pasteur,o visconde Vogüé, de Quatrefages e o general de Galliffet.Os bilhetes de entrada produziram 24.000 francos que vãoaumentar o fun<strong>do</strong> destina<strong>do</strong> à construção de um “hotel” ou palacete,para a associação.* * *385


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Duelo de literatos – Nos círculos literários e jornalísticos produziumuita indignação um violento artigo <strong>do</strong> Echo de Monde contra o sr. JulesLemaître, o crítico dramático <strong>do</strong> Journal des Débats, autor de Revoltée ede Mariage Blanc. O artigo foi escrito pelo sr. Félicien Champsaur, tambémautor dramático e cronista de talento. O ódio de oficial <strong>do</strong> mesmo ofícionão podia ser leva<strong>do</strong> mais longe naquelas linhas, de sorte que JulesLemaître teve de liquidar o incidente encarregan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s seus amigosde pedirem ao agressor uma reparação pelas armas.O duelo teve lugar, à pistola, em Chatillon. Duas balas foramtrocadas sem que houvesse ferimento ou morte, mas depois desseencontro “no campo da honra”, os <strong>do</strong>is adversários terão de tratar-secom respeito, segun<strong>do</strong> os estilos aceitos nos países em que o duelo épermiti<strong>do</strong> ou tolera<strong>do</strong>. É melhor isto <strong>do</strong> que trocar tapas e pontapés,ou figurar em um páreo de descompostura falada ou escrita.* * *Zola e Pierre Loti – Emile Zola, que está em viagem pelo teatrodas operações militares de agosto e setembro de 1870, resolveu mudaro título <strong>do</strong> seu próximo romance. Em vez de La Guerre, será La Débâcle.Ele fez, antes de partir, a visita de estilo a to<strong>do</strong>s os membros daAcademia Francesa, como candidato à cadeira vaga de Octave Feuillet,mas a sua eleição não está segura, como parecia há dias. É mais provávelque seja desta vez escolhi<strong>do</strong> o seu competi<strong>do</strong>r Pierre Loti – o “divinoLoti”, como o chamam alguns –, já preteri<strong>do</strong> na última eleição pelo sr.De Freycinet, cujos títulos, especialmente políticos, pesaram na balançada academia com to<strong>do</strong> o peso de uma pasta de ministro.Pierre Loti, como sabem os leitores <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil, é opseudônimo <strong>do</strong> sr. Julien Viaud, um oficial de marinha que conta hoje41 anos e que desde 1879 tem publica<strong>do</strong> vários volumes de romancese impressões de viagens. Suas obras mais estimadas são o Pêcheur deIslande, Mon frère Ives e Mme. Chrysantheme.* * *Chapu – Na manhã de 21 faleceu em Paris, vítima da influenza,o mais ilustre <strong>do</strong>s escultores franceses destes últimos anos, HenriChapu, nasci<strong>do</strong> na aldeia de Mée (Seine et Oise) a 29 de setembro de1833. Era membro <strong>do</strong> instituto desde 1880 e oficial da Legião deHonra. Deixa muitas obras admiráveis, que tornaram imortal o seunome. Basta citar a estátua da Mocidade, no monumento de HenriRegnault, os monumentos de Berryer e de Schneider e o túmulo deDupanloup.386


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)* * *Civilização na África – Em Biskra foi inaugurada solenemente acasa <strong>do</strong>s “Irmãos arma<strong>do</strong>s da África” ou “Irmãos arma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Saara”,nome especial que eles têm nessa parte <strong>do</strong> continente negro. Anova ordem foi criada pelo cardeal de Lavigerie em virtude de umacláusula <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> celebra<strong>do</strong> pelas grandes potências na conferênciade Bruxelas. Seu fim é pôr termo à escravidão na África. Os uniformesforam pitorescamente desenha<strong>do</strong>s por um artista francês, cujo nomeme escapa agora.Esperemos que estes milicianos da civilização africana não sigam,no Saara, os processos que emprega o atual governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Senegal.Para espalhar o terror entre os negros das fronteiras que andaramhostilizan<strong>do</strong> os estabelecimentos franceses, fez ele degolar centenasde infelizes e concedeu prêmios aos pretos que lhe apresentassemas cabeças cortadas <strong>do</strong>s habitantes de algumas aldeias vizinhas. AIllustration dá, em um <strong>do</strong>s últimos números, algumas gravuras,representan<strong>do</strong> o repugnante espetáculo dessas execuções em massa.* * *Recenseamento – Os agentes <strong>do</strong> serviço da estatística estãoproceden<strong>do</strong> à apuração das listas individuais e de família que mostrarãoqual a população de Paris, no dia 12 <strong>do</strong> corrente. A apuração estaráterminada em fins de maio, apesar de tratar-se de uma cidade que, comos subúrbios, conta de <strong>do</strong>is milhões e quinhentos a três milhões dehabitantes.Desta vez não se perguntou aos recensea<strong>do</strong>s qual a sua religiãoe se sabiam ler e escrever, mas figuraram no questionário outrasperguntas sobre assuntos que interessam à higiene pública: o númerode quartos, salas, janelas, lareiras e fontes em cada fogo.* * *França e Canadá – A sociedade l’Alliance Française deu umbanquete no hotel Continental, em honra <strong>do</strong> conselheiro Henri Mercier,primeiro-ministro da província de Quebec, e <strong>do</strong>s srs. Joseph Sheyn,ministro da Fazenda da mesma província, e Hector Fabre, comissáriogeral<strong>do</strong> Canadá em Paris. O banquete foi presidi<strong>do</strong> pelo condeColonna-Ceccaldi, conselheiro de Esta<strong>do</strong> francês, notan<strong>do</strong>-se entreos convivas os srs. E. M. de Vogüé, da Academia Francesa, AnatoleLeroy-Beaulieu, <strong>do</strong> Instituto, o explora<strong>do</strong>r Bonvalot, e vários sena<strong>do</strong>rese deputa<strong>do</strong>s.387


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O conde Colonna-Ceccaldi fez o primeiro brinde ao presidente darepública francesa e à rainha Vitória, e o acadêmico Vogue sau<strong>do</strong>u emum belo discurso o sr. Mercier e os filhos da França no Canadá.O chefe <strong>do</strong> gabinete de Quebec começou agradecen<strong>do</strong> o brindefeito à rainha da Inglaterra.Nós temos no Canadá – disse ele – um grande respeito pela rainha,mistura<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong> reconhecimento, porque foi no seu reina<strong>do</strong>que os canadenses obtiveram as liberdades políticas de que gozamhá meio século e que fazem deles um <strong>do</strong>s povos mais felizes da terra.Depois discorreu largamente sobre os progressos realiza<strong>do</strong>s peloCanadá e sobre a afeição que os canadenses de origem francesatributam à sua antiga mãe-pátria.Os 70.000 franceses de 1759 são hoje representa<strong>do</strong>s por 2 milhõese meio; sim, senhores, <strong>do</strong>is milhões e meio de canadensesfranceses, que falam a vossa língua, que sofrem com os vossosrevezes e se regozijam <strong>do</strong>s vossos triunfos; que se reuniam nasportas de sua igrejas, em 1870, para enviar socorros aos vossossolda<strong>do</strong>s feri<strong>do</strong>s, humilde tributo de amor filial pela pátria de seusantepassa<strong>do</strong>s. Agora que as vossas grandes lutas políticas estãopassadas, que as vossas liberdades estão garantidas por umaconstituição sábia e generosa, sob a direção esclarecida <strong>do</strong>sestadistas ingleses, empenhamo-nos vigorosamente em promoverno Canadá to<strong>do</strong>s os progressos da civilização, desenvolven<strong>do</strong> osimensos recursos <strong>do</strong> seu território tão rico e tão extenso.Esses <strong>do</strong>is milhões e meio de canadenses franceses estão, como osseus maiores, dissemina<strong>do</strong>s: um milhão e um quarto na provínciade Quebec; trezentos mil nas províncias inglesas; um milhão nosEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s... A província de Quebec, duas vezes maior que aFrança, conta hoje milhão e meio de habitantes. Três quartos sãofranceses e os restantes, ingleses, escoceses e irlandeses... Montreal,a nossa principal cidade, fundada pelo ilustre de Maisonneuve, temmais de 200.000; Quebec, a velha cidade de Champlain, é a sede<strong>do</strong> governo... No recinto <strong>do</strong> Parlamento, como nos tribunais, a línguafrancesa e a inglesa estão em pé de igualdade.Entre setenta e três deputa<strong>do</strong>s, mais de sessenta pertencem à nossaraça. O nosso direito civil é o antigo direito civil francês e a lei garanteos direitos da minoria inglesa e protestante em todas as condiçõesda vida social, sobretu<strong>do</strong> no tocante à organização das escolas.Não conhecemos, em nossa terra, nem violência às crenças religiosas,nem aos sentimentos racionais <strong>do</strong>s cidadãos. A tolerância política e388


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)religiosa está nos costumes e em alguns lugares encontram-semonumentos em honra <strong>do</strong>s vence<strong>do</strong>res e venci<strong>do</strong>s das duas raças.Assim, em Quebec, um mesmo monumento comemora a glória deWolfe e de Montcalm. Nos dias de nossas festas religiosas ou nacionais,as bandeiras da Inglaterra e da França flutuam ao la<strong>do</strong> uma da outra.Uma, como disse o nosso poeta nacional, é a bandeira sem manchaque a Inglaterra arvora gloriosamente em quase todas as regiões daterra, bandeira que protege a nossa liberdade e a cuja sombra temoscresci<strong>do</strong> e prospera<strong>do</strong>; mas a outra é a bandeira de nossos pais,insígnia que devemos beijar de joelhos, disse o poeta.* * *Ataques a Portugal – Desde alguns anos, um sindicato, queaqui se formou, difamava o governo português por meio de cartazesprega<strong>do</strong>s pelas esquinas.Pretendia-se, assim, forçá-lo a reconhecer e pagar os títulosde um empréstimo contraí<strong>do</strong> pelo usurpa<strong>do</strong>r d. Miguel, quan<strong>do</strong> aautoridade legal da nação portuguesa estava nas mãos da regênciade terceiro, que governava em nome da rainha d. Maria II. Com omesmo fundamento poderiam os fidalgos legitimistas queemprestaram dinheiro a d. Carlos reclamar <strong>do</strong> governo espanhol opagamento dessa dívida.A polícia ia toleran<strong>do</strong> esses cartazes, apesar das reclamações<strong>do</strong> ministro português e <strong>do</strong>s capitalistas e negociantes francesesinteressa<strong>do</strong>s no bom crédito de Portugal.Felizmente, a nova sociedade <strong>do</strong>s tabacos portugueses acabade obter <strong>do</strong>s tribunais uma sentença que porá termo ao escândalo<strong>do</strong>s difama<strong>do</strong>res de Portugal. A “chantagem” vai acabar.O príncipe possui<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s tais títulos de d. Miguel, compra<strong>do</strong>sa vil preço, creio que a um franco por título, é o conde de Reilhac,membro <strong>do</strong> Jockey Club.* * *Literatos-artistas – Emile Bergerat, o poeta de Enguerrande, tãoconheci<strong>do</strong> hoje pelo seu nome de família como pelo pseudônimo de“Caliban”, acaba de organizar, aqui, uma exposição que vai atrain<strong>do</strong>não só o Tout-Paris elegante, como to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> das letras e dasartes. A exposição, a que deu o nome de Poil de Plume, é uma reuniãode pinturas e desenhos <strong>do</strong>s principais poetas e escritores franceses,vivos e mortos. Sobressaem nele alguns pastéis de Théophile Gautier,sogro de Bergerat, muitas aquarelas deste, desenhos de Vítor Hugo,389


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>quase sempre representan<strong>do</strong> castelos sombrios e monumentos góticos,e várias pinturas e desenhos de Alfre<strong>do</strong> Musset, de Baudelaire, deSar<strong>do</strong>u e d’Arsène Houssaye. Schaune, que só produziu um livro, emque tratou de demonstrar ser ele o Schaunard da Vida da Boemia deHenri Murger, também figura no Poil et Plume com <strong>do</strong>is quadros.* * *Navios chilenos – O governo francês, atenden<strong>do</strong> ao pedi<strong>do</strong> dalegação <strong>do</strong> Chile, resolveu autorizar a saída <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is cruza<strong>do</strong>resconstruí<strong>do</strong>s nos estaleiros de La Seyne, e que estão no Havre e Toulon.Um deles é o Presidente Pinto e o outro o Presidente Errazuris. Há aindaum terceiro navio chileno encomenda<strong>do</strong> pelo governo <strong>do</strong> sr. Balmaceda– é o encouraça<strong>do</strong> Capitão Prat, mas só ficará pronto no fim <strong>do</strong> ano.* * *Ocorrências diversas – Chegou há dias, depois de haver viaja<strong>do</strong>por Portugal e Espanha, o dr. Ferreira de Araújo, redator chefe da Gazetade Notícias. Foi recebi<strong>do</strong> na estação por muitos de seus amigos e passoua residir no hotel de Castille, onde tem também aposentos o viscondede Ouro-Preto.Ainda não pude conhecer pessoalmente o ilustre escritor, de cujos<strong>do</strong>tes ouvi falar com muito louvor aqui e em Lisboa. Sei, porém, quetanto ele como sua família chegaram de perfeita saúde, apesar <strong>do</strong>cansaço da longa viagem de Madri a Paris.O dr. Ferreira de Araújo foi agracia<strong>do</strong> por S. M. F. com a comendada ordem de S. Tiago <strong>do</strong> mérito científico, literário e artístico.* * *Foram também agracia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is outros distintos escritores dacolônia brasileira. O sr. dr. Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, representante <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong>Commercio, recebeu a mesma comenda, e o sr. dr. Santana Nery, otítulo de barão de Santana Nery.Faleceu em Paris o brasileiro Gustavo Braga Guimarães,sobrinho <strong>do</strong> conde de Vidal e <strong>do</strong> barão de Andaraí. Contava apenas23 anos e tinha feito excelentes estu<strong>do</strong>s nesta capital.F. H.** *390


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)CARTAS DE FRANÇAParis, 23 de maio de 1891. 8Sumário – O exército francês e sua disciplina – O 1º de maio – Conflitoentre a tropa e os operários – Debates na Câmara sobre esses fatos –Ingenuidade de um deputa<strong>do</strong> – As votações – ‘Meetings’ e expulsão deum deputa<strong>do</strong> inglês – A discussão sobre a tarifa das alfândegas – Apostanas corridas – O sr. Goblet sena<strong>do</strong>r – Morte de J. J. Weiss – Eleições noInstituto – Zola derrota<strong>do</strong> – Exposições artísticas – Tabacos portugueses– Campanha na bolsa contra os títulos portugueses – Duelos – Viagem<strong>do</strong> presidente Carnot – Ocorrências diversas.As medidas preventivas tomadas pelo governo asseguraram aordem em toda a extensão <strong>do</strong> território francês e reduziram àimpotência, agora como o ano passa<strong>do</strong>, os promotores dasmanifestações <strong>do</strong> 1º de maio. Não me enganei afirman<strong>do</strong> que o nossoexército saberia cumprir o seu dever, nem é isso aqui questão quepossa inspirar a mais ligeira dúvida. Para o militar francês, é ponto dehonra o estrito cumprimento das ordens recebidas de autoridadecompetente, sejam quais forem essas ordens. Por outra, oficiais esolda<strong>do</strong>s honram-se da obediência passiva a que estão sujeitos, sem aqual não há exércitos que possam cumprir a nobilíssima missão paraque foram cria<strong>do</strong>s, isto é, a defesa da lei e da ordem pública, no interior,e a defesa da honra ou <strong>do</strong>s direitos da nação, perante o estrangeiro.Outra questão de grande pun<strong>do</strong>nor para o oficial francês é aexata observância das ordens que o inibem de envolver-se por qualquermo<strong>do</strong> na política; de ocupar-se, mesmo em palestras, de assuntos quecom ela se relacionem; de escrever em jornais ou revistas ou publicarlivros sem o exame ou aprovação de comissões superiores de censura,nomeadas pelo ministro da Guerra e Marinha. Tu<strong>do</strong> isso é perfeitamenteestabeleci<strong>do</strong> em lei e circulares <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ministérios e ensina<strong>do</strong> nasescolas militares; e é por isso que mesmo os moços, os nossosestudantes-solda<strong>do</strong>s de St. Cyr, são modelos de disciplina, deprocedimento correto e digno, em serviço ou fora dele, e excitamsempre, nas grandes revistas, o entusiasmo das multidões.8N.E. – Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em duas partes. A primeira, em 17 de junho de1891.391


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Um exemplo dará idéia <strong>do</strong> respeito que os oficiais franceses, tãointrépi<strong>do</strong>s diante <strong>do</strong> inimigo, sabem ter por essas práticas, que elespróprios reputam indispensáveis à disciplina e até à dignidade erespeitabilidade da força pública. Quan<strong>do</strong> o coronel Herbinger ordenouno Tonquim a retirada de Lang-Son, que produziu a queda <strong>do</strong> gabineteFerry, um jornal ousou atribuir essa ordem e os desastres da jornada àcircunstância de estar o coronel, naquele momento, completamenteébrio. Tratava-se de uma vil calúnia, mas foi logo circulan<strong>do</strong>, repetidapor várias folhas das que vivem de leviandades e escândalos. Herbingerera oficial de vida exemplaríssima, <strong>do</strong>s mais bravos e instruí<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong>deixa<strong>do</strong> na escola superior de guerra, onde fora brilhante professor, amais pura e honrosa reputação.Desembarcan<strong>do</strong> em Toulon, viu-se então assalta<strong>do</strong> pelosrepórteres <strong>do</strong>s jornais que o queriam defender, mas declarouterminantemente que não podia ter interviews ou justificar-se pelaimprensa, embora feri<strong>do</strong> publicamente em sua honra de homem e desolda<strong>do</strong>. “Só posso defender-me”, disse ele, “perante o conselho deinvestigação e o de guerra. Só aos meus superiores hierárquicos possodar explicações. O ministro da Guerra publicará a minha defesa sejulgar conveniente.”E a defesa foi completa. E esse brioso solda<strong>do</strong>, apesar de ter si<strong>do</strong>unanimemente absolvi<strong>do</strong>, receben<strong>do</strong> as mais honrosas manifestações<strong>do</strong>s seus superiores, apaixonou-se tanto com a afronta recebida, queenfermou e morreu pouco depois. Mas não se exibiu pela imprensa,porque um oficial francês sabe dar estocadas, expor a vida nos camposde batalha, mas não figura em polêmicas e descomposturas de línguaou de pena.Entretanto, os nossos oficiais produzem muito e é riquíssima,aqui, a literatura militar. Há em Paris uma livraria especial que, sob osauspícios <strong>do</strong>s ministérios da Guerra e Marinha, edita esses trabalhos,sempre revistos pela autoridade superior e to<strong>do</strong>s ocupan<strong>do</strong>-se deestu<strong>do</strong>s técnicos. Também existe um clube militar, o Cercle des armeésde terre et de mer, mas é um clube elegante, como os seus similaresde Londres, Berlim, Viena e Roma, onde não se encontram – comoencontrei há quatro anos, visitan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> Clube Militar de BuenosAires – oficiais de farda desabotoada, de cabeleira crescida e chicoteem punho, discorren<strong>do</strong> sobre os atos <strong>do</strong> governo e da oposição e falan<strong>do</strong>de coisas de que entendem tanto como qualquer sena<strong>do</strong>r ou jornalistapaisano entende da direção de um encouraça<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> coman<strong>do</strong> de umbatalhão.Há em França um exército permanente de 550.000 homens, <strong>do</strong>squais 27.000 são generais ou oficiais; há ainda 72.200 almirantes, oficiaise marinheiros, o que tu<strong>do</strong> perfaz um total de mais de 622.000 homens.Pois bem esses 622.000 cidadãos arma<strong>do</strong>s não podem votar naseleições, nem são elegíveis, e to<strong>do</strong>s eles entendem que é assim mesmo392


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)que deve ser. A última lei que consagrou essas incompatibilidadeseleitorais é a de 30 de novembro de 1875, já no regime da república.Só são elegíveis os generais que tenham comanda<strong>do</strong> diante <strong>do</strong> inimigoe os generais em disponibilidade.Quan<strong>do</strong> um oficial francês quer ocupar-se de política, a primeiracousa que tem a fazer é dar a sua demissão <strong>do</strong> serviço, depon<strong>do</strong> asarmas e a autoridade de coman<strong>do</strong> que recebeu <strong>do</strong> governo de suapátria e colocan<strong>do</strong>-se em posição de igualdade com os seusconcidadãos desarma<strong>do</strong>s. Mas isso é muito raro, porque nesta terra,em que há espírito verdadeiramente militar, os oficiais têm orgulhoda sua profissão, sumamente trabalhosa, e contentam-se com a nobrevida de abnegação e sacrifícios que a<strong>do</strong>taram. São pura e simplesmentesolda<strong>do</strong>s. Boulanger foi entre nós uma exceção. Quis ser general àespanhola e hoje é um foragi<strong>do</strong> e um ex-general, embora não houvessetenta<strong>do</strong> seduzir o Exército, saben<strong>do</strong> perfeitamente que os oficiais esolda<strong>do</strong>s franceses não são matéria seduzível [pela] politicagem.Com as leis e os costumes <strong>do</strong> nosso país e com a austera emoraliza<strong>do</strong>ra instrução que os oficiais recebem nas escolas militares –onde, seja dito de passagem, estuda-se muita coisa e faz-se muitoexercício, mas não se estuda sociologia – compreende-se que o governo,em todas as circunstâncias de perigo interno ou externo, possa contarcom a dedicação sem limites da força pública.Se outras fossem aqui as idéias correntes, não haveria segurançapara as instituições republicanas, pois a grande maioria <strong>do</strong>s nossos oficiaisde terra e mar sai da nossa velha nobreza e nutre sentimentosmonárquicos.Entretanto, to<strong>do</strong>s eles marchariam contra o conde de Paris, se eletentasse destruir pela força as instituições que o povo francês escolheu.Quan<strong>do</strong> o presidente Carnot abriu a exposição de 1889, ocomandante da escolta de couraceiros que cercava e acompanhava asua carruagem era o capitão Dillon, filho <strong>do</strong> conde Dillon, entãoprocessa<strong>do</strong>, como o ex-general Boulanger, pelo crime de conspiração.Mas o presidente Carnot tinha a certeza de que se o conde Dillon àfrente de trinta ou quarenta mil homens aparecesse naquele momentoe tentasse aprisioná-lo, o capitão Dillon e o seu esquadrão de cemcouraceiros saberiam cair to<strong>do</strong>s em torno daquela carruagem,cumprin<strong>do</strong>, até à última, o seu dever de solda<strong>do</strong>s.Os agita<strong>do</strong>res e anarquistas fizeram, agora, quanto estava emsuas mãos para excitar à revolta as classes operárias.Em cartas anteriores, dei a notícia das reuniões preparatórias e <strong>do</strong>sdiscursos violentos de alguns energúmenos, explora<strong>do</strong>res da ignorânciapopular ou mentecaptos, que procuram inconscientemente estragar to<strong>do</strong>sos grandes e nobres sentimentos de um povo, pregan<strong>do</strong> umas tolas393


