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Avaliação dos fatores de risco no linfedema pós ... - SciELO

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Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o linfe<strong>de</strong>ma - Rezen<strong>de</strong> LF et al. J Vasc Bras 2010, Vol. 9, Nº 4 235Tabela 1 – Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> relaciona<strong>dos</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma <strong>no</strong> <strong>pós</strong>-operatório <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mamaDa<strong>dos</strong> do artigo Tipo <strong>de</strong> estudo Amostra Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong>Herd-Smith et al. 16 Corte transversal 1.278 pacientes <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. Dissecção <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong>do axilar, RT.Soran et al. 2 Caso controle 104 pacientes <strong>no</strong> grupo controle sem linfe<strong>de</strong>ma e 52mulheres com linfe<strong>de</strong>ma.Hayes et al. 17 Prospectivo 511 mulheres diag<strong>no</strong>sticadas com câncer <strong>de</strong> mamaunilateral <strong>no</strong>s últimos 6 meses, ≤ 75 a<strong>no</strong>s.Aboul-Enein et al. 15 Caso controle 40 mulheres, separadas em 2 grupos, um <strong>de</strong>senvolveuo linfe<strong>de</strong>ma e o outro não.Bergmann et al. 8 Corte transversal 462 mulheres com linfe<strong>de</strong>ma <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong>mama.Pain et al. 18 Prospectivo 70 pacientes <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. Dissecção axilar.Johansson et al. 19 Caso controle 103 mulheres <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama comlinfe<strong>de</strong>ma do membro superior, mas sem recidiva daneoplasia. O aparecimento <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma ocorreu <strong>no</strong>mínimo 3 meses a<strong>pós</strong> a cirurgia.Infecção, IMC e nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> com as mãos.Ida<strong>de</strong> avançada, agressivida<strong>de</strong> da cirurgia,se<strong>de</strong>ntarismo, remoção <strong>de</strong> 20 ou mais linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong>,tratamento adjuvante e RT.-Infecção do membro superior, RT axilar, obesida<strong>de</strong>,movimento reduzido <strong>de</strong> ombro.Extensão e tipo <strong>de</strong> cirurgia, tamanho do tumor,número <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> retira<strong>dos</strong> e comprometi<strong>dos</strong>,seroma <strong>pós</strong>-operatório, infecção, <strong>de</strong>iscência, flebite,celulite, erisipela <strong>no</strong> membro superior e RT axilar.Ozaslan e Kuru 20 Prospectivo 240 pacientes <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> mastectomia radical modificada Número <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> removi<strong>dos</strong> (análise univariada),com dissecção axilar completa – mínimo <strong>de</strong> 18 meses P.O. RT axilar e IMC.Erickson et al. 21 Revisão bibliográfica Dissecção axilar e RT axilar. -Purushotham et al. 22 Prospectivo 212 mulheres <strong>no</strong> P.O. câncer <strong>de</strong> mama com dissecçãoaxilar.Meeske et al. 23 Corte transversal 494 mulheres com P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. Ida<strong>de</strong> ao diagnóstico, história <strong>de</strong> hipertensão,obesida<strong>de</strong>, 10 ou mais <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> disseca<strong>dos</strong>,linfo<strong>no</strong>do sentinela.Rett e Lopes 24 Revisão bibliográfica - Dissecção axilar seguida <strong>de</strong> RT; <strong>de</strong>iscência cicatricial,lesões nervosas, alterações ve<strong>no</strong>sas, infecções,inflamação e seroma do membro superior, linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong>positivos, obesida<strong>de</strong>, alteração na amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>movimento, técnica cirúrgica.Park et al. 25 Prospectivo 450 mulheres <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. Doença avançada, mastectomia, RT axilar, IMC > 25.Nielsen et al. 26 Revisão sistemática - -Ellis 27 Revisão bibliográfica Deficiência do sistema linfático, por meio <strong>de</strong>traumatismos, doenças ou <strong>fatores</strong> genéticos.Petrek et al. 28 Coorte 923 mulheres <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama comdissecção axilar.