da Tulipa CANTORA E COMPOSITORA LANÃA TUDO TANTO E ...
da Tulipa CANTORA E COMPOSITORA LANÃA TUDO TANTO E ...
da Tulipa CANTORA E COMPOSITORA LANÃA TUDO TANTO E ...
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Deus do lado, lascou. O livro questiona essa dependênciatambém. O livro chama Deus Foi Almoçar por isso. Seestivesse fechado para almoço, como ia ficar? O Calixtoé um cara jogado porque aconteceu uma pá de situaçãoe ele não consegue reagir. Ele somos nós, que não somoso herói do livro. Se virmos um atropelamento, não vamosaju<strong>da</strong>r, vamos desviar. Religião é uma coisa complica<strong>da</strong>até na minha cabeça. Sou fã de vários apóstolos, bispos.Eles são brilhantes. Queria ter a capaci<strong>da</strong>de que eles têm<strong>da</strong> oratória. Conseguir ganhar dinheiro só com a palavraé algo impressionante também. Manipular 1 milhão, 2 milhões.Por que ca<strong>da</strong> templo religioso não tem uma centralde estudos lá dentro? Nós mu<strong>da</strong>ríamos o país. Eu achoque a igreja tinha de fazer o papel social dela também.Você nunca foi son<strong>da</strong>do para entrar na política?FERRÉZ: Já, várias vezes. Ain<strong>da</strong> acontece de os carasme convi<strong>da</strong>rem para ser deputado, vereador. Não sei,mas ser político é an<strong>da</strong>r armado. Sou mais útil fazendoo que eu faço: cultura. Posso estar errado, mas queria viverde literatura e só. Sendo candi<strong>da</strong>to a deputado aqui,o pessoal confunde. Durante a vi<strong>da</strong> to<strong>da</strong>, os políticosofereceram coisas às pessoas. Elas não querem que eumude o bairro onde elas vivem. Vão querer que eu dêum botijão de gás, arrume o telhado. Esse imediatismo éfo<strong>da</strong>. Como eu vou explicar que eu faço política pública?O que você se propõe a fazer tem de ser feito direito.Fazer com que as pessoas reflitam já é um grande passo.O escritor Ferréz posano Capão Redondo (SP),bairro que influenciou boaparte de sua obraO que falta na literatura?FERRÉZ: Estou muito chateado com a cena <strong>da</strong> literaturaatual. Você vê feira de literatura chamando só cantor. Na<strong>da</strong>contra, mas chamar Gabriel, o Pensador para feira literáriaé fo<strong>da</strong>. Os caras pagam um puta cachê para ele, mas nãopagam igual para escritores como Rubem Fonseca ou ZuenirVentura. Uma vez, um cara <strong>da</strong> subprefeitura falou: “Osmúsicos nos dão público e vocês nos dão prestígio”. O caraque vai ver o show do Lobão vai ver o show do Lobão, nãoa palestra to<strong>da</strong>. Porra, então deci<strong>da</strong> por um. O cartaz principalde uma feira literária é o músico, não o escritor. Literaturaé para pensar, debater. Acho isso covarde. Nós nuncativemos espaço e, agora que temos, as pessoas vêm tomar.Nós, que levamos a literatura no peito, passamos por entrevistas,tentamos cavar espaço, não recebemos na<strong>da</strong>. Atelevisão não deixa mostrar a capa do livro, não temos oapoio <strong>da</strong>s rádios nem fazemos clipe. É muito frustrante.Você está escrevendo outro livro?FERRÉZ: Estou escrevendo outro, mas ain<strong>da</strong> não posso revelaro título. Desde que terminei o Deus, estou trabalhandonele. Desta vez, é a história de uma menina. É um desafio,porque mulher tem uma cabeça muito louca [risos].Vai se passar na periferia?FERRÉZ: Não, acho que vai ser outra coisa. Sempre tivevontade de fazer um livro de terror. Até tem gente quefala: “Mas você sempre escreve livro de terror social”[risos]. Há muito tempo queria fazer algo de suspense,tipo Stephen King, Allan Poe. O livro está caminhandopara isso. Será um mix de esoterismo com histórias bacanas.Pode ser que fique legal.35CONTINUUM34