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong><strong>do</strong>utrinas de fraternidade universal, que se traduzem na negação <strong>do</strong>patriotismo e no ódio às classes dirigentes e à propriedade. Com o maiorempenho, procuraram eles espalhar proclamações, excitan<strong>do</strong> os solda<strong>do</strong>sa não cumprirem as ordens que recebessem; mas os solda<strong>do</strong>s foram osprimeiros a prender e a apresentar aos seus oficiais os distribui<strong>do</strong>res deimpressos, sempre que ousaram aproximar-se <strong>do</strong>s quartéis.Em Paris, a manifestação <strong>do</strong> 1º de maio gorou completamente eo mesmo sucedeu em to<strong>do</strong>s os lugares onde pôde haver grandeconcentração de tropas.O dia correu perfeitamente calmo, com o único incidente dadescoberta de uma bomba de dinamite junto ao palacete <strong>do</strong> marquêsde Trévise, tentativa criminosa atribuída a um fâmulo despedi<strong>do</strong> e que,portanto, nenhuma relação tinha com a magna questão operária. Sóse deram conflitos nos subúrbios de Clichy e Levallois-Perret e nascidades de Lyon, Marselha e Fourmies. Em to<strong>do</strong>s esses lugares, a tropa,ou agentes de polícia, foram ataca<strong>do</strong>s a pedradas, à faca ou a tirosde revólver. Algumas cargas de cavalaria dispersaram os desordeiros,sen<strong>do</strong> então efetuadas numerosas prisões.Em Fourmies, pequena cidade na fronteira belga, o conflito foimuito mais sério. Um antigo desertor e réu de polícia, hoje ora<strong>do</strong>r demeetings socialistas, excitou o povo contra uma força de infantaria,que o subprefeito Isaac colocara na rua principal.Durante algum tempo os oficiais e solda<strong>do</strong>s sofreram impassíveistodas as injúrias e pedradas e, com isso, foi crescen<strong>do</strong> cada vezmais a audácia <strong>do</strong>s agressores. Afinal, entraram estes a disparartiros de revólver e alguns solda<strong>do</strong>s caíram feri<strong>do</strong>s. O oficialcomandante não se pôde conter mais: deu a voz de fogo e deavançar à baioneta. Com a descarga das espingardas Lebel, forammortos ou feri<strong>do</strong>s muitos <strong>do</strong> povo; inclusive algumas mulheres queou eram das mais assanhadas na injúria, ou simples curiosas, quenada tinham a fazer naquele lugar. A tropa avançava a passo decarga quan<strong>do</strong> o vigário Mangerin, sain<strong>do</strong> da sua igreja, lançou-secorajosamente entre os solda<strong>do</strong>s e os operários. Esse ato dededicação desarmou os combatentes pon<strong>do</strong> termo ao lamentávelconflito.(Continua)F. H.** *394


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)CARTAS DE FRANÇA(Conclusão) 9Como era de esperar, muitos radicais, quase to<strong>do</strong>s os socialistase to<strong>do</strong>s os anarquistas, procuraram tirar parti<strong>do</strong> desses acontecimentos.Na Câmara, o deputa<strong>do</strong> Granger quis lançar-se contra o ministro <strong>do</strong>Interior, sr. Constans, gritan<strong>do</strong> como um possesso que ele não passavade um vulgar assassino.A sessão <strong>do</strong> dia 4 foi das mais tempestuosas que temos ti<strong>do</strong>nestes últimos anos. O deputa<strong>do</strong> boulangista Ernesto Roche discorreusobre a “matança”, a “carnificina” de Fourmies, e apresentou datribuna uma camisa tinta de sangue e varada por cinco balas, dizen<strong>do</strong>que os solda<strong>do</strong>s representaram o papel de carrascos <strong>do</strong> povo.Grande foi o tumulto. De to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, menos da extremaesquerda, levantaram-se protestos e o presidente Floquet declarounão poder tolerar que assim se falasse <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s franceses.O sr. Constans justificou, em breve discurso, o procedimento<strong>do</strong> governo e das autoridades. Quanto ao Exército, esse executou,disse ele, as ordens recebidas e assim cumpriu nobremente o seudever. O governo procurou, pelos seus agentes, impedir asdesordens e conseguiu esse resulta<strong>do</strong> em quase to<strong>do</strong> o país, masonde houve motim ou agressão, foi preciso reprimir e empregar aforça.O presidente <strong>do</strong> Conselho e ministro da Guerra, sr. DeFreycinet, também tomou parte na discussão, opon<strong>do</strong>-se aoinquérito requeri<strong>do</strong> pelo deputa<strong>do</strong> Wilbrand.Apesar da vossa intenção de conservar o Exército muito fora detodas as nossas questões políticas – disse ele – no dia em queresolverdes um inquérito sobre acontecimentos desta ordem, oExército se há de considerar engloba<strong>do</strong> nesse inquérito. O caminhoem que querem lançar a câmara é eminentemente perigoso eestou muito certo de que se ela se deixasse levar por aí, ce<strong>do</strong>teria de arrepender-se.9N.E. – Segunda parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 18 de junho de 1891.395


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A proposta de inquérito foi repelida por 371 votos contra 172,sen<strong>do</strong> em seguida aprovada, por 371 contra 48, a seguinte ordem <strong>do</strong>dia, aceita pelo Gabinete:A câmara, lamentan<strong>do</strong> profundamente a desgraça de Fourmies eunin<strong>do</strong> em suas preocupações e ardentes simpatias os trabalha<strong>do</strong>resfranceses e o exército nacional, resolvida a fazer triunfarpacificamente as reformas sociais, passa à ordem <strong>do</strong> dia.O deputa<strong>do</strong> Ernest Roche, que durante a discussão tambémchamara o sr. Constans de assassino e, referin<strong>do</strong>-se aos ministeriais,dissera que os “lacaios valiam bem o seu senhor”, ficou suspenso dassuas funções, sen<strong>do</strong>-lhe aplicada pela Câmara a pena de expulsãotemporária; mas depois an<strong>do</strong>u fora, pelas salas de conferência ereuniões públicas, mostran<strong>do</strong> a camisa ensangüentada e repetin<strong>do</strong> asmesmas histórias que já havia exibi<strong>do</strong> da tribuna da Câmara.Não ficou nisso a exploração das cenas de sangue <strong>do</strong> 1º de maio.Na sessão de 8, elas motivaram nova batalha parlamentar com asproposições de anistia apresentadas pelos srs. Waujan [sic] e CamillePelletan, em favor <strong>do</strong>s presos políticos, isto é, <strong>do</strong>s indivíduos queultrajaram, feriram ou mataram agentes da força pública. A anistia foidefendida por alguns ora<strong>do</strong>res, entre os quais o sr. Clémenceau, ecombatida pelo ministro da Justiça, sr. Fallières, e pelo presidente <strong>do</strong>Conselho.A nota cômica deste debate foi a seguinte ingênua declaração<strong>do</strong> sr. Tony Révillon:O sr. presidente <strong>do</strong> Conselho diz que não pode concordar na anistiaporque isso iria desanimar o zelo <strong>do</strong>s agentes <strong>do</strong> poder. Mas tambémnós precisamos não desanimar os nossos eleitores...A hilaridade foi tal, e tão numerosos os protestos, que a sessãoficou, de fato, suspensa durante muitos minutos.O governo triunfou por 294 votos contra 191, mas venceu graçasà direita monárquica. Formaram a maioria 193 republicanos, dentre381 que compõem a esquerda, e 101 monarquistas, [dentre] 157 queconstituem os realistas e os bonapartistas. A minoria compôs-se de141 republicanos, 32 boulangistas e 18 monarquistas.Deixaram de votar 18 republicanos e 24 monarquistas, e estavamausentes, com licença, 21 republicanos, 14 monarquistas e 2boulangistas.Enfim, terminou este ano a questão <strong>do</strong> 1º de maio, masesperamos pela sua renovação no ano próximo.396


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Nada mais injustificável <strong>do</strong> que essas rui<strong>do</strong>sas manifestações derua e esses processos de intimidação e violências a que os anarquistasandam excitan<strong>do</strong> as classes operárias. Temos neste país o sufrágiouniversal. Temos eleições fiscalizadas pelos agentes <strong>do</strong>s candidatos,em que nenhuma fraude é possível. A liberdade <strong>do</strong> voto é completa: aFrança não é o Haiti. Vivemos em país livre, de governo parlamentar,que é o melhor <strong>do</strong>s governos. Os operários dispõem <strong>do</strong> número. Épelas urnas eleitorais que devem encaminhar as suas reivindicações.Como disse o sr. Jules Simon, um motim em França é hoje umanacronismo.* * *Fora <strong>do</strong> Parlamento, os incidentes <strong>do</strong> 1º de maio produziram umasérie de meetings em teatros e salas de concerto, com o fim de protestarcontra as “violências” <strong>do</strong> governo. Para os agita<strong>do</strong>res de temperamentoou de profissão, os alvoroços e conflitos de praça pública são sempredevi<strong>do</strong>s a provocações da autoridade. Nessas reuniões, representaramem Paris grande papel os deputa<strong>do</strong>s boulangistas Laur e Ernest Roche(o da camisa suja e ensangüentada). Choveram as injúrias sobre o sr.Constans e sobre o subprefeito Isaac, mas a polícia foi toleran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>sesses excessos de língua porque as reuniões não eram feitas na rua. Emuma delas o grupo que se intitula “revolucionário anti-patriótico” fezuma manifestação das suas repugnantes idéias e aplaudiu o discursa<strong>do</strong>rdan<strong>do</strong> gritos de “Abaixo a pátria! Viva a fraternidade universal!”.O sr. Laur protestou contra isso e foi entusiasticamenteacompanha<strong>do</strong> por quase toda a assembléia, dan<strong>do</strong> vivas à pátria.Em Calais, o socialista Cuningham Graham, membro da Câmara<strong>do</strong>s Comuns da Inglaterra, pronunciou no dia 10 um discurso sobre ocaso de Fourmies, dizen<strong>do</strong> que aqueles mortos eram os primeirosmártires da revolução social em breve triunfante. Um telegrama <strong>do</strong>ministro <strong>do</strong> Interior man<strong>do</strong>u prender e expulsar, no mesmo dia, odeputa<strong>do</strong> inglês que assim vinha politicar em terra alheia.Essa ordem, fundada na lei de 3 de dezembro de 1849, foicumprida incontinente e, à meia-noite, o ora<strong>do</strong>r da tarde era exporta<strong>do</strong>para Dover a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> vapor da mala postal.O sr. Rochefort, em meio de to<strong>do</strong>s esses acontecimentos, nãopodia deixar de fazer falar de si. De Londres, onde vive, dirigiu umaimperiosa carta ao subprefeito Isaac, carta verdadeiramente ignóbil,em que também insultava a memória <strong>do</strong> pai desse funcionário, umhonra<strong>do</strong> negociante faleci<strong>do</strong> há pouco em Argel. O duelo, que foi logoajusta<strong>do</strong> para a fronteira da Holanda, não pôde realizar-se, porque umamigo indiscreto <strong>do</strong> sr. Rochefort teve a assombrosa idéia de escrever397


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>à polícia holandesa dan<strong>do</strong> informações sobre o local <strong>do</strong> projeta<strong>do</strong>encontro.As autoridades holandesas e belgas estiveram por isso vigilantes,não só nesse lugar como também em toda a extensão da linha divisória,de sorte que os adversários e suas testemunhas viram-se na necessidadede desistir <strong>do</strong> combate. Trata-se, porém, de um simples adiamento.* * *A discussão geral <strong>do</strong> projeto de tarifas das alfândegas ocupou aatenção da Câmara desde 29 de abril até ontem, excetuadas as sessõesem que o episódio de Formies e a questão da anistia absorveram to<strong>do</strong>o tempo. Agora vai começar a discussão por artigos.É provável que o projeto sofra muitas emendas, mas as idéiascapitais serão mantidas, deven<strong>do</strong> triunfar o protecionismo, segun<strong>do</strong> oscálculos <strong>do</strong> próprio sr. Leon Say, por 350 votos contra 150.As honras da discussão geral pertenceram ao sr. Paul Deschanel,protecionista, e ao eminente sr. Leon Say, a quem coube a palavra pararesponder ao jovem brilhante ora<strong>do</strong>r; e, apesar de terem ambospronuncia<strong>do</strong> extensos discursos, falan<strong>do</strong> cada um deles durante duassessões, a atenção da Câmara não se fatigou um só momento. Foi umverdadeiro torneio oratório, quase literário ou acadêmico.Em seu discurso, o sr. Deschanel referiu-se aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,que trabalham por conquistar a hegemonia na América inteira e porestabelecer uma espécie de novo bloqueio continental contra a Europa.Falan<strong>do</strong> de passagem na convenção aduaneira entre o Brasil e os Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, disse que a França devia procurar obter para os seus produtosno Brasil os mesmos favores concedi<strong>do</strong>s aos americanos <strong>do</strong> norte.Na sessão de 15, a Câmara a<strong>do</strong>tou o projeto regulamentan<strong>do</strong> ascorridas de cavalos e permitin<strong>do</strong> as apostas, projeto já publica<strong>do</strong> noJornal <strong>do</strong> Brasil.* * *O ex-ministro Rèné Goblet, derrota<strong>do</strong> nas últimas eleições geraiscom o sr. Jules Ferry, seu rival, acaba, como este, de ser eleito sena<strong>do</strong>r.* * *No dia 20, faleceu em Fontainebleau o muito conheci<strong>do</strong> JeanJacques Weiss, um <strong>do</strong>s escritores que, pela erudição, pureza e elegânciade estilo e brilhantes <strong>do</strong>tes de polemista, mais contribuíram paraassegurar ao jornalismo um lugar honroso na literatura contemporânea.398


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Foi homem talha<strong>do</strong> para as mais elevadas posições, porém infeliz emseus cálculos e ambição política na época de transformações súbitasem que viveu.Estrean<strong>do</strong> brilhantemente como oposicionista quan<strong>do</strong> opretorianismo imperial estava no apogeu, capitulou e fez a sua adesão,com Prevost-Para<strong>do</strong>l, nas vésperas da queda desse regime nasci<strong>do</strong> datraição e <strong>do</strong> golpe de Esta<strong>do</strong>. Combateu com violência o governo deThiers e, em 1873, durante a reação monárquica, foi nomea<strong>do</strong>conselheiro de Esta<strong>do</strong>, mas perdeu o lugar pouco depois, quan<strong>do</strong> osrepublicanos voltaram ao poder. Gambetta, que muito o prezava econhecia o seu valor, chamou-o para seu auxiliar na secretaria <strong>do</strong>sNegócios Estrangeiros, mas o “Grande Ministério” caiu dentro em pouco.Desde então, J. J. Weiss procurou consolar-se <strong>do</strong>s revezes políticoscom os triunfos que alcançava na imprensa e achou na crítica dramática aproeminência que a sua inteligência privilegiada e os mais severos estu<strong>do</strong>sclássicos não podiam deixar de assegurar-lhe nesse ramo da literatura.Há pouco tempo, já enfermo, recebeu <strong>do</strong> governo a sinecura de bibliotecário<strong>do</strong> palácio de Fontainebleau. Aí fixou-se o grande estilista, cerca<strong>do</strong> deadmiração de quantos em França manejam uma pena na imprensaperiódica, para os quais ele era, e ficou sen<strong>do</strong>, o jornalista ideal.* * *Para a vaga deixada na Academia de Belas-Artes <strong>do</strong> Instituto deFrança, pelo príncipe Napoleão, foi eleito o sr. Larroumet, diretor <strong>do</strong>serviço das Belas-Artes.A eleição <strong>do</strong> sucessor de Octave Feuillet na Academia Francesaesteve difícil, mas deu em resulta<strong>do</strong>, como eu anunciara, a escolha dePierre Loti (Julien Viand). A maioria necessária só se produziu ao cabode seis escrutínios em que tomaram parte 35 acadêmicos. A primeiravotação, repartiu-se assim: Emile Zola, 8 votos; Pierre Loti, 7; FerdinandFabre, 7; Stéphen Liégeard, 6; De Bornier, 5; Leroy de Keraniou, nenhumvoto; cédulas em branco, 2.No segun<strong>do</strong> escrutínio, Zola ficou reduzi<strong>do</strong> a 3 votos, e sóconservou um (o de Alexandre Dumas) no terceiro, quarto e quinto.Desde o segun<strong>do</strong> escrutínio, a luta ficou empenhada entre Pierre Lotti,De Bornier e Fabre. Afinal, obteve Lotti 18 votos; De Bornier, 10; eFabre, 7.Brevemente terá a Academia de Belas Artes de eleger o sucessorde Chapu na secção de escultura. São candidatos Antonio Mercié, Fremiet,Dalon e Rodin. A vitória <strong>do</strong> primeiro não pode ser objeto de dúvida.* * *399


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Em matéria de exposições artísticas, temos agora o Salão <strong>do</strong>Palácio da Indústria, onde os ama<strong>do</strong>res de telas gigantescasadmiram o Festin de Balthazar, de Georges Rochegrosse, genro deTheo<strong>do</strong>re de Banville; temos o Salão dissidente <strong>do</strong> Campo de Marte,cria<strong>do</strong> por Meissonier, e uma interessante exposição da arte nocomeço <strong>do</strong> século, formada de obras que pertencem quase todasa coleções particulares.* * *A Companhia <strong>do</strong>s Tabacos Portugueses, recentemente formadaaqui, obteve que os tribunais e a polícia pusessem termo ao escândalo<strong>do</strong>s cartazes com que os possui<strong>do</strong>res de títulos <strong>do</strong> empréstimo de d.Miguel andavam a difamar o governo português. Mas, pouco depois,com a notícia da crise bancária em Portugal, formou-se um sindicatode especula<strong>do</strong>res para explorar na bolsa essa situação e algunsjornais entraram em cheio na campanha de descrédito e de notíciasinventadas.O Matin, que há pouco tempo defendeu Portugal e maltratou osmiguelistas <strong>do</strong>s cartazes, desta vez rompeu com a Companhia <strong>do</strong>sTabacos e publicou as mais extraordinárias e absurdas notícias de Lisboa.Só faltou dizer que um terremoto havia destruí<strong>do</strong> todas as cidadesdaquele reino. Em um <strong>do</strong>s seus números declarou que to<strong>do</strong> o Exércitoestava revolta<strong>do</strong> e que provavelmente naquela manhã estariaproclamada a república.O resulta<strong>do</strong> dessas invenções foi uma enorme e rápida queda<strong>do</strong>s títulos portugueses e um jogo desenfrea<strong>do</strong> na Bolsa, em que,como sempre sucede, alguns indivíduos ganharam e outros, em maiornúmero, perderam muito dinheiro.* * *Tivemos ultimamente por aqui quatro duelos. O general Négrierbateu-se com o espadachim Legrand, que, sem conhecê-lo, lhe disseraumas impertinências na Ópera Cômica. Desta vez, não sucedeu o mesmoque no duelo entre o sr. Floquet e o então general Boulanger, dueloem que o pékin espetou a garganta <strong>do</strong> general. Legrand, apesar detoda a sua proa de joga<strong>do</strong>r de espada, foi feri<strong>do</strong> pelo nosso herói <strong>do</strong>Tonquim, hoje comandante de um corpo de exército e um <strong>do</strong>s generaisem que a França mais confia.O segun<strong>do</strong> duelo deu-se entre o jovem deputa<strong>do</strong> Emmanuel Aréne[?] e um adversário cujo nome ficou em segre<strong>do</strong>, saben<strong>do</strong>-se apenasque saiu levemente feri<strong>do</strong>.400


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Os outros duelos foram entre jornalistas. Bateram-se à espadaos srs. Gangl e Edmond Bagire; e, à pistola, os srs. Antony e GastonLaffargue. Este último e o sr. Bagire foram feri<strong>do</strong>s.Também o nosso grande poeta Leconte de Lisle, apesar <strong>do</strong>s seuscabelos de prata, quis bater-se para dar satisfação ao sr. Anatole France,que pela imprensa se queixara de certas frases suas publicadas por umrepórter. Leconte de Lisle man<strong>do</strong>u dizer ao queixoso que esperava assuas testemunhas, mas o incidente terminou sem troca de estocadas oude balas.* * *O presidente Carnot anda em viagem pelo sul da França, receben<strong>do</strong>por toda a parte as demonstrações de apreço de que é tão digno.* * *Como em tempo anunciei pelo telégrafo, a rainha Vitória terminoua sua estação em Grasse e voltou para a Inglaterra, sen<strong>do</strong>-lhe tributadasas mesmas honras e públicas homenagens que recebeu à chegada.* * *O sr. d. Pedro de Alcântara chegou a Versalhes no dia 12 e dizemmeque ali se demorará até fins <strong>do</strong> corrente mês. Os leitores <strong>do</strong> Jornal<strong>do</strong> Brasil sabem, sem dúvida, que naquela cidade residem Suas Altezaso conde, a condessa d’Eu e seus filhos.* * *Chegaram de Londres o conselheiro Manoel Pinto de Souza Dantase da Itália voltou há dias o conselheiro Antonio Pra<strong>do</strong>.Em telegrama anunciei a partida <strong>do</strong> visconde de Ouro Preto parao Brasil no paquete Ibéria, sain<strong>do</strong> de Bordéus no dia 16.* * *O vapor Béarn, procedente <strong>do</strong> rio da Prata e <strong>do</strong> Brasil, foi postoem quarentena em Marselha, in<strong>do</strong> os passageiros, em número de 667,quase to<strong>do</strong>s italianos, para o lazareto, onde passaram 10 dias. Durantea viagem morreram de febre amarela sete pessoas.* * *401


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O deputa<strong>do</strong> boulangista Vergoin, que há tempos an<strong>do</strong>u emquestões com a célebre Mlle. de Sombreuil e foi condena<strong>do</strong> porinjúrias ao procura<strong>do</strong>r da república, sr. Quesnay de Beaurepaire,estava viven<strong>do</strong> em Bruxelas; mas apertaram-no tanto as saudades<strong>do</strong> bulevar, que veio apresentar-se à justiça para cumprir a penade prisão e recuperar dentro de alguns meses a sua liberdade deação diurna e noturna às margens <strong>do</strong> Sena.* * *Segun<strong>do</strong> o recenseamento a que se procedeu <strong>do</strong> dia 12 deabril último, a cidade de Paris conta 2.422.969 habitantes, contra2.260.945 em maio de 1886. Há, portanto, um aumento de162.024.* * *Madame Boulanger, que vive em Versalhes com a sua filhasolteira, acaba de obter <strong>do</strong> Tribunal Civil <strong>do</strong> Sena a restituição elivre administração <strong>do</strong>s seus bens que haviam si<strong>do</strong> confisca<strong>do</strong>s deenvolta com os <strong>do</strong> ex-general. Quanto a este aventureiro político,sabe-se que desde alguns dias deixou Jersey e estabeleceu-seem Bruxelas, sempre em companhia de Mme. De Bonnemain.* * *Francisque Sarcey casou em Nanterre com Mlle. Julie ThérèseCarbonari. Os bombeiros <strong>do</strong> lugar quiseram dar-lhe uma serenata,mas desistiram <strong>do</strong> intento, saben<strong>do</strong> que o ilustre crítico reprovademonstrações rui<strong>do</strong>sas.F. H.** *402


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)CARTAS DE FRANÇAD. Pedro IIParis, 5 de dezembro. 10Os meus telegramas e os <strong>do</strong> correspondente especialmenteencarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong> serviço telegráfico <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil nesta capital játerão informa<strong>do</strong> aos seus leitores e ao povo fluminense de to<strong>do</strong>s ospormenores <strong>do</strong> infausto acontecimento desta noite.O príncipe ilustre que durante meio século, à frente <strong>do</strong> governode um povo livre, foi a brilhante e gloriosa personificação da pátriabrasileira, acaba de descansar em terra estrangeira, nos modestosaposentos que ocupava em um hotel de terceira ordem.Foi às 12 e 29 minutos desta madrugada que aquele grandecoração deixou de pulsar.Pela profunda <strong>do</strong>r que a triste notícia tem causa<strong>do</strong> nesta grandecapital, avalio bem a impressão que terá produzi<strong>do</strong> a esta hora no povo<strong>do</strong> Brasil. Nada fazia prever, até a tarde de ontem, esse desfecho fatal.Só pelas 7 e 30 da noite, recrudescen<strong>do</strong> a febre, foi que os médicos,atento o esta<strong>do</strong> de fraqueza <strong>do</strong> augusto enfermo, começaram a perdera esperança. O boletim, assina<strong>do</strong> então pelos professores Charcot,Bouchard e Motta Maia e afixa<strong>do</strong> à entrada <strong>do</strong> hotel, dizia: “A febreaumenta. Esta<strong>do</strong> muito grave.”Às 10 da noite, toda a esperança estava perdida. O conde deMotta Maia declarou que o sr. d. Pedro II não podia viver mais de 48horas. Às 10 e 30, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> os últimos sacramentos, que lheforam ministra<strong>do</strong>s por monsenhor Le Rebours, vigário da Madalena,começou a agonia – se se pode dar esse nome a uma extinção graduale tranqüila da vida. O augusto enfermo como que <strong>do</strong>rmitava, ten<strong>do</strong> acabeça pendida para o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>. O pulso foi desaparecen<strong>do</strong>, arespiração foi-se enfraquecen<strong>do</strong> e, afinal, espaçan<strong>do</strong> cada vez mais,até que parou de to<strong>do</strong>.O sr. d. Pedro II faleceu em um quarto <strong>do</strong> aposento n. 33 nohotel Bedford, dan<strong>do</strong> para a rua de l’Arcade. O aposento está nosegun<strong>do</strong> andar e compõe-se desse quarto, de um salão, uma sala de10Artigo publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil, em 22 de dezembro de 1891.403