-Infecção e trauma <strong>no</strong> membro superior, ganho <strong>de</strong> pesoa<strong>pós</strong> a cirurgiaRezen<strong>de</strong> et al. 10 Revisão bibliográfica - Dissecção e RT axilar, obesida<strong>de</strong>, extensãocirúrgica e infecção, ida<strong>de</strong>, número <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong>comprometi<strong>dos</strong>.Pain et al. 29 Prospectivo 18 pacientes <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. -Bergmann et al. 30 Revisão bibliográfica - Dissecção axilar, RT nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> drenagem eobesida<strong>de</strong>.Freitas Jr et al. 31 Retrospectivo 109 pacientes <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. Ida<strong>de</strong> e obesida<strong>de</strong>.Gue<strong>de</strong>s Neto et al. 32 Retrospectivo 142 pacientes com linfe<strong>de</strong>ma <strong>pós</strong>-mastectomia. Linfangite, limitação funcional do braço e recidiva dadoença <strong>de</strong> base.P.O.: <strong>pós</strong>-operatório; IMC: índice <strong>de</strong> massa corpórea; RT: radioterapia.a interferência <strong>de</strong>sses <strong>fatores</strong> na forma <strong>de</strong> compensação <strong>dos</strong>istema linfático a<strong>pós</strong> a dissecção axilar po<strong>de</strong> trazer soluçõespara a prevenção e/ou cura da doença.Este estudo teve como objetivo relacionar os <strong>fatores</strong> <strong>de</strong> <strong>risco</strong>aponta<strong>dos</strong> na literatura como <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores do <strong>de</strong>senvolvimentodo linfe<strong>de</strong>ma com a provável explicação fisiológicada maneira com que os vasos linfáticos estariam se organizandodiante <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les. O conhecimento <strong>dos</strong> <strong>fatores</strong> e <strong>dos</strong>mecanismos envolvi<strong>dos</strong> <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma <strong>no</strong>Tabela 2 – Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> com maior influência <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimentodo linfe<strong>de</strong>ma, <strong>de</strong> acordo com os artigos estuda<strong>dos</strong>Fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong>Número <strong>de</strong> artigosObesida<strong>de</strong> 10Dissecção axilar 8Radioterapia 7Infecção <strong>no</strong> braço 6Agressivida<strong>de</strong> cirúrgica 4


236J Vasc Bras 2010, Vol. 9, Nº 4Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o linfe<strong>de</strong>ma - Rezen<strong>de</strong> LF et al.Tabela 3 – Maneiras pelas quais os <strong>fatores</strong> <strong>de</strong> <strong>risco</strong> dificultam a compensação <strong>dos</strong> linfáticos locais e que levam ao aparecimento do linfe<strong>de</strong>maDa<strong>dos</strong> do artigoHerd-Smith et al. 16Soran et al. 2Aboul-Enein et al. 15Bergmann et al. 8Pain et al. 18Johansson et al. 19Ozaslan e Kuru 20Purushotham et al. 22Meeske et al. 23Rett e Lopes 24Nielsen et al. 26Ellis 27Rezen<strong>de</strong> et al. 10Pain et al. 29Bergmann et al. 30Freitas Jr et al. 31P.O.: <strong>pós</strong>–operatório; RT: radioterapia.Repercussão <strong>dos</strong> <strong>fatores</strong> <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma nas compensações linfáticas <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> dissecção axilarA RT promoveria a formação <strong>de</strong> fibrose tecidual, com consequente vasoconstrição linfática, significativo prejuízo à função <strong>de</strong> filtração dolinfo<strong>no</strong>do e alteração da resposta imu<strong>no</strong>lógica.A formação <strong>de</strong> anastomoses linfo-linfáticas previnem o linfe<strong>de</strong>ma e, mesmo sem sintoma clínico, a disfunção linfática está presente na maioriadas pacientes <strong>no</strong> P.O. câncer <strong>de</strong> mama.A incidência do linfe<strong>de</strong>ma é pré-<strong>de</strong>terminada e consequente da falha da comunicação linfove<strong>no</strong>sa, fato que não permite a<strong>de</strong>quado fluxo <strong>de</strong>drenagem da linfa a<strong>pós</strong> a dissecção axilar.Devido à obstrução linfática, mecanismos compensatórios são <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> para evitar o aparecimento <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma, restabelecer e manter acirculação linfática do membro superior afetado sem linfe<strong>de</strong>ma.Quanto maior o tempo <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a obstrução linfática maior será o <strong>risco</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio do sistema linfático, levando aoaparecimento <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma.Esse equilíbrio po<strong>de</strong> ser alterado também por outros <strong>fatores</strong>, tais como:*“esgotamento” do mecanismo <strong>de</strong> compensação;*fibrose <strong>dos</strong> vasos linfáticos a partir da quarta década <strong>de</strong> vida;*trauma local;*lesão cirúrgica <strong>de</strong> coletores;*inflamação;*excessivo estresse muscular;*exposição a altas temperaturas, pressão atmosférica e suas mudanças.A dissecção axilar altera o fluxo para a veia axilar e aumenta o <strong>risco</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma.Os exercícios po<strong>de</strong>m contribuir para a minimização do <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma, uma vez que ativa o fluxo linfático