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>jantar e um gabinete de touca<strong>do</strong>r. O conde de Aljezur e o conde econdessa de Motta Maia, que formavam a comitiva de Sua Majestade,ocupavam cômo<strong>do</strong>s no terceiro andar.O quarto mortuário tem duas janelas para a rua e uma mobíliaextremamente simples. Ao la<strong>do</strong> da cama, sobre uma mesinha, viam-seum crucifixo de prata e alguns círios, e muitos livros e cadernos de notas.Estavam presentes, de joelhos, Sua Alteza a princesa d. Isabel,Sua Alteza o sr. conde d’Eu que, apesar de um ataque de influenza,chegara nessa tarde de Versalhes, Sua Alteza o príncipe d. PedroAugusto de Saxe, e alguns cria<strong>do</strong>s particulares <strong>do</strong> sr. d. Pedro II e <strong>do</strong>spríncipes. A alguma distância estavam – uns de pé, outros ajoelha<strong>do</strong>s– o conde de Alzejur e o conde e condessa de Motta Maia, dedica<strong>do</strong>sservi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s dias da desgraça; o visconde de Cavalcanti, o conselheiroSilva Costa, o marechal visconde da Penha e a viscondessa da Penha;os barões de Pene<strong>do</strong>, de Muritiba e da Estrela; a baronesa de Muritiba,os barões de Albuquerque e de S. Joaquim; o sr. Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, Mme.Silva Coutinho, os srs. Sebastião Guimarães, Alfre<strong>do</strong> Rocha e suasenhora; Pandiá Calógeras e sua senhora, dr. Seybold e Ferdinand Hex.Suas Altezas Reais os duques de Nemours e de Aumale, o príncipede Joinville, o duque de Chartres e os srs. conde de Nioac e o barão deNioac tinham visto o sr. d. Pedro II à noite, mas retiraram-se pelas 10horas. O sr. conde de Nioac estava <strong>do</strong>ente com uma forte bronquite.Apenas se verificou que o grande brasileiro tinha deixa<strong>do</strong> de viver,a princesa d. Isabel ergueu-se em pranto e foi beijar a mão de seuaugusto pai. “Meu queri<strong>do</strong> pai! Pobre de meu pai!” Foram as únicaspalavras que proferiu. Os Srs. conde d’Eu, d. Pedro Augusto e todas aspessoas presentes beijaram em seguida a mão <strong>do</strong> morto Impera<strong>do</strong>r, aprincesa e os príncipes receberam as con<strong>do</strong>lências <strong>do</strong>s poucos brasileirose estrangeiros ali reuni<strong>do</strong>s.A princesa mostrou muita energia moral e muita dignidade nasua <strong>do</strong>r. Toda a noite conservou-se, ora sentada, ora de joelhos, aola<strong>do</strong> <strong>do</strong> cadáver de seu pai.Corri à estação telegráfica da Bolsa para transmitir ao Jornal <strong>do</strong>Brasil estas tristes notícias. Quan<strong>do</strong> regressei, foi-me obsequiosamentemostra<strong>do</strong> o seguinte auto:À meia hora depois da meia-noite de quatro para cinco de dezembrode mil oitocentos e noventa e um, nesta cidade de Paris, em um<strong>do</strong>s aposentos <strong>do</strong> hotel Bedford, sito à rua de l’Arcade, númerodezessete, teve lugar o infausto óbito de Sua Majestade OImpera<strong>do</strong>r o Sr. D. Pedro II, nasci<strong>do</strong> na cidade de S. Sebastião <strong>do</strong>Rio de Janeiro no dia <strong>do</strong>is de dezembro de mil oitocentos e vinte ecinco, batiza<strong>do</strong> com os nomes de D. Pedro de Alcântara João Carlos4<strong>04</strong>


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)Leopol<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r Bibiano Xavier de Paula Leocádio Miguel GabrielRafael Gonzaga, filho legítimo de Sua Majestade O Impera<strong>do</strong>r Sr.D. Pedro I <strong>do</strong> Brasil e IV de Portugal, e de Sua Majestade a ImperatrizD. Leopoldina arquiduquesa da Áustria, casa<strong>do</strong> com Sua Majestadea Imperatriz a Senhora D. Teresa Cristina Maria, princesa deBourbon e das duas Sicílias, já falecida; ten<strong>do</strong> Sua MajestadeImperial recebi<strong>do</strong> os sacramentos da Igreja e, para constar, lavreieste ato, eu, o conde de Aljezur, gentil homem da imperial câmara,que o fiz e assino com as pessoas presentes, em duplicata. – Isabel– Gastão de Orleans – D. Pedro Augusto – Visconde de Cavalcanti– Visconde da Penha – Dr. José da Silva Costa – Barão de Pene<strong>do</strong>– Barão de Muritiba – Barão de Estrela – Barão de Albuquerque –Barão de S. Joaquim – Sebastião Pinto Bandeira Guimarães –Eduar<strong>do</strong> da Silva Pra<strong>do</strong> – Alfre<strong>do</strong> Augusto da Rocha – PandiáCalógeras – Conde da Motta Maia , médico assistente de SuaMajestade o Impera<strong>do</strong>r – Conde de Aljezur, gentil-homem daimperial câmara.A Princesa telegrafou ao coronel Lassance, seu mor<strong>do</strong>mo,recomendan<strong>do</strong>-lhe que fizesse publicar nos jornais <strong>do</strong> Rio de Janeiro oseguinte:Aprouve a Deus ferir-me com o golpe mais<strong>do</strong>loroso, chaman<strong>do</strong> a si o meu muito ama<strong>do</strong>e venera<strong>do</strong> Pai. Junto <strong>do</strong> leito em que expirou,meu primeiro pensamento é de anunciar aminha desgraça aos meus compatriotas, certade que eles se hão de associar à minha <strong>do</strong>rpela perda de quem, em sua longa existência,consagrou to<strong>do</strong>s os seus desvelos à felicidadee grandeza da nossa pátria. Paris, 5 dedezembro de 1891. – Isabel.Logo depois, por ordem de Sua Alteza, começaram a serexpedi<strong>do</strong>s telegramas notifican<strong>do</strong> o triste acontecimento aos membrosda Família Imperial, aos parentes mais próximos.Ás 8 horas da manhã, o coadjutor da igreja da Madalena rezouuma missa na câmara mortuária, estan<strong>do</strong> presentes os mesmospríncipes, os duques de Nemours e de Chartres, quase todas as pessoasque assistiram aos últimos momentos <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r e muitas famíliasda colônia brasileira.É deste teor a certidão de óbito passada pelos médicosassistentes:405


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Nous soussignés, professeurs à la Faculté de Médecine de Pariset à la Faculté de Médecine de Rio de Janeiro, certificions queDom Pedro II d’Alcantara est mort à l’Hotel Bedford, rue de l’Arcade,ce matin de 5 Décembre 1891. – Charcot – Bouchard – MottaMaia.Com este <strong>do</strong>cumento, os srs. visconde de Cavalcanti e barõesde Pene<strong>do</strong>, de Muritiba e de Estrela apresentaram-se ao oficial <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> civil, na Mairie <strong>do</strong> 8º círculo ou distrito e fizeram a declaraçãode óbito.O corpo vai ser embalsama<strong>do</strong> pelo dr. Poirier e, amanhã ao meiodia,será exposto.O seu rosto conserva a expressão de bondade que tinha emvida. Dir-se-ia que esse velho venerável <strong>do</strong>rme.Não está fixa<strong>do</strong> o dia das exéquias. Informam-me, porém, queserão celebradas na igreja da Madalena e que o corpo será conduzi<strong>do</strong>para a igreja de S. Vicente de Fora, em Lisboa, onde se acha o daImperatriz d. Teresa Cristina.A notícia da morte <strong>do</strong> sr. d. Pedro II só pôde ser conhecidamuito tarde, quase pela primeira hora da madrugada. Por isso, nemto<strong>do</strong>s os jornais da manhã puderam dar extensos artigos. A nota<strong>do</strong>minante nos artigos que apareceram, escritos a correr e à últimahora, é a da mais profunda simpatia por esse príncipe ilustre, patriota,liberal e desinteressa<strong>do</strong>, tão queri<strong>do</strong> e popular entre os nossosparisienses.Os jornais da tarde, que começam a aparecer, já dão artigosmais extensos, como o Temps.Foi no dia 23 de novembro, ao sair da sessão <strong>do</strong> instituto, aque comparecera para votar no sr. Boissier, então eleito membro daAcademia de Ciências, que o sr. d. Pedro II sentiu-se assalta<strong>do</strong> <strong>do</strong>mal que o levou ao túmulo.A tarde era bastante fria para um homem nasci<strong>do</strong> debaixo <strong>do</strong>sol <strong>do</strong>s trópicos e que aos 66 anos já parecia um octogenário, tantoo haviam enfraqueci<strong>do</strong> os desgostos e a moléstia. Apesar disso, osr. d. Pedro II fez ainda um passeio de carro a St. Cloud. Ao anoitecer,recolhen<strong>do</strong>-se ao hotel, sentiu calafrios. Apareceu depois algumafebre e ele teve de guardar o leito. Conversava, porém,prazenteiramente e dizia-se de to<strong>do</strong> bom, quan<strong>do</strong>, no dia 3, a moléstiacomeçou a tomar caráter assusta<strong>do</strong>r.No dia 2 de dezembro, alguns jornais anunciaram que eraesse seu aniversário natalício, e pode-se dizer que to<strong>do</strong>s osamigos que o soberano exila<strong>do</strong> conta aqui no mun<strong>do</strong> das ciências,das letras e das artes foram inscrever-se no livro de registro. O406


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)salão ficou literalmente cheio de flores. Três dias depois ele eracadáver.Ferdinand Hex** *CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro IIParis, 12 de dezembro de 1891. 11Sumário – Ainda a morte de d. Pedro II – Termo de óbito na Mairie <strong>do</strong>8º distrito – A câmara ardente – Guarda <strong>do</strong>s despojos mortais –Telegramas e visitas de pêsames – Últimos retratos de d. Pedro II –Embalsamamento no dia 6 – Como foi vesti<strong>do</strong> o corpo – Exposiçãopública nos dias 6, 7 e 8 – O caixão – A inscrição em latim – Tocantedespedida – As flores: principais coroas – Trasladação <strong>do</strong> corpo para aigreja da Madalena na noite de 8 – Juízo da imprensa francesa sobre omorto – Algumas agressões – O governo francês resolve tributar honrasimperiais a d. Pedro II – Nisso não houve ofensa alguma à repúblicabrasileira – Em que consistem essas honras – Precedente <strong>do</strong> ex-rei deHanover – Os convites para as exéquias <strong>do</strong> dia 9 – Ornamentação daMadalena – As tropas que concorreram ao funeral – Suas bandeiras –O coche fúnebre – A assistência dentro da igreja: relação das principaispessoas presentes – Quase to<strong>do</strong> o Instituto de França – A cerimônia– Continência militar à saída – Personagens que seguiram nos cordões<strong>do</strong> esquife – Ordem <strong>do</strong> préstito – Caminho que seguia – Trezentas milpessoas – Chegada à estação <strong>do</strong> caminho de ferro – Marcha das tropasem continência – A Academia de Ciências – Partida <strong>do</strong> comboio fúnebrepara Lisboa – Pessoas que nele seguiram – O representante <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r da Alemanha.11N.E. – Data<strong>do</strong> de 12 de dezembro de 1891, o artigo foi publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong> Brasil em seispartes, entre 08 e 20 de janeiro de 1892.407


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>A minha última carta foi escrita na tarde de 5. Com ela remeticópia <strong>do</strong> auto <strong>do</strong> óbito lavra<strong>do</strong> pelo conde de Aljezur e assina<strong>do</strong> pelaspessoas presentes. No mesmo dia foi feita a declaração na Mairie <strong>do</strong>8º distrito (arrondissement) e, depois da verificação por <strong>do</strong>is médicosda municipalidade, o Maire lançou no livro de registro de óbitos esteassentamento:Dom Pedro (na margem) – L’an mil huit cent [sic] vingt onze, lecinq décembre à cinq heures du soir. Acte de Décès de Dom PedroII d’Alcantara Jean Charles Léopold Salva<strong>do</strong>r Bibiano Xavier de PaulLeocadio Michel Gabriel Rafael Gonzague; age de soixante six ans,ex-Empereur du Brésil, né à Saint Sébastien de Rio de Janeiro(Brésil) <strong>do</strong>micilié rue l’Arcade 17 (Hotel Bedford) y décedé le cinqcourant à minuit trente cinq minutes; fils de l’Empereur Dom PedroPremier du Bresil et Quatre du Portugal, et de l’Impératrice DonaLeopoldina, Archiduchesse d’Autriche, époux décedés; veuf del´Imperatrice Dona Therèse Christine Maria, Princesse de Borbounet des Deux Siciles. Dressé, verification faite du décès, par nousPaul Ernest Beurdeley, Maire, officier de l’État Civil du huitièmeArrondissement de Paris, Chevalier de la Légion d’Honneur, Officierd’Académie, sur la déclaration de Diogo, Vicomte de Cavalcanti,chambellan de la Maison Impériale du Brésil, ancien Sénateur, ancienConseiller d’Etat, ancien Ministre de l’Empire du Brésil, grand Officierde la Légion d’Honneur, agé de cinquante huit ans, <strong>do</strong>micilié a Paris,rue de Monceau 56; et de Joseph, Baron d’ Estrela, Chambellan dela Maison Impériale du Brésil, chevalier de la Légion d’ Honneur,agé de trente sept ans <strong>do</strong>micilié à Paris 14 Place Ven<strong>do</strong>me; nonparents, que ont signé avec nous après lecture – (Assigna<strong>do</strong>s)Vicomte de Cavalcanti – Estrela – J. Beurdeley.* * *Às 8 horas da manhã o padre Song, coadjutor da igreja paroquialda Madalena, disse uma missa rezada no oratório, que, desde ocomeço da moléstia <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r, tinha si<strong>do</strong> arma<strong>do</strong> em seu quartode <strong>do</strong>rmir, agora transforma<strong>do</strong> em câmara ardente. A empresa funeráriadirigida pelo sr. Henri de Borniol encarregou-se de todas as disposições<strong>do</strong> funeral até a entrega <strong>do</strong> corpo em Lisboa.Retira<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os móveis dispensáveis, foram as paredes, oteto e o oratório cobertos de velu<strong>do</strong> preto franja<strong>do</strong> e salpica<strong>do</strong> deestrelas de prata. Sobre a cama armou-se um rico <strong>do</strong>ssel, cujosbambolins, assim como os <strong>do</strong>s panos das paredes, apresentavampalmetas, rosões, pernadas de folhagem, ondas e outros ornamentos408


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)de desenho grego e rematavam em canutilhos de prata. Nos ângulos<strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel levantavam-se penachos negros.A cama, sobre um estra<strong>do</strong>, convenientemente nivelada erevestida de panos iguais aos das paredes, ficou convertida em tarima,e sobre ela foi coloca<strong>do</strong> o impera<strong>do</strong>r morto, coberto com a bandeiraque o Brasil tinha durante o seu reina<strong>do</strong>. Quatro grandes candelabros,com pingentes de cristal, e numerosos tocheiros, sustentavamsessenta círios.No alto <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel e nos panos das paredes foram aplica<strong>do</strong>s, nodia seguinte, escu<strong>do</strong>s das armas imperiais, pinta<strong>do</strong>s e ilumina<strong>do</strong>s comas suas cores e metais.Na entrada principal <strong>do</strong> hotel Bedford, que dá para a rua L’Arcade,suspendeu-se uma imensa armação de pano e crepe, repetin<strong>do</strong> osmotivos de ornamentação da câmara ardente.A condessa e o conde d’Eu, o príncipe d. Pedro Augusto e muitos<strong>do</strong>s seus amigos tinham toma<strong>do</strong> aposentos no hotel desde a noite de4. A princesa velou toda a madrugada de 5 ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> cadáver de seupai. Depois, até a noite de 8, foi ele guarda<strong>do</strong> constantemente por<strong>do</strong>is padres e pelos seguintes brasileiros que se revezavam nessepie<strong>do</strong>so serviço: conde de Aljezur, conselheiro Silva Costa, conde econdessa de Mota Maia, barão e baronesa de Muritiba, barão e baronesade Estrela, marechal visconde da Penha e viscondessa da Penha,barão de Albuquerque, José Paranaguá, Gofre<strong>do</strong> de Escragnolle Taunay,João de Souza Dantas, Cansansão de Sinimbú, Silva Teles, barão deSão Joaquim, Sebastião Guimarães, Carlos Silveira Martins, viúva SilvaCoutinho, d. Maria Júlia de Bulhões Ribeiro, Mme. Andrade Pinto, Alfre<strong>do</strong>Rocha e sua senhora, barão de Maia Monteiro, Pandiá Calógeras esua senhora, conde de Barral e Andrade Macha<strong>do</strong>.Começaram desde o dia 5 a chegar telegramas de pêsamese afluir os visitantes. Mais de quarenta páginas de um grande livrode registro ficaram cheias de nomes nos <strong>do</strong>is primeiros dias. Esselivro é o mesmo em que estão assina<strong>do</strong>s os últimos visitantes quea família imperial recebeu no Rio de Janeiro a 16 de novembro de1889.C’est par des pleines corbeilles que les telegrammes arrivent,dizia na tarde de 6 o National. Com efeito, eles chegavam aos centos,e de todas as partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Na manhã de 7 havia uns quinhentosa abrir e ler, e outros continuavam a ser apresenta<strong>do</strong>s. Dentre elescitarei os seguintes:De Roma. Santo Padre recebeu com vivo pesar a triste notíciacomunicada por Vossa Alteza Imperial. Ele dirige ardentes precesao Senhor pelo repouso eterno <strong>do</strong> augusto defunto e apresenta à409


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Vossa Alteza e à família imperial as suas con<strong>do</strong>lências. – CardealRampolla.De Berlim. A Imperatriz e eu, profundamente senti<strong>do</strong>s com a tristenotícia, enviamos à Vossa Alteza Imperial a expressão das nossasmais sinceras con<strong>do</strong>lências pela perda <strong>do</strong>lorosa que acaba de sofrer.Pedimos a Deus que vos conceda as suas consolações nesta tristeprovação. – Guilherme, Impera<strong>do</strong>r-Rei.De Roma. A desgraça que leva o luto ao coração de Vossa AltezaImperial e de sua Augusta Família, causa-nos, à Rainha e a mim,vivíssima e sincera aflição. O venera<strong>do</strong> pai de Vossa Alteza Imperialera para nós e para a Itália um amigo sempre queri<strong>do</strong>; suas altasqualidades faziam a admiração de to<strong>do</strong>s os homens de inteligênciae de coração que ele honrava com a sua benevolência. A <strong>do</strong>r deVossa Alteza Imperial é, pois, largamente partilhada aqui e ascon<strong>do</strong>lências que ofereço são também a expressão <strong>do</strong>s sentimentosda nação italiana. – Humberto.De Viena. A nova <strong>do</strong>r que fere Vossa Alteza Imperial afligiu-meprofundamente, conhecen<strong>do</strong> toda a amargura que deixam nocoração esses golpes irreparáveis. Conceda Deus a Vossa Altezatodas as consolações de que precisa nesta cruel provação. –Francisco José.De Windsor-Castle. Foi com o mais vivo pesar que recebi a notíciada morte <strong>do</strong> vosso queri<strong>do</strong> pai e rogo-vos que aceiteis a expressãoda minha viva simpatia. – Victoria R. I.To<strong>do</strong>s os soberanos e príncipes das famílias reinantes telegrafaramem termos igualmente senti<strong>do</strong>s e afetuosos. O mesmo fizeram muitasdas sumidades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> científico, literário e artístico, residentes noestrangeiro ou ausentes de Paris, como o grande historia<strong>do</strong>r CésarCantù, de Milão; Máxime du Camp, ora em Baden-Baden; e Guillaume,diretor da Academia de França, em Roma.O cavalheiro que obsequiosamente se encarregou de dar-me cópia<strong>do</strong>s principais telegramas enviou-me tantos <strong>do</strong>cumentos, que seriaimpossível reproduzi-los sem encher colunas inteiras <strong>do</strong> jornal.Dos milhares de visitantes, só direi que tu<strong>do</strong> quanto Paris contade mais ilustre foi inscrever-se no livro de registro coloca<strong>do</strong> na portaria<strong>do</strong> hotel, ou subiu aos aposentos imperiais para apresentar con<strong>do</strong>lênciasà princesa d. Isabel. O presidente da república francesa deputou paraesse fim o general Brugère e to<strong>do</strong>s os oficiais da sua casa militar,vesti<strong>do</strong>s de grande uniforme. No mesmo dia 5, inscreveram-se o sr. DeFreycinet, presidente <strong>do</strong> Conselho e ministro da Guerra, acompanha<strong>do</strong><strong>do</strong> general Brant e <strong>do</strong>s seus ajudantes de ordens, os outros membros<strong>do</strong> Gabinete, muitos sena<strong>do</strong>res, deputa<strong>do</strong>s, conselheiros de Esta<strong>do</strong>,410


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)altos funcionários <strong>do</strong>s ministérios, generais de terra e mar, magistra<strong>do</strong>s,o prefeito <strong>do</strong> departamento <strong>do</strong> Sena e o prefeito de polícia, embaixa<strong>do</strong>res,ministros plenipotenciários, membros <strong>do</strong> Instituto, jornalistas e toda acolônia brasileira excetuadas dez ou <strong>do</strong>ze pessoas, entre as quais oministro, o cônsul e outros emprega<strong>do</strong>s públicos.O nosso ilustre pintor Louis Bonnat, reti<strong>do</strong> em casa por um ataquede influenza, escreveu uma sentida carta de pêsames, lamentan<strong>do</strong> nãopoder fazer o último retrato de D. Pedro de Alcântara, seu ilustre colega<strong>do</strong> Instituto. Em lugar de Bonnat, apresentou-se Mlle. Nélie Jacquemart,que escarvou rapidamente um busto <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r morto, admirável desemelhança. Mlle. Jacquemart, discípula de Cogniet, tem feito, entreoutros retratos notáveis, os <strong>do</strong> presidente Thiers (1872), marechalCanrobert (1870), generais de Palikau e d’Aurelles de Paladine (1877, nomuseu de Luxemburgo), duque Decazes e barão de Montesquieu (1878).Há três semanas, outra artista de talento, Mlle. Louise Abbema,tinha termina<strong>do</strong> um retrato <strong>do</strong> ex-impera<strong>do</strong>r para a princesa d. Isabel.Li em vários jornais que um escultor mol<strong>do</strong>u no dia 5 o rosto de d.Pedro II. Não sei se a notícia é exata. No Instituto Pasteur, possuímosaqui um excelente busto <strong>do</strong> ilustre brasileiro, trabalha<strong>do</strong> por Guillaumeem 1888. O Monde Illustré acaba de publicar uma gravura de HenryDochy representan<strong>do</strong> esse mármore.Nadar fez uma bela fotografia <strong>do</strong> morto e da câmara ardente.(Continua)** *CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro II 12Todas as manhãs, nos dias 6, 7 e 8, foram celebradas missasde réquiem junto ao cadáver, pelo padre David, membro correspondente<strong>do</strong> Instituto. Na manhã de 6, o dr. Poirier, chefe <strong>do</strong>s trabalhos12N.E. – Segunda parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 11 de janeiro de 1892.411


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>anatômicos na escola de medicina, procedeu ao embalsamamento,assisti<strong>do</strong> pelos professores Charcot e Motta Maia. Então, vesti<strong>do</strong> comgrande uniforme de marechal, e ten<strong>do</strong> sobre o peito as placas <strong>do</strong>Cruzeiro, da Rosa e da Legião de Honra, os colares da Rosa e daTorre e Espada e o fitão das seis ordens brasileiras, foi o corpo coloca<strong>do</strong>de novo sobre a tarima coberto em parte por duas bandeiras imperiais.Assim ficou em exposição nos dias 6 e 7, sen<strong>do</strong> o público admiti<strong>do</strong> avisitar a Câmara ardente das 4 às 6h30min da tarde no primeiro dia, edas 2 às 5 no segun<strong>do</strong>.O Temps descreveu assim as cenas da tarde de 6:Desde as 3 da tarde as vizinhanças <strong>do</strong> hotel estavam invadidaspela multidão. Ela estacionava, forman<strong>do</strong> longas fileiras, sobre acalçada, <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da porta <strong>do</strong> hotel. Um serviço de ordemtinha si<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> para assegurar a circulação <strong>do</strong>s visitantes.Apesar dessas medidas, a entrada não se efetuou sem pequenosincidentes, to<strong>do</strong>s ocasiona<strong>do</strong>s pela grande afluência <strong>do</strong> público.Sem falar nas disputas a que deram lugar alguns empurrõesinevitáveis em semelhante aglomeração de gente, muitas senhoras,apertadas, de preto e incomodadas pelo calor sufocante que reinavano vestíbulo, desmaiaram e tiveram de ser transportadas para arua, sem senti<strong>do</strong>s.Às 4h30min começou a desfilar a procissão de visitantes. Depoisde subirem a escada que conduz aos aposentos de d. Pedro,penetravam eles em um salão inteiramente despi<strong>do</strong> de móveis e,colocan<strong>do</strong>-se em linha, eram introduzi<strong>do</strong>s por um mestre decerimônias na câmara mortuária.Não foi sem profunda emoção que os visitantes contemplaram oespetáculo <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r estendi<strong>do</strong> sobre o leito de morte; tanto ocenário é grandioso e imponente. A tarima fica em frente de duasjanelas que dão para a rua de l’Arcade, ten<strong>do</strong> a cabeceira apoiadana parede <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. É muito alta; sobre alguns degraus, einteiramente alcatifada de velu<strong>do</strong> preto, sobre que se destacammotivos em borda<strong>do</strong>s de prata. É <strong>do</strong>minada por um <strong>do</strong>ssel <strong>do</strong>mesmo estofo com os ângulos orna<strong>do</strong>s de penachos. No frontãofoi coloca<strong>do</strong> o escu<strong>do</strong> das armas imperiais. Em torno <strong>do</strong> catafalco,dispostos em três fileiras, ardem cinqüenta tocheiros. É no meiodessa inundação de luz, contrastan<strong>do</strong> com os panos pretos dasparedes e <strong>do</strong> teto, que aparece a figura calma e serena <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r, <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> o seu último sono.O rosto parece de cera tão extrema é a palidez: dir-se-ia umaestátua de mármore branco. Os traços não se alteraram com aoperação <strong>do</strong> embalsamamento. O corpo, revesti<strong>do</strong> <strong>do</strong> uniforme de412


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)general, ocupa no leito posição ligeiramente inclinada, e estácoberto com duas bandeiras brasileiras, cujas vivas cores brilhamno meio de to<strong>do</strong> esse aparato de luto. Sobre o peito de d. Pedroestão as insígnias de várias ordens. Na cama vê-se também aespada <strong>do</strong> soberano. Em torno <strong>do</strong> catafalco estão distribuídasnumerosas e soberbas coroas, pela maior parte de flores naturais...Às 6 horas da tarde <strong>do</strong> dia 7, terminada a visita pública, foi o corpocoloca<strong>do</strong> em um caixão de carvalho, interiormente acolchoa<strong>do</strong> de cetimbranco, e exteriormente forra<strong>do</strong> de velu<strong>do</strong> preto com lhamas e estrelasde prata. No fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> caixão assentou-se uma camada de terra <strong>do</strong> Brasil.Informaram-me que d. Pedro II a fizera vir há tempos, dizen<strong>do</strong> que, semorresse no exílio, queria que o seu corpo descansasse assim sobre aterra brasileira, embora longe da pátria. Um jovem engenheiro ofereceutambém um pequeno saco, conten<strong>do</strong> terra <strong>do</strong> Brasil.Seriam 7 horas quan<strong>do</strong> os brasileiros e alguns jornalistas que alise achavam foram admiti<strong>do</strong>s no salão.Sobre o soalho, no meio da sala iluminada pelo clarão de váriastochas, via-se o caixão ainda aberto. Ao la<strong>do</strong>, de joelhos, a princesad. Isabel, vestida de rigoroso luto, chorava em silêncio. A algumadistância, também ajoelha<strong>do</strong>s estavam o conde d’Eu e o príncipe <strong>do</strong>Grão-Pará.Os brasileiros presentes (trinta e tantos) foram desfilan<strong>do</strong> e, uma um, lançaram água benta sobre o cadáver e beijaram-lhe a mão. Eufiz o mesmo.Hei de ter sempre presente na memória essa cena, uma dasmais tristes e solenes a que tenho assisti<strong>do</strong>.Depois se cobriu o caixão com uma tampa de vidro, e foi coloca<strong>do</strong>na câmara ardente, onde o corpo continuou exposto até a tarde de 8.No dia seguinte, à noite, foi aplicada a tampa de madeira, sobrea qual, em uma chapa de prata, estão gravadas as armas imperiais epor baixo a seguinte inscrição, composta pelo dr. Seybold e pelo barãode Pene<strong>do</strong>:d. O. M.HicRequiescit in paceÆterna memoria pie colendusAugustissimus DominusPETRUS SECUNDUSBrasiliæ ImperatorPetri primi, imperii brasilienis fundatoris, et Leopoldinæ, filiæFrancisci Germaniæ, postea Austriæ imperatoris, filius.413


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Justitia, clementia, liberalitate, humanitate, populi sui pater,servorum ad libertatem prudentissimus conductor, litterarumartiumque luminis per vastissimum imperium propagator, animimagnitudine, ingenii acumine, memoriæ immortalitate, scientiævarietate incomparabilis.Natus ante diem IV nonus decembres [sic] A. D. MDCCCXXV incivitate Fluminensi regnor [sic] minor accessit A. d. MDCCCXXXI,maior A. D. MDCCCXL. Optime semper per regnum plus quamsemisæculare de patria meritus rerum illius A. D. MDCCCLXXXLXconversionis turbini cessit; ut illustrissimum serenissimæbenignitatis, constantiæ, patientiæ, sapientiæ, exemplar, sinceroamborum orbium planetu uctuque deploratus fortiter ac pie obiitParisiis nonis decembribus A.Dd. MDCCCXCI.Ditosa pátria que tal filho teve!Mas antes pai; que enquanto o sol rodeia,Este globo de Ceres e Netuno,Sempre suspirará por tal aluno.(Lusíadas, C. VIII, 32.)A tradução é, mais ou menos, esta:“Ao Deus muito bom e muito grande.Aqui repousa em paz o Augustíssimo Dom Pedro II,Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, cuja memória será eterna e pie<strong>do</strong>samentehonrada.Filho de Pedro I, funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Império brasileiro, e de Leopoldina,filha de Francisco, Impera<strong>do</strong>r da Alemanha, depois Áustria.Foi pai de seu povo pela justiça, clemência, generosidade ehumanidade; condutor prudentíssimo <strong>do</strong>s escravos para a liberdade,propaga<strong>do</strong>r das letras e das artes através <strong>do</strong> seu vastíssimo Império;incomparável na grandeza da alma, agudeza de espírito, indefectibilidadeda memória e variedade <strong>do</strong>s conhecimentos.Nasci<strong>do</strong> a 2 de dezembro <strong>do</strong> ano de 1825 <strong>do</strong> Senhor, na cidade<strong>do</strong> Rio de Janeiro, subiu ao trono, sen<strong>do</strong> menor, em 1831, e chegou àmaioridade em 1840. Sempre benemérito da pátria durante um reina<strong>do</strong>de mais de meio século, deixou o poder diante da tormentarevolucionária de 1889; e morreu com coragem e religião em Paris, nodia 5 de dezembro de 1891, chora<strong>do</strong> pelo pranto e luto sincero <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s, como muito ilustre modelo de sereníssima benignidade,constância, paciência e erudição.”O salão, a câmara mortuária e outras peças vizinhas estavamliteralmente cheias de coroas de flores. Na noite de 8, tinham si<strong>do</strong>414


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)recebidas mais de duzentas. Não me foi possível obter uma relaçãocompleta, e por isso indico somente as principais:1. “A meu queri<strong>do</strong> pai Sua filha extremosa e sau<strong>do</strong>síssima, Isabel”.2. “Ao nosso queri<strong>do</strong> pai. Seus filhos extremosos e sau<strong>do</strong>síssimos,Isabel e Gastão” (grande coroa de rosas e violetas de Parma).3. “Ao nosso queri<strong>do</strong> avô. Seus netos d. Pedro de Alcantara, d.Luiz e d. Antonio” (filhos da sra. d. Isabel).4. “A mon frére bien-aimé. Januaria”.5. “A nosso queri<strong>do</strong> avô. Seus netos d. Pedro Augusto, d. Augustoe d. Luiz” (filhos <strong>do</strong> duque de Saxe).6. “A d. Pedro II. Victoria, R. I.” (rainha Vitória, imperatriz dasÍndias).7. “Hommage et regrets. Prince Ferdinand de Bulgarie”.8. “Princesa Clementina de Saxe Coburg e Gotha”.9. "Conde e condessa de Trapani” (o conde é irmão da falecidaimperatriz <strong>do</strong> Brasil, d. Thereza).11 – 15. “Conde de Paris, duque de Nemours, duque d’Aumale,príncipe e princesa de Joinville, duque de Chartres”.16. “Infanta d. Antonia de Hohenzollern”.17. “A Associação Comercial <strong>do</strong> Rio de Janeiro ao seu PresidenteHonorário, d. Pedro II” (grande e magnífica coroa formada comum ramo de café e outro de fumo, executa<strong>do</strong>s com admirávelperfeição; fita preta; laço de crepe).18. “Jornal <strong>do</strong> Commercio, <strong>do</strong> Rio de Janeiro – A S. M. o Senhor d.Pedro II – Homenagem patriótica” (coroa de orquídeas; fita preta).19. “A S. M. I. Senhor d. Pedro II. O Jornal <strong>do</strong> Brasil, <strong>do</strong> Rio deJaneiro (duas grandes palmas de ouro aplicadas sobre uma coroade saudades; fita verde e amarela, laço de crepe).20. “A S. M. o Senhor d. Pedro II, Impera<strong>do</strong>r Constitucional <strong>do</strong>Brasil – A redação <strong>do</strong> jornal O Brasil, <strong>do</strong> Rio de Janeiro” (goivos erosas; fita verde e amarela).21. Grande coroa de louros em ferro forja<strong>do</strong> e colori<strong>do</strong>, na qual seenlaça uma larga fita de chamalote preto. Em uma das pontas lêseesta inscrição: - “A d. Pedro II, a quem o Brasil deve meioséculo de liberdade, de progresso e de glórias”. Na outra: “Temposfelizes em que o pensamento, a palavra e a pena eram livres, emque o Brasil libertava povos oprimi<strong>do</strong>s!...”.22. Coroa de goivos e de rosas; fita verde e amarela com estainscrição: “Ao grande Impera<strong>do</strong>r, por quem se bateram Caxias,Osório, Andrade Neves e tantos outros heróis – Os Voluntários daPátria”.23. “Instituto Histórico e Geográfico <strong>do</strong> Brasil”.415


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>24. “Liceu de Artes e Ofícios, <strong>do</strong> Rio de Janeiro”.25. “Ao seu protetor, ao seu venera<strong>do</strong> pai – Os sur<strong>do</strong>s-mu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Brasil”.26. “A Sociedade Brasileira de Beneficência <strong>do</strong> Rio de Janeiro: Aoseu protetor d. Pedro II”.27. “Sociedade das Obras Públicas <strong>do</strong> Rio de Janeiro: Homenagema S. M. O Impera<strong>do</strong>r”.28. “A Sua Majestade o Senhor d. Pedro II, Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil:Homenagem de Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>”.29. “Jockey Club, <strong>do</strong> Rio de Janeiro” (uma das maiores e maisricas coroas).30. “La Maison Krupp et les ouvriers d’Essen a S. M. l’Empereur d.Pedro II”.31. “Le Museum d’Histoire Naturelle” (<strong>do</strong>is ramos de palmeiraimperial <strong>do</strong> Brasil, fita roxa; quatro homens carregaram durante otrajeto da Madalena à estação estes ramos, homenagem <strong>do</strong>sprofessores <strong>do</strong> museu de Paris).32. “La colonia chilena en Paris a Su Majestad el empera<strong>do</strong>r DonPedro II” (fita azul, branca e encarnada).33. “À Sa Majesté l’Empereur d. Pedro II - Les proscrits du Chili àParis” (fita tricolor, como a precedente).34. “Ao sempre chora<strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r d. Pedro II – Em nome <strong>do</strong>sBaianos” (coroa de rosas naturais; fita verde e amarela).35. “Os Rio-Grandenses ao rei liberal e patriota” (rosas e violetasnaturais; fita verde e amarela).36. “L’Association des Dames Françaises – À S. M. l’Empereur d.Pedro, membre d’honneur”.37. “Societé Française d’Hygiène”.38. “Congrès des Americanistes - Comité de Paris”.39. “Institut Rudy”.40. “Sociedade Brasileira de Beneficência de Paris”.41. Os “Felibres Lerins” (flores naturais).42. “Um negro brasileiro, em nome de sua raça” (idem).43. “A d. Pedro II, um grupo de estudantes brasileiros em Paris –Posteritati narratus et traditus, superstes erit”.44. “Estudantes brasileiros de Gand. – Foi rei, foi rei, mas rei daliberdade (José Bonifácio)”.45. “Os emprega<strong>do</strong>s da casa bancária de Sebastião de Pinho”.46. “Banco Mercantil <strong>do</strong>s Varejistas”.47. “Ao grande Brasileiro benemérito da Pátria e da Humanidade –Ubique Patria Memor”.*12N.E. – Divisa <strong>do</strong> brasão de armas <strong>do</strong> barão <strong>do</strong> Rio Branco.416


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)48. “Vasques Sagastume” (ministro da República <strong>do</strong> Uruguai).49. “O Maire da cidade de Cannes” (flores naturais).50. “A cidade de Cannes” (idem).51. “Conde de Alzejur.52. Joaquim Nabuco.53. Carlos de Laet.54. Conde de Motta Maia e sua família.55. Barão de Ladário.56. Conde de Nova Friburgo.57. Barão e baronesa de Muritiba.58. “Amor e Fidelidade”. Visconde da Penha e família.59. Viscondessa da Fonseca Costa e baronesa de Suruí.60. Conde de Nioac e família.61. Almirante marquês de Tamandaré e família.62. Conde e condessa de Carapebus.63. Família Paranaguá.64. Barão e baronesa de Estrela.65. Viscondessa de Araguaia e família.66. Visconde de Cavalcanti e família67. Os filhos da condessa de Pedra Branca e Barral.68. Stephen Liegeard.69. Família Sinimbú.70. Família Taunay.71. José Paranaguá e senhora.72. Visconde e viscondessa de Torres.73. João de Souza Dantas e senhora.74. Mme. Lima e Silva e seus filhos.75. Baronesa de Teresópolis.76. Viúva Silva Coutinho.77. Família Santa Victoria.78. A colônia portuguesa em Paris (uma das mais belas coroas;fita azul e branca).79. Condessa Monteiro de Barros.80. Sebastião Guimarães e família.81. Condessa de Estrela.82. Viscondessa de Ubá.83. Baronesa de Inoã.84. Alfre<strong>do</strong> Rocha e família.85. Pandiá Calógeras e família.86. Barão e baronesa de Loreto.87. Mme. Porciúncula.88. Barão e baronesa de Maia Monteiro.89. Mme. Buys Guimarães.417


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>90. Família Tourinho.91. Família Raythe.92. Mme. R. de Oliveira.93. Conde de Leopoldina (enorme coroa).94. Família Pedro Queiroz.95. Dr. J. C. Mayrink e família.96. Mme. Mayrink Rebelo.97. Viscondessa Ferreira de Almeida.98. F. Topin e família.99. Mme. Labat.100. General Hartung.101. Léon Pie fils.102. Conselheiro Ro<strong>do</strong>lfo Dantas.103. Conde de Grenand de Saint-Christophe.1<strong>04</strong>. M. e Mme. Dybousky.105. Mlle. Nicolas Rome.106. Conde de Laugier-Villars.107. Mme. Artur Napoleão.108. M. e Mme. Gustave Taizon.109. Família Ferreira Lage.110. Visconde de Schmidt (uma das mais ricas coroas).111. Alexandre Wagner.112. D. Maria Julia Marques de Sá.113. D. Maria Antonia de Bulhões Ribeiro.114. Mme. Andrade Pinto e filho.115. Mlles. Teixeira Leite.116. Barão e baronesa de S. Joaquim.117. Mlle. Lassimone.118. Família P. Oneirez.119. Pedro de Tovar.120. Condessa Faucher de Careil.121. Baronesa de Bussière.122. Martin & Ludwig Rée.Às 9 horas da noite foi o féretro conduzi<strong>do</strong> para a igreja daMadalena em um coche fúnebre de primeira classe, seguin<strong>do</strong> entrealas de povo, pela rua de l’Arcade e bulevar Malesherbes. A senhora d.Isabel, o conde d’Eu, os três príncipes seus filhos, a princesa e o príncipede Joinville, o príncipe d. Pedro Augusto de Saxe, os duques de Nemourse de Chartres e uns trezentos brasileiros, entre os quais me mostraramos antigos conselheiros de Esta<strong>do</strong> visconde de Cavalcanti, SilveiraMartins, Silva Costa e Couto de Magalhães; o marechal visconde daPenha, os condes de Aljezur, Nioac, Nova Friburgo e Villeneuve; o conde418


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)e a condessa de Mota Maia, a viscondessa de Cavalcanti, os barões ebaronesas de Pene<strong>do</strong>, Muritiba e Estrela; o barão de Albuquerque, odr. Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, acompanharam a pé o féretro.O coche parou diante da primeira porta <strong>do</strong> baseamento, <strong>do</strong> la<strong>do</strong><strong>do</strong> bulevar Malesherbes, coberta por uma marquesinha que vai até agradaria. Ali foi deposita<strong>do</strong> o caixão em uma capela ardente, cujasluzes eram, em parte, visíveis da rua, por <strong>do</strong>is postigos. Às 3 horas damadrugada, passan<strong>do</strong> de novo por esse lugar, ainda encontrei umajuntamento de mais de quinhentas pessoas.Quatro padres velaram toda a noite junto <strong>do</strong> cadáver.No interior da igreja trabalhava-se ativamente para terminar adecoração.(Continua)** *CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro II 13Com a minha carta de 5 <strong>do</strong> corrente mandei a tradução <strong>do</strong>editorial <strong>do</strong> Temps desse dia (os jornais da tarde aparecem semprecom a data <strong>do</strong> dia seguinte).Sei que o correspondente encarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong> serviço telegráfico <strong>do</strong>Jornal <strong>do</strong> Brasil expediu logo extratos <strong>do</strong>s artigos das principais folhaspolíticas. O tom de to<strong>do</strong>s os jornais, republicanos e monarquistas, foi<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong> respeito e simpatia pelo ilustre brasileiro que acabade desaparecer e que tanta grandeza e dignidade mostrou no exílio.O Radical e a Bataille foram, desde o primeiro dia, as únicasexceções. O Radical declarou que d. Pedro II nenhum serviço prestaraao Brasil e que a emancipação <strong>do</strong>s escravos, de que tanto se falava,fora devida aos srs. José <strong>do</strong> Patrocínio e Angelo Agostini. A Bataille,jornal comunista, cobriu de insultos o ex-Impera<strong>do</strong>r, chaman<strong>do</strong>-o decharlatão, de tirano, dizen<strong>do</strong> que durante a vida só se preocupara <strong>do</strong>s13N.E. – Terceira parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 12 de janeiro de 1892.419


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>seus interesses pessoais e que, ultimamente, levava a gozar na Europaa gorda pensão que seus adversários lhe pagavam. Cumpre notar qued. Pedro foi nesse artigo injuria<strong>do</strong> em mui boa companhia: na deThiers, principal funda<strong>do</strong>r da república em França, e na de Jules Simon,republicano de to<strong>do</strong>s os tempos, sempre o mesmo liberal <strong>do</strong>s dias deoposição, falan<strong>do</strong> a linguagem <strong>do</strong> bom senso, <strong>do</strong> patriotismo e datolerância política.O Siècle publicou, dias depois da morte de d. Pedro, um artigohostil, mas não injurioso. Deve ser de estrangeiro, pois ressuma muitocomtismo, coisa que nunca foi de moda entre nós e que hoje nãopassa de velharia, guardada por pequeno número de sectários.No Rappel de 10 e 11 apareceu também uma extensa carta <strong>do</strong> sr.José <strong>do</strong> Patrocínio, precedida de algumas linhas da redação em que selê o seguinte trecho:Foi José <strong>do</strong> Patrocínio que proclamou a república no Rio de Janeiro,quan<strong>do</strong> o parti<strong>do</strong> militar não sabia como empregar a sua vitória.Foi ele, e só ele, quem criou, no meio de mil dificuldades e perigos,a corrente de opinião que produziu a emancipação da raça negraem seu país.Segun<strong>do</strong> a carta <strong>do</strong> sr. Patrocínio, d. Pedro de Alcântara começouo seu reina<strong>do</strong> protegen<strong>do</strong> os contrabandistas negreiros, e mostrou-sesempre contrário à emancipação <strong>do</strong>s escravos. O tráfico de africanossó cessou no Brasil porque a Inglaterra “fez bombardear vários portosbrasileiros e meter à pique, em suas águas, navios negreiros”. “ASociedade Abolicionista Francesa foi inspira<strong>do</strong>ra da lei brasileira de1871”, e a abolição total, decretada em 1888, resultou de um movimentoda opinião pública, provoca<strong>do</strong> pela imprensa e pela tribuna. O governocedeu, força<strong>do</strong> pelos acontecimentos. De toda a família imperial, só aprincesa d. Isabel teve alguma parte naquele ato. Chamam d. Pedro IIde filósofo mas ele não passou de um Luís XI. Quanto à guerra <strong>do</strong>Paraguai, o sr. Patrocínio diz que ela foi “a campanha <strong>do</strong> ódio pessoalde d. Pedro contra o dita<strong>do</strong>r Lopez, campanha terminada peloassassinato deste último e pela destruição criminosa de um povoamericano”.Não faltaram, como vêem os leitores <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil, ataquesao ilustre morto e esses artigos foram escritos ou inspira<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>isou três brasileiros. Toda a imprensa francesa, porém, com as únicasexceções que aponto, julgou de mo<strong>do</strong> muito diferente o impera<strong>do</strong>r d.Pedro II e o Brasil. Víamos perfeitamente nós, os franceses, que d.Pedro não fora um Xá da Pérsia ou um tiranete <strong>do</strong> tipo <strong>do</strong>s GuzmanBlanco e outros dita<strong>do</strong>res da América espanhola, mas sim o primeiro420


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)magistra<strong>do</strong> de um povo livre, governan<strong>do</strong>-se com instituições muitosemelhantes às que temos hoje.A Constituição da nossa república francesa é a mesma que oBrasil tinha, com as únicas diferenças de que entre nós o chefe <strong>do</strong>governo é eletivo, os sena<strong>do</strong>res são quase to<strong>do</strong>s temporários, e asatribuições <strong>do</strong> “poder modera<strong>do</strong>r” brasileiro, inspiração de BenjaminConstant, pertencem em França ao poder executivo. D. Pedro IIgovernou com os primeiros brasileiros <strong>do</strong> seu tempo, ouvin<strong>do</strong> seusconselheiros de Esta<strong>do</strong>, e guian<strong>do</strong>-se pelas manifestações <strong>do</strong> Parlamentoe da opinião pública. Nisso consiste principalmente a sua glória. Honrá-loé honrar também a nação que o teve por chefe durante meio século eque, durante esse reina<strong>do</strong>, tanto se elevou no conceito <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>civiliza<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong>-se a mais livre, a mais próspera, a mais adiantadae a mais poderosa da América latina, como disse há dias o EconomisteFrançais.Na Inglaterra, também não é a rainha Vitória quem dirigepessoalmente as batalhas no Parlamento e ganha vitórias militares naCriméia, na Índia e na África: a glória <strong>do</strong> seu reina<strong>do</strong> é feita da glória<strong>do</strong>s seus grandes homens na política, nas armas, nas ciências e letras,no comércio e na indústria. O mesmo se pode dizer <strong>do</strong> nosso presidenteCarnot, governan<strong>do</strong> com o Parlamento e com ministros responsáveis.Vejamos alguns trechos <strong>do</strong>s artigos que publicaram as nossasprincipais folhas políticas. Não apareceram nesses artigos exageraçõesque pudessem explicar as injustiças e injúrias acima citadas.Journal des Débats (republicano-conserva<strong>do</strong>r; diretor G.Patinot). Número de 5 de dezembro:D. Pedro inaugurou uma era de prosperidade desconhecida antesdele... Exila<strong>do</strong>, infeliz, segun<strong>do</strong> dizem, pobre, recusara aceitar apensão que lhe fora oferecida e veio encontrar em Cannes ahospitalidade que havia recebi<strong>do</strong> entre nós em dias melhores. Nãohavia quem deixasse de testemunhar-lhe a mais profundadeferência. Voltara aos seus hábitos modestos e laboriosos (...)La République Française (jornal funda<strong>do</strong> por Gambetta edirigi<strong>do</strong> por J. Reinach e Eugéne Spuller). Editorial de 6 dedezembro, assina<strong>do</strong> por Maurice Ordinaire:Foi com respeitosa simpatia que os parisienses, essesrevolucionários de nascimento que tantas vezes fizeram tremer aEuropa monárquica, receberam ontem a notícia da morte <strong>do</strong> velhoImpera<strong>do</strong>r d. Pedro. Na Europa, em França, sobretu<strong>do</strong>, esta pátriaintelectual <strong>do</strong>s latinos da América, o velho Impera<strong>do</strong>r tinha cria<strong>do</strong>,pouco a pouco, uma sorte de popularidade nada comum aos421