pela contração domúsculo esquelético, melhora a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento e estimula o sistema imu<strong>no</strong>lógico.A obstrução do sistema linfático não é o único mecanismo responsável na fisiopatologia do linfe<strong>de</strong>ma. O fluxo total sanguíneo e tamanho doleito vascular também parecem ter aumentado o linfe<strong>de</strong>ma.O comprometimento tumoral <strong>dos</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> exige uma dissecção axilar maior, o que levaria a uma maior habilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver vasoslinfáticos colaterais, promovendo uma a<strong>de</strong>quada drenagem linfática a<strong>pós</strong> a dissecção axilar e, consequentemente, uma redução do <strong>risco</strong>.O aumento da pressão arterial facilita a saída do fluxo linfático para os teci<strong>dos</strong>.Pacientes mais jovens têm maior chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver linfe<strong>de</strong>ma em razão da maior agressivida<strong>de</strong> do tumor e do tratamento.O linfe<strong>de</strong>ma é resultado <strong>de</strong> uma sobrecarga funcional do sistema linfático, uma vez que o volume da linfa exce<strong>de</strong> o seu transporte peloscoletores e a absorção pelos capilares linfáticos.As orientações educativas preventivas trazem benefícios à prevenção do linfe<strong>de</strong>ma.A <strong>de</strong>ficiência do sistema linfático po<strong>de</strong> ocorrer por meio <strong>de</strong> traumatismos, doenças ou <strong>fatores</strong> genéticos.As anastomoses linfáticas são prejudicadas pela formação cicatricial, seroma <strong>pós</strong>-operatório, RT e exercícios ina<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> para reabilitação doombro <strong>no</strong> P.O. <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama.A restauração do fluxo é beneficiada pela imobilização do ombro, pela drenagem linfática manual e pela contração muscular.O <strong>risco</strong> po<strong>de</strong> ser pré-<strong>de</strong>terminado pela diminuição do fluxo linfático <strong>no</strong> membro contralateral.A RT nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> drenagem linfática promove uma redução da regeneração linfática, fibrose e cicatriz tecidual.A diminuição da taxa <strong>de</strong> fluxo sanguíneo e linfático é consi<strong>de</strong>rada uma das condições da lipogênese e <strong>de</strong><strong>pós</strong>ito <strong>de</strong> gordura, além <strong>de</strong> aumentaro <strong>risco</strong> <strong>de</strong> complicações <strong>no</strong> P.O.Devido à maior re<strong>de</strong> linfática <strong>no</strong> nível I <strong>de</strong> Berg, apenas a sua dissecção já é responsável pelo aumento do <strong>risco</strong>.A obesida<strong>de</strong> aumentaria o <strong>risco</strong> <strong>de</strong>vido a uma possível dificulda<strong>de</strong> <strong>no</strong> retor<strong>no</strong> linfático nas pacientes com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecido adiposo.<strong>pós</strong>-operatório <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama é fundamental para a conquistada prevenção e da cura <strong>de</strong>finitiva da doença.A agressivida<strong>de</strong> cirúrgica é apresentada como fator<strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma 10,17-19,24 , oque explica, inclusive, a maior incidência <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma <strong>no</strong><strong>pós</strong>-operatório <strong>de</strong> mastectomia do que <strong>de</strong> cirurgia conservadora,24 a 49% a<strong>pós</strong> a mastectomia, 4 a 28% a<strong>pós</strong> atumorectomia com dissecção axilar 9 . Uma explicação seriaque, geralmente, pacientes submetidas a mastectomia apresentamdoença mais avançada e com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maiorremoção cirúrgica <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> axilares, os quais estãomais comprometi<strong>dos</strong> pelo tumor. A<strong>pós</strong> a cirurgia, o ganho<strong>de</strong> peso também po<strong>de</strong> ser um fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong> 28 .A dissecção <strong>dos</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> axilares é outro fator <strong>de</strong><strong>risco</strong> bem conhecido para o <strong>de</strong>senvolvimento do linfe<strong>de</strong>ma10,16,18,21 . Uma vez realizada a remoção <strong>dos</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong>, osprincipais coletores linfáticos que ali <strong>de</strong>sembocam ficamsem o caminho para dar continuida<strong>de</strong> à drenagem linfática.A ausência <strong>dos</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> gera uma obstrução do sistemalinfático, levando a uma sobrecarga funcional do sistemalinfático, on<strong>de</strong> o volume da linfa exce<strong>de</strong> o seu transportepelos coletores e absorção pelos capilares 24 .


Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o linfe<strong>de</strong>ma - Rezen<strong>de</strong> LF et al. J Vasc Bras 2010, Vol. 9, Nº 4 237Um fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância na literatura é onúmero <strong>de</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> retira<strong>dos</strong> e comprometi<strong>dos</strong> 10,19,20,24,25 .Já Purushotham et al. 22 sugerem que o comprometimento<strong>dos</strong> linfo<strong>no</strong><strong>dos</strong> seja fator <strong>de</strong> proteção ao <strong>de</strong>senvolvimentodo linfe<strong>de</strong>ma, uma vez que, com a consequente dissecçãoaxilar, haverá mais tempo e habilida<strong>de</strong> para se <strong>de</strong>senvolveremvasos linfáticos colaterais, o que po<strong>de</strong>ria promovera<strong>de</strong>quada drenagem linfática a<strong>pós</strong> a dissecção axilar e, assim,reduzir o <strong>risco</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver linfe<strong>de</strong>ma.Outro fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong> bem discutido é a radioterapia axilar8,10,16-21 , tratamento complementar <strong>no</strong> <strong>pós</strong>-operatório, queprovoca uma constrição <strong>dos</strong> vasos linfáticos em <strong>de</strong>corrênciada fibrose gerada, levando a um significativo prejuízoda função <strong>de</strong> filtração do linfo<strong>no</strong>do e alterando a respostaimu<strong>no</strong>lógica.A obesida<strong>de</strong> 8,10,21,23,24 e o índice <strong>de</strong> massa corpórea2,18,20,24 ainda são <strong>fatores</strong> discuti<strong>dos</strong> na literatura; jáMeeske et al. 23 sugerem a hipótese <strong>de</strong> que a hipertensãoarterial possa ser um fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong>, <strong>de</strong>vido ao aumento dofluxo sanguíneo que facilitaria a saída do fluxo linfáticopara os teci<strong>dos</strong>.A ida<strong>de</strong> avançada 10,17,24 também é citada como um fator<strong>de</strong> <strong>risco</strong>, uma vez que ocorre uma fibrose <strong>dos</strong> vasos linfáticosa partir da quarta década <strong>de</strong> vida; portanto, po<strong>de</strong>-seesperar que quanto maior o tempo <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a obstruçãolinfática, maior será o <strong>risco</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>dos</strong>istema linfático, levando ao aparecimento <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma. JáJohansson et al. 19 sugerem que o tamanho do tumor seja umfator significante, pois, em pacientes jovens com câncer <strong>de</strong>mama, existe maior agressivida<strong>de</strong> do tumor e do tratamentoe maior incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma.Existem hipóteses <strong>de</strong> que o se<strong>de</strong>ntarismo 17 e os movimentosreduzi<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ombro 8,24 possam ser <strong>fatores</strong> <strong>de</strong><strong>risco</strong>, pois os exercícios po<strong>de</strong>m contribuir para a recuperaçãodo impacto do tratamento do câncer <strong>de</strong> mama aore<strong>de</strong>finir um <strong>dos</strong> vasos linfáticos, ativando o fluxo linfáticopela contração do músculo esquelético e melhorandoa amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, além <strong>de</strong> estimular o sistemaimu<strong>no</strong>lógico.Infecção 2,8,10,18,19,21,24,27,28 é um fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong>, sendo queepisódios <strong>de</strong> flebite 19 , celulite e erisipela do membro superior19,21 são <strong>fatores</strong> bastante discuti<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>vido à obstruçãolinfática provocada pela infecção.Seroma <strong>pós</strong>-operatório e <strong>de</strong>iscência da cicatriz po<strong>de</strong>mser um fator <strong>de</strong> <strong>risco</strong> 