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>monarcas. Passava por um Impera<strong>do</strong>r filósofo, uma sorte de MarcoAurélio americano, apaixona<strong>do</strong> das ciências e das coisas <strong>do</strong> espírito;para quem uma poltrona nas grandes academias <strong>do</strong> nosso velhomun<strong>do</strong> tinha mais encantos que o trono em sua rude e positivapátria. A nobre figura <strong>do</strong> soberano, emoldurada na bela barbabranca <strong>do</strong>s sábios da antiguidade, auxiliava a lenda. O Impera<strong>do</strong>rprolongava as suas visitas a Paris. Tinha vin<strong>do</strong> no postrídio daComuna, quan<strong>do</strong> os reis, mesmo os exila<strong>do</strong>s, afastavam-se dasruínas fumegantes das Tulherias. Mostrava gosto acentua<strong>do</strong> pelacompanhia <strong>do</strong>s sábios e <strong>do</strong>s poetas e contava-se a miú<strong>do</strong> queele colocava publicamente a realeza intelectual de Vítor Hugoao nível da sua realeza temporal.Convém destruir a lenda? Não seria, parece-nos, nem o momento,nem o lugar; nem certamente seria de justiça tentá-lo. Não serecebe com a coroa – e d. Pedro de Alcantara a recebeu na idadeem que o comum <strong>do</strong>s homens aprende a escrever – não se recebecom a coroa o diploma de <strong>do</strong>utor em ciências ou de adjunto defilosofia; e a vida das cortes deixa raras vezes aos soberanos otempo preciso para conquistar tais pergaminhos. A ciência <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil era, talvez, um pouco mundana. Os sábios eos literatos que d. Pedro freqüentava consideraram sempre, ecom razão, que o soberano prestava à ciência uma homenagemgloriosa e tocante, e esta reflexão lhe bastava.Seu longo reina<strong>do</strong> não tinha si<strong>do</strong> sem glória! E há de ser conta<strong>do</strong>,certamente, como um <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s mais pacíficos, maisprósperos e mais felizes da história brasileira (...)(...) Se o Impera<strong>do</strong>r d. Pedro pagou com a perda da coroa o seugosto tão declara<strong>do</strong> pelas coisas <strong>do</strong> espírito, esta paixão generosafoi, depois <strong>do</strong> destronamento, a sua consolação e a sua alegria.Esse tinha muito desapego ao poder – para não sofrer muito coma sua perda – e, seguramente, não obedecia a um sentimentovulgar de ambição, quan<strong>do</strong> há dias, enfraqueci<strong>do</strong> e enfermo,oferecia-se de novo para pacificar a sua pátria, agora entregueàs revoluções militares. Enfim, o exílio em Paris, no meio daatividade intelectual que o encantava, não era para ele um exílio.Sua morte foi suave como a sua vida tinha si<strong>do</strong> calma e serena.La Petite Republique Française (republicano independente;redator-chefe, Jean Albiott). Editorial de 7 de dezembro,assina<strong>do</strong> por Gustave Hu:A história <strong>do</strong> seu reina<strong>do</strong> está cheia de fatos que o honram. Aemancipação <strong>do</strong>s escravos, por si só, constitui um título aoreconhecimento da humanidade (...)422


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)L’Événement (republicano; redator-chefe, o sena<strong>do</strong>rMagnier). Editorial de 7 de dezembro, assina<strong>do</strong> “Unbourgeois de Paris”, pseudônimo de Passerieu:(...) Impera<strong>do</strong>r de um grande Esta<strong>do</strong>, foi bom sem banalidade, eamou a sua pátria com um afeto que a revolução de que foi vítimahá <strong>do</strong>is anos não pôde diminuir... Sou <strong>do</strong>s que, com respeitosasimpatia, se descobrem à passagem <strong>do</strong> préstito que leva paralonge de Paris esse hóspede – homem de coração e homem deespírito.Le Gaulois (monarquista; redator-chefe Arthur Meyer).Número de 6 de dezembro:(...) Este Impera<strong>do</strong>r filósofo tinha um coração de patriota... Foicom profunda <strong>do</strong>r que ele recebeu a notícia de que o Rio Grande<strong>do</strong> Sul ia separar-se <strong>do</strong> Brasil. Homem de estu<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ce e bom,morreu estudan<strong>do</strong>; na noite em que a morte o colheu, ainda man<strong>do</strong>uque lhe lessem algumas páginas (...)La Paix (republicano; redator-chefe, Coffignon). Número de7 de dezembro:No seu reina<strong>do</strong>, mostrou prudência, moderação, largueza de vistas.Combateu mesmo na América <strong>do</strong> Sul pela liberdade das repúblicasvizinhas (...) À sua iniciativa pessoal deveu-se a abolição daescravidão (...)Le Soleil (monarquista). Editorial de 6 de dezembro, assina<strong>do</strong>por E<strong>do</strong>uard Hervé, <strong>do</strong> Instituto, redator-chefe:Um grande homem de bem desapareceu deste mun<strong>do</strong>. D. Pedro,segun<strong>do</strong> <strong>do</strong> nome, Impera<strong>do</strong>r Constitucional <strong>do</strong> Brasil, derruba<strong>do</strong><strong>do</strong> trono e expulso <strong>do</strong> seu país pela mais iníqüa e mais tola dasrevoluções, morreu esta noite em Paris. Virtudes privadas a queos próprios adversários <strong>do</strong> monarca prestavam homenagem,faculdades políticas que foram poderosas outrora e que só seenfraqueceram há alguns anos – quan<strong>do</strong> a moléstia a que acabade sucumbir começava o seu trabalho de destruição –, um reina<strong>do</strong>de mais de cinqüenta anos, assinala<strong>do</strong> por esplêndi<strong>do</strong>s serviçospresta<strong>do</strong>s ao Brasil não contiveram os ambiciosos sem escrúpuloque, por surpresa, se apoderaram <strong>do</strong> poder e precipitaram a suapátria em uma crise que não se acaba. Do alto grau de prosperidadea que tinha chega<strong>do</strong> sob o governo de d. Pedro II, o Brasil desceuà humilhante e triste situação em que se acham a maior parte dasrepúblicas sul-americanas, suas vizinhas. A queda é profunda e ocontraste terrível (...)423


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Le Figaro (independente). Artigo de 5 de dezembro,assina<strong>do</strong> por Gaston Calmette:(...) As tristezas <strong>do</strong> exílio tornam esta majestade duplamentesagrada para nós... Sua vida inteira passou-se no estu<strong>do</strong> dereformas e no amor de sua pátria (...)Le Jour (republicano; redator-chefe, Charles Laurent).Editorial de 6 de dezembro, assina<strong>do</strong> com as iniciais de PaulBluysen:O ex-Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, que ontem morreu no exílio entre nós,era quase, aos nossos olhos, um cidadão francês. Pela assiduidadeem seguir as sessões <strong>do</strong>s nossos grandes grêmios literários ecientíficos, pelos testemunhos de favor que prodigalizava aos nossoscientistas e homens de letras, pela bonomia e simplicidade <strong>do</strong> trato,d. Pedro tinha conquista<strong>do</strong> real popularidade em França. Sua morteserá lamentada mesmo nos mais profun<strong>do</strong>s recantos das nossasprovíncias, como se ele tivesse si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s benfeitores da França.É um sentimento de admiração, de afeto, que parecerá talvezexagera<strong>do</strong>, pois, conquanto assistisse às sessões <strong>do</strong> Instituto e seinteressasse pelas ciências físicas e naturais, d. Pedro não era umsábio e nunca pôde manifestar a sua simpatia pela França, senãode mo<strong>do</strong> platônico. Mas, o nosso povo ama essas figuras desoberanos que se aplicam mais às letras e às artes de que à reforma<strong>do</strong>s efetivos de guerra; demais, Dom Pedro tinha sabi<strong>do</strong> escolher omomento de uma de suas viagens em França com tantagenerosidade, que isso só teria basta<strong>do</strong> para que se lhe desse odiploma de civismo francês: ele foi o primeiro soberano que em1871 honrou visitar-nos depois de nossos revezes. A França nuncaesqueceu isso. Do papel de d. Pedro em sua pátria, pouco temos adizer que não seja conheci<strong>do</strong>... Em resumo, mais que um soberano,foi um filósofo, bom e <strong>do</strong>ce, que, como um burguês, deixa saudadessinceras.La Liberté (liberal-conserva<strong>do</strong>r). Editorial de 6 de dezembro:O Impera<strong>do</strong>r d. Pedro morreu ontem. Este príncipe era tãoconheci<strong>do</strong> em França, e sobretu<strong>do</strong> em Paris, que nada há aacrescentar ao que tem si<strong>do</strong> dito sobre sua vida. A imprensa opopularizou, desde muito tempo, e a sua bonomia, que não deixavade ter certo sabor de altivez, conquistou-lhe a amizade de VítorHugo, justamente na época em que o grande poeta entregava-sea exagerações de opinião, que é desnecessário lembrar. d. Pedroera um homem instruí<strong>do</strong>, versa<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s filosóficos e inicia<strong>do</strong>nos teoremas científicos, mostran<strong>do</strong> uns laivos muito pronuncia<strong>do</strong>s424


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)de misticismo e quase de teosofismo... Deixou excelentesrecordações em seu país, onde foi o mais benigno e o maisconstitucional <strong>do</strong>s soberanos (...)Le National (republicano-liberal; funda<strong>do</strong> por Thiers,redator-chefe, J. B. Gérin). Editorial de 6 de dezembro:O Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil morreu no exílio, depois de cinqüenta anosde reina<strong>do</strong>. Os franceses não deixarão de tributar respeito à suamemória e saberemos, em suas exéquias, honrar o soberano queno trono se mostrou homem e filósofo. Não derrogamos lei alguma<strong>do</strong> republicanismo prestan<strong>do</strong> homenagem a esses manes (...)L’Echo de Paris (republicano; redator-chefe, ValentinSimon), artigo de E<strong>do</strong>uard Lepelletier:(...) D. Pedro era um Impera<strong>do</strong>r filósofo, um Marco Aurélio na Europa,um Trajano no Brasil... Um dia, assistin<strong>do</strong> a uma preleção de Pasteur,foi reconheci<strong>do</strong>, designa<strong>do</strong> pelo sábio professor e, ao retirar-se,recebeu uma ovação <strong>do</strong>s estudantes. A revolução que o forçou atornar à França deixou-o na aparência impassível e sereno. Mas osmonarcas mais filósofos perdem um pouco da sua filosofia, quan<strong>do</strong> acoroa lhes escapa. Desde a sua deposição, d. Pedro sofria; e a moléstiaque o arrebata ainda na força <strong>do</strong>s anos tem certamente por causaprincipal os desgostos, as desilusões, a amargura <strong>do</strong> exílio. Sua morteem nada modificará os destinos <strong>do</strong> Brasil. Os franceses acompanharamcom sentimentos de simpatia esse Impera<strong>do</strong>r destrona<strong>do</strong> que, paraeles, era, sobretu<strong>do</strong>, um hóspede amável e um acadêmico livre.Le Petit Journal (republicano liberal; diretor político,Marinoni). Número de 5 de dezembro:(...) Se na esfera puramente política ele procurou seguirescrupulosamente a máxima “o rei reina e não governa”, d. Pedroquis sempre estar na primeira linha, desde que se tratava deprogresso e reformas sociais. Pode-se dizer que ele foi alma dessemovimento, que tu<strong>do</strong> quanto se fez de generoso no Brasil noscinqüenta anos <strong>do</strong> seu governo foi inspira<strong>do</strong> por ele. Apesar detantos serviços presta<strong>do</strong>s ao Brasil, d. Pedro devia ser vítima darevolução. No dia 15 de novembro de 1889, rompeu uma rebeliãomilitar no Rio de Janeiro e o soberano foi força<strong>do</strong> a abdicar (...)(Continua)** *425


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro II 14La France (republicano). Artigo de Henry Girard, no númerode 6 de dezembro:(...) D. Pedro podia servir de exemplo a muitos republicanos.Aban<strong>do</strong>nou uma coroa imperial mais facilmente <strong>do</strong> que outrosdeixam o poder. Reinou sobre um vasto império sem aumentar asua fortuna pessoal. Tinha apenas cem mil francos de renda erecusou a pensão de oitocentos mil que lhe ofereceu o governorepublicano... Para ele, a coroa não era uma honra, mas umencargo. Os republicanos franceses enviam a este morto aexpressão <strong>do</strong>s seus pesares e da sua simpatia.La Souveraineté Nationale (republicano). Editorial de 6 dedezembro, assina<strong>do</strong> pelo redator chefe, Paul Lenglé:(...) O seu espírito filosófico e o seu liberalismo deram-lhe umamoderação e uma largueza de idéias a que os seus própriosadversários por vezes prestaram homenagem e a que se deve atribuira tranqüilidade relativa de um reina<strong>do</strong> que durou cinqüenta anos.Ele foi, na realidade, um presidente de república parlamentar (...)La Lanterne (republicano radical; redator-chefe, Eug.Mayer). Número de 6 de dezembro (15 Frimario, ano 100):D. Pedro era uma fisionomia muito parisiense para que seja necessáriodar longos pormenores sobre a sua vida... consoli<strong>do</strong>u o governoconstitucional no Brasil e marcou o seu reina<strong>do</strong> com um complexo demedidas que trouxeram a supressão da escravidão. Foi um soberanoesclareci<strong>do</strong> e liberal tanto quanto pode sê-lo um soberano (...)L’Intransigeant (radical; redator Henri de Rochefort):Em suma, d. Pedro era um rei suportável (passable).Bastam essas citações para mostrar o sentimento geral da nossaimprensa.No dia 5, o conde d’Ormesson, chefe <strong>do</strong> protocolo no Ministério<strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros e introdutor <strong>do</strong>s embaixa<strong>do</strong>res, tinha i<strong>do</strong> ao14N.E. – Quarta parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 13 de janeiro de 1892.426


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)hotel Bedford apresentar à princesa d. Isabel as con<strong>do</strong>lências <strong>do</strong> sr.Ribot, ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, e por essa ocasião, declarouao barão de Muritiba que o governo francês desejava tomar parte nosfunerais, prestan<strong>do</strong> a d. Pedro II honras imperiais.A este respeito lê-se no Temps <strong>do</strong> dia 7 (<strong>do</strong> dia 6, porque osjornais da tarde, em Paris, aparecem com a data <strong>do</strong> dia seguinte):O governo francês estan<strong>do</strong> disposto a fazer honras imperiais a d.Pedro, o conde d’Ormesson declarou que estava encarrega<strong>do</strong> peloministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros de pôr-se à disposição dacondessa d’Eu, no caso em que a família <strong>do</strong> defunto aceitasseessa participação <strong>do</strong> governo nos funerais <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil.Antes de se retirar, o conde d’Ormesson manifestou o desejo dever o Impera<strong>do</strong>r morto. Foi então introduzi<strong>do</strong> na câmara mortuária.Todas as folhas semi-oficiais, como o Temps, deram nesses termosa notícia e declararam que “o exército de Paris tomaria parte na cerimônia”.Na tarde de 8, porém, o governa<strong>do</strong>r militar expediu contra-ordemà maior parte <strong>do</strong>s regimentos que deviam comparecer e ficou assenta<strong>do</strong>que se seguiria em tu<strong>do</strong> o cerimonial observa<strong>do</strong> em 1878 por ocasiãodas exéquias <strong>do</strong> ex-rei de Hanover, Jorge V.O Temps, o National e outros jornais, declararam no dia 9 que ashonras prestadas a d. Pedro II foram as que, segun<strong>do</strong> os estilos, sãoprestadas, “não a um soberano morto no trono, mas aos membros dasfamílias soberanas estrangeiras, aos grandes dignitários da Legião deHonra e aos membros <strong>do</strong> Instituto.”A primeira parte da declaração é exata; a segunda não. No funeral<strong>do</strong>s grãs-cruzes da Legião de Honra e <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Instituto, ashonras militares são prestadas por uma divisão das três armas, massomente diante da casa mortuária. As tropas dispersam-se em seguidae não acompanham o enterro.Ontem mesmo, houve um exemplo no funeral <strong>do</strong> célebre sr.Alphand, grã-cruz da Legião e membro <strong>do</strong> Instituto. Quase to<strong>do</strong>s osjornais da véspera publicaram esta declaração: “Par dérogation auxusages, le ministre de la Guerre a decidé que les troupes iront jusqu’aucimetière”. Mas, apesar da anunciada modificação <strong>do</strong> cerimonial, apenasum esquadrão de cavalaria e um destacamento <strong>do</strong> corpo de bombeirosacompanharam o carro fúnebre até a igreja e ao cemitério. Nissoconsistiu toda a exceção feita em homenagem ao sr. Alphand, quetanto contribuiu para o aformoseamento de Paris.Se d. Pedro II tivesse morri<strong>do</strong> no trono, ao seu funeralconcorreriam pessoalmente o presidente da república e to<strong>do</strong>s osministros, as grandes corporações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (Sena<strong>do</strong>, Câmara <strong>do</strong>s427


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Deputa<strong>do</strong>s, tribunais, conselho de Esta<strong>do</strong> etc.), o conselho municipalde Paris, to<strong>do</strong> o corpo de exército de Paris e de Versalhes, e estariamacesos os lampiões de gás diante das repartições públicas e nas ruase praças por onde passasse o préstito.No procedimento que agora teve o governo francês não houve,seguramente, a menor ofensa à república brasileira e suponho que derepublicanismo e de cortesia internacional a França entende algumacoisa. O governo e o povo francês honraram em d. Pedro II, um príncipepor muitos títulos ilustre, nosso amigo, e que durante meio século foi oprimeiro e o mais alto representante da nação brasileira. Foram-lhetributadas as mesmas honras imperiais ou reais que prestamos aoutro veneran<strong>do</strong> exila<strong>do</strong>, Jorge V, <strong>do</strong> Hanover, sem que a poderosaAlemanha se ofendesse com essas manifestações de respeito ao reique ela destronara.Ao funeral de Jorge V, no dia 18 de junho de 1878 (sete anosdepois <strong>do</strong>s nossos revezes), compareceram os representantes <strong>do</strong>presidente da república e <strong>do</strong> ministério, o corpo diplomático e uma divisãocomandada pelo general barão Aymard, composta de um batalhão decada um <strong>do</strong>s regimentos de infantaria n. 101, 102 e 103, de umacompanhia de infantaria da guarda republicana, um esquadrão decavalaria da mesma guarda, um <strong>do</strong> 13º de dragões e uma bateria <strong>do</strong> 12ºregimento de artilharia. (Temps de 19 de junho de 1878, n. 6, 269).Objetarão talvez que no carro fúnebre havia a coroa imperial e aantiga bandeira brasileira. A isso responderei que, se morrer aquiamanhã um príncipe da antiga família real francesa, terá no seu carrouma coroa real, sem que a França fique sen<strong>do</strong> menos república <strong>do</strong> queé. A bandeira e as armas que estiveram na igreja e no coche fúnebreforam repudiadas pelo novo regime no Brasil e, portanto, são hojesimples emblemas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>; de caráter puramente histórico; sãodistintivos da família de d. Pedro. Nos nossos monumentos públicos,<strong>do</strong> tempo <strong>do</strong>s antigos reis e <strong>do</strong> império, to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> pode ver aindahoje as armas e as coroas reais e imperiais. Também no enterro <strong>do</strong> exreiJorge V houve coroas reais, escu<strong>do</strong>s de armas e a antiga bandeira<strong>do</strong> extinto reino.E, para terminar estas explicações, lembrarei que a nossa terceirarepública não é república de jacobinos. Tivemos uma primeira, emque o jacobinismo deu leis, e essa acabou na ditadura militar deNapoleão I. Tivemos uma segunda, república de ideólogos, de filósofose de poetas. Dela resultou a longa ditadura de Napoleão III. A repúblicaque agora temos é muito diferente das duas primeiras: é a repúblicade Thiers e de Gambetta. Esta é a que tem dura<strong>do</strong> e há de ficar parasempre. Conhecemos nós, republicanos, perfeitamente a distância que,no respeito público e na opinião da gente sensata, deve separar os reis428


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)constitucionais, como Pedro II e Leopol<strong>do</strong> da Bélgica, <strong>do</strong>s dita<strong>do</strong>restiranetes da ordem <strong>do</strong>s Rosas e <strong>do</strong>s Lopez.(Continua)** *CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro II 15Os convites para as exéquias de d. Pedro II tinham no alto asarmas imperiais e eram deste teor:Le Mercredi, 9 Décembre 1891 seront célébrées, à midi très précisen l’Eglise Sainte Madeleine, les obsèques solennelles de Sa Majestél’Empereur du Brésil Dom Pedro II.Vous êtes priés d’assister.Le comte d’Aljezur chambellan de la Cour Impériale.Cette carte servira d’entrée.Seguia-se a indicação da entrada. Havia cartas verdes,brancas e amarelas e cor-de-rosa, segun<strong>do</strong> a entrada e acolocação <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s. Todas as questões de etiqueta ficaramreguladas entre o barão de Muritiba e o conde d’Ormesson, quese encarregou de expedir uns quatrocentos desses cartões,distribuin<strong>do</strong>-os pelo corpo diplomático e por personagens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>oficial francês.É bom recordar aqui os termos <strong>do</strong>s convites feitos porocasião <strong>do</strong> funeral <strong>do</strong> ex-rei de Hanover. Estavam redigi<strong>do</strong>s assim:Obsèques de S. M. George V, par la Grace de Dieu, Roi de Hanover,prince royal de la Grande Bretagne et d’Irlande, duc de Cumberland,15N.E. – Quinta parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 17 de janeiro de 1892.429


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>duc de Brunswick et de Lünenburgo etc. né à Berlin le 27 Mai 1819,décédé à Paris, le 12 Juin 1878.Église de la Rédemption, rue Chauchat, Mardi, le 8 de Juin 1878.Départ de la maison mortuaire, 7, rue de Presbourg, à midi trèsprécis.O dia 9 (quarta-feira) amanheceu encoberto e chuvoso, mas,apesar <strong>do</strong> mau tempo, desde as 8 horas imenso povo ocupava asimediações da igreja da Madalena esperan<strong>do</strong> o começo da cerimônia.As janelas <strong>do</strong>s cafés e restaurantes alugavam-se por preçosfabulosos.O chefe da polícia municipal, M. Gaillot, dirigiu o serviço deordem na rua à frente de algumas centenas de guardiães da paz.To<strong>do</strong>s os leitores <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Brasil, mesmo os que não visitaramParis, conhecem, por certo, a igreja da Madalena, uma das maisgrandiosas da nossa capital. A gravura e a fotografia popularizambastante esse belo monumento. Exteriormente, é ele um verdadeirotemplo grego, períptero. A colunata, coríntia, é dupla na frontariaprincipal e tem quinze metros de altura, assentan<strong>do</strong> sobre umbaseamento de sete metros acima <strong>do</strong> nível da praça. Neste peristilo, aque se chega por vinte e oito degraus, está o grande portal de bronzemodela<strong>do</strong> por Triquetti, e o célebre frontão, cujo tímpano, esculpi<strong>do</strong>por Lemaitre, representa o Juízo Final. Do alto da escadaria, vê-seatravés da rua Royale, que lhe é perpendicular, o obelisco da praça daConcórdia e, em maior distância, o pórtico da Câmara <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s<strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sena. Interiormente, a igreja tem a forma basilical e,portanto, uma só nave. As muralhas laterais são divididas por colunase arcadas, em três vãos (travées) simplesmente decorativas; depois,abre-se em hemiciclo o santuário. Os tetos são forma<strong>do</strong>s por três cúpulase uma meia-cúpula com clarabóias, únicas aberturas por onde penetraa luz. No interior, a altura até às cúpulas é de mais de trinta metros.Para as exéquias, o grande portal foi orna<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is imensosreposteiros de luto: borda<strong>do</strong>s de prata e apanha<strong>do</strong>s por embraces.No centro da sanefa estavam as letras P. II, e no alto o escu<strong>do</strong> dasarmas imperiais.O efeito da decoração interior <strong>do</strong> templo era verdadeiramenteimponente. As muralhas e as colunas estavam revestidas de panos pretoscom ornamentos pratea<strong>do</strong>s de desenho grego, como os da câmaraardente, já descrita. Numerosos escu<strong>do</strong>s imperiais, colori<strong>do</strong>s, ornavamos panos da nave. No hemiciclo <strong>do</strong> santuário destacava-se, sobre fun<strong>do</strong>negro, o belo grupo de Marochetti, no altar-mor, em mármore branco.No centro da nave, cerca<strong>do</strong>s de numerosos e magníficos tocheiros elampadários, cujas luzes se misturavam com as chamas verdes de uns430


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)<strong>do</strong>ze fogaréus, erguia-se o catafalco, de nove metros de altura, esobre este o cenotáfio sustenta<strong>do</strong> por quatro cariátides de prata eapresentan<strong>do</strong> em remate uma almofada com a coroa imperial. To<strong>do</strong> omonumento seria obra de quinze metros de altura e era <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> porum <strong>do</strong>ssel, espécie de zimbório suspenso, preso por compri<strong>do</strong> e fortetrança<strong>do</strong> de prata à clarabóia da cúpula central.Quatro imensos panos de velu<strong>do</strong> preto semea<strong>do</strong>s de estrelas eorla<strong>do</strong>s de arminho caíam desse <strong>do</strong>ssel e, forman<strong>do</strong> curva, iam pendercomo flâmulas antigas, de quatro barras de prata, ligadas pelasextremidades e por cordões, aos quatro saiméis das duas arquivoltaslaterais. No cenotáfio e <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da entrada principal <strong>do</strong> templo, estavaaplica<strong>do</strong>, como uma colcha, contrastan<strong>do</strong> com to<strong>do</strong> esse aparato deluto, um esplêndi<strong>do</strong> estandarte verde-amarelo, de velu<strong>do</strong>, com franjasde ouro e escu<strong>do</strong> imperial borda<strong>do</strong> a fio de seda, prata e ouro, enriqueci<strong>do</strong>de pedras de cores. Esse estandarte figurou na última Exposição Universale, segun<strong>do</strong> me disseram, foi trabalha<strong>do</strong> em Pernambuco.Muitas coroas de flores ornavam o monumento e outras muitasestavam dispostas em <strong>do</strong>is imensos carros especiais, posta<strong>do</strong>s na praçada Madalena.Às 11 horas, o vigário, monsenhor Le Rebours, acompanha<strong>do</strong>de to<strong>do</strong> o numeroso clero que ia tomar parte nas exéquias, transferiuo caixão da capela ardente em que estava, no baseamento, para ocatafalco. Só os parentes mais próximos e alguns amigos assistiram aeste ato.As tropas, que foram chegan<strong>do</strong> pouco antes da 11 horas, traziamlaços de crepe nas bandeiras, e tinham os tambores forra<strong>do</strong>s de luto.Eram 6.500 homens, forman<strong>do</strong> uma divisão, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> generalPallone 16 de Saint-Mars, que tinha às suas ordens os generais de brigadaMadelon e de Saint-Julien. Compunham-na oito batalhões de infantariade linha, tira<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s regimentos 31, 36, 39, 76, 115, 117, 124 e 130,com os seus coronéis, bandeiras regimentais, bandas de música e decornetas e baterias de tambores; quatro esquadrões (cento e trintahomens cada um) <strong>do</strong>s regimentos de couraceiros n. 3 e 6, com seusestandartes e uma banda de música e de clarins; um esquadrão daguarda republicana e duas baterias <strong>do</strong>s regimentos de artilharia acavalo n. 22 e 31, precedi<strong>do</strong>s de uma banda de clarins.As bandeiras militares francesas trazem, desde 1880, cantona<strong>do</strong>sem letras de ouro, os nomes <strong>do</strong>s quatros principais feitos d’armas emque o regimento se ilustrou. O redator-chefe da Revue du Cercle Militaire,nosso colabora<strong>do</strong>r no Jornal <strong>do</strong> Brasil, teve a bondade de dar-me os16N.E. – Possivelmente, trata-se <strong>do</strong> general Poillüe de Saint-Mars.431


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>nomes inscritos nas bandeiras <strong>do</strong>s regimentos de infantaria, queestiveram representa<strong>do</strong>s no funeral de d. Pedro II. Transcrevo arelação:31º de infantaria – Valmy, 1792. – Biberah, 1798. – Saint Domingue,1806. – Colla, 1843.36º dito – Jenappes, 1792. – Zurich, 1794. – Austerlitz, 1805. –Iena, 1806.39º dito – Arcole, 1796. – Ulm, 1805. – Friedland, 1807. –Sebastopol, 1851.76º dito – Ulm, 1805. – Iena, 1806. – Friedland, 1807. – Solferino,1859.115º dito – Saragosse, 1809. – Lérida, 1810. – Tarragona, 1811. –Toulouse, 1813.117º dito – Tudela, 1808. – Saragosse, 1809. – Lérida, 1809. –Saragosse, 1814.124º dito – Berezina, 1812. – Lutzen, 1813. – Bautzen, 1813.130º dito – Loano, 1795. – Burgos, 1812. – Montmirail, 1814. –Arcis-sur-Aube, 1814.As tropas arrumaram-se <strong>do</strong>s quatro la<strong>do</strong>s da praça de Madalena,em volta da igreja e nas extremidades <strong>do</strong>s bulevares da Madalena eMalesherbes: a infantaria em colunas de companhias, os couraceirosem pelotões nos ângulos da igreja; a artilharia <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da rua Tronchet.Do alto da escadaria o espetáculo era verdadeiramente grandioso.Uma multidão imensa e compacta, contida por fileiras de pelotões ede solda<strong>do</strong>s estendia-se pela praça, pelo começo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is bulevares,pelos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da rua Royale e praça da Concórdia, até onde a vistapodia alcançar. Todas as janelas e mansardas (as casas em Paristêm, de ordinário, sete andares) estavam apinhadas e, em muitas,viam-se bandeiras francesas e brasileiras enlaçadas de crepe.Às 11h30min chegou o coche fúnebre e colocou-se dentro <strong>do</strong>adro. Essa carruagem, reservada ao enterro <strong>do</strong>s grandes dignitários<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, só tinha servi<strong>do</strong> três vezes: nos funerais <strong>do</strong> cardeal Marlot,<strong>do</strong> duque de Morny, de Thiers. É um rico baldaquino sustenta<strong>do</strong> porquatro anjos de prata, guarneci<strong>do</strong> de penachos nos ângulos e encima<strong>do</strong>por um zimbório poligonal, que remata em quatro pequenos gênios deprata cercan<strong>do</strong> um canopo. Na parte superior deste, foi colocada sobreuma almofada de velu<strong>do</strong> a coroa imperial e, <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s, escu<strong>do</strong>s dearmas. O coche era puxa<strong>do</strong> por oito cavalos inteiramente revesti<strong>do</strong>s decaparazões estrela<strong>do</strong>s, com penachos nas extremidades e atendi<strong>do</strong>spor oito moços de estrebaria. Tanto este coche, como as outrascarruagens de luto, em número de vinte, atreladas de quatro ou <strong>do</strong>is432


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)cavalos, tinham nas mantas das almofadas <strong>do</strong>s cocheiros o escu<strong>do</strong>das armas imperiais.Ao meio dia em ponto a princesa <strong>do</strong>na Isabel e o conde d’Eu eseus filhos chegaram acompanha<strong>do</strong>s de alguns camaristas e damasda antiga corte imperial.A nave, o coro e as tribunas regurgitavam de gente, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>,entretanto, impossível enviar convites a todas as pessoas que seinscreveram no hotel, porque o não permitia a lotação da igreja, umadas maiores de Paris.À esquerda <strong>do</strong> santuário, estava sua eminência o cardeal Richard,arcebispo de Paris. Em frente da mesa da comunhão: à direita, aprincesa d. Isabel e a princesa de Joinville; à esquerda, o generalBrugère e os oficiais da casa militar da presidência, representan<strong>do</strong> opresidente da república francesa (capitão-de-mar-e-guerraJauréguiberry, tenentes-coronéis Chamdin e Dalstein, comandantesPistor e Courtès). À direita da princesa d. Isabel estavam a baronesade Muritiba, a condessa de Carapebus e as damas das rainhas eprincesas presentes.Nas três primeiras ordens de poltronas à direita <strong>do</strong> coro: ospríncipes conde d’Eu, d. Pedro de Alcantara, príncipe <strong>do</strong> Grão-Pará, d.Luís, d. Antônio, duque Augusto de Saxe (genro <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r), d.Pedro Augusto de Saxe, conde de Áquila, d. Luís de Bourbon, d. Felipede Bourbon, príncipe de Joinville, duque de Penthièore, duque deChartres, conde de Bari, infante d. Antônio de Orleans, duque deNemours e duque d’Aumale; Suas Majestades o duque de Castro (exreiFrancisco II das Duas Sicílias) e o rei d. Francisco de Assis, deEspanha. Depois, o sr. Emygdio Navarro, ministro de Portugal,representan<strong>do</strong> o rei d. Carlos I; o marquês de Beauvoir e o sena<strong>do</strong>rBocher; representan<strong>do</strong> o conde de Paris: o conde de Grenaud deSaint-Christophe e o barão de Ebach, representan<strong>do</strong> o príncipe reinanteda Bulgária; e o duque reinante de Saxe-Cobourg e Gotha.Nas tribunas estavam Suas Altezas Reais a duquesa de Chartrese a princesa Margarida de Orleans. Suas Majestades a rainha d. IsabelII de Espanha e a duquesa de Castro (ex-rainha das Duas Sicílias), SuaAlteza Imperial e Real a condessa de Trapani, Suas Altezas Reais ainfanta d. Eulália de Orleans e a princesa Blanche de Orleans e SuasAltezas Sereníssimas o príncipe e princesa de Mônaco.Nas primeiras cadeiras da esquerda <strong>do</strong> coro via-se o corpodiplomático, de grande uniforme, faltan<strong>do</strong> apenas os embaixa<strong>do</strong>res daRússia (enfermo), da Alemanha (ausente) e o da Inglaterra (faleci<strong>do</strong>há dias) e as legações <strong>do</strong> Brasil, de Venezuela e <strong>do</strong> México. Estavampresentes com to<strong>do</strong> pessoal das suas embaixadas e legações: o núnciomonsenhor Ferrata; o embaixa<strong>do</strong>r de Espanha, duque de Mandas e a433


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>duquesa; o de Itália, general conde de Menabrea e a marquesa deValdera, sua mulher; o da Áustria-Hungria, conde Hoyos e a condessa;o da Turquia, Essad Pachá; os ministros plenipotenciários e osencarrega<strong>do</strong>s de negócios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América (WhitelawReid), da Inglaterra, Rússia, Alemanha, Bélgica (barão Beyens), Holanda,Dinamarca, Suécia, Portugal, Suíça, Baviera, Grécia, Romênia, Sérvia,Mônaco, S. Marino, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, S. Domingos,Haiti, Colômbia, Peru, Bolívia, Chile, República Argentina, Uruguai, China,Japão, Pérsia e República Sul-Africana.Desse mesmo la<strong>do</strong> ficavam o general Brault, representan<strong>do</strong> opresidente <strong>do</strong> Conselho, ministro da Guerra; os srs. Bourgeois e Develle,ministros da Instrução Pública e da Agricultura; o conde d´Ormesson,representan<strong>do</strong> o ministro <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros; o almirante Vignes,pelo ministro da Marinha; os representantes <strong>do</strong>s outros membros <strong>do</strong>gabinete; o general Rousseau, representante <strong>do</strong> grande chanceler daLegião de Honra; o representante <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r militar de Paris, ogeneral Saussier; vários sena<strong>do</strong>res e deputa<strong>do</strong>s; o prefeito <strong>do</strong> Sena; ode polícia (Lozé); e muitos membros da Instituto. Cerca de 60 dessesacadêmicos trajavam o uniforme de palmas verdes. Entre os muitospresentes, citarei estes:Da Academia Francesa: Leconte de Lisle, E<strong>do</strong>uard Hervé, FrançoisCoppée, Joseph Bertrand, Victorien Sar<strong>do</strong>u, Lu<strong>do</strong>vic Halévy, L. Pasteur,conde de Haussonville, Jules Clarétie, almirante Jurien de la Gravière,Gréard, Alexandre Dumas Filho, Camille Doucet, Gaston Boissier, XavierMarmier, Ernest Legouvé, duque de Broglie.Da Academia de Ciências: Daubrée, Berthelot, de Quatrefages,Faye, Charcot, almirante Mouchez, Hermite, Janssen, Tisserand,Gaudry, Grandidier, Gringey, Bouchard, Henri Becquerel, Hamy, AlfredCornu, Bouquet de la Grye.Da de Ciências Morais e Políticas: Paul Leroy-Beaulieu, EmileLevasseur, G. Himly, Ernest Glasson, Fréderic Passy, Lefébvre-Pontalis.Da de Inscrições e Belas-Letras: Jules Oppert, Wallon, LeonGauthier, Boislisle, Foucart.Da de Belas-Artes: os pintores Gerôme, Bouguereau, Henner eE. Detaille; os escultores Barrias, Falguière e Mercié, os maestrosAmbroise Thomas e Gounod e o barão A. de Rothschild.Nunca foram vistos em um funeral tantos membros <strong>do</strong> instituto,disseram-me <strong>do</strong>is desses imortais. Mui poucos faltaram e os quedeixaram de comparecer, ou estavam longe de Paris, como Maxime duCamp e Guillaume, ou enfermos, como Jules Simon e Duchartre.Entre os outros franceses e estrangeiros de distinção, mencionareio duque de La-Rochefoucault-Doudeauville; os generais Hartung, DeRochebouet, Boissier, Desoy, Rousseau e Beziat; os vice-almirantes434


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)barão Duperré, Coupvent-des-Bois, Charles Duperré, Périgot e Grasset;os srs. Eugène Dufeuille, conde Albert de Mun, marquês de Bouillé,visconde de Chazelles, Guillaume Guizot, L. N. Bonaparte-Wyse,marquesa de Beauvoir, princesa Aurélia Zurlo, coronel conde de Plazanet,condes de Laupesbin e de Sesmaisons, Antonin Proust, Mme. CharlesHeine, Mme. Octave Feuillet, visconde de Courcy, Sissen, marquês deFlers, conde de Talleyrand-Périgord; monsenhor Tissoc, barão TristanLambert, conde de Riancey e Mlle. de Riancey, barão de Saint-Priest,conde de Sartiges, barão Gustavo de Rothschild, duquesa de Valencias,príncipe e princesa Constantino Radziwill, Mme. Appert, Louise Abbema,E. Lockroy, Mme. Daudet Filho (Jeanne Hugo), Aristarchi Bey, barãoHely d’Oissel, barão Larrey, Lon Noel, príncipe de Lucinge, NapoléonNey, Camille Flammarion, duquesa Decazes viúva; conde de Mareuil,conde de Barral, duquesa de Hijar, príncipe de Wagram, marquês deVillasegura, deputa<strong>do</strong> Louis Passy, barão e baronesa Edmond deBussière, Bertolini, conde e condessa Auguste de Pourtalès, J. Cornely,conde de Béarn, <strong>do</strong>utor Guéneau de Moussy, marquês de Nadaillac,condessa de Nadaillac, barão e baronesa de Soubeyran, conde deLaugier Villars, duque e duquesa de Fezensac, duque de Valombrosa,Charles Buloz, barão Victor Taunay de Blowitz, barão Mesnard,comandante Georges de Marchand, Hugues le Roux, Max Leclerck,Campbell Clark, R. Crawford Bowes, marquês e marquesa de Persan,E. Pector, E. Bourdelet, C. Pra, Amédée Prince, conde De La Tour.De brasileiros foram-me da<strong>do</strong>s estes nomes, com a prevençãode que não era possível organizar uma lista completa: conde de Aljezur,visconde e viscondessa de Cavalcanti, Mlle. Cavalcanti, conselheiroGaspar Silveira Martins, sua senhora e filha, conselheiro Couto deMagalhães, marechal visconde da Penha, viscondessa da Penha e d.Eugenia da Penha, conde e condessa de Carapebus, conde e condessade Motta Maia, barão e baronesa de Pene<strong>do</strong>, barão e baronesa deMuritiba, conde e condessa de Nova Friburgo, conde de Villeneuve,conde de Nioac, visconde de Torres, Mme. e Mlle. Lima e Silva, barãoe baronesa de Estrela, barão de Albuquerque, Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, F. Picot,João de Sousa Dantas e sua senhora, condessa Monteiro de Barros,Hermano Ramos, sua senhora e filhas, viscondessa de Araguaia, Mme.De Barandiaran (da família Cavalcanti de Albuquerque), baronesa deTeresópolis, Mlles. Teixeira Leite, viúva Silva Coutinho, visconde eviscondessa de Santa Vitória e d. Alzira Amorin, Pádua Fleury, barão deGuamá e família, baronesa de Villa Bela, A. de Sequeira, senhora efilhos, Gofre<strong>do</strong> d’ Escragnolle Taunay, A. C. da Silva Telles, sua senhorae cunhada, Carlos Silveira Martins, J. L. Cansansão de Sinimbú, SilvaCoutinho, Sebastião Pinto Bandeira Guimarães e senhora, Paulo Pra<strong>do</strong>,Alfre<strong>do</strong> Rocha e senhora, Fernan<strong>do</strong> Cavalcanti de Albuquerque, Cândi<strong>do</strong>435


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Guimarães, Pandiá Calógeras e senhora, Carlos de Almeida, majorGama Costa de grande uniforme (um brasileiro informou-me queeste oficial servira em batalhão de voluntários durante a guerra <strong>do</strong>Paraguai e fora há meses deporta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará por motivos políticos),Eduar<strong>do</strong> Ferreira Car<strong>do</strong>so e senhora, Theotonio de Brito, Mme.Pereira da Silva, barão e baronesa de S. Joaquim, Mme. Sizenan<strong>do</strong>Nabuco, Argollo Ferrão (redator <strong>do</strong> Brésil), barão e baronesa deMaia Monteiro, dr. Marques de Sá, d. Maria Antonia de BulhõesRibeiro, barão e baronesa de Itajubá, d. Maria Júlia Marques deSá, Mme. Andrade Pinto, Mme. C. A. de Miranda Jordão, baronesade Inohan, visconde de Benevente, baronesa de Guanabara, EugenioTourinho, visconde e viscondessa de Sabóia, Leopol<strong>do</strong> de Lima eSilva, Pedro Chermont de Miranda, d. Isabel Porciúncula, A.Klingelhoefer e família, barão e baronesa de Nioac, Alberto Fialho,Domício da Gama, engenheiro Augusto Teixeira, d. Laura Faro deAraújo, Alfre<strong>do</strong> de Amorim, engenheiro Antonio C. Saraiva, R. daSilva Paranhos, João da Conceição Rocha e senhora, João LuísTavares Guerra e família, Mme. Gonçalves da Cunha, Mme. BragaGuimarães, Luís de Sousa Aranha, Mme. Arthur Napoleão, Eduar<strong>do</strong>Valim, Francisco Álvares da Silva Campos, dr. Paula (mestre <strong>do</strong>sfilhos da princesa d. Isabel), capitão-tenente Napoleão Level, LucianoValeni, Franco de Sá, 1º-tenente Francisco T[o]pin e senhora, DiogoCampbell, dr. Silvio de Sá Valle, conde de Araguaia, Francisco AlvesLeite, J. J. Gonçalves, José Vicente de Souza, Cesário Porto e JoséJoaquim Moreira e outros.A colônia portuguesa de Paris esteve representada por muitos <strong>do</strong>sseus mais distintos membros, entre os quais indicaram-me os srs. Eçade Queirós, conde e condessa de Tovar, o dr. Figueire<strong>do</strong> Magalhães, ovisconde de Azeve<strong>do</strong> Ferreira, Camilo de Morais e Gaspar da Silva.Muitos estrangeiros de outras nacionalidades, que residiram no Brasil,como o sr. Alexandre Wagner, estiveram presentes.Os repórteres que empreguei informaram-me também de que váriascorporações e sociedades no Brasil telegrafaram, fazen<strong>do</strong>-se representarnos funerais, mas que alguns desses telegramas chegaram na véspera,quan<strong>do</strong> não havia tempo para dar aviso e reunir os membros dascomissões nomeadas. Sei que o visconde de Cavalcanti foi um <strong>do</strong>srepresentantes da Associação Comercial <strong>do</strong> Rio de Janeiro, que o InstitutoHistórico e Geográfico <strong>do</strong> Brasil nomeou uma comissão composta <strong>do</strong>barão de Pene<strong>do</strong>, conde de Mota Maia e barão <strong>do</strong> Rio Branco, e que osadvoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio de Janeiro mandaram depositar uma coroa no túmulo<strong>do</strong> grande brasileiro que “foi garantia da liberdade civil na pátria e símbolode grandeza moral no século”. Sei mais que o Jornal <strong>do</strong> Commercio, <strong>do</strong>Rio de Janeiro, fez-se representar pelos srs. Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> e F. Picot,436


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)que a redação <strong>do</strong> Brazil teve representantes seus e que os <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong>Brasil foram os srs. João Dantas e Hugues Le Roux.Apenas a princesa d. Isabel chegou e tomou assento, tevecomeço a cerimônia religiosa.Monsenhor Le Rebours, assisti<strong>do</strong> de numeroso clero, celebrouentão a missa cantada e, concluída esta, Sua Eminência o cardealRichard, arcebispo de Paris, descen<strong>do</strong> <strong>do</strong> sólio deu as absolviçõesfinais e a última benção.Os excelentes cantores e músicos da Madalena, dirigi<strong>do</strong>s pelo mestrede capela Gabriel Fauré (a igreja da Madalena é famosa pela sua música),tinham si<strong>do</strong> reforça<strong>do</strong>s com artistas <strong>do</strong> teatro da Grande Ópera. Théo<strong>do</strong>reDubois, o conheci<strong>do</strong> compositor e professor de harmonia <strong>do</strong> Conservatório,manejou o grande órgão, fazen<strong>do</strong> ouvir duas marchas fúnebres. Os cantorese a orquestra executaram o Kyrie de Beethoven, o Sanctus <strong>do</strong> Théo<strong>do</strong>reDubois, o Agnus Dei de Cherubini e o Libera me de Gabriel Fauré.(Continua)** *CARTAS DE FRANÇAA morte e os funerais de d. Pedro II 17À 1 hora e 25 minutos se concluíram estas solenes exéquias,cujo começo fora anuncia<strong>do</strong> ao meio-dia por uma salva <strong>do</strong>s célebrescanhões, troféus da esplanada <strong>do</strong>s Inváli<strong>do</strong>s.O caixão, tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> catafalco e precedi<strong>do</strong> por seis mestres decerimônia, com calções de seda, capas, florete [s] e chapéus arma<strong>do</strong>s,foi leva<strong>do</strong> ao coche fúnebre.Apenas assomou no pórtico monumental da Madalena, ouviu-seum toque de clarim e logo as vozes de “Portez armes! e “Presentezarmes!”.17N.E. – Sexta parte, publicada no Jornal <strong>do</strong> Brasil em 20 de janeiro de 1892.437