18,24 , pois as anastomoses linfáticas sãoprejudicadas pela formação cicatricial <strong>de</strong>vido ao próprioseroma <strong>pós</strong>-operatório. A relação <strong>dos</strong> <strong>fatores</strong> genéticos e <strong>de</strong>trauma são <strong>fatores</strong> <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o linfe<strong>de</strong>ma, <strong>de</strong>vido a uma<strong>de</strong>ficiência do sistema linfático 27 .ConclusõesAtualmente, os estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> linfe<strong>de</strong>ma encontra<strong>dos</strong> naliteratura evi<strong>de</strong>nciam um conhecimento satisfatório <strong>no</strong> tratamentoe acompanhamento das pacientes com a doença;entretanto, ainda são muitas as questões a serem discutidassobre os <strong>fatores</strong> que po<strong>de</strong>riam ser esclareci<strong>dos</strong> sobre aetiopatogênese da doença. Esclarecer e orientar as pacientesquantos aos <strong>fatores</strong> <strong>de</strong> <strong>risco</strong> já <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> são ferramentasessenciais que <strong>de</strong>vem ser utilizadas pelos profissionais daárea da saú<strong>de</strong>. Muitos são os <strong>fatores</strong> discuti<strong>dos</strong> na literatura,porém ainda faltam estu<strong>dos</strong> que justifiquem qual a influência<strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les na formação das anastomoses linfolinfáticas,nas compensações do sistema linfático e nas consequentesrepercussões sobre a incidência do linfe<strong>de</strong>ma.Referências1. International Society of Limphology. The diag<strong>no</strong>sis and treatmentof peripheral lymphe<strong>de</strong>ma. Consensus document of theInternational Society of Lymphology. Lymphology. 2003;36:84-91.2. Soran A, D’angelo G, Begovic M, et al. 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Brennan MJ, DePompolo RW, Gar<strong>de</strong>n FH. Focused review: postmastectomylymphe<strong>de</strong>ma. Arch Phys Med Rehabil. 1996,77(3Suppl):S74-80.


238J Vasc Bras 2010, Vol. 9, Nº 4Fatores <strong>de</strong> <strong>risco</strong> para o linfe<strong>de</strong>ma - Rezen<strong>de</strong> LF et al.12. Bernas MJ, Witte CL, Witte MH; International Society ofLymphology Executive Committee. The diag<strong>no</strong>sis and treatmentof peripheral lymphe<strong>de</strong>ma: draft revision of the 1995 ConsensusDocument of the International Society of Lymphology ExecutiveCommittee for discussion at the September 3-7, 2001, XVIIIInternational Congress of Lymphology in Ge<strong>no</strong>a, Italy. Lymphology.2001;34:84-91.13. Camargo M, Marx A. Reabilitação física <strong>no</strong> câncer <strong>de</strong> mama. SãoPaulo: Roca; 2000.14. Burt J, White G. Lymphe<strong>de</strong>ma. In: Burt J, White G. Lymphe<strong>de</strong>ma: abreast cancer patient’s gui<strong>de</strong> to prevention and healing. New York:Hunter House Publishers; 1999; p. 2-23.15. Aboul-Enein A, Eshmawy I, Arafa S, Abboud A. 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Lymphology. 2004;37:182-4.Correspondência:Laura Ferreira <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> FrancoLargo Engenheiro Paulo <strong>de</strong> Almeida San<strong>de</strong>ville, 15 – Santo AndréCEP 13870-000 – São João da Boa Vista (SP), BrasilE-mail: laura@fae.brContribuição <strong>dos</strong> autoresConcepção e <strong>de</strong>senho do estudo: LFRAnálise e interpretação <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong>: LFR, AVRR e CSGColeta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>: LFR, AVRR e CSGRedação do artigo: LFR, AVRR e CSGRevisão crítica do texto: LFRAprovação final do artigo*: LFR, AVRR e CSG*To<strong>dos</strong> os autores leram e aprovaram a versão final submetida ao J Vasc Bras.

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