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Os tambores e cornetas fizeram ouvir a marcha lenta e, logodepois, uma das bandas de música executou a marcha fúnebre deChopin. Enquanto as tropas apresentavam armas, as bandeiras, comoera de rigor, conservaram-se abatidas.À 1 e meia o préstito pôs-se em movimento. A chuva tinha deto<strong>do</strong> cessa<strong>do</strong>, mas o céu continuava encoberto e o sombrio e invernoso<strong>do</strong> dia aumentava a profunda tristeza desses funerais na terra <strong>do</strong> exílio.Seguraram nos cordões <strong>do</strong> esquife, até a ponte da Concórdia,os ex-conselheiros de Esta<strong>do</strong> visconde de Cavalcanti, Gaspar SilveiraMartins, dr. José da Silva Costa e general Couto de Magalhães, oscamaristas marechal visconde da Penha, conde de Nioac, conde deCarapebus, barão de Pene<strong>do</strong>, barão de Muritiba, conde de NovaFriburgo e o barão de Estrela, conde de Motta Maia, dedica<strong>do</strong> médicoe amigo <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, e o conde Villeneuve.Da ponte da Concórdia em diante, por decisão da princesa, oscordões foram confia<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os brasileiros que acompanhavam apé o féretro, e que se foram revezan<strong>do</strong> até a estação <strong>do</strong> caminho deferro de Orléans.O préstito seguiu pela rua Royale, praça e ponte de Concórdia,bulevar Saint Germain, cais Saint Bernard, praça Walhubert e caisd’Austerlitz, na seguinte ordem: um esquadrão da guarda republicana,precedi<strong>do</strong> de bate<strong>do</strong>res que traziam em punho os seus revólveres;uma companhia de guardiães da paz (antigamente “Sergents de ville”);um esquadrão <strong>do</strong> 3º regimento de couraceiros (coronel Poulot); umacompanhia <strong>do</strong> 36º regimento de infantaria (coronel Pellieux) com a bandeiradesse regimento; o general de brigada de Saint Jullien, com seu esta<strong>do</strong>maior;um batalhão <strong>do</strong> 39º regimento de infantaria de linha (coronelBourelly); um batalhão <strong>do</strong> 76º de infantaria (coronel Delbos); um esquadrão<strong>do</strong> 3º regimento de couraceiros; o general de brigada Madelor, com o seuesta<strong>do</strong>-maior; um batalhão <strong>do</strong> 36º de infantaria, com as armas em funeral,marchan<strong>do</strong> a um de fun<strong>do</strong> e forman<strong>do</strong> assim duas compridas alas dentrodas quais ficavam todas as carruagens de luto.Dentro dessas alas de infantaria: um mestre de cerimônias,acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus auxiliares, to<strong>do</strong>s de capa e calções; <strong>do</strong>is cochesde luto, puxa<strong>do</strong>s por quatro cavalos, conduzin<strong>do</strong> o vigário da Madalenae outros sacer<strong>do</strong>tes; um mestre de cerimônias e auxiliares; <strong>do</strong>is grandescarros, que seguiam emparelha<strong>do</strong>s e eram duas montanhas de flores,cada um deles puxa<strong>do</strong>s por seis cavalos caparazona<strong>do</strong>s e conduzi<strong>do</strong>spor outros tantos lacaios a pé; o or<strong>do</strong>nnateur de la ville (comissáriosuperior da municipalidade, que preside aos grandes funerais) e o seuséquito; o coche fúnebre acima descrito (o caixão ia coberto pelaantiga bandeira <strong>do</strong> Brasil e, sobre ele via-se apenas uma coroa deperpétuas, que Mr. Egerton, encarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negócios da Inglaterra,438


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)depositara por ordem da rainha Vitória); três mestres de cerimôniassegui<strong>do</strong>s de vários oficiais de capa, levan<strong>do</strong> sobre coxins de velu<strong>do</strong> ascondecorações <strong>do</strong> morto; a deputação <strong>do</strong> Instituto de França, umaoutra <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Museu de História Natural e um grupo debrasileiros que iam revezar-se na guarda <strong>do</strong>s cordões <strong>do</strong> esquife (algunscarrega<strong>do</strong>res levavam <strong>do</strong>is imensos ramos de uma palmeira <strong>do</strong> Brasilaos quais estava presa larga fita roxa com as palavras Le Muséumd’Histoire Naturelle); <strong>do</strong>is coches de luto puxa<strong>do</strong>s por quatro cavalos,conduzin<strong>do</strong> a princesa d. Isabel, o conde d’Eu, seus filhos e o prínciped. Pedro Augusto; a carruagem <strong>do</strong> presidente da república francesacom o general Brugère e três oficiais da casa militar <strong>do</strong> presidente;logo atrás, muitas pessoas a pé, homens e senhoras; uns vinte cochesde luto, a <strong>do</strong>is cavalos, conduzin<strong>do</strong> príncipes parentes e cavalheiros edamas <strong>do</strong> séquito <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r e <strong>do</strong>s príncipes; numerosas carruagensde ministros de Esta<strong>do</strong> ou seus representantes <strong>do</strong> [corpo] diplomáticoe de muitos <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s; o general de divisão Poilloüe de Saint-Mars com o seu esta<strong>do</strong>-maior; um batalhão <strong>do</strong> 31º regimento deinfantaria de linha (coronel Ganot); quatro <strong>do</strong> 117º de linha (coronelChaumont); outro de 115º de linha (coronel Godarde); um <strong>do</strong> 124º delinha (coronel Guasco); um <strong>do</strong> 13º de linha (coronel Goulon); duasbaterias <strong>do</strong> 22º e <strong>do</strong> 31º regimentos de artilharia a cavalo; <strong>do</strong>isesquadrões <strong>do</strong> 6º regimento de couraceiros (coronel marquês Thibaultde la Rochethulon); uma esquadra de guardiães da paz.No grupo que seguia a pé logo atrás <strong>do</strong> coche fúnebre, atraírato<strong>do</strong>s os olhares um preto de cabelos inteiramente brancos,corretamente vesti<strong>do</strong> de casaca e que caminhava isola<strong>do</strong> na frente daprimeira linha. Disseram-me que reside em Paris e que em sua mocidadefora cria<strong>do</strong> <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. Também chamavam muito a atenção obrilhante capacete <strong>do</strong> príncipe Orloff, adi<strong>do</strong> militar russo, os uniformesde <strong>do</strong>is oficiais de cossacos e os alamares e medalhas de companhia<strong>do</strong> major brasileiro Gama Costa, antigo voluntário <strong>do</strong> Paraguai. Eramesses os únicos oficiais estrangeiros que acompanhavam a pé: os outrosadi<strong>do</strong>s militares, assim como os embaixa<strong>do</strong>res, ministros e secretários,tinham toma<strong>do</strong> as suas carruagens.Os borda<strong>do</strong>s verdes <strong>do</strong>s uniformes <strong>do</strong> Instituto apareciam a cadapasso no numeroso séquito.Na rua Royale, alguns populares, reconhecen<strong>do</strong> o uniforme<strong>do</strong> príncipe Orloff e <strong>do</strong>s cossacos, soltaram o grito da moda –“Vive la Russie!”. Mas foi esse o único incidente em to<strong>do</strong> o longotrajeto de quase seis quilômetros, sen<strong>do</strong> sumamente respeitosae simpática a atitude <strong>do</strong>s trezentos mil ou mais parisienses eestrangeiros que formaram alas e se descobriram à passagem <strong>do</strong>grande brasileiro.439


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>O fotógrafo Paul Nadar tomou a vista da praça da Concórdia nomomento em que o coche fúnebre passava, mas o local não foi bemescolhi<strong>do</strong>, porque a objetiva apenas podia apanhar pequeno espaço.Melhor posição teria si<strong>do</strong> o peristilo da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>ndea vista <strong>do</strong>mina a ponte e praça da Concórdia e toda a rua Royale até aMadalena.Em to<strong>do</strong> o percurso estavam as janelas e os largos passeiosdas ruas apinha<strong>do</strong>s de povo. Todas as elevações eram aproveitadas.Via-se imensa gente nos terraços <strong>do</strong> jardim das Tulherias, nos bor<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s tanques da praça da Concórdia, nas muralhas <strong>do</strong>s cais, nos bancosde ferro e nas árvores <strong>do</strong> bulevar Saint-Germain, em escadas de mãoaplicadas às paredes, nas almofadas <strong>do</strong>s carros de praça e nos tejadilhos<strong>do</strong>s ônibus. Em Paris não é permiti<strong>do</strong> atravessar um préstito fúnebree este, com as tropas que o precediam e seguiam, ocupava quaseto<strong>do</strong> o comprimento <strong>do</strong> bulevar Saint-Germain, que tem mais de trêsquilômetros. Ficaram por isso reti<strong>do</strong>s inúmeros veículos nos pontos deencontro das ruas transversais de mais trânsito, como as <strong>do</strong> Bac, SaintsPères, Bonaparte, Rennes, Tournon e bulevar Saint-Michel. Ocorrespondente <strong>do</strong> Daily Telegraph disse com razão que a afluência <strong>do</strong>povo parecia tão grande como nos funerais de Vítor Hugo.A escadaria monumental da Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s estava cobertade especta<strong>do</strong>res, pela maior parte deputa<strong>do</strong>s que haviam deixa<strong>do</strong> asala das sessões; e foi impressivo e solene o aspecto desse anfiteatrode quinhentos ou seiscentos homens, cujos chapéus se abateram aomesmo tempo. Pelas vizinhanças <strong>do</strong> bulevar Saint-Michel até a praçaMaubert, era a mocidade das escolas que preponderava na multidão.Daí em diante, até o Jardim das Plantas e a estação de Orléans, opúblico compunha-se principalmente de pequenos negociantes eoperários.O coche fúnebre deteve-se na esquina da rua Sauvage, junto àentrada <strong>do</strong> grande palco das Messageries, na estação de Orléans, eos membros da família, os representantes <strong>do</strong> presidente Carnot, <strong>do</strong>sministros e <strong>do</strong> Instituto de França, os membros <strong>do</strong> corpo diplomático emuitos <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s, agruparam-se nesse lugar para esperar asúltimas continências militares.A princesa Isabel colocou-se na frente, ten<strong>do</strong> a seu la<strong>do</strong> o conded’Eu e o príncipe d. Pedro de Alcântara, seu filho mais velho.As tropas que haviam precedi<strong>do</strong> o féretro já tinham toma<strong>do</strong>posição em frente ao bulevar de la Gare. As outras atravessaram aponte de Austerlitz, seguiram o cais de la Rapée e voltaram à margemesquerda, pela ponte de Bercy reunin<strong>do</strong>-se às da vanguarda.Até então, tinham caminha<strong>do</strong> lentamente como é de estilo nosfunerais. Agora, desfilavam em marcha acelerada, quase a passo de440


ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS DO BARÃO DO RIO BRANCO - (III)carga, com to<strong>do</strong> o garbo militar, ao som das músicas marciais e <strong>do</strong>rufar <strong>do</strong>s tambores, mistura<strong>do</strong> aos toques das cornetas e <strong>do</strong>s clarins.Passaram primeiro os oito batalhões de infantaria, depois a artilharia e,por último, a cavalaria da guarda republicana e os couraceiros. Osgenerais e os coronéis dirigiam com as espadas a última saudação aomorto, as bandeiras abatiam-se ao passar e, cada vez que passavauma bandeira, todas as cabeças se descobriam.O general Poilloüe de Saint-Mars tinha-se coloca<strong>do</strong> a pequenadistância <strong>do</strong> coche fúnebre, junto à muralha <strong>do</strong> cais. Quan<strong>do</strong>, às 4horas e um quarto, terminou a marcha em continência de todas astropas que comandava, aproximou-se ele <strong>do</strong> féretro, com seu esta<strong>do</strong>maior,fez com a espada o cumprimento militar ao morto, e foi fazê-loà princesa, antes de ir de novo pôr-se à frente da divisão, que poucoadiante dispersou, mandan<strong>do</strong> que cada corpo voltasse aos seusquartéis.O coche fúnebre penetrou então no pátio das Messageries, ondeum vagão estava arma<strong>do</strong> em capela ardente. O caixão foi aí coloca<strong>do</strong>e, depois das preces feitas por monsenhor Le Rebours e pelo padrePanis, as pessoas presentes apresentaram os seus respeitos à princesae aos príncipes.A princesa pediu ao general Brugère que dissesse ao presidenteCarnot quanto ela ficava penhorada pelas demonstrações públicas deapreço a seu pai e pelas testemunhas de apreço que ela recebera <strong>do</strong>governo. Essas declarações foram repetidas no dia seguinte ao ministro<strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros pelo barão de Pene<strong>do</strong>, que recebeu daprincesa esse encargo, e o Temps e outras folhas ministeriais publicarama seguinte notícia:“A condessa d’Eu fez apresentar ao governo francês a expressão<strong>do</strong>s seus agradecimentos pelo brilho de que ele cercou as exéquias <strong>do</strong>Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil.”Os representantes <strong>do</strong> presidente Carnot e <strong>do</strong>s ministros estiveramna estação até ao último momento, assim como o ministro português,o conselheiro Emygdio Navarro.O sr. Daubrée, <strong>do</strong> Instituto, tinha escrito um discurso, mas aprincesa pediu-lhe que não lesse porque outras pessoas poderiam quererfalar e ela não desejava manifestações. O discurso será li<strong>do</strong> na próximasessão da Academia das Ciências.Esqueci [de] dizer em seu lugar que, no dia 7, essa academialevantou a sessão em sinal de pesar, apesar de não costumar fazê-lopor ocasião da morte <strong>do</strong>s seus membros estrangeiros. O presidente,Ducharte, pronunciou então palavras muito sentidas.Às 7 e meia da noite, o trem especial que devia conduzir aLisboa o corpo de d. Pedro II estava alinha<strong>do</strong> no cais da saída.441


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Compunha-se de vários vagões leitos, de três salões, um vagãocapela,<strong>do</strong>is furgões carrega<strong>do</strong>s de flores e outros de bagagem.A essa hora, ainda chegavam coroas de flores.O conde d’Eu agradeceu ao sr. Heurteau, diretor da companhiade Orléans, e aos membros <strong>do</strong> conselho de administração, asexcelentes disposições que tinham toma<strong>do</strong>.Achavam-se na estação, além da princesa de Joinville e <strong>do</strong> velhoduque de Némours, uns trezentos brasileiros e franceses.Às 8 em ponto partiu o comboio, seguin<strong>do</strong> nele a princesa d. Isabel,o conde d’Eu, os príncipes d. Pedro de Alcântara, Grão-Pará e d. PedroAugusto de Saxe, a baronesa de Muritiba, d. Eugenia da Fonseca (filha<strong>do</strong> marechal visconde da Penha), o visconde de Cavalcanti, o conselheiroSilva Costa, os condes de Aljezur e da Motta Maia, os barões de Muritibae de Estrela, o secretário da legação portuguesa em Paris (conde deAzeve<strong>do</strong> e Silva) e os srs. dr. José Paranaguá, dr. João de Souza Dantas,dr. Gofre<strong>do</strong> de Escragnolle Taunay, dr. Paulo Pra<strong>do</strong>, d. Cansanção deSinimbú, Sebastião Guimarães, Alfre<strong>do</strong> Rocha, barão de Nioac, PandiáCalógeras, barão de Maia Monteiro, barão de S. Joaquim, quatro padrese o diretor da empresa funerária Borniol, com o pessoal necessário.O príncipe Albrecht da Prússia, segui<strong>do</strong> de numeroso séquito,passou por Paris no dia 10 para ir representar seu irmão, o Impera<strong>do</strong>rda Alemanha, nos funerais em Lisboa.Na manhã de 10, o trem imperial entrou no território espanhol;na de 11 chegou a Madrid e, hoje, a Lisboa, sen<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> o corpo <strong>do</strong>grande impera<strong>do</strong>r à igreja de S. Vicente de Fora, em que descansamos restos <strong>do</strong>s seus antepassa<strong>do</strong>s e os da imperatriz d. TheresaChristina.Por toda a parte, segun<strong>do</strong> os telegramas, recebeu o ilustrebrasileiro as mesmas honras oficiais e demonstrações públicas derespeito que lhe foram tributadas em França.Os nossos correspondentes especiais e o de Lisboa referiram pormiú<strong>do</strong> os incidentes da viagem e as exéquias finais.Ferdinand Hex** *442


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀSRELAÇÕES INTERAMERICANAS PUBLICADOSNA REVISTA DE DERECHOHISTORIA Y LETRAS


REVISTA DE DERECHO, HISTORIA Y LETRASAPRESENTAÇÃOEstanislao Zeballos (Rosário de Santa Fé, 1854 – Liverpool, 1923)fun<strong>do</strong>u e dirigiu a Revista de Derecho, Historia y Letras de 1898 a1923, data de seu falecimento.Lembra<strong>do</strong> no Brasil como o advoga<strong>do</strong> da Argentina no processoarbitral sobre o território de Missões e sobretu<strong>do</strong> por sua relaçãoantagônica com Rio Branco, que nem mesmo a morte <strong>do</strong> Barão pareceter atenua<strong>do</strong>, esta imagem ofusca os outros aspectos de suapersonalidade, o papel que desempenhou no cenário político argentino– onde exerceu por duas vezes as funções de ministro das RelaçõesExteriores –, seu vigor intelectual, sua obra literária, sua influência navida cultural argentina.Zeballos foi um polígrafo ao estilo <strong>do</strong> século XIX. Geólogo,geógrafo, jornalista, diplomata, educa<strong>do</strong>r, jurisconsulto, homem degoverno, funda<strong>do</strong>r de sociedades científicas e institutos de culturapopular, lembram seus admira<strong>do</strong>res, durante as homenagens queseguiram sua morte. A par de sua trajetória de jurista, que o levou àCorte Permanente de Arbitragem da Haia e à presidência da InternationalLaw Association, de seus trabalhos históricos e diplomáticos, sãonotáveis os livros de viagens, em que recolheu observações históricas,geográficas, etnográficas e lingüísticas sobre as regiões <strong>do</strong> sul daprovíncia de Buenos Aires e os territórios de Pampa e Rio Negro,disponíveis ainda hoje em recentes edições argentinas. Sua curiosidadeuniversal o levara a ser um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res da Sociedade CientíficaArgentina e <strong>do</strong> Instituto Geográfico Argentino, de que foi, aliás, oprimeiro presidente.A Revista de Derecho, Historia y Letras foi, de certa forma, atrincheira de onde Zeballos conduziu, sob o lema scribere est agere,suas batalhas nestes campos privilegia<strong>do</strong>s de seu interesse, partin<strong>do</strong>,em geral, de uma perspectiva preponderantemente jurídica. Marcadapor um forte nacionalismo, não deixou de ter em conta temas relevantespara a América Latina e as relações intra-hemisféricas.Quem percorrer os sumários <strong>do</strong>s diversos números da revistaencontrará um número relevante de artigos de interesse para opesquisa<strong>do</strong>r da história diplomática <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> continente americanoe bastantes entradas relativas ao Brasil. Dos artigos <strong>do</strong> próprio Zeballos,listamos trinta e oito. Verá também que foram numerosos os brasileirosque escreveram para a revista. Destaca-se Oliveira Lima, com onzeartigos, mas os nomes de Quintino Bocaiuva, Carlos de Carvalho, Rui445


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Barbosa, <strong>do</strong> mesmo Rio Branco, Nabuco, Luís de Souza Dantas,Delga<strong>do</strong> de Carvalho, Dionísio Cerqueira, Barbosa Lima Sobrinho,aparecem entre os colabora<strong>do</strong>res.Pela importância da Argentina no contexto de nossas relaçõesinternacionais e pela necessidade de incrementar um maiorconhecimento e melhor compreensão recíproca das posturas assumidaspor nossos países em sua vida internacional, pareceu oportuno levantaros artigos publica<strong>do</strong>s pela revista de Zeballos relaciona<strong>do</strong>s com osestu<strong>do</strong>s das relações internacionais <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>s países americanos,bem como as resenhas, recolhidas na seção “Bibliografia”, e as relaçõesde livros recebi<strong>do</strong>s, constantes da seção “Analecta”, que respondamaos mesmos critérios.Esta simples listagem não tem outra pretensão senão a de facilitaro trabalho <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s na história de nossas relaçõeshemisféricas e na melhor compreensão das percepções recíprocas debrasileiros e argentinos.O Editor446


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANASARTIGOSAGOTE, Luis. Política sanitária internacional. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 2, t. 6, p. 595-603, jun. 1900.ALMEIDA, P. de. Balanza comercial del Brasil. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 11, t. 31, p. 214-220, out.1908.ALURRALDE, P. La industria del azúcar. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 9, t. 24, p. 173-185, abr.1906.JARAMILLO ALVARADO, P. El Canal de Panamá y el naciente imperialismoargentino (Conferencia). Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 16, t. 46, p. 133-148, set. 1913.AMARAL, S. G. <strong>do</strong>. El barón de Río Branco (Nota biográfica). Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 6, t. 18, p. 19-47,mar. 19<strong>04</strong>.AMEGHINO, Florentino. Clausura del Congreso Científico InternacionalAmericano. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 19, t. 56, p. 295-300, mar. 1917.ANCHORENA, M. B. de. Ley Diplomática. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 8, t. 23, p. 50-66, nov. 1905.ANCÍZAR, R. El incidente de Venezuela. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 9, t. 24, p. 213-221, abr. 1906.______. Otra especie de panamericanismo (1852-1855). Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 3, t. 9, p. 337-345,maio 1901.ARAGÓN, A. La revolución de México. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 14, t. 40, p. 94-123, set. 1911.ARAUJO, Oscar D. El sistema federal en el Brasil. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 2, t. 4, p. 403-414, set. 1899.447


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TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANAS______. Anti-diplomática. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 1, t. 2, p. 345-350, dez. 1898.______. “América Brasileira”. Exposición y crítica de orientacionesinternacionales - el peligro de la “sorpresa” argentina. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 71, p. 409-424, mar. 1922.______. Archivo del General Mitre. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 11, t. 30, p. 105-113, maio 1908. p.231-240, jun. 1908.______. Bocayuva. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 3, t. 8, p. 153, nov. 1900.______. Campos Salles. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 3, t. 8, p. 139-152, nov. 1900.______. Centenario del Brasil. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 24, t. 73, p. 123, set. 1922.______. Complicaciones internacionales. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 2, t. 6, p. 472-478, maio 1900.______. De Magallanes á la Puna. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 1, t. 3, p. 308-315, abr. 1899.______. Diplomacia desarmada. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 11, t. 31, p. 107-134, set. 1908. p. 248-283, out. 1908.p. 528-542, dez. 1908. Ano 11, t. 32, p. 101-125, jan. 1909. p. 221-235,fev. 1909. p. 428-447, mar. 1909. p. 600-612, abr. 1909. Ano 11, t. 33, p.125-142, maio 1909. p. 279-300, jun. 1909. p. 595-615, ago. 1909. Ano12, t. 34, p. 134-149, set. 1909. p. 305-309, out. 1909. p. 456-470, nov.1909. p. 589-598, dez. 1909. Ano 12, t. 35, p. 143-151, jan. 1910. p. 303-312, fev. 1910. p. 451-461, mar. 1910. p. 619-630, abr. 1910.______. Edición suramericana de “The Times” - Sur América en 1909.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t.35, p. 289-302, fev. 1910.______. El cardenalato argentino - Negociaciones diplomáticas. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 25, t. 74, p. 402-428, mar. 1923.465


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>______. El Congreso Pan Americano. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 4, t. 11, p. 143-151, nov.1901.______. El escándalo pericial y la solución diplomática de Septiembre.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 1, t. 1,p. 629-659, ago. 1898.______. El incidente diplomático de San Martín de los Andes. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 1, t. 1, p. 105-116, jul. 1898.______. Fracasos diplomáticos de Itamaraty, etc. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 34, p. 290-301, out. 1909.______. Homenaje a Mitre. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 23, t. 69, p. 437-464, ago. 1921______. Ilusionarios diplomáticos. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 1, t. 2, p. 498-505, jan. 1899.______. Intervención europea en Venezuela. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 5, t. 14, p. 431-441, jan. 1903.______. IV Conferencia Internacional Americana - Política SanitariaInternacional (1834-1910). Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 14, t. 40, p. 17-27, set. 1911. p. 161-164, out. 1911.p. 301-329, nov. 1911. p. 468-494, dez. 1911. Ano 14, t. 41, p. 21-32,jan. 1912.______. La crisis internacional. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 1, t. 1, p. 450-468, jul. 1898.______. La futura Presidencia del Brasil. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 34, p. 471-474, nov. 1909.______. La política de Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s en Sud América. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 23, t. 68, p. 510,abr. 1921.______. La Puna: estudio diplomático del fallo arbitral. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 1, t. 3, p. 469-475,maio 1899. Ano 2, t. 4, p. 455-461, jul. 1899.466


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANAS______. Los armamentos de Sud América y la Liga de las Naciones.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 23, t.68, p. 547-551, abr. 1921.______. Los ministros brasileños. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 3, t. 8, p. 154-156, nov. 1900.______. Mitre. Oraciones fúnebres. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 9, t. 23, p. 489-519, fev. 1906.______. Mujeres notables de América: Flora Cavalcanti AlbuquerqueMello de Oliveira Lima; Adela Sarasa de Favier. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 23, t. 70, p. 457-464, nov. 1921.______. Osval<strong>do</strong> Cruz. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 19, t. 56, p. 428, abr. 1917.______. Papeles de Urquiza y Mitre. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 10, t. 29, p. 508-514, abr. 1908.______. Población del Brasil. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 19, t. 57, p. 548, ago. 1917.______. Política Internacional Suramericana. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 3, t. 8, p. 587-594, fev. 1901.______. Política Internacional. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 8, t. 22, p. 140-147, jul. 1905. p. 280-286,ago. 1905. Ano 11, t. 30, p. 91-94, maio 1908.______. Relaciones Exteriores. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 18, t. 53, p. 49-55, jan. 1916.______. Río Branco. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 14, t. 41, p. 411-439, mar. 1912.______. Theo<strong>do</strong>re Roosevelt y la política internacional americana.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 16, t.46, p. 545-599, dez. 1913.______. Un eminente diplomático brasileño en retiro. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 15, t. 43, p. 436-438,nov. 1912.467


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>______. En el Brasil. Impresiones – Carta Íntima. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 23, t. 68, p. 552-554, abr. 1921.** *468


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANASANALECTADa seção “Analecta” constam as seguintes entradas relativas aobras recebidas pela revista, relevante para os estu<strong>do</strong>s das relaçõesinternacionais <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>s países americanos:ALBANO, Ildefonso. O secular problema <strong>do</strong> nordeste. Rio de Janeiro,1919. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano21, t. 64, p. 143, set. 1919.ALBUQUERQUE, Medeiros E. O Perigo Americano. Rio de Janeiro, 1919.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 64,p. 143, set. 1919.ALMEIDA, Theo<strong>do</strong>ro Figueira de. História da Revolução de Pernambucoem 1917 [sic]. Recife, 1917. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 20, t. 61, p. 429, nov. 1918.______ . A Missão Americana. Belém, 1918. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 61, p. 273, set. 1918.______ . Segun<strong>do</strong> Congresso <strong>do</strong>s Prefeitos e Presidentes de ConselhosMunicipais de Pernambuco - 1917. 3 Tomos. Recife, 1918. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 61, p.273, set. 1910.APOSTOLADO POSITIVISTA DO BRAZIL. Ainda o militarismo perante apolítica moderna. Rio de Janeiro, 1909. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621, dez. 1909.______. A República e o militarismo. Rio de Janeiro, 1909. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621,dez. 1909.______. O militarismo ante a política moderna. Rio de Janeiro, 1909.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t.37, p. 621, dez. 1909.469


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>______. La diplomatie et la Régénération Sociale. Rio de Janeiro, 1907.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t.37, p. 621, dez. 1909.______. Basta de lutas fratricidas. Rio de Janeiro, 1909. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621, dez.1909.______. Pela paz Sul-Americana. Rio de Janeiro, 1909. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621, dez.1909.______. Pela fraternidade Sul-Americana. Rio de Janeiro, 1909. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621,dez. 1909.______. Agitação militarista na Inglaterra e os positivistas ingleses.Rio de Janeiro, 1909. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 12, t. 37, p. 621, dez. 1909.______. Brasil-Uruguay. Rio de Janeiro, 1909. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 12, t. 37, p. 621, dez. 1909.ARRUDA, Braz de Souza. Post Bellum. Rio de Janeiro, 1918. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 62, p.401, mar. 1919.______. Conferência em favor da candidatura <strong>do</strong> conselheiro RuyBarbosa à Presidência da República. São Paulo, 1919. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 63, p. 129, jun.1919.______. Conferências tributárias. Rio de Janeiro, 1918. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 60, p. 279-280,jun. 1918.______. O interesse econômico em relações internacionais. Rio deJaneiro, 1918. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 20, t. 60, p. 279-280, jun. 1918.ARRUDA, João. Acção de enriquecimento. São Paulo, 1919. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 63, p.285, jun. 1919.470


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANAS______. Defesa crime. São Paulo, 1912. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 60, p. 279-280, jun. 1918.______. Do casamento. São Paulo, 1911. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 60, p. 279-280, jun.1918.AUGUSTO, J. Eduquemo-nos. Rio de Janeiro, 1922. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 73, p. 640, nov.1922.BARBOSA, Ruy. Páginas literárias (1877-1917), Bahia, 1918. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 62, p. 401,mar. 1919.BEVILAQUA, Clóvis. Código civil <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brazilcommenta<strong>do</strong>. Rio de Janeiro, 1918. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 20, t. 61, p. 563, dez. 1918.BORMANN, J. B. Mal. Rosas e o exercito allia<strong>do</strong> (Campanha 1851-52).Capital Federal, 1912. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 16, t. 47, p. 268, fev. 1914.BRANDÃO, Oscar. Poema da guerra. Recife, 1918. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 63, p. 427,jul. 1919.BRAZIL, Antonio Americano <strong>do</strong>, diputa<strong>do</strong> federal. A Cultura Brasileira ea Política Scientifica de José Bonifácio a Pontes Miranda. (1822-1922).Rio de Janeiro, 1923. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 25, t. 74, p. 571, abr. 1923.CARVALHO, Elysio de. La France-Brasil. Rio de Janeiro, 1922. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 72, p. 571,ago. 1922.______. Esplen<strong>do</strong>r e decadência da sociedade brasileira. Rio de Janeiro,1911. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano24, t. 72, p. 284, jun. 1922.______. O factor geographico na política brasileira. Rio de Janeiro,1921. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano24, t. 72, p. 284, jun. 1922.471


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>______. Brasil, potencia mundial. Rio de Janeiro, 1919. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 72, p. 284,jun. 1922.______. Brava gente. Rio de Janeiro, 1921. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 72, p. 284, jun. 1922.______. A realidade brasileira. Rio de Janeiro, 1922. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 73, p. 775, dez.1922.CARVALHO, Ronal<strong>do</strong> de y CARVALHO, Elysio de. Affirmações. Rio deJaneiro, 1921. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 24, t. 72, p. 283, jun. 1922.CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DE AMÉRICA. Rio deJaneiro, 1919. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 21, t. 64, p. 283, out. 1919.DOMINGUES, A. Dom Marcello. Pernambuco, 1921. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 71, p. 133, jan.1922.FIGUEIREDO, Jackson de. Pascal e a inquietação moderna. Rio deJaneiro, 1922. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 24, t. 72, p. 415, jul. 1922.FLEIUSS, Max y MAGALHÃES, Basilio. Quadros de História Pátria. Parauso Escolar. 2.ª Edição. Rio de Janeiro, 1919. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 64, p. 430-431, nov.1919.FONSECA, Antonio y ANGERAMI, Domingos. Guia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de SãoPaulo. São Paulo, 1912. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 21, t. 63, p. 129, jun. 1919.GOES, Aurico de. Valor da Instrucção. Rio de Janeiro, 1918. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 60, p. 429,jun. 1918.INGENIEROS, José y LEMOS, Haeckel de. - As conseqüências daguerra. - Bahia, 1919. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 22, t. 65, p. 423, mar. 1919.472


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANASLACERDA, Manuel. Sentenças e despachos em matéria civil ecriminal. Uberaba, 1907. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 616, nov. 1910.______ . Segunda Exposição <strong>do</strong> Pará. 1900-1901. Rio de Janeiro,1910. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 13, t. 37, p. 616, nov. 1910.LIGA DA FRATERNIDADE UNIVERSAL A SEUS IRMÃOS EMHUMANIDADE. Bahia, 1922. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 25, t. 74, p. 434,mar. 1923.LIGA NACIONALISTA. A Batalha <strong>do</strong> Riachuelo. Rio de Janeiro,1922. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 24, t. 72, p. 571, ago. 1922.LIMA, J. C. Alvez de. Pan American Commercial Reciprocity. NewYork, 1918. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 22, t. 66, p. 136, maio 1920.LOBATO, Soyao [Sayão?]. Mechanica <strong>do</strong>s Aerostatos. PortoAlegre, 1918. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 21, t. 62, p. 401, mar. 1919.MENEZES, Rodrigo Octavio de Langgaard. Programma de DireitoInternacional Priva<strong>do</strong>. Rio Janeiro, 1918. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 62, p. 134, jan.1919.MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES - Guerra da Europa -Documentos diplomáticos - Attitude <strong>do</strong> Brazil - 1914-1917 - Riode Janeiro, 1917. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 20, t. 61, p. 429, nov. 1918.MIRANDA, Pontes de. Systema da Sciencia positiva <strong>do</strong> Directo.Rio de Janeiro, 1922. En <strong>do</strong>s volúmenes. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 25, t. 74, p. 434, mar..1923.NETTO, S. Imprensa <strong>do</strong>utrinária e informativa. Rio de Janeiro,1918. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 21, t. 64, p. 143, set. 1919.473


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>OLIVEIRA LIMA, M. de. Cristãos, moços e velhos. Rio de Janeiro,1918. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 13, t. 37, p. 273, set. 1910.______. La evolución histórica de la América Latina. Madrid. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 20, t. 61, p. 139,set. 1910.______. Formación histórica de la nacionalidad brasileña. Madrid, 1918.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t.63, p. 567, ago. 1919.______. New Constitutional Tendencies in Hispanic América.Washington, 1922. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 24, t. 72, p. 571, ago. 1922.RECENSEAMENTO DO RIO DE JANEIRO (DISTRITO FEDERAL)REALISADO EM 20 DE SETIEMBRE DE 1906. Rio de Janeiro. 1907.Ilustra<strong>do</strong>. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires,ano 13, t. 37, p. 616, nov. 1910.REGULAMENTO DA FACULDADE DE PHILOSOPHIA E LETRAS. Rio deJaneiro, 1919. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 21, t. 64, p. 283, out. 1919.REGULAMENTO GERAL DO CONGRESSO INTERNACIONAL DEHISTÓRIA DA AMÉRICA. Rio de Janeiro, 1910. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 64, p. 283,out. 1919.REVISTA DA ACADEMIA BRAZILEIRA DE LETRAS. Rio de Janeiro, 1910.Homenagem á José Bonifácio no 88. o anniversario da Independenza(sic) <strong>do</strong> Brasil. 7 de Setembro de 1910. Rio de Janeiro. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 616,nov. 1910.REVISTA DA FACULDADE DE DIREITO DE SÃO PAULO. Anno 1912.Vol. XX. São Paulo, 1920. Revista de Derecho, Historia y Letras,Buenos Aires, ano 22, t. 66, p. 136, maio 1920.REVISTA DO MUSEU PAULISTA. Tomo X. São Paulo, 1918. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 62, p.562, abr. 1919.474


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANASREVISTA FORENSE - EDIÇÃO ESPECIAL. Belo Horizonte, 1922. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 25, t. 74, p.138, jan. 1923.RUBENS, C. Impressões de arte. Rio de Janeiro, 1921. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 72, p. 415, jul.1922.TOCORNAL, Miguel Cruchaga. Brasil em su primer centenario. Rio deJaneiro, 1922. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 24, t. 73, p. 775, dez. 1922.ZEBALLOS, E. S. El Brasil y Martín García. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 72, p. 411-412, jul. 1922.Da seção “Bibliografia” constam as seguintes resenhas de livrosde interesse para os estu<strong>do</strong>s das relações internacionais <strong>do</strong> Brasil e<strong>do</strong>s países americanos.** *475


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>BIBLIOGRAFIACALOGERAS, J. P. La Politique monétaire du Brésil. Rio de Janeiro:Imprimerie Nationale, 1910. In: 8vo; 526 pp. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 464, nov. 1910.CAMPOS, Candi<strong>do</strong> de. El Brasil en 1910. Rio de Janeiro. In 8vo; 164pp. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 13,t. 37, p. 466, nov. 1910.CARNEIRO LEÃO, A. O Brazil e a Educação Popular. Rio de Janeiro,1917. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano19, t. 58, p. 113, set. 1917.CASTRO, A. César de. Guerra. Em torno das suas vulgares definições.Brasil Meridional. Porto Alegre, MCMC. Revista de Derecho, Historiay Letras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 466, nov. 1910.FLEIUSS, Max. Francisco Manuel e o Hymno Nacional. Rio de Janeiro,1917. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano21, t. 64, p. 287, nov. 1919.HOMEM DE MELLO, barão. Atlas <strong>do</strong> Brazil. Rio de Janeiro, 1910. Revistade Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 623,dez. 1910.JORGE, A. G. de Araújo. Jesús. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1909. In: 8vo; 72 pp. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 12, t. 34, p. 636, dez. 1909.LE BRÉSIL et la loi de Monroe. Rio de Janeiro, 19<strong>04</strong>. 20 p. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 7, t. 20, p. 158,nov. 19<strong>04</strong>.MAURTUA, Aníbal. Arbitraje internacional entre el Perú y el Brasil. Pruebasde las reclamaciones Peruanas, presentadas al Tribunal Arbitral porAníbal Maurtua, Agente y Aboga<strong>do</strong> del Perú - Buenos Aires, 1907.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 10, t.29, p. 319-320, fev. 1908.476


TÓPICOS RELATIVOS AO BRASIL E ÀS RELAÇÕES INTERAMERICANASMONTEIRO, Taciano Accioli. Crise de civilisação. Rio de Janeiro, 1918.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t. 71,p. 572, abr. 1922.NOGUEIRA, J. L. de Ameida e JUNIOR, Guilherme Fisher. Direito IndustrialBrasileiro. São Paulo. 1910. In 8vo; 2 tomos. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 13, t. 37, p. 464-466, nov. 1910.OLIVEIRA LIMA, M. de. O Meu Caso. Rio de Janeiro, 1913. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 16, t. 47, p. 285-286,fev. 1914.______. Oliveira Lima: na Argentina. (Impressões: 1918-1919). S. Pauloe Rio, 1920. Editores Proprietários: Weiszflog Irmãos. 265 pp. In 8vo.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 21, t. 65,p. 426-429, mar. 1919.______. Historia da Civilisação (Do Instituto Histórico y GeographicoBrazileiro). Traços Geraes. Viñeta de la casa editora. São Paulo: CompanhiaMelhoramentos de São Paulo, 1921. Revista de Derecho, Historia yLetras, Buenos Aires, ano 24, t. 71, p. 281-282, fev. 1922.PIMENTEL, F. Menendes. Questão de limites entre Espírito Santo yMinas Geraes. Bello Horizonte, 1914. Em <strong>do</strong>s volúmenes. Revista deDerecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 19, t. 47, p. 113-114,set. 1917.PIRES, Homero. Do reconhecimento das pessoas jurídicas em DireitoInternacional Priva<strong>do</strong> e outros estu<strong>do</strong>s. Bahia, 1916. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 19, t. 58, p. 111-113, set. 1917.SANTOS, Amilcar Salga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s. A Batalha de Ituzaingó. Rio de Janeiro,1921. Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 23,t. 70, p. 486-487, nov. 1921.VARELA, Alfre<strong>do</strong>. Revoluções Cisplatinas. A República Riograndense. Porto:Livraria Chardron, 1915. Em <strong>do</strong>s volúmenes. Revista de Derecho,Historia y Letras, Buenos Aires, ano 17, t. 50, p. 627-628, abr. 1915.______. Duas Grandes Intrigas. Mysterios Internacionaes attinentes aPortugal, Brasil, Argentina, Uruguay e Paraguay. 2 tomos. Porto, 1919.Revista de Derecho, Historia y Letras, Buenos Aires, ano 24, t.71, p. 282-287, fev. 1922.477


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>ZEBALLOS, E. S. Retiro del ministro Assis Brazil de la legación brasileñaen Buenos Aires. Revista de Derecho, Historia y Letras, BuenosAires, ano 10, t. 29, p. 629-630, abr. 1908.** *478


UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO:A REAÇÃO DE PORTUGAL À RESTAURAÇÃODA ORDEM DOS JESUÍTAS


480CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>


UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO: A REAÇÃO DE PORTUGAL À RESTAURAÇÃO DA ORDEM DOS JESUÍTASAPRESENTAÇÃOAo pesquisar, no AHI, as circulares <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong>s NegóciosEstrangeiros <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> de Portugal, Brasil e Algarves, encontrouseum <strong>do</strong>cumento, de alguns meses anterior à elevação <strong>do</strong> Brasil areino, que chama atenção pelo tema e pelo tom.Data de 1 o de abril de 1815 a “circular dirigida aos ministrosresidentes nas cortes da Espanha, França, Inglaterra, Sicília, Rússia,Berlim [sic] e Roma” e participa “que o Príncipe regente tomou ainvariável resolução de não admitir jamais nos seus esta<strong>do</strong>s a disposiçãoda bula de 7 de agosto de 1814, para a restauração da extinta Companhiade Jesus”.A supressão da ordem <strong>do</strong>s jesuítas datava <strong>do</strong> pontifica<strong>do</strong> deClemente XIV, que determinara sua extinção pelo breve Dominus acRedemptor, de 21 de julho de 1763. A decisão papal resultara de fortespressões <strong>do</strong>s Bourbon de França, Espanha e Nápoles. No caso dePortugal, a decisão de expulsar a ordem <strong>do</strong> reino, a<strong>do</strong>tada já em 1759,por influência <strong>do</strong> marquês de Pombal, pelo rei d. José I, acarretara aruptura das relações com a Santa Sé, o que inabilitava Lisboa a apoiarformalmente as gestões daquelas três cortes junto ao papa<strong>do</strong>.O fato de que a Rússia não desse cumprimento ao breve papalfez com que a ordem sobrevivesse, sem descontinuidade, nas terras<strong>do</strong> império <strong>do</strong>s Tzares, ten<strong>do</strong> como superior o padre Tadeusz Brzozowski,que veio a ser, depois da restauração em 1814, o 19 o Geral daCompanhia. Esta sobrevivência foi, a princípio, tolerada e, pouco apouco, encorajada pela Santa Sé, que aceitava a existência <strong>do</strong>s jesuítasingleses e apoiava o surgimento de comunidades de ex-jesuítas, quemantinham as tradições da ordem.Pio VII teria decidi<strong>do</strong> restaurar a ordem quan<strong>do</strong> ainda exila<strong>do</strong> naFrança. Logo depois de retorna<strong>do</strong> a Roma, restabelece a Sociedade<strong>do</strong>s Jesuítas pela bula Solicitu<strong>do</strong> omnium ecclesiarum, de 7 de agostode 1814.Ten<strong>do</strong> em conta a lentidão das comunicações à época, vê-seque foi rápida a reação negativa da Coroa portuguesa. Nãoencontramos no AHI o ofício despacha<strong>do</strong> para a missão em Roma, aque alude a circular. Nela tampouco há referência a comunicação algumasobre o assunto ao núncio papal, <strong>do</strong>m Lorenzo Caleppi, que seencontrava em Lisboa desde 1802 e que acompanhara a corte de d.João VI ao Rio de Janeiro, onde veio, aliás, a falecer em janeiro de481


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>1817, já designa<strong>do</strong> cardeal. Verdade é que, como afirma a HistóriaGeral da Igreja no Brasil (Hauck, João Fagundes et al. Petrópolis:Editora Vozes, 1980. t. II/2. p. 77–78), era “quase nulo orelacionamento <strong>do</strong> catolicismo brasileiro com o papa e a cúria romana,pois sob o regime <strong>do</strong> padroa<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os assuntos eclesiásticos eramtrata<strong>do</strong>s e resolvi<strong>do</strong>s por órgãos <strong>do</strong> governo, principalmente pela Mesade Consciência e Ordens. Por força da abusiva extensão de privilégios,facilitada nos últimos anos pela situação de estar Roma ocupada pelosfranceses, as funções <strong>do</strong> rei português correspondiam praticamenteàs de um ‘delega<strong>do</strong> apostólico’, tornan<strong>do</strong> decorativo o papel <strong>do</strong> núncio”.Surpreende no texto o tom peremptório e a falta de qualquermotivação para uma decisão que confrontava a bula papal. Éprovável que o motivo de ordem econômica, que parece o maisprovável entre os possíveis fundamentos da decisão, não pudesseser decorosamente invoca<strong>do</strong>.Os jesuítas só começaram a voltar ao Brasil, de forma discreta,em 1842, vin<strong>do</strong>s da Argentina, via Porto Alegre. Em 1843,estabeleceram-se na então cidade <strong>do</strong> Desterro, na província deSanta Catarina.O Editor482


UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO: A REAÇÃO DE PORTUGAL À RESTAURAÇÃO DA ORDEM DOS JESUÍTASAHI 317/03/06Circular de 01/<strong>04</strong>/1815. Índice: “Participan<strong>do</strong> queo Príncipe Regente tomou a invariável resoluçãode não admitir jamais nos seus Esta<strong>do</strong>s adisposição da bula de 7 de agosto de 1814, paraa restauração da extinta Companhia de Jesus”Circular para os ministros residentes nas cortes de Espanha,França, Inglaterra, Sicília, Rússia, Berlim, RomaO Príncipe Regente Meu Senhor tomou a invariável resolução denão admitir jamais nos seus Esta<strong>do</strong>s a disposição da bula que oSantíssimo Padre Pio VII promulgou para a restauração da extintaCompanhia de Jesus, em data de 7 de agosto <strong>do</strong> ano próximo passa<strong>do</strong>;por este motivo ordena O Mesmo Senhor que eu comunique a V. ... acópia <strong>do</strong> ofício que sobre esta matéria man<strong>do</strong>u passar ao seu ministroem Roma, a fim de fazer uma explícita exposição a Sua Santidadedestas suas intenções; e como julga S. A. R. que é conveniente edecoroso prevenir qualquer deliberação <strong>do</strong> governo perante o qual V.... se acha acredita<strong>do</strong> tendente a interessar-se com esta corte para aadmissão da dita bula, determina O Mesmo Senhor que V. ... por meiode uma nota oficial fundada no que acabo de referir, e no que vaiexposto no oficio para Roma, expresse às sobreditas suas firmesintenções; e espera que depois desta declaração não provoque estegoverno sobre este objeto qualquer discussão verbal ou por escrito,que V. S. fica inibi<strong>do</strong> de admitir.D. G. a V. ...Palácio <strong>do</strong> Rio de Janeiro a 1º de abril de 1815.Marquês de Aguiar.N. B. – Para Antonio de Saldanha da Gama levou mais, em § separa<strong>do</strong>,o seguinte: “No caso que V. Exa. se ache ainda no congresso quan<strong>do</strong>receber este ofício e que o marquês de Marialva tenha parti<strong>do</strong> para aRússia, lhe fará V. Exa. comunicação desta Real Ordem para que ele aexecute naquela corte”.483


CADERNOS DO <strong>CHDD</strong>Nomes <strong>do</strong>s Ministros:José Manoel Pinto, fiz sem n.D. José Luis de Sousa, n. 14Francisco José Maria de Brito, n. 11Conde de Funchal, n. 223João Pedro Quinn, n. 9Antonio de Saldanha da Gama, n. #D. Joaquim Lobo da Silveira, n. #** *484


Coordenação editorial:Revisão:Diagramação:Formato:Mancha gráfica:Tipologias:Ednete LessaMaria <strong>do</strong> Carmo Strozzi CoutinhoPaulo Pedersolli17 x 25 cm12 x 19,8 cmTahoma corpos 11, 10 e 8 (texto)Humanist 777BT corpos 18, 16, 14, 13 e 8(títulos, subtítulos e cabeçalho)Baskerville Win95BT (aberturas)Tiragem:Impressão e acabamento:1.000 exemplaresGráfica MRE

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